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Enfermagem de Saúde Infantil e Pediatria

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CONTEÚDO

Situação atual da saúde infantil e pediatria ...................................................................................3

Crescimento e a sua Avaliação ................................................................................................... 12

Promover o Desenvolvimento Infantil dos 0 aos 5 anos ´ ........................................................... 24

Alimentação Saudável na Idade Pediátrica ................................................................................. 35

Alimentação Saudável na Idade Pediátrica alimentação em idade pediátrica: Dietas Especiais . 47

A consulta de vigilância de saúde infantil .................................................................................. 53

Hospitalização da criança ........................................................................................................... 56

Particularidades da terapêutica em pediatria ............................................................................... 61

Avaliação e gestão da dor na criança .......................................................................................... 76

Vacinação da Criança e Jovem ................................................................................................... 83

Febre na criança e no adolescente .............................................................................................. 97

Colheitas de amostras para exames microbiológicos ................................................................ 106

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SITUAÇÃO ATUAL DA SAÚDE INFANTIL E PEDIATRIA

A pediatria é a especialidade médica que se preocupa com a saúde física, mental e social
das crianças desde o nascimento até a idade adulta jovem.
Os cuidados pediátricos englobam um amplo espectro de serviços de saúde, que vão desde
cuidados preventivos até ao diagnostico e tratamento de doenças agudas e crónicas. As crianças
distinguem-se dos adultos por características anatómicas, fisiológicas, imunológicas,
psicológicas, desenvolvimentistas e metabólicas.
Saúde infantil e Juvenil Determinantes
• Aleitamento materno;
• Vacinação;
• Diagnóstico precoce;
• Visão;
• Saúde Oral;
• Comportamentos da população infantil e juvenil:
– Hábitos alimentares;
– Atividade física;
– Obesidade e excesso de peso;
– Consumo de álcool;
– Consumo de drogas;
– Consumo de tabaco.

Violência contra crianças


A Prevenção dos Maus-Tratos passou a constituir matéria de abordagem sistemática em
todas as consultas de saúde infantil e juvenil do PNSIJ.
Alguns Indicadores de Saúde Infantil
Taxa de Mortalidade Infantil: Número de óbitos de crianças com menos de 1 ano de idade
observado durante um determinado período, normalmente um ano civil, referido ao número
de nados vivos do mesmo período (habitualmente expressa em número de óbitos de
crianças com menos de 1 ano por 1000 nados vivos (INE).
Taxa de mortalidade Perinatal: Número de óbitos fetais de 28 ou mais semanas de
gestação e óbitos de nados-vivos com menos de 7 dias de idade determinado período de
tempo, observado durante um normalmente um ano civil, referido ao número de nados-vivos
e fetos mortos de 28 ou mais semanas do mesmo período (habitualmente expressa em número
de óbitos fetais de 28 ou mais semanas e óbitos de nados-vivos com menos de 7 dias de idade
por 1000 (10^3) nados-vivos e fetos mortos de 28 ou mais semanas. (INE)

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Taxa de Mortalidade Neonatal: Número de óbitos de crianças com menos de 28 dias de
idade (RN) observado durante um determinado período, normalmente um ano civil, referido
ao número de nados-vivos do mesmo período (habitualmente expressa em número de óbitos
de crianças com menos de 28 dias de idade por 1000 nados-vivos. (INE)
Causas Básicas da Mortalidade Infantil de 2014-2016
Mortalidade < 5 anos

Mortalidade fetal, neonatal e pós-neonatal:


• afeções originadas no período perinatal;
• anomalias congénitas;

Mortalidade 1- 4 anos:
• Sintomas, sinais e afeções mal definidas
• Lesões e envenenamentos

O padrão das causas básicas de morte não apresenta variações relevantes ao longo dos 3
grupos etários estabelecidos: 5 a 9 anos; 10 a 14 anos; 15 a 18 anos;
O maior peso da mortalidade no grupo etário 15-18 anos recai nas Neoplasias e nas Lesões
e Envenenamentos;
Na mortalidade acima dos 15 anos tornam-se muito relevantes as causas de morte
associadas a lesões.

A Organização da Rede de Cuidados de Saúde Infantil em Portugal

Assistência à gravida – assistência ao recém-nascido – assistência à criança


Saúde Infantil e Juvenil
Programa-Tipo de Atuação

Direção Geral da Saúde do Ministério Saúde (DGS-MS)


Regulamenta, orienta e coordena as atividades de promoção da saúde e prevenção da
doença. Através da emissão de normas, orientações e desenvolvimento de programas
Programa de Saúde Infantil e Juvenil
* Decreto Regulamentar nº14/2012, de 26 de janeiro

• Garante da prestação de cuidados de saúde adequados e eficazes


• Uniformização dos cuidados
• Acompanhamento periódico e sistematizado

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• Nascer utente
Projeto «Nascer Utente» permite inscrever os recém-nascidos no Serviço Nacional de
Saúde (SNS), antes da alta hospitalar.
Ao optar por este registo, os bebés ficam também automaticamente inscritos no centro de
saúde e associados ao médico de família da mãe.
A inscrição pode ser feita, após o registo do recém-nascido no Instituto dos Registos e
Notariado (IRN), através do projeto «Nascer Cidadão», que permite registar os bebés logo na
maternidade, sem que os pais tenham de se dirigir a um registo notarial.

O Enfermeiro e Os Cuidados de Saúde à Criança e Adolescente


• Cuidados de Saúde Primários
• Cuidados Hospitalares Pediátricos
• Cuidados Continuados

Vinculação
Vários autores mencionam o tema da vinculação como sendo essencial ao
desenvolvimento da relação RN/pais e à importância do estabelecimento deste vínculo afetivo
logo desde o período pré-natal
Vinculação: Ação de Parentalidade com as características específicas: Ligação entre a
criança e mãe e/ou pai; formação de laços afetivos. (CIPE, versão 2, 2011)

Parentalidade
Em linguagem CIPE (versão2, 2011) a Parentalidade diz respeito ao tomar conta, ao
assumir as responsabilidades de ser mãe e/ou pai, em que os comportamentos são destinados
a facilitar a incorporação de um RN na unidade familiar, em otimizar o crescimento e
desenvolvimento das crianças, onde tem de haver uma interiorização das expetativas dos
indivíduos, famílias, amigos e sociedade, quanto aos comportamentos de papel parental
adequados ou inadequados

Objetivos de um Serviço Pediatria


• Prestar cuidados hospitalares eficientes, seguros e apropriados à criança adolescente
e à família, por profissionais qualificados com conhecimentos e desempenho em
pediatria/saúde infantil.
• Privilegiar sempre o atendimento em ambulatório.
• Ser um espaço amigo da criança e adolescente.

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Orientações Gerais para um Serviço de Pediatria
1. Cuidados Hospitalares:
• Urgência Pediátrica –individualizada e integrada no Serviço ou Departamento de
Pediatria
• Hospital de Dia Pediátrico
• Consulta Externa - destinada a crianças e adolescentes em espaço próprio e ambiente
pediátrico
• Internamento

Internamento /Unidade de cuidados – de todas as crianças e adolescentes até aos 18 anos num
serviço de pediatria seja a patologia, médica ou cirúrgica. ◦ Dos 15 aos 18 anos, o adolescente
pode optar por um serviço de adultos.

Urgência Pediátrica (UP): assegurar a prestação de todos os cuidados, médicos ou cirúrgicos,


excepto se não desejável (ex. gravidez), ou por indisponibilidade de equipamento. A UP deve
incluir:
• Unidade de Internamento de Curta Duração (UICD)
• Evitar internamentos prolongados
• Permitir monitorização e estabilização de crianças/adolescentes em situação clínica
instável
• Sempre que haja necessidade de internamento hospitalar por um período mínimo de
12 h e máximo de 36h

Parceria de cuidados
A Parceria de cuidados constitui uma filosofia de enfermagem pediátrica que reconhece
e valoriza a importância da família no cuidar da criança no hospital. Para SMITH e CASEY,
dois conceitos principais facilitam uma abordagem em parceria:
1) Cuidados centrados na criança e família
2) Cuidados negociados
Os Cuidados à criança e adolescente devem ser prestados em parceria com a família, em
continuidade e complementaridade com os Agrupamentos de Centros de Saúde (ACES) e
Unidades de Saúde Familiar (USF).
As Unidades Coordenadoras Funcionais (UCFs), mantêm-se como a estrutura de suporte
na articulação entre Cuidados de Saúde Primários e Hospitalares, na área Materno Infantil.
Todos os atos médicos e de enfermagem devem ser objeto de registo no Boletim de saúde
Infantil e Juvenil (BSIJ), exceto se se considerar que há necessidade de confidencialidade.

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Promoção da saúde do recém-nascido
Neonatologia – Definições e conceitos. Classificação dos recém-nascidos

Neonatologia (do latim: ne(o) novo; nat(o) nascimento e logia (estudo) 0-28 dias de vida
Recém-nascido: Nado vivo após clampagem do cordão umbilical até 28 dias de vida
Período neonatal: Do nascimento aos 28 dias de vida

Período embrionário– (até à 8ª semana de gestação)


• O SNC é o 1º a iniciar o processo de formação (18 dias após fertilização)
• Tem batimentos 22 dias após a fertilização

Período fetal – (Da 8ª semana até final da gestação)


• Formação de urina – entre a 9ª e a 12ª semana
• Função respiratória – a partir das 22 semanas

Classificação do recém-nascido (em função da idade gestacional)


Recém-nascido de termo: Com idade gestacional (IG) entre 37- 42 semanas
Recém-nascido de pós termo: Nascimento após as 42 semanas
Recém-nascido prematuro: Com IG inferior a 37 semanas
Recém-nascido prematuro precoce: Nascimento entre as 34 e 36 semanas e 6 dias
Recém-nascido de termo tardio: Nascimento entre as 37 semanas e as 38 semanas e 6 dias

Classificação do recém nascido (em função do peso ao nascimento)


Recem nascido com peso normal: Peso ≥ a 2500gramas (g.)
Recem nascido com baixo peso: Peso ≤ 2.500g.
Recem nascido macrossómico: Peso ≥ 4000g

Classificação do recém-nascido (Relação PESO / Idade Gestacional)


LIG - Leve para a idade gestacional (IG) (Peso abaixo do P10 para a respetiva IG)
AIG – Adequado para a IG – Peso entre P10 e P90 para a respetiva IG
GIG – Grande para a IG – Peso acima do P90 para a respetiva IG

Transição fisiológica da vida intra para a extrauterina


Até ao parto:
Circulação fetal
• O feto depende da placenta (O2 e nutrientes);
• Presente baixa resistência vascular da placenta

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• Presente elevada resistência vascular pulmonar;
• Tensão de O2 baixa na placenta;

Circulação neonatal
• Expansão pulmonar;
• Aumento da resistência placentar;
• Aumento da perfusão pulmonar;
• Aumenta o retorno venoso pulmonar para a AE;
• Reduz a pressão na AE;
• Aumento da pressão sistémica neonatal.

Clearance do líquido pulmonar fetal (LPF)


O aumento da tensão de O2 após o parto facilita a ativação dos canais de sódio do alvéolo
pulmonar e a capacidade de promover a reabsorção de LP.
A compressão do tórax no período expulsivo tem papel reduzido

Cuidados de enfermagem ao recém nascido


Avaliar riscos para o rn e ou mãe
• História clínica de enfermagem previa ao parto;
• Vigilância na gravidez;
• Saúde da mãe e antecedentes (inclui consumos de substâncias /medicamentos
/álcool);
• Aspectos sociais;
• Ponderar transporte do RN in útero para maternidade diferenciada.

Cuidados de enfermagem ao recem nascido na sala de partos


A- Preparar ambiente e recursos
Cerca de 10% dos RN necessitam de alguma assistência/intervenção especializada

É Mandatário:
1. Evitar a clampagem precoce do cordão umbilical – risco de hipovolémia
2. Evitar o arrefecimento
3. Observação física sumária
4. Profilaxia da hemorragia por insuficiência de Vit. K
5. Profilaxia da conjuntivite neonatal
6. Promover o vínculo da díade
7. Promover a amamentação

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8. A adaptação à vida extrauterina 4 a 6 horas – avaliar sinais vitais e estado geral de 1/1
hora

Foco de enfermagem: temperatura corporal


• Manter a sala aquecida e sem correntes de ar
• Secar o RN com toalhas previamente aquecidas
• Colocar o RN em mesa aquecida com fonte radiante de calor

Índice de Apgar
0 1 2
Frequência cardíaca ausente <100bpm >100bpm
Respiração ausente irregular Regular, choro
Tónus muscular hipotonia Flexão das Activo (movimentos
extremidades de braços e pernas)
Resposta aos ausente Gemido Choro vigoroso
estímulos
Cor da pele Palidez/cianose Cianose periférica Rosado
central (acrocianose)

Exame Físico
• Postura
• Pele
• Cabeça – contorno, fontanelas, olhos, orelhas, nariz, boca, garganta
• Pescoço
• Tórax: respiração, mamilos, FC, ritmo, choro
• Abdómen
• Órgãos genitais
• Coluna vertebral
• Membros: simetria, tonicidade muscular, reflexos
• Peso
• Comprimento (no dia seguinte ao parto)
• P. Craniano (no dia seguinte ao parto)
• Sinais vitais: FR, FC, Temperatura, TA

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Foco de enfermagem - Segurança
• Identificar inequivocamente o RN
• Na ausência de segurança eletrónica (Recomendada pela DG Saúde em)
• Identificar o RN com: Nome da mãe, Nº processo da mãe/ hora e data do
nascimento/sexo/peso ao nascimento
– A mãe ou pai devem acompanhar o RN de forma sistemática
– Informar sobre segurança do RN

Profilaxia da hemorragia por insuficiência de vitamina k


O RN tem insuficiência- limitado aporte transplantar. Tem dificuldade na metabolização
e baixa reserva hepática: Administrar VIT K intramuscular.

Profilaxia da conjuntivite gonocócica neonatal


Administrar medicamento para profilaxia: Eritromicina ou nitrato de prata

Promover a amamentação ainda na sala de partos


Todos os hospitais devem cumprir as orientações da UNICEF/OMS – Declaração de
Innocenti sobre aleitamento materno.

Critérios para o RN ser colocado junto da mãe


• RN de termo saudável ou prematuro tardio
• Ter peso adequado - >1800 g
• Ter estabelecido boa adaptação à vida extrauterina
• Não apresentar malformações major
• Ter capacidade de mamar
• Mantem a temperatura corporal estável

A transição/adaptação ocorre nas 1ªs 4 a 6 h de vida e neste período, deve se vigiar de 1/1 h:
• Temp (ax)
• FC – 120 a 160bpm
• R – 40 a 60 cpm
• Coloração da pele e mucosas
• Tonicidade muscular
Rastreios e vacinação
Antes da alta, a todos os RC com peso >2000g
• Administrar a Vacina da anti Hepatite B
• Rastreio da acuidade auditiva

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• Rastreio para doenças hereditárias e do metabolismo: diagnóstico precoce, informar
sobre e a data período para o fazer – entre o 3º e 6º dia de vida no Centro de Saúde A
Vacina BCG e a RNs de “risco”, exceto se contraindicada

Planear a alta com os pais – Focos de enfermagem


Para a alta do RN devem estar reunidas condições:
• Ter efetuado exame físico completo na presença da mãe
• Confirmar estabilidade dos S Vitais
• Micções e pelo menos 1 dejeção nas 1ªs 24 horas
• Observação /despiste Icterícia
• Excluídos fatores de risco de infeção ou outro
• Excluídos fatores de risco social e familiar
• Observação da amamentação
• Ter efetuado rastreios e vacinas
• Observação das competências para cuidar do RN

Icterícia
Icterícia é definida como coloração amarela da pele e escleróticas, quando os
níveis de bilirrubina sérica total (pigmento amarelo alaranjado) excedem os 5 mg/dL, pode
manifestar-se logo ao nascimento ou em qualquer altura durante o período neonatal, com início
geralmente na face; com progressão cefalo-caudal, à medida que os níveis de bilirrubina
aumentam.

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CRESCIMENTO E A SUA AVALIAÇÃO

Crescimento normal

Na criança ocorrem paralelamente, dois processos dinâmicos únicos: o crescimento e o


neurodesenvolvimento

Crescimento: Resulta da multiplicação das células ou do aumento do seu volume, que


condiciona incremento do tamanho da criança no seu todo e de cada tecido e órgão em particular

Neurodesenvolvimento: Refere-se a diferenciação funcional, usando-se esta designação


para a progressão das aptidões psicomotoras

Estes dois aspetos, quantitativo e qualitativo, deverão ser sempre corretamente avaliados
em todas as consultas de vigilância pois são importantes indicadores do estado de saúde do
indivíduo.

• O crescimento normal corresponde à progressão de estatura, peso e perímetro cefálico


compatível com as curvas standard para uma determinada população
• A progressão de crescimento deve ser interpretada de acordo com o contexto do potencial
genético da criança
• Crescimento normal – reflexo do estado nutricional e de saúde em geral
• Fundamental distinguir o padrão normal (variantes do normal) do padrão patológico.

Crescimento normal: desde a conceção até à maturidade completa, está dependente:

• Fatores genéticos, hormonais e nutricionais


• Ausência de doença
• Contexto ambiental (influências psicossociais e emocionais)

O papel de cada um destes componentes não é igual em cada uma das etapas do crescimento.

Crescimento Fetal: nutrição materna, fatores placentários, dimensão do útero principal,


regulador o fator de crescimento: insuline-like growth factor 1 (IGF-1).

Crescimento pós-natal
Primeira fase (0-2)
Reguladores de crescimento:
• Fatores genéticos
• Nutrição

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Crescimento inicialmente muito rápido havendo depois progressivamente diminuição da
velocidade. É frequente encontrar crianças com desvios de Percentil – na maioria dos casos
relacionados com potencial genético Hormona de crescimento (HC) tem também uma
contribuição importante neste período, embora não sendo a principal responsável pelo
crescimento.

Segunda fase
São os fatores hormonais que assumem o papel mais importante no crescimento:
• Hormonas tiroideias
• Eixo hipotálamo-hipofisário (HC e IGF-1)
• É um período de estabilidade

Terceira fase (puberdade)


Novo aumento da velocidade de crescimento hormonas sexuais (androgénios e
estrogénios) produzidos pelas gónadas amplificam a ação também importante do eixo HC-
IGF-1 O surto de crescimento inicia-se:
Raparigas≈ 10 anos;
Rapazes ≈12 anos
Fim do processo crescimento: Encerramento das epífises que resulta da ação dos
esteroides sexuais nas cartilagens de crescimento.
Perturbação em algum dos fatores descritos leva a alterações do crescimento onde há
maior relevância se ocorrerem em períodos de crescimento rápido.

Curvas de crescimento
A maioria das crianças saudáveis cresce dentro de um padrão previsível de peso, estatura
e perímetro craniano.
• Conhecimento dos padrões normais de crescimento
• Identificação precoce de desvios patológicos
• Evita investigações desnecessárias em crianças com variantes da normalidade.

Crescimento humano normal → pulsátil (alternando surtos de progressão rápida com


outros mais lentos).
Para avaliar o crescimento de determinada criança comparamo-lo com curvas padrão de
percentis.

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Conceito de percentil e z-score
Percentil (P) indica a posição (ordenação) de cada criança em relação à população padrão,
expectavelmente saudável
P.ex: um menino de 18M cujo peso esteja no P15, estima-se que pese o mesmo ou mais
que 15% dos meninos da mesma idade da população de referência e que pese menos que 85%
desses mesmos rapazes.
Z-score número de desvios-padrão que um determinado valor se afasta da média
Z − score = altura / peso da criança − altura / peso da média para a idade e sexo // desvio −
padrão para idade e sexo.

Curvas de crescimento da OMS


As mais adequadas para monitorizar o crescimento e o estado de saúde infantil, integrando
o Boletim de Saúde Infantil e Juvenil (BSIJ) desde 2013. Contemplam apenas os percentis 3,
15, 50, 85 e 97, que correspondem aproximadamente a -2, -1, 0, +1 e +2 desvio-padrão (DP)
da média populacional.

Identificam menor número de crianças com peso abaixo do P5 no primeiro ano de vida,
já que os lactentes alimentados com LM exclusivo têm ganho ponderal mais elevado nos
primeiros três meses, mas desaceleram a seguir (desaceleração associada a uma
suplementação desnecessária ou ao abandono do aleitamento materno)
Identificação mais precoce de excesso de peso coloca um número superior de crianças
acima do P95, o que pode representar uma vantagem, uma vez que é um problema atual de
elevada prevalência.

Em ambos os sexos, as curvas a utilizar são:


• Comprimento/altura – do nascimento aos 5 anos (A);
• Peso – do nascimento aos 5 A;
• Índice de Massa Corporal (IMC) – do nascimento aos 5 A;
• Perímetro cefálico – do nascimento aos 2 A;
• Altura – dos 5 aos 19 A;
• Peso – dos 5 aos 10 A;
• IMC – dos 5 aos 19 A.

As curvas de percentil da OMS foram construídas a partir de dados antropométricos de


crianças saudáveis de seis países de diferentes continentes (Davis (Estados Unidos), Muscat
(Oman), Oslo (Noruega), Pelotas (Brasil), Accra (Gana) e da região sul de Deli (Índia)), sob
aleitamento materno (LM) exclusivo ou predominante até aos quatro ou seis meses, correta

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diversificação alimentar, cuidados de saúde adequado e beneficiando de condições
ambientais consideradas ótimas. Ou seja, pela primeira vez as curvas vieram traduzir o
crescimento mais próximo do ideal.
Para a sua construção foi considerada a avaliação longitudinal de crianças desde o
nascimento até aos 24 meses, e transversal dos 18 aos 71 meses. As curvas anteriormente
utilizadas, e ainda presentes nos BSIJ das crianças nascidas antes de 2013 (as do NCHS desde
1981 e as do CDC desde 2000) são consideradas menos adequadas, sobretudo por terem sido
construídas com base em lactentes alimentados predominantemente com fórmulas lácteas nos
primeiros meses de vida.
Com base nos valores antropométricos da OMS, o CDC construiu curvas até aos 24M
distribuídos por mais percentis: 2, 5, 10, 25, 50, 75, 90, 95 e 98 (curvas CDC-OMS). Estas
curvas permitem uma detecção mais facilitada de desvios de crescimento, pelo que será com
base nestas curvas que apresentaremos algumas definições.

