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Módulo 7 - Problema 5

Allana Karine Gatinho Garcia

1) Elucidar as alterações fisiológicos do puerpério; Involução uterina


2) Caracterizar o puerpério patológico;
Imediatamente após a dequitação, o útero inicia o
3) Compreender os aspectos psíquicas do puerpério;
processo de involução. A retração uterina é
4) Explicar as principais causas de mortalidade
característica do miométrio, que permite ao órgão
materna durante o puerpério.
manter-se em tamanho reduzido após sucessivas
contrações. Pelo fato de o útero contraído comprimir
os vasos sanguíneos, o útero puerperal tem aparência
isquêmica. A contração uterina também é responsável
O período pós-parto, também conhecido como pela prevenção da hemorragia pós-parto.
puerpério, refere-se a um momento de transição que
Na lactante, a involução uterina é mais rápida. Durante
começa após o nascimento do bebê e cujo fim não é
a amamentação, o estímulo dos mamilos e da árvore
bem delimitado, podendo abranger até 12 meses após
galactófora provocam contrações uterinas (reflexo
o nascimento.
uteromamário ou de Ferguson) através da liberação
Se divide em três etapas: de ocitocina. Por isso, é comum as lactantes referirem
cólicas uterinas durante o aleitamento. Nas primíparas,
1) Imediato (1º ao 10º dia) – domina a crise genital;
o ritmo da involução uterina parece ser mais rápido do
prevalecem os fenômenos catabólicos e involutivos
que nas multíparas, que têm o útero mais volumoso.
das estruturas hipertrofiadas ou hiperplasiadas na
gravidez, notadamente da genitália, ao lado de O fundo uterino tipicamente atinge a cicatriz umbilical
alterações gerais e, sobretudo, endócrinas. 24 horas após o parto, alcançando a região entre a
2) Tardio (10º ao 45º dia) – período de transição sínfise púbica e a cicatriz umbilical depois de 1 semana.
onde continua a recuperação genital, no entanto
numa velocidade menor, e onde a lactação
começa a influenciar o organismo.
3) Remoto (além do 45º dia) – período de duração
imprecisa, dependente da amamentação. As mães
que amamentam integralmente podem ficar
amenorreicas no pós-parto por mais de 12 meses,
enquanto as não lactantes a menstuação retorna em
média com 6 a 8 semanas.
Loquiação
Durante o puerpério fisiológico ocorrem mudanças
anatômicas e fisiológicas com o intuito de retornar ao O processamento da involução uterina e da
estado pré-gravídico. Além disso, mudanças regeneração da ferida placentária vincula-se à
psicológicas nas mulheres ocorrem devido a aspectos eliminação de considerável quantidade de exsudatos e
hormonais, culturais e familiares. transudatos, os quais, de mistura com elementos
celulares descamados e sangue, são conhecidos pela
As transformações que se iniciam no puerpério, com a designação de lóquios.
finalidade de restabelecer o organismo da mulher à
situação não gravídica, ocorrem não somente nos Lóquios vermelhos (locchia rubra): maior quantidade
aspectos genital e endócrino, mas no todo sistêmico. de eritrócitos, retalhos da decídua, muco e células
epiteliais. Ocorrem até o 3º dia do puerpério.
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Lóquios escuros (locchia fusca): após 3 ou 4 dias, os


