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Avaliação Nutricional da

Criança

Prof. Flávia Volpato Cardoso


Medidas antropométricas
Peso:

• Expressa a dimensão da massa corpórea orgânica e inorgânica das


células , dos tecidos de sustentação, órgãos, músculo, ossos,
gordura, água, enfim o volume corporal total.
• Crianças com edema pronunciado (doenças renais) e de
desnutrição do tipo “Kwashiorkor” (desnutrição proteica) – não
devem ser classificadas antropometricamente quanto ao seu estado
nutricional
• Edema = caracteriza um estado nutricional indesejado, portanto
quando uma criança edemaciada perde peso importante em horas,
ou dias é um indicativo de que a terapia nutricional está sendo eficaz
Medidas antropométricas
Altura:

• Termo que pode ser utilizado para o comprimento e para a altura


• Crianças com menos de 2 anos – são medidas deitadas
(caracterizando o comprimento)
• Crianças com mais de 2 anos – são medidas em pé (definido como
altura)
• Curvas do NCHS (Nacional Center for Health and Statistics) –
- crianças de 0 a 36 meses
- de 2 a 18 anos
Obs: A criança de 24 a 36 meses está incluída em ambas as curvas.
Neste caso, escolher a curva a partir de como a criança foi medida:
deitada (0 a 36 meses) ou em pé (2 a 18 anos)
Medidas antropométricas
Perímetro braquial:

• Medida recomendada para avaliações rápidas do estado nutricional


de crianças de 1 a 5 anos, quando não é possível a utilização das
medidas de peso e altura
• É uma medida complementar mas pode ser usada isoladamente
para diagnosticar o estado nutricional da criança
• É útil como instrumento de triagem
• Vantagens: simplicidade do instrumento, facilidade e rapidez da
coleta e interpretação dos dados, boa aceitabilidade, baixo custo,
maior cobertura populacional
• Desvantagens: medida isolada, de apenas um segmento corporal
que limita a obtenção de diagnóstico mais global
Medidas antropométricas
Perímetro cefálico (PC) e torácico (PT):

• Em pediatria o PC é usado como método diagnóstico de estados


patológicos de microcefalia, macrocefalia ou hidrocefalia
• Em antropometria – sua utilização está associada ao perímetro
torácico a partir da construção do indicador PT/PC
• Do nascimento até os 6 meses – os PC e PT são aproximadamente
iguais (relação PT/PC=1
• Dos 6 meses aos 5 anos – PT/PC >1 (relação normal)
PT/PC <1 ( indica desnutrição
energético-proteíca ) o PT não se desenvolve em função do
músculo torácico e da redução do tecido adiposo
Medidas antropométricas
Relação entre as proporções corporais: padrões de
normalidade (Seguimento superior e seguimento inferior)
• SS/SI = (1,7) ao nascer; (1,3) aos três anos; (1) após os sete
anos

• Envergadura/estatura = (3) até sete anos;


(0) dos oito aos 12 anos;
(+1) aos 14 anos para o sexo feminino
(+4) aos 14 anos para o sexo masculino

Dependentes da fase de maturação sexual do adolescente


Medidas antropométricas
Dobras cutâneas:

• Medem a quantidade de tecido adiposo subcutâneo e,


consequentemente, as reservas corporais de calorias e os estado
nutricional no momento

• Mais indicadas e referênciadas: tricipital, subescapular, bicipital,


abdominal e supra-ilíaca

• Resultados: podem ser comparados aos percentis disponíveis para


dobras de acordo c/ a faixa etária ou aplicados nas fórmulas para
obtenção da porcentagem de gordura ou da massa magra
Medidas antropométricas
Percentis:

• É a distribuição dos indivíduos de uma amostra populacional em


relação às medidas antropométricas
• Frequência em que um determinado peso ou estatura ocorrem em
um dado grupo de acordo com o sexo, faixa etária ou estado
fisiológico
• Ex: criança que está no percentil 10 de estatura para sua idade,
significa que 10% das crianças da população considerada referencial
apresentam essa estatura
• Percentil 50 – é considerado ideal (considera que 50% da
população apresentam o valor referido, indicando portanto
“normalidade” naquela população
Medidas antropométricas
Escore-Z:

• É a medida que avalia o quanto o indivíduo se afasta ou se


aproxima da mediana em desvios padrão (DP)
• Pode ser calculada utilizando-se as seguintes relações: P/E, P/I e
E/I
• É bem aceito na literatura científica e é um excelente método para
estudos de grupos populacionais (trabalhos científicos), mas não é
muito prático para a assistência clínica
• É utilizado para caracterizar: deficiência (-2DP) ou excesso (+2DP)
• O normal é entre -2 e +2
Medidas antropométricas
Escore-Z:

-2 0 +2

Escore-Z = valor observado – valor da mediana


desvio padrão da população de referência

Se o valor do escore-Z for zero (0) significa que o valor da medida


obtida da criança é exatamente igual ao valor do referencial , no
caso igual ao valor do percentil 50 das curvas de crescimento
Medidas antropométricas

