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Obstetrícia – Prova 2
Resumo: Puerpério; Hemorragias Anteparto; Hemorragias Pós-Parto; Infecções Pré-
Natais; Doenças Cardiovasculares na Gestação; Doença Hipertensiva na Gestação;
Doença Hemolítica Perinatal; Eventos Tromboembólicos na Gestação;
Trombofilias na Gestação; Avaliação da Vitalidade Fetal; Diabetes na Gestação;
Gestação Ectópica; Doença Trofoblástica Gestacional.
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Puerpério patológico:
Infecção puerperal: Infecção originada após o parto, sendo a terceira maior causa
de mortalidade materna no Brasil, estando atrás somente de hemorragia pós-parto e
doenças hipertensivas da gestação. Os números reduziram com os ATBs e meios Dx.
Endometrite puerperal: Infecção do trato genital superior, afetando
endométrio, miométrio e tecidos parametriais. É a forma mais prevalente da infecção
puerperal, estando mais frequente em cesarianas.
Etiologia: Em geral é polimicrobiana, com bactérias ascendentes do
trato genital inferior, podendo ser bactérias aeróbias ou anaeróbias, além daquelas
associadas à ISTs. Chlamydia trachomatis está associada à endometrite de início tardio,
em geral após o sétimo dia de puerpério. Alguns agentes são estreptococos dos grupos A
e B, enterococos, Staphylococcus aureus, peptococos, peptoestreptococos, E. coli,
Klebsiella pneumoniae, espécies de Proteus, espécies de bacteroides e prevotella e ainda
Gardnerella vaginalis.
Fatores de risco:
Cesariana: O principal FR, especialmente se após início do TP,
com cesárea intraparto, ou seja, em procedimentos de urgência.
RPMO: Acima de 18h de bolsa rota.
Tempo operatório prolongado: Ou TP prolongado.
Múltiplos exames cervicais: Excesso de toques vaginais.
Corioamnionite: Ou mecônio no líquido amniótico.
Remoção manual da placenta: O ideal é a tração do cordão.
Parto vaginal instrumentado: Com fórceps ou vácuo.
Baixo nível socioeconômico: Menor acesso à serviços.
Vaginose bacteriana: Com Gardnerella principalmente.
Apresentação clínica:
Febre: O principal sinal clínico, e sua intensidade costuma estar
associada com a gravidade da doença.
Hipersensibilidade uterina: Útero subinvoluido e hipotônica.
Dor abdominal: Em região de hipogástrio.
Alterações maternas: Taquicardia, calafrio e inapetência.
Lóquios: São fétidos e purulentos.
Diagnóstico: Com pelo menos dois ou mais critérios, incluindo febre
maior ou igual a 38°C, dor pélvica ou hipersensibilidade uterina, saída de secreção
purulenta do útero e sub-involução uterina ou colo uterino aberto.
Tratamento: Antibioticoterapia endovenosa em ambiente hospitalar.
Pode ser utilizada clindamicina 900mg 8/8h com gentamicina 240mg em dose única diária.
Na suspeita de infecção por enterococos, falta de resposta clínica em 48h ou paciente com
sepse deve ter adicionado ao esquema ampicilina.
Melhora clínica: Após o tratamento há uma evolução em 48h-72h, com
melhora clínica e/ou laboratorial ou 48h afebris. Casos com febre persistente após esse
período podem significar resistência bacteriana e caso permaneça o quadro febril mesmo
após a troca do esquema antimicrobiano, devem-se investigar condições de infecção
pélvica refratária, como abscesso pélvico, retenção de restos placentários e tromboflebite
pélvica séptica.
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Tratamento:
Manejo: Necessita repouso no leito, analgesia com paracetamol e
AINE, além de cafeína 300mg 2x ao dia, causando vasoconstrição cerebral e aumento da
produção liquórica.
