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um fator genético.
Profissão → Deve ser investigada a prática de atividades que demandam
hipófise, do útero, das tubas uterinas, da vagina e das glândulas mamárias, preparando o muito esforço físico. A prática de atividade física durante a gestação, no
organismo feminino para a gestação. Quando o eixo hipotálamo-hipófise funciona entanto, está indicada e é saudável, desde que seja de leve a moderada
adequadamente, a produção de GnRH pelo hipotálamo estimula a síntese de FSH e LH pela intensidade, como caminhadas e hidroginástica.
hipófise, responsáveis por estimular a produção de estrogênio e progesterona pelos ovários. ✓ Estado civil → Segundo as literaturas, gestantes que são casadas possuem
A progesterona, por sua vez, promove crescimento endometrial, de forma a preparar o útero maior apoio familiar e psicossocial, levando a menores chances de
para a implantação do embrião. complicações durante o ciclo gravídico puerperal, como a ocorrência de
As tubas uterinas precisam estar pérvias para que a gestação ocorra – abortamentos. Entretanto, sabe-se que pacientes solteiras também podem ter
distúrbios das trompas são fatores de risco para a não ocorrência de gravidez boa evolução gestacional se receberem esse mesmo tipo de apoio.
– e as glândulas mamárias também sofrem uma série de modificações ✓ Nacionalidade e domicílio → Em algumas regiões há maior prevalência de
mediante a gestação (ex: Aumento do volume mamário, aparecimento dos determinadas doenças, como doença de Chagas, Zika, esquistossomose, etc.
tubérculos de Montgomery, aumento da vascularização mamária, produção de
colostro, etc). 2. Anamnese obstétrica: Avaliar e investigar antecedentes obstétricos:
A primeira causa de amenorreia na mulher que apresenta ciclos menstruais regulares ✓ Número de gestações, partos e abortos:
é a gestação. A gonadotrofina coriônica (-HCG) já é positiva 7 dias após a fertilização. − Primigrávida ou primigesta → É a mulher que concebe pela primeira vez.
Inicialmente, a gestação é mantida pela progesterona, produzida pelo corpo lúteo residual, − Multigesta ou multigrávida → Aplica-se à que gestou muitas vezes (ex:
quando ocorre fecundação. Esse hormônio também promove inibição do GnRH para que não Secundigesta ou IIgesta), independente do tempo de gravidez.
ocorra um novo ciclo menstrual. Não existe um período exato definido pelas literaturas, mas − Nulípara → É a mulher que jamais deu à luz.
sabe-se que entre 8 a 12 semanas de gestação, inicia-se a produção de -HCG, um − Nuligesta → É a mulher que nunca esteve grávida.
hormônio sinciciotrofoblasto produzido pela placenta, que também será responsável por − Primípara → É a parturiente do primeiro concepto ou a que está na iminência
manter a gravidez. de fazê-lo.
A concentração de -HCG nesse período inicial pode chegar até 100 – 200 mil U/ml de Se a paciente está na segunda gestação e já pariu um concepto (secundigesta), sem
sangue e, acredita-se que essa elevada concentração seja responsável pelos sintomas de nunca ter abortado, por exemplo, pode-se usar a abreviação GIIPIA0. Além disso, também
náuseas e vômitos característicos do primeiro trimestre. Após a 16º semana, as é possível especificar o tipo de parto na descrição → GIIPnIA0 para parto normal e
concentrações caem para 10 – 20 mil U/ml. É importante ressaltar que a maioria dos GIIPcIA0 para cesárea.
antieméticos podem ser utilizados com segurança em pacientes gestantes, exceto a ✓ Intercorrências e complicações em gestações anteriores.
Ondansetrona (pode provocar várias alterações fetais, como malformações). ✓ Parto cesáreo ou vaginal e o motivo da escolha (ex: A cesariana foi escolhida
O primeiro trimestre da gravidez é o período de maior risco de teratogenicidade por ser um desejo da gestante ou em decorrência de alguma complicação?) de
(malformações fetais e embrionárias). gestações anteriores e da atual.
✓ Número de consultas do pré-natal.
( ) ✓ Idade gestacional da gravidez atual e de anteriores (termo, pré-termo e
pós-termo).
1. Anamnese e exame físico geral:
✓ Identificação.