Indicadores:

• É a relação entre duas medidas:


• estatura por idade (E/I)
• peso por idade (P/I)
• peso por estatura (P/E)
• Relação cintura/quadril
• IMC (índice de massa corporal)
• escore-Z para P/E, P/I e E/I
Avaliação nutricional do Recém-nascido

• A condição nutricional por ocasião do nascimento reflete o período


intra-uterino ( desnutrição materna = série de complicações, entre
elas o baixo peso ao nascer)
• Criança c/ desnutrição intra-uterina, pós-natal, com doenças
infecciosas e/ou parasitárias – quando sobrevive apresenta atraso no
crescimento
• O baixo peso ao nascer é um importante fator preditivo da baixa
estatura
• Avaliar a condição nutricional do recém-nascido através da idade
gestacional e do peso ao nascimento
Avaliação nutricional do Recém-nascido

• Idade gestacional:
- 37 semanas = pré-termo
- 38 a 42 semanas = a termo
- >42 semanas – pós-termo

• Peso ao nascimento:
- < percentil 10 = pequeno p/ idade gestacional (PIG)
- entre o percentil 10 e 90 = adequado p/ idade gestacional (AIG)
- > percentil 90 = grande p/ idade gestacional (GIG)
Avaliação nutricional do Recém-nascido
Classificações do recém-nascido a termo PIG, quanto ao seu
estado nutricional:

• Proporcionado ou crônico: nasce com baixo peso, mas


proporcionado em relação ao comprimento, que está
comprometido. Se manterá sempre abaixo do referencial
estabelecido para estatura.
• Desproporcionado ou agudo: recém-nascido que sofre
restrição alimentar somente no último período gestacional
(patologias obstétricas, diminuição da permeabilidade
placentária). Apresenta peso baixo e desproporcionado em
relação à estatura. Se no período pós natal houver condições
ambientais favoráveis ocorrerá velocidade intensa de cresci/o
(possível atingir os valores de referência aos 12 meses)
Avaliação nutricional do Recém-nascido

Classificações do recém-nascido a termo PIG, quanto ao seu


estado nutricional:

Exemplo:
Idade Peso de Comprimento Classificação
Gestacional nascimento

39 semanas 2.200g 46cm Proporcionado


39 semanas 2.200g 49 cm Desproporcionado
Avaliação nutricional do Recém-nascido

Classificação de Puffer e Serrano (1987)

• É a mais utilizada para estudos populacionais pois é difícil a


obtenção da idade gestacional exata por ocasião do nascimento da
criança

• Baixo peso: < 2.500g


• Peso insuficiente: 2.500 a 2.999g
• Peso adequado: >ou= 3.000g
Avaliação nutricional do Recém-nascido

Índice de Rohrer (1908)

• Indicado para avaliar o estado nutricional do recém-nascido


• Se o índice for menor que 2,0, considera-se o recém-nascido
desnutrido

Índice de Rohrer = peso (kg)


estatura³ (m)
Avaliação nutricional do Lactente

• Crianças < 1 ano: deve levar em consideração o peso, o


comprimento e o perímetro cefálico
• Nos primeiros anos de vida o ganho de peso mensal é a medida
de maior importância para a avaliação nutricional da criança,
permitindo diagnóstico rápido na vigência de problemas nutricionais
• Curva de crescimento de acordo c/ o peso – instrumento
importante para a avaliação da velocidade de ganho de peso
• Crianças que nascem a terno c/ baixo peso e que mantém uma
velocidade de ganho de peso pós-natal adequada – são
erroneamente classificadas como desnutridas (são crianças
pequenas e o peso para idade desconsidera esse fato)
Avaliação nutricional do Lactente

• Trabalhar com os diferentes instrumentos disponíveis:


- curva de peso por idade
- curva de peso por estatura
- curva da estatura por idade
- curva do perímetro cefálico

• As adequações percentuais (%) dos indicadores P/E, P/I e E/I não


são recomendadas para crianças menores de 6 meses. A partir
dessa idade é possível efetuar os cálculos com maior precisão
Avaliação nutricional do Lactente

Curva de ganho de peso por idade:

Curva ascendete: velocidade de ganho de peso adequada

Se a curva ficar reta: diminuição da velocidade do ganho de


peso

Curva descendente: processo inicial de desnutrição (perda


de peso, mudança brusca na prática alimentar ou doença)
Curva de ganho de peso por idade

• O ganho de peso é o melhor indicador do estado nutricional da


criança menor de um ano
• Pesando a criança periodicamente podemos observar as mudanças
recentes no processo nutricional
• A intervenção eficaz impedirá a continuação do processo de
desnutrição, evitando prejuízos para o crescimento linear (estatura) e
cefálico
• 0 a 6 meses: ganho de peso diário: > 20g/dia (>600g/mês) e curvas
de crescimento
• > 6 meses: ganho de peso diário: > 15g/dia (>400g/mês) e curvas
de crescimento
Curvas de crescimento