lóquios tornam-se serossanguíneos, de coloração
marrom-acastanhada em razão da degradação de A vagina encontra-se alargada e lisa imediatamente
hemoglobina. após o parto. A redução de suas dimensões é gradual
e raramente elas se igualam ao período pré-gravídico.
Lóquios amarelos (locchia flava): após 10 dias do
parto, os lóquios tornam-se purulentos e amarelados A rugosidade da vagina reaparece na terceira
porque a quantidade de leucócitos aumenta. Em semana de puerpério, vinculada à regressão do edema
condições patológicas de infecção puerperal ou e da vascularização. O hímen que se rompeu sofre
vaginose bacteriana pode adquirir odor fétido. processo de cicatrização, dando origem a nódulos de
mucosa fibrosados, as chamadas carúnculas himenais
Lóquios brancos (locchia alba): a partir do 21º dia ou mirtiformes. A distensão da fáscia e o trauma
pós-parto, a loquiação é esbranquiçada e fluida. (lacerações) decorrentes da passagem do feto pelo
canal de parto resultam em frouxidão da musculatura
Tubas uterinas
pélvica, que pode não regredir ao estágio pré-
durante a gestação, o epitélio das tubas é composto gravídico.
principalmente por células não ciliadas, o que é devido
As pequenas lacerações de vulva cicatrizam de forma
ao desequilíbrio nos altos níveis de progesterona e
rápida e eficaz e, em quatro ou cinco dias, já não são
estrógeno. Após o parto, com a queda desses
visíveis.
hormônios, as células da tuba diminuem de tamanho e
há extrusão dos núcleos das células não ciliadas. Além
disso, em alguns casos as tubas apresentam salpingite
aguda, uma inflamação sem colonização bacteriana e
cuja causa é desconhecida. Observados em até 50% das pacientes após parto
vaginal, a patogênese ainda não é bem esclarecida,
Colo uterino mas pode estar relacionada a processos de hemorragia
Após a expulsão fetal e a dequitação, o colo uterino materno-fetal, microembolia amniótica, reação
encontra-se amolecido, o orifício externo tem termogênica após a separação da placenta,
lacerações e encontra-se dilatado. A dilatação regride hipotermia materna pós-parto e uso de anestesia.
lentamente, o colo torna-se progressivamente mais
espesso e o canal cervical se reconstrói.
O orifício externo apresenta uma zona transversa de
cicatrização em forma de fenda, que, na maioria dos A musculatura da parede abdominal geralmente
casos, permite distinguir entre pacientes nulíparas ou readquire seu tônus normal várias semanas depois do
submetidas a cesáreas de pacientes com parto vaginal parto; entretanto, pode haver persistência da diástase
anterior. do músculo reto do abdome.
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Ocorre nas primeiras horas pós-parto, um aumento do No puerpério, a bexiga tem a capacidade aumentada
volume circulante, que pode se traduzir pela presença e é menos sensível ao aumento da pressão intravesical;
de sopro sistólico de hiperfluxo. Nas puérperas com superdistensão, esvaziamento incompleto e resíduo
cardiopatia, em especial naquelas que apresentam urinário significativo são comuns. Tudo isso, associado
comprometimento da válvula mitral, o período expulsivo ao fato que a bexiga pode estar traumatizada em
e as primeiras horas após o delivramento representam razão do parto ou da cesariana, pelo uso frequente de
uma fase crítica e de extrema necessidade de vigilância sondas e o fato dos ureteres estarem dilatados e
médica. sofrendo algum grau de refluxo, leva a uma maior
suscetibilidade a infecções.
Após o parto, perde-se em média 15% da massa de
eritrócitos em relação à fase pré-gravídica. Quanto às
células brancas, a leucocitose no puerpério é
esperada, podendo atingir 20.000 leucócitos/mm 3. A
quantidade de plaquetas está aumentada nas primeiras A volta das vísceras abdominais à sua situação original,
semanas, assim como o nível de fibrinogênio, razão para além da descompressão do estômago, promove um
se preocupar com a imobilização prolongada no leito, melhor esvaziamento gástrico. Os esforços desprendidos
situação que facilita o aparecimento de complicações no período expulsivo podem agravar as condições de
tromboembólicas. hemorroidas já existentes. Nas mulheres que pariram por
cesárea, pode ocorrer ainda o íleo paralítico pela
manipulação da cavidade abdominal.