Avaliação do crescimento
Medidas antropométricas mais usadas para avaliação do crescimento:
• Peso
• Estatura (comprimento e altura)
• Perímetro craniano

– Determinação deve ser sempre efetuada de forma correta (verificar se foi correta)
– Valores registados no BSIJ e nas curvas de percentis relativas à idade e sexo

Para uma correta interpretação, é indispensável conhecer os limites da normalidade,


identificando os períodos de maior velocidade de crescimento.
A apreciação do crescimento não deverá ser feita com base num valor isolado, sendo
fundamental a avaliação longitudinal.
Por exemplo uma criança que cresce regularmente num percentil baixo, p.ex. P5, tem
menor probabilidade de ter doença do que outra que anteriormente crescia no P75 e cruzou
percentis até ao P5.
Mais tranquilizador uma criança que cresce regularmente num percentil baixo mas
apresenta boa vitalidade e exame objetivo normal, do que outra com a estatura e o peso
próximo da média mas com sinais ou sintomas de doença.

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Peso
O recem nascido de termo pode perder ate 7 a 10% do peso de nascimento nos primeiros
dias de vida. Nos recem nascidos normais a perda de peso cessa pelo 5º dia. Habitualmente
recupenam o peso de nascimento pelos 10 a 14 dias de vida.
Primeiros 6 meses o aumento media diário é de 20 a 30 gramas por dias. Anormal se o
aumento for menor que 20g por dia no 1 semestre e se o aumento for menos que 10g por dia
no 2ºsemestre.

Crescimento ponderal progressivamente mais lento- investigar cuidadosamente quando


aumento ponderal seja <1Kg/ano.
Para determinação correta do peso, é necessário que a criança pequena esteja despida e
sem fralda, considerando uma variação de 10g; nas outras, manter apenas a roupa interior e a
variação a considerar é de 100g.
• Registar BSIJ
• Sensível a alterações nutrições agudas
• Reflete variações não nutricionais, desidratação, edema

Estatura
• Ao nascimento, um RN de termo mede em média 50 cm
• Primeiros anos de vida = uma etapa de crescimento rápido

Para o crescimento linear, os dois primeiros anos de vida são um período de ajuste de
acordo com o potencial genético, podendo encontrar-se uma mudança de percentil em quase
2/3 das crianças normais (considerando os percentis 5, 10, 25, 50, 75, 90 e 95).
Por exemplo: 1/4 das crianças cruza duas linhas de percentil; 1/10 pode cruzar até 3 linhas
de percentil.
Após os dois anos e até à puberdade, é de esperar que a criança cresça sempre dentro do
mesmo canal de percentil.
Se houver um crescimento inferior a 5cm por ano a criança deve ser devidamente
avaliada! Para calcular a velocidade de crescimento (em cm por ano) em crianças com mais
de dois anos é necessário considerar um período de pelo menos seis meses Antes do surto de
crescimento pubertário pode ocorrer uma desacelaração da velocidade de crescimento.

Medição do comprimento: efetuada em crianças com idade inferior a dois anos em decúbito
dorsal, utilizando um pediómetro sobre uma superfície.
Medição da altura (posição ortostática): usando uma régua de parede ou estadiómetro.

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Estima-se que os fatores genéticos contribuam com cerca de 80% para o crescimento
estatural, sendo assim indispensável conhecer a estatura (E) de cada um dos progenitores,
para fazer uma previsão da estatura final da criança.
O cálculo da estatura alvo familiar (EAF) permite avaliar se a criança está a crescer dentro
do seu potencial genético:
• Estatura alvo rapaz = (E mãe + E pai)/2 + 6,5 (cm)
• Estatura alvo menina = (E mãe + E pai)/2 – 6,5 (cm)~
• Ao valor obtido considera-se um intervalo de +/- 8,5 cm, correspondente ao desvio
padrão.
Em crianças com aceleração ou atraso do crescimento estatural poderá ser útil a
determinação da idade óssea (IO).

Perímetro Craniano
Avaliação do PC → até aos 3 anos de vida tamanho do crânio reflete o crescimento do
cérebro. Cérebro atinge cerca de 50% do seu tamanho final pelo 6º mês e 80% antes dos 5
anos. Deve ser sempre também efetuada a avaliação das fontanelas grande variabilidade
individual no seu tamanho e idade de encerramento.
Fontanela Anterior: Encerra na maioria dos casos entre os 10 e os 24M. Em algumas crianças
saudáveis pode estar ocluída aos 4M ou só encerrar aos 26M.
FA demasiado grande: Aumento da PIC Hipotiroidismo Displasias ósseas.
Encerramento precoce FA: Craniossinostose Hipertiroidismo Desenvolvimento cerebral
anómalo.
Fontanela Posterior: Pequenas dimensões ao nascimento (inferior à polpa do indicador)
Encerra entre 4ª e 8ª semanas de vida.

Avaliação Nutricional
Para além da análise do trajeto das variáveis peso e comprimento/altura individualmente,
devemos também relacioná-las entre si, em índices - forma de avaliar o estado nutricional da
criança (p.ex: uma criança com baixo peso para a idade mas com uma baixa estatura, será
diferente de outra com baixo peso para uma estatura média (magreza)).

IMC
• Deve ser utilizado para rastreio nutricional;
• Varia durante a idade pediátrica com a idade e o sexo pelo que não deve ser
considerado o seu valor absoluto como no adulto - utilizar curvas de percentis IMC
• Muito útil no seguimento de crianças com excesso de peso e obesidade

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Segmentos corporais
Crescimento = processo dinâmico
Proporções dos diferentes segmentos do corpo vão-se modificando.
Segmento inferior (SI): distância entre o limite superior da sínfise púbica e a superfície
plantar.
Segmento superior (SS): diferença entre o comprimento ou altura e o segmento inferior.
Crescimento normal – a relação SS/SI diminui progressivamente até à puberdade.

Dentes
Erupção da dentição primária (dentes de leite) é tipicamente bilateral e simétrica
(variabilidade individual e familiar).

Incisivos centrais mandibulares - Incisivos centrais maxilares - Incisivos laterais - 1ºs


molares - Caninos - 2ºs molares

A erupção dos 20 dentes que constituem a dentição primária fica completa pelos 30 meses
Não é considerado anormal a ausência de dentes até aos 15 meses, mas após esta idade
deve ser considerado para estudo.
Os sinais e sintomas frequentemente referidos como associados à erupção dentária, como
a febre ou a diarreia, não deverão ser atribuídos aos dentes, mas a prováveis infeções.
A queda da dentição primária, com surgimento da definitiva, inicia-se por volta dos 6
anos, ficando então a dentição de 32 dentes completa.

Alterações do crescimento
Considera-se que uma criança tem um crescimento normal, quando os valores se
encontram entre o P5 e P95 (ou P3 e P97) e tem uma velocidade de crescimento regular, isto
é, segue um trajeto paralelo às curvas de percentis.
Atenção: numa população considerada saudável 5% das crianças terá valores abaixo do
P5, traduzindo este valor, na maioria dos casos, uma caraterística constitucional.
Probabilidade de estar presente uma perturbação de crescimento é superior, uma vez que
os valores extremos, afastados da média são raros, logo com maior probabilidade de serem
“valores anómalos”!!
• Observação da trajetória do crescimento nas curvas de percentis → ajuda a distinguir
diferentes tipos de crescimento desajustado
• Peso, estatura e PC deverão ser sempre analisados em conjunto e considerados de
acordo com o potencial genético da criança, nomeadamente através do cálculo da
estatura alvo.

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A maioria das crianças com RCIU acelera o crescimento nos primeiros anos de vida e
recupera o crescimento até aos 2 anos.
Prematuros → fenómeno é mais lento podendo prolongar-se até aos 4 anos.

• Crescimento de recuperação (catch-up growth) não parece ser isento de


complicações, sobretudo se o ganho ponderal for rápido nos primeiros anos de vida.
• Na fase de restrição intrauterina de nutrientes desenvolveram-se mecanismos
adaptativos, desajustados ao ambiente de abundância nutricional após o nascimento.
• Aumento do risco de complicações metabólicas futuras, tal como, obesidade,
intolerância à glicose, insulinorresistência, diabetes mellitus tipo 2, dislipidémia e
doença cardiovascular.

Evolução insuficiente do peso e apetite (ou a falta dele) são as principais preocupações dos
pais nas consultas de saúde infantil.
IMPORTANTE: distinguir a criança magra de criança desnutrida!!
Magreza constitucional
• criança com boa vitalidade, apetite normal e ausência de sinais de doença
• embora com uma relação P/E
• geralmente de uma caraterística familiar
• observa-se uma velocidade de crescimento normal nas curvas de crescimento

Anomalias de peso - MPP

Para identificar a causa de MPP, é necessário perceber que a nutrição adequada depende do
balanço entre o aporte fornecido, a absorção e a utilização dos nutrientes, as perdas urinárias
ou gastrointestinais e as necessidades metabólicas do organismo

Historia clínica

Avaliação da • Qualidade Atitude perante os alimentos:


alimentação atual • Quantidade
• Apetite
(ingesta) • Forma de preparação
• Recusa
• Horário
• Preferências
• Ambiente em que é feita
• Restrições alimentares
a refeição
• Relação com texturas

19
• Suspeita de alergias
• Vegetarianismo

Perdas anómalas • Tolerância alimentar (vómitos ou regurgitações)


• Caraterísticas das dejeções e micções

Sintomas gerais • Febre e astenia

Revisão dos vários • Identificar sinais ou sintomas orientadores de doença orgânica


aparelhos e específica subjacente
sistemas

Antecedentes pessoais

Fatores de risco para • Prematuridade


MPP • RCIU
• Exposição intrauterina a etanol ou fármacos
• Doenças crónicas existentes que possam afetar a ingestão,
absorção ou consumo excessivo de energia
• Infeções frequentes ou com um percurso invulgar que
podem indicar imunodeficiência

Avaliação do
neurodesenvolvimento e
comportamento

Défices neurológicos Mesmo que ligeiros, podem interferir com a capacidade da


criança se alimentar

Caracterização do Situações de pobreza, abuso de álcool e drogas, depressão


ambiente socio-cultural parental, conflitos familiares, estilo parental mal adaptativo →
causas importantes de aporte nutricional desajustado

Exame objetivo

Sinais de desnutrição Diminuição das massas musculares e das pregas glúteas


Dermatite, queilite, hepatomegalia e edema

Sinais de défices específicos Palidez cutâneo-mucosa e cabelo quebradiço na anemia

20
Sinais de doença de base Distensão abdominal nas doenças com malabsorção →
doença celíaca Alterações da auscultação pulmonar →
fibrose quística

Dismorfismos típicos → algumas doenças genéticas


Lesões sugestivas de negligência ou maus tratos

O tratamento da MPP deverá ser sempre específico, dependendo da causa identificada.


Se após análise da trajetória do crescimento ponderal, não parece haver anomalias e o
exame objetivo for normal a família deve ser tranquilizada, evitando a alimentação forçada ou a
prescrição indiscriminada de suplementos nutricionais ou vitamínicos.
É necessário reforçar os princípios de uma dieta saudável e comportamento alimentar
adequado:
• qualidade e variedade dos alimentos
• respeito pelo horário das refeições e pelo apetite
• não substituir refeições, nomeadamente com produtos lácteos
• evitar conflitos à refeição
Obesidade e Excesso de peso
No outro extremo dos problemas de peso temos o excesso de peso e a obesidade, cuja
prevalência tem vindo a aumentar em todo o mundo condicionando o aparecimento em idade
pediátrica de doenças outrora só encontradas no adulto, como:
• hipertensão
• insulinorresistência
• diabetes
• dislipidémia
Na maioria dos casos de obesidade (95 a 99%) a causa é primária ou nutricional e resulta
de uma predisposição genética fortemente favorecida pelo desequilíbrio entre o aporte, que é
excessivo e/ou inadequado, e o consumo energético, que é baixo. Geralmente uma estatura acima
do P50 ou superior à estatura alvo familiar na fase de crescimento, embora a estatura final venha
a ser a esperada. Sobretudo nas raparigas, pode observar-se também uma idade óssea aumentada
e um desenvolvimento mais precoce da puberdade.
História clínica
• descrição da evolução do crescimento
• inquérito alimentar: refeições, qualidade, quantidade, ambiente
• atividade física: desporto escolar e extracurricular, tempos livres, tempo de exposição ao
ecrã
• hábitos de sono

21
• história psicossocial: imagem corporal, rendimento escolar, bullying, contexto familiar
• revisão da semiologia por sistemas orgânicos que permita identificar eventuais
comorbilidade.
Antecedentes pessoais: Fatores de risco para obesidade diabetes gestacional baixo peso de
nascimento macrossomia ao nascer
Antecedentes familiares: obesidade, diabetes mellitus tipo 2 (DM2), hipertensão arterial (HTA),
dislipidemia, doença cardiovascular precoce
Exame objetivo
• HTA
• acantose nigricans
• estrias
• adipomastia
• hepatomegália
• hirsutismo
• dismorfismos.
Principais comorbilidade associadas à obesidade em pediatria são:
• Psicológicas: baixa auto-estima isolamento social depressão
• Endócrinas: insulinorresistência e DM2 - na obesidade grave
• HTA
• Dislipidémia
• Esteato-hepatite não alcoólica
Avaliação analítica: Colheita de sangue após jejum de 12 horas
• Perfil lipídico
• Glicose e insulina
• Transaminases

Tratamento da obesidade primária.


Prescrição de hábitos saudáveis alimentares e de atividade física. É fundamental
estabelecer um plano alimentar individualizado, equilibrado, com refeições frequentes, limitando
o tamanho das porções, excluindo alimentos de elevada densidade energética (ex. bebidas
açucaradas, doces, snacks). Devem limitar-se as atividades sedentárias.
Uma vez que a criança está em crescimento, o objetivo da intervenção pode não ser a
perda de peso, mas tão somente a sua manutenção, sobretudo na criança mais jovem, o que levará
só por si à normalização do IMC.

22
Anomalias do PC
O perímetro craniano (PC) deve ser sempre relacionado com a estatura da criança uma
criança pequena terá provavelmente uma cabeça mais pequena que uma criança grande.
Considera-se macrocefalia e microcefalia, respetivamente, quando relativamente à média para
idade e sexo o valor do PC é superior (P97) ou inferior (P3) a 2DP
Macrocefalia pode ser causada pelo aumento de qualquer um dos componentes do crânio
(cérebro, LCR, sangue ou osso) e pelo aumento da pressão intracraniana. Em muitos casos, uma
cabeça grande é uma caraterística familiar (macrocefalia familiar) fundamental avaliar o PC dos
pais e irmãos, está associada em muitos casos a megalencefalia ou a alargamento benigno do
espaço subaracnoideu - cabeça grande desde o nascimento ou um cruzamento ascendente de
percentis nos primeiros seis meses de vida, seguindo posteriormente uma progressão paralela.
Macrocefalia deverão ser concomitantemente sempre avaliados:
1. neurodesenvolvimento
2. tensão das fontanelas
3. espaço entre os bordos ósseos (diástese das suturas - bordos ósseos afastados)
4. sinais e sintomas de hipertensão craniana
A evidência de alterações a este nível sugere patologias como: hidrocefalia hemorragia
outras lesões intracranianas (como tumores, abcessos e doenças genéticas e metabólicas com
envolvimento cerebral)
Microcefalia pode também ser uma caraterística familiar, mas mais frequentemente está
associada a perturbação do crescimento cerebral, devem ser consideradas na sua base agressões
do desenvolvimento cerebral por:
1. causas genéticas cromossomopatias, distúrbios monogénicos,
microdeleções/duplicações, síndromes genéticos e metabólicos
2. causas adquiridas agentes teratogénicos, infeciosos, lesões do parto, acidentes vasculares
cerebrais, eventos traumáticos como os maus tratos, ou ainda ser provocada por
encerramento precoce das suturas cranianas (craniossinostose).
Na maioria dos casos existe uma associação com clínica neurológica ou perturbação do
neurodesenvolvimento devendo ser referenciados para consulta de Neurodesenvolvimento.

23
PROMOVER O DESENVOLVIMENTO INFANTIL DOS 0 AOS 5 ANOS ´

O que é o Neurodesenvolvimento de uma criança?


“Processo progressivo de aquisições de competências psicomotoras e comportamentais,
cada vez mais complexas, que lhe permita vir adquirir autonomia pessoal, doméstica e social, com
plena adaptação ao meio social e cultural em que vive”
Genética (nature) - Ambiente (nurture)
Necessidades físicas:
• Alimentação
• Higiene
• Atividade e Repouso
• Roupas
Necessidades psicológicas:
• Afeto
• Segurança
• Modelos
• Oportunidades de aprendizagem
• Identidade pessoal
Neurodesenvolvimento
É necessário monitorizar o desenvolvimento e rastrear para a presença destes problemas
em consultas de rotina, principalmente na infância precoce.
Vigilância, monitorização ou “developmental surveillance”:
• Processo contínuo e flexível de observações qualificadas, nas consultas de rotina, sem ter
que recorrer a testes;
• Não permite reconhecer anomalias ligeiras e mesmo moderadas em cerca de dois terços
dos casos.
Rastreio ou “developmental screening”:
• Subentende a aplicação de um teste breve, desenhado para identificar problemas
específicos desta área, em idades consideradas chave para o efeito.
A idade de aquisição de determinadas competências psicomotoras e atitudes
comportamentais, apesar de conhecida a sua progressão natural, apresenta uma enorme
variabilidade. 15 a 20% das crianças sofre, alguma perturbação do neurodesenvolvimento.
Desenvolvimento do sistema neuromuscular é determinado por fatores genéticos e moldado por
influências ambientais.

24
Áreas do neurodesenvolvimento
• Motricidade grosseira
• Linguagem e Audição
• Manipulação e Visão
• Social, Emocional e Comportamental
Postura e motricidade global
• Depende essencialmente da maturação e mielinização do sistema nervoso, de um sistema
motor e sensorial funcionante
• Depende pouco do estímulo do meio ambiente e tem pouca correlação com a inteligência
futura
• Progressão cefalo-caudal/ musculatura proximal → distal
Visão e motricidade fina
• Tem por base a visão, a coordenação óculo-manual (motricidade fina) e a sua integração
a nível cognitivo para resolver problemas, e desempenhar tarefas
• É uma das áreas que mais se correlaciona com a capacidade intelectual
Audição e linguagem
O atraso, simultâneo, nas aquisições da linguagem e visuomotoras sugere uma
perturbação do desenvolvimento intelectual ou défice intelectual. Função que mais se
correlaciona com o nível intelectual futuro.

Comportamento e adaptação social


• Depende largamente de fatores ambientais

Rastreio do neurodesenvolvimento
O uso de para avaliar o desenvolvimento baseia-se em comportamentos discretos que se
pode observar ou inferir como presentes através da colheita da história com os pais
Comportamentos evoluem numa sequência uniforme dentro de intervalos estários
específicos.
A aquisição de diferentes capacidades num modo não sequencial desvio do
desenvolvimento, é habitualmente sinal precoce de patologia. Bem definidos até aos 6 ANOS.
Diferenças significativas entre áreas (> 15%) com velocidades de aquisição não
uniformes – dissociação entre áreas – sugerem a presença de patologia específica.
Quando a velocidade de desenvolvimento global é uniforme, mas anormalmente lenta,
afastando-se entre dois ou mais DP abaixo da media, consideramos estar presente uma situação
clínica de atraso global do desenvolvimento psicomotor (AGDPM).

25
Neurodesenvolvimento
A idade média (mediana) de aquisição de determinada capacidade é aquela em que
metade da população padrão, dessa idade, adquiriu essa competência. Ex: A idade média em que
se espera que uma criança ande sem apoio é aos 12 meses de idade cronológica, o que significa
que até aos 12 meses, 50% dos lactentes adquire a marcha.
A idade limite de aquisição de determinadas competências situam-se ao nível de 2 DP
afastados da média. Nos prematuros, a idade a considerar na avaliação do DPM deve ser a idade
corrigida até fazerem 2 anos.
Como avaliar? Recomenda-se o uso de instrumentos estandardizados para deteção de distúrbios
do desenvolvimento, como parte sistemática das consultas de promoção de saúde infantil.

Técnica de avaliar o neurodesenvolvimento


Kit padronizado, disponível no mercado referente à aplicação da “Escala de Avaliação das
Competências no Desenvolvimento Infantil” dos 0 aos 5 anos.
• Uma bola pendente (pequena, tipo pompom, com fio).
• Uma sineta e/ou roca.
• 10 cubos (dimensões 2.5 x 2.5 cm), coloridos (amarelo, vermelho, verde e azul).
• Bolinhas pequenas (smarties, passas de uva, bolinhas de enfeitar bolos).
• Boneca.
• Colher, garfo e escova de cabelo de pequenas dimensões (brinquedos).
• Livro com gravuras.
• Copo/caneca com asa.
• Bola pequena com diâmetro de 5 a 6 cm, maleável.
• Painel com 10 cores + cartões de correspondência (azul escuro, laranja, roxo, preto,
amarelo, cor-de-rosa, verde, castanho, vermelho e azul-claro).
• Papel e lápis para o grafismo.

Algumas orientações:
• Ambiente calmo
• Falar com os adultos até que a criança relaxe
• Perguntar aos pais sobre as aquisições e as preocupações
• O examinador deve colocar-se ao nível da criança: (ambos no chão; com a criança sentada
na mesa à sua frente)
• A avaliação deve ser iniciada pela área da visuomotricidade.
• A avaliação da linguagem surgirá no diálogo espontâneo.

26
Período neonatal
Reflexos primitivos
Reflexo de Moro
• Com a criança apoiada provoca-se subitamente ligeira queda da cabeça, resultando em
adução dos membrossuperiores e abertura das mãos, seguida de adução e flexão. Os
membros inferiores respondem em flexão.
Reflexo de sucção e procura (pontos cardeais)
• Estimulando a região perioral com os dedos, observa-se direcionamento da boca, cabeça
para o lado estimulado.
Reflexo de sucção
• Com objetos no interior da boca, o recém-nascido responde com vigorosa sucção.
Reflexo atónico assimétrico cervical
• Virando a cabeça do lactente para um lado, observa-se a extensão ipsilateral do braço e
perna – Postura de esgrima.
Reflexo de preensão palmar
Reflexo da marcha automática
• Simula marcha quando os pés estão apoiados numa superfície firme

Movimentos assimétricos ou tónus/função muscular alterados podem indicar alteração


significativa do SNC ou paralisia nervosa decorrente do parto. Um reflexo de Moro assimétrico
pode evocar fratura da clavícula, fratura do úmero ou lesão do plexo braquial. avaliação
aprofundada.
Reflexos primitivos são únicos no período neonatal. Podem elucidar ou excluir suspeitas
relativamente a funções assimétricas.

