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MOZ, J. A.
SANTOLIN, M. B.
dice de massa corporal (IMC), assim como A escolha desta se deu de forma aleatória,
as curvas de acompanhamento e diagnós- e a coleta de dados foi realizada durante o
tico nutricional World Health Organzation mês de março de 2013.
(WHO, 2007). Cada aluno recebeu duas cópias do Ter-
O índice de massa corporal (IMC) é uma mo de Consentimento Livre e Esclarecido,
medida resultante da divisão do peso (em sendo que uma cópia manteve-se com os
kg) pelo quadrado da altura (em metros). pais e a outra retornou para a escola com a
O IMC relacionado com o sexo e a idade autorização destes, as quais foram entregues
é um dos indicativos mais utilizados para para vice-diretora.
avaliar a situação nutricional de crianças. Foram excluídas da pesquisa as crianças
Idade e sexo determinam desenvolvimento que não apresentaram o Termo de Consen-
infantil, através de curvas propostas pela timento Livre e Esclarecido assinado pelos
WHO (NETO, 2003). Através dos mesmos, pais e, ainda, as portadoras de deficiência ou
é possível observar situações, tais como des- fora da faixa etária de 7 a 10 anos.
nutrição, sobrepeso e obesidade (MAHAN;
ESCOTT-STUMP, 2005). Para o início da pesquisa, a acadêmica
da área de nutrição esclareceu o objetivo do
As curvas representam padrões de cresci
trabalho à direção escolar através de uma
mento de crianças normais e constituem
conversa informal, e após a confirmação e
um valioso instrumento de avaliação das
autorização, pode-se iniciar a pesquisa.
condições de saúde da população infantil,
principalmente quando aplicadas de modo A acadêmica recebeu os alunos partici-
adequado pelos profissionais de saúde, pantes em uma sala de aula específica para
sendo elaboradas a partir de estudos com explicar os objetivos e as dúvidas sobre a
indivíduos considerados normais, suposta- pesquisa.
mente em condições ambientais favoráveis O peso foi mensurado utilizando-se balan-
ao desenvolvimento de seus potenciais de ça digital, modelo Plenna®, com capacidade
crescimento e desenvolvimento (SILVEIRA; máxima de 150 kg e precisão de 0,1 kg. A
LAMOUNIER, 2009). altura, por sua vez, foi medida com uma fita
Portanto, o objetivo deste trabalho foi o métrica com escala de 1cm a 155 cm. Todos
de avaliar o estado nutricional de crianças os equipamentos estavam devidamente tes-
em idade escolar, de ambos os sexos de uma tados e calibrados.
Escola Estadual de Erechim-RS. Para a realização das medidas, os escola-
res avaliados estavam vestindo roupas leves
e pés descalços. A partir dessas medidas
Material e Métodos antropométricas, analisou-se, nas curvas
específicas para crianças da World Health
O estudo foi analisado e aprovado pelo
Organization (WHO, 2007), peso por idade,
Comitê de Ética da Universidade Regional
Integrada do Alto Uruguai e das Missões estatura por idade e IMC por idade.
URI Campus de Erechim-RS (185.199); é
um estudo do tipo quantitativo de caráter
Resultados
transversal. A população foi composta por
45 crianças com idades entre 7 a 10 anos, de
ambos os sexos, matriculadas em uma Escola Foram coletados dados de 45 crianças
Estadual de Erechim-RS. com faixa etária entre 7 a 10 anos de idade,
sendo que 27 delas (60 %) do sexo masculino liadas obteve, como resultado da avaliação,
e 18 (40 %) do sexo feminino. altura adequada para idade. Estes resultados
Com relação às curvas da WHO, foi estão ilustrados na Figura 3.
observado que, na verificação do IMC por
Idade, 53% dos alunos encontraram-se na Figura 3 - Classificação dos escolares segundo estatura por
idade
classificação de eutrofia enquanto que 45%
dos indivíduos avaliados classificaram-se em
sobrepeso ou obesidade. Esses dados podem
ser visualizados na Figura 1.
Discussão
Assim como este, outros estudos têm obesidade está associada a vários fatores de
demonstrado que a prevalência de sobrepeso risco para doenças cardiovasculares, como
e obesidade vem aumentando significativa- hipertensão arterial, diabetes mellitus e dis-
mente. lipidemias, além, também, de estar associada
Um estudo realizado por Guedes e Guedes a alguns tipos de câncer (FERRARI, 2009).