A hCG e os esteroides sexuais estão em baixos níveis nas


2 ou 3 semanas iniciais do puerpério. Os valores de hCG
tipicamente retornam ao normal em 2 a 4 semanas após Pode haver o aparecimento de estrias de cor variável
o parto. Para as mulheres não lactantes, o retorno da entre vermelho e prateado. Pele seca, acne, unhas
menstruação após parto a termo varia de 7 a 9 quebradiças e queda dos cabelos podem ocorrer; o
semanas, com média de 45 dias para nova ovulação. cloasma geralmente desaparece ao longo do
puerpério.
Mulheres lactantes têm atraso no retomo da ovulação,
já que a prolactina inibe a liberação pulsátil do Enquanto na gravidez há um aumento na quantidade
hormônio liberador da gonadotrofina (GnRH) pelo de cabelos na fase anágena, no puerpério a taxa de
hipotálamo. cabelos na fase telógena é bem superior, o que
caracteriza o eflúvio telógeno, ou seja, a queda de
Perda ponderal cabelos que é comumente observada entre 1 e 5 meses
após o parto. Esse processo geralmente é autolimitado,
Aproximadamente metade do peso adquirido durante
com restauração dos padrões normais de crescimento
a gravidez é perdido nas primeiras 6 semanas pós-parto;
dos cabelos entre 6 e 15 meses após o parto.
essa perda imediata de cerca de 4,5 a 6 kg
corresponde ao feto, seus anexos e perda sanguínea.
Alterações ósseas
As mamas atingem o desenvolvimento e a diferenciação
Há diminuição da densidade óssea associada à celular completos no puerpério e não retornam ao
lactação e à amenorreia, mas há retorno aos níveis pré- estado pré-gravídico após isso.
gravídicos entre 12 e 18 meses após o parto.
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Mamogênese: a preparação do corpo feminino para a


lactação começa ainda durante a gravidez e, em
função dos estrógeno e da progesterona secretados
pela placenta, os seios ficam bem maiores e mais
sensíveis. Eles também ganham mais gordura, os vasos
sanguíneos se dilatam, as aréolas tornam-se escurecidas São sangramentos excessivos que tornam a paciente
e, ao seu redor, surgem pequenos caroços cuja função sintomática (visão turva, vertigem, síncope) e/ou resultam
é secretar uma substância oleosa que limpa, lubrifica e em sinais de hipovolemia (hipotensão, taquicardia ou
protege o mamilo de infecções durante a oligúria). Este distúrbio é a terceira causa mais comum de
amamentação. morte materna durante o parto, após as infecções e
complicações da anestesia.
A secreção e ejeção do leite são garantidas por dois
hormônios hipofisários, respectivamente a prolactina e A hemorragia é mais prevalente na primeira hora após o
a ocitocina. A regulação do volume de leite secretado parto; quando ocorre nas primeiras 24 horas, é
é adaptável às exigências da criança e é modulada chamada de hemorragia primária e, quando ocorre
em parte por uma alça neuronal reflexa que conecta o entre 24 horas e 12 semanas após o parto, é dita
estímulo de sucção à regulação hipotalâmica da secundária.
produção de ocitocina e prolactina. Principais causas: atonia uterina, lacerações do canal
O processo de lactogênese pode ser dividido em três vaginal durante o parto e retenção de fragmentos
fases: placentários.

Fase I: denominada diferenciação secretória, é a fase A atonia uterina corresponde à perda da