Reflexos de proteção
Paraquedas
• Segurando a criança pelo tronco e inclinando-a subitamente na direção do chão, observa-se
extensão e abdução dos braços e pernas e abertura das mãos.
Proteção lateral
• Provoca-se desequilíbrio lateral quando a criança está sentada e observa-se extensão do
braço e mão evitando a queda.

Sinais de doença grave do sistema nervoso central


• Persistência dos reflexos arcaicos do recém-nascido para além do primeiro trimestre de vida
• Ausência dos reflexos posturais (proteção lateral e paraquedas) após os 7 a 8 meses

27
Avaliação psicossocial
Ansiedade do estranho
• Desenvolve-se entre os 9 e 18 meses.
• Criança torna-se insegura com a separação do cuidador. Com vinculação segura, este período
ambivalente pode ser mais curto e menos tumultuoso.
Desenvolvimento da autonomia na infância
• 2-3 anos Idade de aquisição de competências motoras, sociais e cognitivas importantes.
• Estabelecimento de limites é importante para o equilíbrio da indepêndencia emergente da
criança.
1-2 Meses
Decúbito ventral – levanta a cabeça Sentado - Ausência de tentativa de controlo da
Decúbito dorsal – mobilidade dos membros cabeça
simétrica A pé - Hipertonia dos membros inferiores
Sentado – tenta controlar a cabeça, dorso
arqueado e mãos fechadas
Suspensão ventral - cabeça alinhada com o
corpo e membros semi-fletidos
Segue uma bola pendente a 20-25 cm em ¼ de Nunca segue a face humana
círculo
Volta-se para fonte sonora a 15 cm Não reage ao som
Fixa a face da mãe quando mama Não se mantém em situação de alerta, nem por
Sorriso social (desde 4-6 sem.) breves períodos
Chora (desconfortável) e sons guturais
(prazer)

3-4 Meses
Colo – segura a cabeça Não controla a cabeç
Decúbito ventral – levanta a cabeça e apoia-se a Membros rígidos em repouso
nos antebraços Assimetria dos membros
Decúbito dorsal – postura simétrica Movimentos pobres
Pé - flete os joelhos, não faz apoio
Segue com o olhar e pestaneja em defesa Não fixa nem segue com o olhar a um palmo
Consegue fazer convergência de olhar de distância
Segue bola ½ e horizontal Mãos quase sempre fechadas
Brinca com as mãos abertas, juntando-as na
linha média do corpo

28
Segura um guizo colocado na mão e move-o em
direção à face
Reage a sons suaves alterando a atividade Sobressalta-se com ruídos
Tenta voltar-se para a fonte sonora
Sorri quando se fala com ele Não sorri
Interessa-se pelo ambiente Irritabilidade quando se toca
Tem boa resposta social

6 Meses
Segura bem a cabeça Ausência de controlo da cabeça (hipotonia
Mantém-se sentado com apoio axial)
Decúbito dorsal – levanta a cabeça (aumento do Membros inferiores rígidos e faz passagem
tónus axial) direta à posição de pé quando se tenta sentar
Consegue levar o pé à boca (perda do (hipertonia distal-espasticidade)
predomínio do tónus em flexão dos membros Assimetrias
inferiores) Abdução limitada das coxas (inferior a
Decúbito ventral – apoia-se nas mãos, com os 150°)
membros superiores em extensão
Pé - mantém as pernas em extensão, suporta o
peso e tenta saltar (perda do predomínio do
tónus em flexão dos membros)
Apresenta boa convergência ocular (estrabismo Não se interessa por objetos
anormal) Não pega em objetos
Repara em objetos pequenos (smarties) Estrabismo
Consegue apanhar um objeto com ambas as
mãos (preensão palmar e cubital)
Leva objeto à boca e transfere de uma mão para
a outra
Ainda não procura o objeto que cai
Vocaliza sons mono e dissílabos (galreio) Não galreia
Volta-se a sons a 45 cm Não reage a sons
Muito ativo, atento e curioso Tem desinteresse pelo ambiente
Dá gargalhadas
Agita-se à vista dos alimentos

29
9 Meses
Já se senta sozinho e mantém-se sentado 10-15 Não se senta
min. Permanece sentado e imóvel sem procurar
Apanha objetos colocados atrás Põe-se de pé mudar de posição
com apoio, mas não se consegue baixar
Rasteja
Apanha objeto pequeno com o indicador e Assimetrias
polegar (pinça digito-polegar) Não tem preensão palmar
Leva tudo à boca Não leva objetos à boca
Atira objetos ao chão deliberadamente e depois
procura-os
Aponta com o indicador para objetos ou foco de
interesse distante
Tem atenção rápida para sons próximos e Não reage aos sons
distantes Vocaliza monotonamente
Localiza sons suaves a 90 cm (1ºabaixo e depois Perde vocalização
acima do nível do ouvido)
Imita sons ou gestos do adulto
Come pela sua mão (bolachas ou pão) Desinteressado na relação com familiares
Mastiga Não imita
Distingue familiares de estranhos Receio de
desconhecidos
Faz gracinhas e imitação de comp. sociais

12 Meses
Anda só ou pela mão Não se põe nem se mantém de pé
Sentado roda 180° Não se desloca
Levanta-se sozinho
Gatinha
Explora com energia os objetos, cede-os Não pega nos brinquedos ou fá-lo só com
Atira-os sistematicamente ao chão uma mão (preferência manual)
Procura um objeto que viu esconder
Tem interesse visual para perto e longe
Resposta rápida aos sons suaves, mas habituase Não responde à voz
depressa
Dá pelo nome e volta-se

30
Compreende ordens simples verbais (sem
gestos)
Tem jargão (vocalização com entoação mas
palavras não percetíveis)
Diz uma palavra com significado
Bebe por copo com ajuda Não brinca nem estabelece contacto
Segura a colher mas não a usa Desinteresse pelo ambiente
Colabora no vestir (levanta os braços) Não mastiga
Quer o adulto por perto
Demonstra afeto

18 Meses
Já anda bem sozinho Não se põe de pé
Sobe escadas com ajuda Não suporta o peso sobre as pernas
Apanha brinquedos do chão Anda sempre na ponta dos pés
Constrói torre de 3 cubos Não faz pinça
Faz rabiscos Ainda leva tudo à boca
Observa um livro e volta várias páginas de uma Atira tudo ao chão
vez
Usa 6 a 26 palavras com significado Não responde qual lhe chamam
Compreende muitas palavras Não vocaliza espontaneamente
Identifica partes do corpo (cabelo, olhos, nariz,
sapatos)
Bebe por um copo sem entornar muito Não se interessa pelo que o rodeia
Levanta o copo com ambas as mãos Não estabelece contacto
Segura a colher e leva comida à boca Não aponta para mostrar
“Ajuda” nos trabalhos domésticos Deita objetos fora ou leva-os
Indica necessidade de ir ao WC sistematicamente à boca
Não gosta que lhe peguem Não sabe para que servem os objetos
Exige muita atenção
Não coopera na brincadeira com outras crianças.
Egocêntrico e faz birras

31
2 Anos
Corre Não anda sozinho
Sobe e desce escadas com os 2 pés no mesmo
degrau
Dá pontapés
Imita rabisco circular Deita os objetos fora
Gosta de ver livros Não constrói nada
Folheia uma página de cada vez
Constrói torre de 6 cubos
Diz o primeiro nome Não parece compreender o que é dito
Nomeia objetos Não pronuncia palavras inteligíveis
Usa funcionalmente frases de 2 a 3 palavras e
pronomes
Cumpre ordens simples (sem a ajuda de gestos)
Usa bem a colher Não se interessa pelo que está em seu redor
Bebe por um copo e coloca-o no lugar sem Não estabelece contacto
entornar Não procura imitar
Coloca o chapéu e os sapatos
Brinca sozinho, imitando cenas da vida
doméstica
Manifesta claramente a sua vontade
Continua egocêntrico, dependente do adulto,
comportamento de oposição e desafio, birras
quando contrariado

3 Anos
Tem equilíbrio momentâneo num pé
Sobe escadas com um pé em cada degrau
Desce com os 2 pés no mesmo degrau
Constrói torres de 9 cubos
Imita – 3 anos
Copia a ponte de 3 cubos – 3 anos e meio
Copia o círculo
Imita a cruz
Combina 2 cores (normalmente vermelho e amarelo)
Confunde azul e verde

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Diz o nome completo e género
Tem vocabulário extenso, mas pouco compreensível por estranhos
Defeitos de articulação e maturidade na linguagem
Faz perguntas
Pode despir-se se desabotoarem a roupa
Vai sozinho à casa de banho
Come com talheres
Comportamento de oposição e desafio a melhorar
Confunde fantasia com realidade

4 Anos
Equilibra-se num pé, sem apoio 3 a 5 seg.
Sobe e desce com um pé em cada degrau
Salta num pé
Constrói escada de 6 cubos
Copia a cruz
Combina e nomeia quatro cores básicas
Sabe o nome completo, idade, sexo e habitualmente a morada
Apresenta linguagem compreensível
Tem apenas algumas substituições infantis
Pode vestir-se e despir-se com exceção de abotoar atrás e dar laços
Gosta de brincar com crianças da sua idade
Sabe esperar pela sua vez
Comportamento cooperante
Ainda confunde fantasia e realidade

5 Anos
Equilibra-se num pé, sem apoio, 3 a 5 seg. Com os braços dobrados sobre o tórax
Salta alternadamente num e noutro pé
Constrói escada de 10 cubos
Copia o quadrado e triângulo
Conta cinco dedos de uma mão
Nomeia quatro cores
Sabe o nome completo, idade, morada e habitualmente a data de nascimento
Tem vocabulário fluente e articulação geralmente correta – pode haver confusão nalguns sons

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Veste-se sozinha
Lava as mãos e a cara
Limpa-se sozinha
Escolhe os amigos
Compreende as regras do jogo
Comportamento cada vez mais cooperante

Sinais de alarme (4 e 5 anos):


• Linguagem incompreensível
• Não mantém conversa
• Não compreende
• Não faz perguntas
• Problemas do comportamento: Birras excessivas; comportamento repetitivo; agitação
psicomotora
• Estrabismo ou suspeita do défice visual

34
ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL NA IDADE PEDIÁTRICA

Alimentação adequada
Propicia os nutrientes que promovem o crescimento e o desenvolvimento adequados,
nomeadamente do sistema nervoso, o que constitui garantia para a saúde e bem-estar da criança,
adolescente e futuro adulto.

Alimentação no primeiro ano de vida


Impacto da nutrição precoce na saúde imediata e de longo termo. A nutrição na idade
precoce é muito mais importante do que em qualquer outro período vida:
1- Crescimento muito rápido elevada necessidade energética /kg
2- Rápido desenvolvimento de tecidos e orgãos (CÉREBRO );
3- Baixas reservas;
4- Imaturidade gastrointestinal, metabólica e funcional (renal);
5- Maior desequilíbrio em situação de doença.
Macronutrientes
• Glúcidos/Hidratos carbono
• Lípidos
• Proteínas
Micronutrientes
• Minerais/Sais minerais: Ferro, cálcio, fósforo, flúor, iodo, sódio, potássio, magnésio,
manganês, cobre, crómio, selénio, zinco. Boro, enxofre, molibdénio, silício e vanádio.
• Vitaminas: A,D,C,E,K,B (B1,B2,B3,B6,B8,B12).
Água

Necessidades energéticas de crescimento:


• Idade
• Tamanho corporal - PESO
• Velocidade de crescimento
• Atividade
• Apetite
• Genética

Adequada à:
Idade: composição; consistência; volume; nº refeições, horário.
Ajustada às necessidades nutritivas.

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Preparação correta e fácil: Qualidade alimento, higiene, tolerância, económico
Orientada: Médico, Enfermeiro: Normas introdução novos alimentos; Idades alterações
Adaptada: Criança, família, meio social

Água
150ml/KG/dia - máximo:1000ml (até 7kg)

Calorias
1º s 6 meses- 100-110 Kcla/kg/dia
2ºs 6 meses - 90-100Kcal/kg/dia

Proteínas
2g/Kg/dia

Alimentação do lactente saudável


Sucesso da Amamentação Sucesso do aleitamento materno (boa adaptação)

Bom estado nutricional e desenvolvimento psicomotor


Normal uma perda de peso de até 7% (10%) do PN, com recuperação do mesmo até aos
10 – 14 dias de vida; Deve aumentar de peso de forma adequada (20-30g/dia durante os primeiros
meses).

Padrão das micções e dejeções do latente


Um latente bem hidratado tem cerca de 6-8 micções diárias de urina incolor; A partir dos
5-7 dias de vida, deve ter fezes amareladas e soltas e devem ocorrer cerca de 4x/dia.

Conceitos
Exclusivo: Unicamente leite materno e nenhum outro líquido ou sólido (exceção de gotas ou
xaropes de vitaminas, suplementos minerais ou fármacos)
Predominante: Além do leite materno, receber outros líquidos não lácteos, tais como água e chás
sem conteúdo energético
Parcial: Se o aleitamento materno for acompanhado de alimentação complementar
Misto: Além do leite materno, receber uma fórmula infantil

Duração do aleitamento materno


• “exclusivo até aos 6 meses” (WHO, 2001)
• “pelo menos 2 anos “(WHO, 2001)

36
• “pelo menos 1 ano” (APP)
• “deve continuar até mutuamente desejado pela mãe e pela criança e baseado em
considerações que não à benefícios para a saúde …. (JGPN,2009)

Leites ou fórmulas infantis

Aleitamento Artificial
Quando não é possível a amamentação, por ausência ou insuficiência de leite materno,
quando este está contraindicado ou quando a mãe não quer amamentar, existem no mercado leites
ou fórmulas infantis.
Recentemente, a indústria tem vindo a verificar a existência de benefícios em adicionar
determinados nutrientes e fatores biológicos às formulas infantis de modo a mimetizar a
composição e a qualidade do leite materno
Ácidos gordos polinsaturados de cadeia longa, nucleótidos, prébióticos e próbióticos
(misturas FOS e GOS).
A maioria das fórmulas lácteas têm ferro adicionado, recomendado pela AAP

São classificados de acordo com o grupo etário a que se destinam:


• Leite para lactentes (tipo 1) - estão indicados como suplemento ou substituto do leite
materno nos primeiros 6 meses de vida e que satisfaçam as necessidades nutricionais
desses lactentes até à introdução de alimentação complementar adequada. Obedecem a
uma composição de micro e macro nutrientes que procura aproximar-se do leite materno.
• Leite de transição (tipo 2) - apresentam um teor de cálcio, fósforo e ferro superiores ao
leite 1, estando apenas recomendados a partir dos 6M (quando é introduzida uma
alimentação complementar adequada) e até aos 12-24M.

Leites de crescimento
Destinados a crianças dos 1 aos 3 anos
• “Leites 3”, + crescidos e de crescimento – São incluídos neste grupo os leites com
apresentação em pó (que impliquem reconstituição com água);
• Outros leites – integram este grupo todos os leites com apresentação líquida

Vantagens nutricionais em relação ao leite de vaca:


• Menor teor proteico
• Maior valor relativamente a alguns oligoelementos (ferro e zinco), ácidos gordos
essenciais e algumas vitaminas –nomeadamente, Vitamina D

37
Tipos de Fórmulas

Fórmulas anti-refluxo (AR): Espessadas com amido de milho/arroz ou farinha de alfarroba; >
quantidade de HC e < de lípidos – aumenta o esvaziamento gástrico; Recomendação: RGE com
compromisso no crescimento

Fórmulas saciedade: Contêm amido de milho, maltodextrinas e ácidos gordos de cadeia longa;
aumentam a saciedade no período noturno

Fórmulas anti-obstipantes (AO): Ricas em lactose e magnésio que promovem a motilidade


intestinal Fórmulas anti-cólica; Menor quantidade de lactose ; flatulência e cólicas

Nas crianças com risco alérgico, na ausência de leite materno, há vantagens em utilizar
fórmulas HA nos primeiros 6 meses de vida.

Fórmulas parcialmente hidrolisadas (HA): Recomendadas nos 1ºs 6m de vida em lactentes com
alto risco de doença atópica (AF).

Fórmulas extensamente hidrolisadas: Crianças com Alergia às Proteínas do Leite de Vaca


(APLV).

Fórmulas à base de proteínas de soja: Excecionalmente na APLV (questões económicas), após os


6 meses e teste de tolerância à soja; Famílias vegetarianas.

Dieta semi-elementar (fórmulas hipoalergénicas): Fórmula extensamente hidrolisada, mas sem


lactose e com adição de TCM; APLV, síndromes de má absorção.

Dieta elementar (fórmulas hipoalergénicas): Fonte proteica é constituída por aa livres, di ou tri-
péptidos, sem lactose; APLV grave, intolerâncias a proteínas da dieta, enterecolite não IgE,
eczemas graves, síndromes de má absorção.

Fórmulas sem lactose: Recomendadas no défice 1º de lactase e galactosémia; Mas por vezes
usadas na diarreia prolongada e síndrome pós-gastroenterite.

38
Modo de preparação
O cálculo de volume de leite a preparar para cada refeição tem em conta as necessidades
diárias em água de um lactente: 150ml/Kg/dia até um máximo de 1000ml/dia, a dividir pelo
número total de refeições diárias.
Necessidades hídricas diárias: +/-150mL/kg/dia (determinação exata de acordo com o
peso!) Volume de LA/refeição: dividir as necessidades hídricas/nº refeições diárias
Preparação do biberão com LA: 30mL de água para 1 medida rasa de pó (concentração a
13%)
Colocando em primeiro lugar o volume de água
Exemplo: Lactente de 3 meses; P=6000g
150 mL x 6 kg = 900 mL/dia
900mL / 6 refeições = 150 mL/biberão
150mL / 30mL de cada medida = 5 medidas (150 mL água + 5 medidas de leite em pó).

Diversificação Alimentar
Processo de transição de uma alimentação láctea para a alimentação da família,
caracterizada pelo fornecimento de qualquer alimento líquido ou sólido para além do leite.

Tem como principais objetivos:


• variar as fontes de nutrientes
• aumentar a oferta de ferro
• manter um aporte calórico adequado ao peso da criança sem ter de aumentar
excessivamente o volume dos alimentos administrados
• fornecer fibras alimentares (úteis para a regularização do trânsito intestinal)

Porquê?
O leite materno satisfaz todas as necessidades do lactente de termo, durante os primeiros
4-6 meses de vida, devendo ser mantido pelo menos até ao final do 1º ano de vida.
A partir dos 6 meses de idade o volume de leite ingerido não é suficiente para satisfazer
as necessidades energéticas, proteicas e em micronutrientes (ferro, zinco, vitaminas A e D). A
duplicação do peso ao nascer (4-6 meses) é um bom indicador que as reservas em ferro se estão
a esgotar

A diversificação alimentar permite suprir as necessidades nutricionais, acompanhar o


desenvolvimento, e transitar de uma alimentação láctea exclusiva para a alimentação familiar

Maturação GI e renal: digestão, absorção e metabolização de alimentos

39
Maturação endocrinológica: transição de uma dieta rica em gordura (leite) para uma dieta rica
em hidratos de carbono leva a alterações hormonais (insulina, hormonas da suprarrenal) que
influenciam o próprio processo de crescimento e adaptabilidade digestiva
Neuro-desenvolvimento: 4 meses: maior estabilidade do maxilar e pescoço; padrão primitivo
de sucção começa a modificar-se
5-8 meses: passagem da sucção para a mastigação; melhor controlo
cefálico; manifesta interesse pela comida dos adultos; atenuação do reflexo de extrusão

Início precoce (< 4 meses)


Riscos potenciais:
• Aspiração
• Obesidade infantil
• Aporte energético inadequado e excessivo com  da carga de solutos renais

Início tardio (> 6 meses)


Riscos potenciais:
• Menor crescimento
• Carências nutricionais (ex: ferropenia)
• Atraso de função oro-motora
• Aversão à comida sólida e a novos sabores

O gosto pelo doce e a aversão pelo amargo são inatos, a preferência para o salgado
desenvolvese a partir do segundo semestre de vida, mas a tolerância ao amargo ou o ácido dos
legumes e da fruta, pode implicar oferecer mais de 10 vezes o mesmo alimento até ser aceite.
Capacidade do lactente aceitar novos sabores, principalmente amargos ou ácidos, vai
aumentando gradualmente MAS a janela para a habituação é estreita e começa a fechar-se aos 2
anos, encerrando aos 3 anos.

Tendência a manter-se uma alimentação monótona, rica em calorias e pobre em outros


nutrientes, com todos os riscos inerentes para a saúde futura.

Não existem regras fixas: Importante ter em conta as características individuais do lactente, a
cultura e as condições socioeconómicas da família

Sinais de saciedade da criança: fecha a boca; encosta-se para trás ; vira a face

40
A administração de novos alimentos, sempre por colher, deverá ser feita de forma gradual,
para se identificarem eventuais intolerâncias alimentares, oferecendo-o repetidamente até ser
aceite, sem forçar.

