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AVALIAÇÃO

NUTRICIONAL
EM PEDIATRIA
PROFESSOR LINCON PIMENTEL
Bruna Nabuco Freire Siqueira
(Nutricionista)
Introdução

 Revisado em 2011;
 Manual de avaliação
nutricional completa;
Introdução
 Importância:
 Estabelecimento precoce de situações de risco;
 Determinar diagnóstico nutricional –
planejamento de ações de promoção da saúde e
prevenção de doenças

Instrumento fundamental para os


profissionais de saúde conhecerem as
condições de saúde dos pacientes

- Subsídio para interpretação do


desenvolvimento neonatal
- Monitoramento do estado de saúde
Introdução

Avaliação
Nutricional

Consumo de
alimentos Padrão genético

Condições
sócioeconômico – cultural
Introdução

Anamnese
Clínica e
Nutricional

Exames Avaliação Avaliação


bioquímicos Nutricional antropométrica

Exame
físico
Objetivos

 Identificar crianças com adequação, déficit ou


excesso ponderal;

 Identificar crianças com adequação ou déficit


estatural;

 Identificar carências e excessos nutricionais;

 Determinar os requerimentos nutricionais de forma


individualizada;

 Estabelecer atitudes de intervenção


Conceitos
 Fases do
crescimento

Fase puberal final


Fase
Fase pré- puberal
púbere
Fase
do
lactente
Fase intra-
uterina
Fases de crescimento
 Fase intra-uterina: início da gestação caracterizada
por intenso crescimento e no final baixa VC e intenso
GP.
 Fase lactente: VC menor que na fase intra-uterina.
Crescimento maior nos primeiros 06 meses de vida e
reduz a partir dos 02 anos. Fatores que influencia
mais o crescimento nessa fase são os nutricionais e
ambientais (independente da herediteriedade)
 Fase pré-púbere: a partir dos 03 anos até a
puberdade. Caracteriza-se por crescimento mais
estável influenciado por fatores genéticos e
hormonais.
 Fase puberal: crescimento puberal mais precoce nas
meninas, porém meninos possuem estirão maior
 Fase puberal final: crescimento lento
Conceitos
 Classificação
 Recém nascido: até 28 dias
 Lactente: 28 dias até 24 meses

 Pré- escolar
 FAO/OMS/UNU (1985):
- Pré-escolar (2 a 5 anos) e escolar (5-10)
 Sociedade Brasileira de Pediatria (2006):
- Pré-escolar (2 a 6 anos) e escolar (7 a 10 anos).
 Adolescente
 OMS (1995)
- 10 aos 19 anos
Anamnese Clínica e Nutricional

 Ferramenta fundamental para investigar a


adequação e qualidade da alimentação da
criança;
 Avaliação do consumo alimentar
 Escolha do método do inquérito alimentar;
 Detalhada;

 Observar atividades cotidianas;

 Introdução, progressão e variedade de alimentos;


Não há um padrão ouro para
avaliação do consumo
alimentar.
Anamnese Clínica e Nutricional
 Condições especiais
 Aleitamento materno exclusivo
 Tempo
e frequência das mamadas, revezamento das
mamas
 Aleitamento artificial
 Diluição, adição de outros alimentos, oferta hídrica

 Abrange:
 Fatoressocioeconômicos e culturais;
 Antecedentes gestacionais;
 Antecedentes pessoais e familiares;
 Antecedentes fisiológicos e patológicos;
Anamnese Clínica e Nutricional
 Limitações
 Necessidade de ouvir os pais ou responsáveis;
 Capacidade de descrever a alimentação limitada;

 Confunde relato do que foi oferecido com o que


foi ingerido;
 Variabilidade da ingestão;