Blood patch: Tratamento definitivo, com taxas de sucesso entre 35 e
75%. Está indicado em casos de cefaleia incapacitante ou refratária às medidas
conservadoras. O procedimento consiste na inserção de sangue autólogo no espaço
epidural, como forma de tamponamento do orifício gerado na dura-máter. O alívio da dor
costuma ser imediato e permanente.
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Diagnóstico: Realizado eventualmente pelo toque digital dos vasos junto à bolsa
amniótica e pela visualização à amnioscopia. O uso do Doppler colorido transvaginal
aumentou o reconhecimento dessa condição durante o período pré-natal.
Conduta: Cesariana.
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1: Plaquetopenia ou hipofibrinogenemia.
2: Placentação anômala (prévia ou acretismo).
3: Sobredistensão uterina.
4: Multiparidade.
5: Uso de tocolíticos (terbutalina).
6: Trabalho de parto prolongado.
7: Episiotomia (maior laceração).
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Prevenção da hemorragia propriamente dita: A maior prevenção, com manejo ativo após
o terceiro período de parto.
Ocitocina: Utilizada na indução do parto, no tratamento da hemorragia e também na
prevenção da mesma. Ocitocina é feito para todas as mulheres, independente da via de
parto, logo após ao nascimento (ainda antes da saída da placenta). Normalmente é
responsabilidade do anestesista a administração de ocitocina, realizando a regra dos 3 e
administrando em bolus IV. São injetados 10UI de ocitocina IM após o nascimento em
partos vaginais e cesarianas.
Clampeamento do cordão: Após 1 a 3 minutos da saída do bebê, na ausência de
qualquer contraindicação.
Tração controlada do cordão: Junto da manobra de Brandt-Andrews, tracionando
o cordão com uma mão e aplicando pressão supra-púbica gentil com a mão livre. É um
manejo ativo, que não aguarda saída sozinha da placenta.
Massagem uterina bimanual: O sangramento após a dequitação placentária pode
ser intenso, devendo realizar vigilância da manutenção da contratilidade uterina no pós-
parto imediato, onde a massagem estimula contrações.
Manejo da hemorragia pós-parto:
Objetivo: Garantir o controle do sangramento e a recuperação do choque em até 60
minutos (a chamada “hora de ouro”), em que a sobrevida é inversamente proporcional ao
tempo de recuperação do choque. Protocolos de ação deem ser seguidos a fim de ter um
manejo rápido, coordenando equipe, comunicando o banco de sangue e laboratório, tendo
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minutos (até 2 doses adicionais, no total 9 UI = regra do três). Devem-se evitar doses
maiores que 10 a 15 UI na primeira hora.
Tratamento da atonia: Manter infusão de 500 ml de solução
cristaloide com 20 UI (4 ampolas) de ocitocina a 5 UI/h (125 ml/h), podendo alcançar até 10
UI/h (250 ml/h), enquanto outros uterotônicos são administrados.
Ácido tranexâmico (Transamin): Anti-fibrinolítico utilizado junto com a
ocitocina, reduzindo a mortalidade no sangramento, sendo maior a redução quando nas
primeiras 3h após o nascimento. Deve ser iniciado imediatamente no diagnóstico de HPP,
não recomendando o uso após 1h do inicio do sangramento, independente de etiologia.
Dose: 1g IV, em 4 ampolas de 250mg/ml, diluído ou não, infundido em
10 minutos. A dose pode ser repetida apenas uma vez, entre 30 minutos e 24 horas.
Metilergometrina: Uterotônico de 2ª linha para tratamento de HPP. Derivado
semissintético do Ergot que produz contração sustentada do útero e vasoconstrição
periférica discreta.
Dose: 0,2mg IM, repetida em 20 minutos, com dose máxima de 1mg
em 24h (5 ampolas, de no mínimo 20 em 20 minutos).
Contraindicação: Hipertensas ou com pré-eclâmpsia.