Princípios orientadores
• Entre os 4-6 meses: Os planos alimentares não são rígidos!
• Não dar leite de vaca antes dos 12M (idealmente só após os 24-36 meses)
• Não usar sal ou açúcar na confeção da comida do bebé
• Não dar chocolate antes dos 12M Não dar morango, citrinos e kiwi antes dos 12M
• Não dar marisco e caracóis antes dos 24M
• Não dar mel antes dos 12 M
• O glúten pode ser introduzido entre os 4-12M, mas evitar o consumo de grandes
q9uantidades de glúten durante a infância. (ESPGAN, 2016)
• Introduzir um alimento de cada vez e com um intervalo de 3-5 dias

4-5 Meses
a) Sopa: puré de legumes
• Treino do paladar para sabores menos doces – alternativa: papa
• Ingredientes iniciais: abóbora, cenoura, batata
• No final da cozedura, já no prato, adicionar 5 – 7.5 ml de azeite em cru
• Progressivamente introduzem-se novos legumes: alface, alho, alho francês, curgete,
brócolos, feijão-verde e couve-branca, em grupos de 4-5
• Os vegetais têm baixo valor energético mas são importantes fontes de macronutrientes
(exceto gorduras) e micronutrientes (vitaminas e minerais)
• Quantidade semelhante à que fazia de leite: inicialmente 150-180mL de sopa

Não: Beterraba, Aipo, Nabo, Nabiça e Espinafres - Elevado teor em nitratos/fitatos até
aos ~12 meses.
Substitui uma das refeições de leite embora nos primeiros dias, se necessário, ainda possa
ser completada com o leite.

b) Papas
• Lácteas (preparadas com água)
• Não Láctea (preparadas com leite materno ou adaptado)
• Com glúten (misturas de cereais)
• Sem glúten (milho, arroz ou frutos)
• Iniciar com papas sem glúten

41
• São fornecedores de hidratos de carbono, proteína vegetal, de ácidos gordos essenciais,
de minerais, vitaminas (B1 e B6) e proteínas (12 a 18 g/100 g)
• Cada refeição deve corresponder a cerca de 35-50g de farinha
• A partir do 6º mês de vida deverão ser enriquecidas em ferro

c) Fruta:
• Iniciar com maçã, pêra, banana
• Crua se estiver madura (ralada ou esmagada), cozida ou assada; sempre sem casca e
trituradas
• Oferecer a fruta individualmente e não em puré com mistura de frutas ou sob a forma de
sumo
• Complemento da refeição da sopa mas não deve constituir uma refeição
• Durante o primeiro ano evitar frutos potencialmente alergénicos ou libertadores de
histamina (frutos vermelhos, kiwi, maracujá)

Esquema exemplo
Manhã: Leite
Almoço: sopa legumes + fruta
Lanche: papa/leite
Jantar: Leite
Noite: Leite

6-7 Meses

d) Carne
• Iniciar com carne de frango, perú, pato e coelho e, posteriormente, borrego e vitela. Não
dar porco antes dos 1-2 anos.
• Recomendado 15g/dia de carne branca limpa e sem pele ou gordura que deverá ser
progressivamente aumentada até os 30g/dia (1 colher de sopa rasa depois de triturada)
• Ingestas > 4g/kg/dia entre 8-24 meses - Risco de obesidade

e) Peixe
• Começar a introduzir na sopa peixe fresco ou congelado: pescada, maruca, solha, faneca
e linguado
• Recomendada uma quantidade de 10g por refeição que deverá ser progressivamente
aumentada até às 30g (1 colher de sopa cheia).

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f) Fruta:
• Pode iniciar outras frutas como pêssego, alperce, ameixa, melão, meloa, uva, manga,
papaia, abacate
• Evitar o uso de boiões de fruta: contêm sacarose/outros açúcares, concentrado de sumo
de limão, farinha de arroz, entre outros ingredientes, que conferem um sabor mais
apurado, podendo levar o bebé a recusar a fruta natural.

g) Papas com glúten


• A partir dos 4meses completos pode iniciar as papas com glúten (trigo, centeio, aveia e
cevada)

Pode oferecer-se ao bebé pão ou bolachas (tipo bolacha Maria ou específicas para a
idade), sempre com o cuidado de vigiar engasgamentos!

Inicialmente, o bebé fará por dia apenas uma refeição de sopa com carne seguida de fruta.
Decorrido 1 mês após o início da carne, o bebé pode começar a fazer 2 refeições de sopa.
Quando for adicionado o peixe na sopa não colocar carne.
Cerca de 3 refeições de sopa com peixe e 4 refeições de sopa com carne por semana.
A partir do 7º mês pode adicionar-se a carne ou peixe a açorda e a partir dos 8/9 meses a
arroz ou massa, cozidos sempre com legumes.
A carne e o peixe são uma fonte importante de minerais como o zinco e o ferro; de iodo,
aminoácidos e ácidos gordos polinsaturados de cadeia longa (ácido araquidónico, LC-PUFAs).

Esquema exemplo
Manhã: Leite
Almoço: Sopa carne/peixe + fruta
Lanche: papa/leite
Jantar: Sopa de legumes + fruta
Noite: Leite

7-8 meses
h) Iogurte
• Pode começar a comer iogurte natural (150-200mL), sem aditivos (açúcar, mel ou natas)
• Pode dar-se ao lanche, em alternativa ao leite ou à papa, e pode ser misturado com fruta
ou 2 bolachas trituradas
• Rico em pré/probióticos

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Esquema exemplo
Manhã: Leite
Almoço: Sopa carne/peixe + fruta
Lanche: Papa/leite ou Iogurte com bolacha ou Iogurte com fruta
Jantar: Sopa de legumes + fruta
Noite: Leite Iogurte + fruta Iogurte + bolacha
Os “iogurtes para bebés” têm, muitas vezes, grandes quantidades de açúcar e não trazem
nenhum benefício.

9-11 meses
i) Ovos
• Introduzir a gema de ovo, começando por introduzi-la na sopa, em substituição da carne
e do peixe
• Não consumir >1 gema/refeição ou >2-3/semana
• A clara do ovo apenas deve ser introduzida mais tarde, a partir dos 11-12 meses ou mesmo
próximo dos 2 anos se houver história de atopia.
• Se oferecer uma gema à refeição não dar outra fonte de proteína animal!

9 meses surge reflexo da mastigação - Alimentos de forma menos homogénea

j) Arroz e massa
• Inicialmente na sopa de legumes e depois a partir dos 9-10 meses no prato juntamente
com a carne e/ou peixe

k) Leguminosas
• Cerca dos 9-10 meses de idade pode introduzir-se as leguminosas: o feijão frade, branco
ou preto, grão, ervilha e lentilhas
• Devem ser dadas inicialmente previamente demolhadas, descascadas e em pequenas
quantidades que vão aumentando progressivamente; podem ser adicionadas à sopa ou
dadas separadamente
• Importante fonte proteína vegetal, HC complexos, minerais e fibra Num lactente a efetuar
uma dieta vegetariana este grupo é a principal fonte de proteína e a sua introdução deverá
ocorrer mais precocemente

Esquema exemplo
Manhã: Leite
Almoço: Sopa + carne/peixe com massa/arroz/leguminosas + fruta
Lanche: Papa/leite ou iogurte com fruta ou iogurte com bolacha

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Jantar: Sopa + carne/peixe com massa/arroz/leguminosas + fruta
Noite: Leite

12 meses
Os alimentos devem ser dados em pequenos pedaços e separados por sabores, ou seja, a
sopa, o segundo prato e a fruta. Dieta será progressivamente semelhante à da família.
É a partir desta altura que o leite pode ser alterado para outro adequado à idade: o leite da
família!
Recomenda-se até aos 3 anos o consumo do leite especial crescimento ou, caso isso não
seja possível, leite de vaca gordo ou meio-gordo (não magro!)
Pode ser introduzida na dieta o ovo inteiro
Pode começar a introduzir-se citrinos, frutos vermelhos, kiwi, maracujá (em pequenas
quantidades por serem libertadores de histaminas)

Água
• Principal regulador térmico, imprescindível à adequada realização de todas as funções
vitais
• Principal constituinte do corpo humano
• Deve ser oferecida água ao lactente, várias vezes ao dia!
• Não se deve oferecer outras bebidas (chá ou sumos)
• Não se recomenda a introdução da água antes do início da diversificação alimentar!

Suplementos
Os micronutrientes prioritários são o ácido fólico, a vitamina D e o ferro. Ferro e a
Vitamina D são especialmente importantes no primeiro ano de vida, dado o leite materno ser
pobre nestes micronutrientes Suplementação

Vitamina D
• Regulação do metabolismo fosfo-cálcico, promovendo a absorção de cálcio para uma
adequada mineralização óssea, evitando o raquitismo e a osteomalacia;
• Tendo em conta que a exposição solar direta está desaconselhada durante o primeiro ano
de vida e que poucos alimentos são naturalmente ricos nesta vitamina, a sua
suplementação oral está aconselhada.
Prevenção: Colecalciferol: 400UI/dia de vitamina D durante o primeiro ano

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Ferro
• Importante componente de inúmeras proteínas incluindo enzimas e hemoglobina
• Ao contrário do ferro não-hémico de origem vegetal, o ferro hémico da carne tem uma
boa biodisponibilidade sendo por isso uma boa fonte alimentar deste mineral.

A deficiência de ferro constitui a carência nutricional isolada mais frequente a nível


mundial e a principal causa de anemia na infância. O elevado ritmo de crescimento e
desenvolvimento cognitivo que ocorre nos primeiros três anos de vida, tornam as crianças desta
faixa etária particularmente sensíveis
.
Anemia Ferropénica: Atraso de desenvolvimento psicomotor e alterações de comportamento
alimentação em idade pediátrica

Flúor
• Encontrado no solo, água, plantas e animais
• Fundamental na prevenção e tratamento da cárie dentária da criança e do adulto
fortalecendo o esmalte e inibindo a atividade da placa bacteriana

Em Portugal, não esta recomendada a suplementação sistémica com flúor mas sim a sua
aplicação tópica logo após a erupção do primeiro dente.
Prevenção: Escovar os dentes 2x/dia, uma das quais antes de deitar; Usar um dentífrico
fluoretado com 1000-1500 ppm numa gaze, dedeira ou escova macia; A quantidade de dentífrico
depende da idade da criança: desde a erupção até aos 6 anos deve ser igual ao tamanho da unha
do 5º dedo da criança e a partir daí cerca de 1cm

46
ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL NA IDADE PEDIÁTRICA ALIMENTAÇÃO
EM IDADE PEDIÁTRICA: DIETAS ESPECIAIS

Diversificação alimentar: Dietas especiais


Vegetarianismo - consiste numa dieta que exclui parcial ou totalmente alimentos de origem
animal. Existem várias variações da mesma:

Semi-vegetarianismo: Não é uma verdadeira dieta vegetariana. Dieta sem carne bovina ou suína
mas que inclui o consumo de carne de aves ou peixe. Existe a variante pescovegetariana (inclui o
consumo de peixe) e a pollo-vegetariana (inclui o consumo de carne de aves)

Ovolacto-vegetariana: Dieta vegetariana mais comum: baseia-se no consumo de produtos de


origem vegetal, ovos, leite e derivados; não recomenda o consumo de carne, peixe, aves e outros
produtos derivados.

Vegan: Considerada a dieta vegetariana mais radical. Exclui qualquer alimento de origem vegetal,
produtos que exijam o sacrifício de animais (lacticínios, ovos, mel), assim como os produtos
testados em animais. Esta dieta baseia-se no consumo de legumes, nozes, sementes, grãos e frutos.

Macrobiótica: Tipo de alimentação específica, baseada em cereais integrais, vegetais, frutos,


legumes e algas. Neste tipo de dieta há indicações particulares quanto à proporção dos grupos
alimentares a serem utilizados, não sendo incluído o consumo de leite, lacticínios e ovos.

O primeiro ano de vida é caracterizado por período de rápido crescimento e


desenvolvimento e, por isso, particularmente sensível a défices nutricionais e alimentares. As
dietas vegetarianas podem proporcionar um suporte adequado, desde que suplementadas e
constituídas pelos nutrientes e oligoelementos essenciais.
A sua implementação e supervisão de forma regular por nutricionista e médico deve ser
feita pelo pediatra assistente e por uma equipa de nutrição pediátrica, de modo a garantir este
equilíbrio e a potenciar os benefícios destas dietas. Deve ser sempre suplementada com vitamina
B12 (exclusivo de produtos de origem animal).

Dietas vegetarianas VS Dietas não vegetarianas


Têm baixos níveis de gorduras saturadas, colesterol e proteínas animais
Mais hidratos de carbono complexos, fibras, magnésio, potássio, folato, vitamina C e E e
fitoquímicos

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Os vegetarianos têm um IMC mais baixo, TA e colesterol mais baixo, e têm menor risco
de doença isquémica e de cancro.
A Associação Dietética Americana considera também que estas dietas podem ser
benéficas para a saúde na prevenção e tratamento de determinadas doenças (obesidade, doenças
coronárias, HTA, diabetes tipo 2).

Dietas especiais
As dietas restritivas como vegan ou macrobiótica apresentam um risco elevado de
carências nutricionais.
Para além da vitamina B12, devem ser suplementadas com DHA, ferro, e zinco.

Estas recomendações baseiam-se:


• Ocorrência de desnutrição energético-próteica
• Carências em vitaminas D, B12 e riboflavina e cálcio
• Compromisso estaturo-ponderal, da composição corporal e do desenvolvimento
cognitivo

As várias modalidades vegetarianas podem ser nutricionalmente adequadas, desde que


tenham os aportes essenciais em proteínas, lípidos, hidratos de carbono, e oligoelementos.
1. Proteínas: Tofu, tempeh, leguminosas, ovos, lacticínios
2. DHA: sementes de linhaça, verdes de folha escura, tofu, óleo de peixe, frutos secos
3. Ferro: leguminosas, frutos secos, espinafres, cereais fortificados
4. Cálcio: couve, brócolos, soja, figos, lacticínios
5. Zinco: cereais, leguminosas, frutos secos, germe de trigo, massa integral
6. Folato: leguminosas, verdes de folha escura, cereais fortificados, pão

As crianças que efetuem uma dieta vegetariana devem receber uma quantidade diária de
cerca de 500ml de leite (materno ou fórmula infantil) ou de lacticínios e, ainda, uma oferta pelo
menos semanal de produtos animais (peixe).

0-6M
• Aleitamento materno exclusivo: Suplementação com vitamina B12 0,4ug/dia se mãe for
vegan
• Na ausência de leite materno deverá ser privilegiado o uso de uma fórmula standard ou,
em alternativa, uma fórmula com proteína de soja: Não é necessária suplementação com
vitamina B12

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• Mães a efetuar dietas vegetarianas restritivas deveram garantir adequado aporte em ferro,
vitamina B12, DHA, cálcio e zinco. Caso contrário deverão ser dados suplementos de
ferro, vitamina B12 e DHA
• Os leites vegetais comerciais (soja, amêndoa, arroz..) não devem ser dados antes dos
24M!

Alergia alimentar
O aleitamento materno exclusivo até aos 4/6 meses, e a sua manutenção durante a
diversificação alimentar são as únicas medidas efetivas na prevenção da doença alérgica, previne
ou retarda a ocorrência de dermatite atópica, de alergia às proteínas do leite de vaca e de sibilância
na primeira infância.
Sem evidência de que o atraso na introdução de alimentos potencialmente alergénicos
(p.e. peixe, nozes, amendoins, produtos lácteos e ovos) para além dos 4 meses reduzisse o risco
de alergia, quer em lactentes da população geral como nos que tem história familiar de atopia.
A evicção de alimentos com elevado potencial alérgico na infância já não é defendida e a
sua introdução antecipada pode de facto ajudar na prevenção de alergias alimentares.

Alimentação após 1º ano de vida


Alcançados os 12 meses, a criança passa a fazer uma alimentação mais parecida à da
família e com a família.
A criança vê os outros elementos a comer os alimentos que lhe são oferecidos, diminuindo
a relutância em aceitar novos sabores, que se acentua a partir do primeiro ano (neofobias
alimentares)
A refeição deve ser um momento de prazer e convívio familiar, pelo que a televisão deve
estar desligada. Os ecrãs distraem a criança não permitindo que esta note os sinais de saciedade e
o efeito da publicidade televisiva pode induzir na procura de alimentos nutricionalmente
desequilibrados.
Crescimento diminui, a atividade motora aumenta e o apetite diminui. Aquisição de
capacidades de autoalimentação, tal como, o uso de colher, garfo, copo e há o aperfeiçoamento
da mastigação e deglutição.
Peso: PN 3x no 1º ano
PN 4x no 2º ano

Comportamento alimentar errático


• Criança distrai-se com facilidade
• Apenas consomem/gostam de uma quantidade limitada de alimentos e durante um
determinado período

49
• Para uma mais rápida adaptação à dieta familiar, é fundamental que todos comam o mesmo.
• O gosto pelos novos sabores treina-se!
• Oferecer, sem insistir, mesmo os alimentos anteriormente rejeitados.
• Nesta fase há que otimizar a dieta familiar: reduzir o sal adicionado, aumentar o consumo de
legumes, estabelecer horários, estimular o consumo de sopa, diminuir o consumo de
refrigerantes, molhos e comida muito processada.

É preciso:
• Criança com cadeira e talheres próprios
• Juntar a família à mesa, preferencialmente num único momento
• Evitar: televisão à hora da refeição, brincadeiras em excesso, que a refeição seja um
suplício ou um castigo.

Alimentação de crianças e adolescentes


A modulação dos comportamentos alimentares pelos pais é um pilar importante nas
escolhas alimentares das crianças e adolescentes.
O aconselhamento dietético deve incluir orientação parental no uso da sua influência de
modo a tornar as escolhas mais saudáveis, atrativas e apetecíveis.

1) Refeições regulares em família: Estão associadas a uma melhoria da qualidade da dieta, por
mais oportunidades reforço parental positivo
2) Encorajar a comer mais devagar: Mastigar de forma apropriada, com conversas à mesa de modo
a prolongar a refeição, aproximadamente 15 minutos
3) Limitar a quantidade de comida: Oferecer vegetais no início da refeição e tentar distração no
final com outra atividade.

A rotina alimentar diária deve ser constituída por 3 momentos chave: 3 refeições
principais
Pequeno-almoço: Outros alimentos, para além do leite, na primeira refeição da manhã: Pão (de
mistura preferencialmente); Cereais com teor médio de fibra e menor teor de açúcar; Fruta
Obrigatória, variada e uma das mais importantes do dia

Almoço e Jantar: Constituídos por sopa + prato + sobremesa em quantidades moderadas dos
alimentos

Nas crianças pequenas deve promover-se as refeições intermédias

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• É preciso dinamizar a alimentação: apostar em novos sabores, texturas mais complexas e
formas de preparação mais arrojadas.
• O leite e a sopa devem continuar a fazer parte da realidade infantil, mas em quantidades
diferentes e com protagonismo diferente.
• A sopa deve ser servida em menor quantidade, com texturas irregulares e mais leve (sopa
vs puré de legumes).
• O consumo de fruta crua e de legumes crus, em saladas, deve abundar.
• Não substituir alimentos ou refeições por leite
• O aporte lácteo diário depois do 1º ano não deve ultrapassar os 500 ml
• Evitar dar leite antes de ir dormir ou durante a noite

Sugestões de lanches
Podem ser incluídos 2 lanches na alimentação da criança com dois anos de idade:
• 1 iogurte natural com 1 peça de fruta da época;
• ½ pão de mistura simples com 1 copo de leite;
• Papa de aveia com 1 peça de fruta da época;
• ½ pão de trigo com 2 unidades de tomate cherry e ¼ de queijo fresco

Com a frase “dieta igual à da família” vêm os muitos erros alimentares

Há a tendência na oferta alimentos “infantis” mais ricos em açúcar e gordura. ERRO!


Esta escolha facilitada condiciona não só a dieta no momento mas também as etapas alimentares
seguintes.
Outros erros a evitar:
• Refrigerantes e sumos
• Bolachas e bolos
• Cereais ricos em açúcar (os cereais “infantis”)
• Alimentos demasiado processados e com excesso de sal

Alimentação de crianças e adolescentes


A nutrição e alimentação na adolescência pode ser um desafio. Alimentação na
adolescência
Mulheres 14-18 anos 1800-2400 calorias
Homens 14-18 anos 2000-3200 calorias

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Os erros alimentares são frequentes:
• Ausência do pequeno-almoço, saltar refeições
• Dietas pouco nutritivas
• Ingestão regular de fast food
• Substituição de refeições por snacks hipercalóricos
• Excesso de consumo de carne em detrimento do peixe
• Redução do aporte de leite, fruta e legumes
• Aumento das bebidas açucaradas, por vezes com cafeína

O baixo consumo de cálcio durante a adolescência pode predispor na idade adulta para
osteoporose e fraturas osteoporóticas
• Pico de massa óssea é atingido por volta dos 30 anos
• dolescentes entre os 9-18 anos necessitam de 1300 mg de cálcio diário.
• Boas fontes consistem em leite, iogurte, sumo de laranja fortificado, queijo, rebentos de
soja e tofu

O consumo inadequado de ferro pode resultar em sintomas de fadiga e anemia


• As necessidades de ferro aumentam durante os picos de crescimento
• As raparigas são um grupo de risco pelas perdas menstruais
• Atletas por padrões alimentares/dietas restritivas que fazem e uso inapropriado de
suplementos nutricionais e vitamínicos

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A CONSULTA DE VIGILÂNCIA DE SAÚDE INFANTIL

Programa Nacional de Saúde Infantil e Juvenil


• Garante da prestação de cuidados de saúde adequados e eficazes;
• Uniformização dos cuidados;
• Acompanhamento periódico e sistematizado.
Objetivos
• Consultas em idades- chave/ Harmonização com o PNV/ Consultas oportunistas;
• Valorização dos cuidados antecipatórios;
• Rastreios (deteção precoce e encaminhamento);
• Identificação e orientação de crianças em risco;
• Prevenir, identificar e abordar as doenças comuns;
• Periodicidade das Consultas de Saúde Infantil;
• Proporcionar apoio e continuidade de cuidados criança com doença crónica/família;
• Apoiar e estimular a função parental;
• Estimular a opção por comportamentos saudáveis;
• Responsabilização progressiva do próprio pela sua saúde.

