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17 - SAÚDE DA CRIANÇA E DO
ADOLESCENTE
BRASÍLIA-DF
14/08 a 01/09/2023
MÓDULO DE ACOLHIMENTO E AVALIAÇÃO (MAAV) DO PMMB
28° CICLO DO PMMB
SUBEIXO III
TEMA 17
COORDENAÇÃO
Camila Zamban de Miranda
Frantchesca Fripp dos Santos
Nilson Massakazu Ando
ELABORAÇÃO
Frantchesca Fripp dos Santos
Juliana Machado de Carvalho
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
Camilo Sobreira De Santana - Ministro da Educação
Denise Pires de Carvalho - Secretaria de Ensino Superior
Gisele Viana Pires - Diretoria de Desenvolvimento da Educação em Saúde
Francisco de Assis Rocha Neves - Coordenação-Geral de Expansão e Gestão da Educação
em Saúde
Ana Luísa dos Santos Azevedo - Apoio Central do PMMB
Lucas de Souza Porfirio - Apoio Central do PMMB
“Crianças em todos os lugares precisam de sistemas de saúde primários fortes que
atendam às suas necessidades e às de suas famílias, para que –onde quer que nasçam
– tenham o melhor começo de vida e esperança para o futuro”.
Anshu Banerjee, 2023
Consulta Puerperal
A consulta puerperal deve ser realizada até 42 dias após o parto. Idealmente, deve-se
aproveitar a consulta de acompanhamento da criança para realizar a consulta da mãe
Na consulta puerperal, é importante:
● Questionar sobre dificuldades advindas da nova situação;
● Observar sinais de depressão pós parto;
● Orientar sobre o aleitamento, observando a pega e dificuldades;
● Suplementação com Fe elementar (40 mg/dia) até o 3º mês pós-parto;
● Examinar as mamas e manejar as principais complicações (mastite,
fissuras…)
● Observar a retração uterina e avaliar os lóquios;
● Examinar períneo e genitais externos;
● Verificar PA, edema de MMII;
● Orientar anticoncepção.
Suplementação de Vitamina K
A vitamina K é administrada ao nascer.
Aplicação injetável, pode prevenir a doença hemorrágica do recém-nascido.
A vitamina K ajuda o sangue a coagular, mas a capacidade do corpo de armazená-la é
muito baixa. A doença hemorrágica do recém-nascido (HDN) é causada por uma
deficiência de vitamina K no bebê que acabou de nascer. Esse problema pode levar o
bebê a ter um sangramento que coloca em risco sua vida no período que vai das
primeiras horas depois do nascimento até alguns meses.
Suplementação de Vitamina A:
Busca reduzir e controlar essa deficiência nutricional em crianças de 6 a 59 meses de
idade e mulheres no período pós-parto imediato.
A xeroftalmia e a cegueira noturna são manifestações clínicas da deficiência grave de
vitamina A.
A suplementação visa a redução do risco global de morte em 24%, de mortalidade por
diarreia em 28% e de mortalidade por todas as causas, em crianças HIV positivo, em
45%.
Em regiões de risco: Nordeste, Norte de Minas Gerais, Vale do Jequitinhonha, Vale do
Mucuri e Amazônia Legal, desde 2012 contempla todos os Distritos Sanitários Especiais
Indígenas.
Prevenção de Acidentes
Síndromes diarreicas:
● Diarreia Aquosa Aguda: agente infeccioso que não invade tecido. Não há sangue
ou pus na fezes. Pode desidratar, se não houver reposição (E. Coli, rotavírus);
● Disenteria aguda: sangue nas fezes, podendo ter muco ou pus. Invasão da
mucosa. Febre, mas menor perda de água. Shigella, Giardia, Entamoeba;
● Diarreia Persistente: > 14 dias (exceto dç celíaca). Dano à mucosa que prejudica
a absorção. Representa 20% das diarreias.
Abordagem e Manejo:
● Pergunta sobre pessoas próximas com mesmo sintoma é rápido e eficaz;
● Avaliar gravidade, risco de complicações e desidratação;
● Número de evacuações, características das fezes, febre, náuseas e vômitos;
● Comparar peso com a última medida (cartão da criança);
● Sinal da dobra cutânea!
● Estado mental, olhos fundos, mucosa oral seca;
● As Coproculturas ficam reservadas para os casos de diarreia persistente. De uma
forma geral, exames laboratoriais não são necessários.
● A investigação laboratorial é reservada para as crianças com desidratação grave
e que necessitem de hidratação venosa;
● Crianças estáveis hemodinamicamente podem ser tratadas seguramente com a
Terapia de Reidratação Oral (TRO);
● Estratégia de hidratação indicada pelo Ministério da saúde (Atenção Integral às
Doenças Prevalentes da Infância – AIDPI)
Complicações do resfriado:
● Otites;
● Exacerbação de asma
● Sinusite
● Doença no trato resp. inferior.
Tratamento e Prevenção
● Manutenção do aquecimento da criança, higiene nasal frequente com soro
fisiológico, hidratação, umidificação do ar e estímulo à oferta do leite materno
(em crianças amamentadas) e orientação para retorno ao serviço de saúde se
houver piora do quadro (dificuldade respiratória ou para alimentar-se,
comprometimento do estado geral);
● Vacinação contra Influenza;
● Beneficio clinico incerto de antitussígenos e expectorantes; Pressão pela
prescrição de medicamentos.
● Em diversos lugares do Brasil é comum a utilização de plantas medicinais
(“lambedores”).
Pneumonia
● Infecção do parênquima pulmonar por vírus, bactérias, parasitas ou fungos;
● Crianças com pneumonia bacteriana típica apresentam febre, calafrios, dores
abdominais, associadas ou não à dor torácica, e tosse produtiva;
● A taquipneia é um sinal útil para o diagnóstico de pneumonia na infância;
● Se a ausculta pulmonar sugerir o diagnóstico de pneumonia, deve-se pesquisar
o possível agente etiológico por meio de minuciosa história clínica, dando-se
especial atenção para questões relacionadas com viagens, exposições a animais
e pessoas doentes, sobretudo com tuberculose
Abordagem e manejo:
Na prática, é difícil a diferenciação entre pneumonia típica e atípica. Para essa o
diagnóstico, deve-se reforçar o exame físico:
● à palpação, frêmito tóraco-vocal aumentado;
● à percussão, macicez ou submacicez;
● à ausculta, murmúrio reduzido com crepitações (ou estertores) e sopro tubário;
Lactentes e crianças maiores com infecção respiratória do trato inferior leve a
moderada podem ser tratados com segurança no domicílio.
A realização de radiografia de tórax para confirmação do diagnóstico não é
rotineiramente necessária em crianças com quadro leve de pneumonia, sem
complicações e que serão tratadas ambulatorialmente;
Reservar para pneumonias graves, avaliação de complicações e diagnóstico diferencial.
Lembre-se:
● A escolha da antibioticoterapia é empírica – a AMOXICILINA é droga de primeira
escolha;
● Macrolídeos (azitromicina) podem ser utilizados nas crianças maiores de 5 anos
ou suspeita de atipia;
● Gravidade = hospitalização: tiragem, sonolência, desnutrição, comorbidades
crônicas e baixa idade (< 2 meses). Falha terapêutica ambulatorial e internação
por incapacidade da família e cuidar;
● Reavaliar a criança 48 horas após o início da terapêutica.
Tratamento:
Prevenção:
● Vacinação antipneumocócica e influenza está no calendário básico;
● Evitar o tabagismo passivo;
● Manter aleitamento materno;
● Medidas de controle da exposição à poluição atmosférica.
SAÚDE DO ADOLESCENTE
Segundo a OMS (1989), a adolescência é representada por indivíduos na faixa etária
entre 10 a 19 anos de idade, e jovens entre 15 e 24 anos de idade.
O Estatuto da Criança e do Adolescente - ECA (1990), lei nº 8.069/90; no artigo 2º,
considera adolescente a pessoa entre 12 e 18 anos de idade e segundo o estatuto da
juventude, a faixa etária vai de 15 a 29 anos de idade.
Consulta do Adolescente
O adolescente têm direito à:
● PRIVACIDADE: O direito de ser atendido sozinho, em espaço privado de consulta.
● CONFIDENCIALIDADE: As informações discutidas na consulta não podem ser
passadas aos seus pais e ou responsáveis sem a permissão expressa do
adolescente.
● Situações de exceção.
● A garantia de confidencialidade e privacidade, fundamental para ações de
prevenção, favorece a abordagem de temas como sexualidade, abuso de
drogas, violência entre outras situações.
● O sigilo médico é um direito garantido e reconhecido pelo artigo 103 do Código
de Ética Médica.
Gravidez na Adolescência
As adolescentes têm iniciado atividade sexual cada vez mais cedo. A sexualização
precoce é um estímulo e risco para gestação na adolescência. Além disso, as
perspectivas de vida e perspectivas culturais são diferentes de acordo com o perfil
socioeconômico. É fundamental estimular atividades e trabalho de planejamento de
vida com os adolescentes.
A mortalidade entre 10 e 19 anos por 1000 crianças no Brasil caiu expressivamente nos
últimos 4 anos. As principais causas de violência contra crianças, foram por violência
sexual (44%), seguida da psicológica (36%), negligência (33%) e violência física (29%).
A residência foi o local de maior ocorrência dos casos de violência contra crianças
Quando suspeitar?
● Corrimento Vaginal;
● Lacerações;
● Queimaduras (luva, meia, limites bem definidos);
● Lesões físicas, fraturas, equimoses, hematomas (relação temporal e estória
incoerente e estágios diferentes de evolução);
● Alteração no comportamento da criança;
● Valorizar qualquer suspeita do cuidador;
UNICEF - United Nations Children’s Fund, The State of the World’s Children 2023:
For every child, vaccination, UNICEF Innocenti – Global Office of Research and
Foresight, Florence, April 2023a.
BRASÍLIA-DF
14/08 a 01/09/2023
MÓDULO DE ACOLHIMENTO E AVALIAÇÃO (MAAV) DO PMMB
28° CICLO DO PMMB
SUBEIXO III
TEMA 18
COORDENAÇÃO
Camila Zamban de Miranda
Frantchesca Fripp dos Santos
Nilson Massakazu Ando
ELABORAÇÃO
Frantchesca Fripp dos Santos
Juliana Machado de Carvalho
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
Camilo Sobreira De Santana - Ministro da Educação
Denise Pires de Carvalho - Secretaria de Ensino Superior
Gisele Viana Pires - Diretoria de Desenvolvimento da Educação em Saúde
Francisco de Assis Rocha Neves - Coordenação-Geral de Expansão e Gestão da Educação
em Saúde
Ana Luísa dos Santos Azevedo - Apoio Central do PMMB
Lucas de Souza Porfirio - Apoio Central do PMMB
Saúde do Homem
O acesso dos homens aos serviços de saúde é marcado por inúmeros desafios. Destaca-
se a invisibilidade da saúde do homem e as diversas barreiras que os homens
encontram ao procurar atendimento nos serviços de saúde, como fatores culturais e o
senso comum, machismo por parte dos homens e dos próprios profissionais de saúde e
a falta de programas voltados especificamente para a saúde masculina.
Dados demográficos
Dados do Sistema de Informações Ambulatoriais do SUS (SIA/SUS) apontaram que, em
2010, o número total de consultas médicas para homens entre 20 e 59 anos de idade
apresentado ao gestor do SUS e registrado no sistema foi de 3.217.197, o que resulta
numa média de 0,06 consulta/homem/ano.
Dados Epidemiológicos
Masculinidades e Gênero
Masculinidades: termo utilizado para contemplar as formas de representar o masculino,
que varia de acordo com o contexto cultural e época. É necessário prestar atenção aos
estereótipos de gênero.
Saúde do homem indígena: grande diversidade de etnias e contexto. Aqui, é importante
desenvolver competência cultural para identificar a identidade de gênero de cada
comunidade indígena.
Pesquisa Saúde do Homem, Paternidade e Cuidado
Política Nacional de Atenção Integral da Saúde do Homem (PNAISH)
Por que uma Política voltada à saúde do homem:
● Porque é histórico o desconhecimento sobre as peculiaridades de ser homem na
sociedade;
● Porque os homens morrem entre 5 e 7 anos mais cedo que as mulheres em
diferentes culturas, com diferentes sistemas de saúde disponíveis;
● Porque, na sua maioria, tais mortes são evitáveis à medida que costumam estar
relacionadas a comportamentos adotados por corresponderem a estereótipo
tradicional de masculinidade.
A Política Nacional de Atenção Integral da Saúde do Homem (PNAISH) tem como diretriz
promover ações de saúde que contribuam significativamente para a compreensão da
realidade singular masculina nos seus diversos contextos socioculturais e político-
econômicos, respeitando os diferentes níveis de desenvolvimento e organização dos
sistemas locais de saúde e tipos de gestão de Estados e Municípios. O objetivo geral é
ampliar e melhorar o acesso da população masculina adulta (20 a 59 anos) do Brasil aos
serviços de saúde.
Paternidade e Cuidado
Objetiva sensibilizar gestores, profissionais de saúde e a população em geral sobre os
benefícios do envolvimento ativo dos homens em todas as fases da gestação e nas ações
de cuidado com seus filhos, destacando como esta participação pode trazer saúde, bem-
estar e fortalecimento de vínculos saudáveis entre crianças, homens e suas parceiras.
Alguns desafios se destacam nesse eixo:
● Envolver e engajar os homens nas tarefas de cuidado (referentes ao cuidado com
as crianças e o cuidado de outros nas configurações familiares) -
empoderamento dos homens e das mulheres, maior equidade de gênero e
distribuição dos papéis.
● Inserir o homem na lógica dos serviços e na ESF/AB, no pré-natal, parto e
puerpério – conexão, afeto e vínculo.
● Compreender o “cuidar” não apenas como uma qualidade feminina – todos
ganham.
Acidentes de trânsito
Número e proporção de óbitos de motociclistas, segundo características da vítima. Brasil, 2021
Acidentes de Trabalho
A incidência anual de acidentes de trabalho foi estimada em 5,80%, discretamente maior
entre os homens (6,05%) do que entre as mulheres (5,53%).
A incidência de acidentes de trânsito é maior no sexo masculino e está associada ao
abuso de álcool, excesso de velocidade e fatores externos (barreiras na pista, chuva,
engarrafamento).
Impacto provocado pelo câncer de próstata e pelo tratamento na vida dos homens:
Como prevenir
● Ter uma alimentação saudável;
● Manter o peso corporal adequado;
● Praticar atividade física;
● Não fumar;
● Evitar o consumo de bebidas alcoólicas.
Sinais e sintomas
● Dificuldade de urinar;
● Demora em começar e terminar de urinar;
● Sangue na urina;
● Diminuição do jato de urina;
● Necessidade de urinar mais vezes durante o dia ou à noite.
Investigação
Exame de toque retal: o médico avalia tamanho, forma e textura da próstata,
introduzindo o dedo protegido por uma luva lubrificada no reto. Este exame permite
palpar as partes posterior e lateral da próstata.
Diagnóstico e tratamento
Estadiamento do Câncer de Próstata
ALCOOLISMO
O alcoolismo afeta cerca de 5% das mulheres e 15% dos homens na população brasileira
acima de 15 anos de idade e na maioria dos países ocidentais. A prevalência de consumo
abusivo de álcool é 13,7% superior entre os homens em relação às mulheres,
impactando na saúde, vida social e relações familiares.
TABAGISMO
O tabagismo também é, historicamente, mais prevalente em homens do que em
mulheres, como podemos ver na imagem abaixo.
ABORDAGEM À SAÚDE DO HOMEM NA APS
Novembro é o mês de conscientização sobre os cuidados integrais com a saúde do
homem. Saúde mental, infecções sexualmente transmissíveis, doenças crônicas
(diabetes, hipertensão) entre outros pontos devem ser sempre observados pela
população masculina. Todos os anos, nesse período, 21 países, incluindo o Brasil,
preparam campanhas sobre prevenção e diagnóstico do câncer de próstata, além de
levar informações sobre a prevenção e promoção aos cuidados integrais com o cuidado
da saúde masculina.
RASTREAMENTO
Aplicação de testes em pessoas assintomáticas (em uma população definida) com o
objetivo de selecionar indivíduos para intervenções, cujo benefício potencial seja maior
que o dano potencial. Assim, pretende-se reduzir a morbi-mortalidade atribuída à
condição a ser rastreada.
Cuidado: “Eu quero ter segurança de que eu não vou ter uma doença, aí eu faço algo
que pode não reduzir a minha chance de ter a doença, mas está me dando a sensação
de que eu estou mais seguro.”
Tais exemplos, cada vez mais comuns, são potenciais geradores de significativos danos
iatrogênicos e de medicalização excessiva, devido às suas múltiplas cascatas de
intervenções. Eles demandam fortemente P4.
Como os rastreamentos são ações aplicadas em pessoas assintomáticas, é necessário
que haja um controle de qualidade de cada uma das etapas devido aos potenciais danos
dos falsos positivos, falsos negativos e dos seguimentos das situações de
indeterminação, tais como ASCUS, BIRADS III, hipotireoidismo subclínico, intolerância à
glicose etc.
Níveis de prevenção
Detecção precoce do câncer
Disfunção tireoidiana
Contraindica-se rastreamento para disfunção tireoidiana em adultos maiores de 18
anos, assintomáticos. Essa recomendação não se aplica para gestantes, pessoas com
história de cirurgia ou doença de tireóide, indivíduos em uso de medicações tireotóxicas
(lítio, amiodarona), radioterapia em tireóide ou região cervical prévia, doença de
hipotálamo ou pituitária.
Recomendações de leitura
● United States Preventive Services Task Force (USPSTF):
https://www.uspreventiveservicestaskforce.org/
● Canadian Task Force (CTF): http://canadiantaskforce.ca/
● National Institute for Health and Care Excellence (NICE):
https://www.nice.org.uk/
● Colaboração Cochrane, que tem um endereço brasileiro:
http://brazil.cochrane.org/
Material complementar
● https://www.buzzsprout.com/1815691/12783159-how-to-prevent-fragility-
fractures-a-guideline-for-family-doctors
● https://canadiantaskforce.ca/tools-resources/videos/
Referências
BARROSO, W. K. S. et al. Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial – 2020. Arq.
Bras. Cardiol., v. 116, n. 3, p. 516-658, 2021.
NICE - National Institute for Health and Care Excellence. Cardiovascular disease:
risk assessment and reduction, including lipid modification. Clinical guideline [CG181].
2014. Disponível em: https://www.nice.org.uk/guidance/cg181.
BRASÍLIA-DF
14/08 a 01/09/2023
MÓDULO DE ACOLHIMENTO E AVALIAÇÃO (MAAV) DO PMMB
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SUBEIXO III
TEMA 19
COORDENAÇÃO
Camila Zamban de Miranda
Frantchesca Fripp dos Santos
Nilson Massakazu Ando
ELABORAÇÃO
Frantchesca Fripp dos Santos
Juliana Machado de Carvalho
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
Camilo Sobreira De Santana - Ministro da Educação
Denise Pires de Carvalho - Secretaria de Ensino Superior
Gisele Viana Pires - Diretoria de Desenvolvimento da Educação em Saúde
Francisco de Assis Rocha Neves - Coordenação-Geral de Expansão e Gestão da Educação
em Saúde
Ana Luísa dos Santos Azevedo - Apoio Central do PMMB
Lucas de Souza Porfirio - Apoio Central do PMMB
Envelhecimento populacional brasileiro
A prevalência de brasileiros com idade > 65 anos aumentará de 7,4% em 2015 para
20% em 2030 e para 26,7% em 2060 (OMS). A prevalência de pessoas com 60 anos ou
mais, passou de 11,3% em 2012, para 14,7% da população em 2021, com razão de
sexos de 78,8 homens para cada 100 mulheres nessa faixa etária.
Capacidade Funcional
Envelhecer sem nenhuma doença crônica é mais uma exceção do que a regra. Nesse
sentido, a capacidade funcional apresenta-se como um novo indicador de saúde. A
saúde está intimamente relacionada com a funcionalidade global do indivíduo, que é a
capacidade de gerir a própria vida ou cuidar de si mesmo.
A pessoa é considerada saudável quando é capaz de realizar suas atividades sozinha, de
forma plena, mesmo que seja muito idosa ou portadora de doenças. Assim, considera-
se que o diagnóstico clínico de patologias não está associado a capacidade funcional, e
que o bem-estar e funcionalidade são complementares.
Na avaliação de saúde da pessoa idosa, é importante avaliar a presença de:
● autonomia (capacidade individual de decisão e comando sobre as ações,
estabelecendo e seguindo as próprias convicções) e;
● independência (capacidade de realizar algo com os próprios meios)
A maioria dos idosos é portador de doenças ou disfunções orgânicas que, na maioria das
vezes, não estão associadas à limitação das atividades ou à restrição de sua participação
social. Assim, mesmo com doenças, o idoso pode continuar desempenhando seus papéis
sociais.
Cabe ressaltar que a independência e a autonomia estão intimamente relacionadas, mas
são conceitos diferentes. Existem pessoas com dependência física, mas capazes de
decidir as atividades de seu interesse. Por outro lado, há pessoas que têm condições
físicas para realizar determinadas tarefas do cotidiano, mas não têm condições de
decidir e escolher com segurança sobre como, quando e onde se envolver nessas
atividades. A perda da independência nem sempre vem associada com a perda de
autonomia: um idoso com perda da capacidade de deambular, pode perfeitamente
gerenciar sua vida com autonomia e participação social.
Escala de Katz
Escala de Lawton-Brody
3. Humor
● Deve-se perguntar ao paciente se ele se sente triste ou desanimado
frequentemente.
● Se positivo, aplicar escala de depressão geriátrica (GDS-15).
Interpretação:
Se GDS-5 ≥ 2 ou GDS-15 ≥ 6: suspeita de distúrbio do humor
4. Mobilidade
Perguntar se o idoso apresentou quedas no último ano:
● Frequência;
● Circunstâncias.
As quedas são associadas a alto índice de morbimortalidade, redução da capacidade
funcional e institucionalização precoce.
Para contribuir com a redução do risco de quedas, é importante que a equipe de saúde
realize visita domiciliar, com o objetivo de realizar avaliação ambiental . Nesse
momento, deve-se avaliar:
● Presença de escadas;
● Pisos deslizantes;
● Tapetes;
● Iluminação adequada;
● Corrimão no banheiro;
● Uso de chinelos.
Ainda dentro da mobilidade, é necessário considerar as questões relacionadas à
incontinência urinária e a nutrição.
Em relação à incontinência urinária é necessário questionar se idoso já perdeu urina ou
se sentiu molhado. Se sim, proceder com a investigação para causa e tratamento da
incontinência urinária.
Em relação à nutrição, deve-se considerar as causas frequentes de anorexia e perda de
peso em idosos:
• Pobreza;
• Isolamento social;
• Depressão;
• Demência;
• Dor;
• Imobilidade;
• Refluxo gastroesofágico;
• Constipação;
• Alcoolismo;
• Uso de medicamentos;
• Problemas dentários;
• Xerostomia;
• Diminuição do paladar;
• Alterações no reconhecimento de fome e sede.
5. Comunicação
A possibilidade de estabelecer um relacionamento produtivo com o meio, trocar
informações, manifestar desejos, idéias, sentimentos está intimamente relacionada à
habilidade de se comunicar. É através dela que o indivíduo compreende e expressa seu
mundo.
Fluxograma para avaliação da visão:
Iatrogenia
(Des)Prescrição
“Mais de 90% dos pacientes estão dispostos a interromper o uso de algum medicamento
se seus médicos disserem que isso é possível”. (Reeve et al, 2018).
6. Suporte Social
É necessário identificar os cuidadores (familiares, vizinhos, amigos, profissionais que
apoiam o idoso) e o suporte social de que o idoso poderia dispor ou dispõe:
● Alguém poderia ajuda-lo caso você fique doente ou incapacitado? Quem?
● Quem seria capaz de tomar decisões de saúde por você caso não seja capaz de
fazê-lo?
Anotar nome, endereço, telefone no prontuário do paciente.
Abordagem ao Cuidador
O cuidador é a pessoa que presta cuidados à pessoa idosa. Frequentemente esse papel
é exercido por uma só pessoa, gerando sobrecarga para a mesma.
Papel da equipe da ESF:
● Apoio à pessoa idosa e ao cuidador;
● Localizar serviços de apoio (Centro dia, Programa acompanhante de Idoso,
Grupo Terapêutico, etc);
● Apoio à família evitando a institucionalização (abrigo ou instituição de longa
permanência).