Misoprostol: Uterotônico de 2ª linha. Análogo de PGE1, sendo a última
escolha, após insucesso das demais opções ou indisponibilidade.
Dose: 800mcg (4 comprimidos de 200mcg), VO ou retal (preferível),
mas nunca via vaginal.
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Conclusão: O tratamento da paciente com HPP não se encerra com a estabilização dos
sinais vitais e o controle do sangramento. Nas mulheres que foram transfundidas, a
tromboprofilaxia deve ser instituída pelo risco aumentado de tromboembolia. Inicialmente
de forma mecânica (compressão pneumática, meias compressivas) e 12 a 24 horas após
o controle do sangramento, deve-se adicionar profilaxia farmacológica (geralmente
ENOXIHEPARINA), desde que as provas de coagulação estejam próximas ou dentro dos
limites normais. A ocorrência e o manejo da HPP devem ser documentados
cuidadosamente no prontuário e inserir a HPP na nota de alta da paciente, pela
possibilidade de recorrência em gestação futura, são formas de aumentar a segurança da
paciente e a qualidade da assistência
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Laboratorial:
Pesquisa direta do treponema: Em microscopia de campo escuro,
imunofluorescência direta e coloração de Giemsa.
Exames sorológicos: O diagnóstico deve ser feito com um teste
treponêmico mais um teste não treponêmico.
VDRL: Para triagem é utilizado o VDRL, que é um teste não
treponêmico ou não específico, que possui alta sensibilidade e possibilita o diagnóstico de
praticamente todos os casos. O VDRL é o exame de escolha para o rastreamento e
acompanhamento do tratamento e das recidivas ou reinfecções da sífilis, estando positivo
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Seguimento: Controle mensal com VDRL até o fim da gestação, com títulos
devendo cair progressivamente e permanecendo negativos ou inferiores a 1/8. Ao término
da gestação e em não gestantes, recomenda-se a repetição do VDRL quantitativo de 3 em
3 meses, durante o primeiro ano e, se ainda houver reatividade em titulações decrescentes,
deve se manter o acompanhamento de 6 em 6 meses até estabilizar.
Reinfecção: Suspeita quando ocorrer elevação de duas diluições no título,
necessitando novo tratamento completo e revisando se o parceiro realizou tratamento.
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Rubéola:
Introdução: Infecção viral exantematosa que não traz qualquer tipo de complicação
quando acomete não grávidas. Entretanto, se ocorrer durante a gestação, pode causar
anomalias congênitas.
Epidemiologia: De prevalência desconhecida, onde cerca de 25 a 50% dos casos
de infecção são subclínicos, tendo sintomas discretos. Houve redução nos casos de rubéola
devido aos programas de vacinação.
Quadro clínico:
Transmissão: Inalação de partículas contaminadas com o vírus.
Período de incubação: 10 a 14 dias.
Período infectante: 4 a 6 dias após o contágio e até 10 dias após o
desaparecimento completo do exantema.
Viremia: Infecção placentária e fetal, com lise celular e cronicidade.
Quadro clínico típico: Rash maculopapular, que se inicia em tórax e face e
se disseminando para as extremidades, durando cerca de 3 dias e desaparecendo no
sentido inverso, das extremidades para face e tórax. Também há linfadenopatia pós-
auricular (antecede o rash), febrícula, artralgia (20%) e raramente complicações.
Complicações: Principalmente em imunocomprometidos, com artrite crônica,
trombocitopenia, encefalite, miocardite, pericardite, hepatite, anemia hemolítica e síndrome
hemolítico-urêmica.
Infecção fetal: Maior risco de acometimento e reflexo mais grave quanto menor for
a IG, onde após as 20 semanas de idade IG o risco de síndrome da rubéola congênita se
torna muito baixo, e quando ocorre no 3º trimestre a única sequela pode ser um crescimento
intrauterino restrito.
