Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Ginecologia
Endócrina
Edição 2015
FEBRASGO - Manual de Ginecologia Endócrina
DIRETORIA
Presidente:
Etelvino de Souza Trindade
3
FEBRASGO - Manual de Ginecologia Endócrina
ISBN 978-85-64319-37-0
NLM WP505
4
FEBRASGO - Manual de Ginecologia Endócrina
Presidente: Membros:
Edmund Chada Baracat (SP) Alexandre Guilherme Zabeu Rossi (SP)
Anaglória Pontes (SP)
Vice Presidente: Cristina Laguna Benetti Pinto (SP)
Sebastião Freitas de Medeiros (MT)
Gustavo Arantes Rosa Maciel (SP)
Secretário: José Arnaldo de Souza Ferreira (SP)
José Maria Soares Junior (SP) José Gomes Batista (PB)
Jules White Souza (ES)
Iuri Donati Telles de Souza (SE)
Marcos Felipe Silva de Sá (SP)
Mario Gaspare Giordano (RJ)
Mario Vicente Giordano (RJ)
Mauri José Piazza (PR)
Ricardo Mello Marinho (MG)
Técia Maria de Oliveira Maranhão (RN)
5
FEBRASGO - Manual de Ginecologia Endócrina
Presidência
Diretoria Administrativa
6
FEBRASGO - Manual de Ginecologia Endócrina
Índice
7
FEBRASGO - Manual de Ginecologia Endócrina
CAPITULO 1
Fisiologia do ciclo menstrual.
1. Eixo hipotálamo-hipófise-ovariano
INTRODUÇÃO
O eixo hipotálamo-hipófise-ovariano (HHO), funcionalmente, envolve neurônios
do hipotálamo médio basal, gonadotropos hipofisários e células teca-granulosas
da unidade folicular ovariana. As gonadotrofinas sofrem variações qualitativas e
quantitativas específicas em resposta às ações exercidas pelo hipotálamo, pela hipófise,
pelos esteroides ovarianos e moduladores locais parácrinos, autócrinos e intrácrinos.
Numa visão unicista, as modificações endócrinas deste eixo podem resultar diretamente
em alterações clínicas: insuficiência folicular, insuficiência lútea, anovulação, alterações
menstruais, infertilidade e hiperandrogenismo.
HIPOTÁLAMO
O hipotálamo é parte do diencéfalo, assoalho e parte das paredes laterais do
terceiro ventrículo. Limita-se anteriormente pelo quiasma óptico e lâmina terminalis,
atrás pelos corpos mamilares, internamente pelo terceiro ventrículo, em cima pelo sulco
hipotalâmico e externamente pelo subtálamo (Figura 1). Estruturalmente, é organizado
nas regiões anteriores, tuberal e posterior, sendo cada uma delas compostas das áreas
medial e lateral (Tabela 1). A área hipotalâmica lateral assegura a comunicação com o
restante do cérebro. As áreas medial e anterior tem comunicações com o hipotálamo e a
hipófise, via diferentes núcleos neuronais.
TABELA 1 - Núcleos hipotalâmicos
Região anterior Área medial: 1. núcleo préótico medial
2. núcleo supraótico
3. núcleo paraventricular
4. núcleo hipotalâmico anterior
5. núcleo supra quiasmático
Área lateral: 6. núcleo préótico lateral
7. núcleo lateral
8. núcleo supraótico (parte)
Região tuberal Área medial: 1. núcleo hipotalâmico dorsomedial (DM)
2. núcleo ventromedial (VM)
3. núcleo arqueado
Área lateral: 4. núcleo lateral
5. núcleo tuberal lateral
Região posterior Área medial: 1. núcleo mamilar (parte dos corpos mamilares, MB).
2. núcleo posterior (PN)
8
FEBRASGO - Manual de Ginecologia Endócrina
9
FEBRASGO - Manual de Ginecologia Endócrina
HIPÓFISE
A hipófise ou glândula pituitária está localizada na fossa hipofisária
do osso esfenóide, a sela túrcica. Comunica-se com o hipotálamo pela haste
hipofisária. Estruturalmente, é formada pela hipófise anterior ou adeno-hipófise, de
10
FEBRASGO - Manual de Ginecologia Endócrina
11
FEBRASGO - Manual de Ginecologia Endócrina
OVÁRIOS / OOGÊNESE
Os folículos ovarianos são formados a partir da interação entre as células
germinativas que alcançam a crista gonadal e as células somáticas da crista. Pouco
antes da 20ª semana de gestação encerra-se a formação de novos folículos, tendo
início consumo gradual da população previamente formada. A velocidade de consumo
folicular, modulada por mecanismos endócrinos, parácrinos e intrácrinos, não é a
mesma nos diferentes períodos da vida. A mulher nasce com um número determinado
de folículos nos dois ovários, diminuindo gradualmente este número por atresia e/ou
recrutamento para ovulação. Dos cerca de 6-7 milhões de folículos existentes em cada
ovário na 20ª semana de vida intra-uterina, o feto feminino nasce com 1 a 2 milhões;
este período de vida intrauterino é marcado por uma perda rápida, na ordem de 50.000
folículos diariamente entre a 20ª semana e o nascimento. Do nascimento à puberdade,
a velocidade de consumo folicular é atenuada a 300-500 folículos/dia, permitindo que
a mulher inicie sua vida reprodutiva com uma população de 300.000-500.000 folículos.