capacidade de contração do útero após o parto,
ainda na gestação em que as células epiteliais
o que pode ser consequência de um trabalho de
mamárias se diferenciam em lactócitos com capacidade
parto prolongado ou anormal, de múltiplas
de secretar os componentes do leite. gestações ou da administração de anestésico
Fase II: início da secreção do leite, que ocorre devido miorrelaxante durante o parto.
à queda de progesterona com a dequitação e ao Fatores de risco: período expulsivo do trabalho de parto
aumento da produção de prolactina pela pituitária. prolongado, parto instrumentalizado, sobredistensão
Desse modo, ocorre a apojadura. uterina, uso de medicações e corioamnionite.
Fase III: denominada lactopoese, é o estágio no qual A sobredistensão uterina pode se dar pela
há manutenção da lactação iniciada, sendo presença de macrossomia fetal, por gestação
dependente da sucção regular do bebê e do múltipla ou por polidramnia, em que o líquido
esvaziamento da mama. amniótico é produzido em excesso. A
corioamnionite consiste na inflamação das
Apojadura membranas fetais.
Consiste na descida do leite, ocorrendo entre o 1º e o Ademais, obesidade, alta paridade, parto muito rápido,
3º dia após o parto. A amamentação (sucção de inversão uterina, rotura uterina, acretismo placentário,
colostro) deve ser estimulada desde o parto para dentre outros, também podem ser considerados fatores
promover a liberação de ocitocina, a qual estimula a de risco.
apojadura e contribui para o processo de
miotamponamento. Diagnóstico: a hemorragia é identificada pela perda de
mais que 500 ml após o parto vaginal e de mais que
Colostro: secreção alcalina e amarelada que, em 1000 ml após a cesárea. Na maioria dos casos, a
comparação com o leite materno maduro, possui maior identificação é óbvia, entretanto, deve-se dar atenção
teor de minerais, proteínas, vitamina A e imunoglobulinas aos casos de acúmulo de sangue na cavidade uterina
e menor concentração de carboidratos e gordura. ou intraperitoneal.
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Endometrite
Principal causa de infecção puerperal, atinge o
As infecções puerperais (ou febres puerperais) se referem endométrio. Clinicamente, é caracterizada pela
a qualquer infecção bacteriana do trato genital temperatura corporal de 38,5º a 39ºC, lóquios
feminino no pós-parto recente. A infecção puerperal é purulentos e malcheirosos, útero amolecido e doloroso
polimicrobiana, envolvendo bactérias que migram do ao exame físico e colo permeável. Tem prognóstico
intestino, vagina, períneo e colo uterino. benigno, de modo que poucas vezes evolui para
Sinais clínicos: febre superior a 38ºC, dor peritonite ou tromboflebite pélvica.
abdominal/pélvica, loquiação fétida e purulenta, útero Anexite
doloroso à palpação, subinvoluído e hipotônico,
incisão cirúrgica ou sutura perineal com sinais flogísticos. Infecção das tubas uterinas (salpingite) e dos ovários
(ovarite). As salpingite são mais frequentes e na fase
Fatores de risco: excesso de toques vaginais durante o aguda (endossalpingite) as tubas uterinas se
trabalho de parto, ruptura precoce de membranas, apresentam endurecidas, tumefeitas, com retenção da
lacerações do canal de parto, anemia, uso de fórceps, exsudação purulenta que forma a piossalpinge. Em sua
trabalho de parto prolongado, episiotomia/episiorrafia, fase subaguda pode haver absorção do material, com
cesariana. recuperação parcial do órgão, deixando sequela de
As cesarianas são consideradas o fator de maior obstrução tubária.
risco, devido a probabilidade de ocorrer necrose
tecidual, maior pressão sanguínea ou presença de
Parametrite
bactérias em tecido cirúrgico traumatizado, em Infecção do tecido conjuntivo parametrial que recobre os
vasos miometriais e na cavidade peritoneal. ligamentos uterinos, decorrente de lacerações do colo
uterino e da vagina, de modo que o patógeno se propaga
As infecções puerperais podem acometer vulva, vagina,
pela via linfática. Tem como características principais a
colo uterino, endométrio, tubas e ovários, dentre outros. temperatura elevada por mais de 10 dias, dor intensa ao
Períneo, vulvovaginite e cervicite toque vaginal e endurecimento dos paramétrios.