Sd. da Rubéola Congênita: Se caracteriza por crescimento intrauterino
restrito e infecção viral crônica, podendo acometer diversos sistemas orgânicos
(microftalmia, cardiopatia, alterações auditivas e retardo mental). A Síndrome da Rubéola
Congênita pode ainda ser ampliada, havendo miocardite, hepatite, púrpura, alterações
ósseas e óbito. Muitas vezes, os danos causados pela infecção (oculares, auditivos ou no
SNC) aprecem tardiamente no desenvolvimento da criança.
Diagnóstico: O método ideal para o diagnóstico de rubéola é a pesquisa de
anticorpos específicos, já que o diagnóstico clínico frequentemente é confundido com
outras doenças virais. A presença de IgM específica para rubéola sela o diagnóstico na fase
aguda. Quando acompanhado de IgG positivo somente indica cicatriz de imunização pela
vacina, mas caso em aumento quádruplo indica atualidade de doença.
Pesquisa fetal: Biópsia de vilo coriônico (PCR), amniocentese (PCR entre
12ª e 14ª semana) ou cordocentese (IgM fetal e PCR a partir da 16º).
Prevenção: Vacinação com vírus vivo atenuado é a melhor forma de prevenir a
rubéola e está indicada para crianças e para mulheres que não estejam grávidas. A
gestação deve ser evitada nos 30 dias posteriores à vacinação.
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Herpes:
Introdução: Infecção é causada por 2 tipos de vírus e suas múltiplas cepas, com o
HSV-1 e o HSV-2, tendo o tipo 2 sendo mais específico em região genital. Caracteriza-se
por permanecer latente após a primo-infecção, se reativando periodicamente, sendo taxas
de 50% para o HSV1 e 90% para o HSV2, sendo que se torna mais frequente na gestação.
Quadro clínico:
Transmissão: Ocorre no contato com lesões abertas e pode ser oral-oral,
oral-genital, genital-genital.
Período de incubação: 3 a 9 dias.
Fase prodrômica: Típica, onde a primeira infecção geralmente é a pior,
manifestada com queimação, prurido e parestesia. Vesículas surgem, ulcerando e
coalescendo. A fase prodrômica dura entre 7 e 10 dias. A infecção primária durante a
gestação está associada a maior incidência de recorrências no TGU até o nascimento.
Gravidade: Até 70% assintomático, mas em 70% dos sintomáticos possuem
um envolvimento sistêmico na primo-infecção. Sintomas mais intensos acompanham
prostração, cefaleia e mialgia.
Hepatite herpética: Rara, porém grave, com alta taxa de mortalidade
quando não tratada (50%). Tem Dx diferencial de Sd HELLP e esteatose hepática aguda.
Transmissão ao bebê: Intraútero ascendente (Rupreme), passagem pelo
canal de parto infectado ou contato com lesões ativas/secreções infectadas após o parto.
Por isso, PN é contraindicado na presença de lesões ativas.
Repercussão fetal: A infecção congênita prévia à ruptura prematura de
membranas (Rupreme) é incomum, sendo exclusivamente em consequência da primo-
infecção herpética. Quando a infecção fetal ocorre no início da gestação, é geralmente fetal,
resultando em aborto. Quando é mais tardia, está associada a mortalidade fetal aumentada,
trabalho de parto pré-termo, CIUR e malformações. Mais comumente encontradas são as
infecções adquiridas no período perinatal. A doença geralmente se apresenta
DISSEMINADA, com predominância de alterações neurológicas, em que 70% morrem em
6 a 10 dias se não tratados, e o restante sobrevive com sequelas.
Diagnóstico: Anamnese, exame físico e exame laboratorial (cultura viral, PCR, IgM,
IgG e dosagem de anticorpos.)
Tratamento: Tem como objetivo evitar primo-infecção, recorrência de lesões e
prevenir a transmissão perinatal do vírus ao bebê. A maioria dos casos não necessita de
intervenção, mas casos graves dependem do uso de aciclovir, sendo seguro na gestação.
