Você está na página 1de 17

Jéssica Viégas – Med 97

Cor → Pacientes negras possuem maior tendência a HAS na gestação devido a


(d[i[a[g[n[ó[s[t[i[c[o]d[e]g[r[a[v[i[d[e[z)
O ciclo reprodutivo começa no início da puberdade. Envolve atividade do hipotálamo, da


um fator genético.
Profissão → Deve ser investigada a prática de atividades que demandam
hipófise, do útero, das tubas uterinas, da vagina e das glândulas mamárias, preparando o muito esforço físico. A prática de atividade física durante a gestação, no
organismo feminino para a gestação. Quando o eixo hipotálamo-hipófise funciona entanto, está indicada e é saudável, desde que seja de leve a moderada
adequadamente, a produção de GnRH pelo hipotálamo estimula a síntese de FSH e LH pela intensidade, como caminhadas e hidroginástica.
hipófise, responsáveis por estimular a produção de estrogênio e progesterona pelos ovários. ✓ Estado civil → Segundo as literaturas, gestantes que são casadas possuem
A progesterona, por sua vez, promove crescimento endometrial, de forma a preparar o útero maior apoio familiar e psicossocial, levando a menores chances de
para a implantação do embrião. complicações durante o ciclo gravídico puerperal, como a ocorrência de
As tubas uterinas precisam estar pérvias para que a gestação ocorra – abortamentos. Entretanto, sabe-se que pacientes solteiras também podem ter
distúrbios das trompas são fatores de risco para a não ocorrência de gravidez boa evolução gestacional se receberem esse mesmo tipo de apoio.
– e as glândulas mamárias também sofrem uma série de modificações ✓ Nacionalidade e domicílio → Em algumas regiões há maior prevalência de
mediante a gestação (ex: Aumento do volume mamário, aparecimento dos determinadas doenças, como doença de Chagas, Zika, esquistossomose, etc.
tubérculos de Montgomery, aumento da vascularização mamária, produção de
colostro, etc). 2. Anamnese obstétrica: Avaliar e investigar antecedentes obstétricos:
A primeira causa de amenorreia na mulher que apresenta ciclos menstruais regulares ✓ Número de gestações, partos e abortos:
é a gestação. A gonadotrofina coriônica (-HCG) já é positiva 7 dias após a fertilização. − Primigrávida ou primigesta → É a mulher que concebe pela primeira vez.
Inicialmente, a gestação é mantida pela progesterona, produzida pelo corpo lúteo residual, − Multigesta ou multigrávida → Aplica-se à que gestou muitas vezes (ex:
quando ocorre fecundação. Esse hormônio também promove inibição do GnRH para que não Secundigesta ou IIgesta), independente do tempo de gravidez.
ocorra um novo ciclo menstrual. Não existe um período exato definido pelas literaturas, mas − Nulípara → É a mulher que jamais deu à luz.
sabe-se que entre 8 a 12 semanas de gestação, inicia-se a produção de -HCG, um − Nuligesta → É a mulher que nunca esteve grávida.
hormônio sinciciotrofoblasto produzido pela placenta, que também será responsável por − Primípara → É a parturiente do primeiro concepto ou a que está na iminência
manter a gravidez. de fazê-lo.
A concentração de -HCG nesse período inicial pode chegar até 100 – 200 mil U/ml de Se a paciente está na segunda gestação e já pariu um concepto (secundigesta), sem
sangue e, acredita-se que essa elevada concentração seja responsável pelos sintomas de nunca ter abortado, por exemplo, pode-se usar a abreviação GIIPIA0. Além disso, também
náuseas e vômitos característicos do primeiro trimestre. Após a 16º semana, as é possível especificar o tipo de parto na descrição → GIIPnIA0 para parto normal e
concentrações caem para 10 – 20 mil U/ml. É importante ressaltar que a maioria dos GIIPcIA0 para cesárea.
antieméticos podem ser utilizados com segurança em pacientes gestantes, exceto a ✓ Intercorrências e complicações em gestações anteriores.
Ondansetrona (pode provocar várias alterações fetais, como malformações). ✓ Parto cesáreo ou vaginal e o motivo da escolha (ex: A cesariana foi escolhida
O primeiro trimestre da gravidez é o período de maior risco de teratogenicidade por ser um desejo da gestante ou em decorrência de alguma complicação?) de
(malformações fetais e embrionárias). gestações anteriores e da atual.
✓ Número de consultas do pré-natal.
( ) ✓ Idade gestacional da gravidez atual e de anteriores (termo, pré-termo e
pós-termo).
1. Anamnese e exame físico geral:
✓ Identificação.
3. Exame físico obstétrico.
✓ Idade → A idade ideal para a ocorrência da gestação varia de 18 – 35 anos. Após
esse período (> 35 anos), há maior chance de haver malformações congênitas. Vale
lembrar que a principal causa de abortamento do 1º trimestre são anomalias ( )
cromossomiais (a principal – 30% dos casos – corresponde a trissomia do 16 e É muito importante o diagnóstico precoce da gravidez. O diagnóstico de gravidez
em segundo lugar de maior prevalência está a síndrome de Tunner). pode ser:
Jéssica Viégas – Med 97
1. Clínico: Os sintomas da gravidez são classificados em: de urina. No 2º semestre, tal sintomatologia cessa, retornando nas 2 últimas
a. De presunção: Os sinais de presunção são: semanas, ao insinuar a apresentação fetal (“insinuar” significa que o feto está próximo
✓ Com 4 semanas de gestação: do estreito superior da bacia), que também promove compressão da bexiga.
− Amenorreia.
O atraso menstrual é o sinal mais precoce. Em mulheres jovens, com ciclos menstruais
regulares e vida sexual ativa, a ausência de menstruação pressupõe gravidez. No entanto,
10 – 14 dias de atraso é um provável sinal de amenorreia, mas que nem sempre indica
gestação; esse sintoma também ocorre em diversas circunstâncias fisiológicas e patológicas.
Além disso, a perda sanguínea cíclica semelhante ao ciclo menstrual, embora rara, também
não exclui o diagnóstico de gravidez, pois pode ocorrer nos primeiros meses (hemorragia
de implantação ovular).
✓ Com 5 semanas:
Rede de Haller Sinal de Hunter
− Náuseas. Devido à elevada concentração de -HCG na corrente sanguínea
− Vômitos. materna. b. De probabilidade: Os sinais de probabilidade são:
− Anorexia. ✓ Com 6 semanas de gestação:
− Perversão do apetite e extravagância alimentar (“desejo de grávida”). − Amenorreia.
− Congestão mamária. − Aumento do volume uterino → O toque combinado infere as alterações que a
Durante o 1º trimestre da gestação, mais de 50% das gravidez imprime ao útero. Fora da gestação,
mulheres sofrem de náusea, geralmente matutinas, tendo como esse órgão é intrapélvico, localizado abaixo do
consequência imediata vômitos e anorexia. Outras, ao estreito superior, mas, na gravidez expande-se;
contrário, apresentam maior apetite, não sendo rara a com 6 semanas apresenta um volume de
perversão alimentar – um ganho de peso de até 20% a mais “tangerina”, com 10 semanas de uma “laranja” e
do peso habitual é considerado normal. Além disso, com 5 com 12 semanas, o tamanho da cabeça fetal a
semanas, algumas pacientes podem relatar que as mamas estão termo é palpável logo acima da sínfise púbica.
congestas e doloridas. Na 8º semana, a auréola mamária ✓ Com 8 semanas: Relação útero/bexiga
− Alteração da consistência uterina → O útero vazio normal
torna-se mais pigmentada e surgem os tubérculos de
Montgomery (corresponde a uma hipertrofia das glândulas é firme, mas, na gravidez, com 8 semanas, adquire
sebáceas); em torno de 16 semanas, é produzida secreção uma consistência cística, elástico-pastosa, principalmente no istmo
amarela (colostro), que pode ser obtida através de expressão uterino (amolecimento do eixo cervical, chamado de sinal de Hegar). Isso
mamária correta. pode ser percebido durante o exame de toque vaginal e, por vezes, o
O aumento da circulação venosa das mamas também é amolecimento intenso dessa região faz parecer que o corpo uterino está
muito comum (rede de Haller – visa melhorar a vascularização separado do colo.
mamária). Em torno da 20º semana, surge a auréola
Tubérculos de Montgomery Sinal de Hegar
secundária (sinal de Hunter – é promovido pela Consistência uterina normal
progesterona, que estimula o hormônio melanotrófico), levando ao aumento da
pigmentação em volta do mamilo.
✓ Com 6 semanas:
− Polaciúria.
No 2º e no 3º mês de gestação, o útero, com maior volume e em anteflexão acentuada,
comprime a bexiga, levando a micção frequente, com emissão de quantidade reduzida
Jéssica Viégas – Med 97
− Alteração do formato do útero → Inicialmente, o útero cresce de modo retorna.
assimétrico, desenvolvendo-se mais acentuadamente na zona de implantação.
A sensação tátil é de abaulamento e amolecimento local, sendo possível notar, em
algumas situações, um sulco separando a região de maior crescimento do restante do
útero (sinal de Piskacek – assimetria uterina). Ademais, na ausência de gravidez,
geralmente os fundos de saco são vazios, mas a partir de 8 semanas, o corpo uterino ocupa
esses espaços (sinal de Nobile-Budin), devido ao formato globoso assumido pela matriz
piriforme.
Sinal de Puzos Auscultação fetal