Periodicidade das Consultas de Saúde Infantil


Primeiro Ano de Vida
• 1ª semana de vida; 1 mês; 2 meses (M); 4 M; 6 M; 9 M
1 aos 3 Anos
• 12 M; 15M;18 M;2 A;3A
4 aos 9 Anos
• 4 A; 5 A – Exame global de saúde ; 6 ou 7 (final do 1º ano de escolaridade); 8 A
10 aos 18 A
• 10 A (ano do inicio do 2º ciclo do ensino básico);12/13 a – Exame global de saúde;15/18

A consulta de saúde infantil


• Acolher a criança/família;
• Escutar atentamente a mãe/cuidador;
• Observar relação da mãe com a criança
• Deixar a criança falar

Adaptar a comunicação ao grupo etário da criança/jovem

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Avaliação Inicial de Enfermagem
• Motivo da consulta
• Antecedentes de saúde: Pré e peri-natais; Crescimento; Desenvolvimento; Imunizações;
Doenças anteriores
• Padrão alimentar
• Padrão de Sono e Repouso
• Padrão de exercício
• Padrão de eliminação
• Sexualidade

História clínica
• Processo Familiar
• Dinâmica familiar (escolaridade, situação laboral, ocupação tempos livres, local e tipo de
habitação, suporte familiar ou de amigos)
• Cuidador da criança/ frequência de infantário

Exame físico
• Astúcia: conquistar a criança
• Aproximação sem bata
• Falar sobre os assuntos preferidos
• Elogiar (as meias, sapatilhas, …)
• “subornar”: dar um brinquedo
• Usar material apelativo
• Pedir autorização antes de executar uma tarefa
• Local seguro (ex. colo da mãe)
Evitar
• Mandar despir e deitar de imediato
• Aproximar com gestos intempestivos ou instrumentos
• Magoar
• Dizer ou fazer gracejos sem sentido

Exame físico completo: Ver, ouvir e “não tocar”


• Aspeto geral
• Cabeça
• Pescoço
• Tórax
• Abdómen

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• Genitais externos
• Períneo
• Sistema osteoarticular
• Exame neurológico

Antropometria
• Peso
• Comprimento/ estatura
• Perímetro cefálico

Avaliação da tensão arterial


Método auscultatório (MA)
• Ambiente calmo, FC estabilizada
• Posição sentada (3-5mn), costas e pés apoiados;
• Após esvaziamento vesical
• Mínimo 2-3 medições e calcular a média;
• Braço direito, cuff ao nível do corpo

Desenvolvimento psicomotor
• Motricidade global
• Visão e motricidade fina
• Audição-linguagem
• Comportamento e adaptação social

➢ Marcos de desenvolvimento
➢ Sinais de alarme
➢ Tabelas de rastreio de desenvolvimento
Em cada consulta - Cuidados antecipatórios

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HOSPITALIZAÇÃO DA CRIANÇA

Fatores que influenciam a hospitalização


Criança
• Idade e desenvolvimento
• Características da doença
• Significado que a criança atribui à doença
• Experiências anteriores
Família
• Aspetos socioeconómicos
• Cultura
• Relações familiares
• Significado da doença
Equipa de Saúde
• Modelo de cuidados
• Estrutura Física
• Presença ou ausência dos pais
Fatores agravantes
• Idade/desenvolvimento (6M e 4 Anos)
• Estilo de confronto (tipo sensitivo versus repressivo)
• Experiências anteriores
• Características da doença

Reacções da criança à hospitalização


Principais fatores de stress
• Ansiedade da separação (tópico de estudo)
• Perda de controle /medo do desconhecido pode ser responsável pelo atraso no
desenvolvimento
• Lesão corporal
6 M e os 4 anos
• Diversidade de reações comportamentais aos cuidados;
• Pensamento egocêntrico: confusão entre realidade e fantasia
• Incapacidade de abstração (não compreendem a preparação para os cuidados)
Manifestações de ansiedade
1. Fase de protesto
2. Fase de desespero
3. Fase de desapego

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Idade escolar
• Perda de autonomia pelas restrições físicas- ficar dependente
• Medo da lesão, amputação, dor e morte
• Privacidade
• Medo de não aceitação pelos pares
• Aceita “negociar” procedimentos
Manifestações de ansiedade
• Tédio
• Verbalizam a dor
• Aceitação da dor
• Questionam procedimentos
• Isolamento
• Com frequência não pedem ajuda

Adolescente
• Separação dos pares, medo da perda de liderança
• Doença- foco a imagem corporal
• Medo da lesão, incapacidade e morte
• Privacidade, intimidade
• Maior auto controle na dor
Manifestações de ansiedade
• Frieza emocional
• Apatia
• Pede explicações sobre
• Não verbaliza sentimentos
• Preocupados com o crescimento normal

Admissão, internamento e alta


A - Programas de preparação para a hospitalização
• Dirigidos aos pais (parentalidade)
• Dirigidos à criança/adolescente
• Metodologia de trabalho
B - Orientações para admissão (função do(a) enfermeiro(a) responsável)
1. Distribuição da unidade (idade, motivo de internamento, outros fatores)
2. Idades compatíveis das crianças na mesma sala
3. Preparação da unidade (fonte de oxigeno terapia, vácuo funcionais)
4. Preparação das outras crianças/pais da enfermaria

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5. Apresentação da criança/família à equipa
6. Visita ao serviço e outras instruções sobre a unidade/hospital (horários, limitações). Estas
informações devem ser dadas por escrito
7. Normas de serviço/guia de admissão
8. Apresentar os companheiros do quarto e familiares
9. Colocar pulseira de identificação
10. Entrevista e observação da criança – colheita de dados para avaliação inicial

Processo de cuidados
A avaliação de enfermagem é o primeiro passo para identificar os diagnósticos de
enfermagem e planear as intervenções de enfermagem para cada criança; na admissão
programada, a história clínica de enfermagem pode ser iniciada antes da hospitalização noutros
casos, avaliação começa no momento de admissão e deverá estar integrada com outros
procedimentos da admissão para que sejam implementados os cuidados específicos.
• Todas as crianças internadas no serviço pediatria tem de possuir avaliação inicial em
sistema informático – sape
• A avaliação inicial deve ser o mais completa possível, devendo ser abordados todos os
parâmetros pré-definidos na história clinica de enfermagem (hce).
Recursos
• Privacidade
• Tempo
• Material para pesar, medir, avaliar, auscultar,
• Boletim vacinas
• Boletim de saúde infantil e juvenil (bsij)
• Escalas (dor, av.desenvol vimento risco úlcera pressão; risco de queda; tanner…)

A avaliação de enfermagem
• Na admissão em situação de urgência avaliar: peso, estatura, antecedentes pessoais e
familiares, medicação no domicilio, alergias, vacinação, alimentação, eliminação e outros
aspetos relevantes na situação específica
• Na admissão em situação de emergência avaliar: antecedentes pessoais relevantes,
alergias e outros aspetos relevantes na situação específica
• Sempre que foram referidas alergias alimentares – regista-se a vermelho no cartão de
dieta e envia ao serviço de alimentação o impresso – registo de alergias/ intolerancias
alimentares
• Alergias medicamentosas - colocar etiqueta alerta no processo (se o médico não o colocou

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Focos de enfermagem
• Queda
• Parentalidade
• Tomar conta
• Conforto
• Medo
• Conhecimento sobre saúde
• Ulcera de pressão
Existem alguns documentos que orientam a recolha de dados:
• Guia de orientação para a colheita de dados da hce
• Avaliação do desenvolvimento psicomotor
• Exame físico

Planeamento da alta
• Planeada com a família, após admissão (pressupõe estabilidade da criança/pais);
• Integra o plano de cuidados
• Prevê mobilização de equipa multidisciplinar e recursos na comunidade

Carta de alta
• Para os pais, possibilidade de 1 ou vários diagnósticos de enfermagem “abertos”

Doença crónica
Condição
• Que interfere com o funcionamento do dia a dia por mais de 1 mês num ano
• Causa hospitalização por mais de 1 mês num ano, ou(no momento do diagnóstico)
• Tem a probabilidade de causar ambas as situações.
As doenças crónicas mais prevalentes na criança são a cárie, os eczemas, a asma, a
diabetes, a doença cardíaca, e a epilepsia e as mais dolorosas: artrite reumatoide, a mucoviscidose,
alguns tipos de cancro e a síndrome de imunodeficiência adquirida. Embora as doenças crónicas
variarem muito quanto à sua gravidade e extensão das suas consequências, o seu denominador
comum é a sua irreversibilidade (sem cura).

Criança com necessidades de cuidados de saúde especiais têm risco aumentado para situações
crónicas a nível físico, comportamental ou emocional- requerem serviços de saúde e outros,
quantitativa e qualitativamente superiores à população geral
• Incapacidade (congénita ou não)
• Incapacidade mental (manifestada em idade pediátrica)

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• Atraso do desenvolvimento
• Deficiência
• Criança dependente de tecnologia
A doença crónica no normal desenvolvimento de uma criança pode acarretar
consequências positivas e negativas.
• Positivas são um desenvolvimento cognitivo e psicossocial precoce no que diz respeito à
vivência de uma doença.
• Negativas advêm das suas preocupações, sentimentos de culpa, medos, angústia,
depressão, limitações físicas, sinais e sintomas da doença, necessidade de exames e
tratamentos, dependência de medicação, dietas e aparelhos, dependência dos outros
(menor autonomia), dificuldade de pertença aos grupos de pares e comportamentos
superproteção dos pais com ausência de disciplina e alteração de rotinas diárias.

Modelo de cuidados centrados na família


• Os cuidados devem envolver todos os elementos que fazem parte da equipa de saúde;
• Método de trabalho por enfermeiro de referência;
• Uma presença de qualidade dos pais ou seus substitutos;
• Negociação e participação ativa nos cuidados;
• Respeito pelas rotinas da criança e família;
• Manutenção da disciplina por parte dos pais;
• Permitir a utilização de materiais lúdicos preferidos da criança;
• Visitas de pessoas significativas;
• Identificação e utilização dos mecanismos de coping da criança;
• Gerir os cuidados em função do estilo de confronto da criança;
• Criar espaços de iniciativa à criança para a realização de tarefas e tomadas de decisão;
informação assídua, clara e à medida que vai sendo assimilada;
• Perguntas vão sendo feitas sobre a sua situação de saúde e preocupações;
• Apoio na conceção de projetos de vida realistas;
• Inclusão na equipa e apoio pelos pares, principalmente no adolescente.

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PARTICULARIDADES DA TERAPÊUTICA EM PEDIATRIA
Compete ao enfermeiro:
a) Administrar a terapêutica
b) Garantir o armazenamento adequado e correta administração dos medicamentos do
domicílio
c) Facultar aos pais informação sobre o medicamento a administrar para ser consultada, caso
estes o solicitem
Atender às regras de preparação de acordo com a forma medicamentosa e via de administração:
A. Identificação correta do medicamento
B. Verificação do prazo de validade
C. Preparação/verificação da dose correta
D. Identificação da criança
E. Informação aos pais sobre medicamentos prescritos e pedir a sua colaboração

Via Entérica
• Sempre que possível deve-se escolher esta via para administrar terapêutica;
• Existem duas formas de medicamentos para administração oral: sólidos e líquidos
• Medicamentos sólidos não devem ser administrados antes dos 5 anos - Risco Asfixia;
• A maioria dos fármacos orais vem preparados sob a forma líquida com sabor agradável, para
facilitar a administração;
• Os medicamentos sólidos devem ser dissolvidos em pequenas quantidades de água, porque a
criança pode recusar;
• Podem ser misturados em geleias, sumos, sopas; não utilizar leite.
A – Preparação da dose
• Medicamento correto – Verificar a forma de apresentação do medicamento para assegurar
que seja apropriada para a criança.
– Seringa, ou copo de unidose - Se for usada seringa esta deve ser colocada dentro do
invólucro e nunca encapsulada com agulha de proteção
– A medicação oral sólida é dissolvida em água destilada (copo de unidose), devendo ser
utilizada a quantidade mínima.
• Nas crianças pequenas e lactentes usar preferencialmente seringa; nas crianças maiores usar
preferencialmente copo plástico graduado

B – Forma de administração
Ter cuidado para evitar aspiração do fármaco
– O medicamento é colocado na boca com uma colher, um copo plástico, um conta gotas de
plástico, ou uma seringa no canto da boca, ao lado da língua do lactente, com o conteúdo

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administrado lentamente, em pequenas quantidades, permitindo à criança deglutir durante
a administração.
– Tentar obter sempre a colaboração da criança e solicitar a colaboração do acompanhante.
Se a criança resistir, pode ser necessário recorrer a alguma coerção física que deverá ser
efetuada rápida e cuidadosamente com a criança semi-sentada.

Via parentérica
• Esta via de administração é muito traumatizante para as crianças.
• O enfermeiro deve considerar os aspetos particulares:
– locais de administração,
– seleção do material,
– diluições, – preparação física
– psicológica da criança.

1. Preparação da criança
• Psicológica
• Analgesia, e Estratégias não farmacológicas (Norma DGS 22/2012 – Controlo da dor em
Procedimentos invasivos na criança)
• Física
– Imobilização
– Local de administração

2. Preparação do fármaco
A- Diluições
Utilizar regra de três simples
Atender aos protocolos de diluição - Diluir em função da via a utilizar e tipo de droga

B- Material
Escolher seringa e agulha de acordo com:
• Via de administração e local
• Idade da criança
• Quantidade de fármaco
Seringas
Volume < 1ML - seringa de insulina
Volume > 1ml - seringa com diâmetro estreito adequado
Agulhas
Tipo de droga, via e local de administração

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Via endovenosa
Aspetos a ter em conta na preparação e administração por esta via:
• Dose do fármaco a ser administrado;
• Diluição mínima da droga;
• Tipo de solução em que a droga pode ser diluída;
• Período em que a droga pode ser administrada com segurança;
• Velocidade da infusão que a criança/jovem e o seu sistema circulatório podem tolerar
com segurança;
• Horário no qual a substância pode ser administrada;
• Compatibilidade de todas as substâncias prescritas/administradas por via endovenosa;
• Não administrar com plasma ou sangue.

A – Indicações
• Administrar terapêutica a crianças não cooperantes, inconscientes, ou com dificuldade de
absorção;
• Administrar grandes quantidades de líquidos e ou medicação;
• Obter um efeito rápido do medicamento;
• Manter/restabelecer o equilíbrio hidro-electrolítico.

B – Diluições
• Atender aos protocolos de diluição dos fármacos (ver exercícios práticos)
• Consultar:
– Guia de Preparação e Administração de Medicamentos por via parentérica;
– Manual de terapêutica injetável;
– Manual de terapêutica de emergência

C - Escolha do Local Lactentes


• Epicraneanas (cada vez menos utilizadas), e veias do dorso da mão e antebraço
• Evitar locais de grande mobilidade
• Atenção à imobilização e fixação dos adesivos

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Exemplo
Protocolo de Antibioterapia por via parenteral – Nome do fármaco Cefoxitina (Mefoxin ®)
Apresentação EV – frasco com 500 ou 1000 mg + 1 ampola de agua
bidestilada com 5 ml ou 10 ml respetivamente IM - frasco
com 500 0u 100mg+ ampola de lidocaína 1% com 2ml
Via de Administração – IM Sim – Reconstituir a respetiva ampola com lidocaína
EV direta Sim – dissolver a ampola com o respetivo solvente
EV Intermitente Sim – Reconstituição: tal como para EV direto Diluição:
adicionar 50 a 100ml soro fisiológico a 0,9%, glicose a 5%
0u 10% 0o Lactato de Ringer, administra durante 60 minutos.
Estabilidade após reconstituição/ Reconstituição: 24h temperatura ambiente -7 dias frigorifico
diluição Diluição: 24h temperatura ambiente – 48h no frigorifico
Cuidados durante a administração Não deve ser administrado a doentes hipersensíveis à
Precauções especiais penicilina e cefalosporinas
Efeitos Secundários Tem vários, consultar protocolo

Colocação de CVP para administração de terapêutica


Orientações quanto à execução:
• Informar a criança /pais e obter consentimento verbal da criança/ acompanhante;
• Explicar o procedimento à criança e pedir a sua colaboração;
• Fazer aplicação tópica do EMLA após escolha criteriosa de veia, proteger a zona com
adesivo transparente e aguardar no mínimo 1hora (1h30 a 2 h);
• Utilizar técnica asséptica na colocação do cateter venoso periférico.
• Puncionar a porção mais distal do membro, para preservar o vaso, evitando as zonas de
flexão;

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• Evitar puncionar veias lesadas e locais próximos de um local recentemente puncionado;
• Puncionar, se possível, no membro não dominante da criança;
• Os adesivos de fixação devem ser colocados de forma a permitir visualizar o máximo do
local de punção;
• O local de punção deve ser observado assiduamente;
• O procedimento deve ser realizado preferencialmente na sala de tratamentos.
Material e equipamento
• EMLA e Tegaderm
• Luvas limpas e garrote
• Álcool a 70º e “Kit para PV” esterilizado, ou compressas esterilizadas
• Catéter venoso periférico de calibre adequado
• Válvula anti-retorno (VAR)
• Rede elástica tubular ou ligadura
• Seringa com 5cc de soro fisiológico + agulha dentro do respetivo invólucro
• Adesivo hipoalergénico
• Recipiente para sujos
• Contentor corto-perfurantes

Execução
• Providenciar a preparação e transporte do material para junto da criança;
• Dispor o material de forma funcional;
• Explicar o procedimento à criança e pedir a sua colaboração;
• Colocar a criança em posição adequada, de preferência deitada;
• Lavar as mãos;
• Calçar luvas;
• Efetuar a punção no local selecionado;
• Fixar o cateter com adesivo hipoalérgico esterilizado, na zona mais próxima do local da
punção, sem cobrir demasiado o local de punção;
• Colocar válvula anti-retorno, preenchida com soro fisiológico;
• Introduzir, aproximadamente, 5 ml de soro fisiológico, para confirmar permeabilidade do
cateter;
• Colocar tampa da válvula anti retorno;
• Colocar pequena compressa esterilizada debaixo da parte proximal do cateter para protecção
da pele. Não colocar adesivo no local de adaptação do cateter ao prolongador;
• Cobre-se a válvula anti-retorno com uma compressa esterilizada, que é substituída sempre
que se manipula o cateter, e protege-se com rede tubular ou ligadura;
• Manter sempre o penso do local de inserção, integro, seco e estéril;

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• Providenciar a recolha e arrumação do material;
• Lavar as mãos.
Ou
• Adaptar sistema de administração de fluidos adequado à situação, com torneira de três vias
e prolongador;
• Fixar prolongador à válvula anti-retorno;
• Não colocar adesivo no local de adaptação do cateter ao prolongador;
• Proteger local do cateter com rede elástica tubular ou ligadura;
• Manter sempre o penso do local de inserção, integro, seco e estéril;
• Providenciar a recolha e arrumação do material;
• Lavar as mãos.
Registos
• Data e hora da colocação do CVP; local de inserção do CVP; permeabilidade; aspeto. •
Intercorrências observadas

Soros mais utilizados em pediatria


Princípios Ativos: Glucose+ Cloreto Sódio (NACL)
Os mais utilizados:
– Glicose 5% (50mg/ml) em NACL a 0,9% (9mg/ml)
– Glicose a 5% em NACL a 0,45%
– Glicose a 5% em NACL 0,3%

Soro glucossalino hipossódico - Soro a 1/3 com glicose ou Soro 210


Composição: Glucose 5% em solução de 0,3% de cloreto Sódio (NaCl)
Frasco de 500ml: 5% de glicose (55mg/ml); 0,3% de NaCl (3mg/ml)

Preparação de fluido terapia


Formulas mais utilizadas
• 1ml/h = 1 mgt/mn
• 1gt/mn = 3mgt/mn

mililitros/hora = volume total da perfusão / nº de horas gotas/minuto = volume total da


perfusão x gotas /ml / duração da perfusão em minutos

Protocolo de administração de fluidoterapia para crianças/jovens no período pré-operatório


• Utilizar soro glucossalino hipossódico
• Proceder ao cálculo do débito do soro, segundo o seguinte esquema:

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Primeiros 10 Kg 100ml/Kg/dia
Segundos 10 Kg 50 ml/Kg/dia
Restantes Kg 20 ml/Kg/dia

Cateterizar veia (aplicar EMLA pelo menos 1 h antes)


O calculo da fluidoterapia é feito segundo o peso da criança
Por ex: uma criança com 45 KG
10Kg x100 ml= 1000 ml
10Kgx 50 ml = 500 ml
25 g x 20 ml = 500 ml
Total = 2000 ml/dia
2000 ml: 24 horas = 100 ml/hora
• Administrar sedação, de preferência oral, quando está prescrita

Administração de fluidoterapia
1 Identificar o frasco do soro com:
• Nº da cama
• Nome da criança
• Hora de inicio
• Hora de fim (depende do serviço)
• Data
• Débito
2 Selecionar o sistema de soro atendendo ao tipo de bomba perfusora a utilizar ou ao débito a
perfundir (gota ou microgota);
3 Colocar torneira de 3 vias e prolongador de 50 cm;
4 Identificar o sistema de soro com rótulo conforme indicado anteriormente;
5 Mudar o sistema, a torneira de 3 vias e prolongador em dias alternados ou diariamente se soro
composto ou protocolo do serviço;
6 O sistema de soro de administração de terapêutica mudar diariamente, no turno da manhã;
7 Os sistemas de administração de sangue devem ser substituídos logo que a transfusão termine;
8 Os sistemas de administração de alimentação parentérica são substituídos aquando da
mudança dos frascos/bolsa de alimentação;
9 Vigiar frequentemente o ritmo das perfusões a fim de prevenir a ocorrência de obstrução e
sobrecarga circulatória;
10 Controlar o ritmo da perfusão com bomba perfusora, sempre que possível;
11 Manter sempre o penso do local de inserção, integro, seco e estéril;

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12 Vigiar local inserção do cateter s/horário; 13 Otimizar cateter diariamente.
Particularidades da terapêutica em pediatria
Via Intramuscular
A - Indicações
Administrar terapêutica a crianças não cooperantes, inconscientes, ou com problemas
gastrointestinais
B - Diluições
Sempre que o fármaco traz solvente este deve ser utilizado.
Os solventes mais utilizados são a agua bidestilada e o soro fisiológico a 0,9%
C - Escolha do Local
• Idade
• Peso e do desenvolvimento das massa muscular
• Tipo de medicamento
• Quantidade e características
• Frequência e nº de injecções aplicadas no local
• Causas que impeçam o acesso ou causem contaminação (ex: Feridas)
• Capacidade da criança em assumir a posição necessária com segurança
Local Idade Comprimento da Volume (ml) Angulo de Inserção Comentários
agulha (mm)
Vaso lateral Lactente 15 0.5 72-90 Recomendado para
1-3 anos 15-25 0.5-1 lactentes com
Pré-escolar 25 1 menos de 7 meses
Escolar 25 1.5-2 de idade
Ventroglúteo Lactente 15 0.5 72-90 lactentes com idade
1-3 anos > a 7 meses de
Pré-escolar idade
Escolar
Deltoide Pré-escolar 15-25 0.5-1 72-90
Escolar
Dorsoglúteo Escolar 13-40 1.2-2 Perpendicular à
superfície sobre a
qual a criança está
deitada

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Locais de eleição para administração

Via Intramuscular – Região VentroGlútea


Atender:
• Localização
• Inserção e tamanho da agulha

Técnica de administração
• Obter ajuda para imobilizar a criança;
• Expor a área, de modo a permitir uma ampla visão dos
pontos de referencia;
• Selecionar o local onde não haja irritação cutânea ou perigo de infeção, palpando de modo
a evitar áreas endurecidas;
• Colocar a criança em posição adequada e mantê-la imobilizada
• Desinfetar a área
• Segurar o músculo entre o polegar e os outros dedos para assim imobilizar com segurança e
injetar a solução na sua parte mais profunda
• Inserir a seringa “montada” – introduzi-la perpendicular ao músculo, ou na obliqua a 45º na
direção do joelho no caso do vasto externo (vasto lateral e reto femoral)
• Aspirar para ter a certeza de que a agulha não está num vaso sanguíneo e injetar lentamente
segurando bem o conjunto agulha – seringa;
• Injetar lentamente a medicação no musculo relaxado;
• Retira a agulha/seringa e aplicar pressão firme fazendo uma pequena massagem ;
• Segura e acariciar a criança e estimular os pais a confortá-la; nas crianças maiores elogiálas;
• Registar: hora; fármaco, dose e o local da injeção.

