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VAGINA E VULVA:
A vagina está alargada e lisa logo após o parto. Gradualmente, suas dimensões se reduzem, mas não
voltam ao estado pré-gravídico. A rugosidade vaginal reaparece na terceira semana, por redução do edema
e da vascularização. Nódulos de mucosa fibrosados formam as carúnculas himenais devido ao rompimento
do hímen no momento do parto. Por fim, a distensão fascial e possíveis lacerações causam afrouxamento da
musculatura pélvica, que pode não regredir ao estado original. Em decorrência disso, o parto predispõe à
incontinência urinária e fecal.
Dimensões se reduzem, mas não voltam ao estado pré-gravídico -> Atrofia do epitélio escamoso
vaginal -> Descamação e regeneração (Epitélio vaginal subatrófico nas que amamentam) OU (Epitélio
eutrófico em mulheres que não amamentam).
MUDANÇAS ANATÔMICAS E FISIOLÓGICAS: OUTROS SISTEMAS
PAREDE ABDOMINAL: No puerpério, a musculatura da parede abdominal está afrouxada. Várias semanas
depois, seu tônus normal é readquirido na maioria dos casos. Em algumas mulheres, no entanto, persiste a
diástese do musculo reto abdominal.
SISTEMA ENDÓCRINO: Ao fim da gravidez, os níveis de estrogênio e progesterona estão bastante elevados,
assim como os de prolactina (PRL). Após a saída da placenta, diminuem os níveis de esteróides placentários
e, a prolactina, apesar de cair um pouco, continua alta.
Mulheres lactantes tem a fertilidade inibida pela ação direta da sucção do mamilo sobre o hipotálamo
por via neuro-endócrina, que eleva a PRL e inibe o LH e FSH. O PRL, por sua vez, inibe a liberação pulsátil do
hormônio liberador de gonadotrofina (GnRH) pelo hipotálamo. Menstruação: Lactantes: 7-9 semanas Não-
lactantes: 45 dias
PERDA PONDERAL: perde quase a totalidade do peso adquirido durante a gestação. Cerca de metade do
peso ponderal adquirido é perdida durante as primeiras 6 semanas após o parto. O restante ocorre entre as
6 semanas e os 6 meses depois, sendo maior nos 3 primeiros meses.
FATORES QUE INTERFEREM NO RETORNO DO PESO: excessivo de peso durante a gestação, raça negra,
obesidade, e interrupção do consumo de cigarros. Outros fatores que podem influenciar no acúmulo de peso
após o parto são idade materna (adolescentes têm maior risco), paridade, etnia, estado civil, intervalo entre
gestações e tempo de retorno à atividade profissional.
ALTERAÇÕES ÓSSEAS: Há diminuição generalizada da densidade óssea em gestantes, voltando ao estado
pré-gravidez dentro de 12 a 18 meses após o parto. Não é recomendada qualquer intervenção.
ALTERAÇÕES HEMATOLÓGICAS: Ao longo do parto e durante o puerpério imediato, é comum haver
leucocitose, chegando a níveis de 30.000/ µl. A leucocitose é caracterizada pelo predomínio de granulócitos,
linfopenia relativa e eosinofilia absoluta. Em geral, esses parâmetros se normalizam 5 a 6 dias após o parto.
Quanto à série vermelha, os níveis de hematócrito e hemoglobina costumam flutuar
moderadamente nos primeiros dias pós-parto. Quedas acentuadas nos seus valores podem traduzir uma
perda sanguínea excessiva e, em aproximadamente 6 semanas após o parto, se encontra em níveis pré-
gravídicos. Há também queda inicial das plaquetas e fibrinogênio.
SISTEMA CARDIOVASCULAR: Diurese reverte a hipervolemia gravídica. A frequência e o débito cardíacos se
mantém elevados por 24h a 48h após o parto, voltando ao estado pré-gravídico aproximadamente no 10º
dia pós-parto.