 Problema de atenção
Exame Físico
Realizado criteriosamente – dados relacionados direta ou
indiretamente com a QP e com possíveis distúrbios
nutricionais.
 Estado geral;
 Mobilidade
 Dentição, mastigação, sucção, deglutição
 Perda de massa muscular (tríceps,
quadríceps, tórax, face, deltóides)
 Tecido adiposo(coxa, região do tríceps e
cintura);
Observar: Cabelo, pele, olhos, boca, língua, unhas,
 Sintomas relacionados regiões
à deficiência de macro
Exame físico
 Sinais de pubescência em adolescentes (Critérios de
Tanner)

Fonte: MARSHALL & TUNNER, 1969 In Manual de Avaliação Nutricional, Departamento de Nutrologia, SBP,
Exame físico

 Desnutrição Energético Proteica


 Marasmo
 Atrofia
muscular e subcutânea, diminuição da Bola de
Bichat, aspecto envelhecido, nádegas atrofiadas,
cabelos finos e espassos, irritabilidade, comportamento
apático
 Kwashiorkor
 Alterações
de pele (lesões com descamação), cabelo
quebradiço, hepatomegalia, ascite, edema de face e/ou
de MMII, anasarcar, apatia.
Exame físico
 Obesidade
 Distribuição de gordura corporal, acanthosis
nigricans, edema em MMII, dor articulares,
alterações de marchas

 Desidratação
 Estado geral
 Olhos - lágrimas

 Sede

 Sinal de prega
Exame físico

 Deficiências nutricionais
 Anemia
 Palidez
de cutânea e mucosas, apatia, astenia
ADNPM, maior susceptibilidade a infecções.

 Hipovitaminose A
 Alterações cutâneas: xerose, hiperceratose folicular
 Alterações oculares: cegueira noturan, manchas de
Bitot
Exame físico
Exame bioquímico
 Auxiliam:
 Avaliar o risco;
 No diagnóstico e no acompanhamento
nutricional;
 Identificação e seguimento de co-morbidades;

Levar em consideração:
 Condição clínica da criança;
 Condição nutricional prévia;
 Presença de resposta
inflamatória;
 Equilíbrio hídrico
Exame bioquímico

Anemia (FAO/UNICEF/OMS, 1998)


De 6m a 5a : Hb <11 e Ht = 33
De 5a a 11a : Hb <11,5 e Ht = 34

Fonte: KOLETZKO, 2008 In Manual de Avaliação Nutricional, Departamento de Nutrologia, SBP,


Avaliação Antropométrica
Avaliação Antropométrica
Criança ao nascer

 Baixo peso ao nascer;


 Retardo do crescimento intra-uterino

Fetais Maternos
- Potencial genético - Demográficos
- Má formação - Socioeconômico
- Prematuridade - Antropométricos
- Parto gemelar - Estilo de vida
- Problemas de saúde
Avaliação Antropométrica
Criança ao nascer

Peso Comprimento Perímetro Cefálico


Avaliação Antropométrica
Criança ao nascer
 Peso ao nascer
 Diagnóstico primário;
 Reflete problemas nutricionais ocorridos durante
a gestação;
 Importante indicador das chances de
sobrevivência,
crescimento e desenvolvimento normal

Fonte: Tratado de Pediatria 2007. In Manual de Avaliação Nutricional, Departamento de Nutrologia, SBP, 2011
Avaliação Antropométrica
Criança ao nascer

Fonte: WHO, 2006. In Manual de Avaliação Nutricional, Departamento de Nutrologia, SBP, 2011
Avaliação Antropométrica
Criança ao nascer
 Estatura
 No1º ano de vida a velocidade de crescimento é
de aproximadamente 25 cm ao ano e no 2º ano
de 12,5cm.
 Crianças com limitações físicas → estatura
estimada

Fonte: STEVENSON, 1995. In Manual de Avaliação Nutricional, Departamento de Nutrologia, SBP, 2011
Peso
 Deve ser pesado despido e sem sapados e
fraldas.
 Correção de peso para amputados;
 Peso corrigido = peso atual x 100 / 100 - %
amputada
 Para avaliação nutricional - usar o PESO
CORRIGIDO.
 Para cálculo das necessidades nutricionais –
usar PESO ATUAL (Com membro amputado).
PERÍMETRO CEFÁLICO