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MÓDULO DE ACOLHIMENTO E AVALIAÇÃO (MAAV) DO PMMB
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SUBEIXO IV
Doenças e Agravos
TEMA 20
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Gisele Viana Pires - Diretoria de Desenvolvimento da Educação em Saúde
Francisco de Assis Rocha Neves - Coordenação-Geral de Expansão e Gestão da Educação
em Saúde
Ana Luísa dos Santos Azevedo - Apoio Central do PMMB
Lucas de Souza Porfirio - Apoio Central do PMMB
Doenças Crônicas Não-Transmissíveis (DCNT)
São consideradas DCNT, as doenças cardiovasculares, neoplasias, doenças respiratórias
crônicas e diabetes. As DCNT representam 80,7% dos óbitos por doenças crônicas.
Esses quatro grupos de doenças crônicas de maior impacto têm quatro fatores de risco
modificáveis em comum.
1 - Prevenção Primária
• Melhores condições socioeconômicas gerais;
• Leis contra tabagismo, alcoolismo, fast-food e consumismo infantil;
• Mais espaços públicos para a prática de atividades físicas e lazer (ex.: parques e
praças verdes, ciclovias, quadras poliesportivas);
• Mais opções culturais variadas (teatro, cinema, biblioteca, exposições, feiras,
festivais, shows) e acessíveis em todas as partes das cidades;
• Mais acesso a alimentos in natura a preços acessíveis em toda a cidade;
• Mais segurança cidadã em toda a cidade.
Prevenção primária - Como ajudar na mudança do estilo de vida?
• Perder peso;
• Usar dieta DASH;
• Reduzir uso de sal;
• Praticar atividade física;
• Reduzir uso do álcool;
• Cessar tabagismo.
Prevenção primária – orientações de mudança de estilo de vida
Hábitos de vida saudáveis são a base do tratamento das DCNT, sobre a qual pode ser
acrescido – ou não – o tratamento farmacológico. Seus elementos fundamentais são
manter uma alimentação adequada e atividade física regular, evitar o fumo e o excesso
de álcool e estabelecer metas de controle de peso.
Prevenção primária - orientações alimentares: Regras de ouro
• Faça de alimentos in natura ou minimamente processados a base da sua
alimentação
• Utilize óleos, gorduras, sal e açúcar em pequenas quantidades ao temperar e
cozinhar alimentos e criar preparações culinárias
• Limite o uso de alimentos processados, consumindo-os em pequenas
quantidades, como ingredientes de preparações culinárias ou como parte de
refeições baseadas em alimentos in natura, ou minimamente processados
• Evite alimentos ultraprocessados
É fundamental que se trabalhe colaborativamente com a nutricionista da UBS.
2 - Prevenção Secundária
Prevenção secundária – Rastreamento
HAS
Grau de recomendação A : maiores de 18 anos, sem o conhecimento de que sejam
hipertensos, intervalo bianual se PA < 120 80 e anual se PAS entre 120 e 139 mmHg ou
PAD entre 80 e 90 mmHg e/ou presença de fatores de risco.
Dislipidemia
Homens com 35 anos ou mais (Grau A) // Homens de 20 a 35 anos com alto risco (Grau
B);
Mulheres com 45 anos ou mais (Grau A) // Mulheres de 20 a 45 anos com alto risco
(Grau B);
Intervalo de 5 anos para pessoas com resultados normais a depender do risco
cardiovascular.
Diabetes Mellitus tipo 2
Recomenda-se a triagem para pré-diabetes e diabetes tipo 2 em adultos de 35 a 70 anos
com sobrepeso ou obesidade. Os médicos devem oferecer ou encaminhar pacientes
com pré-diabetes para intervenções preventivas eficazes.
Avaliação individualizada
História clínica
Avaliar:
• Dispnéia, dor torácica, palpitações, acuidade visual;
• Hábitos de vida: uso de álcool, tabaco, cocaína, crack, atividade física;
• História familiar: antecedentes de IAM (infarto agudo do miocárdio) e AVE
(acidente vascular encefálico);
• Aspectos socioeconômicos;
• Uso medicamentos (ex.: anti-inflamatórios, ACO, anorexígenos [sibutramina],
descongestionantes nasais).
Exame físico
• Antropometria: IMC, circunferência abdominal - 88 cm para mulheres e 102 cm
para homens;
• Dados vitais –PA nos dois membros superiores na primeira avaliação e FC
(frequência cardíaca);
• Inspeção: fácies e aspectos sugestivos de hipertensão secundária;
• Pescoço: palpação e ausculta das artérias carótidas, verificação de turgência
jugular e palpação de tireoide.
• Exame do precórdio e ausculta cardíaca: arritmia, sopros, B3, B4.
• Exame do pulmão: ausculta de estertores, roncos e sibilos.
• Exame do abdome: a ausculta de sopros em área renal objetivam detectar
hipertensão secundária a obstrução de artérias renais.
• Extremidades: avaliar pulsos.
Exames laboratoriais
Deve ser realizado, com frequência anual:
• Glicemia;
• Colesterol total, HDL, LDL, triglicérides;
• Creatinina / Urina tipo I;
• Potássio;
• ECG (eletrocardiograma);
• Fundoscopia (encaminhar ao oftalmologista).
Lesões de órgãos-alvo
1. AVE (acidente vascular encefálico) e AIT (ataque isquêmico transitório);
2. IAM (infarto agudo do miocárdio), DAC (doença arterial coronariana), DAOP (doença
arterial obstrutiva periférica);
3. HVE (hipertrofia do ventrículo esquerdo);
4. Nefropatia;
5. Retinopatia;
6. Aneurisma de aorta abdominal;
7. Estenose de carótida sintomática.
Lembre-se: em idosos hígidos, a meta pressórica é PAS entre 130 e 139 e a PAD entre
70 e 79. Em idosos frágeis, PAS entre 140 e 149 e a PAD entre 70 e79
Medidas farmacológicas
• Adultos sem DCV – iniciar medicamento se PA ≥ 140x90mmHg.
• Sequência de escolha dos fármacos anti-hipertensivos:
• 1 passo: clortalidona ou hidroclorotiazida + amilorida ou iECA
• 2 passo: betbloqueador
• 3 passo: anlodipino
Principais Anti-Hipertensivos disponíveis na Atenção Primária à Saúde
Diuréticos de Alça:
• Furosemida
• Podem ser usados em associação com diuréticos tiazídicos em pacientes
com Insuficiência Cardíaca e Renal tanto para controle do edema quanto
para controle da PA.
• Não deve ser usada para controle de edema em pessoas sem
comorbidades.
Beta-bloqueadores:
• Propranolol, Atenolol, Metoprolol, Carvedilol
• Uso associado com diuréticos pode piorar perfil glicêmico e lipídico.
• Evitar em pacientes com BAV de 2º grau.
• Evitar Atenolol e Propranolol em pacientes com Asma ou DPOC
Inibidores adrenérgicos:
• Metildopa
• A Metildopa é o anti-hipertensivo de escolha para mulheres grávidas.
Acompanhamento
Depois de iniciar tratamento medicamentoso, realizar verificação semanal da PA até a
consulta médica de reavaliação com 30 dias.
Caso não tenha atingido a meta, deve-se:
• Avaliar adesão terapêutica/ observar a técnica de verificação da PA e
equipamento,
• Aumentar a dose do fármaco já usado,
• OU adicionar outro fármaco,
• OU substituir o fármaco, se não houver efeito ou haja efeitos indesejados.
Após atingir a meta, dividir o cuidado com o enfermeiro, com consultas intercaladas, a
depender do RCV:
• A cada 2 meses (RCValto>20%),
• A cada 3 meses (RCVintermedio10-20%)
• A cada 6 meses (RCVbaixo<10%)
• A cada ano uma consulta odontológica
Adesão medicamentosa
Critérios de encaminhamento
Nefrologia e/ou Cardiologia:
• Suspeita de hipertensão secundária;
• Hipertensão refratária (= uso de três anti-hipertensivos, sendo um deles
diurético, sem controle da PA).
O que escrever no relatório de encaminhamento:
• Sinais e sintomas, medicações em uso com dose, medida da PA, alterações dos
exames complementares, se houver, avaliação da adesão, número da
teleconsultoria (se caso tiver sido discutido no Telessaúde);
• Classificar o risco adequadamente.
DISLIPIDEMIAS
Rastreio de Dislipidemia
Indicações:
• Homens com 35 anos ou mais – Grau A
• Homens de 20 a 35 anos com alto risco – Grau B
• Mulheres com 45 anos ou mais – Grau A
• Mulheres de 20 a 45 quando se enquadrarem como alto risco – Grau B
Periodicidade
O Intervalo adequado para rastreamento é incerto. Recomenda-se a cada 5 anos, para
pessoas com resultados normais; podendo ser em um intervalo maior ou menor, a
depender do risco cardiovascular.
Diagnóstico
● LDL-c ≥ 160mg/dL – Hipercolesterolemia Isolada
● TG ≥ 150mg/dL– Hipertrigliceridemia isolada
● LDL-c ≥ 160mg/dL + TG ≥ 150mg/dL- Hiperlipidemia mista
● HDL-c ≤ 50mg/dL (mulheres) ou 40mg/dL (homens)
Manejo clínico
DIABETES MELLITUS
Classificação
• DM tipo 1 - aproximadamente 8% dos casos
• DM tipo 2 - cerca de 90% dos casos de diabetes na população
• DM gestacional
• LADA – Diabete autoimune com início tardio
• Outras causas: pancreatite, diabetes monogênico, secundária a medicações,
endocrinopatias,
Diagnóstico e exames de glicemia
• Glicemia de jejum: 8 a 14 horas de jejum
• Teste de tolerância à glicose: glicemia 2h após 75 de glicose anidra. Paciente
deve permanecer sem restrição de carboidratos por 3 dias
• Hb glicada: não necessita jejum
Exame físico
● IMC, avaliação de crescimento puberal em adolescentes, PA, palpação de
tireóide, circunferência abdominal;
● exame da cavidade oral: avaliar presença de gengivite, problemas odontológicos
e candidíase;
● exame dos pés: lesões cutâneas, estado das unhas, calos e deformidades,
● avaliação dos pulsos arteriais periféricos e edema; teste de sensibilidade
● exame neurológico sumário;
● exame de fundo de olho.
Avaliação laboratorial
● Glicemia de jejum
● Hb glicada
● Colesterol total, HDL, LDL e triglicerídeos
● Creatinina
● TSH (DM tipo 1)
● ECG
Avaliação Muldimimensional do paciente com DM
Manejo Terapêutico
Principais Drogas
A Metformina é a droga de primeira escolha para o tratamento da DM tipo 2
Se Hb glicada acima do alvo e metformina em dose alta, considerar escalonamento.
Drogas do RENAME
Detalhes:
A Metformina é a droga de escolha para o tratamento da DM tipo 2. Se a glicemia de
jejum estiver muito alta (>ou=300mg/dL) o uso da insulina está indicado, mesmo que
por curtos períodos de tempo, até normalizar a glicemia.
Paciente obesos (IMC>30) se beneficiam da Metformina desde o início do tratamento.
O plano terapêutico envolve apoio para mudança de estilo de vida (MEV), controle
metabólico e prevenção das complicações crônicas.
Indicações de insulinoterapia
• Se o controle não for alcançado após o uso de metformina em associação com uma
sulfonilureia por três a seis meses;
• Quando os níveis de glicemia em jejum estiverem > 300mg/dL, na primeira avaliação
ou no momento do diagnóstico, principalmente se acompanhado de perda de peso,
cetonúria e cetonemia;
• Diabetes gestacional;
• Situações de estresse agudo metabólico (cirurgias, infecções graves, AVE,
politrauma, IAM.
A dose inicial costuma ser de 10 UI de insulina NPH, ou 0,2UI/kg para as pessoas obesas,
podendo ser reajustada em 2 UI a 4 UI, conforme média de três glicemias capilares de
jejum consecutivas,até atingir meta glicêmica .
A Insulina regular é útil no tratamento da hiperglicemia pós-prandial –a administrar 30
minutos antes da refeição. A pessoa em uso de insulina deve ser instruída sobre a
detecção e o manejo da hipoglicemia. Na ocorrência de hipoglicemia, reduzir a dose em
4 UI ou 10% da dose. A metformina pode ser mantida após o início do uso de insulina.
Diagnóstico
Obesidade em crianças, adolescentes e gestantes, deve-se observar a curva
antropométrica específica por idade.
No caso da obesidade em idosos, considerar os seguintes parâmetros:
DOENÇA RENAL CRÔNICA - DRC
São as causas mais comuns de DRC:
• HAS 34%
• Diabete melito 32%
• Glomerulopatia 9%
Cálculo de TFG
• MDRD
• CKD-EPI
• Cockroft-gault
Etiologia
Rastreamento
Marcadores de lesão renal
● Albumina em amostra de 24h
○ Normal < 30mg
○ Moderadamente elevada: 30 a 300mg
○ Elevada: >300mg
● Razão albumina/creatinina
○ Normal < 30mg/g
○ Moderadamente elevada: 30 a 300mg/g
○ Elevada: >300mg/g
Manejo terapêutico
• Tratar e acompanhar doenças de base
• Todo paciente portador de DRC é alto RCV – prescrever estatina e avaliar AAS
• Prescrever iECA ou BRA e monitorar Cr e K – suspender se aumento de 30% da
Cr ou K>6
• A partir do estágio 3A – avaliar eritropoietina
• Monitorar vitamina D e fazer reposição se abaixo de 30 ng/dL
• Monitorar taxas de fósforo e cálcio
• Estágio 4 e 5: observar restrições dietéticas. Evitar AINEs. Se indicado o uso de
insulina, controle rigoroso da glicemia pelo risco de hipoglicemia
Fatores de risco
• O tabagismo é responsável por 80- 90% dos casos e 15% dos tabagistas terão
DPOC
• Exposição ambiental – poeiras e produtos químicos, fogão a lenha, poluição
extradomiciliar
• Tuberculose pode ser fator de risco – monitorar
• Portadores de HIV tem risco aumentado para DPOC
• Mais prevalente em populações economicamente vulneráveis
•
Diagnóstico
É uma condição pulmonar heterogênea caracterizada por sintomas respiratórios
crônicos (dispneia, tosse, produção de escarro e/ou exacerbações) devido a
anormalidades das vias aéreas (bronquite, bronquiolite) e/ou alvéolos (enfisema) que
causam obstrução persistente e muitas vezes progressiva, do fluxo aéreo.
Presença de limitação do fluxo aéreo não totalmente reversível (ou seja, VEF1/FVC < 0,7
pós-broncodilatação) medido por a espirometria é mandatória para diagnóstico de
DPOC.
Sintomas:
• Dispneia progressiva ao longo do tempo, piora aos esforços e persistente
• limitação de atividades e/ou tosse com ou sem produção de escarro
• Sibilos recorrentes
• Tosse crônica –pode ser intermitente, produtiva ou não
• Tosse produtiva – pode ser critério diagnóstico, mas ainda subjetiva
Critérios diagnósticos
Anamnese
• Exposição do paciente a fatores de risco;
• História médica pregressa, incluindo eventos do início da vida (prematuridade, baixo
peso ao nascer, tabagismo materno durante gravidez, exposição passiva ao fumo
durante a infância), asma, alergia, sinusite ou pólipos nasais; infecções respiratórias
na infância; HIV; tuberculose,;
• Histórico familiar de DPOC ou outra doença respiratória crônica,;
• Padrão de desenvolvimento dos sintomas;
• Histórico de exacerbações ou internações prévias por distúrbio respiratório;
• Histórico de exacerbações ou internações prévias por distúrbio respiratório;
• Presença de comorbidades, como cardiopatias, osteoporose, distúrbios
musculoesqueléticos, ansiedade e depressão e malignidades que também podem
contribuir para a restrição da atividade;
• Impacto da doença na vida do paciente, incluindo limitação da atividade, falta ao
trabalho e impacto econômico, efeito nas rotinas familiares, sentimentos de
depressão ou ansiedade, bem-estar e atividade sexual;
• Apoio social e familiar disponível para o paciente.
NICE - National Institute for Health and Care Excellence. Cardiovascular disease:
risk assessment and reduction, including lipid modification. Clinical guideline [CG181].
2014. Disponível em: https://www.nice.org.uk/guidance/cg181.
PITITTO, B. et al. Metas no tratamento do diabetes. Diretriz Oficial da Sociedade
Brasileira de Diabetes. 2022. DOI: 10.29327/557753.2022-3, ISBN: 978-65-5941-
622-6. Disponível em: https://diretriz.diabetes.org.br/metas-no-tratamento-do-diabetes/
BRASÍLIA-DF
14/08 a 01/09/2023
MÓDULO DE ACOLHIMENTO E AVALIAÇÃO (MAAV) DO PMMB
28° CICLO DO PMMB
SUBEIXO IV
Doenças e Agravos
TEMA 2
Doenças Diarreicas Agudas
COORDENAÇÃO
Camila Zamban de Miranda
Frantchesca Fripp dos Santos
Nilson Massakazu Ando
ELABORAÇÃO
Frantchesca Fripp dos Santos
Juliana Machado de Carvalho
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
Camilo Sobreira De Santana - Ministro da Educação
Denise Pires de Carvalho - Secretaria de Ensino Superior
Gisele Viana Pires - Diretoria de Desenvolvimento da Educação em Saúde
Francisco de Assis Rocha Neves - Coordenação-Geral de Expansão e Gestão da Educação em
Saúde
Ana Luísa dos Santos Azevedo - Apoio Central do PMMB
Lucas de Souza Porfirio - Apoio Central do PMMB
Definição
Ocorrência de três ou mais evacuações amolecidas ou líquidas nas últimas 24 horas.
A diminuição da consistência habitual das fezes é um dos parâmetros mais considerados.
Classificação
Diarreia aquosa aguda:
● Perda de grande quantidade de água durante as evacuações, com alteração da
consistência das fezes por um período <14 dias.
● Ocorre secreção ativa de água e eletrólitos da corrente circulatória para a luz intestinal.
● Pode ser causada por bactérias e vírus, na maioria dos casos.
Disenteria aguda:
● Presença de sangue visível nas fezes, podendo haver muco e/ou pus devido a uma
lesão na mucosa intestinal.
● Bactérias do gênero Shigella são as principais causadoras de disenteria, que invadem
a mucosa do cólon.
Principais etiologias da diarreia
Epidemiologia - DDA
Segundo a OMS, as DDAs são a segunda principal causa de morte em crianças com idade < 5
anos, em países em desenvolvimento, embora sejam evitáveis e tratáveis. São as principais
causas de morbimortalidade infantil (<1 ano) e constituem um dos mais graves problemas de
saúde pública global, com aproximadamente 1,7 bilhão de casos e 525 mil óbitos na infância
(< 5 anos) por ano. No Brasil, de 2007 a 2018, a DDA vem mantendo uma incidência anual de
cerca de 300 mil casos em crianças < 1 ano e aprox. 950 mil casos em crianças de 1 a 4 anos,
segundo dados do SINAN.
● A DDA é considerada uma doença preocupante nos povos indígenas, pois apesar de ser
tratável correspondem a uma das principais doenças infecciosas que os atingem, em
muitos casos evoluindo ao óbito, principalmente, de crianças menores de 5 anos.
Manifestações clínicas
No mínimo 3 episódios de fezes líquidas ou amolecidas em 24 horas.
Podem estar associados:
● Cólicas e/ou dores abdominais;
● Febre;
● Sangue e/ou muco nas fezes;
● Náuseas;
● Vômitos.
Transmissão
A transmissão acontece pelas vias orais ou fecal-oral.
Transmissão indireta: consumo de água ou alimentos contaminados e contato com objetos
contaminados como utensílios de cozinha, acessórios de banheiros, equipamentos
hospitalares;
Transmissão direta: pelo contato com outras pessoas, por meio de mãos contaminadas e
contato de pessoas com animais.
Abordagem e manejo
A História clínica tem alto valor discriminatório e permite em pouco tempo o diagnóstico
diferencial sindrômico e de outras doenças com manifestações similares. Deve-se questionar
sobre contatos que também tenham a doença/sintomas, avaliar a gravidade dos sintomas e o
risco de complicações, em especial a desidratação, além de identificar o número de
evacuações, características das fezes, presença de febre e relato de náuseas e/ou vômitos.
A maioria dos casos é autolimitada.Os testes diagnósticos são indicados somente em casos
selecionados. Coproculturas não devem ser realizadas de rotina. A investigação laboratorial é
reservada para as crianças com desidratação grave e que necessitem de hidratação venosa.
Exame físico:
Avaliar a existência de comorbidades e a presença e o grau de desidratação;
● Desidratação – sinal de gravidade.
Tratamento
Após avaliação clínica do usuário, estabelece-se qual plano de tratamento será executado.
Hidratação oral
● Líquidos devem ser administrados com frequência, em pequenos goles;
● Se vomitar, aguardar 10 minutos e continuar, porém mais lentamente;
● Vômitos costumam cessar após 2 a 3 horas do início da reidratação.
Como preparar o soro de reidratação oral
Tratamento de crianças
● Ciprofloxacino: 15mg/kg mg de 12/12h, VO, por 3 dias (primeira escolha);
● Azitromicina: 10 a 12 mg/kg no 1º dia e 5 a 6 mg/kg por mais 4 dias, VO;
● Ceftriaxona: 50 a 100mg/kg, IV ou intramuscular, uma vez ao dia, por 2 a 5 dias, como
alternativa, principalmente nos casos graves que requerem hospitalização.
● Orientar o paciente ou acompanhante para administrar líquidos e manter a
alimentação habitual, caso o tratamento seja realizado no domicílio.
● Reavaliar o paciente após 2 dias.
● Se mantiver presença de sangue nas fezes ou melena após 48 horas do início do
tratamento ou condições gerais comprometidas, encaminhar para internação
hospitalar.
Tratamento de adultos:
● Ciprofloxacino: 500 mg de 12/12h, via oral, por 3 dias.
4- Verificar a temperatura
Se o paciente estiver, além da diarreia, com a temperatura de 39°C ou mais: investigar e tratar
outras possíveis causas, por exemplo, pneumonia, otite, amigdalite, faringite, infecção
urinária.
Uso de medicamentos
● Antibióticos: somente para casos de diarreia com sangue (disenteria) e
comprometimento do estado geral ou em casos de cólera grave. Em outras condições,
os antibióticos são ineficazes e não devem ser prescritos.
● Antiparasitários: devem ser usados somente para:
o Amebíase, quando o tratamento de disenteria por Shigella sp fracassar, ou em
casos em que se identificam nas fezes trofozoítos de Entamoeba histolytica
englobando hemácias.
o Giardíase, quando a diarreia durar 14 dias ou mais, se identificarem cistos ou
trofozoítos nas fezes ou no aspirado intestinal.
Reposição de Zinco
De acordo com a OMS deve ser usado em menores de cinco anos, durante 10 a 14 dias, sendo
iniciado a partir do momento da caracterização da diarreia.
● Até seis meses de idade: 10mg/dia;
● Maiores de seis meses de idade: 20mg/dia.
Probióticos
● São microrganismos vivos capazes de colonizar o trato digestivo e exercer efeitos
benéficos no hospedeiro;
● São eficazes na redução da duração e da intensidade dos sintomas da DDA;
● Se disponível, pode ser considerado como tratamento complementar:
o Saccharomyces boulardii – 250 a 750mg/dia, 5 a 7 dias;
o Lactobacillus GG >1010 UFC/dia, 5 a 7 dias;
Antieméticos
● O uso controverso em crianças;
● Quando indicado, usar em crianças > 4 anos com diarreia e vômitos;
● Metoclopramida – eficaz, porém com efeitos colaterais significativos – não
recomendada;
● Ondansetrona – VO ou IV, uma dose única inicial para garantir reidratação oral.
0,2mg/kg/dose até 3x ao dia ou 2mg em crianças de 6 meses a 2 anos e 4mg em
crianças > 2 anos.
Antidiarreicos
● Racecadotrila – reduz secreção intestinal de água e eletrólitos. Pode ser usado, porém
sem evidência sólida de eficácia.
● Medicamentos de ação intestinal antimotora, como loperamida, são contraindicados
em DDA em crianças.
Manejo nutricional
● As crianças devem continuar a ser alimentadas com uma dieta apropriada para a idade,
desde que tolerada;
● Lactentes < 6 meses devem ser mantidos em amamentação;
● Não é necessário diluir fórmulas lácteas ou oferecer dieta livre de lactose, a não ser
em casos de intolerância ou alergia ;
● Recomendam-se mamadas mais frequentes;
● Bebidas tais como refrigerantes, sucos de fruta industrializados e líquidos altamente
açucarados devem ser evitadas durante o episódio.