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Via Subcutânea
• Providenciar analgesia;
• Trocar agulha após aspirar a medicação da ampola;
• Selecionar agulha de acordo com tamanho da criança: lactentes ou criança pequena (10mm);
adolescente (13 a 15mm);
• Crianças pequenas e lactentes: o volume máximo administrar -1ml; lactentes pequenos
podem não tolerar volumes >0,5ml;
• Selecionar o local mais adequado: características do fármaco; frequência e o número de
injeções;
• Desinfetar com álcool e deixar secar (exceto insulina);
• Administrar preferencialmente no 1 /3 médio da face externa do braço; exceto se outra
indicação (por ex: insulina; heparina);
• Atender à rotação dos locais de administração do fármaco;
• Solicitar presença e colaboração dos pais;
• Imobilizar corretamente a criança;
• Administrar lentamente;
• Registos.

Medicação rectal
Medicação retal mais utilizada:
• Supositório analgésico e/ou antipirético
• Microenema - bebegel®
• Anticonvulsivante (Diazepan retal)
Cuidados a ter:
• Solicitar consentimento verbal dos pais/cuidadores;
• Solicitar presença e/ou colaboração do acompanhante;
• Sempre que possível permitir que seja o acompanhante ou a criança a administrar o
supositório; neste caso explicar e supervisionar a administração
• Após administração de medicação retal, comprimir as nádegas firmemente durante 5
minutos
• Após administração do microenema ou enema, solicitar à criança para o reter pelo menos
15 minutos; crianças pequenas e lactentes comprimir as nádegas durante esse período.

Via inalatória
Medicação por via inalatória:
• Aerossolterapia
• Nebulização

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• Oxigenoterapia
Tipo dispositivos simples:
A. Inalador pressurizado de dose calibrado (pMDI)
B. Inalador pressurizado de dose calibrado + câmara expansora (pMDI+CE), com bucal ou
máscara facial
C. Inalador de pó seco (DPI)
Como escolher os inaladores?
< 4 anos Inalador pressurizado + câmara expansora com mascara
4-6 anos Inalador pressurizado + câmara expansora com bucal
> 6 anos Inalador de pó seco ou inalador pressurizado + câmara expansora com bucal

Inalador pressurizado de dose calibrado + câmara expansora (pmDI+CE)com máscara


facial
Cuidados a ter:
• Colocar a criança/jovem na posição de pé, sentado ou semi-sentado;
• Retirar a tampa do pDMI e agitar bem (na vertical);
• Adaptar o pDMI à camara expansora, com o reservatório voltado para cima;
• Adaptar a mascara facial à câmara expansora da criança/jovem;
• Pressionar 1 vez para libertar o aerossol;
• Manter a câmara colocada enquanto a criança respira 5 a 10 vezes
Nota: Se tiver prescrito mais do que 1 “puf”, deverá aguardar-se que a criança respire 5 a 10
vezes para nova inalação.
Após inalação do medicamento (anti-inflamatório esteroide) deve lavar-se a boca com água ou
escovar os dentes e lavar a face se utilizar máscara. Lavar a mascara facial.
Nebulização
Cuidados a ter:
• Preparar medicação de acordo com a prescrição;
• Adaptar bem a mascara à face da criança;
• Ligar a fonte de O2 ou ar comprimido a um fluxo de 6 a 8l/mn;
• Instruir a criança para respirar normalmente;
• Manter a fonte ligada até terminar o líquido colocado no reservatório;
• Substituir o nebulizador após 24h (em regime de internamento).

Oxigenoterapia
Consiste na administração de oxigénio medicinal, por via inalatória, em concentração superior à
encontrada na atmosfera Objetivos:

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• Facilitar as trocas gasosas
• Prevenir a hipoxia dos tecidos
• Corrigir as alterações metabólicas causadas pela hipoxia
• Promover uma boa oxigenação diminuindo o trabalho respiratório
Importante
• Humidificado, sempre que possível;
• Colocar a criança em posição confortável;
• Encorajar a presença dos familiares;
• Obrigatório monitorizar – Oximetria de pulso
• Inflamável
O oxigénio pode ser administrado por: cânula nasal; tendas de oxigénio, mascára;
A necessidade de O2, o sistema de administração e a quantidade de O2 a administrar são
prescritos pelo médico;
Cumprir o procedimento: lavagem das mãos; reunir todo o equipamento; selecionar tamanho da
cânula/cateter nasal/máscara;
As velocidades de fluxo devem ser as seguintes:
• Cânula nasal:
– RN e lactentes – max. 2l/mn
– Crianças maiores e adolescentes – até 4l/mn
• Máscaras: Pode variar de 5 a 10l/mn
Pode haver reinalação de CO2 se o fluxo de O2 for inadequado
Escolha do sistema
• Baseado na clínica e necessidade de concentração de O² a administrar
• Fluxo: mínimo necessário para PaO²:50-80mmHg e SpO²: 90-95%
4xfluxoO² +21%=concentração de O²
Métodos não invasivos:
• Sistemas de baixo Fluxo:
– Cateter/cânula nasal –
Máscara facial simples
• Sistemas de Alto Fluxo:
– Máscara de Venturi
– Máscara facial com reservatório
– Tendas e campânulas

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Cânula nasal (CN)
• Até 4 l / minuto
• Concentração: 25-40%, variável
• Higiene nasal
Vantagens
• Leve e bem tolerada
• Barata, segura e simples
• Manutenção de rotinas
• Pouca aerofagia
Desvantagens
• FiO2 variável
• Pouca humidade seca mucosas
• Epistáxis
• Irritante e incómoda - ↓ tolerabilidade
• Fácil deslocação
• Fluxos rápidos - dor nos seios PN
• Uso limitado em emergências
• Não permite nebulizações
Fluxos acima de 2l/min não estão recomendados em RN e crianças
Fluxo O2 Concentração O2
0,5 litros/minuto 23%
1 litro/ minuto 25%
2 litros/ minuto 29%

Máscaras
Considerações Gerais:
• Preencher o nariz e a boca
• Escolher o tamanho adequado
• Verificar o sistema de selagem
• Ajustável com banda elástica
• Sempre que possíveltransparente
• Risco de aspiração
Máscara facial simples
• 5-10 litros / minuto

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Vantagens
• Maior quantidade de O2 humidificado
• Fácil utilização
• Bem tolerada
Desvantagens
• Pouca tolerabilidade
• Concentrações pouco fiáveis
• Pressão e humidade sobre a face
• Dificulta : visão, alimentação, vigilância
• Obstrui o fluxo do vómito - aspiração
• 5l/min – risco de retenção de CO2.
Recomendado fluxo acima dos 5Litros/minuto
Sistemas de alto fluxo
Máscara de Venturi
• 2-60 litros / minuto
• 2 tipos de sistemas de redutores
• Sistema de cores: 6 conectores
Vantagens
• Concentração regulada: mistura de fluxo constante de ar ambiente com concentração fixa
de O2
• Leve - boa tolerância
• O redutor permite a regulação segura do fluxo de O2
Desvantagens
• Fácil deslocação
• Dificuldade na comunicação e alimentação

Máscara com reservatório


• Fluxos 10-15 l/min (O2 a 100%)
• Simples com reservatório e alto débito
Vantagens
• Concentração regulada
• O2 inalado não se mistura com o ar exalado
• Leve e de fácil utilização
Desvantagens
• Fácil deslocação
• Dificulta comunicação e alimentação

74
• Desconfortável
• Ansiedade

Simples com reservatório Alto débito


• 10 – 12 l/min - 50-60% O2 • 10 – 15 l/min - 95% O2
• Máscara simples + reservatório • Máscara + reservatório com 2
• Útil em transportes válvulas
• Necessário um fluxo suficiente para • Permite a maior concentração de
não colapsar
• O2 possível em doentes a respirar espontaneamente
Campânulas e tendas
• Campânulas: < 1 ano - 10-15 l/min 80-90%
• Tendas: altos fluxos - ≈ 50%
Vantagens
• Doentes que necessitam de O2 prolongado mas não toleram cânula/máscara
• Boa humidificação
• Controlo de temperatura
Desvantagens
• Em desuso
• Misturam com ar ambiente sempre que são abertas
• Difícil acesso
• Embaciam - RISCO na vigilância

75
AVALIAÇÃO E GESTÃO DA DOR NA CRIANÇA

A dor na criança
A dor é “uma experiência sensorial e emocional desagradável, associada a dano presente ou
potencial, ou descrita em termos de tal dano” (IASP, 1979)
• Conceção multidimensional:
Sensorial – determinado neurofisiologicamente
Emocional – baseia-se no estado afetivo, experiencias passadas, estádios de
desenvolvimento, fatores de ordem pessoal, cultural e espiritual.
• Fenómeno subjetivo e individual
A avaliação e controlo da dor exige uma intervenção interdisciplinar e individualizada a cada
criança e família.
A dor na criança apresenta uma enorme variabilidade na forma como se expressa, devido às
especificidades de cada grupo etário. À experiência de dor nas crianças estão frequentemente
associados o medo e a ansiedade, fatores que dificultam não só a avaliação da dor mas também a
tomada de decisão dos profissionais de saúde quanto à intervenção.

Tipos de dor
Quanto a duração:
Dor aguda
Tem duração relativamente curta, de minutos a algumas semanas, de início súbito, rápido. Não
é sentida nos tecidos profundos do corpo e é autolimitada, decorrendo normalmente de lesões
teciduais ou processos inflamatórios. São exemplos as dores advindas de injecção, traumatismos,
pós-operatórios e procedimentos médicos em geral.
Dor crónica
É conhecida como contínua, pulsátil, nauseante ou lenta. Está associada à destruição tecidual e
tem uma duração prolongada, dura meses, anos ou toda a vida. O início da dor é pouco definido
e não existem sinais do sistema nervoso autónomo. Ocorre tanto a nível da pele como em qualquer
tecido ou órgão interno.

Dor Recorrente
É uma dor aguda, porque ocorre em episódios de curta duração, mas tem uma característica
crónica, porque se repete ao longo de muito tempo, às vezes ao longo de quase toda a vida, e não
está claramente associada a uma etiologia específica.

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A Criança e a Dor - Alguns Mitos
• A imaturidade do sistema nervoso do RN, o que levaria a pensar que a dor não é sentida
com a mesma intensidade que o adulto
• A criança metaboliza os analgésicos de forma diferente, que os adultos, e que tem risco de
depressões respiratórias
• A criança não tem memória de dor
• Crianças que brincam não tem dor

Manifestações de Dor na criança


Comportamentais
• Postura antiálgica
• Mudanças de comportamento:
– Irritabilidade, agitação
– Letargia, prostração
– Choro, gemidos, gritos
– Agitação noturna
– Fácies característico de dor
– Agressividade
– Dificuldade em consolar
– Recusa de jogo ou participação lúdica
Fisiológicas
• Alterações do tónus muscular
• Alterações fisiológicas:
– Rubor, palidez
– Hipersudorese
– Hipertermia
– FC; FR; TA e Sat. 02 (taquicardia, polipneia)
– Recusa alimentar
– Distúrbio do sono, pesadelos

Avaliação da Dor Nas Crianças


Norma de Boa Prática:
a. Acreditar sempre na criança que refere dor;
b. Privilegiar a autoavaliação a partir dos 3 anos, sempre que possível;
c. Dar tempo à criança para expressar a sua dor;
d. Ter sempre presente o comportamento habitual da criança ou de uma criança sem dor da
mesma idade;

77
e. Dialogar com a criança (a partir dos 3 anos)/pais/cuidador principal, observar a criança e
utilizar um instrumento de avaliação da dor;
f. Realizar a história de dor na admissão da criança ao hospital e na primeira consulta;
g. Manter o instrumento em todas as avaliações da mesma criança, expecto se a situação
clínica justificar a mudança;
h. Utilizar de forma rigorosa as instruções metodológicas especificas de cada instrumento;
i. Em situação de dor intensa dar prioridade ao tratamento em detrimento da sua avaliação.
j. Registar no processo clínico da criança todas as avaliações realizadas
História da dor
• Fontes de informação documentais disponíveis
• Entrevista à criança (≥ 3 anos, sempre que possível)
• Observação da criança
• Entrevista aos pais/pessoas significativas

Permite orientar a avaliação e o controlo da dor na criança. Consiste na colheita de informação


sobre:
a) características da dor: (localização, intensidade, qualidade, duração, frequência,
sintomas associados);
b) Fatores de alívio e agravamento;
c) Uso e efeito de medidas farmacológicas e não farmacológicas;
d) Formas de comunicar/expressar a dor
e) Experiências anteriores traumatizantes e medos;
f) Habilidades e estratégias para enfrentar a dor e outros problemas de saúde
g) Comportamentos da criança e ambiente familiar
h) Efeitos da dor na vida diária
i) Impacto emocional e socioeconómico
Deve realizar-se no acolhimento da criança e família ao serviço

Avaliação da Dor Nas Crianças


Avaliação das características da dor:
Localização: Onde é que dói? Dói em mais algum lado? A dor irradia?
Qualidade: Diz me como é a tua dor (moedeira, queimadura, formigueiro…)
Intensidade: utilizar instrumentos de avaliação da intensidade da dor
Duração: quando começou a doer? Está sempre a doer (dor contínua) ou é uma dor que vai e vem
(dor intermitente)?

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Avaliação da intensidade da dor:
Consiste em quantificar a sensação dolorosa através de instrumentos válidos e seguros,
considerando:
• tipo de dor,
• situação clínica
• idade da criança.
Fazer a avaliação da dor de forma regular e sistemática a todas as crianças internadas,
pelo menos, uma vez/turno;
O registo deve ser complementado no processo clínico com informação qualitativa de
outros aspetos considerados úteis para interpretar a dor na criança, uma vez que a maioria das
escalas avaliam a intensidade da dor.

Instrumentos para avaliação da dor nas crianças


Recém-nascidos: Escala de EDIN – (Échelle, Douler,Inconfort, Nouveau – Né)
A EDIN é uma escala unidimensonal comportamental indicada para RN (prematuros
ou de termo) hospitalizados em unidades de Cuidados Intensivos Neonatais com dor aguda
associada a patologias prolongadas, pós-operatório ou repetição frequente de gestos invasivos.
(citado por Batalha e al, 2003)
Menores de 4 anos ou crianças sem capacidade para verbalizar FLACC (Face, Legs, Activity,
Cry, consolability)
Escala de Faces Consiste numa escala constituída por 6 faces através da qual a criança
identifica a intensidade da sua dor, de acordo com a mínima representada em cada face desenhada,
sendo que a expressão de felicidade corresponde à classificação de 0 (Sem Dor) e a expressão de
máxima tristeza corresponde à classificação de 5 (Dor Máxima)
Entre os 4 e 6 anos
a. FPS-R (Faces Pain Scale – Revised) -válida a partir dos 4 anos
b. Escala de faces de Wong-Baker – válida a partir dos 3 anos

A partir dos 6 anos


a) EVA (escala visual analógica)

Intervenções farmacológicas no controlo da dor na criança


Analgésicos:
• Paracetamol
• AINE (cetorolac; metamizol magnésio)

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Anestésicos locais:
• Lidocaína + prilocaína creme - EMLA® - creme sob penso oclusivo
• Lidocaína1% tamponada –infiltração local
Analgesia + Sedação:
• Fentanilo
• Morfina
• Tramadol
• Diazepan
• Hidrato de Cloral
• Cetamina
• Midazolan
• Protóxido de azoto e oxigénio (50/50%) – fluxo de gás

Ideias chave:
• A dor deve ser tratada profilaticamente;
• Os analgésicos devem ser prescritos e administrados em doses terapêuticas e horários
fixos de acordo com a intensidade da dor, não devendo ser mantidos apenas quando
necessário ou com intervalos longos entre as doses.
• Ao enfermeiro cabe a responsabilidade de: preparar e administrar a terapêutica prescrita,
decidir quando administrar se prescrita em SOS, avaliar e comunicar a sua eficácia,
monitorizar e controlar os efeitos secundários, desempenhar um papel educativo junto da
criança/pais e colaborar na revisão terapêutica.

Intervenções não farmacológicas para controlo da dor em função da capacidade de


pensamento abstrato e da necessidade de treino

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Intervenções não farmacológicas
• Amamentação
• Contenção com lençol ou contenção manual
• Distração
• Glicose a 30% ou sacarose a 24%
• Imaginação guiada/ hipnoanalgesia
• Massagem
• Modelação/ensaio comportamental
• Preparação
• Reforço positivo
• Relaxamento muscular/exercícios respiratórios
• Sucção não nutritiva

Intervenções sensoriais para controlo da dor durante procedimentos


Glicose a 30% (disponível em ampolas) ou Sacarose a 24% (preparação em farmácia hospitalar)
Administrar 2ml de solução oral por seringa sobre a porção anterior da língua, 2 minutos antes do
procedimento.
Em procedimentos superiores a 60 segundos, a dose pode ser fracionada em intervalos de 30 a
60 segundos.
A hora, volume e eventual ocorrência de efeitos adversos devem ser sempre registados no
processo clínico.
A solução de sacarose deve ser conservada no frigorífico durante um período não superior a 1
semana.
Nota: é eficaz durante o primeiro ano de vida.

Diagnóstico de enfermagem - dor


• No item - Atitudes terapêuticas, selecionar - Sinais vitais - e nas intervenções associadas
aos sinais vitais selecionar - Monitorizar dor com escala:
EDIN/FLACC/FACES/VISUAL ANALOGICA
• O diagnóstico dor é sugerido pelo sistema, sempre que na intervenção - Monitorizar dor
- se registe uma intensidade = a 1.
• Conhecimento do adolescente sobre autocontrolo da dor não demonstrado;
• Conhecimento da criança/do adolescente sobre técnica de (relaxamento; distração;
imaginação guiada), não demonstrado
• Dor Presente no ….
• Conhecimento do prestador de cuidados sobre medidas não farmacológicas não
demonstrado

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Intervenções de enfermagem
• Vigiar a dor;
• Monitorizar a dor;
• Gerir ambiente físico;
• Posicionar o RN, a criança, o adolescente;
• Executar técnica de: massagem; distração; imaginação; relaxamento
• Ensinar a criança/adolescente sobre autocontrolo da dor
• Instruir sobre ….
• Treinar sobre….
• Aplicar métodos físicos (calor, frio)
• Administrar medicação analgésica prescrita em SOS

82
VACINAÇÃO DA CRIANÇA E JOVEM

O Programa Nacional de Vacinação (PNV)


• Universal
• Gratuito
• Acessível a todas as pessoas presentes em Portugal
• Em funcionamento desde 1965 - Nos anos seguintes à entrada em vigor do PNV, em
1965, verificou- se uma notável redução da morbilidade e da mortalidade pelas doenças
infeciosas alvo de vacinação, com os consequentes ganhos de saúde.
• Atualização do PNV em 2015
• Última atualização do PNV em 2017
Há dois motivos principais para vacinar:
• A proteção individual da doença.
• A proteção da comunidade.
Em países/regiões/locais com elevadas coberturas vacinais a comunidade beneficia da chamada
imunidade de grupo, isto é, quanto maior a proporção de pessoas vacinadas menor a circulação
do micro-organismo causador da doença, com proteção indireta das pessoas não vacinadas.
A imunidade de grupo confere proteção aos que não podem ser vacinados, por exemplo, por não
terem atingido ainda a idade recomendada para a administração de vacinas.
Ideal – 95% população vacinada
Esquema Vacinal Recomendado
Objetivo: obter a melhor proteção, na idade mais adequada e o mais precocemente possível.”
11 vacinas + HPV

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Vacinas combinadas
• Vacina trivalente DTPa
– Difteria
– Tétano
– Tosse convulsa ( B. pertussis)
• Vacinas tetravalentes – DTPa; Hib
– DTPa; VIP
• Vacina pentavalente – DTPa; Hib; VIP
• Vacina hexavalente
– DTPa; Hib; VIP; VHB

A vacinação
“A vacinação previne o aparecimento de doenças, torna possível a sua erradicação, eliminação
ou controle e protege as pessoas de sofrimento e de morte. As vacinas permitiram salvar mais
vidas e prevenir mais casos de doença do que qualquer tratamento médico, melhoram o bem-estar
dos povos, contribuem para a eficiência e sustentabilidade dos serviços de saúde e são um fator
de desenvolvimento.”
É um Direito e um Dever: Defender a sua saúde, a Saúde Pública e a praticar um ato de cidadania.
Desde introdução do PNV, foi possível erradicar a varíola, eliminar o sarampo e reduzir
drasticamente a morbilidade e mortalidade de várias outras doenças.
Avaliação metas do PNV
• Análise da cobertura vacinal
• Avaliar estado imunitário da pop. (estudos serológicos doenças-alvo da vacinação)
• Avaliar efetividade das vacinas nas doenças-alvo (vigilância epidemiológica clínica e
laboratorial e pelas doenças declaração obrigatória
Princípios básicos da vacinação
Vacinas: produtos imunobiológicos constituídos por microrganismos, parte deles ou derivados,
que produzem resposta semelhante à da infeção natural (produção Ac), induzindo imunidade, com
o mínimo possível de efeitos secundários. Estudos prolongados (4 fases).
1. Antigénios vacinais
2. Resposta primária: Linf B → Plasmócitos →Ac específicos (produção demora 2
semanas) + cél. Memória
3. Memória imunológica (2ª resposta): Produção Ac em poucos dias Série Primária e
Reforço

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A avaliação da resposta imunológica à vacina é feita por IgG sérica (nem sempre há correlação
direta entre o valor e a proteção conferida)
• Resposta depende da idade (é menor no 1º ano vida, qdo é mais elevado o risco de
algumas doenças bacterianas graves) → necessidade dose precoce + doses reforço!
• Algumas vacinas não são dadas
Erradicação: interrupção da sua transmissão a nível mundial, com bom sist de vigilância
epidemiológica. Até hoje apenas se erradicou a varíola.
Eliminação: ausência de casos endémicos num determinado país ou área geográfica por período
mínimo 12 meses, com bom sist vigilância epidemiológica. Só declarada pela OMS após ausência
casos ≥36 meses.
Transmissão endémica: transmissão contínua de agente microbiológico indígena/ importado, num
determinado país/ área geográfica, período ≥12 meses
Imunidade individual - Imunidade de grupo
• Necessária alta cobertura vacinal!
• A ↓ cobertura vacinal → reaparecimento doenças controladas/ eliminadas (Sarampo!)
Tipos de Vacinas
Vacinas Vivas Atenuadas
• VASPR, Varicela, BCG
• Geralmente contra-indicadas na gravidez e algumas alterações imunitárias
Vacinas Inativadas
• HepB, Difteria, Tétano, Pertussis acelular, Poliomielite, Hib, Pneumococo, MenC, HPV,
HepA, Influenza
• Seguras para o feto
Componentes vacinas
• Constituinte ativo (chave): Antigénio
• Adjuvantes (alumínio): ↑ resposta imunológica
• Conservantes (Exº tiomersal)
• Antibióticos
• Estabilizadores (gelatina)
• Emulsionantes
• Resíduos (proteínas ovo)

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• Vias de administração
Tipo de vacina/Via Vacina viva atenuada Vacina Inativadas (IM)
administração
Injetável (SC, ID, IM) VASPR (SC) VHB, Hib, VIP, DTP, MenC,
Varicela (IM / SC) Pn, HPV (conjugadas)
BCG (ID)
Mucosa Rotavírus (oral)

Locais anatómicos de administração das vacinas - idade < 12 meses


Braço esquerdo Braço direito
BCG -
Coxa esquerda Coxa direita
Hexavalente (DTPaHibVIPVHB) VHB
Pentavalente (DTPaHibVIP) Pn13
Men B Hib
VIP

Não dar na nádega – risco lesão nervo ciático


Podem ser administrada em simultâneo mais do que uma vacina no mesmo membro, em locais
distantes entre si 2,5-5 cm
Locais anatómicos de administração das vacinas >= a 12 meses
Braço esquerdo Braço direito
BCG1 Pn13
Pentavalente (DTPaHibVIP) VASPR2
Tetravalente (DTPaVIP) VHB
MenB Hib
MenC3 VIP
Td Pn234
Tdpa HPV

Se ausência massa muscular podem ser administradas na coxa.