✓ Com 18 semanas:
− Percepção e palpação dos movimentos ativos do feto → Inicialmente, os
movimentos são discretos, mas tornam-se vigorosos com o evoluir da
gestação.
− Palpação dos segmentos fetais → Nesse período, o volume do feto é maior e
começa-se a palpar a cabeça e os membros.
✓ Com 20 a 21 semanas:
Sinal de Piskacek Sinal de Nobile-Budin − Auscultação do BCF com estetoscópio de Pinard.

Devido a hipertrofia do sistema vascular, também pode haver percepção dos batimentos 2. Hormonal: Atualmente, constitui o melhor parâmetro para o diagnóstico de
do pulso vaginal nos fundos de saco (sinal de Osiander). O procedimento do toque é gravidez incipiente, em função de sua precocidade e exatidão. Baseia-se na
completado pelo exame especular; ao entreabrir a vulva, destaca-se a coloração violácea produção de -HCG pelo ovo – 1 semana após a fertilização, implantado no
de sua mucosa (vestíbulo e meato uretral), chamado de sinal de Jacquemier ou sinal de endométrio, começa a produzir gonadotrofina coriônica em quantidades
Chadwick, e é denominado de sinal de Kluge a mesma tonalidade encontrada na mucosa crescentes, que podem ser encontradas na urina ou no sangue materno.
vaginal – a mudança da cor desses locais ocorre devido a impregnação da progesterona, Existem 4 tipos de teste para identificação do -HCG:
preparando a genitália para a gestação e para o parto. a. Testes imunológicos: Como o -HCG induz a formação de anticorpos, essas
✓ Com 16 semanas: proteínas podem ser utilizadas para detectar esse hormônio na urina. É
− Alteração do volume abdominal → O útero torna-se palpável com 12 semanas, necessário observar se urina está bastante concentrada, a fim de melhorar a
e nota-se o aumento do volume abdominal progressivo em torno de 16 sensibilidade dos testes.
semanas – o útero se encontra no ponto médio entre a cicatriz umbilical e a Os principais testes utilizados são:
sínfise púbica nesse momento. Com 20 semanas, o útero se encontra no nível ✓ Prova de inibição da aglutinação do látex → É um teste de leitura rápida,
da cicatriz umbilical. mas pouco sensível, pois só detecta concentrações de -HCG a partir de
c. De certeza: Os sinais de certeza são: 1500 – 3500 UI/l.
✓ Com 12 semanas: ✓ Prova de inibição da hemaglutinação → Leva mais tempo que o teste
− Auscultação → O batimento cardíaco fetal (BCF) é o mais fidedigno dos anterior para ser feito (2 h), mas é mais sensível, pois detecta concentrações
sinais de gravidez. Pode ser ouvido com sonar doppler entre 10 – 12 semanas de -HCG a partir de 750 – 1000 UI/l – recentemente, foi lançada uma
(com 6 semanas de gestação, o USG consegue auscultar dos batimentos). variante desse teste, chamada hemaglutinação passiva reversa, que oferece
✓ Com 14 semanas: sensibilidade desde 75 Ui/l desse hormônio no sangue.
− Sinal de Puzos → Trata-se do rechaço fetal intrauterino, que se obtém ao Na prática, para que testes imunológicos sejam realizados aconselha-se que a
impulsionar o feto com os dedos dispostos no fundo de saco anterior. Dessa paciente tenha um atraso menstrual de 10 – 14 dias. Assim, a prova de inibição da
maneira, ocorre impressão de rechaço quando o concepto se afasta e quando ele hemaglutinação oferece 97% – 99% de sensibilidade – com a nova modalidade, afir-
Jéssica Viégas – Med 97
ma-se que o resultado pode ser obtido com 1 – 3 dias de atraso. ✓ Diagnóstico e caracterização de gemelaridade.
Fatores que podem produzir resultados falso-positivos incluem: ✓ Diagnóstico de prenhez ectópica.
✓ Medicamentos psicotrópicos. ✓ Cálculo da idade gestacional.
✓ Proteinúria. ✓ Avaliação da transluscência nucal (TN) → Uma TN normal deve ser < 2,5
✓ Climatério. mm. É um exame solicitado entre 11 – 14 semanas de gestação.
Fatores que podem produzir resultados falso-negativos incluem: Os estudos ultrassonográficos da gestação devem ser solicitados nas seguintes
✓ Urina de baixa densidade na 1º ou 2º semana do atraso menstrual. épocas:
✓ Realização do exame no 2º trimestre de gestação, quando os níveis de -HCG se a. 1º estudo morfológico: Deve ser realizado entre
Resumindo:
reduzem. 11 – 14 semanas e, no pedido do exame, é No 1º trimestre
b. Testes radioimunológicos: Consistem na dosagem de -HCG por método necessário solicitar avaliação da TN (quando > investigar → Marcadores
radioimunológicos no soro materno. São testes quantitativos, rápidos (4 h) e 2,5 mm indica anomalias congênitas), do osso de cromossomopatias e
de alta sensibilidade (detectam concentrações do hormônio a partir de 50 nasal (hipoplasia do osso nasal indicam malformações fetais →
síndrome de Down) e do duto venoso fetal (a TN, osso nasal e duto
mUI/l).
venoso.
c. Teste ELISA: É muito semelhante ao teste rádioimunológico (teste quantitativo, onda cardíaca do duto venoso deve ser
alta sensibilidade, rápido – 4 h –, dosagem de níveis do hormônio no soro monofásica e positiva).
materno), mas consegue detectar níveis de -HCG a partir de 25 mUI/l. b. 2º estudo morfológico: Idealmente deve ser realizado entre 20 – 24 semanas
É importante ressaltar que o teste de farmácia é apenas qualitativo (determina se tem ou de gestação. Um segundo estudo morfológico é necessário nesse momento para
não anticorpos para -HCG na urina, mas incapaz de afirmar a quantidade). Aconselha-se avaliar a formação e a quantidade de membros (braços, pernas e dedos) e de
que seja realizado com a primeira urina da manhã e espera-se diagnóstico positivo pelo órgãos e estruturas (ex: Lábio leporino, fenda palatina, gastroquisis, etc).
menos 1 dia antes do atraso menstrual. c. 3º estudo ultrassonográfico: O 3º estudo é complementar aos 2 anteriores,
sendo um ecodopplercardíaco fetal, que deve ser solicitado entre 24 – 28
3. Ultrassonográfico: Com 4 – 5 semanas, na parte superior do útero, começa a semanas. Visa avaliar as estruturas cardíacas, em busca de malformações
aparecer uma formação arredondada, anelar, com contornos nítidos, que cardíacas.
correspode a estrutura ovular, denominada, em ultrassonografia, de saco
gestacional (SG). A partir de 5 semanas, é possível visualizar a vesícula vitelina
(VV) e, com 6 semanas, o eco embrionário e o BCF.
Em torno de 10 – 12 semanas, nota-se o espessamento do SG, que representa a placenta
em desenvolvimento e seu local de implantação no útero. Com 12 semanas, a placenta
pode ser facilmente identificada e apresenta estrutura definida com 16 semanas.

