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Unidade II

PROPEDÊUTICA E PROCESSOS DE CUIDAR


DA SAÚDE DA MULHER

Profa. Dra. Thalyta Cardoso


Definição e tipos de parto

1. Definição de parto:

 “[...] aquele cujo início é espontâneo e sem risco identificado


no início do trabalho, assim permanecendo até o nascimento”.
(BRASIL, 1998, p.13)

2. Tipos de parto:

 parto normal: cócoras, na água, no domicílio, intra-hospitalar,


 cesárea,
 fórceps,
 humanizado.
Definição e tipos de parto

3. Procedimentos rotineiros:

 tricotomia,
 episiotomia,
 enema ou lavagem intestinal, EVITADOS
 soro com ocitocina,
 proibição de ingerir líquidos ou alimentos
leves,
 manobra de Kristeller.
Definição e tipos de parto

4. Procedimentos que facilitam o trabalho de parto:

 hidroterapia,

 deambulação e mudança de posição,

 bola de parto,

 exercícios de relaxamento e respiração.


Definição e tipos de parto

5. Parto cesárea: eletivo ou de emergência.

Indicações:
 desproporção cefalopélvica,
 anormalidades de apresentação,
 disfunção uterina,
 parada de progressão do trabalho de parto (partograma –
linha de ação).
Definição e tipos de parto

Indicações:

 cirurgia uterina prévia (menos de 2 anos),


 hemorragias,
 pré-eclâmpsia,
 sofrimento fetal agudo,
 prolapso de cordão umbilical,
 mau passado obstétrico.
Períodos clínicos e mecânica do trabalho de parto

 O trabalho de parto compreende o conjunto de fenômenos


fisiológicos que conduz à dilatação do colo uterino e à
progressão do feto por meio do canal de parto até sua
expulsão para o exterior.

Sintomas: aclaramento, dores relacionadas às contrações,


alteração da cérvix e vestígios de sangue, lombalgia.
Períodos clínicos e mecânica do trabalho de parto

O trabalho de parto divide-se em quatro períodos clínicos:

 dilatação;

 expulsão;

 dequitação;

 de Greenberg.
Períodos clínicos e mecânica do trabalho de parto

Dilatação: duas fases

 Fase latente: é a fase inicial e mais lenta da dilatação


do colo, de até 3 cm.

 Fase ativa: inicia-se com 4 cm de dilatação do colo e vai até


a dilatação completa, geralmente com 10. Ocorrem de 2 a 3
contrações uterinas em 10 minutos, cada uma com duração
entre 30 a 90 segundos, de intensidade moderada a forte.
Períodos clínicos e mecânica do trabalho de parto

Expulsivo

 Inicia-se com a dilatação completa do colo e termina


com a expulsão total do feto.

 Nesse período ocorre a mecânica do trabalho de parto.


Períodos clínicos e mecânica do trabalho de parto

Mecanismos do trabalho de parto:

 insinuação,
 descida ou progressão,
 rotação interna da cabeça,
 extensão ou desprendimento cefálico,
 rotação externa da cabeça,
 expulsão ou desprendimento dos ombros e tronco.
Períodos clínicos e mecânica do trabalho de parto

Dequitação

 Inicia-se imediatamente após a expulsão do feto e termina


com a expulsão da placenta.

 Dura em torno de 30 minutos e ocorrem duas ou três


contrações para expelir a placenta.
Períodos clínicos e mecânica do trabalho de parto

De Greenberg

 Durante esse tempo a equipe de saúde monitora a mulher,


pois o útero continua a se contrair e é importante atentar para
a possível ocorrência de sangramento ou hemorragia.
Interatividade

O trabalho de parto compreende o conjunto de fenômenos


fisiológicos que conduz a dilatação do colo uterino à expulsão
do feto para o exterior. Com relação aos períodos clínicos e
mecânicos do trabalho de parto, analise as seguintes afirmativas
e identifique a incorreta.
a) O trabalho de parto divide-se em 4 períodos clínicos.
b) O período expulsivo inicia-se com a dilatação completa
do colo e termina com a expulsão total do feto.
c) A dequitação inicia-se com a dilatação completa do colo
e termina com a expulsão total do feto.
d) Greenberg é o período que se inicia após a dequitação
da placenta e dura uma hora.
e) Na dilatação ocorrem os mecanismos do trabalho de parto.
Assistência de enfermagem durante
o trabalho de parto

Na admissão

 Anamnese e exame físico.


 Monitorar os sinais vitais.
 Auscultar os BCF a cada 15 minutos.
 Avaliar a dinâmica uterina.
 Observar e incentivar micções.
 Monitorar a administração de ocitocina se houver necessidade.
Assistência de enfermagem durante
o trabalho de parto

Na admissão

 Incentivar a deambulação.