SISTEMA URINÁRIO: No puerpério imediato, a mucosa vesical está edemaciada, devido ao parto e ao
trabalho de parto. Há também uma distensão vesical, o que predispõe à retenção urinária e esvaziamento
incompleto ao urinar, causando urina residual. O uso de analgésicos, anestesia epidural e bloqueios
espinhais contribuem para esse quadro. Até a sexta semana, na maioria das puérperas, o exame
ultrassonográfico evidencia dilatação do sistema pielocalicial. (TODOS ESSES SÃO FATORES DE RISCO PARA
INFECÇÃO DO TRATO URINÁRIO).
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A retenção urinária pode ser definida como ausência de micção por 6h após o parto ou após a
retirada da sonda vesical após cesariana. Está presente em 0,5% das gestantes no pós-parto imediato,
resolvendo-se na primeira semana na maioria dos casos e pode decorrer de lesão no nervo pudendo. Seus
fatores de risco incluem: primiparidade, parto instrumentado, primeiro e segundo períodos de parto
prolongados, cesárea e anestesia epidural.
PELE: Estrias: esbranquiçada e permanente; Cloasma: geralmente regride; Queda de cabelo comum entre 1
e 5 meses após o parto.
MANEJO DO PUERPÉRIO:
CUIDADOS HOSPITALARES: Na primeira hora após o parto, deve-se monitorar a puérpera cuidadosamente.
Isso servirá para diagnosticar possíveis casos de hemorragia – decorrentes ou não de hipotonia uterina.
Assim, a pressão arterial deve ser aferida e a frequência cardíaca monitorada a cada 15 minutos, e
deve-se assegurar que a hemorragia uterina esteja dentro da normalidade e o útero esteja firmemente
contraído.
O fundo uterino deve ser palpado e, se houver hipotonia, deve ser realizada massagem uterina
através da parede abdominal até que ele se contraia. Se necessário, pode ser administrada uterotoninas. O
útero puerperal é firme, móvel e indolor. Uma bexiga cheia pode ocasionar a “subida” do útero no exame
físico. Nas primeiras 12h, a altura do útero é de 12cm. Do 2º dia em diante, desce em média 1cm por dia.
A deambulação e o caminhar precoce reduzem a incidência de retenção urinária, constipação e
fenômenos tromboembólicos. Após o parto normal, a paciente poderá deambular assim que se sinta
preparada para tal. A primeira deambulação, no entanto, deve ser acompanhada por um profissional, pelo
risco de síncope.
Deve-se também orientar a mulher a realizar a higienização vulvar da anterior para posterior (sentido
vagina -> ânus) e o uso de gelo no primeiro dia pode reduzir o desconforto por eventual laceração ou
episiotomia.
Caso a paciente não urine nas primeiras 4h, não é provável que consiga espontaneamente. Realiza-
se, então, um exame físico para identificar hematomas no períneo ou trato genital. Se a bexiga estiver
distendida, devemos manter o cateter urinário até que as causas da distensão sejam resolvidas. Se a causa
não é detectável, é orientado manter o cateter nas primeiras 24h, para dar tempo para a recuperação vesical.
Quanto à temperatura, exceto nas primeiras 24h – quando pode haver alguma febre – o normal é
ausência de febre (<38). Existe um fenômeno chamado “febre do leite”, que ocasionalmente coincide com
o momento da apojadura, que é classificada como fisiológica por uns, embora alguns defendam que se trate
da ascensão de germes vaginais à cavidade uterina.
O cuidado com as mamas é outro ponto importante a ser abordado durante o cuidado hospitalar.
Recomenda-se uso de porta-seios apropriado, prevenindo congestão sanguínea e galactoestase.
Por fim, a paciente precisa passar por avaliação psicológica/psiquiátrica. O blues puerperal,
caracterizado por algum grau de humor deprimido nos primeiros dias após o parto, é muito comum entre
puérperas nos primeiros dias. Instruções, detecção e tranquilização constitui um tratamento eficaz para a
maioria delas, sendo a condição autolimitada e de curta duração (2 a 3 dias), podendo durar até 10 dias.
