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Puerpério
Definição
O puerpério é definido como o período
que começa após a dequitadura e vai
até 42 dias completos (6 semanas).
Divisao do puerperio normal
• Puerpério precoce ou imediato que dura até
24 horas depois do parto
• Puerpério verdadeiro ou mediato que vai
desde o 2º ao 10º dia(10-12 dias).
• Puerpério tardio que vai desde o 10º até ao
42º dia. Dura até 4-6 semanas, às vezes até 12
semanas.
Classificação e duração
• Puerpério precoce
• A puérpera encontra-se cansada, com
bradicardia, transpiração difusa, pulso cheio e que
volta ao normal em 2-3 dias. Pode aparecer um
calafrio fisiológico, que diferindo daquele
patológico, não se acompanha da curva de
ascensão da temperatura. Nas primeiros 24-48
horas ocorre um aumento importante da diurese,
depois, retorna aos parâmetros normais (30-50ml
de urina/h).
Puerpério verdadeiro ou mediato
• Nesta fase o útero involui gradualmente e volta a ser órgão pélvico. Nos
primeiros 3-5 dias, instala-se a secreção de leite, pode manifestar-se febre de
37,8-38 graus. A diurese é já dentro dos níveis de normalidade, que pode
depois evoluir para um episódio de poliúria.
• A redução de peso é mais evidente nos primeiros 10 dias. A transpiração é
mais importante nos primeiros 14 dias para as mulheres que amamentam. O
trânsito intestinal volta a funcionar cerca de 48-160 horas depois,
dependendo do tipo de parto, do estado dos tecidos moles do períneo. Existe
a possibilidade de manifestarem-se cólicas uterinas, especialmente nas
multíparas, que serão descritas como dores lombo-abdominais com carácter
de espasmos ou aperto. As cólicas são intensificadas pela amamentação
(devido a acção da oxitocina libertada quando a criança mama).
Puerpério tardio
Modificações macroscópicas:
• A altura diminui aproximadamente 1-1,5 cm/dia.
• A espessura das paredes (4-5 mm após o parto) volta ao normal em 5-6
semanas
• A amplitude e a rapidez dos processos involutivos do útero são bem
evidenciadas pela diminuição do seu peso:
• Após o parto o útero pesa 1000 g
• Após 7 dias o peso diminui até 500 g
• Ao fim do puerpério pesa 300 g
Modificações histológicas:
Definição:
Presença de temperatura axilar maior ou igual a 38ºC, ocorrendo depois de
24 horas após o parto.
Etiologia
Causas infecciosas:
Sépsis puerperal
Infecções do útero e anexos (endometrite, anexites)
Pelviperitonite
Infecções de episiotomia ou da ferida pós operatória (no parto por cesárea)
Infecções urinárias
Malária
Mastite ou abcesso mamário
Causas não infecciosas
Ingurgitamento das mamas
Trauma dos tecidos
Doença trombo-embólica (trombose das veias profundas,
trombofeblite superficial)
Diagnóstico
Clínico:
Com sinais e sintomas para cada caso específico;
Laboratorial:
hemograma, urina II, HTZ exame bacteriológico ou
cultura do corrimento vaginal, e Ecografia (suspeita de
restos placentários, pelviperitonite ou abcessos
pélvicos).
Sépsis puerperal
Definição:
Infecção do trato genital, que ocorre a qualquer
altura no período de 42 dias após o parto.
Etiologia
Estreptococos β hemolítico do grupo A (S.pyogenes);
Bacteróides e Gram negativos;
Neisseria gonorreia;
Chlamydia trachomatis.
Factores predisponentes
Febre puerperal
Dor pélvica, útero e abdómen sensíveis
Lóquios fétidos que podem até ter aspecto
purulento
Conduta
Medidas gerais
Educação sobre higiene corporal à mulher
Isolamento da puérpera para a prevenção da disseminação da infecção
às outras mulheres e ao recém-nascido;
Ao prestar cuidados à paciente, cumprir rigorosamente com as regras
de biossegurança e não usar o mesmo EPI usado ao tratar outras
mulheres;
Prescrever repouso;
Dieta zero no início especialmente nos casos com perspectiva de
procedimentos invasivos. A dieta será introduzida de acordo com a
motilidade do trato gastrointestinal;
Hidratação venosa (Solução fisiológica ou Ringer Lactato 1000ml 8/8h)
Analgésicos e anti-piréticos.