 Recomendar dieta leve ou jejum.

 Orientar a gestante a ficar em decúbito lateral esquerdo.

 Providenciar medidas de conforto e apoio emocional.

 Realizar o menor número de toques vaginais.


Assistência de enfermagem durante
o trabalho de parto

Na fase ativa

 Abrir o partograma.

 Auxiliar na transferência para a sala de parto.

 Verificar os sinais vitais.

 Organizar o material para o parto.

 Posicionar a parturiente e higienizar a área da vulva


e do períneo.
Assistência de enfermagem durante
o trabalho de parto

Na fase ativa

 Encorajar o esforço e apontar os progressos.

 Avaliar a dinâmica uterina e o BCF depois de cada contração.

 Auxiliar na anestesia (local ou bloqueio de pudendo).

 Fazer a episiotomia, caso necessário.

 Auxiliar na liberação da cabeça e dos ombros.


Assistência de enfermagem durante
o trabalho de parto

Na fase ativa

 Pinçar e cortar o cordão umbilical, depois de 1 a 3 minutos,


quando parar de pulsar.

 Observar a presença de duas artérias e uma veia


no cordão umbilical.

 Atender imediatamente ao recém-nascido (RN).

 Realizar o teste de Apgar no primeiro, quinto e décimo


minutos de vida.
Assistência de enfermagem durante
o trabalho de parto

Durante a dequitação

 Avaliar a altura uterina.

 Avaliar sinais vitais maternos.

 Auxiliar na episiorrafia se necessário.

 Colher amostra sanguínea se necessário.


Assistência de enfermagem durante
o trabalho de parto

Durante a dequitação

 Administrar medicamento uterotônico se necessário.

 Remover lentamente as pernas da mulher dos estribos


ou perneiras.

 Levar a mãe à sala de recuperação ou observação.


Assistência de enfermagem durante
o trabalho de parto

Durante o período de Greenberg

 Avaliar a localização do fundo uterino (altura).

 Avaliar a consistência do fundo uterino e massagear.

 Avaliar sinais vitais da mulher a cada 15 minutos.

 Avaliar períneo em relação a episiorrafia, edema e hematoma.


Assistência de enfermagem durante
o trabalho de parto

Durante o período de Greenberg

 Avaliar o estado de hidratação.

 Observar se há distensão da bexiga.

 Proporcionar repouso.

 Estimular o aleitamento materno e contato pele a pele.


Interatividade

A assistência de enfermagem deve ser realizada pelo enfermeiro


e sua equipe durante todo o trabalho de parto. Considerando
isso, avalie as afirmativas e marque a incorreta.
a) O partograma deve ser aberto na fase ativa do trabalho
de parto.
b) O BCF e a dinâmica uterina devem ser avaliados pelo
enfermeiro desde a admissão até a fase ativa.
c) Durante a dequitação deve-se avaliar a altura uterina
e massagear o útero se não estiver contraindo.
d) No período de Greenberg o enfermeiro deve verificar
os sinais vitais da mãe a cada 15 minutos.
e) O aleitamento materno e o contato pele a pele devem
ser estimulados pelo enfermeiro.
Principais intercorrências clínicas da gestação

 A gestante classificada de baixo risco está sujeita a


intercorrências que podem afetar o curso da gestação.

Intercorrências clínicas

 Hiperêmese.
 Anemia.
 Diabetes gestacional.
 Hipertensão arterial na gestação.
 Síndromes hemorrágicas.
Principais intercorrências clínicas da gestação

Hiperêmese

 Vômitos contínuos e intensos que impedem a alimentação


da gestante.

 Pode causar desidratação e oligúria, até perda de peso


e transtornos metabólicos, além de hiperbilirrubinemia.

 Tratamento: apoio psicológico, orientações sobre


a alimentação e prescrição médica de antiemético.
Principais intercorrências clínicas da gestação

Anemia

 É quando os valores de hemoglobina são iguais ou menores


que 11 g/dL.

 Manifesta-se em torno da 8ª semana, progride lentamente até


a 34ª semana e, então, permanece estabilizada até o parto.
Principais intercorrências clínicas da gestação

Diabetes gestacional

 Hiperglicemia diagnosticada na gravidez, de intensidade


variada, que geralmente desaparece no período pós-parto.

Diagnóstico:

Duas glicemias de jejum > 126 mg/dL ou


Dois valores alterados no teste de tolerância oral à glicose
Valores-limites para o teste de tolerância à glicose 75 g
Jejum → 95 mg/dL 1 Hora → 180 mg/dL 2 horas → 155 mg/dL
Principais intercorrências clínicas da gestação

Diabetes gestacional

 Sintomas: poliúria, polidipsia, polifagia e perda involuntária


de peso (os 4Ps). Outros sintomas que levantam a suspeita
clínica são: fadiga, fraqueza, letargia, prurido cutâneo e vulvar
e infecções de repetição.