Orientações gerais
Orientar sobre sinais de complicações e desidratação e em quais situações deve-se procurar
atendimento em unidade de urgência.
Prevenção
● Lavagem frequente das mãos com sabão e água limpa, principalmente antes de
preparar e ingerir alimentos, após ir ao banheiro, após trocar fraldas, após contato
com animais;
● Recomenda-se desinfecção de superfícies contaminadas com cloro alvejante de uso
doméstico ou outros produtos de limpeza, e lavagem de roupa suja e roupa de cama;
● Proteger alimentos e áreas de cozinha contra insetos e outros animais;
● Evitar alimentos ou fontes de água que possam ser as possíveis fontes de
contaminação.
● Não utilizar água de riachos, rios, cacimbas ou poços contaminados para banhar-se ou
beber;
● Evitar o consumo de alimentos crus ou mal cozidos;
● Guardar a água tratada em vasilhas limpas, com “boca” estreita e com tampa;
● Ensacar e manter a tampa do lixo sempre fechada;
● Usar o vaso sanitário. Se não for possível, enterrar as fezes longe de cursos de água;
● Evitar o desmame precoce.
Tratar a água para consumo: filtrar, ferver ou colocar 2 gotas de solução de hipoclorito de
sódio a 2,5% para cada litro de água, guardar por 30 minutos antes de usar.
Cólera
Doença infecciosa intestinal aguda causada pela enterotoxina do Vibrio cholerae. A partir de
2006, não houve casos autóctones de cólera no Brasil, tendo sido notificados apenas 3 casos
importados.
Lembre-se
A vacina rotavírus está no calendário vacinal desde 2006, aos 2 e 4 meses.
Referências
22 - ENDEMIAS BRASILEIRAS
BRASÍLIA-DF
14/08 a 01/09/2023
MÓDULO DE ACOLHIMENTO E AVALIAÇÃO (MAAV) DO PMMB
28° CICLO DO PMMB
SUBEIXO IV
Doenças e Agravos
TEMA 22
Endemias Brasileiras
COORDENAÇÃO
Camila Zamban de Miranda
Frantchesca Fripp dos Santos
Nilson Massakazu Ando
ELABORAÇÃO
Frantchesca Fripp dos Santos
Juliana Machado de Carvalho
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
Camilo Sobreira De Santana - Ministro da Educação
Denise Pires de Carvalho - Secretaria de Ensino Superior
Gisele Viana Pires - Diretoria de Desenvolvimento da Educação em Saúde
Francisco de Assis Rocha Neves - Coordenação-Geral de Expansão e Gestão da Educação
em Saúde
Ana Luísa dos Santos Azevedo - Apoio Central do PMMB
Lucas de Souza Porfirio - Apoio Central do PMMB
DOENÇAS INFECTO-CONTAGIOSAS NO BRASIL
Aspectos Epidemiológicos
1 - MALÁRIA
Aspectos epidemiológicos
A região amazônica é área endêmica para malária no país, registrando 99% dos casos
autóctones. Destaque para os estados do Acre, Amazonas, Amapá, Pará, Rondônia,
Roraima, Tocantins, Mato Grosso e Maranhão.
O mapa abaixo mostra a distribuição espacial de ocorrência de malária na região da
Amazônia Legal Brasileira:
São consideradas condições de vulnerabilidade para a ocorrência de malária:
crescimento populacional; fluxo migratório; degradação ambiental, resultante de
intervenções humanas; proliferação do mosquito vetor, cujo ciclo de vida é favorecido
pela umidade e temperatura na região.
Entre os anos de 2010 até 2016, registrou-se queda na frequência de casos de malária.
Já em 2017, foi registrado um aumento de 52,7% nos casos autóctones em relação ao
ano de 2016, com 189.515 casos. Em 2018, houve redução de quase 1%. A partir de 2019
observa-se redução de 18,4%, em 2020, uma redução de 6,4% em comparação ao ano
anterior e em 2021 redução de quase 3% em relação a 2020. Do total de casos
autóctones registrados no país em 2021, 17% foram de malária por P. falciparum e
malária mista, sendo os outros 83% de malária por P. vivax e outras espécies.
● Reduzir a incidência;
Malária - Sinonímia
Em áreas endêmicas (Acre, Amapá, Pará, Rondônia, Roraima, Tocantins, Mato Grosso e
Maranhão), a presença de FEBRE já é suficiente para suspeitar de Malária.
Em áreas não endêmica, considera-se caso suspeito a pessoa que tenha visitado área
endêmica no período de 8 a 30 dias anterior à data dos primeiros sintomas + FEBRE
acompanhada ou não dos seguintes sintomas: cefaleia, calafrios, sudorese, cansaço,
mialgia.
● P. falciparum, de 8 a 12 dias;
● P. vivax, 13 a 17 dias; e
● P. malariae, 18 a 30 dias.
A crise aguda da malária (acesso malárico) é acometida por episódios intermitentes de
calafrio, febre e sudorese, com duração variável de 6 a 12 horas e temperatura igual ou
superior a 40o C. Esses paroxismos são acompanhados por cefaleia, mialgia, náuseas e
vômitos. O retardo no diagnóstico leva ao aumento da gravidade da doença.
Também são disponíveis Testes Diagnósticos Rápidos (TDR), cuja detecção de antígenos
dos parasitos é feito pelo método imunocromatográfico. Os kits permitem diagnósticos
rápidos, entre 15 e 20 minutos. A sensibilidade para P. falciparum é maior que 90%
quando comparado à gota espessa, para densidades maiores que 100 parasitos/µL de
sangue.
O TDR traz como resultados possíveis a infecção por P. falciparum, P. vivax e malária
mista, devendo ser administrado o tratamento imediato conforme resultado
apresentado no teste.
Tratamento
Infecção mista
O tratamento da infecção mista por P. falciparum e P. vivax (ou P. ovale) é realizado com
artemerter/lumefantrina ou artesunato/mefloquina por 3 dias, que são drogas
esquizonticidas sanguíneas eficazes para todas as espécies, associando-as à primaquina
por sete dias (para o tratamento radical de P. vivax).
Observações - Tratamento
Esquema curto (7 dias)
Esquema longo (14 dias)
Quando não for possível garantir a adesão ou quando ocorrer uma recaída após o
tratamento em 7 dias.
● Uso de mosquiteiros;
● Uso de repelente;
● Colocar telas nas janelas;
● Uso de roupas que protejam braços e pernas;
● Controle do vetor.
Quimioprofilaxia
Notificação
2 - PARASITOSES INTESTINAIS
Diagnóstico
O Exame Parasitológico de Fezes (EPF) pode ser utilizado, aliado aos dados clínico-
epidemiológicos:
● Avaliar 3 amostras aumenta a sensibilidade do método;
● Coletar 3 amostras em dias separados (consecutivos ou alternados);
Tratamento
Em áreas endêmicas:
3 - ESQUISTOSSOMOSE
Hospedeiro definitivo: Humano - Na fase adulta, o parasita vive nos vasos sanguíneos
do intestino e fígado
Epidemiologia
São consideradas áreas endêmicas: MA, AL, BA, PE, PB, RN, SE, MG e ES.
São consideradas áreas com transmissão focal: PA, PI, CE, RJ, SP, PR, SC, GO, DF e RS.
Entre 2009 a 2019 foram registrados 423.117 casos positivos, com percentual de
positividade de 4,29%. Mais de 95% das pessoas com esquistossomose das Américas
vivem no Brasil.
Ciclo reprodutivo do Schistosoma mansoni
Quando suspeitar?
Indivíduo residente e/ou procedente de área endêmica, com quadro clínico sugestivo, e
com história de contato com reservatórios de água onde existam caramujos.
Quadro clínico
FORMA AGUDA: Assintomática ou Dermatite Cercariana. Entre 3 e 7 semanas após o
contato pode ocorrer febre, linfadenopatia, anorexia, dor abdominal e cefaleia. Pode ter
também diarreia, náuseas e tosse seca.
● Dermatite Cercariana: caracterizada por micropápulas “avermelhadas”
semelhantes a picadas de insetos. Suspeitar em áreas endêmicas.
FORMAS CRÔNICAS: Após seis meses de infecção, há risco do quadro clínico evoluir para
a fase crônica, sendo que a gravidade da doença depende diretamente da carga
parasitária, do estado nutricional do paciente e do tempo de parasitismo
Tratamento
Deve-se orientar repouso por pelo menos 3 horas após ingesta, para evitar náuseas e
tonturas; Realizar controle de cura.
Deve-se fazer controle de cura parasitológica, com três exames de fezes no quarto mês
após o tratamento.
Nos casos de esquistossomose aguda grave, o tratamento deve ser iniciado com a
prednisona (1mg/kg de peso/dia) 24 a 48 horas antes do praziquantel.
● Uso de sapatos;
● Orientar a população de área endêmica sobre sinais e sintomas da doença;
● Promoção de saúde;
● Saneamento domiciliar e ambiental.
● Educação ambiental e discussão sobre o tema da água!
4 - DOENÇA DE CHAGAS
Reservatórios: centenas de mamíferos, tais como quatis, gambás, tatus, morcegos, etc.
Epidemiologia
Foram registrados 2777 casos e surtos de Doença de Chagas Aguda entre 2010 e 2020
em 20 estados brasileiros, sendo que 84% estão na região Norte (72% no estado do
Pará).
A Doença de Chagas representa uma das quatro maiores causas de morte por doenças
infecciosas e parasitárias, além da principal doença negligenciada no Brasil.
A doença apresentava elevada incidência no país, entretanto, hoje, encontra-se sob
controle graças à realização de estratégias como:
Forma de transmissão
A transmissão, na grande maioria dos casos (aprox. 60%) ocorre de forma oral e em
torno de 10% por transmissão vetorial.
Pode haver transmissão vertical e, em alguns casos, não é identificada a forma de
transmissão.
Sintomas
Doença de Chagas aguda:
Diagnóstico
Sorologia para Chagas - Importante na fase crônica.
● Anticorpos IgG anti-T. cruzi - indica doença crônica
Tratamento
Nos casos leves, sem complicações, e nas formas indeterminadas, o tratamento pode
ser realizado na atenção básica, por médico generalista que conheça as particularidades
do medicamento e da doença de Chagas.
5 - LEPTOSPIROSE
Epidemiologia
A fase precoce tende a ser autolimitada e regride em 3 a 7 dias, sem deixar sequelas.
Agente etiológico
Transmissão
Diagnóstico
Na fase precoce:
● Amoxicilina, em adultos na dose de 500mg, VO, de 8/8 horas, durante 5 a 7 dias.
Em crianças, administrar 50mg/kg/dia, VO, a cada 6/8 horas, durante 5 a 7 dias;
● Doxiciclina: 100mg, VO, de 12 em 12 horas, durante 5 a 7 dias.
Na fase tardia:
6 - TUNGÍASE
É uma doença ectoparasitária causada por fêmeas grávidas de uma espécie de pulga,
Tunga penetrans, que habita o solo de zonas arenosas. A contaminação ocorre quando
o paciente entra em contato com o solo sem proteção nos seus pés. A fêmea grávida
penetra na pele humana com a sua cabeça e libera seus ovos para o exterior.
A maioria das lesões aparece nos pés, e em alguns casos, nas mãos. Podem ser únicas
ou bastante numerosas, dependendo da infestação do solo. A lesão surge como uma
pequena pápula marrom escura com um halo fino e claro ao seu redor. Pode causar dor
ou coceira. Pode ocorrer infecção secundária e até abscessos no local.
O diagnóstico é clínico-epidemiológico
Nos locais onde as condições de higiene são precárias e a remoção da pulga não é
realizada em condições de assepsia, ocorre superinfecção com bactérias patogênicas
A lesão causada pela penetração da pulga pode servir como porta de entrada para
Clostridium tetani.
Tratamento
Prevenção
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14/08 a 01/09/2023
MÓDULO DE ACOLHIMENTO E AVALIAÇÃO (MAAV) DO PMMB
28° CICLO DO PMMB
SUBEIXO IV
Doenças e Agravos
TEMA 23
COORDENAÇÃO
Camila Zamban de Miranda
Frantchesca Fripp dos Santos
Nilson Massakazu Ando
ELABORAÇÃO
Frantchesca Fripp dos Santos
Juliana Machado de Carvalho
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
Camilo Sobreira De Santana - Ministro da Educação
Denise Pires de Carvalho - Secretaria de Ensino Superior
Gisele Viana Pires - Diretoria de Desenvolvimento da Educação em Saúde
Francisco de Assis Rocha Neves - Coordenação-Geral de Expansão e Gestão da Educação
em Saúde
Ana Luísa dos Santos Azevedo - Apoio Central do PMMB
Lucas de Souza Porfirio - Apoio Central do PMMB
Impacto das causas externas na mortalidade
As causas externas apresentam grande impacto na morbimortalidade, principalmente
entre homens jovens, apresentando crescimento significativo nas últimas décadas.
Números de homicídio, suicídio e morte no trânsito e suicídio no Brasil:
Violência - Conceito
“Uso intencional da força física ou do poder real ou em ameaça, contra si próprio, contra
outra pessoa, ou contra um grupo ou uma comunidade, que resulte ou tenha qualquer
possibilidade de resultar em lesão, morte, dano psicológico, deficiência de
desenvolvimento ou privação” (KRUG et al., 2002, p. 5).
Violência x Agressividade
A agressividade é um impulso nato, essencial à sobrevivência, à defesa e à adaptação
dos seres humanos. Constitui-se como elemento protetor que possibilita a construção
do espaço interior do indivíduo, promovendo a diferenciação entre o Eu e o Outro.
Portanto, a agressividade, ao contrário da violência, inscreve-se no próprio processo de
constituição da subjetividade. A transformação da agressividade em violência é um
processo ao mesmo tempo social e psicossocial para o qual contribuem as circunstâncias
sociais, o ambiente cultural, as formas de relações primárias e comunitárias e, também,
as idiossincrasias dos sujeitos.
Violência – tipologias
Existem diversos tipos de violência:
● Violência criminal;
● Violência estrutural;
● Violência institucional;
● Violência interpessoal;
● Violência em espaços sociais;
● Violência intrafamiliar;
● Violência contra pessoas que tem sofrimento ou adoecimento mental;
● Violência autoinfligida;
● Violência cultural;
● Violência de gênero;
● Violência racial;
● Violência contra a pessoa com deficiência;
● Violência por homofobia.
Violência e populações
No Brasil, cerca de 80% dos óbitos e das lesões e traumas ocorrem nas cidades,
associadas à:
● Existência de grupos de delinquência comuns ou vinculados ao tráfico de drogas;
● A agressões interpessoais; e
● A acidentes de trânsito e de transporte.
Um fator muito importante na produção da violência nas cidades é o porte de armas de
fogo. Em 2005, 90% dos homicídios foram cometidos com uso desse tipo de arma.
Nas famílias com dinâmica de violência, é comum haver uma cristalização dos papéis em
relação ao lugar de quem foi vitimado e o agente agressor. Esses lugares podem ser
ocupados pelas mesmas pessoas, anos a fio, ou ser compartilhados por diferentes
membros do grupo. Durante a terapia familiar é comum se observar a transferência de
violência, quando outro membro do grupo passa a ser o protagonista da violência.
Portanto, a tarefa dos profissionais da saúde não é apenas identificar o agressor,
tratando-o individualmente, pois isso seria desconsiderar que muitas vezes a família
possui uma dinâmica que inclui a violência em suas relações. Nesse caso, ao se retirar o
agressor, outra pessoa pode passar a atuar em seu lugar
Violência e família – Fatores de risco e de proteção
Violência
Fatores de proteção que reduzem chance de adolescentes cometerem atos infracionais
ou violentos:
● Projeto de vida baseado em sonhos e metas;
● Compreensão das consequências dos próprios atos;
● Bom envolvimento na escola (acadêmico e relacional);
● Envolvimento em atividades de lazer educativas (artísticas, esportivas);
● Relações afetuosas e seguras com adultos;
● Supervisão familiar;
● Mais elevada inteligência, correlacionada a curiosidade, criatividade e
rendimento escolar;
● Envolvimento com amigos que também têm intolerância aos comportamentos
infracionais e violentos;
● Religiosidade;
● Existência de adulto significativo para contrabalançar os conflitos com os pais,
frequentes nessa fase da vida.
Prevenção da violência
● A prevenção primária se destina a evitar que a violência surja, sobre os fatores
que contribuem para sua ocorrência e sobre os agentes dela em tempo anterior
à ação violenta;
● A prevenção secundária se realiza quando a violência já ocorreu. Significa
respostas mais imediatas à violência, enfocando a capacidade de diagnóstico, o
tratamento precoce e a limitação da invalidez;
● A prevenção terciária compõe-se de respostas mais a longo prazo, visando
intervir, controlar e tratar os casos reconhecidos, buscando reduzir os efeitos, as
sequelas e os traumas; prevenir a instalação da violência crônica e promover a
reintegração dos indivíduos.
Material complementar
● Estudos sobre Criminalidade e Segurança Pública (www.crisp.ufmg. br) e
informe-se sobre o Programa Interinstitucional Fica Vivo
● Filme "A guerra dos Roses", dirigido por Danny DeVito (1989), ilustra a
construção lenta deste binômio complexo: “família e violência”. É uma produção
cinematográfica estadunidense, do gênero comédia, lançado em 1989, com base
no romance A guerra dos Roses (1981), de Warren Adler. Comédia de humor
negro sobre um casal que aparenta ter perfeita união. Quando o casamento
começa a desmoronar, bens materiais se tornam o centro de escandalosa e
amarga batalha pelo divórcio. Filme estrelado por Michael Douglas, Kathleen
Turner e Danny DeVito.
● O filme "Festa em Família", dirigido por Thomas Vinterberg, de 1998, é um bom
exemplo de alguns tipos de abuso intrafamiliar
● Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável e prevenção da violência,
acesse o site da Organização das Nações Unidas no Brasil:
https://nacoesunidas.org/pos2015/agenda2030/
CERQUEIRA, D. et al. Atlas da violência 2019. Brasília, DF: Ipea: Fórum Brasileiro
de Segurança Pública, 2019. Disponível em:
http://www.ipea.gov.br/portal/images/stories/PDFs/relatorio_institucional/190605_atlas
_da_violencia_2019.pdf. Acesso em: 14 mai. 2023
KRUG, E. G. et al. World report on violence and health. Geneva: World Health
Organization, 2002. Disponível em: https://portaldeboaspraticas.iff.fiocruz.br/wp-
content/uploads/2019/04/14142032-relatorio-mundial-sobre-violencia-e-saude.pdf
NJAINE, K. et al. Impactos da Violência na Saúde [online]. 4th ed. updat. Rio de
Janeiro: Coordenação de Desenvolvimento Educacional e Educação a Distância da
Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca, ENSP, Editora FIOCRUZ, 2020, 448
p. ISBN: 978-65-5708-094-8. https://doi.org/10.7476/9786557080948. Disponível em:
https://books.scielo.org/id/p9jv6/pdf/njaine-9786557080948.pdf
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14/08 a 01/09/2023
MÓDULO DE ACOLHIMENTO E AVALIAÇÃO (MAAV) DO PMMB
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SUBEIXO IV
Doenças e Agravos
TEMA
COORDENAÇÃO
Camila Zamban de Miranda
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Nilson Massakazu Ando
ELABORAÇÃO
Frantchesca Fripp dos Santos
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Camilo Sobreira De Santana - Ministro da Educação
Denise Pires de Carvalho - Secretaria de Ensino Superior
Gisele Viana Pires - Diretoria de Desenvolvimento da Educação em Saúde
Francisco de Assis Rocha Neves - Coordenação-Geral de Expansão e Gestão da Educação
em Saúde
Ana Luísa dos Santos Azevedo - Apoio Central do PMMB
Lucas de Souza Porfirio - Apoio Central do PMMB
SUBSTÂNCIAS PSICOATIVAS
São substâncias naturais ou sintéticas que, ingeridas, provocam alterações do SNC,
modificando o comportamento, humor e cognição. Possuem propriedades reforçadoras
e favorecem a auto administração. Podem induzir tolerância, abuso e dependência.
Provavelmente o uso de substâncias psicoativas como forma de aliviar o sofrimento seja
tão antigo quanto o próprio homem. Diversas culturas sancionam o uso de substâncias
psicoativas, em rituais religiosos ou socialmente. Em determinados períodos da história
algumas delas ganham estímulo extra para sua utilização.
Tipo de uso
Experimental:
▪ Uso eventual para experimentar seus efeitos, sem recorrência sistemática.
▪ Recreacional ou Ocasional:
▪ Uso intermitente em que há algum padrão de consumo, sem causar
▪ problemas (físicos, emocionais, legais, familiares e sociais).
Abusivo:
▪ Padrão de uso com consequências nocivas (critérios específicos).
Dependência:
▪ Padrão abusivo com dependência (critérios específicos).
Critérios Diagnósticos
Uso Abusivo
Dependência
História Natural
Nos estágios iniciais os indivíduos que irão desenvolver transtornos são indistinguíveis,
porém há fatores identificáveis como de risco e como protetores.
Fatores de risco para o uso de drogas
Abordagem inicial
Avaliação clínica:
● Substâncias usadas
● Tratamentos anteriores
● Comorbidades
● História familiar
● Perfil psicossocial
● Exame físico
Exames Complementares:
● Álcool: TGO, TGP, GGT, Hemograma;
● Injetáveis ou associadas a comportamento sexual: Anti HCV, Anti HIV, Anti HBs,
HBsAg e VDRL.
Abordagem
Diagnóstico diferencial de sintomas de humor que se apresentam em um paciente com
uso de substância.
Intervenções Psicossociais:
Intervenções comunitárias:
Abordagens educativas em escolas, sala de espera, grupos de pacientes.
Grupos de auto-ajuda:
Narcóticos Anônimos e Alcoólicos Anônimos são grupos presentes como ferramentas
sociais que podem contribuir para o processo de tratamento.
TABAGISMO
Impacto na Saúde
● 1,1 bilhão de fumantes no mundo;
● 80% dos fumantes vivem em países de média e baixa renda;
● 50% dos fumantes morrem em decorrência dos efeitos do cigarro;
● 2019: 9 milhões de mortes pelo tabagismo = 237 milhões de anos saudáveis de vida
perdidos (disability adjusted life years, DALYs);
● Morte 10 anos antes;
● Relacionado a maioria das doenças crônicas não transmissíveis, maior causa de
óbitos no Brasil;
● Dano é dose dependente;
● Não existem níveis seguros de consumo;
● Estima-se em cerca de 500 milhões anuais o gasto do SUS no tratamento de doenças
causadas pelo tabagismo.
Teste de Fargerström
Teste que avalia o grau de dependência à nicotina. Quanto mais pontos, maior a
dependência. As respostas indicam em que âmbito pode haver mais desconforto ao
deixar de fumar, quais sintomas da abstinência podem ser mais impactantes.
Indica a necessidade ou não de apoio medicamentoso no tratamento da dependência.
Avaliação da Dependência: Teste de Fagerström
Avaliação da Motivação
A motivação para a mudança é preditiva de boas taxas de cessação. Paciente preparado
para a mudança se engaja no tratamento. Fique atento para abordar oportunamente.
Quando um indivíduo se depara com algum processo de modificação de
comportamento em sua vida, ele passa por estágios de mudança: pré contemplação,
contemplação, preparação, ação, manutenção e recaída.
A motivação é a probabilidade de um indivíduo iniciar e dar continuidade a um processo
de mudança.
Motivação X Conduta
Tabela: Identificação do estágio de motivação e condutas decorrentes.
Tratamento
Terapia Cognitivo Comportamental:
● Taxas de sucesso de cerca de 20% em um ano
Intervenção em Grupo:
● Objetivo de cada encontro é aprofundar as discussões relacionadas a temas que
ajudem a cessação e partilhar experiências.
● Etapas:
▪ Preparar o fumante para solucionar seus problemas;
▪ Estimular habilidades para resistir às tentações de fumar;
▪ Preparar para prevenir a recaída;
▪ Preparar para lidar com o estresse.
Tratamento Farmacológico
Indicações:
● 20 cigarros ao dia ou mais;
● 1º cigarro fumado antes de 30 min depois do despertar e fumar mais de 10
cigarros por dia;
● Resultado do Teste de Fargeström maior ou igual a 5;
● Já tentou somente com abordagem cognitivo comportamental mas não obteve
êxito;
● Não possuir contraindicações ao fármaco.
Opções Farmacológicas
Tabela: Fármacos efetivos no tratamento da dependência da nicotina.
