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Unidade Barcarena

PROPEDÊUTICA E O
PROCESSO DE CUIDAR
DA SAÚDE DA CRIANÇA
E ADOLESCENTE
Enfermeira Rosely Prestes
1-CRESCIMENTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
1.1-Conhecendo o perfil epidemiológico da criança brasileira

 Muitas políticas de saúde nacionais e internacionais visam criar um


ambiente propício para a saúde, buscando transformar as sociedades
para que crianças e adolescentes em toda parte possam usufruir do
seu direito à saúde física e mental e ao bem-estar, da melhor forma
que seja possível atingir.

 Implementação de estratégias dessas políticas em nosso País:

• Estatuto da Criança e do Adolescente; Lei nº 8.069, de 13 de julho de


1990.
• Estratégia Global para a Saúde das Mulheres, das Crianças e dos
Adolescentes; teve como metas, entre outras:

 A Região das Américas alcançou grandes avanços na redução da


mortalidade e da morbidade infantil, utilizando intervenções
baseadas na evidência e novos conhecimentos e tecnologia. A
pneumonia, a subnutrição e as doenças preveníeis por vacinação como
causas de mortalidade também diminuíram significativamente.
Perfil das crianças do Brasil

A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua 2018 estimou


que temos no Brasil 35,5 milhões de crianças (pessoas de até 12 anos de
idade), o que corresponde a 17,1% da população estimada no ano, de
cerca de 207 milhões.
 O Brasil é um dos 62 países que alcançaram a meta de redução da
mortalidade infantil estipulada pela Organização das Nações Unidas
(ONU) por meio dos Objetivos do Milênio.

 A meta apontava para a necessidade de diminuição em dois terços no


índice. “De 1990 a 2015, o Brasil reduziu em 73% a mortalidade
infantil.

 Há 25 anos eram registradas 61 mortes para cada mil crianças


menores de cinco anos. O número caiu para 16 mortes (a cada cem
mil) após esse período” (BRASIL, 2015a).

 O papel do enfermeiro junto à população jovem (considerando


crianças e adolescentes) é imprescindível na composição
multidisciplinar com foco nas ações das políticas de saúde, que têm
como objetivos prioritários a redução das taxas de morbidade e
mortalidade por causas evitáveis (SOUZA
et al., 2013).
1.2 -O papel do enfermeiro na vigilância do crescimento e do
desenvolvimento da criança e do adolescente
 Considera-se criança, para os efeitos desta lei, a pessoa até doze anos
de idade incompletos, e adolescente aquela entre doze e dezoito anos
de idade” (BRASIL, 1990).
 Uma das estratégias adotadas pelo Ministério da Saúde, a partir de
1984, visando incrementar a capacidade resolutiva dos serviços de
saúde na atenção à criança, foi priorizar cinco ações básicas de
saúde: “promoção do aleitamento materno, acompanhamento
do crescimento e desenvolvimento, imunizações, prevenção e
controle das doenças diarreicas e das infecções respiratórias
agudas”(BRASIL, 2002, p. 3).
Os princípios da PNAISC vêm ao encontro dos compromissos do Brasil
com os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio e com o Pacto de
Redução da Mortalidade Materna e Neonatal. Veja os princípios na
figura 2.
1.3 Padrões de crescimento e desenvolvimento
 Existem padrões de crescimento e desenvolvimento esperados,
denominados tendências. De forma geral, as crianças seguem um
mesmo padrão de desenvolvimento e maturação, influenciadas pelas
informações genéticas da sua constituição hereditária, da cultura da
sociedade e das experiências a que serão expostas, que fazem de cada
criança um ser distinto.

1.3.1 Tendências direcionais


 Crescimento e o desenvolvimento da criança possui uma tendência
em seguir um padrão próximo-distal (do mais próximo para o mais
distante) e da linha média para a periferia.
Exemplo 1: durante o desenvolvimento embrionário, primeiro
observam-se os botões dos membros e depois aparecem os dedos.

1.3.2 Tendências sequenciais


 Em condições saudáveis, existe uma sequência de crescimento e
desenvolvimento definida, previsível e inalterada.
Exemplo 1: pode ser: a criança primeiro consegue sentar-se sem
apoio e depois anda, nunca ao contrário.
1.4-Crescimento
 O crescimento é um processo biológico, dinâmico e contínuo de
multiplicação (hiperplasia) e aumento do tamanho (hipertrofia)
celular, que ocorre desde a concepção até o final da vida,
considerando-se os fenômenos de substituição e regeneração de
tecidos e órgãos.