Podem ser administrada em simultâneo mais do que uma vacina no mesmo membro, em locais
distantes entre si 2,5-5 cm.
Intervalo administração das vacinas
Intervalo Administração
• Intervalos > aos recomendados não diminuem a concentração final de Ac.

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• Intervalos < podem diminuir a resposta imunológica; não se consideram doses válidas
(intervalo mín. 4 semanas).
• Vacinas inativadas podem ser administradas em simultâneo, antes ou depois de outra vacina
inativada ou viva.
• Vacina viva injetável com intervalo
Vacinas vivas devem ser administradas em simultâneo ou com intervalo > 4 semanas
Contraindicações das vacinas
• Vacinas vivas na gravidez e pessoas com alterações imunitárias graves
• Febre alta, sintomas gerais importantes
• Doenças evolutivas do foro neurológico
• Reação anafilática prévia (pode ser feita sob prescrição, em meio hospitalar
Falsas contra-indicações às vacinas
• História familiar de reações adversas às vacinas
• História anterior da doença (para a qual vai ser vacinado)
• Prematuridade
• Doença neurológica estável
• Contacto com doença infeciosa
• Asma, alergias
• Tratamento com antibióticos ou corticoides
• Mãe grávida
• Bebé amamentado
• Já passou a idade
• Doença aguda banal

As várias vacinas
Vacina contra hepatite B (VHB)
Vacina monovalente (VHB) ou combinada com as vacinas contra a difteria (D), tétano (T), tosse
convulsa acelular (Pa), doença invasiva por Haemophilus influenzae b (Hib), poliomielite (VIP)
→ DTPaHibVIPVHB (hexavalente)
Porquê Vacinar?
• Forma mais efetiva de prevenir a doença: 95-99% desenvolvem Ac protetores após a
vacinação
• O vírus circula na comunidade por portadores crónicos
• Evita doença em viagens a regiões com hepatite B endémica
• Imunidade de grupo
Esquema: 0 (VHB), 2, 6 meses idade (Hexavalente): Ver Vacinação em Grupos de Risco

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Pode ser administrada durante toda a vida, a partir do nascimento

Vacina contra difteria


Vacina dose infantil (D), crianças <7 anos, combinada com as vacinas contra tétano (T), tosse
convulsa acelular (Pa), doença invasiva por Haemophilus influenzae b (Hib), poliomielite
(VIP) e hepatite B (VHB) → DTPaVIP (Tetravalente), DTPaHibVIP (Pentavalente) ou
DTPaHibVIPVHB (Hexavalente)
Vacina dose adulto (d), ≥7 anos, combinada com as vacinas contra tétano (T) e tosse convulsa
acelular (Pa) → Td e Tdpa
Porquê Vacinar?
• Forma mais efetiva de prevenir a doença: ~97% desenvolvem Ac protetores após
primovacinação
• Manter doença eliminada em Portugal– último caso em 1986
• Evitar doença em viagens a regiões com Difteria endémica
• Imunidade de grupo
Esquema:
• Primovacinação: 2, 4 e 6 meses idade (2 e 6 – Hexavalente; 4 meses – Pentavalente)
• Reforço: 18 meses (Pentavalente), 5 (Tetravalente), 10, 25, 45, 65 anos e 10/10 anos
• >65 anos idade (≥ 10 anos Td)
• Em cada gravidez: 1 dose Tdpa

Vacina contra tétano


Vacina contra tétano (T), crianças <7 anos, combinada com as vacinas contra difteria (D), tosse
convulsa acelular (Pa), doença invasiva por Haemophilus influenzae b (Hib), poliomielite
(VIP) e hepatite B (VHB) → DTPaVIP (Tetravalente), DTPaHibVIP (Pentavalente) ou
DTPaHibVIPVHB (Hexavalente)
Vacina contra tétano dose adulto, ≥7 anos, combinada com as vacinas contra difteria (d) e tosse
convulsa acelular (Pa) → Td e Tdpa Porquê Vacinar?
• Forma mais efetiva de prevenir a doença
• Nem a doença nem vacinação conferem imunidade duradoura, por isso são necessários
reforços durante toda a vida
• Reduzir a incidência e mortalidade da doença, mantendo-a controlada (bactéria presente no
meio ambiente; todas as pessoas estão expostas, não há imunidade de grupo) → Só cobertura
vacinal 100% evitaria doença
Esquema:
• Primovacinação: 2, 4 e 6 meses idade (2 e 6 – Hexavalente; 4 meses – Pentavalente)

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• Reforço: 18 meses (Pentavalente), 5 (Tetravalente), 10, 25, 45, 65 anos e 10/10 anos >65
anos idade (≥ 10 anos Td) e em cada gravidez (Tdpa)

Vacina contra tosse convulsa


Vacina contra tosse convulsa, acelular (Pa), ), crianças <7 anos, combinada com as vacinas contra
difteria (D), tétano (T), doença invasiva por Haemophilus influenzae b (Hib), poliomielite (VIP)
e hepatite B (VHB) → DTPaVIP (Tetravalente), DTPaHibVIP (Pentavalente) ou
DTPaHibVIPVHB (Hexavalente)
Vacina contra tosse convulsa em dose adulto (pa), ≥7 anos, combinada com as vacinas contra
difteria (d) e tétano (T) → Tdpa
Porquê Vacinar?
• Forma mais efetiva de prevenir a doença: ~71-95% desenvolvem Ac protetores após
primovacinação (a partir dos 2 meses idade)
• Reduzir a incidência e mortalidade da doença, principalmente em crianças.
• Nem a doença nem a vacinação conferem imunidade duradoura.
Esquema:
• Primovacinação: 2, 4 e 6 meses idade (2 e 6 – Hexavalente; 4 meses – Pentavalente)
• Reforço: 18 meses (Pentavalente), 5 anos (Tetravalente) e em cada gravidez – entre 20- 36
sem gestação, ideal 32 sem após Eco morfológica (Tdpa – Trivalente)

Vacina contra poliomielite


Doença eliminada em Portugal (oficialmente desde 2002)
Vacina contra 3 tipos de vírus da poliomielite (VIP) isolada ou combinada com as vacinas contra
difteria (D), tétano (T), tosse convulsa acelular (Pa), doença invasiva por Haemophilus influenzae
b (Hib) e hepatite B (VHB) → DTPaVIP (Tetravalente), DTPaHibVIP (Pentavalente) ou
DTPaHibVIPVHB (Hexavalente)
Porquê Vacinar?
• Forma mais efetiva de prevenir a doença: ~99% desenvolvem Ac protetores após
primovacinação
• Manter doença eliminada em Portugal e contribuir para a sua erradicação evitando casos
autóctones e surtos
• É uma doença em processo de erradicação. É endémica noAfeganistão, Paquistão e Nigéria
(OMS)
• Evitar a doença em viagem, a países onde ainda exista
• Promover imunidade de grupo

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Esquema:
• Primovacinação: 2, 4 e 6 meses idade (2 e 6 – Hexavalente; 4 meses – Pentavalente)
• Reforço: 18 meses (Pentavalente) e 5 anos (Tetravalente)

Vacina contra Doença Invasiva por Haemophilus Influenza B


Vacina monovalente (Hib) ou combinada com as vacinas contra tétano (T), tosse convulsa
acelular (Pa), poliomielite (VIP) → DTPaHibVIP (Pentavalente) ou DTPaHibVIPVHB
(Hexavalente)
Porquê Vacinar?
• Forma mais efetiva de prevenir a doença: 95-99% desenvolvem Ac protetores após
primovacinação
• Bactéria circula na comunidade por portadores assintomáticos; ↓ incidência, mantendo-a
controlada em crianças
• Imunidade de grupo
Esquema:
• Primovacinação: 2, 4 e 6 meses idade (2 e 6 – Hexavalente; 4 meses – Pentavalente)
• Reforço: 18 meses (Pentavalente)

Vacina contra Infeções por Streptococcus Pneumoniae


Vacina conjugada conta infeções de 13 serotipos de Streptococcus pneumoniae (Pn13)
No PNV idade máx para iniciar e completar esta vacina é < 5 anos; é administrada em qualquer
idade se pertencente a grupo de risco.
Porquê Vacinar?
• Forma mais efetiva de prevenir a doença: ~89-97% desenvolvem Ac protetores contra os
serotipos incluídos, após vacinação
• Bactéria circula na comunidade por portadores assintomáticos; ↓ incidência e mortalidade
por doença invasiva pneumocócica (DIP), mantendo-a controlada em crianças
• Promover imunidade de grupo
• ↓ doença por serotipos vacinais nos grupos etários não vacinados
• ↓ OMA e pneumonia não bacteriémica
• Discreto ↑ dos serotipos não vacinais (inferior à redução dos outros)
Esquema:
• Primovacinação: 2, 4 meses idade
• Reforço: 12 meses

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Vacina contra Doença Invasiva por Neisseria Meningitidis C
Vacina contra doença invasiva por Neisseria meningitidis C (MenC)
Porquê Vacinar?
• Forma mais efetiva de prevenir a doença: ~91-99% desenvolvem Ac protetores após
primovacinação
• Bactéria circula na comunidade por portadores assintomáticos; ↓ incidência e mortalidade
por N. meningitidis, mantendo-a controlada em crianças
• Promover imunidade de grupo Esquema:
• Dose única aos 12 meses idade

Vacina Contra Sarampo


Vacina VIVA contra sarampo (S) combinada com vacinas contra rubéola (R) e parotidite
epidémica (P) → VASPR
Porquê Vacinar?
• Forma mais efetiva de prevenir a doença: ~95% desenvolvem Ac protetores após 1ª dose e
~99% após a 2ªdose
• Manter doença eliminada em Portugal e contribuir para a sua eliminação na Europa,
evitando casos autóctone e surtos em PT (doença ainda endémica em muitos países, com
surtos, incluindo Europa) » E Portugal!!!
• Evitar doença em viagem a países onde ainda é endémica
• Promover imunidade de grupo
Esquema:
• 1ª dose: 12 meses idade
• 2ª dose: 5 anos
Contra-indicações:
• Gravidez
• Imunodepressão grave (primária/ adquirida)
• Terapêutica imunossupressora
• TB ativa não tratada

Vacina contra Parotidite Epidémice Rubéola


Vacina VIVA contra parotidite epidémica (P) e rubéola (R) combinadas + vacina contra sarampo
(S) → VASPR
Porquê Vacinar?
• Forma mais efetiva de prevenir a doença: ~98% desenvolvem Ac protetores após 1ª dose e
~99% após a 2ªdose
• Parotidite Epidémica: Bactéria circula na comunidade por pessoas infetadas assintomáticas;

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↓ incidência, mantendo-a controlada (ainda é frequente em muitos países, incluindo Europa)
• Rubéola: Manter doença eliminada em Portugal e contribuir para a sua erradicação evitando
casos autóctones e surtos
• Evitar doença em viagem a países de elevada endemicidade
• Promover imunidade de grupo
Esquema:
• 1ª dose: 12 meses idade
• 2ª dose: 5 anos

Vacina contra HPV


Vacina contra infeções por 9 genótipos do vírus do Papiloma humano (HPV9)
No PNV a vacina (ainda) é apenas aplicada a raparigas; idade máxima para iniciar esta vacina
<18 anos e máx para completar esquema é <27 anos.
Porquê Vacinar?
• Forma mais efetiva de prevenir a doença: ~99% das jovens 9-13 anos desenvolvem Ac
protetores, 1 mês após vacinação
• Limita circulação de vírus na comunidade, ↓ incidência, prevalência e mortalidade
• Promover imunidade de grupo, os que não podem ser vacinados, que não respondem à
vacinação e os homens
Esquema:
• Raparigas com 10 anos idade (2 doses: 0 e 6 meses)
• -Se iniciou ≥15 anos → 3 doses: 0, 2, 6 meses

Vacina contra Tuberculose - BCG


Aproveitar todos os momentos para reavaliar critérios de risco e identificar crianças elegíveis
para vacinação BCG (todas as crianças <6 anos). Situação de risco pode-se alterar ao longo destes
anos. Tem havido falhas na identificação e sinalização → alguns dos casos TB grave!!
Porquê Vacinar?
• Prevenção de formas graves de TB. Não previne a evolução para doença pulmonar ativa
• Havia redução mantida da incidência em Portugal (em 2014 atingiu-se limite baixa
incidência da OMS (20 casos:100.000 habitantes)
• Em 2016: Vacinação para grupos de risco (1 dose)
Esquema:
• 1 dose única, o mais cedo possível após o nascimento (Desde que > 2Kg)
• Se <12 meses: não necessitam de IGRA; pode ser administrada até 3 meses após IGRA neg.
• Local administração: Intradérmica, entre a zona superior do terço médio e o terço superior,
na face posteroexterna do braço esquerdo (acima da inserção distal do músculo deltoide).

92
• Não administrar nenhuma vacina no mesmo braço, pelo menos durante 3 meses (Risco
Linfadenite).

Crianças <6 anos elegíveis para BCG


• Provenientes de países com elevada incidência TB • Terminaram rastreio de contactos e/ou
profilaxia/ tratamento
• Com pais/ co-habitantes com:
– VIH / SIDA (após excluir VIH criança)
– Dependência álcool ou drogas
– Proveniência (<10 anos) de país com elevada incidência TB
• Integrantes comunidades com elevado risco tuberculose
• Viajante para país com elevada incidência TB

Contra-indicações BCG
• Hipersensibilidade subst ativas ou excipientes
• RN < 2000g
• Filhos de mãe HIV+ (até exclusão na criança)
• RN familiar direto de doente com imunodef. primária suspeita/confirmada (até exclusão na
criança)
• Imunodef. celular, congénita, adquirida; tx
• imunossupressora, inf HIV+
• Pré/ Pós-transplante órgão/ medula
• Doença sistémica grave; aguda grave (com ou sem febre)
• Doença cutânea generalizada
• Tx AB com atividade tuberculostática
• TB ativa / IGRA +
• Malnutrição grave

Vacinação em grupos de risco


Vacinação de RN e lactentes pré-termo e/ou de baixo peso
Vacinação não deve ser adiada, mesmo se RN internado em enfermaria/ UCIN, se clinicamente
estável.
Vacinar na idade cronológica, com a mesma dose (Exceto VHB e BCG)
PNV: Vacinas recomendadas ao recém-nascido e ao lactente pré-termo de acordo com a
idade gestacional

93
Vacinas Idade gestacional <28 Idade gestacional ≥28 e <37
semanas semanas
Vacinas PNV, com exceção da Se situação clínica estável, Faz as vacinas recomendadas
vacina VHB1 e BCG1 faz as vacinas recomendadas aos 2 meses de idade em
aos 2 meses de idade, em cuidados de saúde primários,
meio hospitalar exceto se:
• Estiver internado
• Tiver tido problemas
respiratórios que obrigaram a
internamento ou prolongaram
o internamento no período
neonatal – vacinação em meio
hospitalar

PNV: Vacinas recomendadas ao recém-nascido e ao lactente de baixo peso de acordo com o


peso ao nascer
Vacinas Peso ao nascer <2.000g Peso ao nascer ≥2.000g
Mãe Ag HBs negativo Mãe Ag HBs negativo Esquema PNV
1. Aguarda até ter 2.000g (0,2,6 meses)
2. Esquema PNV (0,2,6 meses)
Mãe Ag HBs positivo1 Mãe Ag HBs positivo1
1. Vacina VHB e IgG anti-VHB nas 1. Vacina VHB e IgG anti-VHB
primeiras 12 h de vida nas primeiras 12 h de vida
2. Esquema acelerado VHB (0,1,2,62. Esquema acelerado VHB
meses) (0,1,2,6 meses)
Mãe Ag HBs desconhecido Mãe Ag HBs desconhecido
VHB 1. IgG anti-VHB nas primeiras 12 h de vida 1. IgG anti-VHB nas primeiras 12
2. Investigar imediatamente serologia h de vida
materna: 2. Investigar imediatamente
Se mãe Ag HBs positivo1 : serologia materna:
a. Vacina VHB nas primeiras 12 h de vida Se mãe Ag HBs positivo1:

94
b. Esquema acelerado VHB (0,1,2,6 a. Vacina VHB nas primeiras 12 h
meses) de vida
Se mãe Ag HBs negativo: a. b. Esquema acelerado VHB
Aguarda até ter 2.000g (0,1,2,6 meses)
b. Esquema PNV (0,2,6 meses) Se mãe Ag HBs negativo: Esquema
PNV (0,2,6 meses)
BCG (se Aguarda até ter 2.000 g Vacinar de imediato
indicado)

Reacções adversas
• Graves (excecionalmente): reação anafilática
• Locais ligeiras: dor, eritema, edema
• Reações sistémicas como a febre são pouco frequentes: surge e desaparece nas primeiras
24-48h (na VASPR: 5-12º dia, duração 5 dias)
• Lipotímia (+ adolescentes/adultos)
Vacinas vivas – dias ou semanas depois (replicação vírus); inativas – nas 48 h dp - Exigem
declaração ao INFARMED

Reações anafiláticas
O ato vacinal deve ser sempre precedido de perguntas dirigidas com o objetivo de detetar
eventuais contraindicações ou precauções às vacinas que vão ser administradas.
As reações anafiláticas surgem, geralmente, pouco tempo após o contacto com o alérgeno, sendo
tanto mais grave quanto mais precoces, pelo que as pessoas vacinadas deverão permanecer sob
observação durante 30 minutos após a administração de qualquer vacina.
Prevenção
• Avaliar: alergias a alimentos, medicamentos, picadas de insetos ou outras substancias e
manifestações anafiláticas anteriores;
• Avaliar ocorrência anterior de reações adversas graves a uma vacina, ou componentes da
vacina, por ex.: ovo, antibióticos, leveduras, a gelatinas

Sinais e sintomas
• Inicio súbito com compromisso da pele e/ou mucosas
• Compromisso respiratório: prurido ou congestão nasal, rinorreia, espirros e aperto da
orofaringe, tosse seca, dispneia, sibilância/broncoespasmo, estridor, diminuição do
DEMI/PEF, hipoxemia, cianose, paragem respiratória

95
• Hipotensão ou sintomas associados de disfunção de órgão terminal(hipotonia, síncope,
incontinência)
• Compromisso gastrointestinal: dor abdominal, vómitos, diarreia, disfagia
• Compromisso do sistema nervoso central: agitação,
cefaleias,alterações do comportamento
• Outros sintomas: hipersalivação, sabor metálico,perda de controlo esfíncteres, hemorragia
uterina

96
FEBRE NA CRIANÇA E NO ADOLESCENTE

• Necessário enfatizar que não é uma doença, mas uma resposta fisiológica com efeitos
benéficos no combate à infeção
• Vantagens: atrasa o crescimento e reprodução de bactérias e vírus, promove a produção de
neutrófilos e proliferação de linfócitos T e auxilia na resposta à infeção
• Custos: aumenta o gasto metabólico, aumenta perda de fluidos insensíveis, aumento
desconforto
Definição
Febre - É a elevação anormal da temperatura corporal (geralmente 1,0ºC acima da temperatura
habitual do indivíduo) que ocorre como parte de uma resposta biológica específica e que é
mediada e controlada pelo sistema nervoso central. (OLIVEIRA, Alexandra, 2017)
Ex: se o indivíduo tem temperaturas axilares basais que variam de 36,1ºC a 37,1ºC (média
36,6ºC), deverá considerar-se como febre um valor igual ou superior a 37,6ºC.
Deve fazer-se o mesmo raciocínio para os restantes métodos. (DGS, 2017)
Manutenção da temperatura corporal
A regulação da temperatura corporal é controlada por um centro termorregulador localizado no
hipotálamo.