CUIDADOS DOMICILIARES:
Recomenda-se o acompanhamento da evolução do pós-parto, com consulta de 7 a 10 dias pós-natais
e 6 semanas puerperais, quando o pós-parto tardio se encerra. O risco relativo de doença tromboembólica
(DTV) no puerpério é aumentado. Entre a 1ª e 3ª semana em 14 vezes a 78 vezes, entre a 4ª e 6ª semana
de 5 a 7 vezes e, após 6 semanas, o risco é desconhecido.
ANTICONCEPÇÃO PÓS-PARTO:
Anticoncepcionais combinados aumentam o risco de doença tromboembólica e devem ser evitados
nesse período, além de interferirem na amamentação.
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✓ Por fim, a laparotomia é outra opção: pode-se injetar ocitocina ou metilergometrina diretamente no
miometrio para reverter a atonia uterina. A ligadura de artérias uterinas bilateralmente é o
procedimento inicial de escolha quando se decide pela laparotomia. Caso, após a ligadura das artérias
uterinas, o sangramento não seja controlado, os vasos uterovarianos (ramo ascendente da artéria
uterina e ramo da artéria ovariana) também devem ser ligados. A ligadura de todos estes vasos têm uma
taxa de sucesso de cerca de 90%.
✓ O insucesso no controle da hemorragia após abordagem de ligaduras arteriais indica a histerectomia.
✓ Em relação ao último “T” (trombo), as coagulopatias são raras como causas de hemorrágia pós-parto.
Coagulopatias hereditárias, como a doença de von Willebrand, púrpura trombocitopênica idiopática,
púrpura trombocitopênica trombótica e hemofilia, são possíveis causas. A coagulação intravascular
disseminada (CID) pode ser vista na síndrome HELLP, descolamento prematuro de placenta, embolia por
líquido amniótico, sepse e retenção prolongada de feto morto.
HPP SECUNDÁRIA: (>24H PÓS PARTO)
A terapia na HPP secundária inclui uso de uterotônicos e/ou antibioticoterapia. A curetagem uterina
no geral é um procedimento eficaz mesmo que não seja identificado tecido placentário retido.
PUÉRPERIO PATOLÓGICO: INFECÇÃO PUERPERAL:
Classifica-se como infecção puerperal qualquer infecção bacteriana que se origina no aparelho
genital, após parto recente, é a terceira maior causa de morte no Brasil.
Devido à dificuldade de caracterizar a infecção que ocorre após o parto, parece melhor conceituar a
morbidade febril puerperal: temperatura de, pelo menos, 38ºC, durante 2 dias quaisquer dos 10 primeiros
dias pós-parto, com exceção das primeiras 24h. A principal causa é a infecção puerperal. No entanto,
algumas causas menos relevantes podem ser citadas: ingurgitamento mamário, que acomete 15% das não-
lactantes, raramente ultrapassa 39ºC e tem duração <24h; pielonefrite, cujo quadro clínico é variável: febre,
hipersensibilidade no ângulo costovertebral, náuseas e vômitos; atelectasia, causada por hipoventilação e
cuja prevenção consiste em exercícios de tosse e respiração profunda; e trombose venosa de membros
inferiores, que pode cursar com febre baixa.
Quanto à infecção puerperal propriamente dita, a sua presença indica presença de endometrite,
miometrire ou endoparametrite. Existem alguns fatores de risco relacionados à elas: tipo de parto – o fator
mais importante, com aumento substancial do risco nas cesáreas; menor nível socioeconômico; colonização
bacteriana do trato genital inferior por bactérias como: Streptococcus grupo B, Chlamydia trachomatis,
Mycoplasma hominis; Ureaplasma urealyticum e Gardenerella vaginalis; cesariana para gestações
multifetais; pouca idade materna; nuliparidade; indução prolongada de trabalho de parto; amniorrexe
prolongada; rotura prematura de membranas ovulares (RPMO); exames cervicais repetidos, monitoração
fetal interna; obesidade; e líquido amniótico tinto de mecônio.
O uso de antibiótico profilático antes da cesárea tem constituído uma ótima medida de prevenção da
infecção puerperal. A maioria das infecções é causadas por microorganismos já presentes no trato genital
feminino, que frequentemente é colonizado por bactérias do ânus e períneo. As bactérias mais
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frequentemente isoladas são: Streptococcus agalactiae, Enterococcus spp., Escherichia coli, Bacteroides
bivius e Bacteroides visiens.