 De forma geral, o crescimento é entendido como o aumento do


tamanho corporal, cessando com o término do aumento do
crescimento linear (BRASIL, 2002)

 Existe um perfil de crescimento esperado para cada fase etária do


desenvolvimento da criança, porém é importante salientar que o
potencial máximo desse crescimento sofre influências de diversos
fatores, conhecidos como intrínsecos e extrínsecos.

 Os fatores genéticos são considerados como fatores intrínsecos, que


influenciam o crescimento da criança.

 Fatores extrínsecos são fatores externos, que poderão influenciar o


potencial
genético do crescimento da criança de forma positiva ou negativa.
 As medidas de peso e estatura, conhecidas como medidas
antropométricas, estabelecem uma relação entre peso e estatura
importante para detectar o estado nutricional da criança, seja
apontando as deficiências recentes de peso (desnutrição aguda), bem
como sobrepeso e obesidade.
1.4.1-Estatura
 Para avaliar o crescimento linear da criança, verificamos a estatura,
medindo a criança no sentido longitudinal, podendo ser em
centímetros ou em metros, de acordo com a medida obtida.

 Técnica de verificação do comprimento da criança :


• Material necessário:
 Régua antropométrica;
 Gráfico de crescimento adequado à idade;
 Inicie a técnica:
 Lave as mãos.
 Verifique se a temperatura do ambiente está propícia.
 Posicione a criança em decúbito dorsal sobre a mesa de avaliação,
seguindo as normas de segurança.
 A criança deve estar descalça, despida, sem touca, protetores ou
enfeites de cabeça.
 Com o auxílio da mãe, deite a criança, mantendo seus ombros e
cabeça apoiados na mesa ou superfície plana.
 Coloque a régua perpendicular ao corpo da criança, encostando a
cabeça na extremidade fixa da régua
 Retire a criança da mesa e oriente a mãe para vesti-la.
 Lave as mãos.
 Registre no gráfico e avalie o resultado.
 Informe e oriente a mãe sobre o resultado da avaliação.
 Não se esqueça de higienizar a mesa e a régua após o atendimento.
1.4.2 –Peso

 O peso é um importante indicador de crescimento, pois sua variação


com relação à idade da criança é muito mais rápida do que a da
estatura e reflete, quase que imediatamente, o estado de saúde da
criança, seja satisfatoriamente ou indicando algum problema de
saúde, como nos processos agudos.

 O peso expressa a dimensão da massa ou volume corporal


considerado somatório de células do corpo, tecidos de sustentação,
órgãos, músculos e água.

 O peso é facilmente verificado por meio de uma balança, adequada à


idade da criança. A balança pode ser eletrônica ou manual, desde
que tenha recursos adequados.

 Para que os equipamentos de verificação antropométrica estejam


sempre calibrados, é importante que o enfermeiro estabeleça rotinas
de checagem e manutenção periódica que favoreçam essa meta.
Técnica de verificação do peso da criança menor de 2 anos:
• Material necessário:
 Balança pediátrica adequada à idade da criança,
 Gráfico de crescimento adequado à idade.
• Inicie a técnica:
 Lave as mãos.
 Verifique se a temperatura do ambiente está propícia
 A criança deve estar descalça, despida ou, no caso de frio, com roupas
muito leves, sem touca, protetores ou enfeites de cabeça. Se usar
fralda, ela deve ser retirada.
 Com o auxílio da mãe ou acompanhante, colocar a criança no centro
da balança pediátrica, deitada ou sentada (caso já esteja sentando
sem apoio). Em ambas as situações, a criança nunca deverá ser
deixada na balança sozinha e sem acompanhamento de um adulto.
As normas de segurança da criança devem ser sempre respeitadas.
 Se a balança for manual, movimente o cursor maior (quilogramas)
sobre o suporte, aproximando-a do número de quilos esperados para a
idade. Movimentar o cursor menor (gramas), fazendo o ajuste até o
ponteiro atingir o equilíbrio. Se a balança for digital, aparecer o peso
da criança na tela.
 Espere a criança parar de se movimentar.
 Leia o peso da criança.
Verificação do peso da
criança na posição deitada