Marcos importantes visualizados na USG transvaginal no 1º trimestre


Marcos Época (em semanas)
TN normal x TN > 2,5 mm
SG 4
VV 5–6
Eco fetal com BCF 6–7
Cabeça fetal 11 – 12
Placenta 12

Em resumo, o diagnóstico por USG permite, além do diagnóstico de gravidez:


✓ Localização do SG.
Avaliação do ângulo fronto-maxilar e identificação de hipoplasia do osso nasal a esquerda
✓ Vitalidade do ovo (BCF).
Jéssica Viégas – Med 97
3. 3º trimestre: É permitido erro de +/- 3 semanas em relação a DUM.
Qualquer exame pode ser valorizado para o cálculo da idade gestacional.

Resumindo: Cálculo da IG pela DUM e pela USG


Ex1: DUM 01/05/2020 x Data atual 18/09/2020 → Para calcular a IG, é necessário somar a
quantidade de tempo entre a DUM e a data atual, dividindo o valor por 7 (a quantidade de dias em
cada semana). Assim:
− Maio tem 31 dias, assim, exclui-se o primeiro dia desse mês, pois a DUM ocorreu nesse dia.
− 30 dias de Maio + 31 dias de Junho + 30 dias de Julho + 31 dias de Agosto + 18 dias de Setembro
(a data atual) = 140 dias.
SG, VV e embrião (a esquerda)
− 140 : 7 = 20 semanas → A idade gestacional é de 20 semanas (ou 5 meses).
Ops! Atualmente, a USG transvaginal é obrigatória no 1º trimestre de gravidez. Ex2: Se uma paciente apresenta um USG realizado em 01/09/2019, sendo a data atual
16/02/2020, a IG pode ser calculada da mesma forma. O exame revelou uma IG de 13 semanas e 4
dias:
( ) − Setembro tem 30 dias, assim, exclui-se o primeiro dia desse mês, pois nesse dia a USG foi
A idade gestacional (IG) pode ser calculada a partir realizada.
Relembrando:
da data da última menstruação (DUM) e a data − 29 dias de Setembro + 31 dias de Outubro + 30 dias de Novembro + 31 dias de Dezembro + 20
− Abortamento → Feto com <
provável do parto (DPP) pode ser calculada 500 g ou entre 20 – 22 semanas.
dias de Janeiro + 16 dias de Fevereiro = 168 dias.
utilizando-se a regra de Nägele, que consiste em✓ − 168 : 7 = 24 semanas → Como no dia do exame a paciente tinha 13 semanas e 4 dias, na data
− Prematuridade → Até 36
adicionar a DUM 7 dias e 9 meses (d+7/m+9/ano). É atual a IG corresponde a: 13 semanas e 4 dias + 24 semanas = 37 semanas e 4 dias.
semanas + 6 dias.
um cálculo feito para 40 semanas de gestação (280✓ − Termo → 37 semanas
dias). completas (259 dias) a 42
É importante ressaltar que existem várias formas de semanas incompletas (293 dias). ( )
se calcular a IG, como: ✓ − Pós-termo (pós-matura, ✓ Hiperpigmentação da linha alba do abdome (linha Nigra), da vulva, das auréolas
✓ Pelo aumento do volume uterino: serotinea ou protraida) → 42 mamárias, face e pescoço (cloasma gravídico ou melasma gravidarum) →
semanas ou mais (> 294 dias).
− 12 semanas → O útero sai da pelve. Ocorre pelo estímulo da progesterona sobre o hormônio melanotrófico.
− 20 – 22 semanas → O fundo uterino se ✓ Aumento da vascularização da pele → Eritema palmar e telangiectasias.
encontra a nível da cicatriz umbilical. ✓ Estrias no abdome, mamas, coxas e glúteos podem surgir por alteração do
− 16 semanas → O fundo uterino se encontra a uma meia-distância da cicatriz colágeno e hiperdistensão da pele → Inicialmente as estrias são vermelho
umbilical e da sínfise púbica. nacarado ou vermelho arroxeadas e posteriormente se tornam branco
− 40 semanas → O fundo uterino se encontra a nível do apêndice xifóide. nacaradas. Podem ser prevenidas através do uso de meias elásticas de
− 28 semanas → O fundo uterino se encontra a uma meia-distância da cicatriz compressão graduada para gestantes.
umbilical e do apêndice xifóide.
✓ Pela ultrassonografia: (  )
− 4 semanas de gestação → Aparecimento do SG.
As aplicações clínicas da dosagem de -HCG são:
− 5 – 6 semanas → Aparecimento da VV.
1. Diagnóstico de gravidez.
− 6 − 7 semanas → Aparecimento do eco embrionário/ BCF.
2. Diagnóstico pré-natal para rastreamento de aneuploidias.
− 12 semanas → Aparecimento da placenta.
3. Diagnóstico e acompanhamento de gravidez ectópica.
Em relação a ultrassonografia, são permitidos os seguintes erros em relação ao cálculo da
4. Diagnóstico e acompanhamento de doença trofoblástica gestacional.
DUM:
1. 1º trimestre: É permitido erro de +/- 1 semana em relação a DUM.
2. 2º trimestre: É permitido erro de +/- 2 semanas em relação a DUM. ( )
Jéssica Viégas – Med 97
1. Inspeção: O resultado da medição pode ser marcado em gráfico,
a. Cabeça: chamado de curva de Belizan. Quando o valor está acima da
✓ Sinal de Halban: Junto aos limites do couro cabeludo ocorre a formação de curva superior, pode indicar:
lanugem, em consequência da intensificação da nutrição dos folículos pilosos, ✓ Erro de cálculo de IG.
reflexo do próprio metabolismo da grávida e, principalmente, em influência dos ✓ Polidrâmnio.
hormônios. ✓ Macrossomia.
✓ Cloasma ou máscara gravídica: Em muitas gestantes nota-se uma pigmentação ✓ Gestação gemelar.
difusa ou circunscrita, mais nítida nas áreas expostas a luz (fronte, nariz e região ✓ Mola hidatiforme.
zigomática), de tonalidade escura, que mancha a pele. Essa alteração é abrandada ✓ Miomatose.
ao se poupar a pele da insolação. ✓ Obesidade.
b. Pescoço: Em função da hipertrofia da tireoide, o pescoço apresenta circunferência Quando o valor está abaixo da curva inferior pode
aumentada, mais evidenciável por volta do 5º ou 6º mês. indicar:
c. Glândulas mamárias: Como mencionado anteriormente, ocorre formação da ✓ Erro de cálculo de IG.
rede de Haller, aparecimento dos tubérculos de Montgomery e as mamas se ✓ Feto morto ou fetos pequenos.
Altura uterina
mostram aumentadas de volume, preparando os seios para a gestação e para a ✓ Oligodrâmnio.
amamentação. A partir de 16 semanas, inicia-se a secreção de colostro e, em torno ✓ Restrição do crescimento fetal.
de 20 semanas, surge o sinal de Hunter.
d. Abdome: O abdome exibe as alterações resultantes da distensão de sua parede Note que quando a paciente
pelo útero gravídico em crescimento, se mostrando globoso ou ovoide. A cicatriz apresenta 20 cm de altura
umbilical, antes uma depressão, pode se tornar plana ou até mesmo saliente. uterina, é indicativo que possui
Principalmente nas mulheres de pele mais escura, evidencia-se a 20 semanas de gestação,
hiperpigmentação da linha alba (linha nigra). Também pode haver a formação de estando o útero a nível da
estrias, que esmaecem ao fim do ciclo gravídico-puerperal, mas, na maior parte cicatriz umbilical. Dessa forma,
dos casos, persistem. 28 cm correspondem a 28
e. MMII: Usualmente, os MMII podem exibir dilatação circunscrita de vasos semanas e assim por diante. No
sanguíneos, exagerados pela influência da gestação, ou mesmo varizes entanto, observe que com 40
aumentadas. No fim da gravidez pode haver edema. semanas a altura uterina é mais
f. Sistema genital: Presença do sinal de Jacquemier ou Chadwick. O sinal de Kluge e baixa do que com 36 semanas.