3. Exame físico obstétrico.
✓ Idade → A idade ideal para a ocorrência da gestação varia de 18 – 35 anos. Após
esse período (> 35 anos), há maior chance de haver malformações congênitas. Vale
lembrar que a principal causa de abortamento do 1º trimestre são anomalias ( )
cromossomiais (a principal – 30% dos casos – corresponde a trissomia do 16 e É muito importante o diagnóstico precoce da gravidez. O diagnóstico de gravidez
em segundo lugar de maior prevalência está a síndrome de Tunner). pode ser:
Jéssica Viégas – Med 97
1. Clínico: Os sintomas da gravidez são classificados em: de urina. No 2º semestre, tal sintomatologia cessa, retornando nas 2 últimas
a. De presunção: Os sinais de presunção são: semanas, ao insinuar a apresentação fetal (“insinuar” significa que o feto está próximo
✓ Com 4 semanas de gestação: do estreito superior da bacia), que também promove compressão da bexiga.
− Amenorreia.
O atraso menstrual é o sinal mais precoce. Em mulheres jovens, com ciclos menstruais
regulares e vida sexual ativa, a ausência de menstruação pressupõe gravidez. No entanto,
10 – 14 dias de atraso é um provável sinal de amenorreia, mas que nem sempre indica
gestação; esse sintoma também ocorre em diversas circunstâncias fisiológicas e patológicas.
Além disso, a perda sanguínea cíclica semelhante ao ciclo menstrual, embora rara, também
não exclui o diagnóstico de gravidez, pois pode ocorrer nos primeiros meses (hemorragia
de implantação ovular).
✓ Com 5 semanas:
Rede de Haller Sinal de Hunter
− Náuseas. Devido à elevada concentração de -HCG na corrente sanguínea
− Vômitos. materna. b. De probabilidade: Os sinais de probabilidade são:
− Anorexia. ✓ Com 6 semanas de gestação:
− Perversão do apetite e extravagância alimentar (“desejo de grávida”). − Amenorreia.
− Congestão mamária. − Aumento do volume uterino → O toque combinado infere as alterações que a
Durante o 1º trimestre da gestação, mais de 50% das gravidez imprime ao útero. Fora da gestação,
mulheres sofrem de náusea, geralmente matutinas, tendo como esse órgão é intrapélvico, localizado abaixo do
consequência imediata vômitos e anorexia. Outras, ao estreito superior, mas, na gravidez expande-se;
contrário, apresentam maior apetite, não sendo rara a com 6 semanas apresenta um volume de
perversão alimentar – um ganho de peso de até 20% a mais “tangerina”, com 10 semanas de uma “laranja” e
do peso habitual é considerado normal. Além disso, com 5 com 12 semanas, o tamanho da cabeça fetal a
semanas, algumas pacientes podem relatar que as mamas estão termo é palpável logo acima da sínfise púbica.
congestas e doloridas. Na 8º semana, a auréola mamária ✓ Com 8 semanas: Relação útero/bexiga
− Alteração da consistência uterina → O útero vazio normal
torna-se mais pigmentada e surgem os tubérculos de
Montgomery (corresponde a uma hipertrofia das glândulas é firme, mas, na gravidez, com 8 semanas, adquire
sebáceas); em torno de 16 semanas, é produzida secreção uma consistência cística, elástico-pastosa, principalmente no istmo
amarela (colostro), que pode ser obtida através de expressão uterino (amolecimento do eixo cervical, chamado de sinal de Hegar). Isso
mamária correta. pode ser percebido durante o exame de toque vaginal e, por vezes, o
O aumento da circulação venosa das mamas também é amolecimento intenso dessa região faz parecer que o corpo uterino está
muito comum (rede de Haller – visa melhorar a vascularização separado do colo.
mamária). Em torno da 20º semana, surge a auréola
Tubérculos de Montgomery Sinal de Hegar
secundária (sinal de Hunter – é promovido pela Consistência uterina normal
progesterona, que estimula o hormônio melanotrófico), levando ao aumento da
pigmentação em volta do mamilo.
✓ Com 6 semanas:
− Polaciúria.
No 2º e no 3º mês de gestação, o útero, com maior volume e em anteflexão acentuada,
comprime a bexiga, levando a micção frequente, com emissão de quantidade reduzida
Jéssica Viégas – Med 97
− Alteração do formato do útero → Inicialmente, o útero cresce de modo retorna.
assimétrico, desenvolvendo-se mais acentuadamente na zona de implantação.
A sensação tátil é de abaulamento e amolecimento local, sendo possível notar, em
algumas situações, um sulco separando a região de maior crescimento do restante do
útero (sinal de Piskacek – assimetria uterina). Ademais, na ausência de gravidez,
geralmente os fundos de saco são vazios, mas a partir de 8 semanas, o corpo uterino ocupa
esses espaços (sinal de Nobile-Budin), devido ao formato globoso assumido pela matriz
piriforme.
Sinal de Puzos Auscultação fetal
✓ Com 18 semanas:
− Percepção e palpação dos movimentos ativos do feto → Inicialmente, os
movimentos são discretos, mas tornam-se vigorosos com o evoluir da
gestação.