• Instrumento mais utilizado pelos profissionais nos serviços básicos


de saúde (UBS)
• O Ministério da Saúde adotou as curvas de peso por idade (P/I) para
o acompanhamento de lactentes e elas estão disponíveis no cartão
da criança
• Em 1997, o Ministério da Saúde adotou o percentil 3 (escore- Z-2) é
considerado o ponto de corte, inferior ao padrão do NCHS de peso
para idade
• Crianças com percentil entre 10 e 3 são considerados como
risco para baixo peso
• Crianças com percentil abaixo de 3 são consideradas de baixo
peso
• Crianças com percentil 0,1 que corresponde ao escore-Z-3 , são
consideradas de peso muito baixo
Curvas de crescimento

Aplicação: as curvas por percentis são práticas e fornecem o


diagnóstico da condição nutricional da criança ou do adolescente
sem a necessidade de realizar contas ou cálculos

• Limitações: As curvas de crescimento por percentis podem não ser


adequadas à crianças pré-púberes e adolescentes que não
apresentam o padrão de maturação sexual semelhante ao da
população geral (criança mais avançada na maturação sexual pode
ter peso e estatura maiores que média e vice-versa)

• Nesse caso, o melhor indicador para determinar a condição


nutricional é a porcentagem de adequação do peso á estatura
(P/E%)
Porcentagens de Adequação
( crianças de 1 a 10 anos)

• Esse método permite conhecer a porcentagem de adequação dos


indicadores: P/I; P/E; E/I, em relação aos valores de peso e estatura
no percentil 50 de uma tabela referencial (NCHS)

E/I = estatura observada x 100


estatura esperada p/ a idade no percentil 50

Classificação para a estatura


Adequada baixa estatura
E/I (%) > = 95% < 95
Escore-Z > = 2 DP < 3 DP
Percentis > = 10 <3
Porcentagens de Adequação
( crianças de 1 a 10 anos)

• A classificação de P/I não reflete a real condição nutricional da


criança quando esta apresenta déficit de estatura
• Usado durante muito tempo para diagnosticar a desnutrição em
crianças até 2 anos
P/I = peso observado x 100
peso esperado p/ a idade no percentil 50

Classificação de Gomez (1956)


> = 90% eutrofia
75 --90% desnutrição leve
60 --75% desnutrição moderada
< 60% desnutrição grave
Porcentagens de Adequação
( crianças de 1 a 10 anos)

• na classificação de P/E o profissional deve procurar diretamente a


coluna da estatura, ignorando a idade. Ao encontrá-lo deve verificar
que peso seria adequado para a mesma, sendo esse portnato, o
“peso esperado”
P/E= peso observado x 100
peso esperado p/ a estatura observada no percentil 50

Classificação para P/E de Jelliffe


> = 90% desnutrição ou baixo peso
90 --110% eutrofia
110 --120% sobrepeso
>= 120% obesidade

(Até 130%: obesidade leve; de 130 a 140%: obesidade moderada; >140%: obesidade mórbida)
Porcentagens de Adequação
( crianças de 1 a 10 anos)

• Com os indicadores P/E e E/I, Waterlow (1973), elaborou uma


classificação do estado nutricional da criança muito utilizada na área
de pediatria
P/E= peso observado x 100
peso esperado p/ a estatura observada no percentil 50

Classificação de Waterlow (1973)


estatura/idade
peso/estatura >=95% <95%
>=90% eutrófico desnutrido pregresso
<90% desnutrido atual desnutrido crônico
ou agudo ou evolutivo
Porcentagens de Adequação
( crianças de 1 a 10 anos)

• Desnutrido pregresso: é a criança que foi desnutrida, mas que


recuperou sua condição pôndero-estatural. Apresenta um
comprometimento da estatura, mas têm na época o peso adequado
para sua estatura (não apresenta mais desnutrição). Crianças
geneticamente baixas podem ser erroneamente classificadas como
desnutridas pregressas
• Desnutrido crônico: a criança apresenta baixo peso e baixa
estatura. É uma criança bastante comprometida tanto do ponto de
vista atual como do crônico, têm as características da desnutrida
pregressa, além de apresentar desnutrição atual
• Desnutrição atual: o comprometimento do peso é pronunciado,
mas a estatura é normal. Reflete deficiência nutricional recente, já
que este processo não interferiu na estatura. Se a criança
permanecer com deficiência de peso por tempo prolongado, a
estatura poderá ser comprometida (processo irreversível)
Índice de Massa Corporal (IMC)

• A utilização desse indicador em percentis é usada para crianças e


adolescentes a partir dos 6 aos 19 anos de idade, por sexo
• Curva de P/E ou IMC ???: a curva é mais usada pela sua facilidade
de não fazer o cálculo, mas só vai até 10 anos, enquanto o IMC vai
até os 20 anos
IMC = peso (kg)
altura ² (m)

Classificação do IMC de acordo c/ os percentis


<= P5 baixo peso
P5 –P15 risco p/ baixo peso
P15 –P85 eutrofia
P 85 – P95 sobrepeso
>= 95 obesidade

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