Fármacos disponíveis na RENAME
Rastreamento do TUA
Instrumentos de rastreamento foram desenvolvimentos para simplificar o diagnóstico
de Transtorno do Uso de Álcool:
● CAGE
● AUDIT
CAGE
Detecta o uso nocivo e dependência de álcool (CID10).
Sensibilidade 43-94% e especificidade 70-97%, para suas ou mais respostas positivas.
(C) Alguma vez você sentiu que deveria diminuir (cutdown) a quantidade de bebida ou
parar de beber?
(A) As pessoas o aborrecem (annoyed) porque criticam o seu modo de beber?
(G) Você se sente culpado (guilty)/ chateado consigo mesmo pela maneira como
costuma beber?
(E) Você costuma beber pela manhã (eye-opener) para diminuir o nervosismo ou a
ressaca?
Intervenção Breve:
Estratégia básica para alcançar bons resultados antes que o paciente tenha
desenvolvido TUA moderado a grave e demais problemas associados.
● Estruturada, focal e objetiva;
● Desenvolvida de 5 a 45 minutos;
● Raramente ultrapassa 5 encontros;
● Pode ser aplicada por diversos profissionais;
● Centrada no paciente com o objetivo de desenvolver autonomia, atribuindo-
lhes a capacidade de assumir a iniciativa e a responsabilidade por suas
escolhas.
Exemplos de aconselhamento utilizados na intervenção breve:
Avaliação do paciente
Síndrome de Abstinência Alcoólica:
A. Deve haver evidência clara de interrupção ou redução do uso de álcool, após uso
repetido, usualmente prolongado e/ou em altas doses.
B. Três dos sinais devem estar presentes:
SAA Nível I:
Trata-se da SAA leve e moderada. Ocorre nas primeiras 24 horas após a última dose.
90% dos pacientes e cursa com: (Obs: alucinações são raras)
Manejo:
Escores < 18 permitem a desintoxicação domiciliar ou ambulatorial, dependendo dos
recursos clínicos, psíquicos, sociais e do local. O paciente e sua família devem ser
orientados sobre a doença e da necessidade de buscarem uma sala de emergência caso
haja agravamento clínico.
● Manter dieta livre e hidratação.
● Profilaxia da encefalopatia de Wernicke: Tiamina 300 mg IM ao dia por 7 dias.
Após, prescrever Tiamina 300 mg VO/dia por mais 2 semanas.
● Benzodiazepínico é sintomático: preferir os de meia vida longa - Diazepam 20 a
40 mg/dia VO, com retirada gradual com início em 7 dias.
Se hepatopatia grave, preferir Lorazepam, por ter menos efeitos hepatotóxicos, 4 a 8
mg/dia VO, com retirada gradual em 7 dias.
Manejo
O tratamento é obrigatoriamente hospitalar devido:
▪ Ao estado confusional do paciente;
▪ À presença freqüente de complicações clínicas associadas;
▪ À necessidade de exames laboratoriais de controle;
▪ Ao manejo da dose dos medicamentos.
● Dieta leve, mas manter jejum se houver risco de broncoaspiração.
● Hidratação EV com 1000 ml de solução glicosilada 5% + NaCl 20% 20 ml no soro
+ KCl 19,1% 10 ml no soro: de 8/8 horas.
● Tiamina 500 mg/ dia EV 3x/dia por 3. Após 150mg EV ou IM por mais 3 a 5 dias.
● Benzodiazepínico é sintomático: preferir os de meia vida longa - Diazepam 20 a
40 mg/dia VO, com retirada gradual com início em 7 dias.
Se hepatopatia grave, preferir Lorazepam, por ter menos efeitos hepatotóxicos, 4 a 8
mg/dia VO, com retirada gradual em 7 dias.
O uso de benzodiazepínico EV necessita de suporte ventilatório devido ao risco de
eventual parada respiratória.
A contenção física poderá ser necessária até a sedação do paciente.
Em caso de convulsões:
Diazepam 10-30 mg VO ou Diazepam 10 mg EV – atenção! É necessário suporte
ventilatório para risco de complicação.
Sulfato de Magnésio 1 g IM 6/6 horas por 2 dias.
Delirium Tremens:
Reversível em 2 - 10 dias.
Diazepam até 60 mg/dia VO ou Lorazepam 12 mg/dia.
Se alucinose alcoólica: fazer haloperidol 5 mg IM ao dia.
Síndrome de Abstinência Alcoólica – o que NÃO fazer:
Objetivo:
● Alcançar a abstinência sem desenvolver a SAA;
● Contribuir na manutenção da abstinência;
● Contribuir na prevenção de recaídas.
GUSSO, G.; LOPES, J. M.C.; DIAS, L. C., organizadores. Tratado de Medicina de Família
e Comunidade: Princípios, Formação e Prática. Porto Alegre: ARTMED, 2019, 2388 p.
25 - SOFRIMENTO MENTAL
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14/08 a 01/09/2023
MÓDULO DE ACOLHIMENTO E AVALIAÇÃO (MAAV) DO PMMB
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Doenças e Agravos
TEMA 25
Sofrimento Mental
COORDENAÇÃO
Camila Zamban de Miranda
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ELABORAÇÃO
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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
Camilo Sobreira De Santana - Ministro da Educação
Denise Pires de Carvalho - Secretaria de Ensino Superior
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Francisco de Assis Rocha Neves - Coordenação-Geral de Expansão e Gestão da Educação
em Saúde
Ana Luísa dos Santos Azevedo - Apoio Central do PMMB
Lucas de Souza Porfirio - Apoio Central do PMMB
Sofrimento Mental
A saúde mental está relacionada à sensação de bem-estar e capacidade de sentir e lidar
com diversos sentimentos, incluindo aqueles considerados negativos, como raiva, tristeza
e infelicidade.
A saúde ou sofrimento mental/psíquico dependem do contexto cultural em que um
determinado indivíduo está inserido.
Há um conjunto de fatores biológicos, psicológicos e sociais que contribuem para o estado
mental do indivíduo e seu funcionamento no mundo:
O suicídio foi responsável por mais de uma em cada 100 mortes e 58% dos suicídios
ocorreram antes dos 50 anos de idade
Fonte: WHO, 2022
Crise
É desencadeada por uma ou mais circunstâncias que podem ultrapassar a capacidade do
indivíduo de manter a sua homeostase.
A crise representa um momento de desorganização psíquica. A saída da crise, por sua vez,
pode trazer a possibilidade de desenvolver adaptação, flexibilidade e mecanismos de
resposta.
No processo de crise, é importante proteger o indivíduo de atitudes impulsivas graves e
duradouras, minimizar perdas funcionais, construir saídas para a crise, além de amenizar
sintomas agudos.
Papel da Atenção Primária à Saúde – APS nas Redes de Atenção Psicossocial – RAPS
● Serviços de saúde organizados para receber e acompanhar os usuários em
sofrimento mental;
● Atenção Primária é porta de entrada;
● A APS tem funções específicas para o bom funcionamento da RAPS;
● Ser base com elevado grau de descentralização e capilaridade;
● Apresentar cuidado resolutivo;
● Identificar riscos;
● Produzir intervenções clínicas efetivas;
● Coordenar o cuidado;
● Reconhecer a rede e encaminhar, quando necessário.
Componentes da RAPS
● Atenção Primária à Saúde
● Consultórios de Rua
● Centros de Convivência
● Unidades de Acolhimento (Adulto e Infantil)
● Serviços Residenciais Terapêuticos (SRT I e II)
● Hospital Dia
● Unidades de Referência Especializada em Hospitais Gerais
● Centros de Atenção Psicossocial – CAPS (em diversas modalidades)
● Equipe Multiprofissional de Atenção Especializada em Saúde Mental
● Hospitais Psiquiátricos Especializados
Consultório na Rua
Equipe multiprofissional que atua em unidades móveis, de modo itinerante, para
atendimento às necessidades em saúde da população de rua. A oferta de cuidado
adequado à situação de rua amplia o acesso à saúde e à rede, desenvolvendo ações
integrais e em conjunto com outros serviços.
Centros de Convivência
Moradias, inseridas na comunidade, que visam garantir a pessoas com internação de
longa permanência em hospitais psiquiátricos, promoção de autonomia e inserção social
Unidades de Acolhimento
Pontos de atenção que funcionam 24h, referenciados exclusivamente dos CAPS, que
oferecem em ambiente residencial cuidados contínuos a pessoas com necessidades
ligadas a uso de álcool e outras drogas. Há duas modalidades: adulto e infanto-juvenil
Participação Comunitária
Em geral, sociedades indígenas implementam há muito tempo estratégias de promoção
daquilo que chamamos de saúde mental, e as diferentes etnias estão constantemente
produzindo e renovando as estratégias de lidar com seus próprios problemas, contando
com seus cuidadores tradicionais indígenas.
Segundo a OMS, os cuidados tradicionais são "práticas, enfoques, conhecimentos e
crenças sanitárias diversas que incorporam medicinas baseadas em plantas, animais e/ou
minerais, terapias espirituais, técnicas manuais e exercícios aplicados de forma individual
ou em combinação para manter o bem-estar, além de tratar, diagnosticar e prevenir
enfermidades.”
Em geral as práticas de cuidado tradicionais estão integradas a outros aspectos da vida
das aldeias, como práticas rituais, ritos de passagem ou elementos da vida cotidiana.
Essas práticas vem de um sistema cosmológico que dá sentido a elas, praticadas pelos
pajés, rezadores e raizeiros.
Atuação no Território
São possibilidades de atuação no território para promoção e cuidado em saúde mental:
● Diagnóstico situacional;
● Projeto Terapêutico Singular (PTS);
● Plano Anual de Atenção Psicossocial
Essas ferramentas visam viabilizar ações de promoção da saúde mental de maneira
participativa entre trabalhadores da saúde, usuários e gestores.
Através delas discute-se as possibilidades de execução das propostas a partir das
disponibilidades de recursos logísticos, de pessoas e outros.
Com dados fornecidos pelo DSEI, o Plano Anual de Atenção Psicossocial possibilita a
compreensão do processo de implementação das ações de saúde mental e o seu impacto
na qualidade de vida das populações atendidas. A partir daí, poderão ser traçados novos
resultados e metas a serem alcançadas para a promoção da saúde mental nos DSEI.
Referências
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção
Básica. Saúde mental, Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Brasília:
Ministério da Saúde, 2013.
IHME - Institute for Health Metrics and Evaluation. Global Burden of Disease.
Universidade de Washington, 2016. Disponível em: https://ghdx.healthdata.org/gbd-
2016
WHO. World mental health report: transforming mental health for all. Geneva: World
Health Organization; 2022.
Módulo de Acolhimento e Avaliação
Projeto Mais Médicos para o Brasil
28° Ciclo do PMMB
26 – ADOECIMENTO MENTAL
BRASÍLIA-DF
14/08 a 01/09/2023
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Doenças e Agravos
TEMA 26
Adoecimento Mental
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ELABORAÇÃO
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em Saúde
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ADOECIMENTO MENTAL
Ansiedade X Transtornos de Ansiedade
A ansiedade é uma emoção natural que representa um sinal de alarme para que o sujeito
reconheça um determinado perigo. Em geral é desencadeada por ameaças físicas ou
morais, por perdas ou por frustrações.
O transtorno de ansiedade está associado a desfechos negativos, com maiores taxas de
absenteísmo, menor produtividade no trabalho, maiores taxas de utilização dos serviços
de saúde, procedimentos, consultas, exames laboratoriais, risco aumentado de ideação
suicida, tentativas de suicídio e suicídio consumado, além de abuso de substâncias.
Ansiedade - Etiopatogenia
É o resultado de ações do neurodesenvolvimento a partir de modificações estruturais e
funcionais a partir da influência genética e ambiental. Entre os casos de ansiedade na
vida adulta, 90% têm história psiquiátrica prévia antes dos 18 anos.
Ansiedade – Somatização
● Sensações fisiológicas devido a excitação autonômica, não explicadas por outros
diagnósticos clínicos.
Ansiedade – Diagnóstico
Critérios diagnósticos simplificados do DSM-5:
A - Ansiedade e preocupações excessivas, ocorrendo na maioria dos dias, por no mínimo
6 meses, com diversos eventos ou atividades;
B - O indivíduo considera difícil controlar as preocupações,
C - A ansiedade e a preocupação estão associadas a 3 ou mais dos seguintes 6 sintomas
(apenas 1 item é exigido em crianças):
● Inquietação;
● Fatigabilidade;
● Dificuldade de concentrar-se ou sensação de branco na mente;
● Irritabilidade;
● Tensão muscular;
● Alteração do sono.
D - O foco da ansiedade ou preocupação não está restrito aos aspectos específicos de
outro transtorno mental.
Ansiedade – Comorbidades
Idade de início média: 31 anos.
Mulheres: tendem a ter depressão e outros transtornos de ansiedade;
Homens: tendem a ter abuso/dependência de álcool e uso de drogas.
● 62% das pessoas com TAG tem depressão;
● 24% das pessoas com TAG tem transtorno do pânico;
● 34% das pessoas com TAG tem transtorno da ansiedade social;
● 35% das pessoas com TAG tem fobias específicas.
Benzodiazepínicos – BZD
Ansiedade – Tratamento
● Antidepressivos ISRS são a primeira escolha;
● Benzodiazepínicos principalmente durante a crise de TAG e Transtorno do
Pânico;
● Sempre que utilizar benzodiazepínico optar por tempo restrito e controlado de
uso, em especial nas primeiras semanas (dias) de introdução dos
antidepressivos. Somente são eficazes durante as duas primeiras semanas.
Transtorno do Pânico
Critérios diagnósticos simplificados do DSM-5:
A - Presença de ataques de pânico recorrentes e espontâneos (inesperados). Pelo menos
1 ataque foi seguido das seguintes caraterísticas:
1- preocupação persistente com ataques adicionais;
2- preocupação com as implicações do ataque ou com suas consequências
(perder o controle, ter um ataque cardíaco, ect)
3- alterações significativas do comportamento, relacionadas a crises.
Tratamento
1ª linha: ISRS e ISRSN – NNT=7-15 (B)
2ª linha: anti depressivo tricíclico e benzodiazepínicos (NNT= 3-7)
TRANSTORNOS ANSIOSOS
Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC)
Diagnóstico
● Obsessões: Pensamentos, impulsos ou imagens. Recorrentes e persistentes, que
causam ansiedade e desconforto;
● Compulsões: Comportamentos repetitivos ou atos mentais que a pessoa se
sente;
● Compelida a executar em resposta a uma obsessão ou a regras rígidas auto
impostas;
● Reconhecimento, em algum momento, de que as obsessões ou compulsões são
excessivas;
● Provocam sofrimento, consomem tempo (>1 h por dia) ou interferem na rotina
diária.
Tratamento
● ISRS
● Medidas não farmacológicas
Fobias Específicas
Diagnóstico
● Medo sustentado e persistente, excessivo ou irracional, revelado pela presença
ou mesmo antecipação da situação/objeto, com resposta imediata de ansiedade
● Reconhecimento da irracionalidade do medo
● Ocorre esquiva
● Duração de pelo menos 6 meses
Tratamento
● Não farmacológico
● Terapia
TRANSTORNOS DO HUMOR
Depressão e Tristeza
Um dos erros mais comuns na prática médica é diagnosticar depressão em pacientes
chorosos ou tristes por conta de eventos cotidianos. Necessário considerar que tristeza
não é sinônimo de depressão. DEve-se utilizar critérios bem definidos para estabelecer
o diagnóstico
Depressão - Epidemiologia
● Cerca de 50% dos pacientes tem mais de um episódio ao longo da vida;
● A média de 4 episódios ao longo da vida;
● A duração média de cada episódio é de 16 a 20 semanas;
● 12% dos pacientes terão curso crônico sem remissão dos sintomas;
Impacto da Depressão
● A previsão para 2030 é que a depressão seja a 1ª causa específica de
incapacidade.
● Paciente com condição médica crônica tem de 3 a 7 vezes mais chance de ter
depressão como comorbidade.
● Nesse caso a depressão também está associada a maior dificuldade de adesão
ao tratamento, prejuízo na funcionalidade além de piora sintomática.
Depressão - Etiopatogenia
Determinação multifatorial, associada a uma combinação de fatores genéticos,
ambientais, biológicos, culturais e psicológicos.
Depressão –Prognóstico
● 43% das pessoas com diagnóstico de depressão tem remissão;
● 40% tem curso flutuante;
● 17% têm curso crônico.
Quanto maior é o período sintomático, menor é a chance de recuperação. Após 6 meses
de tratamento sem remissão dos sintomas, menores são as chances de recuperação.
Depressão - Diagnóstico
O que define o limite da normalidade é a duração, a persistência, a abrangência e a
interferência no funcionamento fisiológico e psicológico do indivíduo.
Fatores de Risco
● História pessoal ou familiar de depressão
● Presença de estressor psicossocial (trabalho, relações, etc)
● Uso exagerado dos serviço de saúde
● Doenças crônicas
● Outros transtornos psiquiátricos
● Mudanças hormonais (puerpério, por exemplo)
● Sintomas físicos sem explicação
● Dor, em especial dor crônica
● Abuso de substâncias
Distimia
● Transtorno depressivo crônico com menor intensidade de sintomas, presentes
pelo menos há dois anos
● Tem maior comprometimento funcional e ocupacional que a depressão, devido
ao tempo de duração
● Tratamento é semelhante ao da depressão.
Depressão – Encaminhamento
● Maioria dos casos fica na APS
● Presença de sinais de gravidade (ideação suicida)
● Dúvida diagnóstica
● Suspeita de psicose afetiva (transtorno bipolar)
● Sintomas psicóticos
● Não resposta clínica após alguns meses de tratamento
● Agravamento do quadro apesar do tratamento adequado
Risco de Suicídio
Avaliação do Risco de Suicídio:
● É uma situação de emergência!
● Perguntar abertamente sobre o tema
o Perguntar não induz ideação que não exista previamente.
● Falar abertamente sobre o tema PREVINE o suicídio.
● Ter desejo de morrer não é ideação suicida.
Estratificação do Risco de Suicídio
Fluxograma de Avaliação e Manejo
Escolha do Fármaco
● Resposta Prévia
o Escolher o que já foi usado antes com sucesso no paciente
● Comorbidades Específicas
o Verificar contraindicações específicas (doença cardíaca/tricíclicos em
idoso)
● Perfil de Efeitos Adversos
o Avaliar repercussão no cotidiano do paciente
● Custos
o Para paciente e para o sistema
o Tabela RENAME
● Tempo do Fármaco no Mercado
o Medicamento mais antigos são mais seguros, em geral
● Toxicidade
o Tricíclicos são tóxicos em sobredose, ISRS não, devendo ser preferidos
em pacientes com risco de autoagressão.
Depressão - Tratamento
Uso de Benzodiazepínicos
A prescrição deve ser feita da maneira mais criteriosa possível, na dúvida, não prescreva.
É o grupo de drogas mais vendida no Brasil
● Riscos
o Dependência
o Quedas
o Alterações cognitivas
o Aumento da mortalidade geral
Benzodiazepínicos – Retirada
● Retirada Gradual
o ¼ da dose por semana
o Retirar toda medicação em 6 a 8 semanas
● Substituir por benzodiazepínicos de meia vida longa como Diazepam ou
intermediária, como Clonazepam.
● Medidas não farmacológicas, como suporte psicológico são de extrema
importância.
* São algumas das técnicas que podem ser empregadas pelo médico da APS
(não abordaremos este assunto aqui, mas deve ser buscado o aprofundamento)
Terapia Comunitária
● Reforça a dinâmica interna de cada um;
● Reforça autoestima individual e coletiva;
● Valoriza papel da família e das redes de apoio;
● Valoriza práticas culturais;
● Suscita sentimentos de união;
● Promove identificação entre as pessoas.
Etapas:
● Acolhimento
● Escolha do Tema
● Contextualização do Tema
● Problematização do tema
● Rituais de agregação e conotação positiva
Matriciamento
● NASF;
● Outras estratégias;
● Devem ser utilizadas tanto no auxílio à execução das atividades quanto no
treinamento do médico e equipe para efetivar as atividades de maneira
independente.
Psicoeducação
● Fornecer suporte;
● Explicar a doença;
● Sugerir medidas comportamentais a toda família;
● Motivar;
● Monitor efeitos colaterais.
Atividade Física
● De acordo com a condição física de cada paciente;
● Qualquer quantidade é positiva;
● Quanto mais continua maiores efeitos;
● Modalidade mais prazerosa possível.
Referências
DUNCAN, B. B. et al. Medicina ambulatorial: condutas de atenção primária baseadas
em evidências. Porto Alegre: Artmed, 2022. 2424p.
27 - ZOONOSES
BRASÍLIA-DF
14/08 a 01/09/2023
MÓDULO DE ACOLHIMENTO E AVALIAÇÃO (MAAV) DO PMMB
28° CICLO DO PMMB
SUBEIXO IV
Doenças e Agravos
TEMA 27
Zoonoses
COORDENAÇÃO
Camila Zamban de Miranda
Frantchesca Fripp dos Santos
Nilson Massakazu Ando
ELABORAÇÃO
Camila Zamban de Miranda
Juliana Machado de Carvalho
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
Camilo Sobreira De Santana - Ministro da Educação
Denise Pires de Carvalho - Secretaria de Ensino Superior
Gisele Viana Pires - Diretoria de Desenvolvimento da Educação em Saúde
Francisco de Assis Rocha Neves - Coordenação-Geral de Expansão e Gestão da Educação
em Saúde
Ana Luísa dos Santos Azevedo - Apoio Central do PMMB
Lucas de Souza Porfirio - Apoio Central do PMMB
Zoonoses
As zoonoses são doenças infecciosas transmitidas entre animais e pessoas. Os
patógenos podem ser bacterianos, virais, parasitários ou podem envolver agentes não
convencionais e podem se espalhar para os humanos por meio do contato direto ou
através de alimentos, água ou meio ambiente. Algumas zoonoses são consideradas
Doenças Negligenciadas. As medidas preventivas incluem Educação em saúde, manejo
ambiental e vacinação animal.
Raiva
Raiva – ciclos de transmissão
Apenas os mamíferos são suscetíveis ao vírus da raiva e o transmitem através da saliva,
mordedura, arranhadura ou lambedura de feridas.
● Urbano– cão;
● Aéreo – morcego;
● Silvestre – cachorro-do-mato, guaxinim, sagui;
● Rural – morcego e animais domésticos ou de interesse financeiro.
O Brasil em 2022…
Ainda temos casos de raiva no Brasil, como podemos ver nas notícias abaixo.
Casos de Raiva humana segundo espécie de animal agressor (1986 - 2022), Brasil.
Raiva - Fluxograma da PEP
Raiva – Fluxograma da profilaxia
Raiva - tratamento
● Cuidados intensivos de suporte OU cuidados paliativos;
● Decisão individual, compartilhada com paciente e família;
● 15 casos bem documentados de sobreviventes da Raiva (OMS, 2018);
● Protocolo de Milwaukee – desde 2004, das 39 pessoas tratadas, 11
sobreviveram;
● Protocolo de Milwaukee: antivirais e sedação profunda.
LEISHMANIOSE
Leishmaniose - manifestações e agentes causadores no Brasil
● Leishmaniose visceral: Leishmania Chagasi.
● Leishmaniose cutânea: Leishmania brasiliensis, L. Guyanensis e L. amazonensis.
● Espectro heterogêneo – 4 principais apresentações:
o Lesões ulcerativas no local da picada do flebomíneo (L. Cutânea
localizada);
o Múltiplos nódulos não ulcerativos (L. Cutânea difusa);
o Inflamação destrutiva da mucosa (L mucosa);
o Infecção disseminada visceral (L. Visceral ou Calazar).
Coeficiente de Incidência para cada 100 mil habitantes, de leishmaniose visceral nos Distritos
Sanitários Especiais Indígenas (DSEI). Brasil, 2015 a 2019
LEISHMANIOSE TEGUMENTAR
A multiplicidade de espécies de Leishmania, flebótomos vetores e reservatórios
vertebrados em diferentes ambientes geográficos propicia a existência de distintas
apresentações clínicas da LTA, que vão desde formas inaparentes até lesões
disseminadas, atingindo a pele e as mucosas. Há duas formas de leishmaniose
tegumentar: leishamniose cutânea e mucosa
Coeficiente de Incidência para cada 100 mil habitantes, de leishmaniose tegumentar nos
Distritos Sanitários Especiais Indígenas (DSEI). Brasil, 2015 a 2019.
Casos de leishmaniose tegumentar por região. Brasil, 2012 a 2021
Primeira escolha:
● Antimoniato de meglumina EV ou IM: para pacientes de todas as regiões brasileiras,
exceto aqueles com comorbidade renal, hepática ou cardíaca, gestantes e com idade
maior ou igual a 50 anos.