 Tratamento: terapia nutricional (alimentação saudável),


aumento da atividade física, suspensão do fumo, associados
ou não à insulinoterapia.
Principais intercorrências clínicas da gestação

Hipertensão arterial sistêmica na gestação

 Complicações hipertensivas na gravidez são a maior causa


de morbidade e mortalidade materna e fetal no Brasil.

 Estado hipertensivo: valor de PAS ≥ 140 mmHg


ou PAD ≥ 90 mmHg, repetido em duas medidas da pressão
arterial separadas por um intervalo mínimo de 4 horas.
Principais intercorrências clínicas da gestação

Definições

 Hipertensão arterial crônica (HAC): quadro hipertensivo


diagnosticado antes da gravidez ou da 20ª semana gestacional
e que não desaparece após o parto.

 Hipertensão gestacional: hipertensão detectada apenas após


a 20ª semana de gravidez, sem proteinúria significativa.
É denominada “transitória” quando o estado hipertensivo
desaparece após a 12ª semana pós-parto.
Principais intercorrências clínicas da gestação

Definições

 Pré-eclâmpsia: estado hipertensivo acima da 20ª semana de


gravidez, acompanhado de proteinúria em 24 horas com valor
maior ou igual a 300 mg.

 Pré-eclâmpsia sobreposta a HAC: diagnóstico de proteinúria


significativa, podendo acometer até 30% das grávidas com HAC.
Principais intercorrências clínicas da gestação

Alerta

 O incremento de 30 mmHg na pressão arterial sistólica (PAS)


e 15 mmHg na pressão arterial diastólica (PAD).

 Ganho de peso maior que 2 kg por semana edema


Principais intercorrências clínicas da gestação

Pré-eclâmpsia grave

 PAS ≥ 160 mmHg e/ou PAD ≥ 110 mmHg


 Proteinúria de 24 horas ≥ 2,0 gramas
 Epigastralgia/dor no hipocôndrio direito
 Oligúria
 Creatinina sérica > 1,2 mg/dL
 Aumento de TGO e TGP
 Acometimento do sistema nervoso central, insuficiência
cardíaca e edema pulmonar
 Plaquetopenia e hemólise
Principais intercorrências clínicas da gestação

Eclâmpsia

 Quando a gestante apresenta pré-eclâmpsia e apresenta


convulsões ou coma.

 Deve ser encaminhada ao hospital de referência.


Principais intercorrências clínicas da gestação

Eclâmpsia

 Tratamento: sulfato de magnésio – anticonvulsivantes


e anti-hipertensivos.

Assistência de enfermagem
 Manter vias aéreas pérvias.
 Instalar oxigênio sob cateter nasal ou máscara
(5 litros/minuto).
 Venóclise em veia calibrosa.
 Providenciar decúbito lateral para a paciente.
 Sondagem vesical de demora.
Interatividade

Sobre as principais intercorrências clínicas da gestação, avalie


as afirmativas a seguir e marque a incorreta.
a) A hiperêmese pode levar à desidratação e perda de peso, cabe
ao enfermeiro estimular e orientar com relação à alimentação
fracionada e ingesta de líquidos.
b) Dois resultados de glicemia de jejum > que 126 mg/dl permitem
diagnosticar o diabetes gestacional.
c) A pré-eclâmpsia envolve o estado hipertensivo após a 20ª
semana e é acompanhada de proteinúria em 24 horas com
valor maior ou igual a 300 mg.
d) A hipertensão arterial crônica, seguida de convulsão e coma
é definida como eclâmpsia.
e) O ganho de mais de 2 kg por semana, relacionado
ao edema, é um sinal de alerta da pré-eclâmpsia.
Assistência de enfermagem no puerpério

Puerpério ou período pós-parto

 É o intervalo entre o parto e a volta do corpo da mulher


ao estado anterior à gestação.

 Início: imediatamente após a expulsão da placenta


e suas membranas.

 Término: 6ª semana após o parto, oito meses a um ano


após o parto.
Assistência de enfermagem no puerpério

Classificação

 Puerpério imediato: início após a dequitação até


o 10° dia após o parto.

 Puerpério tardio: do 11° dia ao 45° após o parto.

 Puerpério remoto: do 46° dia até a completa recuperação das


alterações no organismo da mulher provenientes da gestação.
(Rezende e Montenegro, 2003)
Assistência de enfermagem no puerpério

Objetivos da assistência

 Avaliar o estado de saúde da mulher e do recém-nascido.