 Tem relação direta com o tamanho do


encéfalo, até os 6 meses de idade
 Seu aumento proporcional indica
crescimento adequado
 Esperado = 1 cm/semana
 No 1º ano de vida aumenta 40%
Avaliação Antropométrica
Criança ao nascer

 Circunferência Craniana (Perímetro cefálico)


 Crescimento adequado → último a ser afetado
por nutrição inadequada e o primeiro que cresce
ao se atingir a oferta protéica adequada.
 Importante para crianças prematuras → avaliar
crescimento e desenvolvimento.
 Curvas de crescimento PC/I
PERÍMETRO TORÁCICO

Reflete o desenvolvimento
dos músculos torácicos
PT / PC

PT/PC= Perímetro Torácico/Perímetro


Cefálico
0 a 6 meses =1

6 meses aos 5 anos > 1 = Eutrófico


< 1 = Desnutrição

Jeliffe, 1986
Avaliação Antropométrica
 Curvas de crescimento – índices antropométricos
 Apresentam a tendência de evolução em função da idade e
sexo
 Curvas – OMS (2006): crianças menores de 5 anos

 Curvas – OMS (2007): crianças de 5 a 19 anos

 Percentis X Z- escore
 Percentis
 Medida de posição;
 Distribuição de referência ordenada de maneira crescente

 Z- escore
 Medida de dispersão
Altura:
O que é Percentis mais utilizados: 3;
10, 97
percentil ?


3o
50o 97o
Paula
Maria
Joana
Avaliação Antropométrica
Crianças até 5 anos

• Reflete situação global da


criança;
Peso/Idade
• Não diferencia comprometimento
nutricional agudo ou pregresso
• Expressa harmonia entre a
massa corporal e a altura;
Peso/Altura
• Sensível para o diagnóstico de
baixo peso e obesidade;

• Expressa Crescimento linear da


criança;
Altura/Idade
• Afetado por agravos ao crescimento
de caráter crônico, de longa duração
Avaliação Antropométrica
Avaliação Antropométrica

Peso para
altura
Peso para Altura
idade para idade

Diagnóstico
Nutricional
Avaliação Antropométrica
Crianças até 5 anos

 Outras medidas
 Circunferência
do braço (CB)
 Prega Cutânea Triciptal Curvas da OMS (2005)
 Prega Cutânea Subescapular
Avaliação Antropométrica
Crianças acima de 5
anos
• Expressa harmonia entre a massa
corporal a altura e a idade;
• Recomendado internacionalmente
IMC/Idade para diagnóstico nutricional;
• Continuidade do indicador usado
para adulto

Composição corporal
TECIDO ADIPOSO
• Σ2 PC (PCT ; PCSE)
• % GC Equações com ( PCT ; PCSE): 8 -18 anos (Slaughter et al
1988)
• TECIDO MUSCULAR: CB/Idade
• Circunferência da cintura (Tabela de referencia)
Avaliação Antropométrica
Avaliação Antropométrica
Avaliação Antropométrica
 Análise de composição corporal
 Bioimpedância

 DEXA

 Pletismografia de corpo inteiro (BOD POD)