● Anfotericina B lipossomal: idade a partir de 50 anos; insuficiência renal, cardíaca e
hepática; transplantados renais, cardíacos e hepáticos; gestantes de qualquer idade.
Antimoniato de meglumina (EV ou IM): para menores de 12 anos, exceto aqueles com
comorbidade renal, hepática ou cardíaca, gestantes e com idade maior ou igual a 50
anos.
Segunda escolha:
Desoxicolato de anfotericina B.
Istionato de pentamidina.
Atenção!
Observe esquemas terapêuticos específicos para gestantes e co-infectados pelo HIV.
FEBRE MACULOSA
Doença febril causada pela espiroqueta Rickettsia rickettsii.
Reservatório: carrapatos do gênero Amblyomma (A. cajennense, A.cooperi ou
dubitatum e A. aureolatum.
Casos confirmados, óbitos e letalidade da febre maculosa, por ano de início dos sintomas,
Brasil, 2007 a 2021
Casos de febre maculosa, por região e mês de início dos sintomas, Brasil, 2007 a 2021
Casos notificados para febre maculosa, segundo unidade Federativa de notificação.
Brasil, 2011 a 2021
Materiais complementares
Ficha de notificação da Leischmaniose Visceral
http://portalsinan.saude.gov.br/leishmaniose-visceral
Referências
ADOLESCENTE morre de raiva humana no Distrito Federal. CNN, 2022. Disponível em:
https://www.cnnbrasil.com.br/saude/adolescente-morre-de-raiva-humana-no-distrito-
federal/
______. Ministério da Saúde. Quadro sobre Profilaxia da Raiva Humana (cartaz). 2022.
Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/centrais-de-
conteudo/publicacoes/svsa/raiva/profilaxia-da-raiva-humana-cartaz/view
MORRE 3ª vítima de raiva humana no Brasil em um ano. O que é a doença? Exame, 2022.
Disponível em: https://exame.com/ciencia/morre-3a-vitima-de-raiva-humana-no-brasil-em-
um-ano-o-que-e-a-doenca/
WHO. Expert Consultation on Rabies, third report. Geneva: World Health Organization; 2018
(WHO Technical Report Series, No. 1012). Disponível em:
https://apps.who.int/iris/bitstream/handle/10665/272364/9789241210218-
eng.pdf?sequence=1&isAllowed=y
Módulo de Acolhimento e Avaliação
Projeto Mais Médicos para o Brasil
28° Ciclo do PMMB
28 - TUBERCULOSE E HANSENÍASE
BRASÍLIA-DF
14/08 a 01/09/2023
MÓDULO DE ACOLHIMENTO E AVALIAÇÃO (MAAV) DO PMMB
28° CICLO DO PMMB
SUBEIXO IV
Doenças e Agravos
TEMA 28
Tuberculose e Hanseníase
COORDENAÇÃO
Camila Zamban de Miranda
Frantchesca Fripp dos Santos
Nilson Massakazu Ando
ELABORAÇÃO
Camila Zamban de Miranda
Juliana Machado de Carvalho
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
Camilo Sobreira De Santana - Ministro da Educação
Denise Pires de Carvalho - Secretaria de Ensino Superior
Gisele Viana Pires - Diretoria de Desenvolvimento da Educação em Saúde
Francisco de Assis Rocha Neves - Coordenação-Geral de Expansão e Gestão da Educação
em Saúde
Ana Luísa dos Santos Azevedo - Apoio Central do PMMB
Lucas de Souza Porfirio - Apoio Central do PMMB
TUBERCULOSE
Epidemiologia da tuberculose
De acordo com a nova classificação da OMS 2016-2020, o Brasil ocupa a 20ª posição na
lista dos trinta países prioritários para TB e a 19ª posição na lista dos trinta países
prioritários para TB-HIV. No Brasil, a TB é a quarta causa de morte por doenças
infecciosas e a primeira causa de morte dentre as doenças infecciosas definidas dos
pacientes com AIDS. Em 2021, 5.072 óbitos, perfazendo um coeficiente de 2,38 óbitos
por TB por 100 mil hab, com aumento relativo de 10,7%, em comparação com 2019.
Coeficiente de incidência de tuberculose (casos por 100 mil hab.) Brasil, 2022.
Mortalidade da tuberculose, 2012 – 2022
Coeficiente de mortalidade por tuberculose (óbitos por 100 mil hab.) Brasil, 2021.
Populações vulneráveis
Número de casos novos de tuberculose diagnosticados em populações em situação de
vulnerabilidade no Brasil, 2015 a 2022
TB na saúde indígena
Em 2022, a população indígena representou 1% (n=805) dos casos novos de TB
registrados no país. O risco aumentado de adoecimento nessa população sugere que a
TB afeta desproporcionalmente os indígenas brasileiros. Houve redução da proporção
de cura (que declinou de 79,9% em 2019 para 74,4% em 2021) e aumento de casos com
tratamento interrompido e desfecho ignorado.
● Desafios: dificuldade de acesso geográfico às comunidades indígenas brasileiras;
carência de infraestrutura local e recursos; lacunas no itinerário terapêutico,
com consequente descontinuidade das ações de saúde.
Transmissão
A tuberculose é uma doença de transmissão aérea – ocorre a partir da inalação de
aerossóis. Ao falar, espirrar e, principalmente, ao tossir, as pessoas com tuberculose
ativa lançam no ar partículas em forma de aerossóis que contêm bacilos. Estima-se que
uma pessoa com baciloscopia positiva infecte de 10 a 15 pessoas em média, em uma
comunidade, durante um ano. A transmissão da tuberculose é plena enquanto o
indivíduo estiver eliminando bacilos. Com o início do esquema terapêutico adequado,
a transmissão tende a diminuir gradativamente e, em geral, após 15 dias de tratamento
chega a níveis insignificantes. No entanto, o ideal é que as medidas de controle de
infecção sejam implantadas até que haja a negativação da baciloscopia. Crianças com
tuberculose pulmonar geralmente são negativas à baciloscopia. Estima-se que 10% das
pessoas que foram infectadas pelo M. tuberculosis adoeçam:
● 5% nos dois primeiros anos que sucedem a infecção
● 5% ao longo da vida, caso não recebam o tratamento preventivo preconizado;
● O risco de adoecimento por TB pode persistir por toda a vida.
TB primária:
Ocorre logo após a infecção, é comum em crianças e nos pacientes com condições
imunossupressoras. É uma forma grave, porém com baixo poder de transmissibilidade.
Em outras circunstâncias, o sistema imune é capaz de contê-la, pelo menos
temporariamente.
Manifestações Clínicas
● Principal sintoma: a tosse (seca ou produtiva).
● Outros sinais e sintomas: perda de apetite, febre vespertina, sudorese noturna,
emagrecimento, cansaço ou fadiga.
● A forma extrapulmonar ocorre mais comumente em pessoas que vivem com o
HIV/aids, especialmente entre aquelas com comprometimento imunológico.
● Expectoração: purulenta ou mucóide, com ou sem sangue.
● Febre: vespertina, sem calafrios, não costuma ultrapassar os 38,5ºC.
● Sudorese noturna e anorexia são comuns.
Exame físico:
● Geralmente fácies de doença crônica e emagrecimento,
● A ausculta pulmonar pode apresentar diminuição do murmúrio vesicular, sopro
anfórico ou mesmo ser normal.
● TB Pulmonar: Primária, Pós-primária, Miliar
● TB Extrapulmonar - as principais formas diagnosticadas em nosso meio são:
o TB pleural;
o Empiema pleural tuberculoso;
o TB ganglionar periférica;
o TB meningoencefálica;
o TB pericárdica;
o TB óssea.
Complicações
A tuberculose, se não tratada corretamente, pode apresentar complicações,
manifestando-se em formas graves. Nessas situações, os seguintes sinais e sintomas
podem ser observados:
● dispneia;
● hemoptise;
● atelectasia;
● empiema pulmonar;
● dor torácica.
Diagnóstico Diferencial – TB Pulmonar
Diagnóstico
Para o diagnóstico da tuberculose, são utilizados os seguintes
exames:
● baciloscopia;
● teste rápido molecular para tuberculose;
● cultura para micobactéria;
● investigação complementar por exames de imagem.
Tratamento
Para a escolha terapêutica, consideramos:
● Caso novo ou virgem de tratamento: pessoa que nunca se submeteram ao
tratamento anti-TB, ou o fizeram por até 30 dias;
● Abandono: pessoa que deixou de tomar a medicação por mais de 30 dias
consecutivos;
● Retratamento ou com tratamento anterior: pessoa já tratada para TB por mais
de 30 dias, que venha a necessitar de novo tratamento por recidiva após cura ou
retorno após abandono.
Seguimento do tratamento
Testagem de HIV em pessoas com TB
Seguimento clínico
Tratamento Diretamente Observado (TDO):
● Estratégia nacional de supervisão de tratamento;
● Supervisão diária da administração dos medicamentos, ou no mínimo 3
observações semanais;
● O papel do Agente Comunitário de Saúde é fundamental;
● Disponibilizar o TDO para todas as pessoas em tratamento para tuberculose;
● Ter profissional responsável pelo TDO reconhecido pela equipe e paciente;
● Flexibilizar o atendimento de acordo com a conveniência do paciente,
compatibilizando o horário da sua chegada com as rotinas do serviço, de modo
a evitar tempo prolongado de espera;
● disponibilizar copo, água potável e local adequado com conforto e privacidade;
● organizar os registros preconizados pelo Ministério da Saúde;
Indicação de Investigação de ILTB
VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA
Fluxograma para investigação de contatos adultos e adolescentes (≥10 anos de idade)
Conversão: Quando há um incremento de pelo menos 10 mm em relação a PT anterior.
A PT estimula a resposta imune à BCG realizada ao nascimento, por isso é necessário
aumento na PT após uma avaliação inicial.
IMPORTANTE:
● Recomenda-se que a todos os contatos sintomáticos ou assintomáticos seja
ofertada a testagem para o HIV;
● Doença de notificação compulsória;
● Não há necessidade de ambientes especiais nas UBS para atendimento de TB;
● Pacientes em tratamento com boa evolução clínica e acompanhamento
adequados já não contaminam após 2 ou 3 semanas de tratamento;
● Avaliar sempre as condições laborais e a necessidade de Atestado Médico de
afastamento durante este período;
● Orientações gerais quanto à ventilação de ambientes e o cuidado em
aglomerações são fundamentais.
Pesquisa de Contactantes
HANSENÍASE
Clusters definem áreas com maior risco e onde se encontra a maioria dos casos.
Os dez primeiros clusters de alto risco da taxa de detecção geral de hanseníase,
identificados por meio da estatística Scan espaço-temporal.
Taxa de detecção geral de casos novos de hanseníase por 100 mil habitantes segundo
região de residência. Brasil, 2012 a 2021
Taxa de detecção geral de casos novos de hanseníase por 100 mil habitantes segundo
UF e capital de residência. Brasil, 2021
Definição de Caso
Presença de pelo menos um ou mais dos seguintes critérios, conhecidos como sinais
cardinais da hanseníase:
1. Lesão(ões) e/ou áreas(s) da pele com alteração de sensibilidade térmica e/ou
dolorosa e/ou tátil;
2. Espessamento de nervo periférico, associado a alterações sensitivas e/ou
motoras e/ou autonômicas;
3. Presença do M. leprae, confirmada na baciloscopia de esfregaço intradérmico ou
na biópsia de pele.
Diagnóstico
O diagnóstico de caso de hanseníase é essencialmente clínico e epidemiológico,
realizado por meio do exame geral e dermatoneurológico para identificar lesões ou
áreas de pele com alteração de sensibilidade e/ou comprometimento de nervos
periféricos, com alterações sensitivas e/ou motoras e/ou autonômicas.
● Testar sensibilidade térmica: com tubo de água quente e fria ou éter. (Primeira
a ser alterada)
● Testar sensibilidade tátil: com chumaço de algodão.
● Testar sensibilidade à dor: com cabeça de alfinete
Classificação
● A baciloscopia de pele (esfregaço intradérmico) é o exame complementar para a
classificação dos casos;
● O resultado negativo da baciloscopia não exclui o diagnóstico de hanseníase;
● A baciloscopia positiva classifica o caso como MB, independentemente do
número de lesões;
● Quando diagnosticada mais de uma lesão neural, o paciente já será
diagnosticado como MULTIBACILAR (MB).
MULTIBACILAR (MB)
● Mais de 5 lesões de pele
● Baciloscopia positiva
● Lesão neural em mais de um nervo (espessamento ou alteração de força
muscular)
Baciloscopia de pele nem sempre está disponível. Nestes casos, o diagnóstico será
clínico (número de lesões).
Formas clínicas
A doença se manifesta em um espectro contínuo, de acordo com a intensidade da
resposta imune do indivíduo à infecção.
● Forma Indeterminada
● Forma Tuberculóide
● Forma Dimorfa (mista)
● Forma Virchowiana
Formas clínicas – Tuberculóide
As lesões da pele são placas com bordas nítidas, elevadas, geralmente eritematosas e
micropapulosas, que surgem como lesões únicas ou em pequeno número.
Há uma progressiva infiltração sobretudo da face, com acentuação dos sulcos cutâneos,
perda dos pelos dos cílios e supercílios (madarose), congestão nasal e aumento dos
pavilhões auriculares. Infiltração difusa das mãos e pés, com perda da conformação
usual dos dedos, que assumem aspecto “salsichoide”. Múltiplas pápulas e nódulos
cutâneos, assintomáticos e de consistência firme (hansenomas), geralmente com
coloração acastanhada ou ferruginosa. As lesões de pele podem apresentar
sensibilidade normal. Os nervos periféricos geralmente se encontram espessados
difusamente e de forma simétrica, com hipoestesia ou anestesia dos pés e mãos, além
de disfunções autonômicas, com hipotermia e cianose das extremidades. Queixas
neurológicas, com relato de dormências, câimbras e formigamentos nas mãos e pés.
Comprometimento difuso da sudorese, às vezes com hiperidrose compensatória em
áreas não afetadas, como axilas e couro cabeludo.
Quando a doença não é tratada nessa fase, evolui de acordo com a resposta imune do
indivíduo infectado, podendo haver cura espontânea ou desenvolvimento de uma das
três formas clínicas descritas anteriormente.
Serve para:
● Monitorar o resultado do tratamento de neurites
● Contribuir na decisão de conduta
● Identificar incapacidades físicas
Função neural
Os principais troncos nervosos periféricos acometidos na hanseníase são:
● Face – Trigêmeo e Facial: podem causar alterações na face, nos olhos e no nariz
● Braços – Radial, Ulnar e Mediano: podem causar alterações nos braços e nas
mãos
● Pernas – Fibular e Tibial: podem causar alterações nas pernas e nos pés.
Avaliação da força
Diagnósticos diferenciais
● Pitiríase versicolor/ alba/ rósea
● Hipocromias residuais
● Vitiligo
● Esclerodermia em placa
● Farmacodermia
● Sífilis
● Linfomas
● Leishmaniose
● Neurofibromatose
● Neuropatia diabética
Tratamento
Esquemas farmacológicos para tratamento da infecção pelo M. leprae, de acordo com a
faixa etária, peso corporal e classificação operacional:
● Duração: 12 doses.
● Seguimento dos casos: comparecimento mensal para dose supervisionada.
● Critério de alta: o tratamento estará concluído com doze (12) doses
supervisionadas em até 18 meses. Na 12ª dose, os pacientes deverão ser
submetidos ao exame dermatológico, à avaliação neurológica simplificada e do
grau de incapacidade física e receber alta por cura.
● Os pacientes MB que excepcionalmente não apresentarem melhora clínica, com
presença de lesões ativas da doença, no final do tratamento preconizado de 12
doses (cartelas) deverão ser encaminhados para avaliação em serviço de
referência (municipal, regional, estadual ou nacional) para verificar a conduta
mais adequada para o caso.
Tratamento
● A regressão das lesões dermatológicas da hanseníase, durante e após o uso da
poliquimioterapia, é bastante variável, podendo levar meses ou anos para
ocorrer;
● Essa resposta pode ser ainda mais lenta nos MB, especialmente em pacientes
com hansenomas.
Reações Hansênicas
● Fenômenos inflamatórios agudos que cursam com exacerbação dos sinais e
sintomas da doença;
● Chegam a acometer 50% dos pacientes, segundo alguns estudos;
● Resultam da ativação de resposta imune contra o M. leprae e podem ocorrer
antes, durante ou após o tratamento da infecção;
● Afetam especialmente a pele e os nervos periféricos, podendo acarretar dano
neural e incapacidades físicas permanentes quando não tratadas
adequadamente.
● Podem ocorrer até 5 anos após o tratamento.
● Cuidado para não reiniciar tratamento indevidamente.
● Devem ser tratada com AINE ou corticóide e encaminhar ao especialista.
Reações Hansênicas
Vigilância de contatos
Contato Intradomiciliar: toda e qualquer pessoa que resida ou tenha residido com o
doente de hanseníase nos últimos 5 (cinco) anos.
Vacina BCG-ID
● BCG-ID deve ser aplicada nos contatos examinados sem presença de sinais e
sintomas de hanseníase no momento da investigação.
● A aplicação da vacina BCG depende da história vacinal e/ou
da presença de cicatriz vacinal
OBS.: Todo contato de hanseníase deve ser informado que a vacina BCG não é específica
para hanseníase
Orientações gerais
● Atividades de educação em saúde para a população e a busca ativa de casos são
estratégias essenciais para a detecção de casos e devem ser periodicamente
realizadas, principalmente em áreas endêmicas
● O estigma é o mais negligenciado dentre todos os aspectos acerca da hanseníase
e deve ser abordado nos serviços de saúde, na comunidade. Suporte
psicossocial, acolhimento e abordagem psicológica é necessária.
● Orientações para prevenção de incapacidades físicas e orientações de
autocuidado são fundamentais.
● Cuidado com as lesões traumáticas e neuropáticas – curativos, adaptação de
calçados, reabilitação física.
Referências
29 - IST e AIDS
BRASÍLIA-DF
14/08 a 01/09/2023
MÓDULO DE ACOLHIMENTO E AVALIAÇÃO (MAAV) DO PMMB
28° CICLO DO PMMB
SUBEIXO
Doenças e Agravos
TEMA 29
IST e AIDS
COORDENAÇÃO
Camila Zamban de Miranda
Frantchesca Fripp dos Santos
Nilson Massakazu Ando
ELABORAÇÃO
Camila Zamban de Miranda
Juliana Machado de Carvalho
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
Camilo Sobreira De Santana - Ministro da Educação
Denise Pires de Carvalho - Secretaria de Ensino Superior
Gisele Viana Pires - Diretoria de Desenvolvimento da Educação em Saúde
Francisco de Assis Rocha Neves - Coordenação-Geral de Expansão e Gestão da Educação
em Saúde
Ana Luísa dos Santos Azevedo - Apoio Central do PMMB
Lucas de Souza Porfirio - Apoio Central do PMMB
ISTs e AIDS
Panorama brasileiro
Segundo a Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) de 2019 - aproximadamente 1 milhão de
pessoas afirmaram ter diagnóstico médico de Infecção Sexualmente Transmissível (IST)
ao longo do ano, o que corresponde a 0,6% da população com 18 anos de idade ou mais.
Considera-se que até 12% dos homens de 17 a 20 anos já tiveram algum problema
relacionado à ISTs, sendo um grupo de patologias de alta prevalência no Brasil. Esse fato
está relacionado ao início precoce da atividade sexual (média de 17,3 anos), sem
orientação, com múltiplos parceiros(as) e sem proteção. Há uma subnotificação das ISTs
nos serviços de saúde.
Imunização:
● Vacina contra o HPV - indicada para meninas de 9 a 14 anos e meninos de 11 a
14 anos. Duas doses, com intervalo de seis meses.
● Vacina contra HBV - indicada para todas as faixas etárias. Três doses induzem
títulos protetores de anticorpos em mais de 90% dos adultos e dos jovens sadios,
e em mais de 95% dos lactentes, das crianças e dos adolescentes
● Método de abordagem
● Princípios: confidencialidade, ausência de coerção, proteção contra
● discriminação e legalidade da ação
ISTS Assintomáticas
● Triagem para sífilis, gonococo, clamídia, hepatites e HIV em pessoas com ISTs;
● Testes no pré-natal;
● Tratamento das infecções identificadas;
● Tratamento das parcerias sexuais;
● Manifestações com agentes etiológicos bem estabelecidos – manejo possível sem
testes diagnósticos;
● Abordagem sindrômica.
Tratamento – Tricomoníase
CORRIMENTO URETRAL
Situação problema 2
Pablo, 24 anos, vem à consulta por saída de secreção purulenta pelo meato uretral
percebida há 2 dias, acompanhada de dor uretral constante, com piora importante à
micção. Última relação sexual há 3 dias.
Exame físico: Drenagem de secreção mucopurulenta em média quantidade pelo meato
uretral com leve hiperemia balano-prepucial, sem sinais de acometimento escrotal.
Exame da região anorretal normal.
Qual é o provável agente etiológico? Como ter certeza? Como manejar?
Caso 2 – corrimento uretral
Fluxograma para o manejo de corrimento uretral:
Tratamento uretrites
VERRUGA GENITAL
Situação problema 3
Rita, sexo feminino, 32 anos, vem à consulta por lesão verrucosa percebida ontem no
banho, localizada em grandes lábios, sem dor ou coceira. Em relacionamento estável
com parceira fixa há cerca de 4 anos, parceiros do sexo masculino prévios. Último
citopatológico há cerca de 5 anos. Sem comorbidades.
Ao exame físico se percebe lesão maior com cerca de 0,8cm de diâmetro, e outras lesões
menores nas proximidades. Sem linfonodomegalia inguinal.
ÚLCERA GENITAL
Situação problema 4 – úlcera genital
Tim, sexo masculino, 21 anos, estudante universitário, vem à consulta por surgimento
de lesão peniana percebida há 1 semana. Última relação sexual há cerca de 1 mês com
parceiro casual. A lesão não apresenta drenagem de secreção e ele percebe apenas
desconforto leve em região inguinal. Nega comorbidades conhecidas, mas está
preocupado pois tem ficado doente com frequência e perdeu cerca de 2kg nos últimos
dois meses, involuntariamente
Exame físico: Úlcera única em face lateral do pênis, cerca de 1cm de diâmetro, com base
escura e fundo limpo. Linfonodomegalia inguinal e cervical, sem outros pontos.
P: 58kg
● Diagnósticos Diferenciais:
▪ Sífilis primária e secundária;
▪ Herpes genital;
▪ Cancróide / Cancro Mole;
▪ Linfogranuloma Venereo;
▪ Donovanose.
● ELEVADO RISCO DE TRANSMISSÃO E AQUISIÇÃO DO HIV – principal
● causa para a difusão do vírus.
● Baixo valor preditivo positivo com base na impressão clínica.
Sífilis primária
Fluxograma de manejo
Fluxograma sem laboratório
● Donovanose:
▪ 1ª linha: Doxicilina 100mg 12/12h por pelo menos 21 dias;
▪ 2ª linha: Azitromicina 500mg 2cp 1x por semana por pelo menos 3 semanas ou
Ciprofloxacino 500mg 1cp e meio 12/12h por pelo menos 21 dias ou
Sulfametoxazol + trimetoprima 400+80mg 2cp de 12/12h por no mínimo 3
semanas.
Tratamento de Donovanose
Sífilis – epidemiologia
No período de 2011 a 2021, foram notificados no país 1.035.942 casos de sífilis
adquirida, 466.584 casos de sífilis em gestantes, 221.600 casos de sífilis congênita e
2.064 óbitos por sífilis congênita. A sífilis adquirida apresentou aumento crescente da
taxa de detecção até o ano de 2018, com posterior estabilidade, exceto em 2020,
quando foi observado declínio na taxa, decorrente da pandemia por COVID-19.
Taxa de detecção de sífilis adquirida (por 100.000 habitantes), taxa de detecção de sífilis em
gestantes e taxa de incidência de sífilis congênita (por 1.000 nascidos vivos), segundo ano de
diagnóstico. Brasil, 2011 a 2021.