São decorrentes do trajeto do feto durante o trabalho Tromboflebite pélvica puerperal


de parto e da episiotomia (trauma cirúrgico + presença Consiste em uma enfermidade rara, caracterizando-se pela
de corpo estranho, sutura). formação de coágulo em vasos pélvicos e está relacionada
à infecção. Estão envolvidos vasos ovarianos, ilíacos comuns,
No caso das infecções perineais, geralmente não são hipogástricos, vaginais e a veia cava inferior. A veia ovariana
graves, e podem ser classificadas em: é o sítio comum. Sua patogênese pode ser explicada pela
– Infecção simples: limitada à pele e à fáscia estase venosa ou baixo fluxo sanguíneo,
hipercoagulabilidade e lesão da camada íntima dos vasos.
superficial. Apresenta edema, eritema e pode levar
à deiscência da episiorrafia. Choque septicêmico
– Infecção da fáscia superficial: Como a fáscia
O prognóstico é grave, apesar de não ser tão usual em
superficial tem continuidade com a parede puérperas. O choque é precedido pela septicemia,
abdominal, região glútea e pernas, o edema e o caracterizada por calafrios, febre alta de até 40ºC e
eritema podem se estender até essas regiões. taquicardia. Há a evolução para o choque quando a
– Necrose da fáscia superficial: muito grave; há hipertermia se torna contínua. Paradoxalmente, o útero não
primeiro a formação de edema e eritema e em está doloroso nem aumentado de volume e não há
seguida a pele fica azulada ou castanha com alteração nos lóquios. Indicativos de choque séptico são
aspecto gangrenoso. sudorese, sede, taquicardia, obnubilação mental e
– Mionecrose: Atinge os músculos do períneo. hipotensão.
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Consistem na formação de trombo num vaso com


reação inflamatória (vasculite), que pode começar
como um tromboembolismo aparentemente benigno.
O baby blues (ou blues pós parto) se manifesta em
As complicações tromboembólicas são favorecidas na aproximadamente 50% ou mais das mulheres dentro de
gravidez e no puerpério pela elevação dos fatores de uma semana após o parto, e sua origem está associada
coagulação e pela presença da tríade de Virchow: tanto a questões hormonais – como a queda nos níveis
de estrogênio, que afeta indiretamente o metabolismo
– Lesão ao endotélio vascular;
de neurotransmissores como dopamina, noradrenalina e
– Estase venosa (diminuição do fluxo sanguíneo);
serotonina – como aspectos socioculturais.
– Alterações no sangue (hipercoagulabilidade).
Trata-se de uma condição transitória caracterizada
Sinais clínicos: edema unilateral, hiperemia e dor no
por sintomas depressivos leves, como tristeza, choro,
membro afetado.
irritabilidade, ansiedade, insônia, exaustão e diminuição
Fatores de risco: deambulação tardia, história anterior, da concentração, bem como instabilidade do humor.
varizes, obesidade, idade materna acima de 35 anos, Os sintomas geralmente se desenvolvem dentro de dois
diabetes, cesariana. a três dias após o parto, atingem o pico nos próximos
dias e desaparecem dentro de duas semanas.
Trombose venosa superficial (flebite)
O baby blues é comum e é conceituado como um nível
Inflamação, formação de coágulo e obstrução do fluxo
subclínico de depressão, ou seja, que não é
no sistema venoso superficial, geralmente das safenas.
patológico. Alguns fatores de risco associados ao
Trombose venosa profunda (TVP) quadro são: histórico de mudanças de humor pré-
menstruais, sintomas depressivos anteriores à gravidez ou
Ocorre nas veias profundas da perna, podendo no pré parto; via de parto cesárea; não amamentação;
estender-se para pés e região ileofemural. comprometimento psicossocial e história familiar de
Embolia depressão.