Essas situações cursam com febre alta, dor intensa, retenção urinária, TPP ou suspeita de
Rupreme e alteração da função renal, e devem ter manejo hospitalar.
Dose: 200mg VO 5x/dia, por 7 a 10d ou 400mg VO 3x/dia por 7 a 14d.
Via de parto: Nas pacientes com histórico de herpes, mas sem lesões, deve-se
estimular o parto vaginal. Nas pacientes com lesão em TP, a cesariana reduz o risco de
infecção neonatal. Nas pacientes com lesão a termo, fora de TP e com membranas
íntegras, deve-se indicar o tratamento supressivo.
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Toxoplasmose:
Introdução: Infecção causada pelo protozoário Toxoplasma gondii, que infecta os
seres humanos através de oocistos (excretados na fezes de gatos) ou de cistos (presentes
em músculos e vísceras de animais).
Ciclo:
Quadro clínico:
Transmissão: Contato com gatos e dejetos, ingesta de verduras mal lavadas
ou consumo de carnes mal cozidas.
Primo-infecção: Quando a infecção é adquirida pela primeira vez durante a
gravidez, os parasitas podem ser transmitidos da mãe para o feto, resultando na
toxoplasmose congênita. A infecção materna é assintomática na maioria das vezes (em
imunocompetentes) e cerca de 90% das crianças infectadas não apresentam sintomas ao
nascimento. Pode provocar aborto, TPP e infecção congênita com ou sem malformações.
Manifestações congênitas: Variam desde anemia, trombocitopenia,
pneumonia, icterícia, coriorretinite, cegueira, encefalite, retardo mental, além de
malformações do SNC, como microcefalia, hidrocefalia ou calcificações intracranianas. A
maioria dos recém-nascidos infectados é assintomática ao nascimento, e os efeitos da
doença podem levar meses ou anos para se manifestarem, onde cerca de 80% das
crianças até 1 ano não possuem sinais de infecção.
Contaminação fetal: A contaminação fetal só ocorrerá se a primo-infecção
pelo toxoplasma ocorrer durante a gestação. Se a toxoplasmose ocorrer em idade
gestacional avançada, o risco de contaminação fetal será maior mas a gravidade da doença
será menor.
Risco de transmissão: 15% no 1º trimestre, 44% com 26 semanas e 71%
com 36 semanas.
Diagnóstico:
Rastreamento pré-natal: Ministério da Saúde recomenda triagem pré-natal
trimestral em pacientes susceptíveis, como estratégia para controlar a toxoplasmose
congênita, tendo como exceção pacientes com IgG positivo, onde a imunidade descarta a
necessidade de rastreamento.
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Sorológico:
Gestantes imunes: IgG reagente e IgM não reagente.
Gestantes susceptíveis: IgG e IgM não reagentes.
Falso-positivo ou infecção inicial: IgG não reagente e IgM reagente.
Já possuem indicação de início de tratamento, utilizando espiramicina 3g/dia, repetindo a
sorologia em 2 a 3 semanas. Com IgG negativo mantido se tratava de um falso-positivo,
mas com IgG positivo indica infecção recente, mantendo espiramicina, realizando
investigação fetal após 18 semanas.
Gestantes contaminadas: IgG e IgM reagentes, necessitando
requisitar avidez de IgG. Com alta avidez em até 16 semanas gestacionais indica para
infecção antiga, suspendendo espiramicina. Baixa avidez indica infecção recente,
necessitando então pesquisar infecção fetal após 18 semanas. Após as 16 semanas, com
IgG e IgM reagentes é mantida a espiramicina e realizada avaliação fetal.
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Via de parto: A conduta é obstétrica, sendo o parto normal sempre preferível, seja
em casos termo ou pré termo, podendo realizar procedimentos de preparo de colo quando
há vitalidade fetal preservada.