Antibioterapia
Tratamento endovenoso nos primeiros dias até a febre
regredir (pelo menos 48h sem hipertermia):
1ª linha – Ampicilina 1g de 6/6h EV + Metronidazol 500 mg
8/8h EV + Gentamicina 80mg 8/8h EV/IM
Na ausência de Ampicilina, substituir por Penicilina
Cristalina 5M na 1ª dose, depois 2M de 6/6h EV
Quando a paciente melhorar poderá fazer antibióticos orais
durante 7 dias: amoxicilina oral 1 grama de 8/8 horas +
metronidazol 500mg de 8/8 horas.
Tratamento cirurgico em caso de abcesso tubo-ovárico ou
peritonite, ou se a febre não passar em 48h, ou se piorar.
Mastite
Clínica
Dor, vermelhidão, calor e edema;
Adenopatia axilar;
Febre.
Tratamento
Fisiopatologia
A gravidez predispõe a formação de trombos, que provocam a oclusão
parcial ou total de uma veia, com reacção inflamatória primária ou
secundária de sua parede, ocasionando um tromboembolismo, que é mais
comum nos membros inferiores.
As tromboses ao nível das coxas, das pernas e da pelve têm alto risco de
induzir a embolia pulmonar.
Factores predisponentes
Varizes (gravidez)
Imobilização prolongada no leito (gravidez)
Obesidade
Uso de contraceptivos orais
Quadro clínico
A trombose venosa superficial está limitada ao sistema de veias safenas.
Ocasiona dor/desconforto à compressão da musculatura da ”barriga da perna”
(região solear);
Circulação venosa colateral no tornozelo e perna;
Dificuldade para caminhar.
A trombose venosa profunda da perna
Início agudo de dor e edema da perna e da coxa.
Espasmo arterial, reflexo que determina palidez e extremidades geladas.
Sinal de Homans (dor exacerbada ao estender o tendão do Aquiles).
Trombose venosa pélvica
Quando não se complica com inflamações ou com embolias, a trombose
pélvica é totalmente assintomática.
Em caso de infecção uterina, a doença torna-se num processo séptico, e
evolui com sintomas.
Distúrbios da Amamentação
Ingurgitamento mamário
Aparece nas primeiras 24-48 horas pós-parto quando
começa a secreção láctea.
A causa provável é o aumento do fluxo sanguíneo e
linfático.
Os seios aumentam de volume, tornando-se duros,
nodulosos, dolorosos.
Geralmente é acompanhada de um surto de febre (4-
16 horas) em volta de 38-39 graus Celsius.
A prevenção e o tratamento consistem em curativo
compressivo dos seios (soutien, faixas no seio), gelo
e analgésicos (paracetamol ou codeína), às vezes é
indicado também tirar o leite artificialmente
Fissuras do mamilo
Causas
Deficiente higiene, quando não se limpam o leite e a saliva dos
mamilos após a amamentação;
Lavagem excessiva com sabão, que remove o óleo (sebo) da pele
e diminui a resistência;
Cremes, que muitas vezes amaciam os mamilos;
Amamentação prolongada, principalmente nos primeiros dias,
quando há pouco leite e o RN succiona com intensa força.
Clínica
Complicações
Abandono da amamentação devido à dor
Infecção e mastite.
Prevenção
Factores de risco
Parto vaginal (traumatismo obstétrico, uso de fórceps, trabalho de
parto arrastado) com lesão das estruturas neuromusculares do
assoalho pélvico levando a perda da força dos músculos pélvicos e da
função dos nervos da pelve
Multiparidade
Idiopática
Infecção urinária
Quadro clínico
Perda involuntária da urina
Urgência urinária
Polaciúria
Incontinência urinária durante o sono
Exames de rotina
Urina II (exclusão de infecção urinária)
Conduta
Se leve ou moderada
Medidas dietéticas (evitar álcool, chá, café)
Exercícios de Kegel – que consiste em contracções voluntárias focadas e repetitivas dos
músculos levantadores do ânus, pedindo a paciente que contraia ou aperte o musculo
como se quisesse evitar a liberação de flatos.
Se grave
Algália permanente
Referir para unidade sanitária de referência
Fístulas vaginais obstétricas
Definição: Fístula é uma comunicação anómala entre duas superfícies epiteliais. As fístulas
vaginais comunicam as superfícies epiteliais vaginais e a vesical (vesico-vaginais) e ou vaginal e
a rectal (recto-vaginais).
Causas
Trabalho de parto arrastado;
Traumatismo obstétrico (lacerações perineais);
Acidentes de cesariana;
Rotura uterina.
Quadro clínico
Incontinência urinária (vesico-vaginal) ou fecal (recto-vaginal) total ou parcial conforme o
tamanho da fístula.
Conduta
Algália permanente (na fístula vesico-vaginal)
Referir para correcção cirúrgica da fístula