o sinal de Osiander se mostram na vagina. Isso ocorre, pois o feto começa a
insinuar na pelve, se
2. Palpação: O palpar obstétrico faz-se do preparando para o parto (diz-se
útero e de seu conteúdo (o feto). O popularmente que “a barriga está descendo” – essa queda ocorre 2 semanas antes do
reconhecimento da altura uterina permite parto).
estimar a idade gestacional e acompanhar A curva de Belizan só é válida, no entanto, de 18 a 32 semanas gestacionais. Além
o crescimento fetal (a partir das 18 disso, é importante ressaltar que para o exame da palpação da altura uterina é necessário
semanas, o útero cresce 1 cm/semana e 4 que a paciente esteja de bexiga vazia.
cm/mês até as 32 semanas – com 40 semanas A palpação também permite avaliar a consistência uterina e a regularidade da
o feto tem em torno de 34 cm). Primeiro superfície uterina. O conteúdo do útero é palpado a partir da manobra de Leopold-
delimita-se o púbis e o fundo do útero com a borda cubital da mão, sem comprimi- Zweifel, que visa o reconhecimento do feto, sua apresentação e posição. Ela possui 4
lo. Em seguida uma fita métrica é utilizada para calcular essa distância, medindo o tempos:
arco uterino. Em todas as consultas a altura do fundo uterino deve ser medida. a. 1º tempo: Delimita-se o fundo do útero com ambas as mãos, deprimindo a pare
Jéssica Viégas – Med 97
de abdominal. As mãos dispõem-se o polo que aí se apresenta, verifica, pelas suas características, se é o cefálico ou o pélvico:
encurvadas, procurando reconhecer, com o primeiro é menor, liso, consistente, irredutível e o segundo é maior, irregular,
a face palmar, o contorno do fundo do amolecido e deprimível. Trata-se, respectivamente, de apresentação cefálica ou pélvica
útero e a parte fetal que o ocupa. Na – na córmica (situação transversa), a escava está vazia.
maioria dos casos, sente-se aí o polo
pélvico, que apresenta as seguintes Resumindo → Manobra de Leopold-Zweifel:
características: ✓ − 1º tempo → Delimita-se o fundo de útero.
✓ Mais volumoso que a cabeça. ✓ − 2º tempo → Procura-se sentir o dorso e os membros e a situação fetal (longitudinal,
transversa ou oblíqua).
✓ Esferoide.
✓ − 3º tempo → Manobra de Leopold ou Pawlick; explora a mobilidade do polo inferior em
✓ De superfície irregular e
relação ao estreito superior.
resistente, mas redutível.
✓ − 4º tempo → Explora-se a escava, se o feto está alto ou está insinuado.
✓ Deixa perceber, às vezes, as
cristas ilíacas como duas
proeminências. 3. Ausculta: A ausculta com sonar doppler tem o objetivo de determinar se o feto
No caso de o polo cefálico estar no fundo está vivo ou morto (o sonar identifica o pulso do cordão umbilical ou de qualquer
Manobra de Leopold-Zweifel – o
do útero, verifica-se um corpo de superfície principal objetivo é identificar a outro grande vaso fetal). Quando se monitora o BCF, no entanto, o objetivo é
regular, resistente e irredutível, com duas situação, posição e apresentação fetal. determinar a higidez do feto.
regiões características, o occipital e a fronte.
Se houver quantidade suficiente de líquido, deve-se notar o rechaço: 4. Toque e exame especular: O toque e o exame especular
Uma das mãos imprime súbito impulso ao polo fetal, que, deslocado, desaparece, ao que se são feitos nas consultas de rotina apenas quando há
chama rechaço simples; quando ele volta à situação primitiva e é percebido pela palpação, necessidade, por exemplo quando a paciente possui
trata-se do rechaço duplo. Com as duas mãos também é possível verificar esse rechaço, alguma queixa de leucorréia ou sangramento. No
jogando o polo de uma contra a outra. O rechaço é muito mais nítido com a cabeça do que entanto, durante a gestação, o toque combinado torna
com as nádegas, posto que sua forma, consistência e mobilidade, relativamente à coluna, lhe possível definir o volume uterino quando o órgão ainda
conferem tal qualidade. não se encontra acessível à palpação abdominal, o que é
b. 2º tempo: Procura-se deslizar as mãos a partir do fundo uterino em direção ao útil, portanto, ao diagnóstico da gravidez.
polo inferior do órgão, buscando-se sentir o dorso fetal e as pequenas partes ou Próximo ao parto, o toque viabiliza a avaliação das condições do colo, das relações
membros, de um ou outro lado do útero. A região dorsal do feto apresenta-se entre a apresentação e a bacia (insinuação, proporcionalidade) e das características do
como uma superfície resistente e contínua, plana no sentido longitudinal e convexa trajeto ósseo. Durante o trabalho de parto, é indispensável para diagnosticar seu início,
no transversal. acompanhar a dilatação cervical, a progressão fetal e precisar o tipo de apresentação, de
c. 3º tempo: Conhecida mais particularmente por manobra de Leopold ou posição e suas variedades.
Pawlick, visa a exploração da mobilidade do polo que se apresenta em
relação com o estreito superior. Procura-se apreender o polo entre o polegar 5. Exames complementares: São solicitados apenas quando há necessidade:
e o dedo médio da mão direita, imprimindo-lhe movimentos de lateralidade ✓ Dosagens hormonais.
que indicam o grau de penetração da apresentação na bacia. Quando ela está ✓ Citopatologia (Papanicolau).
alta e móvel, esse polo balança de um lado para outro. ✓ BVC (biópsia de vilo corial – pode ser feita a partir da 10º − 12º semana para
d. 4º tempo: Deve-se explorar a escava. O polo cefálico é frequentemente pesquisa de TORCH ou doença hemolítica perinatal, quando necessário),
encontrado nesse local e apresenta, ao palpar, caracteres mais nítidos. O amniocentese e cordocentese.
examinador volta suas costas para a cabeça da paciente e coloca as mãos sobre as ✓ Embrioscopia/fetoscopia.
fossas ilíacas, seguindo em direção ao hipogástrio, afastadas uma da outra cerca ✓ Ultrassonografia (transvaginal, transabdominal, US 3D).
de 10 cm. Com as extremidades dos dedos, procura penetrar na pelve. Abarcando ✓ Dopplervelocimetria (doppler-colorido).
Jéssica Viégas – Med 97
✓ Cardiotocografia (CTG computadorizada) → É um método de avaliação da
vitalidade fetal (BCF) e ocorrência de contrações uterinas.
✓ Ressonância magnética.
Pré-Natal – Obstetrícia – Ana Cláudia Neves MED 96
❖ Objetivos:
o Diagnosticar ou confirmar a gravidez quando ainda existem dúvidas.
o Diagnosticar ou confirmar doenças maternas preexistentes: tratar e reduzir seu impacto na evolução
da gravidez.
o Orientar a gestante quanto a seus hábitos de vida, dieta e atividade física.
o Ampará-la e educá-la em relação ao parto, aleitamento e noções de puericultura.
o Acompanhar a evolução da gravidez: condições da gestante e feto (crescimento e desenvolvimento).
o Diagnosticar e tratar intercorrências gestacionais: encaminhar casos de alto risco para centros
terciários.