Indicações de cesárea: Casos de PE com deterioração clínica ou laboratorial
e colo uterino desfavorável ou ainda em alterações da vitalidade fetal a cesárea passa a
ser justificável, sendo situações inseguras para aguardo da evolução de TP.
Conduta em HELLP: Casos com plaquetas inferiores a 70 mil e com
indicação de cesárea deve ter avaliado coagulograma, plaquetas repostas com 5 a 10U e
hemostasia cuidadosa. Casos onde as plaquetas não são elevadas para mais de 70 mil
possuem indicação de anestesia geral (contraindicando raquianestesia ou peridural por
haver risco de formação de hematoma).
Complicações fetais na PE: Consequência da redução do fluxo sanguíneo na placenta.
1: RCIU (restrição de crescimento); 4: Estado fetal não tranquilizador;
2: Oligodrâmnio; 5: Prematuridade (principal complicação).
3: Deslocamento prematuro de placenta;
Tratamento da PE:
Primeira etapa: Medidas de suporte básicas, pedindo ajuda, prevenindo de lesões
maternas, colocando em decúbito lateral, prevenindo aspiração, administrando oxigênio e
monitorando os sinais vitais.
Segunda etapa: Sulfato de magnésio. A maioria das crises será autolimitada e o
sulfato não entra como tratamento de interrupção de crises convulsivas, mas sim para
prevenção de novas crises. Pode ocorrer estado fetal não tranquilizador durante a crise,
devido hipóxia materna transitória, devendo apenas interromper a gestação após
estabilização materna.
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Manejo da Síndrome HELLP: Curso clínico com progressiva deterioração clínica materna.
Interrupção gestacional: Depende da IG.
Corticoterapia: Único benefício no aumento da contagem plaquetária, com
evidências insuficientes para apoiar o uso na síndrome HELLP, visando um efeito anti-
inflamatório.
Monitorização: Contínua, com laboratoriais a cada 12h. Casos com TGO e TGP
elevadas, superiores à 2 mil ou 3 mil possuem maiores taxas de mortalidade.
Tratamento: Suporte, sulfato de magnésio e resolução da gestação.
Cuidados no pós-parto:
Após 24h: Níveis pressóricos começam a normalizar e a paciente pode receber alta
se manter níveis <150/100mmHg. Gestantes com Hipertensão Arterial Crônica tendem a
apresentar níveis pressóricos mais elevados após término da gestação.
Surgimento de PE ou eclâmpsia: Ambas podem surgir pela primeira vez após o
parto, apesar de serem situações raras. Quando surgem entre 48 horas e 6 semanas após
o nascimento devem ser referidas como PE ou eclâmpsia pós-parto.
Medicações seguras: A exposição neonatal ao labetalol, captopril, nifedipino e
anlodipino é considerada segura, sendo uma boa opção no período da amamentação. O
atenolol e o metoprolol devem ser evitados devido à maior concentração no leite com
potenciais efeitos no recém-nascido.
Doenças subsequentes: O risco é elevado em mulheres com história de pré-
eclâmpsia, com maiores chances de desenvolver doença cardiovascular (hipertensão,
infarto do miocárdio, insuficiência cardíaca congestiva), eventos cerebrovasculares
(acidente vascular cerebral), doença arterial periférica e mortalidade cardiovascular mais
tarde na vida, com uma estimativa do dobro de chances em comparação com mulheres não
afetadas pela pré-eclâmpsia. É necessário então o acompanhamento a longo prazo e
mudanças no estilo de vida.
Prevenção da PE: De acordo com o American College of Obstetricians and Gynecologists
(ACOG) e a Rede Brasileira de Estudos sobre Hipertensão na Gestação (RBEHG) o
rastreamento da PE deve ser baseado na investigação de fatores de risco clínicos, com
uma anamnese bem feita ainda no primeiro pré-natal.
Fatores de risco para PE:
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Tratamento:
Heparina não fracionada (HNF): De alto peso molecular. Depende de ajuste do
TTPa durante o tratamento. Está indicada nos casos de parto próximo, pois é utilizada em
bolus e sua meia vida é menor. Quando profilático, a administração é SC.