Ciclo da Febre

Causas da Febre
Muito Frequente: doença infeciosa benigna autolimitada de etiologia viral ou bacteriana.
Ex. bronquiolite, OMA, gastroenterite.
Menos Frequente: associada a doenças mais graves.
Ex: pneumonia, pielonefrite aguda, sépsis, meningite.

97
Medição correta da temperatura
• Termómetros: digitais; vidro com coluna líquida de galinston; infravermelhos
• Onde avaliar? Depende da idade da criança:
– Axila
– Reto
– Tímpano (a partir dos 3 anos)
Medição retal
• É o método mais rigoroso e o que melhor corresponde à temperatura central • Deve
ser efetuada sempre que seja de importância clínica uma temperatura exata
• Como avaliar?
• Introduzir o termómetro digital de ponta flexível ou o de galinstan no ânus (pelo menos 3
cm) e esperar pelo 1º toque (demora média de 37 ± 14 segundos); com termómetro de
galinstan deve-se esperar 3 minutos;

Medição axilar
• A temperatura na axila demora 5 minutos a estabilizar
• Como avaliar? Após colocar o termómetro digital (desligado) na axila (de preferência para
a do lado em que o doente está recostado ou virado), devendo manter-se o braço sempre
firmemente encostado ao tronco durante 5 minutos, após os quais se deve ligar então o
termómetro e esperar pelo apito; com o termómetro de galinstan a leitura deve ser também
aos 5 minutos.
Febre: Temperatura axilar ≥ 1,0ºC acima da temperatura média individual basal ou Temperatura
axilar ≥ 37,6ºC, com a leitura aos 5 minutos.

Medição timpânica
• A temperatura é medida em poucos segundos;
• uso de pontas descartáveis;
• serviços triagem pediátrica
• Desaconselhada em crianças < 3 anos
• Como avaliar? Realizar 3 determinações consecutivas e adotar o valor mais elevado;
Medição timpânica (e não auricular)
Febre: Temperatura timpânica ≥ 1,0ºC acima da temperatura média individual basal ou
Temperatura timpânica ≥ 37,8ºC
Febre - Sinais de alarme
Valorizar os sinais de alerta que acompanham a febre:

98
• Febre no RN ou no lactente com idade < a 3 meses;
• Má impressão clínica;
• Prostração
• Aparecimento de exantema nas 1ªs 24 a 48h;
• Petéquias; púrpura
• Má perfusão periférica mantida/instabilidade hemodinâmica;
• Gemido;
• Sinais de irritação meníngea, convulsão;
• Sinais de dificuldade respiratória;
• Vómitos repetidos entre as refeições;
• Dor ou dificuldade em mobilizar um membro ou alteração da marcha
• Recusa alimentar completa superior a 12 horas, principalmente em criança com menos de 1
ano; sede insaciável;
• Febre muito elevada/difícil de controlar; mias de 4-5 dias de evolução;
• Apreensão excessiva dos pais
Quando deve recorrer a criança/adolescente aos serviços de saúde em caso de febre?
• Evidência de 1 ou mais “sinais de alerta”
• Idade < 3 meses (inferior a 3 meses de idade corrigida se a criança nasceu prematura).
• Temperatura axilar ≥ 39,0ºC ou retal ≥ 40,0ºC, se idade inferior a 6 meses;
• Temperatura axilar ≥ 40,0ºC ou retal ≥ 41,0ºC, após os 6 meses de idade;
• Se tem doença crónica grave (malformações cardíacas, imunodeficiência, medicação
crónica com imunossupressores, cancro em quimioterapia).
• Febre com duração superior a 5 dias ou reaparecimento de febre após 2 a 3 dias de apirexia.
Febre - sinais/sintomas tranquilizadores
Aguardar o recurso aos serviços de saúde, mantendo a vigilância pelos pais se:
• Brinca e tem atividade normal;
• Come menos mas não recusa os alimentos líquidos;
• Tem sorriso aberto ou fácil;
• Acalma ao colo e fica com o comportamento quase habitual

Medidas antipiréticas e de alivio do desconforto


1. Medidas gerais: (aumentar o aporte de líquidos e promover o repouso)
a) Manter temperatura ambiental: 20ºC - 22ºC;
b) Adequar a atividade à capacidade da criança/adolescente com febre;

99
c) Na criança autónoma, adequar o vestuário e a roupa da cama à sensação de frio ou de
calor; na criança sem autonomia, adequar o vestuário de modo a que não provoque
sobreaquecimento, mas mantenha o conforto;
d) Oferecer água ou leite (lactentes);
e) Alimentar sem forçar;
f) Por rotina não usar meios físicos para baixar a temperatura na febre (exemplo banho
tépido), mas devendo usar-se na hipertermia (aumento da temperatura corporal por
aquecimento externo, excessiva produção de calor ou remoção inadequada de calor).

2. Medidas especificas:
a) Os medicamentos antipiréticos não são necessários se a criança estiver confortável;
b) De um modo geral temperaturas axilares, orais ou timpânicas superiores a 38,5ºC ou retais
superiores a 39,0ºC causam desconforto;
c) Na criança que mantém a temperatura elevada com desconforto, e após a aplicação das
medidas gerais, poderá ser efetuada a seguinte medicação:
PARACETAMOL
• Dose oral: 10-15 mg/Kg/dose (máximo 1g) - (dose diária máxima: 90 mg/Kg/ dia);
• Intervalos de administração de 4 a 6 h (máximo 5 x dia), atua em 30mn, com o pico do efeito
em 2 h e a duração de 4 a 6h
• Apesar de ser um fármaco seguro pode apresentar: toxicidade gástrica, cutânea e hepática
IBUPRUFENO 5-10mg/Kg/dose (máximo 600mg)
• Intervalo de administração 6 a 8 horas, atua em 60mn, com o pico de efeito em 3 horas e a
duração de 6 a 8 h
• Apesar de ser um fármaco seguro pode apresentar: toxicidade gástrica, redução da adesão
plaquetar, trombocitopenia, disfunção renal e síndrome de Stevens-Johnson.
• Nota: ver indicações e contraindicações para o uso Ibuprofeno. (p.4) –Norma 4/2018

Avaliação Inicial da Criança/Adolescente com Febre


Em CSP ou hospitalares, a avaliação inicial de uma criança/adolescente implica uma colheita de
dados:
a) Motivo de recurso aos serviços de saúde;
b) Antecedentes pessoais;
c) História de febre:
• Início do episódio febril;
• Horário e evolução da febre;
• Valor máximo de temperatura atingido;
• Local de medição da temperatura;

100
• Medidas realizadas;
• Terapêutica antipirética efetuada (fármacos, doses e horários; registar a última
administração);
• Sintomas associados.
d) Contexto epidemiológico
e) Estado e calendário vacinal
f) Peso (2x idade+8 =)
g) Alergias
h) Outros dados relevantes

Febre de curta duração na idade pediátrica


Nos Cuidados de Saúde Primários na suspeita de febre devem ser desencadeadas as seguintes
intervenções:
a) Medição correta da temperatura;
b) Avaliação dos sinais de alerta;
c) Tratamento da febre;
d) Diagnóstico e tratamento da patologia responsável.

Diagnostico de Enfermagem - FEBRE


• No item - Atitudes terapêuticas, selecionar - Sinais vitais - e nas intervenções associadas aos
sinais vitais selecionar - Monitorizar temperatura corporal.
• O diagnóstico febre é sugerido pelo sistema, sempre que na intervenção - Monitorizar
temperatura corporal - se registe um valor ≥ a 38ºC.

Intervenções de Enfermagem
• Avaliar e registar temperatura, pelo menos, uma vez por turno. (Os locais de medição da
temperatura corporal devem respeitar as diretrizes plasmadas na ORIENTAÇÃO nº 5/2018)
• Objetivo das intervenções de enfermagem: minimizar o desconforto da criança/adolescente,
diminuído o valor da temperatura corporal

a) Monitorizar temperatura corporal


i. Intervenção diagnóstica, pois serve para atribuir um diagnóstico;
ii. Intervenção relacionada com a presença do diagnóstico de febre;
iii. Intervenção associada às atitudes terapêuticas relacionadas com a monitorização de
sinais vitais.
b) Gerir temperatura corporal através de dispositivos (medição retal, axilar, timpânica e oral)
c) Otimizar ambiente físico:

101
i. manter a temperatura ambiente entre os 20ºC e 22ºC;
ii. a criança deve estar vestida de forma confortável tendo em consideração a temperatura
do ambiente em que se encontra;
d) Planear ingestão de líquidos (adequar oferta à situação específica);
e) Incentivar ingestão de líquidos;
f) Executar técnica de arrefecimento natural (Gestão do vestuário e roupas da cama);
desaconselhadas medidas físicas de arrefecimento
g) Após aplicação das intervenções descritas é efetuada terapêutica antipirética (ver item
“medidas antipiréticas e de alivio do desconforto)

Avaliar /despistar sinais de alerta:


1. Alteração do nível de consciência/ prostração;
2. Má perfusão (repreenchimento capilar com duração superior a 2 segundos).
3. Alteração do ritmo respiratório (hipo ou hiperventilação) e da FR (polipneia e/ou apneias)
4. Alteração da FC e pressão arterial;
5. Cianose /acrocianose e saturação periférica do oxigénio (SpO2< 94%).
6. Sinais de desidratação (diminuição da diurese, sede não saciável, mucosas secas, olhos
encovados, fontanela deprimida, prega cutânea)
7. Dor e sua caracterização: vigiar e monitorizar através de escala de dor
8. Tumefação osteoarticular e / ou limitação da mobilidade.
9. Exantema macular ou petequial, sugestivos de doença invasiva / sépsis.

Febre de Curta Duração em Idade Pediátrica - Avaliação Clinica dos Sinais de Alerta
1. Avaliação do nível de consciência/prostração
2. Avaliação da Perfusão ´
a) Repreenchimento capilar (normal ≤ 2 segundos, tempo que o sangue leva para retornar ao
tecido empalidecido pela pressão):
• Aumenta inversamente proporcional à perfusão cutânea;
• Deverá ser avaliado em temperatura térmica neutra (ambiente);
Técnica: Erguer uma extremidade ligeiramente acima do nível do coração, pressionar
e observar quantos segundos aquela leva a retornar à sua cor basal; Nota: a pele
marmoreada (reticulado cutâneo) na subida térmica é um fenómeno fisiológico na
fase ascensional da curva térmica e não significa má perfusão periférica.
• Má perfusão (repreenchimento capilar > 2 segundos).

102
3. Avaliação da Respiração:
a) Observar se a via aérea está permeável e funcional:
i. Avaliar a frequência respiratória (respiração 40crpm depois do primeiro ano de
vida); avaliada com a criança calma e a dormir e 2h após antipirético
ii. Avaliar sinais de dificuldade respiratória (SDR): ≥ 2 dos seguintes: polipneia,
adejo nasal, gemido expiratório, tiragem, cianose:
iii. Avaliar SpO2

Foco: Febre
Intervenções Diagnosticas
a) Avaliar o conhecimento da mãe e (ou ) pai sobre febre;
b) Avaliar o conhecimento do prestador de cuidados sobre febre
c) Avaliar conhecimento sobre febre
d) Avaliar potencial para melhorar o conhecimento

Intervenções
a) Ensinar a mãe e (ou) pai sobre: febre; Avaliar a temperatura corporal; Sobre processo
patológico; Sobre complicações do processo patológico;
b) Entregar folheto informativo (febre)
c) Ensinar sobre quando deve recorrer aos serviços de saúde (ponto 8 do f.i.)
d) Ensinar a gerir medicamento
e) Ensinar sobre regime medicamentoso
f) Ensinar a diminuir a temperatural corporal
g) Ensinar a gerir o ambiente

Ensino aos Pais/cuidadores


• O que é a febre?
• Como medir a temperatura?
• Quais são os sinais de alerta numa criança com febre?
• Quais são os sinais tranquilizadores?
• Como cuidar da criança com febre?
• Como administrar o anti-pirético?
• Quando deve recorrer aos serviços de saúde?

Diagnóstico de Enfermagem: Conforto Comprometido


Intervenções Diagnosticas: Avaliar conforto (criança)

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Opções Diagnósticas:
a) Conforto comprometido
b) Sem conforto comprometido
c) Potencial para melhorar conforto
Intervenções:
a) Promover conforto
b) Vigiar comportamento
c) Otimizar ambiente físico
d) Gerir ambiente
e) Gerir medidas de segurança

Diagnostico de Enfermagem: Sem Febre


• O Enfermeiro deve considerar sem febre um período ≥ 48h;
• Poderá dar termo ao foco – Febre
• A intervenção monitorizar a temperatura corporal mantem-se ativa no plano de cuidados
associada às Atitudes Terapêuticas relacionadas com a monitorização dos S.V.

Alta/transferência
• A nota de alta/carta de transferência deve ser entregue aos pais com: informação de
enfermagem, identificação do enfermeiro que a realizou
• Deve conter: os diagnósticos de enfermagem, os resultados das intervenções e o plano
recomendado para a sua continuidade de cuidados no domicílio, em cuidados de saúde
primários ou hospital, redigidas nos termos da norma DGS nº 16/2017.

Convulsões Febris
• Habitualmente são situações benignas
• Podem repetir-se com novo episódio febril
• Ocorrem geralmente em crianças entre os 6 meses e os 6 anos
• Têm uma duração curta (menos que 15 minutos)
• Não causam lesão cerebral ou atraso mental
• Requerem somente o tratamento da febre e da doença que a provoca

A convulsão febril pode manifestar-se de diversas formas:


• movimentos bruscos e repetidos dos membros como sacudidelas ou tremores
• rigidez de parte ou de todo o corpo
• olhar fixo
• perda de consciência

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• movimentos de sucção e mastigação
• emissão de espuma pela boca
• perda de urina e fezes

O que fazer perante a criança com convulsão?


As convulsões febris são usualmente benignas e não causam danos cerebrais
• Implementação de medidas de conforto e de segurança.
• Caso não seja a primeira ocorrência de convulsão febril da criança, poderá ser administrado
o medicamento de aplicação retal que lhe foi prescrito pelo médico.

1. Deitar a criança em Posição Lateral Segurança (PLS);


2. Retirar tudo o que tenha na boca para evitar a obstrução das vias aéreas;
3. Despir a roupa e colocá-lo de lado
4. Colocá-la de barriga para cima e fletir os joelhos da criança sobre o abdómen;
5. Administrar Diazepan retal (Stesolid ®): Introduzir a cânula no ânus , esvaziar o seu
conteúdo no reto, comprimindo-a sempre até retirar; com a outra mão manter as nádegas
apertadas durante 2 minutos para evitar a expulsão do líquido administrado;
6. Se tiver febre administrar o supositório antipirético;
7. Colocá-lo de lado e mantê-lo num ambiente tranquilo sem agasalhar

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COLHEITAS DE AMOSTRAS PARA EXAMES MICROBIOLÓGICOS

Princípios gerais
• Assegurar assepsia básica ou diferenciada;
• Garantir segurança: da criança, do profissional;
• Efetuar a preparação psicológica da criança/família;
• Respeitar as colheitas em jejum, mas não esquecer que muitas podem ser efetuadas sem
jejum;
• Preparar o material necessário de acordo com o tipo de colheita;
• Explicar o procedimento à criança/família
• Posicionar a criança adequadamente, mantendo-a confortável;
• Colher a quantidade estritamente necessária (verificar os exames pedidos, calculando a
quantidade necessária);
• Observar as reacções da criança durante e após a(s) colheita(s)
• Enviar a colheita para o laboratório, devidamente acondicionada e identificada com
etiqueta do doente e/ou mantê-la em condições adequada à sua conservação; confirmando
se o recipiente está devidamente rotulado e se é acompanhado pelas requisições;
• Fazer os respectivos registos: Tipo de colheita, data, hora, e reacção da criança
• Assegurar o conforto da criança após o procedimento

Colheitas de sangue: particularidades na criança


Idade: calibre das veias, colaboração e aspetos psicológicos
Preparação: psicológica, matéria e local da punção
Execução: respeitar a técnica
Acompanhamento: psicológica, da amostra colhida e do local da punção.

Colheita de sangue Periférico


Compete ao enfermeiro:
a) Explicar o procedimento à criança/pais
b) Proceder à execução da colheita
c) Registar na requisição a data e hora da colheita e identificação do enfermeiro que executou
d) Enviar para o laboratório, devidamente acondicionada e identificada com etiqueta da criança

Cateterização de veia periférica


I – Definição: Consiste nas ações a desenvolver durante a introdução de um cateter numa veia
periférica
II – Objetivo: Assegurar o acesso ao sistema venoso com fins terapêuticos e/ou diagnóstico

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III – Orientações quanto à execução: Providenciar analgesia; Selecionar locais de eleição para
punção venosa; Utilizar técnica asséptica na punção venosa; Utilizar agulha com aleta apropriada
para tubos com ou sem vácuo; Evitar puncionar o membro do acesso vascular na criança com
insuficiência renal crónica ou do membro da mão dominante; Evitar puncionar veias lesadas e
locais próximos de um local recentemente puncionado; Puncionar a porção mais distal do
membro, para preservar o vaso, evitando as zonas de flexão; Utilizar luvas durante o
procedimento.

Material e equipamento
• Garrote
• Resguardo
• Luvas não esterilizadas
• Álcool a 70º
• Frascos de colheita
• Penso rápido
• Compressas esterilizadas
• Garrote
• Agulha com aleta/sistema de vácuo/cateter
• Recipiente para sujos de acordo com as normas de triagem de resíduos hospitalares
• Contentor corto-perfurantes

Procedimento
1. Providenciar anqalgesia;
2. Providenciar os recursos para junto da criança
3. Lavar as mãos
4. Explicar o procedimento à criança e pedir a sua colaboração
5. Observar a veia a puncionar e a área circundante, de acordo com o objectivo da punção
6. Colocar a criança em posição adequada, de preferência deitada
7. Assepsia geral – lavagem mãos/Calçar as luvas
8. Desinfetar área
9. Puncionar num dos locais previamente selecionados
10. Colher a amostra de sangue para os respetivos tubos
11. Retirar a agulha /obturar e fixar cateter
12. Fazer pressão no local de punção com compressa esterilizada
13. Colocar penso rápido após a hemóstase
14. Identificar os tubos de colheita com etiquetas de identificação da criança
15. Providenciar a recolha e arrumação do material

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16. Lavar as mãos
17. Providenciar o transporte dos tubos de colheita para o laboratório

Registos
• Deve registar-se:
• A data e hora da punção venosa
• Diagnósticos de enfermagem
• Intervenções de enfermagem
• Resultados obtidos
• Educação para a saúde

Colheitas de Urina : Avaliação e Preparação da Criança e da Família

Compete ao enfermeiro:
a) Explicar o procedimento à criança/pais.
b) Proceder à execução da colheita.
c) Registar na requisição a data e hora da colheita e identificação do enfermeiro que executou.
d) Enviar a colheita para o laboratório, devidamente acondicionada e identificada com etiqueta
do doente.

As amostras colhidas por micção espontânea são úteis apenas para a análise sumária de
urina, teste de gravidez, urocultura e pesquisa e/ou doseamento de alguns analítos (drogas de
abuso, amilase, etc.). Sempre que possível deve utilizar-se a primeira urina da manhã por ser mais
concentrada;
A maior parte dos doseamentos exigem colheita da amostra num período de tempo pré-
determinado que deve ser suficientemente longo de modo a minimizar a influência das variações
biológicas. O tempo ideal é de 24 horas.
Para exames não bacteriológicos não é necessário fazer colheita asséptica, porém deve
haver o cuidado, de fazer limpeza adequada dos genitais externos e não deixar contaminar as
amostras com sangue menstrual, material vaginal ou fecal. O recipiente deve ser quimicamente
limpo e seco, sendo utilizado - o tubo de fundo cónico para urina (tubo amarelo)
Para exames bacteriológicos de urina é necessário fazer colheita asséptica, lavar os
genitais cuidadosamente com agua e sabão e aproveitar o jacto médio da micção (se colaborar).
A urina deve ser colhida para recipiente esterilizado sendo acondicionada posteriormente no tubo
Monovette (tubo verde)

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Métodos de colheita de Urina Asséptica
Crianças com Controlo de Esfíncteres: Jacto médio
Crianças sem Controlo de Esfíncteres: Saco colector; Cateterismo vesical; Punção vesical

Crianças com Controlo de Esfíncteres: Colheita Urina Bacteriológica

Método mais adequado em crianças continentes: Jacto médio

Material:
• 1 frasco contentor urina esterilizado
• 1 pacote compressas esterilizadas
• tubo de colheita de urina bacteriológica (verde)
• Sabão neutro
• 2 cuvetes limpas (1 para lavagem dos genitais outra para os sujos)
• 1 par de luvas não esterilizadas, se for o enfermeiro a realizar a colheita

Execução
• Lavar as mãos
• Calçar as luvas
• Lavar os genitais com agua corrente, sabão liquido e compressa esterilizada, tendo o
cuidado de remover o sabão
• Secar os genitais com compressa esterilizada
• Rejeitar o primeiro jato de urina
• Aproveitar a urina do jato médio até aproximadamente metade da capacidade do
contentor esterilizado
• Aspirar a urina par o tubo de colheita adequado
• Acondicionar o recipiente de colheita e enviar de imediato para o laboratório

Crianças sem Controlo de Esfíncteres: Colocação do saco colector


Material Necessário:
• 1 Par de luvas látex esterilizadas
• 1 Pacote de compressas esterilizadas
• 1 Tubo de colheita de urina bacteriológica (verde)
• 1 Saco coletor de urina pediátrico esterilizado
• 2 Cuvetes (1 esterilizada para lavagem e 1 limpa para sujos)
• Sabão liquido
• Soro fisiológico aquecido

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Antes: Higiene perineal prévia adequada

Execução:
• Colocar na cuvete água morna com sabão
• Calçar luvas esterilizadas
• Lavar cuidadosamente a área genital com água e sabão, tendo especial atenção à região
dos pequenos lábios/prepúcio
• Lavar com água limpa para remover o sabão
• Secar bem com compressa esterilizada
• Colocar o saco colector
• Verificar frequentemente se a criança urinou. Se a criança não urinar num período de 30
minutos, repetir todo o processo
• Após urinar, remover o saco
• Aspirar a urina para o tubo de colheita de urina bacteriológica
• Acondicionar e enviar de imediato ao laboratório

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