o Adotar medidas preventivas para proteção mãe-feto.
❖ Início e seguimento:
o Mais precoce possível.
o Objetiva identificação e prevenção de intercorrências clínicas, cirúrgicas e obstétricas.
o Ideal: consulta pré-concepcional.
o MS: pelo menos 6 consultas: uma no 1º trimestre, duas no 2º trimestre e três no 3º trimestre.
o Baixo risco:
▪ Mensalmente até 32 semanas.
▪ Quinzenalmente de 32 a 36 semanas.
▪ Semanalmente após 36 semanas até o parto.
o Gestações de risco devem ter a periodicidade avaliada.
o Queixa principal: “estou grávida e vim fazer o pré-natal”.
o Alterações fisiológicas: esclarecimentos e efeitos negativos.
o Patologias.
o O término do pré-natal só ocorre com o nascimento do concepto.
o Ações determinadas pelo MS:
▪ Estímulo ao parto normal e resgate do parto como ato fisiológico.
▪ Anamnese e exame clínico-obstétrico da gestante.
▪ Imunização antitetânica.
▪ Avaliação do estado nutricional da gestante.
▪ Prevenção e tratamento dos distúrbios nutricionais.
▪ Prevenção ou diagnóstico precoce do câncer de colo uterino e de mama.
▪ Atenção à mulher e ao RN na primeira semana após o parto e nova consulta puerperal até o 42º
dia após o parto.
o Controles maternos: cálculo e anotação da IG, IMC e monitoração do ganho de peso, PA, pesquisa de
edema, exame ginecológico (inclui exame das mamas).
o Controles fetais: ausculta dos batimentos cardiofetais e avaliação dos movimentos percebidos pela
mulher e/ou detectados no exame obstétrico/registro dos movimentos fetais.
o Encaminhamento pré-natal de alto risco:
▪ Condições prévias: cardiopatias, pneumopatias graves, nefropatias graves, endocrinopatias
(principalmente DM, hipo/hipertireoidismo), HAS crônica e/ou uso de anti-hipertensivo;
doenças neurológicas, psiquiátricas, autoimunes e infecciosas (hepatites, toxoplasmose, HIV,
sífilis terciária e outras ISTs); alterações genéticas maternas; antecedente de TVP ou embolia
pulmonar; ginecopatias; hanseníase e TB; dependência de drogas líticas ou ilícitas.
▪ História reprodutiva anterior: morte intrauterina ou perinatal, história prévia de doença
hipertensiva da gestação com mau resultado (prematuridade, morte fetal IU, HELLP,
eclampsia, internação materna em UTI), abortamento e esterilidade/infertilidade.
▪ Gravidez atual: restrição do crescimento IU, poli/oligoidramnia, gemelaridade, malformações
ou arritmia fetal, distúrbios hipertensivos na gestação, ITU de repetição e/ou dois ou mais
episódios de pielonefrite, anemia grave ou não responsiva ao sulfato ferroso, doenças
infecciosas, rubéola e CMV, proteinúria laboratorialmente comprovada, DM gestacional,
desnutrição materna severa, obesidade mórbida ou baixo peso, NIC III, alta suspeita de CA de
mama ou bi-rads maior ou igual a III e adolescentes com fatores de risco psicossociais.
❖ Anamnese na gestação:
o Nome e idade:
▪ Relação médico paciente.
▪ Idade ideal entre 18 e 35 anos.
▪ Maior risco < 16anos e > 35 anos, além de estatura < 145cm.
▪ Primigesta jovem: < 17 anos.
▪ Primigesta idosa: > 35 anos.
Pré-Natal – Obstetrícia – Ana Cláudia Neves MED 96
▪ > 35 anos: orientar doenças genéticas.
o Cor/intervalo entre os partos:
▪ Negra:
• > incidência HAC, anemia
falciforme, miomatose uterina
• Parto espontâneo mais frequente:
cabeça mais moldável. Bacia
ginecoide.
• Asiáticas geralmente apresentam
bacia androide.
o História familiar:
▪ Doenças familiares: cardiopatias, DM, HAS,
epilepsia (carbamazepina é mais indicada
para o tratamento em gestantes; os demais
podem causar lábio leporino), neoplasias e alterações psíquicas.
▪ Infecciosas: TB, hepatites B e C, HIV, sífilis.
o História pregressa: HAS, cardiopatia, nefropatia, DM (o tratamento na gestação é feito com insulina),
doenças autoimunes (acL maior lesão na placenta, causando aborto ou malformação congênita),
distúrbios mentais, epilepsia, doenças infecto-contagiosas, distúrbios tireoidianos, uso de
medicamentos, atos operatórios prévios, acidentes e transfusões sanguíneas (transmissão de doenças
infecciosas e sensibilização materna ao fator RH).
o Hábitos e vícios: tabagismo (relacionado CIUR), álcool, drogas ilícitas.
▪ Exercícios físicos: caminhadas, natação e hidroginástica são indicados e exercícios de impacto
desestimulados.
▪ Drogas lícitas:
• Etilismo crônico aumenta o risco de abortamento e pode determinar alterações
congênitas em até 30% dos fetos.
• Álcool: transtornos psiquiátricos são comuns; independe da quantidade.
o RN: alterações neurológicas (retardo mental), alterações psíquicas
(irritabilidade) e deformidades na cabeça/face.
• Síndrome alcoólica fetal:
o Anomalias congênitas: defeitos cerebrais, cardíacos e coluna vertebral.
o Anomalias craniofaciais: nariz pequeno e plano, micrognatia, microftalmia,
pálpebras curtas, retardo do crescimento pré e pós-natal.
▪ Drogas ilícitas:
• Maconha: atravessa livremente a barreira placentária e chega ao leite materno; altas
doses causam anomalias em animais; efeito semelhante ao cigarro.
• Cocaína: grave vasoconstrição no organismo materno e, por atravessar livremente a
barreira placentária, provoca os mesmos efeitos no feto.
• Heroína: associada ao aumento da morbidade fetal, retardo do crescimento fetal,
sofrimento fetal crônico, morte perinatal e síndrome de abstinência.
o História ginecológica:
▪ Menarca.
▪ Regularidade do ciclo menstrual, frequência e quantidade do fluxo: confiabilidade da
DUM e DPP
▪ Início atividade sexual, frequência e número de parceiros: IST causa dano fetal.
▪ Cirurgias ginecológicas pregressas:
• Miomectomia: risco rotura uterina.
• Uretrocistopexia: cesariana.
• Amputação/conização colo uterino: compromete competência cervical,
acompanhamento pré-natal criterioso e circlagem (14 semanas); o colo fica curto e com
o crescimento do feto, promove abortamento ou fato prematuro. Solicitar USG TV para
medir o tamanho do colo.
o História obstétrica pregressa:
▪ Maior frequência de gestação múltipla e abortamento precoce após tratamento de infertilidade.
▪ Evolução dos partos anteriores:
• Número de gestações e seus desfechos.
• Cesariana prévia:
Pré-Natal – Obstetrícia – Ana Cláudia Neves MED 96
o Motivo: desproporção cefalo-pélvica (dcp), macrossomia, etc.
o Quantidade: iteratividade - >/= 2 cesarianas, aumenta o risco de rotura uterina.
• Parto vaginal prévio e evolução.
• Intervalo interpartal.
• Ectópica, natimorto, malformado ou prematuridade.
▪ Abortamentos: qual IG, complicação, perdas de repetição (2 ou mais abortos).
• Até 12 semanas geralmente ocorrem por anomalias cromossomiais, principalmente a
trissomia do 16, seguida de síndrome de Turner.
▪ RN de partos anteriores: peso, condições após o nascimento e intercorrências neonatais.
o Queixas mais frequentes:
▪ Cefaleia: causa mais comum é tensão emocional.
• Afastar pré-eclâmpsia após 20 semanas de gestação.