(1998) na cidade de Londrina (PR), com uma Outro estudo de Ronque et al. (2005), na
amostra de 941 crianças entre 7-9 anos, teve cidade de Londrina (PR), também verificou
como resultado um total de 11% de crianças taxas de prevalência de obesidade em meni-
obesas. O objetivo de tal estudo foi o de nos e meninas de 7 a 10 anos. A amostra foi
identificar a prevalência de obesidade. composta por 511 escolares (274 meninos e
Comparando os resultados desses estudos 237 meninas). Através deste estudo obteve-
analisados com o presente estudo, pode-se se um total de 26,8%, sendo que 17,5% (48
notar que o baixo peso que antigamente tinha casos) eram meninos e 9,3% (22 casos) eram
prevalência entre as crianças vem diminuin- meninas.
do de forma significativa. Dessa forma, o Nos últimos anos, o Brasil tem apre-
estudo mostra que o aumento de peso entre sentado profundas modificações no perfil
crianças vem prevalecendo. Acredita-se que nutricional de sua população, fruto de um
isso ocorre devido à transição nutricional, de- processo conhecido como transição nutricio-
terminada, frequentemente, pela alimentação nal (RODRIGUES et al., 2011), o qual vem
insuficiente e incorreta, contribuindo com o ocorrendo de forma acelerada. A desnutrição
aumente das doenças crônicas não transmis- em crianças e adultos diminuiu nas últimas
síveis (OLIVEIRA et al., 2011). três décadas e a prevalência de sobrepeso e
Em 2010, Peligrini et al., realizaram um obesidade aumentou (BATISTA; RISSIN,
estudo com 2.913 escolares brasileiros, com 2013), constatando, dessa forma, um aumen-
idade entre 7 e 9 anos. O principal objetivo to progressivo da obesidade em substituição
foi o de verificar a prevalência de sobrepeso da desnutrição (SOCIEDADE BRASILEIRA
e obesidade. O estudo revelou que a preva- DE PEDIATRIA, 2008).
lência de sobrepeso e obesidade encontrada A Pesquisa de Orçamentos Familiares
nos escolares brasileiros foi de 15,4% e 7,8%, (POF 2008-2009), realizada pelo Instituto
respectivamente para o sexo masculino e Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE),
feminino. Se combinada, a prevalência de em parceria com o Ministério da Saúde,
excesso de peso (sobrepeso+obesidade) seria mostra a transição nutricional. Através dos
de 23,2%. resultados obtidos, os quais apresentaram um
Foi possível perceber resultados seme- aumento importante no número de crianças
lhantes entre o presente estudo e o estudo acima do peso no país, principalmente na
realizado por Peligrini e colaborados. A clas- faixa etária entre 5 e 9 anos de idade. O
sificação peso por idade no presente estudo número de meninos acima do peso mais que
teve como resultado 21% de crianças acima dobrou entre 1989 e 2009, passando de 15%
do peso adequado e com relação ao estudo para 34,8%, respectivamente. Já o número de
de Peligrini et al. (2010), o resultado total obesos teve um aumento de mais de 300%
foi de 23,2%, o que, mais uma vez, mostra nesse mesmo grupo etário, indo de 4,1% em
um aumento de excesso de peso entre crian- 1989 para 16,6% em 2008-2009.
ças. Esses dados tornam-se preocupantes, Segundo a comparação de dois inquéritos
pois, tanto em adultos como em crianças, a probabilísticos de abrangência nacional, rea-
Autores
Jaine Andressa Moz - Acadêmica do Curso de Nutrição da Universidade Regional Integrada
do Alto Uruguai e das Missões - URI Erechim. E-mail: jainy_12@hotmail.com
Marta Beatriz Santolin - Nutricionista, Docente do Curso de Nutrição da Universidade Regio-
nal Integrada do alto Uruguai e das Missões - URI Erechim, Especialista em Nutrição Clínica
Funcional pela Universidade Cruzeiro do Sul - UNICSUL - SP
Referências
BATISTA, F.M.; RISSIN, A. A transição nutricional no Brasil: tendências regionais e temporais. Ca-
derno de Saúde Pública, Rio de Janeiro, 2013.
BERTIN, R.I. et al., Estado nutricional, hábitos alimentares e conhecimentos de nutrição em escolares.
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