Taxa de detecção de sífilis adquirida (por 100.000 habitantes) segundo região de residência e
ano de diagnóstico. Brasil, 2011 a 2021
Sífilis - Classificação
● Segundo o tempo de infecção:
▪ Sífilis adquirida recente (< 1 ano de evolução)
▪ Sífilis adquirida tardia (>1 ano de evolução)
Caracterização dos estágios
Sífilis secundária
Caracterização dos estágios
Tratamento - sífilis
Sífilis na gestação
● Exames na primeira consulta e com 28 semanas
● Se positivo:
▪ Intervenção imediata;
▪ Tratar com penicilina benzatina 2.400.000 UI (semanal por 3 semanas – 3 doses);
▪ Tratar parceiro. (Se tiver teste negativo tratar com 2400 000 UI. E se teste
positivo, tratar como sífilis latente);
▪ Anamnese: história de diagnóstico e tratamento prévio;
▪ Exame físico.
● Seguimento:
▪ VDRL mensalmente em gestantes!
▪ Ao término da gestação de 3/3meses no 1º ano. Depois, de 6/6 meses até a
estabilização.
▪ Os títulos devem cair progressivamente, permanecendo negativos ou inferiores
a 1:8
▪ Se os títulos se mantiverem baixos e estáveis em 2 oportunidades, após 1 ano,
▪ pode ser dada alta.
▪ ENCAMINHAR A CENTRO DE REFERÊNCIA SE ALERGIA A PENICILINA.
Sífilis congênita
HIV/AIDS
Epidemiologia - infecção pelo HIV
De 2007 até junho de 2022, 434.803 casos de infecção pelo HIV no Brasil, sendo 183.901
(42,3%) na região Sudeste, 89.988 (20,7%) na região Nordeste, 84.242 (19,4%) na região
Sul, 42.957 (9,9%) na região Norte e 33.715 (7,7%) na região Centro-Oeste.
Em 2021, foram notificados 40.880 casos de infecção pelo HIV, sendo 5.494 (13,4%)
casos na região Norte, 10.896 (26,7%) no Nordeste, 13.926 (34,1%) no Sudeste, 6.899
(16,9%) no Sul e 3.665 (8,9%) no Centro-Oeste.
Entre 2019 e 2021, o número de casos de infecção pelo HIV declinou 11,1% no Brasil,
com maior percentual de redução nas regiões Sul (15,4%) e Sudeste (15,3%).
Taxa de detecção de AIDS (por 100.000 hab.) segundo região de residência, por ano de
diagnóstico. Brasil, 2011 a 2021*
Taxa de detecção de aids (por 100.000 hab.) segundo UF e capital de residência. Brasil, 2021*
Testes rápidos para a detecção do HIV fornecem resultados entre 5 e 40 minutos e têm
sido progressivamente utilizados como estratégias de ampliação do acesso ao
diagnóstico da doença. Apresentam sensibilidade e especificidade acima de 99% a partir
de três meses da transmissão viral. Testes rápidos apresentando resultados positivos
devem ser confirmados com testes de imunofluorescência e Western blot. Se o
resultado do teste rápido é negativo, não há necessidade de testagem confirmatória, a
não ser que haja suspeição de infecção viral aguda pelo HIV, condição que demanda
teste de detecção do vírus por meio de estratégia de detecção do RNA viral. Resultados
indeterminados devem ser repetidos em período entre 1 e 2 meses.
Conduta
A complexidade da infecção pelo HIV em estágio sintomático demanda atenção
especializada, realizada por médico com treinamento específico. Estratégias de
organização da assistência de indivíduos infectados com o HIV, compreendendo
gerenciamento de pacientes e serviços hospitalares especializados concentrando
volume elevado (centros de referência) de pacientes, estão associadas a melhores
desfechos e redução da mortalidade relacionada com o vírus.
HEPATITES VIRAIS
São doenças causadas pelos vírus das hepatites A, B, C, D ou Delta e E, e por diferentes
agentes etiológicos. Todas as hepatites têm em comum o tropismo primário pelo tecido
hepático e constituem um enorme desafio à saúde pública em todo o mundo. São
responsáveis por cerca de 1,4 milhão de óbitos anualmente, como consequência de suas
formas agudas graves e, principalmente, pelas complicações das formas
descompensadas crônicas ou por hepatocarcinoma. Esse número é comparável ao das
mortes causadas pela tuberculose e é superior ao de óbitos causados pelo HIV. No Brasil,
de 1999 a 2016, foram notificados no Sinan aproximadamente 600.000 casos
confirmados de hepatites virais A, B, C e D. Foram notificados Sinan 718.651 casos
confirmados de hepatites virais no Brasil, no período de 2000 a 2021, destes:
● Hepatite A -168.175 (23,4%)
● Hepatite B - 264.640 (36,8%)
● Hepatite C - 279.872 (38,9%)
● Hepatite D - 4.259 (0,6%)
Estima-se que o número de casos seja bem maior, em razão de a maioria dos casos não
apresentarem sintomas, o que dificulta a procura por diagnóstico. Dados do Ministério
da Saúde estimam que aproximadamente 657 mil pessoas tenham o vírus da hepatite C
no Brasil. Devido às suas taxas de prevalência, cronicidade e potencial de
transmissibilidade e complicações, as hepatites virais B e C são agravos de elevada
importância em termos de saúde pública. A maioria das pessoas infectadas pelas
hepatites virais crônicas desconhece seu diagnóstico, constituindo elo fundamental na
cadeia de transmissão dessas infecções.
Hepatite A
A hepatite A é uma doença comumente transmitida por meio de contato oral fecal, pela
ingestão de água e/ou alimentos contaminados;
Taxa de incidência de hepatite A (por 100.000 hab.) segundo região de residência e ano de
diagnóstico. Brasil, 2011 a 2021
Hepatite B
O vírus da hepatite B – HBV é transmitido por meio de contato com fluidos corporais
infectados. O sangue é o veículo de transmissão mais importante, mas outros fluidos
também podem transmitir o HBV, como sêmen e saliva.
Taxa de detecção de hepatite B (por 100.000 hab.) segundo região de residência e ano de
diagnóstico. Brasil, 2011 a 2021.
O vírus da hepatite Delta – HDV também está presente na região norte, com expressivo
impacto clínico e epidemiológico. O HDV é um vírus que acomete apenas pessoas
infectadas pelo vírus da hepatite B. Sua transmissão pode ocorrer concomitantemente
à infecção pelo HBV (coinfecção) ou posteriormente à infecção pelo HBV
(superinfecção).
Hepatite C
A forma mais eficaz de transmissão do vírus da hepatite C – HCV ocorre pela exposição
percutânea repetida, ou mediante o recebimento de grandes volumes de sangue
infectado.
Taxa de detecção(1) de casos de hepatite C (por 100.000 hab.) segundo região de residência e
ano de diagnóstico. Brasil, 2011 a 2021.
BRASÍLIA-DF
14/08 a 01/09/2023
MÓDULO DE ACOLHIMENTO E AVALIAÇÃO (MAAV) DO PMMB
28° CICLO DO PMMB
SUBEIXO IV
Doenças e agravos
TEMA 30
COVID-19, Síndrome Pós-COVID e Síndromes Gripais
COORDENAÇÃO
Camila Zamban de Miranda
Frantchesca Fripp dos Santos
Nilson Massakazu Ando
ELABORAÇÃO
Camila Zamban de Miranda
Juliana Machado de Carvalho
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
Camilo Sobreira De Santana - Ministro da Educação
Denise Pires de Carvalho - Secretaria de Ensino Superior
Gisele Viana Pires - Diretoria de Desenvolvimento da Educação em Saúde
Francisco de Assis Rocha Neves - Coordenação-Geral de Expansão e Gestão da Educação
em Saúde
Ana Luísa dos Santos Azevedo - Apoio Central do PMMB
Lucas de Souza Porfirio - Apoio Central do PMMB
COVID-19
A COVID-19 é uma infecção respiratória aguda causada pelo SARS-COV-2, de elevada
transmissibilidade e de distribuição global, tendo sido considerada uma pandemia. Foi
identificada em humanos em dezembro de 2019, na China, sendo que no Brasil, o
primeiro caso foi notificado em 26 de fevereiro de 2020.
Dados epidemiológicos
Distribuição dos casos de óbitos por covid-19 em indígenas assistidos pelo SASISUS, notificados
pelos DSEI, março de 2020 a março de 2023.
Transmissão
A pandemia de Covid-19 iniciou-se em uma província no interior da China, onde
culturalmente a população consome animais silvestres, comercializados em grandes
feiras nas áreas urbanas. Os primeiros casos de internações por pneumonias graves, com
sepse e Síndromes Respiratórias Agudas Graves (SRAG) foram relatadas no final de 2019.
Considera-se que o consumo de animais silvestres, em especial o Pangolim, foi
responsável pelas primeiras contaminações pelo SARS COV-2.
O desmatamento e destruição dos habitats naturais de animais silvestres são
conhecidos por influenciar a distribuição de microrganismos causadores de doença em
seres humanos.
Grandes aglomerações urbanas facilitaram a contaminação por gotículas do SARS COV-
2, assim como o contato direto e indireto com o vírus. A globalização e o enorme fluxo
de meios de transporte coletivos, como aviões e trens, foram responsáveis pela
velocidade que o vírus se alastrou pelo mundo.
Agente Etiológico
● SARS CoV
● MERS CoV
● SARS-CoV2
Pandemia x Epidemia
Pandemia: O termo se refere à distribuição geográfica de uma doença e não à sua
gravidade.
Epidemia: Ocorrência de casos de uma doença, comportamento especificamente
relacionado à saúde, ou outros eventos relacionados à saúde, claramente em excesso
da expectativa normal em determinada comunidade ou região, precisamente
especificados.
Sintomas Covid
Os principais sintomas são febre, cansaço e tosse seca. Como sintomas menos comuns,
aparecem: ageusia, anosmia, congestão nasal, conjuntivite, dor de garganta, dor de
cabeça, mialgia, artralgia, diferentes tipos de exantema, náusea ou vômito, diarreia,
calafrios ou tonturas.
Classificação
• Leve:
o Sintomas inespecíficos, como febre, fadiga, tosse (com ou sem dispneia),
congestão nasal ou cefaleia; diarreia, náuseas e vômitos;
o Pacientes idosos e / ou imunossuprimidos podem apresentar sintomas
atípicos;
o Os sintomas devido a adaptações fisiológicas da gravidez ou eventos
adversos da gravidez (por exemplo, dispneia, febre, sintomas
gastrointestinais, fadiga) podem se sobrepor aos sintomas de COVID-19.
• Grave
o Adultos: pneumonia sem sinais gravidade; saturação capilar ≤90% em ar
ambiente; sinais de desconforto respiratório (uso de músculos
acessórios, incapacidade de falar frases completas, frequência
respiratória > 30 mrpm);
o Crianças: pneumonia com tosse ou desconforto respiratório e taquipneia,
tiragem, gemência, cianose central, incapacidade de amamentar ou
beber, convulsões ou redução do nível de consciência.
• Pneumonia grave em adultos ou adolescentes
o Febre ou suspeita de infecção respiratória mais um dos seguintes:
Frequência respiratória> 30 respirações / minuto; Desconforto
respiratório severo; SpO₂ ≤93% no ar ambiente.
Taquipneia em crianças.
Exames complementares
• TC de tórax: TC de tórax diagnostica COVID-19 em 87,9% das pessoas que tinham
COVID-19 e identificou incorretamente em 20% das pessoas que não tinham
COVID-19.
• Rx tórax: diagnosticou COVID-19 corretamente em 80,6% das pessoas que
tinham COVID-19 e identificou incorretamente o COVID-19 em 28,5% das
pessoas que não tinham COVID-19.
• A evidência sugere que a CT de tórax é melhor para descartar a infecção por
COVID-19 do que para distingui-la de outros problemas respiratórios. Portanto,
sua utilidade pode ser limitada em excluir a infecção por COVID-19 em vez de
distingui-la de outras causas de infecção pulmonar.
• Testes rápidos devem ser coletados entre o 1 e o 8 dia dos sintomas
• Kit Teste rápido COVID Ag:
o Coleta deve ser realizada por meio de swab Nasofaríngeo
o 91,8% de sensibilidade e 98,0% de especificidade
• Kit TR DPP® COVID-19 AG:
o Coleta deve ser realizada por meio de swab Nasal
o Indivíduo sintomáticos: 90,3% de sensibilidade e 98,8% de especificidade
o Indivíduo assintomático: 90,3% de sensibilidade geral 91,8% de
sensibilidade e 98,0% de especificidade
Exames complementares
• RT-PCR em tempo real: detecção do RNA do SARS-CoV-2 em amostras do trato
respiratório: técnico padrão ouro.
• Em casos leves, coletar até o 8 dia de sintomas.
• Em casos graves, coletar até o 14 dia, dia de sintomas
• RT-LAMP identifica o SARS-CoV-2 em amostra de saliva durante o período de
infecção ativa do vírus. É mais simples e rápido do que o RT-PCR e não requer o
uso de aparelhos laboratoriais complexos, em suo na rede de saúde suplementar
do Brasil.
Não recomendado para pacientes com COVID-19 não grave com baixo risco de
hospitalização:
• Uma recomendação condicional contra nirmatrelvir-ritonavir.
Covid 19 – vacinação
• Iniciada em janeiro de 2021 no Brasil
• Em 2023: MS propõe esquema com vacinas bivalentes (mais efetiva contra a
Ômicron) para grupos específicos em maior vulnerabilidade, riscos para
complicações e óbito e maior exposição, e o uso de vacinas monovalentes para
dar início ou completar esquema vacinal das pessoas que não fazem parte dos
grupos prioritários elegíveis para vacinação bivalente.
• As vacinas recomendadas até o momento são: Vacina adsorvida Covid-19
(inativada) CoronaVac (Butantan), a Vacina Covid-19-RNAm Comirnaty
(Pfizer/Wyeth), a Vacina Covid-19-recombinante Oxford/Covishield (Fiocruz e
Astrazeneca) e a Vacina Covid-19-recombinante Janssen Vaccine (Janssen-Cilag)
Vacinação 6 meses a 40 anos, 11 meses e 29 dias:
• Para crianças que iniciaram o esquema vacinal recomendado para a faixa etária
de 6 meses a 4 anos, 11 meses e 29 dias com a vacina Pfizer e finalizarão seu
esquema após completar 5 anos de idade, essas deverão adotar o esquema
recomendado para a faixa etária de 5 a 11 anos, utilizando a vacina Pfizer.
Covid 19 – vacinação para quem iniciou o esquema com Astrazeneca, Pfizer, Coronavac
Recomendação de três doses no esquema primário com o imunizante da Pfizer para
crianças de 6 meses a 2 anos de idade, conforme DELIBERAÇÃO CIB-SUS/MG Nº 4.071,
DE 16 DE DEZEMBRO DE 2022.
Esquema primário
• CoronaVac: Intervalo de 4 semanas (28 dias) após D1.
• Comirnaty/Pfizer: Intervalo de 3 semanas (21 dias) após D1, para12 anos ou mais
de idade – Conforme Deliberação CIB-SUS-MG Nº 3632.
• AstraZeneca: Intervalo de 8 semanas após D1.
• Pfizer pediátrica (05 a 11 anos): Intervalo de 8 semanas após D1.
• *Pfizer “baby” (6 meses a 2 anos): D1 – D2: 4 semanas (1 mês) e D2 – D3: 8
semanas (2 meses)
Esquema primário:
• CoronaVac: Intervalo de 4 semanas (28 dias) após D1.
• Comirnaty/Pfizer: Intervalo de 3 semanas (21 dias) após D1, para 12 anos ou mais
de idade. AstraZeneca: Intervalo de 8 semanas após D1.
Doses de reforço:
• AstraZeneca OU Pfizer OU Janssen.
• Gestantes: Imunizante NÃO recomendado para esse grupo.
• Trabalhadores de saúde: indicado 3º reforço a partir de 18 anos AstraZeneca OU
Pfizer OU Janssen.
Doses de reforço:
• AstraZeneca OU Pfizer OU Janssen.
• Gestantes: Imunizante NÃO recomendado para esse grupo.
SÍNDROME PÓS-COVID 19
Caracterizada pela preença de sinais e sintomas recorrentes ou persistentes após
infecção pelo Covid, não atribuídas a outras causas. Na literatura, é descrita como Covid
longa, Covid-19 pós-aguda, síndrome pós-Covid, efeitos de longo prazo da Covid,
síndrome Covid pós-aguda, Covid crônica.
Sua fisiopatologia é baseada em eventos inflamatórios:
• Fase aguda – primeiras 3 semanas.
• Fase pós-aguda – entre 3 e 12 semanas.
• Fase crônica – após 12 semanas.
São consideradas manifestações mais graves: fibrose pulmonar, sequela de dano
miocárdico viral com redução de função sistólica e arritmias, distúrbios
tromboembólicos, déficit neurocognitivo e síndrome de Guillain-Barré.
A atenção coordenada para essa condição deve incluir profissionais de APS e equipe
multidisciplinar.
O curso de tempo para a recuperação é variável, depende de fatores de risco pré-
mórbidos e da gravidade da doença. Pacientes hospitalizados, em particular os
gravemente enfermos, são mais propensos a terem um curso mais prolongado do que
aqueles com doença leve. Essas manifestações se sobrepõem com as da síndrome pós-
UTI (em inglês post-intensive care syndrome – PICS). Os sintomas podem apresentar
padrão flutuante, com dias de remissão e aparente melhora, seguido de períodos de
nova piora sintomática
A fadiga prolongada após casos de covid-19, guarda alguma semelhança com a síndrome
da fadiga crônica, descrita após outras infecções agudas como SARS e MERS. Nesses
casos de fadiga persistente, é importante avaliar se sintomas são decorrentes de
fraqueza ou atrofia muscular, descondicionamento físico, distúrbios do sono e do
humor, dor, sintomas cardiopulmonares ou uso de medicamentos (anti-histamínicos,
anticolinérgicos, ansiolíticos). A solicitação de hemograma e TSH pode ser útil para
descartar causas subjacentes que necessitem de tratamento específico. Função
hepática, função renal, eletrólitos e glicemia também podem ser solicitados. Após a
exclusão dessas causas, o manejo é conservador e, até o momento, não há dados sobre
a eficácia de medidas farmacológicas ou não farmacológicas para tratamento de fadiga
prolongada após infecção por covid-19. Como recomendação geral de tratamento, é
indicado retomar atividades físicas de forma lenta, gradual, e conforme tolerância, não
sendo descrito um tempo ideal para este retorno. Ademais, orienta-se descanso
adequado e higiene do sono. Outro método útil é realizar planejamento e priorização
das atividades, além de manter uma rotina preestabelecida. Deve-se suspender as
atividades físicas caso o paciente volte a apresentar febre, dispneia, fadiga importante
ou mialgias
Resfriado comum
É a principal causa de IVAS. Inflamação da mucosa narofarígea de origem viral.
Provocada por mais de 200 vírus, sendo os mais comuns: rinovirus, coronavirus e
influenza. Em indivíduos imunocompetentes, pode durar de 3 a 14 dias. Período de
incubação 24h a 72h.
Sintomas:
• Congestão e obstrução nasal;
• Febre baixa ou sensação de febre;
• Tosse seca;
• Dor de garganta – “garganta arranhada”;
• Espirros;
• Mal-estar geral;
• Pode apresentar secreção nasal purulenta, sem indicação de antibióticos.
Complicações:
• Rinossinusute bacteriana;
• Pneumonia bacteriana;
• Bronquite;
• Exacerbação da asma;
• Otite média aguda.
Diagnóstico diferencial:
• Rinite alérgica;
• Rinossinusite viral aguda;
• Gripe;
• Faringoamigdalite bacteriana.
Gripe
Causada pelos vírus Influenza de comportamento sazonal – mais prevalente no inverno.
Vírus altamente mutáveis. Acomete as vias áreas superiores e inferiores. Período de
incubação de 1 a 4 dias.
Sintomas:
• Febre alta, tosse seca, dor de garganta e MAIS OUTRO SINTOMA:
o Mialgia
o Cefaleia
o Artralgia
o Hiperemia conjuntival
o Diarreia, náuseas e vômitos são menos comuns
• A febre pode durar 3 dias
• Sintomas respiratórios por 3 a 5 dias após remissão da febre
Complicações:
• SRAG;
• Pneumonia bacteriana;
• Otite média aguda (crianças);
• Miosite;
• Rinossinusite;
• Miocardite e pericartite (raras).
Diagnósticos diferenciais:
• Resfriado comum, infecção pelo VSR
• Enterovírus
• Parainfluenza
• Rinossinuste viral e bacteriana
• Primoinfecção pelo HIV
• Sífilis secundária
Condutas:
• Medicações sintomáticas;
• Não prescrever corticoides;
• Não há indicação de antibióticos.
Laringite Aguda
Inflamação da mucosa laríngea, sendo a disfonia o principal sintoma. Etiologia viral: vírus
que causam resfriado comum, sarampo e caxumba (estes mais raros após a imunização).
Inflamação de início súbito e autolimitada. Duração menor de 3 semanas.
Sintomas:
• Disfonia;
• Congestão e obstrução nasal;
• Coriza;
• Espirros;
• Tosse;
• Febre baixa;
• Roncos – não confundir com estridor.
Diagnóstico diferencial:
• Epiglotite aguda;
• Abscesso amigdaliano ou retrofaríngeo;
• Laringoedema alérgico.
Complicações:
• Infecções bacterianas secundárias;
• Laringite crônica.
Epiglotite aguda
Inflamação da mucosa da epiglote e estruturas adjacentes, da qual o principal agente
etiológico é Hib. Pode levar à morte. Houve uma redução importante da incidência após
introdução vacina tríplice bacteriana.
Sintomas:
• Febre alta;
• Dificuldade respiratória;
• Salivação;
• Ansiedade;
• Irritabilidade.
Complicações:
• Abscesso retrofaríngeo;
• Uvulite.
Diagnóstico diferencial:
• Crupe;
• Abscesso retrofaríngeo;
• Angioedema;
• Uvulite.
IVAS - Condutas
Sintomáticos:
• Febre inibe replicação viral – discutir uso de antitérmicos com o paciente
• Lavagem nasal
• Afastar do trabalho e escola para diminuir transmissibilidade
Gripe:
• Oseltamivir em pessoas com fatores de risco:
o Gestantes e puérperas;
o < 2 anos e > 60 anos;
o Indígenas;
o Pneumopatias;
o DCV (esceto HAS);
o Transtornos neurológicos que comprometam a função respiratória;
o Imunossupressão;
o Nefropatias e hepatopatias.
Sempre avaliar custo-benefício no uso dessa medicação
IVAS - Condutas em menores de 2 anos
32 - ARBOVIROSES
BRASÍLIA-DF
14/08 a 01/09/2023
MÓDULO DE ACOLHIMENTO E AVALIAÇÃO (MAAV) DO PMMB
28° CICLO DO PMMB
SUBEIXO
Doenças e Agravos
TEMA 32
Arboviroses
COORDENAÇÃO
Camila Zamban de Miranda
Frantchesca Fripp dos Santos
Nilson Massakazu Ando
ELABORAÇÃO
Camila Zamban de Miranda
Juliana Machado de Carvalho
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
Camilo Sobreira De Santana - Ministro da Educação
Denise Pires de Carvalho - Secretaria de Ensino Superior
Gisele Viana Pires - Diretoria de Desenvolvimento da Educação em Saúde
Francisco de Assis Rocha Neves - Coordenação-Geral de Expansão e Gestão da Educação
em Saúde
Ana Luísa dos Santos Azevedo - Apoio Central do PMMB
Lucas de Souza Porfirio - Apoio Central do PMMB
DENGUE, ZIKA, CHIKUNGUNYA E FEBRE AMARELA
ARBOVIROSES
Arboviroses são as doenças causadas pelos chamados arbovírus, que incluem o vírus da
dengue, Zika vírus, febre chikungunya e febre amarela. A classificação "arbovírus"
engloba todos aqueles transmitidos por artrópodes, ou seja, insetos e aracnídeos. Hoje,
a expressão tem sido mais usada para designar as doenças transmitidas pelo Aedes
aegypti, como o Zika vírus, febre Chikungunya, dengue e febre amarela.
Epidemiologia
O Ministério da Saúde disponibiliza um painel de monitoramento de arboviroses,
através do link:
https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/a/aedes-
aegypti/monitoramento-das-arboviroses
Vetor
A fêmea do mosquito Aedes aegypti é o vetor, que se tornou altamente domiciliado.
Prevenção
● Eliminação dos criadouros de mosquito;
● Usar roupas que minimizem a exposição;
● Usar repelentes (DEET, IR3535, Icaridina);
● Inseticidas domésticos;
● Mosquiteiros (permetrina spray 0,5%);
● Instalação de telas em portas e janelas;
● Vacina para a Febre Amarela e para a Dengue (limitações).