• Conversar com a gestante sobre tensões e medos.
▪ Edema:
• Limitado aos tornozelos: decorre da pressão da veia cava inferior pelo útero,
principalmente no final da gravidez.
• Orientar manter repouso em decúbito lateral ou com os membros elevados.
• Presença de edema generalizado ou de face e mãos: investigar possibilidade de pré-
eclâmpsia.
❖ Exame físico:
o Peso da gestante:
▪ Durante o 1º trimestre: orientação alimentar.
• Perda de 2 a 3kg, decorrente de enjoos e vômitos.
• Ganho de 1 a 2kg.
▪ A partir do 2º trimestre: ganho de 500g por semana (aproximadamente de 08 a 12Kg até o
fim da gestação).
▪ A dieta na gestação deve ser hiperproteica, hipoglicídica e hipolipídica.
▪ Obesas têm maior risco de fetos macrossômicos e aumento na taxa de cesarianas, enquanto as
de baixo peso tem maior tendência à RN de baixo peso e prematuridade.
▪ Reposição de ferro: evitar anemia ferropriva patológica.
• Sulfato ferroso de 30-60mg/dia, de 20 semanas ao término da lactação ou até o 2-3°
mês pós-parto (não lactantes).
• CI: náusea, vômito, diarreia e epigastralgia.
▪ Reposição de ácido fólico: sua deficiência causa problemas no amadurecimento neurológico,
portanto, sua reposição previne anomalias do tubo neural (espinha bífida, encefalocele e
anencefalia).
• Período pré-concepcional: 5mg/dia três meses antes da gestação e mantendo-a até o
fim do 1º trimestre.
• Manter 5mg/dia no 1º trimestre de gestação (até 12 semanas).
o Altura: pacientes < 145cm apresentam maior risco.
o Exame das mamas: sinais de presunção de gravidez e atenção à morfologia do complexo aréolo-
mamilar, visando a amamentação após o parto.
o avaliação das mucosas, tireoide, pulmões, coração, abdome e extremidades.
o Ausculta fetal:
▪ Sonar: 10-12 semanas, em torno de 120-160bpm (taquicardia é sinal de circular de cordão,
infecção materna, etc; quando não aguenta mais, o feto cursa com bradicardia e vasodilatação,
com liberação esfincteriana, ocorrendo mecônio).
▪ Estetoscópio de Pinard: 20-22 semanas.
o Exame ginecológico e obstétrico:
▪ Medir a altura do fundo uterino no abdome (após a 12ªsemana).
• Objetivos: acompanhar o crescimento fetal e diagnosticar os desvios da normalidade,
através da relação AU/IG (principalmente na 1ª metade da gestação).
▪ Ausculta fetal após a 10/12ª semana com o sonar – doppler.
▪ Avaliar a genitália externa e vagina.
▪ Exame especular - colo uterino: paciente com queixas de perda de líquido ou sangramento.
Pré-Natal – Obstetrícia – Ana Cláudia Neves MED 96
▪Exame de toque (toque bidigital): paciente com queixas de contrações e nas consultas após 38
semanas (sempre).
▪ Orientar sobre o trabalho de parto e intercorrências: sangramento, perda de líquido, contrações
e ausência de movimentação fetal.
▪ Orientar sinais premonitórios: cefaleia, escotomas e dor epigástrica.
o Movimentação fetal:
▪ O número de movimentos realizados pelo feto em um dia:
• 20ª semana = 200.
• 32a semana = 500.
• 40a semana = 300.
▪ A gestante percebe 80% dos movimentos.
▪ Diminuição da percepção do movimento fetal: insuficiência placentária, isoimunização Rh,
malformação fetal congênita, atividade materna excessiva e uso de
medicações/álcool/nicotina.
o PA:
▪ Gestantes com PA >140/90 e <160/110mmHg:
• Colocar paciente em repouso, decúbito lateral esquerdo e verificar novamente PA.
• Investigar presença de sinais premonitórios.
• Controle de PA.
• Encaminhar para pré-natal de alto risco.
▪ Crise Hipertensiva:
• Iniciar medicação de controle da crise hipertensiva.
• Preferência: Hidralazina 25mg de 8/8h VO ou IV 5mg (amp 20mg)
Metildopa 250 /500mg 12/12h VO – até 3g dia, ou
Nifedipina 10 0u 20mg 12/12 horas.
• Encaminhar gestante ao centro de referência;
▪ Nas primeiras semanas, a vasodilatação mantém a PA baixa e, geralmente, a hipertensão não
surge até a 20ª semana de gestação.
❖ Exames laboratoriais:
o Hemograma completo: Hb e Hct (hemodiluição) – um na primeira consulta e outro no 3º trimestre.
o Tipagem sanguínea e fator Rh.
o Glicemia jejum: um na primeira consulta e outro no 3º trimestre; até 92mg/dL é normoglicemia; se
alterada, TOTG é solicitado com 24 semanas para confirmar a DM gestacional.
o Creatinina: gestantes hipertensas ou com suspeita de hipertensão – sugere lesão de órgão-alvo.
o VDRL (Sorologia Sífilis): exame de triagem; 7.200.000U penicilina benzatina 2 ampolas IM a cada 7
dias (tratada como sífilis terciária) quando há positivação do VDRL em gestantes.
▪ 1 solicitado até a 10ª semana.
▪ 1 solicitado entre a 28ª e 32ª semana.
▪ Por segurança, Caetano solicita 3 sorologias – uma entre 10ª e 28ª semana.
▪ Na dúvida solicita-se FTA-abs, exame que confirma a sífilis, pois o VDRL também positiva
em colagenoses.
o Sorologia HIV (Elisa): início da gestação, 24ª semana, 32ª semana e na internação.
▪ Quando positivo, é encaminhado para infectologia que inicia tratamento de acordo com a carga
viral.
▪ > 1000 cópias/mL e <500 CD4 inicia o tratamento com AZT.
▪ Incidência de transmissão vertical é de 2,5-1% quando a gestante faz o tratamento adequado
e quando não tratada é de 70%.
▪ O parto é feito através de cesariana; nesse momento, é preciso administrar em bomba infusora
2mg/kg de AZT diluído em SF 0,9% na internação (1ª hora); a partir da 2ª hora a dose é reduzida
para 1mg/kg/h até a 4ª hora.
o Sorologia toxoplasmose:
▪ A transmissão fetal relaciona-se diretamente à idade gestacional na qual ocorreu infecção
materna, sendo o maior risco no 3º trimestre (aproximadamente 90% nas últimas semanas de
gestação). No entanto, o risco de acometimento fetal grave é inversamente proporcional à IG.
▪ IgM e IgG negativos: paciente suscetível (não teve contato) – sorologia a cada dois ou três
meses durante a gestação e no momento do parto. Estimular profilaxia primária, evitando
contato com gatos e incinerar as fezes desses animais, ingestão de carnes bem cozidas, lavar
bem frutas, legumes e verduras, evitar ingerir água não filtrada, ovos crus ou leite integral.
Pré-Natal – Obstetrícia – Ana Cláudia Neves MED 96
▪ IgM positivo e IgG negativo: infecção aguda.
• Nesse caso, o diagnóstico de infecção fetal é feito através da identificação do parasita
pela PCR do líquido amniótico a partir de 16 semanas de gestação.
▪ IgM e IgG positivos: infecção aguda ou crônica – solicitação de teste de avidez para IgG.
• Avidez baixa = 1/30 – trata a paciente, pois indica infecção aguda (< 4 meses).
• Intermediária = 1/60 – até dois anos pode positivar, conduta individual.
• Alta = 1/9 – não trata, significa infecção antiga (> 4 meses).
• À medida que a resposta imunológica vai amadurecendo, os anticorpos IgG apresentam
avidez cada vez maior.
▪ IgM negativo e IgG positivo: paciente imune/infecção crônica – não há risco de reativação
em pacientes imunocompetentes.