Nos anos reprodutivos, a mulher consome cerca de 1.000 folículos a cada ciclo ou 30
folículos diariamente15. De modo que numa mulher de 50 anos, com ciclos menstruais
ainda regulares, cada ovário contém entre 2.500-4.000 folículos residuais já insensíveis às
gonadotrofinas16. A função ovariana basal é contínua e os ovários têm sua própria atividade
e regulação local. Nos anos reprodutivos, a resposta ovariana aos pulsos de LH e FSH ocorre
de maneira variável em ciclos de aproximadamente 28 dias. Essa ciclicidade sobrepõe-se à
atividade basal gonadotrofina-independente. Logo, hipotálamo e hipófise, via modificações
12
FEBRASGO - Manual de Ginecologia Endócrina
nos níveis de LH e FSH, controlam e modulam apenas a etapa final do crescimento folicular.
À medida que diminui a reserva folicular, os níveis basais de FSH se elevam. Os níveis
basais de LH, relevantes na fase folicular tardia, permanecem mais estáveis e elevam-se
tardiamente na vida reprodutiva, já no período pré-menopausa16. Após sua secreção o alvo
para FSH é exclusivamente a célula da granulosa; já o LH, além das células da granulosa,
têm múltiplos sítios-alvo, incluindo células da teça, estroma ovariano, células da granulosa
do folículo periovulatório e vários tipos de células luteínicas .
LEITURA SUPLEMENTAR
1. Speroff L, Glass RH, Kase NG. Neuroendocrinologia. In: Endocrinologia Ginecológica Clínica e
Infertilidade. São Paulo. Ed Manole. p.59-102, 1991
2. Knobil E, Neill D. The menstrual cycle and its neuroendocrine control. In: The physiology of
reproduction. Hotchkiss, J, Knobil, E. New York, Raven Press. p. 711-49, 1994.
3. Dungan HM, Clefton DK, Steiner RA. Microreview: kisspeptin neurons as central processors in
the regulation of gonadotropin-releasing hormone secretion. Endocrinology. 147(3):1154-8,
2006.
5. Mais V, Kazer RR, Cetel NS, Rivier J, Vale W, Yen SSC. The dependency of folliculogenesis and
corpus luteum function on pulsatile gonadotropin secretion in cycling women using a
gonadotropin-releasing hormone antagonist as a prove. J Clin Endocrinol Metabol. 62(6)1250-
63, 1986.
6. Fritz MA, Speroff L. The endocrinology of the menstrual cycle: The interaction of folliculogenesis
and neuroendocrine mechanisms. Fertil Steril. 38(5): 509-35, 1982.
7. Stoffel-Wagner B. Neurosteroid biosynthesis in the human brain and its clinical implication. Ann
N Y Acad Sci . 1007(1): 64-78, 2003.
8. Willin H D. The anterior pituitary. In Textbook of endocrinology. Wilson JD, Foster D W, Philadelphia.
Ed Saunders. 568-75. 1991.
9. Blumenfeld Z, Ritter M. Inhibin, activin, and follistatin in human fetal pituitary and gonadal
physiology. Ann N Y Acad Sci. 943:34-48, 2001.
11. Mahesh VB, Brann DW. Neuroendocrine mechanism underlying the control of gonadotropin
secretion by steroids. Steroids. 63(5-6):252-6, 1998.
12. Adams TE, Norman RL, Spies HG. Gonadotropin-releasing hormone receptor binding and
13
FEBRASGO - Manual de Ginecologia Endócrina
13. Martini L. Androgen metabolism in the brain and in the anterior pituitary: relevance for the
control of sex differentiation, sex behavior and gonadotropin secretion. Mat Med Pol. 12(1-2):
80-4, 1980.
14. Bilezikijian LM, Blount AL, Leal AM, Donaldson CJ, Fischer WH, Vale WW.Autocrine paracrine
regulation of pituitary function by activin, inhibin, and follistatin. Mol Cell Endocrinol. 225(1-
2):29-36, 2004.
15. De Medeiros SF, Yamamoto MM. Mecanismos do consumo folicular ovariano. Reprod Clim.
13(1):18-27, 1998.
16. De Medeiros SF, Yamamoto MM. Modificações dos níveis de gonadotrofinas durante a vida
reprodutiva. Rev Bras Gynecol Obstet. 29(1):48-55, 2007.
14