Complicação da TVP em que um coágulo ou parte dele Geralmente o quadro não requer tratamento clínico, e
se desprende (êmbolo) e é levado pelo sistema as mulheres devem receber conforto, segurança e
circulatório alojando-se em alguma artéria e ocluindo-a, amparo por parte de familiares e de suas redes de
geralmente no pulmão; é potencialmente fatal. apoio. O reconhecimento do baby blues é importante
pois, de acordo com dois estudos prospectivos
realizados na Alemanha e na Nigéria, o risco de
depressão pós-parto é aproximadamente 4 a 11 vezes
Inflamação da mama que provoca sintomas como dor, maior entre as mulheres que sofrem de baby blues.
inchaço ou vermelhidão, podendo ser ou não
acompanhada de uma infecção.
As principais causas são obstrução dos canais por onde Embora os sintomas de baby blues e depressão pós
passa o leite ou entrada de bactérias através da boca parto sejam parecidos, na depressão eles costumam ser
do bebé. O ingurgitamento mamário (acúmulo de leite mais profundos, intensos e duradouros (podendo
na mama) também é um fator de risco. durar pelo menos um ano em 30 a 50% dos pacientes).
Torna-se grave quando gera um abscesso, podendo Algumas manifestações são: ansiedade sobre a saúde
evoluir para sepse. do bebê, preocupação com a capacidade de cuidar
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dele, desânimo, desinteresse, insônia, culpa, transtornos


por uso de substâncias e ideação suicida.
A depressão tem início antes ou durante a gravidez em Consiste na morte da mulher durante a gestação ou até
aproximadamente 50% das pacientes, e também pode os 42 dias do pós-parto devido a qualquer causa
se desenvolver como um agravamento do baby blues, relacionada ou agravada pelo estado gravídico.
ou então aparecer meses depois do parto, e o principal
fator de risco é histórico prévio de depressão. Nesse
sentido, ela pode ser evitada, cabendo à mulher, à
família e aos profissionais de saúde um cuidado Geralmente são evitáveis, e resultam de complicações
redobrado para acompanhar de perto possíveis durante a gravidez, o parto ou o puerpério,
alterações comportamentais e intervir quando ocasionadas por intervenções, omissões ou tratamento
necessário. inadequado.
Os tratamentos usuais para depressão também podem As causas mais comuns são a pré-eclâmpsia e a
ser usados para tratar a depressão pós parto, e podem eclampsia, hemorragias, abortamento séptico, infecções
incluir o uso de antidepressivos e o acompanhamento puerperais, embolia obstétrica e complicações
terapêutico com psicólogo ou psiquiatra. As mulheres anestésicas.
que estão amamentando devem evitar certos
medicamentos, mas existem opções seguras que
permitem manter a lactação durante o tratamento.
O acompanhamento profissional é fundamental, pois Resultam de doenças prévias da mãe ou ainda
estudos mostram que a depressão pós parto está desenvolvidas durante a gestação, as quais complicam
associada à má nutrição e saúde do bebê, e pode a gravidez. As causas mais frequentes são diabetes
interferir na amamentação, na construção do vínculo melitos pré-existente à gravidez, hipertensão arterial
entre a mãe e a criança, nos cuidados com o filho e no sistêmica pré-existente, doenças cardiovasculares e
relacionamento com o(a) parceiro(a) da mulher. Além renais pré-existentes ou adquiridas, anemias graves,
disso, apesar de pouco discutido, a depressão pode desnutrição e doenças infecciosas/parasitárias.
atingir de 3 a 5% dos pais e isso também merece
atenção, pois pode interferir na construção do vínculo
paterno-infantil.
Consiste na morte materna após 42 dias e antes de um
ano após o parto, por causas obstétricas diretas ou
indiretas.
A psicose puerperal, por sua vez, é o transtorno mental
mais grave que pode ocorrer no puerpério. Ela tem
prevalência de 0,1% a 0,2%, costuma ter início rápido e
os sintomas se instalam já nos primeiros dias até duas
semanas após o parto. Apesar de poder apresentar
sintomas parecidos com a depressão pós parto (como
irritação, agitação e insônia), se diferencia desta na
medida em que provoca um afastamento ou ruptura
com a realidade, envolvendo delírios, alucinações,
ideias persecutórias e confusão mental. Em quadros
graves, a mulher pode não ser capaz de reconhecer seu
bebê como “seu”, e ideias de infanticídio podem surgir.

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