o Sorologia Hepatite B e C: HbsAg – um na primeira consulta e outro no 3º trimestre.


o Sorologia rubéola e CTMV: não são solicitados de forma rotineira.
o Exame de Urina (tipo 1) e urinocultura: primeira consulta e 3º trimestre.
▪ É realizado pois os quadros infecciosos são geralmente oligossintomáticos e possuem grande
potencial para evolução para quadros graves.
▪ Leucócitos > 10/campo = urocultura.
▪ Leucócitos > 10/campo + nitrito e/ou bactérias = tratamento.
▪ Leucócitos < 10/campo + anamnese positiva = urocultura + tratamento.
▪ Bacteriúria assintomática = tratamento; 25% desses casos evoluem para infeção aguda
sintomática e apresenta associação com abortamento, parto prematuro e baixo peso. É definida
como crescimento na urinocultura de pelo menos 105 UFC/mL em amostra de jato médio de
urina em pacientes assintomáticas.
▪ Após tratamento para ITU, solicitar urocultura.
▪ Pielonefrite aguda (febre alta, calafrios e dor na loja renal + referência pregressa de sintomas
de ITU baixa) = internação.
▪ ITU maior causa de infecção pulmonar e trabalho de parto prematuro.
▪ Nitrofurantoína é CI > 36ª semana, pois causa aplasia de medula.

o Exame parasitológico de fezes.