Avaliação Antropométrica
 Curvas de crescimento
 Síndrome de Down
 Neuropatas

Fonte: KRICK J, 1996.. In Manual de Avaliação Nutricional, Departamento de Nutrologia, SBP, 2011
Referências
 Avaliação Nutricional da criança e do adolescente – Manual de Orientação / Sociedade Brasileira
de Pediatria. Departamento de Nutrologia. – São Paulo: Sociedade Brasileira de Pediatria, 2009.
 Departamento de Nutrologia, 2009.DUCHINI, L. et al . Avaliação e monitoramento do estado
nutricional de pacientes hospitalizados: uma proposta apoiada na opinião da comunidade
científica. Rev. Nutr., Campinas, v. 23, n. 4, Aug. 2010. Disponível em
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1415-
52732010000400002&lng=en&nrm=iso>. Acessado em 25 Abril 2013
 ROSSI, L.. CARUSO, L., GALANTE, A.P. Avaliação Nutricional- Novas perspectivas. Ed. Roca, São
Paulo. Centro Universitário São Camilo, 2008.
 Slaughter MH, Lohman TG, Boileau RA, et al. Skinfold equations for estimation of body fatness in
children and youth. Human Biol. 1988; 60(5):709-23.
 WHO Child Growth Standards based on length/height, weight and age. Acta Paediatr Suppl 2006;
450:76.
 World Health Organization. The WHO Child growth standards. Available at:
www.who.int/childgrowth/standards/en/ Acessado em 24 de Abril de 2013
 WHO Multicentre Growth Reference Study Group – WHO Child Growth Standards based on
length/height, weight and age. IN: De Onis M, Garza C, Onyango AW and Martorell R, Guest Editors
– WHO Child Growth Standards, Acta Paediatrica, 2006; 95(suppl 450): 76-85.
 WHO Working Group on Infant Growth. An evaluation of infant growth: the use and interpretation of
anthropometry in infants. Bull World Health Org, 1995; 73(2):165-174.
Obrigada!!
Obesidade Infantil
 Obesidade  Superobesidade

 >120% da média de  >140% da média de


peso para altura peso para altura
 >90% do peso para  >95% do peso para
altura altura
 >85% da DCT  >95% da DCT
 >90% IMC (Kg/m²)  >95% IMC (Kg/m²)

Waitzberg, 2009
Padrões Antropométricos de Referência

• Caderneta de Saúde da Criança

– Orienta o monitoramento nutricional


– Permite acompanhar no tempo a evolução da
criança
– Material educativo de saúde para pais
– Padronização:
• Variáveis : Peso e Idade
• Índice: Peso x Idade (P/I) e Altura x idade (A/I)
• Classificação: Percentis (p)
Cálculo Dietético
Como determinar o VET
 Para o RN

Dia Ingestão Kcal/Kg/dia


1 40-50
2 50-70
3 70-90
4 90-110
5 110-120
Fonte: Waitzberg, 2009
Recomendações Diárias de 0 a 6
meses

Nutriente Quantidade

Energia 108

Proteína 2,2

Fonte: Waitzberg, 2009


Recomendações Energéticas
Diárias
Crianças Saudáveis
Idade Kcal/Kg/dia
RN 100-120
Lactentes 100-140
Pré-escolares (1-7 anos) 75-90
Escolares (7-12 anos) 60-75
Adolescentes (12-18 anos) 30-60

Fonte: Waitzberg, 2009


Recomendações Diárias
Cálculo Simplificado
Idade Kcal/Kg/dia
A partir de 30 dias de vida até 10Kg 100
De 10 a 20Kg 1000Kcal +50Kcal/Kg excedente aos
10Kg
Acima de 20Kg 1500Kcal +20Kcal/Kg excedente aos
20Kg
Obs:Considerar o peso
ideal para crianças com
desnutrição!

Se febre: +12%
Ventilação Mecânica: +20 a 30%
Infecção Severa: +40 a 60%
Queimaduras extensas: +100%

Waitzberg, 2009
Recomendações Nutricionais
 Consulte a DRI:

 DRI.pdf
É importante saber
 Primeiros 4m – imaturidade fisiológica
 Reflexo de protusão da língua
 Reduzida produção de amilase salivar e
pancreática
 Incapacidade de sobrecarga renal
 Mucosa intestinal permeável a proteínas
heterólogas
 Todo desenvolvimento pode ser influenciado
pela prática alimentar!
Referências
 Waitzberg, Dan Linetzky. Nutrição oral, enteral e
parenteral na prática clínica. 4ª edição. São Paulo:
Editora Atheneu, 2009.
 ACCIOLY, et al. Nutrição em Obstetrícia e pediatria. Rio
de Janeiro: Cultura Médica, 2002
 VITTOLO, M.R. Nutrição da gestação à adolescência,
2008

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