E como a infecção ocorre? Há uma transição, provavelmente na junção cervicouterina, que divide
duas regiões: uma colonizada – abaixo dela, incluindo o cérvix e a vagina; e outra não-colonizada, a cavidade
uterina mais especificamente. Durante o parto, as bactérias da cérvice e da vagina conseguem ter acesso ao
líquido amniótico e, posteriormente, aos tecidos uterinos desvitalizados. Na cesariana, a infecção uterina se
desenvolve das incisões cirúrgicas.
A contração uterina, involução puerperal, reação leucocitária e hemóstase trombótica são
mecanismos de defesa contra essa infecção. A infecção puerperal afeta principalmente o local de
implantação da placenta, a decídua e o miométrio adjacente, além das lacerações cervicovaginais. Há, em
seguida, celulite parametrial com infecção do tecido conjuntivo fibroareolar retroperitoneal pélvico.
QUADRO CLÍNICO: subdividido conforme a topografia acometida pela infecção.
✓ Períneo – vulvovaginite e cervicite: clinicamente se caracterizam por dor, rubor, edema e,
eventualmente, secreção purulenta. A febre é moderada (38,5ºC).
✓ Infecção da episiotomia: grande maioria não é grave e raramente é letal. Pode ser uma infecção
simples, limitada à pele e fáscia superficial adjacente, com edema e eritema e, posteriormente,
deiscência da zona suturada;
• Infecção de fáscia superficial: por ter continuidade com as fáscias da parede abdominal,
glútea e das pernas, o edema e vermelhidão costumam se estender a esses locais.
• Necrose da fáscia superficial: infecção muito grave, com manifestações cutâneas tardias.
Edema e eritema inicialmente e, posteriormente, a pele fica mais azulada ou acinzentada, de
aspecto gangrenoso, com vesículas e bolhas. Há sinais tóxicos de septicemia em todas as
pacientes e o choque pode estar presente;
• Mionecrose: atinge os músculos perineais, geralmente como consequência da infecção por
Clostridium perfringens, e a dor é desproporcional aos sinais físicos.
✓ Endometrite: infecção puerperal mais frequente. Habitualmente, quadro se instala no 4º ou 5º dia
do pós-parto. Clinicamente, há aumento da temperatura (38,5 a 39ºC); lóquios se tornam purulentos
e fétidos em infecções por anaeróbios. Ao exame pélvico, o útero está amolecido, doloroso,
aumentado, colo permeável à polpa digital, escoando secreção purulenta quando manipulado.
✓ Parametrite: é a infecção do tecido conjuntivo fibroareolar, parametrial, decorrente às vezes de
infecção vaginal ou da laceração que se dissemina por via linfática. O local de eleição é o sítio
parametrial laterocervical, podendo haver invasão anterior ou posterior (paracistite ou pararretite).
Temperatura elevada persistente por mais de 10 dias sugere parametrite, aumentando
progressivamente e com remissões matutinas. Ao toque vaginal, há dor intensa, com endurecimento
do paramétrio. Sem tratamento, progride para supuração e flutuação, causando abcesso.
✓ Anexite (salpingite ou ovarite): é representada pela infecção ou inflamação das trompas ou ovários,
sendo a primeira mais comum. Clinicamente, há dor abgominal aguda – predominando em fossas
ilíacas, febre alta (39 a 39,5ºC) e discreta defesa abdominal. Ao toque genital, há grande sensibilidade
dos anexos. Na evolução mais tardia da doença, a palpação de tumoração anexial é notada – quando
a salpingite forma tumor inflamatório anexial.
✓ COMPLICAÇÕES DA INFECÇÃO PUERPERAL:
• Peritonite; tromboflebite pélvica séptica; O trombo pode levar a outras complicações,
como embolia pulmonar (10%). Seu diagnóstico é feito por tomografia computadorizada
(TC) com ou sem contraste.
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