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Maria Laura C.

Tonhon

Puerpério
CONCEITO E DURAÇÃO Dermatológica: cloasma gravídico e queda de cabelo
(queda de cabelos comumente observada entre 1-5
Início após a dequitação, dura mais ou menos 6
meses pós-parto).
semanas/42 dias.
- Pode coincidir de cair enquanto está amamentando, e
Puerpério imediato: até 2h pós-parto
algumas pessoas pensarem que é por conta da
Puerpério mediato: da 3h até final do 10 dia
amamentação, mas na verdade ainda é resquícios da
Puerpério tardio: 10º dia até fim da 6ª semana.
gravidez.
MODIFICAÇÃO ANATÔMICA
Sistema urinário: retenção urinária ou incontinência
Involução uterina: costuma ser mais rápida nas urinária.
mulheres que amamentam (tem mais liberação de
Parede abdominal: pode haver persistência da diástase
ocitocina, o útero involui melhor) e, habitualmente, no
do músculo reto abdominal.
12º dia após o parto, o fundo uterino localiza-se rente
à borda superior da sínfise púbica. Voltam ao tamanho Mamas:
pré gravídico entre 6 e 8 semanas.
- Lactação: amamentação exclusiva é recomendada
Cólicas: prescrição de buscopan, ibupofreno, para todos os recém-nascidos nos primeiros 6 meses de
cetoprofeno, dipirona. vida.

Loquiação: produto/conteúdo/secreção que sai após o - Colostro: secreção alcalina e amarelada, pode já estar
parto. Conteúdo vaginal saindo. Nos primeiros dias são presente nos últimos meses de gravidez ou surge nos
vermelhos, pois tem mais sangue, nos últimos dia são primeiros 2-5 dias após o parto. Alto teor de minerais,
esbranquiçados, pois tem mais fibrina por 4 semanas. proteínas, vitamina A e imunoglobulinas.

Colo uterino: o reparo total do colo uterino e a - Leite maduro: maior teor de carboidrato e gordura.
reepitelização costumam ocorrer entre 6 e 12 semanas
- Prolactina: início da lactação (produção de leite).
após o parto. O orifício externo apresenta zona
transversa de cicatrização (forma de fenda). - Ocitocina: auxilia a prolactina na liberação de leite.

Vagina e vulva: a rugosidade da vagina reaparece na - Sucção: manutenção da lactação.

terceira semana de puerpério, vinculada à regressão do - Estresse: impeditivo.


edema e da vascularização. O hímen que se rompeu
ASSISTÊNCIA NO PUERPÉRIO
sofre processo de cicatrização, dando origem a nódulos
de mucosa fibrosados, as chamas carúnculas himenais. Orientações sobre amamentação e cólica do bebê,
prescrição de anti-inflamatório.
Tremores: autolimitados. Origem incerta (não se sabe
ao certo por que ocorre). Suporte (colocar cobertores). Domiciliar:
Maria Laura C. Tonhon

- Observar amamentação: ver se há fissuras, mastite HEMORRAGIA PÓS PARTO


(processo inflamatório da mama, administrar
- Pílula com estrógeno e progesterona: inibe
antibiótico; se sair secreção, é abscesso e aí tem que
foliculogênese e ovulação.
drenar).
- Pílula só com progesterona: inibe apenas a ovulação.
- Observar ferida operatória: endometrite, infecção de
ferida operatória. Questionar se febre, dor etc. O pico de coagulação ocorre no puerpério, então um
anticoncepcional combinado é ruim nesse período.
- Questionar o retorno dos ciclos.
O que faz a mulher sangrar mais no pós parto? 4T’s:
- Orientar sobre retorno à vida sexual e contracepção:
o recomendado é ficar até os 42 dias sem retornar. Tônus – atonia uterina; contrações uterinas (60%).

Estudos qualitativos mostram que a contracepção de Trajeto – canal de parto pode ter sofrido uma laceração
longa duração (DIU e implanon) são muito mais bem e está sangrando. Hematomas, inversão e rotura
aceitos no puerpério (paciente está com mais vontade uterina (19%).
de prevenção).
Tecido – dequitação/delivramento não se deu de forma
- Depressão pós-parto. completa, ficou dentro da mulher algum resto de parto.