− Palpação dos segmentos fetais → Nesse período, o volume do feto é maior e
começa-se a palpar a cabeça e os membros.
✓ Com 20 a 21 semanas:
Sinal de Piskacek Sinal de Nobile-Budin − Auscultação do BCF com estetoscópio de Pinard.
Devido a hipertrofia do sistema vascular, também pode haver percepção dos batimentos 2. Hormonal: Atualmente, constitui o melhor parâmetro para o diagnóstico de
do pulso vaginal nos fundos de saco (sinal de Osiander). O procedimento do toque é gravidez incipiente, em função de sua precocidade e exatidão. Baseia-se na
completado pelo exame especular; ao entreabrir a vulva, destaca-se a coloração violácea produção de -HCG pelo ovo – 1 semana após a fertilização, implantado no
de sua mucosa (vestíbulo e meato uretral), chamado de sinal de Jacquemier ou sinal de endométrio, começa a produzir gonadotrofina coriônica em quantidades
Chadwick, e é denominado de sinal de Kluge a mesma tonalidade encontrada na mucosa crescentes, que podem ser encontradas na urina ou no sangue materno.
vaginal – a mudança da cor desses locais ocorre devido a impregnação da progesterona, Existem 4 tipos de teste para identificação do -HCG:
preparando a genitália para a gestação e para o parto. a. Testes imunológicos: Como o -HCG induz a formação de anticorpos, essas
✓ Com 16 semanas: proteínas podem ser utilizadas para detectar esse hormônio na urina. É
− Alteração do volume abdominal → O útero torna-se palpável com 12 semanas, necessário observar se urina está bastante concentrada, a fim de melhorar a
e nota-se o aumento do volume abdominal progressivo em torno de 16 sensibilidade dos testes.
semanas – o útero se encontra no ponto médio entre a cicatriz umbilical e a Os principais testes utilizados são:
sínfise púbica nesse momento. Com 20 semanas, o útero se encontra no nível ✓ Prova de inibição da aglutinação do látex → É um teste de leitura rápida,
da cicatriz umbilical. mas pouco sensível, pois só detecta concentrações de -HCG a partir de
c. De certeza: Os sinais de certeza são: 1500 – 3500 UI/l.
✓ Com 12 semanas: ✓ Prova de inibição da hemaglutinação → Leva mais tempo que o teste
− Auscultação → O batimento cardíaco fetal (BCF) é o mais fidedigno dos anterior para ser feito (2 h), mas é mais sensível, pois detecta concentrações
sinais de gravidez. Pode ser ouvido com sonar doppler entre 10 – 12 semanas de -HCG a partir de 750 – 1000 UI/l – recentemente, foi lançada uma
(com 6 semanas de gestação, o USG consegue auscultar dos batimentos). variante desse teste, chamada hemaglutinação passiva reversa, que oferece
✓ Com 14 semanas: sensibilidade desde 75 Ui/l desse hormônio no sangue.
− Sinal de Puzos → Trata-se do rechaço fetal intrauterino, que se obtém ao Na prática, para que testes imunológicos sejam realizados aconselha-se que a
impulsionar o feto com os dedos dispostos no fundo de saco anterior. Dessa paciente tenha um atraso menstrual de 10 – 14 dias. Assim, a prova de inibição da
maneira, ocorre impressão de rechaço quando o concepto se afasta e quando ele hemaglutinação oferece 97% – 99% de sensibilidade – com a nova modalidade, afir-
Jéssica Viégas – Med 97
ma-se que o resultado pode ser obtido com 1 – 3 dias de atraso. ✓ Diagnóstico e caracterização de gemelaridade.
Fatores que podem produzir resultados falso-positivos incluem: ✓ Diagnóstico de prenhez ectópica.
✓ Medicamentos psicotrópicos. ✓ Cálculo da idade gestacional.
✓ Proteinúria. ✓ Avaliação da transluscência nucal (TN) → Uma TN normal deve ser < 2,5
✓ Climatério. mm. É um exame solicitado entre 11 – 14 semanas de gestação.
Fatores que podem produzir resultados falso-negativos incluem: Os estudos ultrassonográficos da gestação devem ser solicitados nas seguintes
✓ Urina de baixa densidade na 1º ou 2º semana do atraso menstrual. épocas:
✓ Realização do exame no 2º trimestre de gestação, quando os níveis de -HCG se a. 1º estudo morfológico: Deve ser realizado entre
Resumindo:
reduzem. 11 – 14 semanas e, no pedido do exame, é No 1º trimestre
b. Testes radioimunológicos: Consistem na dosagem de -HCG por método necessário solicitar avaliação da TN (quando > investigar → Marcadores
radioimunológicos no soro materno. São testes quantitativos, rápidos (4 h) e 2,5 mm indica anomalias congênitas), do osso de cromossomopatias e
de alta sensibilidade (detectam concentrações do hormônio a partir de 50 nasal (hipoplasia do osso nasal indicam malformações fetais →
síndrome de Down) e do duto venoso fetal (a TN, osso nasal e duto
mUI/l).