 Avaliar o retorno às condições pré-gravídicas.
 Avaliar e apoiar o aleitamento materno.
 Orientar o planejamento familiar.
 Identificar situações de risco ou intercorrências e conduzi-las.
 Avaliar interação da mãe com o recém-nascido.
 Complementar ou realizar ações não executadas no pré-natal.
Assistência de enfermagem no puerpério

Anamnese

 Dados do parto (data; tipo de parto; se cesárea,


qual a indicação).
 Intercorrências na gestação, no parto ou no pós-parto
(febre, hemorragia, hipertensão, diabetes, convulsões,
sensibilização Rh).
 Se recebeu aconselhamento e realizou testagem para sífilis
ou HIV durante a gestação e/ou parto.
 Uso de medicamentos (ferro, ácido fólico, vitamina A, outros).
Assistência de enfermagem no puerpério

Anamnese

 Aleitamento (frequência das mamadas, dificuldades


na amamentação, condições das mamas).
 Alimentação, sono, atividades.
 Dor, fluxo vaginal, sangramento, queixas urinárias.
 Planejamento familiar.
 Condições psicoemocionais (estado de humor, preocupações,
desânimo, fadiga, outros).
 Condições sociais (pessoas de apoio, enxoval do bebê,
condições para atendimento de necessidades básicas).
Assistência de enfermagem no puerpério

Avaliação clínico-ginecológica

 Avaliar o estado geral: bom, regular ou mau estado geral.

 Verificar sinais vitais e peso.

 Avaliar pele e mucosas.

 Avaliar comportamento e fadiga.


Assistência de enfermagem no puerpério

Avaliação clínico-ginecológica

 Mamas

 Inspeção estática e dinâmica:


 intumescimento mamário;
 ingurgitamento mamário (estase láctea) – aumento
do volume, dor, hipertermia e hiperemia discreta;
 mastite;
 fissura nos mamilos.
Assistência de enfermagem no puerpério

Avaliação clínico-ginecológica

 Mamas

 Palpação
 Mama normal: sem pontos dolorosos.
 Mama ingurgitada: presença de pontos dolorosos.

 Expressão
 Presença conteúdo lácteo.
 De 48 a 72 horas pós-parto acontece apojadura.
Assistência de enfermagem no puerpério

Avaliação clínico-ginecológica

 Abdômen
 Realizar a inspeção, ausculta, palpação e percussão
do abdômen.

Atentar para:
 musculatura distendida, com perda da tonicidade;
 sinais flogísticos na incisão cirúrgica após cesárea;
 o funcionamento intestinal fisiológico retorna
no 3º ou 4º dia pós-parto.
Assistência de enfermagem no puerpério

Avaliação clínico-ginecológica

 Sistema urinário: até o 5º dia a mulher elimina


de 2 a 3 litros retidos durante a gestação.

Útero
 Fundo uterino tangencia a cicatriz umbilical.
 Consistência firme com forma achatada.
 Involução uterina:
 reduz diariamente 1 cm até o 3° dia pós-parto;
 até o 12° dia reduz 0,5 cm.
Assistência de enfermagem no puerpério

Avaliação clínico-ginecológica

 Útero e a loquiação
 Lóquios são perdas vaginais pós-parto:
descamação + sangue.

 Coloração
 Lóquios vermelhos ou sanguinolentos:
eliminados do 1° ao 4° dia.
 Lóquios escuros ou serossanguinolentos: 4º ao 10° dia.
 Lóquios amarelos: após o 10° dia.
Assistência de enfermagem no puerpério

Avaliação clínico-ginecológica

 Útero e a loquiação

 Odor característico de menstruação.


 Odor fétido indica infecção.

 Quantidade: 225 a 500 ml.


Assistência de enfermagem no puerpério

Avaliação clínico-ginecológica

 Vulva e vagina

 Edemaciadas e violáceas após o parto.

 Atentar para a presença de trauma.

 Orifício vaginal dilatado se pressão


intra-abdominal aumentada.

 Loquiação: 225 a 500 ml.


Assistência de enfermagem no puerpério

Avaliação clínico-ginecológica

 Membros inferiores

 Presença de edema e varizes.

 Risco para tromboembolia.


Interatividade

Sobre a assistência de enfermagem no puerpério, avalie


as afirmativas a seguir e marque a incorreta.
a) A assistência de enfermagem ocorre em todos os períodos
do puerpério: imediato, tardio e remoto.
b) Orientações sobre os cuidados com a mama e pega correta
são importantes para evitar intercorrências mamárias.
c) Ingurgitamento é um processo inflamatório ou infeccioso
que pode ocorrer na mama lactante e pode ser consequente
a uma mastite indevidamente tratada.
d) Orientar sobre planejamento familiar e ativação de método
contraceptivo é papel do enfermeiro no puerpério.
e) É importante examinar abdômen, verificando a condição
do útero e se há dor à palpação.
ATÉ A PRÓXIMA!

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