Dose profilática: 5.000UI SC 12/12h. No 1ºtri 5.000-7.000UI, no 2ºtri 7.500-
10.000UI e no 3ºtri 10.000UI. No pré-parto deve ser suspensa em 4 a 6 horas antes da
realização da anestesia.
Dose terapêutica: Bolus de 5.000UI IV ou 333UI/kg SC, com manutenção de
250UI/kg SC 12/12h. TTPa deve ser mantido entre 1,5 e 2,5, reduzindo doses se
necessário. Em pré-parto a suspensão é indefinida, indo conforme TTPa.
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Análise do volume de LA: O líquido amniótico protege e sustenta o feto na gestação, onde
polidrâmnio ou oligodrâmnio são anormais e devem ser investigados. A avaliação feita
através do US identifica o maior bolsão vertical (MBV – normal entre 2 e 8) e o índice de
líquido amniótico (ILA – normal entre 8 e 18).
Oligodrâmnio: Associado a RPMO, PE, gestação prolongada, doença renal fetal e
anormalidades da placenta ou feto.
Polidrâmnio: Associado a DM gestacional, doença cardíaca materna, síndrome da
transfusão feto-fetal (STFF), malformações fetais (atresia de esôfago que impede
deglutição e aumenta o líquido) ou é idiopático.
US com doppler: Avalia as resistências arteriais, a partir da identificação do fluxo
sanguíneo, com valores tabelados.
ACM: Uma resistência diminuída permite a chegada de muito sangue ao SNC.
Artéria umbilical: Uma resistência aumentada causa hipóxia ao feto, afetando
principalmente cérebro, coração e rins.
Cardiotocografia: Registro eletrônico simultâneo do BCF (variabilidade normal entre 110
e 160) e atividade uterina. Permite a avaliação da integridade dos mecanismos neurológicos
centrais de controle da frequência cardíaca fetal e dos movimentos fetais, avaliando a
oxigenação e prevenindo o óbito fetal. Uma resposta cardíaca normal é considerada na
aceleração e reatividade dos BCFs, acompanhados de movimentação fetal.
Equipamento: Cardiotocógrafo. O tocógrafo é posto no fundo do útero, sem gel. O
doppler é localizado no dorso do feto, com gel, buscando os BCFs. As partes são presas
com fitas elásticas, mantendo o equipamento realizando o exame por 20 minutos.
Exame: Impresso em papel específico, o exame traz duas linhas, com a superior
representando as variações dos BCFs e a inferior a força das contrações em mmHg.
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Linha de base: Normal entre 110 e 160 bpm, com a linha de base devendo
ser considerada em um intervalo de no mínimo 2 minutos de menor variabilidade (mais
estável). Ou seja, a linha de base pode ser considerada como um valor médio dos BCFs.
Causas de taquicardia: Hipoxemia crônica, corioamnionite,
hipertermia materna, drogas uteroliticas, nicotina, resposta a estímulo e hiperatividade fetal.
Causas de bradicardia: Pós-maturidade, drogas betabloqueadoras,
bradiarritmias cardíacas e asfixia fetal.
Taquicardia: Linha de base entre 170/180 bpm. Alerta para patologia.
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Tratamento:
Estilo de vida: É a principal abordagem, com dieta direcionada por nutricionista
quando possível e atividade física. Os alimentos devem ser escolhidos conforme o índice
glicêmico e as atividades físicas devem ser feitas sempre que possível, em moderada
intensidade (capaz de conversar durante o exercício), por 30 a 40 minutos em 5 ou mais
dias da semana.
Controle glicêmico:
Em medidas não farmacológicas:
Total viabilidade e disponibilidade técnica: Perfil diário de 4 pontos,
em jejum, pós-café, pós-almoço e pós-jantar.