- Diminuição da libido. Coágulos, acretismo placentário (10%).

PONTOS CHAVE Trombofilias – pode dar CIVD. Coagulopatias


congênitas ou adquiridas, uso de medicamentos
A assistência dirigida à puérpera nos primeiros dias, em
anticoagulantes (11%).
regime hospitalar, deve incluir suporte psicológico,
exame físico completo e atenção especial à - O mais prevalente de falhar, é o tônus, então é o

amamentação. primeiro a tratar (com ocitocina).

Exames laboratoriais não são realizados Ver sinais e sintomas: taquicardia, sudorese,

rotineiramente após partos não complicados. Sempre palpitações, vertigem, fraqueza, agitação, palidez,

que indicadas, imunizações e profilaxia da oliguria, colapso, dispneia e anuria.

sensibilização pelo antígeno D (sistema Rh) devem ser Conduta: massagem uterina, acesso venoso calibroso e
oferecidas à puérpera. repor volume, avisar a equipe o diagnóstico e cessar.

Antes da alta hospitalar, a mãe deve ser orientada - Por isso assim que o bebê nascer, administra 2
quanto às modificações esperadas no período pós- ampolas de ocitocina no vastolateral da coxa.
parto e aos cuidados que deverá ter consigo (mamas,
FATORES DE RISCO PARA ATONIA
períneo etc.) e com o recém-nascido.
Segundo período do parto prolongado; parto
No retorno ambulatorial após o parto, serão discutidos
instrumentado; sobredistensão uterina (macrossomia,
com a puérpera problemas relacionados a humor, uso
gestação múltipla, polidrâmnio), uso de medicações
de anticoncepcionais, retorno à atividade sexual e
(tocolíticos e anestésicos
dificuldades na amamentação, entre outros.
Maria Laura C. Tonhon

CONDUTA tranexâmico e reposição de cristaloides). Se o útero se


encontra bem contraído, deve-se proceder à revisão do
1. Massagem uterina: segurar o útero até que ele
canal de parto para reparo de lacerações, se presentes,
volte ao tamanho normal.
e à curetagem uterina.
2. Acesso venoso calibroso.
3. Avisar a equipe o diagnóstico. Mesmo sendo a histerectomia o último recurso, esta
4. Cessar e repor. não deve ser postergada, especialmente em pacientes
graves, com coagulopatia e que requeiram rápido
Fazer compressão uterina bimanual imediatamente
controle do sangramento uterino.
enquanto aguarda medicação. Ocitocina 5UI, EV, lento
+ 20UI (4 ampolas) diluídas em 500ml de SF 0,9% a A inversão uterina deve ser corrigida logo após o
250mlh. Metilergometria 1 ampola, 0,2mg, IM. diagnóstico com o uso de drogas uterolíticas seguido de
Misoprostol, 800ug, via retal. Ácido tranexâmico 1g, EV, tentativa manual de reposicionamento do útero. Se
lento, em 10min, logo após o sangramento e não houver êxito nessas medidas, a terapêutica
concomitante aos outros uterotônicos, dentro das cirúrgica deve ser empregada a seguir. Após o útero
primeiras 3h. Balão de tamponamento intrauterino se retornar à sua posição original, é recomendada a
falha do tratamento medicamentoso. utilização de drogas uterotônicas para prevenir a
reinversão e diminuir a perda sanguínea.
CONDUTA HEMORRAGIA NÃO RESPONSIVA A DROGAS
UTERTÔNICAS

Não é atonia, portanto, posicionar paciente em exame


ginecológico, realizar reparo de lacerações, curetagem
uterina, tamponamento uterino e laparotomia
(ligadura das artérias uterinas) e histerectomia.

PONTOS-CHAVE

A hemorragia pós-parto consiste na maior causa de


morte materna no mundo. As principais causas de
hemorragia pós-parto são: atonia uterina, retenção de
fragmentos placentários e lacerações do canal de
parto.

Sinais de alerta: alterações da pressão arterial e do


pulso materno, poderão ocorrer tardiamente, quando
grande quantidade de sangue já houver sido perdida.

Os procedimentos iniciais após o diagnóstico de


hemorragia pós-parto incluem massagem uterina
bimanual, drogas uterotônicas (ocitocina,
metilergometrina e, se necessário, misoprostol, ácido

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