DENGUE
O Brasil adota, desde 2002, o protocolo de condutas que valorizam a abordagem clínico-
evolutiva, baseado no reconhecimento de elementos clínico-laboratoriais e de
condições associadas, que podem ser indicativos de gravidade, com o objetivo de
orientar a conduta terapêutica adequada a cada situação e evitar o óbito.
Os óbitos por dengue são absolutamente evitáveis com a adoção de medidas de baixa
densidade tecnológica. Sua ocorrência é um indicador de fragilidade da rede de
assistência.
A dengue apresenta alta letalidade no Brasil, sendo que a OMS recomenda menos de
1% de taxa de letalidade
Mapa da Dengue no Brasil
Epidemiologia
● No ano de 2022 (até a SE 52), ocorreram 1.450.270 casos prováveis de dengue -
taxa de incidência de 679,9 casos por 100 mil hab.
● Redução de 6,2% de casos registrados para o mesmo período analisado, de 2019.
Dengue – o vírus
Fotografia de Purdue University.
Disponível em: https://news.uns.purdue.edu/html4ever/020307.Kuhn.dengue.html.
Fisiopatogenia
Picada de mosquito vetor (fêmea)
⇩
Inoculação Viral
⇩
Replicação em linfonodos regionais (por 2-3 dias)
⇩
Viremia (por 4-7 dias) / Infecção de tecidos e órgãos
⇩
Manifestações clínicas (após 1 dia de viremia assintomática)
Sequência no atendimento
Dengue
● Pode ser assintomática ou sintomática.
● Doença sistêmica e dinâmica de amplo espectro clínico - formas
oligossintomáticas até quadros graves, podendo evoluir para o óbito.
● Três fases clínicas: febril, crítica e de recuperação.
● Reconhecimento precoce dos sinais de alarme - contínuo acompanhamento -
reestadiamento
Classificação – Estadiamento
Prova do laço
A prova do laço deve ser realizada na triagem, obrigatoriamente, em todo paciente com
suspeita de dengue e que não apresente sangramento espontâneo.
● A prova deverá ser repetida no acompanhamento clínico do paciente apenas se
previamente negativa.
● Verificar a pressão arterial e calcular o valor médio pela fórmula (PAS + PAD)/2;
por exemplo, PA de 100 x 60 mmHg, então 100+60=160, 160/2=80; então, a
média de pressão arterial é de 80 mmHg.
● Insuflar o manguito até o valor médio e manter durante cinco minutos nos
adultos e três minutos em crianças.
● Desenhar um quadrado com 2,5 cm de lado no antebraço e contar o número de
petéquias formadas dentro dele; a prova será positiva se houver 20 ou mais
petéquias em adultos e 10 ou mais em crianças; atenção para o surgimento de
possíveis petéquias em todo o antebraço, dorso das mãos e nos dedos.
● Se a prova do laço apresentar-se positiva antes do tempo preconizado para
adultos e crianças, ela pode ser interrompida.
● A prova do laço frequentemente pode ser negativa em pessoas obesas e durante
o choque.
Diagnóstico – Anamnese
● Presença de febre, referida ou medida, incluindo o dia anterior à consulta;
● Data de início da febre e de outros sintomas;
● Presença de sinais de alarme;
● Alterações gastrointestinais (náuseas, vômitos, diarreia, gastrite);
● Alterações do estado da consciência: irritabilidade, sonolência, letargia,
lipotimias, tontura, convulsão e vertigem;
● Diurese: frequência nas últimas 24 horas, volume e hora da última micção;
● Se existem familiares com dengue ou dengue na comunidade, ou história de
viagem recente para áreas endêmicas de dengue (14 dias antes do início dos
sintomas);
● Condições preexistentes que sugerem risco de evolução desfavorável:
● Crianças (< 2 anos) e Idosos (> 65 anos)
● Gestantes
● Comorbidades com potencial de descompensação clínica: obesidade, asma,
diabetes mellitus, HAS, cardiopatia (ICC), DPOC, doenças hematológicas (em
especial anemia falciforme), DRC, hepatopatia, doença cloridropeptica, doenças
autoimune, pacientes em uso de anticoagulante ou antiagregante plaquetário,
imunossupressores, anti-inflamatórios.
● Pacientes em risco social
Diagnóstico – Exame físico geral
Diagnósticos diferenciais
● Síndrome febril: enteroviroses, COVID-19, influenza e outras viroses
respiratórias, hepatites virais, malária, febre tifoide, chikungunya e outras
arboviroses (zika).
● Síndrome exantemática febril: rubéola, sarampo, escarlatina, eritema infeccioso,
exantema súbito, enteroviroses, mononucleose infecciosa, parvovirose,
citomegalovirose, outras arboviroses (mayaro), farmacodermias, doença de
Kawasaki, doença de Henoch-Schonlein, chikungunya, zika etc.
● Síndrome hemorrágica febril: hantavirose, febre amarela, leptospirose, malária
grave, riquetsioses e púrpuras.
● Síndrome dolorosa abdominal: apendicite, obstrução intestinal, abscesso
hepático, abdome agudo, pneumonia, infecção urinária, colecistite aguda etc.
● Síndrome do choque: meningococcemia, septicemia, meningite por influenza
tipo B, febre purpúrica brasileira, síndrome do choque tóxico e choque
cardiogênico (miocardites).
● Síndrome meníngea: meningites virais, meningite bacteriana e encefalite.
Fonte: WHO (2009), com adaptações.
Sinais de alarme!
● Vômitos persistentes;
● Dor abdominal intensa e contínua;
● Lipotímia/ Hipotensão postural;
● Hepatomegalia dolorosa;
● Sangramento de mucosa (epistaxe; gengivorragia);
● Hemorragias (hematêmeses; melena);
● Sonolência em crianças e idosos;
● Choque / hipotensão;
● Redução da diurese;
● Diminuição repentina da temperatura corpórea ou hipotermia;
● Aumento brusco de hematócrito ou plaquetopenia;
● Desconforto respiratório.
A maioria dos sinais de alarme é resultante do aumento da permeabilidade vascular, a
qual marca o início do deterioramento clínico do paciente e sua possível evolução para
o choque por extravasamento de plasma
Classificação
Classificação dos pacientes em grupos por critérios clínico-laboratoriais e presença de
comorbidades para manejo clínico.
Classificação – Estadiamento
Grupo A – Classificação: Dengue
● Caso suspeito de dengue.
● Prova do laço negativa, sem sangramentos.
● Ausência de sinais de alarme.
● Sem comorbidades, grupo de risco ou condições clínicas especiais.
Conduta:
● Exames laboratoriais complementares a critério médico.
● Prescrever paracetamol e/ou dipirona
● Não utilizar salicilatos ou anti-inflamatórios não esteroides.
● Orientar repouso e prescrever dieta e hidratação oral.
Orientações ao paciente:
● Não se automedicar.
● Procurar imediatamente o serviço de urgência em caso de sangramentos ou
sinais/sintomas de alarme.
● Agendar o retorno para reavaliação clínica no dia de melhora da febre (possível
início da fase crítica); caso não haja defervescência, retornar no quinto dia de
doença.
● Notificar, preencher “cartão da dengue” e liberar o paciente para o domicílio
com orientações.
● Orientar sobre a eliminação de criadouros do Aedes aegypti.
● Os exames específicos para confirmação não são necessários para condução
clínica. Sua realização deve ser orientada de acordo com a situação
epidemiológica.
Conduta:
● Solicitar exames complementares: HEMOGRAMA! Outros exames deverão ser
solicitados de acordo com a condição clínica associada ou a critério médico.
● O paciente deve permanecer em acompanhamento e observação até o resultado
dos exames.
● Prescrever hidratação oral conforme recomendado para o grupo A, até o
resultado dos exames.
● Prescrever paracetamol e/ou dipirona
Conduta:
● Iniciar a reposição volêmica imediata, em qualquer ponto de atenção,
independente do nível de complexidade, inclusive durante eventual
transferência para uma unidade de referência, mesmo na ausência de exames
complementares.
Conduta:
● Reposição volêmica (adultos e crianças):
o 20 ml/kg em até 20 minutos - em qualquer nível de complexidade,
inclusive durante eventual transferência para uma unidade de referência,
mesmo na ausência de exames complementares.
● Oxigenioterapia
● Reavaliação clínica a cada 15-30 minutos e de hematócrito em 2 horas.
● Monitorização contínua – leito de UTI
● Repetir fase de expansão até três vezes – de acordo com reavaliação clínica.
● Notificar o caso.
● Após preencher critérios de alta, o retorno para reavaliação clínica e laboratorial
segue orientação conforme grupo B.
● Preencher cartão de acompanhamento.
● Orientar o retorno após a alta.
Dengue grave
Há extravasamento de plasma, levando ao choque ou acúmulo de líquidos com
desconforto respiratório, sangramento grave ou sinais de disfunção orgânica como o
coração, os pulmões, os rins, o fígado e o sistema nervoso central (SNC). O quadro clínico
é semelhante ao observado no comprometimento desses órgãos por outras causas.
Derrame pleural e ascite podem ser clinicamente detectáveis.
● Aumento do hematócrito, quanto maior sua elevação, maior será a gravidade
● Redução dos níveis de albumina
Fase de recuperação
● Reabsorção gradual do conteúdo extravasado com progressiva melhora clínica,
após a fase crítica.
● Complicações relacionadas à hiper-hidratação.
● Nesta fase o débito urinário se normaliza ou aumenta, podem ocorrer ainda
bradicardia e mudanças no eletrocardiograma.
● Rash cutâneo acompanhado ou não de prurido generalizado
● Infecções bacterianas poderão ser percebidas nesta fase ou ainda no final do
curso clínico. Tais infecções em determinados pacientes podem ter um caráter
grave, contribuindo para o óbito.
Confirmação laboratorial
Métodos indicados:
● Sorologia (ELISA) – solicitada a partir do sexto dia do início dos sintomas.
● Detecção de antígenos virais (NS1, isolamento viral, RT-PCR e
imunohistoquímica) – solicitados até o quinto dia do início dos sintomas.
o Se positivos confirmam o caso; se negativos, uma nova amostra para
sorologia IgM deve ser realizada para confirmação ou descarte.
Exames laboratoriais
● Hemograma – principalmente hematócrito – indica hemoconcentração
● Leucograma – leucopenia pode indicar outra infecção viral e leucocitose não
afasta doença
● Plaquetopenia não é fator de risco. A queda progressiva indica que necessita
maior vigilância
Hemograma:
● Hematócrito
● Um hematócrito no início da fase febril indica o valor basal do paciente
● 1º ao 3º dia geralmente normal
● Hematócrito em ascensão – marca o início da fase crítica
● O valor é diretamente proporcional à gravidade
Tratamento
● Tratamento é suporte!
● Orientações na liberação do paciente – sinais de alarme, tempo de observação,
onde procurar atendimento
● Reavaliação na liberação
● Reavaliação programada na APS
● Risco de sobrecarga de líquidos – EAP
● Risco de infecções secundárias
Sintomáticos
Analgésicos:
● Dipirona sódica
≫ Adultos: 40 gotas ou 2 comprimidos de 500mg (1g) até de 6/6horas.
≫ Crianças: 10 mg/kg/dose até de 6/6horas (respeitar dose máxima para peso e idade);
Gotas: 500 mg/ml (1ml = 20 gotas);
Solução oral:50 mg/ml;
Supositório pediátrico:300 mg por unidade;
Solução injetável: 500 mg/ml;
Comprimidos: 500 mg por unidade.
● Paracetamol
≫Adultos: 40-55 gotas ou 1 comprimido (500 a 750 mg) até de 6/6 horas.
≫Crianças: 10 mg/kg/dose até de 6/6 horas (respeitar dose máxima para peso e idade):
Gotas: 200 mg/ml (1ml = 20 gotas);
Comprimidos: 500 e 750 mg por unidade;
Dose máxima: não utilizar doses maiores que a recomendada acima.
O uso destas drogas sintomáticas é recomendado para pacientes com febre elevada ou
com dor. Deve ser evitada a via intramuscular.
ATENÇÃO!
● Os salicilatos, como o AAS, são contraindicados e não devem ser administrados,
pois podem causar ou agravar sangramentos;
● Os anti-inflamatórios não-hormonais (cetoprofeno, ibuprofeno, diclofenaco,
nimesulida e outros) e as drogas com potencial hemorrágico não devem ser
utilizados.
Dengue na criança
● Pode ser assintomática ou apresentar-se como uma síndrome febril clássica viral,
ou com sinais e sintomas inespecíficos: adinamia, sonolência, recusa da
alimentação e de líquidos, vômitos, diarreia ou fezes amolecidas
● O agravamento, em geral, é mais súbito do que ocorre no adulto, em que os
sinais de alarme são mais facilmente detectados.
Dengue na gestante
● Devem ser tratadas de acordo com o estadiamento clínico da dengue.
Vigilância, independente da gravidade, devendo o médico estar atento
aos riscos para mãe e concepto.
● Risco aumentado de aborto e baixo peso ao nascer.
● Gestantes com sangramento, independente do período gestacional,
devem ser questionadas quanto à presença de febre ou ao histórico de
febre nos últimos sete dias.
Resumo:
✔ Casos suspeitos
✔ Sinais de alarme
✔ Acompanhamento por estadiamento
✔ Sempre reclassificar o paciente
✔ Hidratação
✔ 60mL/kg/24 horas – sem evidência de perda de líquido
✔ 20mL/kg/hora – com evidência de perda de líquido
Notificação
Todo caso suspeito de dengue deve ser notificado à Vigilância Epidemiológica, sendo
imediata a notificação das formas graves da doença.
CHIKUNGUNYA
Introdução
!Leptospirose;
!Febre reumática;
!Artrite séptica.
Alterações laboratoriais
As alterações laboratoriais de chikungunya, durante a fase aguda, são inespecíficas:
● Leucopenia com linfopeniamenor que 1.000 cels/mm3é a observação mais
frequente.
● A trombocitopenia inferior a 100.000 cels/mm3é rara.
● A velocidade de hemossedimentação e a Proteína C-Reativaencontram-se
geralmente elevadas, podendo permanecer elevadas por algumas semanas.
● Outras: elevação discreta das enzimas hepáticas, creatinina e
creatinofosfoquinase(CPK).
Chikungunya – manifestações clínicas
Fase subaguda (14 dias a 3 meses):
● Febre desaparece (porém há relatos de recorrência da febre);
● Persistência ou agravamento da artralgia, com poliartrite distal, piora da dor
articular nas regiões previamente acometidas e tenossinovite hipertrófica
subaguda em mãos;
● Síndrome do túnel do carpo pode ocorrer como consequência da tenossinovite
hipertrófica (sendo muito frequente nas fases subaguda e crônica);
● Edema articular de intensidade variável;
● Pode haver: astenia, recorrência do prurido generalizado e exantema
maculopapular, lesões purpúricas, vesiculares e bolhosas, doença vascular
periférica, fadiga e sintomas depressivos.
Tratamento
A dor aguda tratada de forma inadequada é uma das principais causas de sua
cronificação, causando outros sintomas como a depressão, a fadiga e os distúrbios do
sono.
Tratamento - fases subaguda e crônica:
● A medicação padrão para uso oral é a prednisona, para pacientes com dor
moderada a intensa, 0,5 mg/kg de peso/dia, em dose única pela manhã. Manter
até resolução do quadro de dor articular por completo;
● Em caso de remissão completa da dor, manter a dose por mais três a cinco dias;
● Caso não haja recidiva do quadro, iniciar desmame, com retirada de 5 mg a cada
7 dias;
● Para o tratamento da fase crônica da doença, pode ser iniciado a
hidroxicloroquina na dose de 6 mg/kg/dia (dose máxima 600 mg/dia) via oral
(VO), por um período de seis semanas;
● Pode-se usar outros medicamentos para dor crônica.
Atestado Médico
● Atestado médico: mínimo 10 dias;
● Orientar analgesia e repouso;
● Existem evidências de que o repouso é fator protetor para evitar evolução para
fase subaguda.
Gestantes
● Não relacionada a efeito teratogênico
● 49% de risco de transmissão vertical no intraparto
● Não é transmitido por aleitamento materno
Notificação
Notificação compulsória: Todo caso suspeito de Chikungunya deve ser notificado.
Prevenção e Controle
✔ Controle do Vetor
✔ Proteção cutânea –uso de repelentes, mangas compridas e calças compridas,
telas
✔ Viajantes para áreas de risco
ZIKA
Introdução
● Vírus Zika(ZIKV)
● ZIKV isolado pela primeira vez a partir de um macaco Rhesusem 1947, na floresta
Zikade Uganda.
● A primeira infecção humana foi relatada na Nigéria em 1954.
● A febre do Zika é considerada doença emergente desde 2007, mas poucos casos
tinham sido relatados desde então.
● A partir de outubro de 2013, ocorreu uma grande epidemia de ZIKA na Polinésia
Francesa e os primeiros casos autóctones na Nova Caledônia, em 2014.
● 2014 - A circulação do vírus Zika foi detectada no continente Americano, no
Chile, confirmaram o primeiro caso de transmissão indígena do vírus na Ilha de
Easter;
● 2015 – Os casos de infecção pelo vírus Zika foram confirmados no México,
Paraguai, Guatemala, El Salvador, Colômbia, Panamá, Honduras, Ilha de
Santiago, Cabo Verde e na Venezuela.
● 2015 – Primeiros casos Brasil, em meados de abril de 2015, na cidade de
Camaçari, na Bahia.
Transmissão
● Picada da fêmea infectada do mosquito Aedes sp.
● O vírus Zika pode ser encontrado em fluidos biológicos:
!leite materno
!urina
!sêmen
!Saliva
População de risco
Gestantes nos primeiros três meses de gravidez (primeiro trimestre), que é o momento
em que o feto está sendo formado. O risco parece existir também, porém em menor
grau, quando a virose é adquirida no 2º trimestre de gestação. A partir do 3º trimestre,
o risco de microcefalia é baixo, pois o feto já está completamente formado.
Zika na gestação
✔ Orientar medidas de proteção contra o mosquito e controle vetorial: uso de
repelentes, proteger partes expostas do corpo, usar barreiras físicas para o
mosquito, evitar horários e lugares com presença de mosquito.
✔ Toda gestante deve procurar o atendimento médico em caso de rash
cutâneo/exantema.
Notificação
Notificação compulsória: Todo caso suspeito de Zika deve ser notificado.
Zika na gestação: conduta
Gestante com doença exantemática aguda, excluídos outros diagnósticos:
1. Notificação imediata (máximo24 horas) de todos os casos suspeito sde Zika em
gestante: Secretaria Municipal de Saúde ou Secretaria Estadual de Saúde
2. Coleta imediata de amostras de sangue e urina para investigação
3. Sintomáticos e orientações
FEBRE AMARELA
Epidemiologia
● Durante o período de 2022/2023 (até a SE 50) foram notificados 686 eventos
envolvendo primatas não-humanos (macacos) mortos e/ou doentes suspeitos
de Febre Amarela (FA);
● Desse total, apenas duas (0,3%) foram confirmados por critério laboratorial;
● No mesmo período, foram notificados 158 casos humanos suspeitos e nenhum
foi confirmado.
Distribuição geográfica das epizootias em primatas não humanos suspeitas de febre
amarela notificadas à SVS/MS entre 2016 e 2017.
Formas
● Febre amarela urbana (FAU)
● Febre amarela silvestre (FAS)
● Diferenciadas pela localização geográfica, espécie vetorial e tipo de hospedeiro.
Agente etiológico
● Vírus amarílico
● Arbovírus
● Gênero Flavivíruse
● Família Flaviviridae
● RNA vírus
Modo de transmissão
FAS: macaco infectado > mosquito silvestre > macaco sadio -- homem;
FAU: homem infectado > mosquito Aedesaegypti > homem sadio
Período de incubação
Entre 3 a 6 dias após a picada do mosquito fêmea infectado.
Período de transmissibilidade
24 a 48 horas antes do aparecimento dos sintomas até 3 a 5 dias após (período de
viremia);
No mosquito Aedes aegypti o período de incubação é de 9 a 12 dias e então se mantém
infectado por toda a vida.
Introdução
● Doença febril aguda;
● Duração máxima de 12 dias;
● Quadro clínico de gravidade variável: de formas leves até fatais;
● Evolução bifásica (infecção e intoxicação);
Quadro clínico
● Início abrupto;
● Febre alta e pulso lento (S. de Faget);
● Calafrios;
● Cefaleia intensa;
● Mialgias;
● Prostração;
● Náuseas e vômitos;
Diagnóstico
Clínico, epidemiológico e laboratorial;
● Laboratorial: Isolamento do vírus (sangue ou fígado), imunoflorescência ou
sorologia;
● Alterações de enzimas hepáticas e provas de função renal.
Tratamento
Não há tratamento específico
Medidas de suporte:
● Sintomáticos
● Reposição de líquidos
● Repouso
Condutas
● A conduta após a avaliação inicial depende dos achados clínicos e laboratoriais.
● O acompanhamento ambulatorial pode ser feito para pacientes nas seguintes
condições:
✔ Formas clínicas leves ou moderadas.
✔ Paciente em regular estado geral, hidratado ou com desidratação leve, sem
vômitos, sem história ou sinais de hemorragias, com nível de consciência
normal.
✔ Exames laboratoriais normais ou com alterações discretas no hemograma
(leucopenia, plaquetopenia acima de 150.000, hemoconcentração <10% do
valor de referência), transaminases menores que duas vezes o limite superior
da normalidade e bilirrubina menos que 1,5 vezes o limite superior da
normalidade, sem proteinúria, provas de coagulação normais;
✔ Possibilidade de voltar rapidamente ao serviço de saúde se houver piora do
quadro;
✔ Presença de pessoas no domicílio que possam observar sinais de piora
rapidamente.
Condutas – manejo ambulatorial
Diagnóstico diferencial
✔ Formas leves e moderadas se confundem com outras viroses: importante o
vínculo epidemiológico.
✔ Formas graves: hepatites fulminantes, leptospirose, malária, dengue
hemorrágica e sepse.
Vigilância epidemiológica
Notificação: Doença de Notificação Compulsória
Medidas de prevenção e controle da infecção
A vacinação é a principal medida de controle da febre amarela, e durante a ocorrência
de um surto da doença, recomenda-se a vacinação das pessoas não vacinadas que
residem ou vão se deslocar para a área de risco.
Controle de vetores
O controle vetorial pode ser dividido principalmente em:
✔ Controle Biológico;
✔ Mecânico ou Ambiental;
✔ Químico.
CONTROLE DO VETOR!
Referências
AMRIGS - ASSOCIAÇÃO MÉDICA DO RIO GRANDE DO SUL. Aula Virtual | Arboviroses na
Atenção Primária à Saúde. Youtube, 8 abr. 2022. Disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=dANvxNm1gkI&t=3278s
______. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Febre amarela: guia para
profissionais de saúde. Brasília : Ministério da Saúde, 2017. Disponível em:
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/febre_amarela_guia_profissionais_saude.pdf
TELESSAÚDE MS. Web Aula: Atualização e Manejo Clínico da Dengue. Youtube, 27 mar. 2019.
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=5FkfbWh2yAU
33 - ABORDAGEM DE CONDIÇÕES
PREVALENTES NA APS
BRASÍLIA-DF
14/08 a 01/09/2023
MÓDULO DE ACOLHIMENTO E AVALIAÇÃO (MAAV) DO PMMB
28° CICLO DO PMMB
SUBEIXO IV
Doenças e Agravos
TEMA 33
COORDENAÇÃO
Nilson Massakazu Ando
Camila Zamban de Miranda
Frantchesca Fripp dos Santos
ELABORAÇÃO
Camila Zamban de Miranda
Juliana Machado de Carvalho
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
Camilo Sobreira De Santana - Ministro da Educação
Denise Pires de Carvalho - Secretaria de Ensino Superior
Gisele Viana Pires - Diretoria de Desenvolvimento da Educação em Saúde
Francisco de Assis Rocha Neves - Coordenação-Geral de Expansão e Gestão da Educação em
Saúde
Ana Luísa dos Santos Azevedo - Apoio Central do PMMB
Lucas de Souza Porfirio - Apoio Central do PMMB
PNEUMONIA ADQUIRIDA NA COMUNIDADE (PAC)
Infecção do parênquima pulmonar que acomete pacientes fora do ambiente hospitalar ou até
as primeiras 48 horas da sua admissão.
Epidemiologia
Embora o número absoluto de mortes no Brasil tenha crescido devido ao aumento da
população e ao seu envelhecimento, quando a taxa de mortalidade por PAC é padronizada
por idade, observa-se uma queda de 25,5% no período compreendido entre 1990 e 2015.
• PAC é a 2a maior causa de internação hospitalar no Brasil.