venoso.
c. Teste ELISA: É muito semelhante ao teste rádioimunológico (teste quantitativo, onda cardíaca do duto venoso deve ser
alta sensibilidade, rápido – 4 h –, dosagem de níveis do hormônio no soro monofásica e positiva).
materno), mas consegue detectar níveis de -HCG a partir de 25 mUI/l. b. 2º estudo morfológico: Idealmente deve ser realizado entre 20 – 24 semanas
É importante ressaltar que o teste de farmácia é apenas qualitativo (determina se tem ou de gestação. Um segundo estudo morfológico é necessário nesse momento para
não anticorpos para -HCG na urina, mas incapaz de afirmar a quantidade). Aconselha-se avaliar a formação e a quantidade de membros (braços, pernas e dedos) e de
que seja realizado com a primeira urina da manhã e espera-se diagnóstico positivo pelo órgãos e estruturas (ex: Lábio leporino, fenda palatina, gastroquisis, etc).
menos 1 dia antes do atraso menstrual. c. 3º estudo ultrassonográfico: O 3º estudo é complementar aos 2 anteriores,
sendo um ecodopplercardíaco fetal, que deve ser solicitado entre 24 – 28
3. Ultrassonográfico: Com 4 – 5 semanas, na parte superior do útero, começa a semanas. Visa avaliar as estruturas cardíacas, em busca de malformações
aparecer uma formação arredondada, anelar, com contornos nítidos, que cardíacas.
correspode a estrutura ovular, denominada, em ultrassonografia, de saco
gestacional (SG). A partir de 5 semanas, é possível visualizar a vesícula vitelina
(VV) e, com 6 semanas, o eco embrionário e o BCF.
Em torno de 10 – 12 semanas, nota-se o espessamento do SG, que representa a placenta
em desenvolvimento e seu local de implantação no útero. Com 12 semanas, a placenta
pode ser facilmente identificada e apresenta estrutura definida com 16 semanas.
❖ Deformação cervical.
o Circlagem:
▪ CI na presença de anomalia fetal, corioamnionite, rotura prematura das membranas ou trabalho
de parto.
Pré-Natal – Obstetrícia – Ana Cláudia Neves MED 96
▪ Não está indicada rotineiramente no gemelar.
❖ Gemelar dicoriônica e diamniótica: não necessariamente são do mesmo sexo e apresentam fenótipo diferente.
❖ Hiperêmese gravídica:
o É definida como a persistência de náuseas e vômitos com início antes da 20ª semana de gestação,
autolimitada, associada a perda de peso (>5%), desidratação, distúrbio hidroeletrolítico, cetose e
cetonúria.
o Etiologia e etiopatogenia:
▪ Fatores endócrinos: hCG, estrogênio e progesterona.
▪ Fatores imunológicos: concepto produziria uma substância antigênica que desencadearia
reação materna no centro do vômito e no TGI.
▪ Fatores mecânicos: reflexos compressivos ou congestivos sobre órgãos digestivos.
▪ Fatores psicossomáticos: não aceitação da maternidade, perda da liberdade, rejeição ao pai da
criança, autopunição.
o Quadro clínico: vômitos incoercíveis, desidratação, desnutrição, distúrbio hidroeletrolítico e perda de
peso.
o Exames laboratoriais: HC, ureia e Cr, glicemia, proteínas, transaminases, bilirrubinas, sódio, potássio,
cloro, magnésio, fósforo, cálcio.
o Conduta na internação:
▪ Dieta zero 24 a 48 horas, após estabilização do quadro inicia-se dieta líquida, evoluindo
progressivamente à sólida.
▪ Dieta deve ser pobre em lipídios e rica em carboidratos.
▪ Hidratação venosa: é feita com solução isotônica- Ringer lactato ou solução salina. O ideal é a
reposição de 2.000 a 4.000 ml/ 24 horas.
▪ Fazer reposição de vitamina B6, C, K e Tiamina.
▪ Sedação: Clorpromazina, prometazina , meperedina ou Benzodiazepínicos.
▪ Anti-eméticos: Dimenidrinato associado a piridoxina ( DRAMIN B6®), Cloridrato de
metoclopramida ( Plasil®) ou Bromoprida/ Meclim 25 ou 50 mg; ondasetrona é CI, pois
causa malformação na cavidade oral do feto.
▪ Piridoxina 10 a 50mg 8/8 h.
▪ Reposição de potássio e sódio em alguns casos.b