Verificação do peso da criança


na posição sentada
1.4.4 Perímetro cefálico
 A medição do perímetro da cabeça é importante para avaliar o
tamanho da cabeça e do cérebro. Sua importância na infância está
relacionada ao volume intracraniano, permitindo uma avaliação do
crescimento do cérebro.
 O acompanhamento do perímetro craniano deve ser feito,
prioritariamente, nas crianças de 0 a 24 meses.
 O perímetro cefálico (PC) é maior que o perímetro torácico (PT) até
aproximadamente os dois anos de idade. Entre o primeiro e o segundo
ano de idade o PC e o PT são iguais. Posteriormente, o PT ultrapassa
o PC em torno de 5 a 7 cm.
Verificação do perímetro cefálico
Técnicas de verificação do Perímetro Cefálico (PC) da criança
menor de 2 anos:
• Material necessário:
 Fita métrica (descartável ou plástica).
 Gráfico de crescimento do Perímetro Cefálico, adequado à idade e ao
gênero, e caneta.
 Álcool 70% e bolas de algodão ;Mesa de exame.
 Inicie a técnica:
 Lave as mãos.
 A criança deve estar sem touca, protetores ou enfeites de cabeça.
 Com o auxílio da mãe ou acompanhante, colocar a criança deitada na
posição dorsal ou sentada (caso já esteja sentando sem apoio) no
centro da maca. Em ambas as situações, a criança nunca deverá ser
deixada na maca sozinha e sem acompanhamento de um adulto. As
normas de segurança da criança devem ser sempre respeitadas.
 Meça o perímetro cefálico colocando a fita métrica (marco zero) entre e
logo acima das sobrancelhas, iniciando o contorno da fita pela cabeça
da criança, passando acima do pavilhão auditivo, sobre a
proeminência occipital e, assim, da mesma forma, chegando ao ponto
de início.
 Esse é o maior diâmetro da circunferência da cabeça da criança.
 Leia o PC da criança.
1.4.5-Determinantes biológicos de crescimento

 Como sabemos se uma criança está crescendo de acordo com o


esperado? Durante o exame físico, o que o enfermeiro deverá usar
como base para avaliar se o crescimento da criança avaliada está de
acordo com o esperado para a idade.

 Dessa forma, conclui-se que a idade cronológica da criança é um


indicador importante para observarmos o seu crescimento e
identificar se está adequado à idade biológica.

 Diferença entre a idade cronológica e a idade biológica:

 Idade cronológica: é a idade que se refere ao período de tempo


contado a partir do nascimento, podendo ser em meses ou anos.

 Idade biológica: de acordo com as modificações biológicas que


ocorrem ao longo do tempo, pode-se classificar a idade biológica.

• É desejável que a idade biológica da criança acompanhe a idade


cronológica, mas essa adequação nem sempre poderá ocorrer.
1.4.6-Gráficos de avaliação antropométrica (peso/estatura) na
criança

 A partir dos índices antropométricos são construídos indicadores,


definindo níveis de corte que permitam situar a criança dentro de
uma faixa aceita como normal, de acordo com a referência de
crescimento utilizada.

 Avaliar o crescimento da criança implica:

1) coletar medidas antropométricas com metodologia padronizada;

2) relacionar essas medidas com sexo, idade ou outra variável da


criança(índices), comparando-as com os valores de referência;

3) verificar se os valores encontrados estão dentro dos limites (pontos de


corte) estabelecidos como normais (BRASIL, 2002).
Alguns dados importantes demonstrados no histórico de
crescimento da criança, de acordo com o gráfico do exemplo F:

• 3 meses de idade: peso – 4.600 g; P15.

• 6 meses de idade, peso – 6.000 g; P15.

• 8 meses de idade, peso – 9.000 g; P85

• 27 meses de idade (2 anos e 3 meses): peso – 9.000 g; entre o P15 e


P50
Uma classificação específica para o peso do recém-nascido é
demonstrada a seguir:

• Pequeno para a idade gestacional (PIG) = < 10º do percentil da Curva de


Crescimento Intra Uterina - CCIU.
• Peso adequado p/a idade gestacional (AIG) = entre 10º e 90º da CCIU.
• Grande para a idade gestacional (GIG) = > 90º do percentil da CCIU
(BRASIL, 2002)
Ganho ponderal de peso e da altura são previstos durante a infância, e o
enfermeiro deverá conhecê-las para avaliar o crescimento da criança.
Algumas dessas características estão demonstradas a seguir:

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