• PAC é a 1a causa de morte por doença respiratória.
Etiologia
Streptococcus pneumoniae é o agente mais frequente em todas as formas de apresentação e
de gravidade. Infecções virais (influenza AH1N1) podem ser causa primária de pneumonia,
assim como servir de porta de entrada para bactérias colonizadoras das vias aéreas
superiores. Tuberculose deve sempre ser considerada nos indivíduos com quadro arrastado e
resposta pouco significativa aos antibióticos.
Diagnóstico
Radiografia de tórax:
Ex: Opacidade em lobo médio.
Exames Laboratoriais:
● Geralmente não são necessários;
● Podem auxiliar na definição do local de tratamento:
○ Ambulatorial versus Internação hospitalar
● Hemograma/Plaquetas
● Função renal (pouco valor no diagnóstico)
● Função hepática(pouco valor no diagnóstico)
● Eletrólitos(pouco valor no diagnóstico)
Candidatos à
● Glicemia(pouco valor no diagnóstico) internação
Comorbidades
> 65 anos
Estratificação de risco
Avaliação da gravidade da pneumonia
Limitação do CURB-65 e CRB-65: não inclusão das doenças associadas na estratificação do
risco de óbito: alcoolismo, insuficiência cardíaca e hepática, neoplasia, entre outras.
Tratamento
PAC - Idosos
Considerações Específicas
• A idade é um dos fatores de maior risco para Pneumonia;
Manifestações Clínicas:
● Sutil, atípica: ausência dos sintomas clássicos como febre (ausente em 60% dos casos),
tosse, escarro purulento ou dor torácica;
● A taquipnéia é o sinal mais indicativo de pneumonia no idoso;
● Alteração do estado mental, declínio súbito da funcionalidade, descompensação de
doenças estabelecidas: podem ser os únicos sintomas nos idosos - considerar esses
sintomas para evitar atraso no diagnóstico e início do tratamento;
● Alta incidência de Delirium como forma de apresentação da pneumonia (15 – 50% dos
casos);
● Idosos desidratados: sem crepitações à ausculta respiratória.
Prevenção:
A vacinação e a atuação para modificar os fatores de risco são medidas importantes para
diminuir a morbimortalidade por PAC.
● Vacina antipneumocócica (o real benefício precisa ser melhor estudado);
● Vacina anti-influenza (benefício bem definido).
Recomendação do Ministério da Saúde:
● Vacina anti-influenza em todos adultos acima de 60 anos
● Vacina antipneumocócica nos idosos acamados ou com doenças crônicas.
Tratamento PAC
PAC - Considerações
• No caso de antibióticos que necessitem de diluição, o diluente deve ser água potável
(própria para consumo humano);
• PAC com tratamento ambulatorial devem ser reavaliados a cada dois dias do início do
tratamento antibiótico;
• Deve-se orientar o paciente ou seu responsável que, caso haja piora do quadro, procurar
o pronto-socorro mais próximo de sua casa.
DOR
A Dor é a principal razão para que os pacientes procurem seus médicos. É um sinal de alarme
e pode significar que algum dano ou lesão está ocorrendo. A dor articular é um sintoma muito
comum na APS – um em cada sete atendimentos. Os distúrbios musculoesqueléticos são a
principal causa de incapacidade entre os trabalhadores. Dor representa o motivo de 70% dos
pacientes que procuram o médico. É causa de falta a pelo menos um dia de atividade ao ano,
em 40% dos indivíduos. Ainda é vista como sintoma esperado e relativamente insignificante.
No Brasil ainda não é adequadamente avaliada e documentada. Considerada o Quinto sinal
vital
Entendendo a Dor…
A dor é sempre uma experiência pessoal. Dor e nocicepção são fenômenos diferentes. Através
das suas experiências de vida, as pessoas aprendem o conceito de dor e o relato de uma
pessoa sobre uma experiência de dor deve ser respeitada. Embora a dor geralmente cumpra
um papel adaptativo, ela pode ter efeitos adversos na função e no bem-estar social e
psicológico.
● Resposta fisiológica
● Até 3 a 6 meses
● Sinal de alerta
● Mecanismo de sobrevivência
● Relacionada a lesão tecidual
● Entidade nosológica
● Dor persistente para além do tempo de cura normal do tecido, acima de 3 a 6 meses.
● Pode não apresentar nexo causal
● Neuroplasticidade
Tratamento
● Deve ser centrado na pessoa e no diagnóstico
● Preferencialmente iniciar medidas não-farmacológicas, as quais devem ser mantidas
mesmo em uso de medidas farmacológicas
● O tratamento farmacológico deve ser escolhido conforme:
1. intensidade da dor
2. indicação clínica
3. contraindicações e interações com outros tratamentos
1. Acupuntura
2. Massoterapia
3. Musicoterapia
4. Mindfulness
Medicamentos tópicos
São efetivos e seguros quando utilizados para dores musculoesqueléticas agudas e crônicas
por curto período (até 2 semanas), em casos leves e moderados. Ex: Diclofenaco gel, creme
de capsaicina. Faltam evidências para tratamentos prolongados
Analgésicos não-opióides
PARACETAMOL
DIPIRONA
Opióides
● Codeína, Tramadol – Opióides Fracos
● Metadona, Morfina – Opióides Fortes
● "Opiofobia".
● Segurança comprovada.
● São importantes no arsenal medicamentoso.
● Atenção para os efeitos colaterais.
● Uso prolongado para dor crônica não neoplásica apresentou efeitos colaterais
menores (náuseas e cefaleia), mas efeitos colaterais graves, como adição iatrogênica,
foram raros.
Psicofármacos
● Escolas de coluna
● Treinamento em grupo para a educação do medo
● Educação breve – orientações no próprio ambiente clínico
Classificação
Secundárias
Cefaleia tensional
Características
Critérios Diagnósticos
Critérios diagnósticos - Cefaleia tensional episódica infrequente
Critérios diagnósticos - Cefaleia tensional episódica frequente
Tratamento
Migrânea (Enxaqueca)
● Migrânea sem aura: conhecida como a enxaqueca comum, em que a dor costuma
apresentar duração, características e fenômenos associados típicos, porém não é
acompanhada de sintomas ou sinais neurológicos focais transitórios, como ocorre na
migrânea com aura.
Tratamento da crise
Medidas Não farmacológicas
Recomendações Gerais
Tratamento profilático
DOR MUSCULOESQUELÉTICA
É o sintoma mais prevalente na população geral, podendo acometer mais de um terço das
pessoas, de forma crônica ou recorrente. Entre os adultos os principais motivos de consulta
por dor osteomuscular são lombalgia e artralgia nos joelhos. Entre as crianças, a dor no pé é
a mais prevalente em consultas na APS.
DOR LOMBAR
A dor lombar acompanha o homem desde que este assumiu a postura ereta. Ocorre em mais
de 80% dos indivíduos em algum momento de suas vidas e 7% da população adulta procura
consulta médica por esse motivo. Causa comum de procura por atendimento e segunda maior
causa de ausência laboral. 70 – 80% da população terão ao menos um episódios ao longo da
vida. Apresenta grande impacto social – principal causa de limitação funcional em pessoas
jovens.
Fatores de risco
Classificação
● Aguda: < 6 semanas de evolução;
● Subaguda: 6 – 12 semanas de duração;
● Crônica: > 12 semanas de duração.
Causas
Normalmente teremos a dor lombar inespecífica (80% dos casos). Nos casos específicos
há um evento desencadeante (trauma, movimento específico).
● Causas mecânicas: músculo ligamentar, osteoartrose, hérnia discal, colapso vertebral,
osteoporose, espondilolistese, fratura, alterações congênitas;
● Neoplasias;
● Artrites inflamatórias;
● Infecções: cutâneas, herpes zoster, pielonefrite, entre outras;
● Doenças viscerais (prostatite, endometriose, DIP, nefrolitíase, pielonefrite,
pancreatite, colecistite, úlcera péptica, aneurisma aórtico).
Avaliação Clínica
Origens da Dor Lombar
Abordagem inicial
● Identificar as causas das lombalgias que necessitam de tratamento específico;
● Checar diagnósticos diferenciais;
● Identificar possíveis déficits neurológicos;
● Descartar doença sistêmica como causa;
● Considerar fatores psicossociais que possam amplificar ou prolongar o quadro.
Sinais de alerta
Exames Complementares
● Atualmente grande parte das diretrizes internacionais não indicam quaisquer exames
de imagem na abordagem inicial.
● Exames complementares: devem ser solicitados quando lombalgia sem etiologia
definida e sem melhora após 4 semanas em tratamento.
● Exames bioquímicos e hematológicos: devem ser direcionados de acordo com a
queixa, se suspeita de lesões tumorais, infecciosas, metabólicas ou inflamatórias.
● Exames de imagem: radiografia pode ser uma boa opção para descartar lesões ósseas
graves, especialmente pelo fácil acesso. Observar falso positivo.
● Solicitar se houver suspeita de tumor, trauma ou infecção, ou idade < 20 ou > 50 ou se
a dor estiver presente por mais de dois meses sem melhora com o tratamento.
● Tomografia computadorizada é o método de escolha na avaliação de traumas agudos.
● Ressonância magnética é a melhor opção para avaliação de radiculopatia.
Tratamento
• Melhorar a dor;
• Restauração dos movimentos e atividades diárias;
• Prevenção de recorrências;
• Repouso (geralmente, apenas por alguns dias);
• Para a maioria dos pacientes, a melhor recomendação é um retorno lento e gradual às suas
atividades normais, sem repouso no leito ou exercícios na fase aguda. Essa orientação
acelera a recuperação, mas se deve respeitar a tolerância de cada indivíduo.
• Retornar para reavaliação com duas e quatro semanas realizando exame físico
direcionado ao exame de coluna em cada visita;
• Cirurgia para hérnia de disco geralmente não é indicada. Na maioria das vezes os
pacientes melhoram com tratamento conservador;
SÍNDROME MIOFASCIAL
A dor miofascial é causada por contratura muscular, identificada pelos pontos dolorosos
conhecidos por “pontos-gatilho”. Os pontos-gatilho, localizados em uma banda muscular ou
fáscia, promovem irradiação da dor, piorando a compressão local e frequentemente associada
a sensação de queimação ou agulhamento. As áreas mais acometidas são: região cervical,
peitoral, antebraço, quadríceps, trapézio, romboide, supra e infraescapulares, lombar e
glútea. O tratamento constitui-se em retirar o fator desencadeante, aplicação de calor local,
alongamento, exercício físico, manipulação e agulhamento/infiltração local.
FIBROMIALGIA
● Condição de quadro álgico crônico associado a sintomas como fadiga, distúrbio do
sono, disfunção cognitiva, depressão e ansiedade;
● Afeta 5% da população, sendo mais frequente em mulheres de meia idade;
● Apesar de não ter impacto na mortalidade, mostra-se importante na redução da
qualidade de vida das pessoas acometidas;
● Mecanismo da dor ainda pouco conhecido, sendo a sensibilização central a causa
principal até o momento.
Manifestações Clínicas
● Na maioria das vezes a anamnese e o exame físico não fornecem o diagnóstico, mas
ajudam a direcionar o diagnóstico diferencial;
● Sintomas inespecíficos;
● Dependem da gravidade, velocidade de instalação do quadro, idade, comorbidades;
● Mecanismos de adaptação fisiológica à anemia: aumento do débito cardíaco.
● Aguda – hipovolemia
● Crônica – sintomas decorrem da redução da capacidade de transporte de O2 para os
tecidos:
•Fadiga; •Dispnéia;
•Letargia; • Angina;
•Tontura; • Taquicardia;
•Palpitações;
Exames Complementares
Exames Complementares
Anemias Microcíticas
● Tratamento - reposição oral de ferro por período suficiente para corrigir a anemia e
refazer os depósitos de ferro, junto com boa orientação nutricional e correção da
causa;
● Avaliação de resposta clínica;
● Exames laboratoriais para controle do tratamento: reticulócitos (5 a 10% entre 7 -10
dias), hemoglobina (aumento de 0,5 a 1g/dL por semana).
Tratamento
Anemias Microcíticas - Talassemias
Tratamento – transfusão, ácido fólico via oral, prevenção da sobrecarga de Fe, considerar
esplenectomia e transplante de MO alogênica.
Anemias Normocíticas
VCM 80 a 100
Hiperproliferativas:
Causas:
● Perdas sanguíneas agudas;
● Anemias hemolíticas.
Hipoproliferativas:
Causas:
● Patologias intrínsecas da medula óssea - Anemia aplásica; Leucemias, linfomas e
neoplasias sólidas com invasão da medula óssea; Mielodisplasia;
● Efeito inadequado da eritropoetina - Anemia da inflamação (Doença crônica), Doença
renal crônica; Endocrinopatias;
● Carência de ferro na fase inicial.
Anemias Macrocíticas
Anemia Megaloblástica
● Sinais e sintomas: Língua lisa por atrofia das papilas, parestesias, neuropatia periférica
de predomínio distal, glossite, queilite, diarréia por má-absorção;
● Pode atingir VCM muito alto (>130);
● Causas mais frequentes: Deficiência de vitamina B12 (anemia perniciosa) e/ou ácido
fólico.
Etiopatogenia
● Menor prevalência;
● Reservas de vitamina B12 podem durar até 3 anos no fígado;
● Causas: vegetarianismo estrito, dificuldade de absorção no íleo terminal por
deficiência de fator instrínseco, distúrbios intestinais, Fármacos;
● Medicações: metotrexato, azatioprina, AZT, hidroxiureia, fenitoína, metformina,
anticoagulantes orais, colchicina, trimetoprima.
ASMA
A asma é uma doença inflamatória crônica das vias aéreas inferiores que se caracteriza,
clinicamente, por hiperresponsividade brônquica à diferentes estímulos, com consequente
obstrução ao fluxo aéreo, de forma recorrente e, tipicamente, reversível.
• Quanto a prevalência dos sintomas no Brasil em 2019:
1- adolescentes - 20%
2- 18 a 45 anos - 23%
• Está entre as 20 principais causas de procura pela APS.
• Importante causa de internação hospitalar pelo SUS – mesmo sendo condição sensível à
APS.
• Várias intervenções municipais têm se mostrado eficazes no controle dos sintomas da
asma, reduzindo o número de exacerbações e hospitalizações.
Hospitalizações por ano pelo SUS
Fisiopatologia
Sintomas
• Chiados ao respirar;
• Aperto no peito;
• Falta de ar;
• Tosse seca;
• Respiração rápida e curta;
• Desconforto torácico.
• Muitos estudos mostram ainda que 50 a 80% das crianças apresentam os primeiros
sintomas antes dos 5 anos de vida;
• A coexistência de atopia, crises graves e mais frequentes são fatores de risco para a asma
persistente;
Diagnóstico diferencial
● Em crianças: fibrose cística, doença pulmonar crônica da prematuridade, discinesia
ciliar, más formações congênitas, imunodeficiências;
● Obstrução mecânica de vias aéreas superiores;
● Obstrução de vias aéreas superiores e inferiores;
● Insuficiência cardíaca esquerda;
● Intoxicação exógena por gases irritantes;
● Hiperventilação por ansiedade.
● DPOC – em adultos;
● Refluxo gastro-esofágico;
● Síndrome da tosse crônica das vias aéreas (gotejamento pós-nasal);
● Bronquite eosinofílica;
● Disfunção das cordas vocais;
● Asma ocupacional;
● Outras causas de tosse crônica - tuberculose.
Classificação
● Classificação baseada nos achados clínicos do paciente com asma antes do tratamento.
● Classificação baseada nos níveis de controle do paciente com asma.
Objetivos do tratamento:
● Restaurar a melhor condição clínica possível;
● Controlar os sintomas e permitir atividades normais;
● Manter a melhor função pulmonar possível e prevenir limitação crônica do fluxo aéreo;
● Prevenir a recorrência dos sintomas tratando a inflamação;
● Eliminar interrupções do sono, evitar idas à emergência.
Dessa forma, mesmo quem teve asma na infância e deixou de manifestar sintomas com o
decorrer do tempo, não está livre da hipótese de elas voltarem a aparecer.
Tratamento
“BOMBINHA” É a maneira que as pessoas chamam todas as medicações inalatórias usadas no
tratamento da asma.
Esse nome vem dos primeiros dispositivos que surgiram e ainda existem.
Assim, a bombinha quer dizer o recipiente que é utilizado para armazenar os diferentes tipos
de remédios (broncodilatadores e corticoides inalatórios).
Seguimento clínico
Tratar atopias – em especial rinite
Imunização:
● Influenza anualmente para pessoas com asma moderada ou grave;
● Pneumocócica-23: dose única, com um reforço após 5 anos da dose inicial para pessoas
com asma moderada ou grave;
● Vacinas contra a COVID-19 para todos os pacientes.
Quando encaminhar
● asma em adultos, adolescentes e crianças de 6 anos ou mais que necessitam de
tratamento farmacológico em estágio 5;
● asma em crianças de 5 anos ou menos que necessitam de tratamento farmacológico
em estágio 4; ou
● asma em adultos, adolescentes ou crianças de 6 anos ou mais que que persistem com
sintomas ou exacerbações com o tratamento farmacológico em estágio 4 por pelo
menos 3 meses após revisada adesão e técnica inalatória; ou
● asma em criança de 5 anos ou menos que persistem com sintomas ou exacerbações
em estágio 3 por pelo menos 3 meses após revisada adesão e técnica inalatória; ou
● pacientes com indicadores de risco de fatalidade; ou
● asma lábil (crises que iniciam abruptamente e de forma grave, principalmente quando
o paciente não consegue reconhecer sintomas iniciais da crise).
EXAME FÍSICO
• Temperatura axilar • Frequência Respiratória
• Frequência Cardíaca • PFE
• Estado de consciência / Prostração • Estado geral
• Hidratação • Palidez
• Cianose (não esperar cianose para pensar em gravidade, lembrar que é um sinal tardio de
insuficiência respiratória e não aparece em crianças anêmicas).
• Orofaringe: presença de secreção pós-nasal, sinais de faringite.
• Otoscopia: sinais de otite média aguda?
• Intensidade do esforço respiratório (utilização dos músculos esternocleidomastóideos?)
• Ausculta pulmonar: MV alterado? Sibilos, crepitações, roncos?
• ACV: Arritmia? Sopros? Pulsos periféricos finos?
EXAMES COMPLEMENTARES
● Exame laboratoriais – em casos graves.
● RX em casos excepcionais – em casos graves ou em dúvida diagnóstica.
● Gasometria não deve ser feita de rotina, apenas em pacientes graves.
Manejo da crise
Primeira Linha – Efetividade Importante
Beta 2 de curta – salbutamol base do tratamento 2 a 10 jatos (habitualmente 4 jatos a cada
20mts – com espaçador – avaliar frasco vazio, se o espaçador está completo e com a válvula,
fazer reavaliação constante – uso até o fim da tosse não é necessário desmame
Corticoide sistêmico – uso oportuno para evitar internação
Na 1º hora – pacientes graves ou que usa corticoide inalatório
Na 2º hora – ataque de salbutamol sem melhora satisfatória (melhora parcial) de escolha a
prednisolona 1 a 2 mg/kg/dia por 3 a 5 dias
Oxigenioterapia – nos pacientes com saturação abaixo de 94 ou 92 a critério clinico sempre
titulável de 1 a 3 l/min
Orientações na alta
• Retorno em 24-48 horas;
• Não suspender beclometasona (caso esteja em uso), mesmo quando em uso de corticoide
oral;
• Rever com o paciente / acompanhante as medicações que deverão ser usadas.
Devemos considerar...
● A natureza e a quantidade de problemas de cada pessoa;
● As suas características pessoais, situações de vida, preocupações e medos;
● As características pessoais e as competências clínicas do médico;
● O estilo de prática e funcionamento da equipe;
● As competências comunicacionais e relacionais da equipe;
● Outros fatores contextuais e sociocomunitários.
É um problema? Para quem?
● Perspectivas do médico, de cada membro da equipe, da pessoa, da família, da
comunidade, do sistema de saúde e da sociedade;
● Gravidade da doença e doenças crônicas são causas de visitas frequentes ao médico;
● Quem define a gravidade da doença?
● Pessoas que consultam frequentemente
Como encaramos?
● Hipocondríacos, inconvenientes, hiperutilizadores.
● Na Europa, cerca de 30% das consultas em MFC são induzidas pelos próprios médicos
– pacientes difíceis? Consultas sem o resultado esperado pelo profissional?
● Pacientes com sintomas vagos e inespecíficos, história clínica desorganizada.
● Conflitos culturais – diferentes concepções de saúde. Elementos do médico X do
paciente
DISÚRIA
• Litíase renal;
• Vaginites.
Disúria: investigação
Anatômica
● ITU baixa - engloba a cistite, a uretrite e a prostatite.
● ITU alta pielonefrite.
Por sintomas
● Assintomática – 105 ou mais unidades formadoras de colônias, da mesma bactéria, em
duas ou mais amostras consecutivas.
● Sintomática.
Alterações anatômicas
● Não-complicadas: trato urinário normal.
● Complicadas: anormalidades funcionais ou estruturais. Grande variedade e resistência
de microorganismos.
Epidemiologia
Cistite:
• Dor, desconforto para urinar ou disúria;
• Polaciúria;
• Urgência Miccional;
• Dor suprapúbica;
• Hematúria Macroscópica;
• Urina Fétida.
Uretrite:
• Disúria;
• Polaciúria;
• Secreção uretral.
Pielonefrite:
• Dor no ângulo costovertebral do lado afetado;
• Febre;
• Calafrios;
• Náusea e vômitos;
• Mialgias;
• Sinal de Giordano presente;
• Dor à palpação abdominal profunda.
Prostatite:
• Febre / mal estar;
• Dor ou desconforto perineal / suprapúbico;
• Urgência urinária;
• Secreção uretral.
Idosos e gestantes (apresentação atípica)
Cuidado para diabéticos: a cistite pode evoluir mais rapidamente para complicações que
podem prejudicar a função renal significativamente (sobretudo em mulheres). Os pacientes
podem apresentar apenas como sinal da cistite a bacteriúria assintomática, e outros agentes
etiológicos podem estar envolvidos: fungos, Streptoccocus do grupo B, Klebsiella sp.
Exames complementares
● A probabilidade pré-teste de cistite é superior a 90% em mulheres com disúria e
poliaciúria sem corrimento vaginal. Desse modo, exames de urina rotina (EAS) ou
urocultura agregam pouco na acurácia do diagnóstico de mulheres com sintomas
típicos de cistite e geralmente são desnecessários;
● A análise de urina pode ser útil para apoiar o diagnóstico se a apresentação clínica não
for típica, pois a ausência de piúria sugere um diagnóstico diferente da infecção do
trato urinário;
● A cultura da urina é útil se houver motivos para suspeitar de resistência
antimicrobiana.
• MULHERES:
• HOMENS:
Tratamento
Cistite não complicada
1a escolha:
● Nitrofurantoína 100mg 6/6h por 5 dias;
● Fosfomicina + trometamol 3g dose única;
● Sulfametoxazol 800 + trimetoprima 160mg 12/12h por 3 dias.
Alternativas
● Norfloxacino 400mg 12/12h por 3 dias;
● Amoxicilina 500 + clavulanato 125mg 8/8 por 7 dias;
● Cefalexina 500mg 6/6h por 3 dias.
Pielonefrite
● Dependendo da apresentação clínica, seu manejo deve ser realizado em ambiente
hospitalar;
● Em gestantes: tratamento hospitalar;
● Pielonefrite exige investigação laboratorial (coleta de urinálise e urocultura);
● Sexo masculino, deve-se estar atento à necessidade de investigação de problemas
estruturais no trato urinário com exames de imagem.
Bacteriúria assintomática
● Tratar gestantes e pessoas que serão submetidas a instrumentalização do trato
urinário.
ITU complicada
● Necessária realização de urocultura;
● Avaliar sinais e sintomas que possam indicar hospitalização.
ITU em homens
● É tratada como ITU complicada;
● Deve-se fazer exame de imagem.
Tratamento em crianças
Dicas importantes
Quando encaminhar
● Pessoas em mau estado geral, com risco de sepse ou intolerância para tratamento oral
podem requerer internação para terapia intravenosa e cuidados intensivos.
● Indivíduos com sinais e sintomas sugestivos de obstrução do trato urinário requerem
avaliação urológica imediata com exames de imagem.
Referências
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Disponível em: https://asbai.org.br/editorial-a-conexao-asma-e-alergia-respirando-melhor/
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CORRÊA, R. de A. et al. Carga de doença por infecções do trato respiratório inferior no Brasil,
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