Parcial viabilidade e disponibilidade técnica: Perfil de 4 pontos em
3 vezes na semana, realizando em jejum, pós-café, pós-almoço e pós-jantar.
Em medidas farmacológicas:
Total viabilidade e técnica: Perfil diário de 6 pontos, em jejum, pós-
café, antes do almoço, pós-almoço, antes do jantar e pós-jantar,
Parcial viabilidade e técnica: Perfil diário de 4 pontos.
Metas:
Jejum: < 95mg/dL.
1h pós-prandial: < 140mg/dL.
2h pós-prandial: < 120mg/dL.
Insulina: Utilizadas na incapacidade do controle glicêmico, ou quando > 15%
alterada. Podem ser utilizadas ultrarrápidas, rápidas, intermediárias e ultralentas. A mais
utilizada é a NPH, uma insulina intermediária com início de ação em 2 a 4h, pico em 4 a
10h e duração total de 10 a 18h, utilizando doses fracionadas.
Acompanhamento na gestação:
US seriado: Idealmente realizado entre 26 e 28s.
US obstétrico morfológico: Realizado entre 21 e 23s + 6 dias (antes de 24s).
Ecocardiografia fetal: Realizado com 28s.
Movimentação fetal: Mobilograma não possui mais recomendação.
Avaliação da vitalidade fetal: Cardiotoco seriada ou US doppler, a partir de 32s.
Metas de glicemia capilar: Jejum < 95mg/dL, 1h < 140mg/dL, 2h < 120mg/dL.
Corticoterapia: Não é mais recomendado, por aumentar mais a glicemia materna e
descompensar o RN ao nascimento com hipoglicemia neonatal grave. DMG com controle
ruim deve ter indução com 37s. A indicação é somente para maturação pulmonar quando
necessário parto antes de 37s, tendo uma balança entre surfactante pulmonar e
descompensação da diabetes. É ideal que, caso haja necessidade de corticoterapia, seja
feita insulina em BIC.
Condições associadas ao DMG:’
Hiperglicemia materna:
Estado de hiperinsulinemia fetal: Promove um atraso na produção do
surfactante pulmonar e causa hipoxemia fetal crônica.
Alterações placentárias: A placenta passa por mudanças em sua morfologia
que levam ao sofrimento fetal crônico por hipóxia.
Consequências: Polidrâmnio, oligodrâmnio, feto grande para a idade
gestacional, macrossomia, feto pequeno para a idade gestacional, crescimento intrauterino
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restrito, abortamentos e óbito fetal intraútero. O feto restrito é o mais incomum porém é
também o mais grave.
Complicações relacionadas à hiperglicemia materna periconcepcional:
Principalmente com regressão caudal. Outras complicações são, em ordem de incidência,
situs inversos, duplo ureter, anomalias retais, anomalias cardíacas, atresia anal ou retal,
anencefalia e defeitos do SNC (espinha bífida e hidrocefalia).
Momento e via de parto: Depende da compensação do DMG.
DM prévio: 38s.
DMG: 41s.
Via: Vaginal, se não houver indicação para cesariana.
Seguimento pós-parto: 6 semanas ou 40 dias após o parto deve ser realizado novo TOTG
75g, dosando em jejum, 1 hora e 2 horas. Esse intervalo se deve ao controle hormonal.
Normal: Jejum < 100mg/dL e 2ª hora < 140mg/dL.
Alterado: Jejum entre 100 e 125mg/dL e 2ª hora < 140mg/dL.
Intolerância à glicose: Jejum < 126mg/dL e 2ª hora entre 140 e 199mg/dL.
DM: Jejum ≥ 126mg/dL e 2ª hora ≥ 200mg/dL.
Morbidade materna: Hemorragia grave intraparto e puerperal (27%), complicações
hipertensivas gestacionais (14%), infecções (11%), complicações de parto distócico (9%),
complicações de aborto (8%) e complicações embólicas (3%).
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