Pré-Natal – Obstetrícia – Ana Cláudia Neves MED 96
oCultura cervical: S. beta-hemolítico do grupo B entre 36ª e 38ª semana de gestação, através de swab
retal e canal cervical.
o Rotina laboratorial:
▪ 2º trimestre:
• Glicemia jejum: aproximadamente 20ª semana.
• TOTG 75g: a partir da 24ª semana.
• Coombs indireto: para gestantes Rh -, a partir de 24 semanas, mensalmente;
o Se o feto for rh + é preciso administrar imunoglobulina anti-rh na mãe, na
dose de 300mcg em até 72 horas pós-parto.
• USG morfológico: pesquisa espinha bífida, implantação de orelha, fenda palatina,
fechamento da parede abdominal, etc.
• Eco-doppler-cardíaco fetal: entre 24ª e 28ª semana, não é preconizado pelo MS.
▪ 3º trimestre: HC, VDRL/HIV, glicemia, EAS, USG.
o Rotina laboratorial – EAS e conduta:
o USG:
▪ Uma em cada trimestre.
▪ 1º trimestre:
• Busca saco gestacional com embrião apresentando atividade cardíaca.
• Acompanhamento da idade gestacional.
• Medida de transluscência nucal como marcador de cromossomopatias.
• Detectar precocemente as gestações gemelares.
▪ 2º trimestre:
• Em torno 20 – 24 semanas.
• Avaliação da morfologia fetal e pesquisa de anomalias congênitas.
• Acompanhar idade gestacional.
▪ 3º trimestre:
• Confirmar achados de eventuais anormalidades.
• Avaliar o crescimento fetal.
• Volume líquido amniótico.
• Localização da placenta.
• Bem estar fetal (PBF).
▪ A realização de exames rotineiros após a 24ª semana, em pacientes de baixo risco, pode ser
individualizada se necessário confere benefícios à mãe ou ao feto.
o Idade gestacional:
▪ 1º trimestre: comprimento cabeça nádega do embrião (mais fidedigno).
▪ 2º trimestre: medida do diâmetro biparietal ou do comprimento do fêmur.
o Períodos fundamentais no desenvolvimento do concepto:
▪ Período embrionário: da 4ª a 7ª semana. Fase de organogênese → mais sensível às
repercussões teratogênicas; cuidado com os medicamentos receitados.
❖ Vacinação:
o Permitidas: Dt/DTpa, hepatite B.
▪ Dt/DtPa:
• Proteção contra o tétano.
• Dupla adulto dT ou toxóide tetânico TT.
• Gestante não vacinada após 20 semanas.
• Receber 2 doses de DT com intervalo de 30 a 60 dias entre elas e terceira dose de
DTPa entre 27 e 36 semanas.
• A 2ª dose até máximo 20 dias antes DPP.
• Gestante vacinada há esquema completo com 2 doses Dt é considerado imune,
ressaltando que a DTPa deve ser repetida a cada gestação (proteger o feto contra
coqueluche).
o Permissíveis: febre amarela (CI – administrada em situações de surto, gestante reside ou fará viagem
inevitável para áreas endêmicas), influenza (administrada nas campanhas vacinais, sem o adjuvante –
contra H1N1 é segura) e raiva (administrada em caso de exposição).
Pré-Natal – Obstetrícia – Ana Cláudia Neves MED 96

❖ Sofrimento fetal crônico – diagnóstico:


o Cardiotocografia:
▪ Contém dois transdutores que serão colocados no dorso do feto.
▪ Avaliação da vitabilidade fetal.
▪ Alterações basais:
• Fcf basal: varia entre 120-160bpm – foto de cima, feto reativo.
• Oscilação.
▪ Alterações transitórias:
• Acelerações.
• Desacelerações: tipo I, II e umbilical.
o Tipo I – DIP cefálico: normal, com a contração uterina no trabalho de parto,
há queda da FC.
Pré-Natal – Obstetrícia – Ana Cláudia Neves MED 96
o Tipo 2 – DIP tardio: insuficiência placentária, ausência de líquido de forma
adequada – indicação de cesariana.
o Tipo 3 – DIP variável: alterações expressivas na FC, indicativo de sofrimento
fetal por compressão funicular (circular de cordão, etc).
FOTO 1: contração uterina (onda larga) 5 contrações – trabalho de parto (para que ele ocorra é preciso > 3 contrações
no período de 10 minutos com duração de aproximadamente 30 segundos). Feto reativo.

❖ Índice do líquido amniótico (ILA):


o Evita deformidades ósseas craniofaciais, bom funcionamento do rim, expansão pulmonar e do tubo
digestivo.
o Oligoidramnia: perda de líquido, que pode ser moderada ou acentuada (ILA < 8).
o Adramnia: ausência de líquido amniótico.
o Polidramnia: comum em fetos de mães portadoras de DM, pois o estado hiperosmolar promove maior
perda de líquido pela urina.

❖ Deformação cervical.
o Circlagem:
▪ CI na presença de anomalia fetal, corioamnionite, rotura prematura das membranas ou trabalho
de parto.
Pré-Natal – Obstetrícia – Ana Cláudia Neves MED 96
▪ Não está indicada rotineiramente no gemelar.
❖ Gemelar dicoriônica e diamniótica: não necessariamente são do mesmo sexo e apresentam fenótipo diferente.
❖ Hiperêmese gravídica:
o É definida como a persistência de náuseas e vômitos com início antes da 20ª semana de gestação,
autolimitada, associada a perda de peso (>5%), desidratação, distúrbio hidroeletrolítico, cetose e
cetonúria.
o Etiologia e etiopatogenia:
▪ Fatores endócrinos: hCG, estrogênio e progesterona.
▪ Fatores imunológicos: concepto produziria uma substância antigênica que desencadearia
reação materna no centro do vômito e no TGI.
▪ Fatores mecânicos: reflexos compressivos ou congestivos sobre órgãos digestivos.
▪ Fatores psicossomáticos: não aceitação da maternidade, perda da liberdade, rejeição ao pai da
criança, autopunição.
o Quadro clínico: vômitos incoercíveis, desidratação, desnutrição, distúrbio hidroeletrolítico e perda de
peso.
o Exames laboratoriais: HC, ureia e Cr, glicemia, proteínas, transaminases, bilirrubinas, sódio, potássio,
cloro, magnésio, fósforo, cálcio.
o Conduta na internação:
▪ Dieta zero 24 a 48 horas, após estabilização do quadro inicia-se dieta líquida, evoluindo
progressivamente à sólida.
▪ Dieta deve ser pobre em lipídios e rica em carboidratos.
▪ Hidratação venosa: é feita com solução isotônica- Ringer lactato ou solução salina. O ideal é a
reposição de 2.000 a 4.000 ml/ 24 horas.
▪ Fazer reposição de vitamina B6, C, K e Tiamina.
▪ Sedação: Clorpromazina, prometazina , meperedina ou Benzodiazepínicos.
▪ Anti-eméticos: Dimenidrinato associado a piridoxina ( DRAMIN B6®), Cloridrato de
metoclopramida ( Plasil®) ou Bromoprida/ Meclim 25 ou 50 mg; ondasetrona é CI, pois
causa malformação na cavidade oral do feto.
▪ Piridoxina 10 a 50mg 8/8 h.
▪ Reposição de potássio e sódio em alguns casos.b

Você também pode gostar