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TRABALHO DE PARTO
Processo através do qual um útero gravídico, por meio de atividade contrátil, expulsa um feto com idade gestacional igual
ou superior a 20 semanas
Pode ser:
● Pré-termo: 20 a 36 semanas e 6 dias
● Termo: 37 a 41 semanas e 6 dias
● Pós-termo > 42 semanas
O parto é caracterizado por contrações das fibras miometriais, cujas principais funções são a dilatação cervical
e a expulsão do feto através do canal de parto
O diagnóstico é feito por contrações uterinas que resultam em dilatação e/ou apagamento cervical:
● Contrações uterinas regulares (rítmicas), em geral dolorosas, que se estendem por todo o útero.
● Frequência mínima de 02 contrações a cada 10 minutos, duração maior que 15 a 20 segundos,
mantidas após repouso no leito, por período mínimo de 30 minutos.
● Colo uterino dilatado para, no mínimo 2 cm, centralizado e com apagamento parcial ou total, com
modificação progressiva.
Outros sinais, como perda de tampão mucoso, discreto sangramento transvaginal (trabalho de colo) ou mesmo
formação da bolsa das águas, podem acompanhar o TP, porém são sinais variáveis e não devem ser usados
como critério diagnóstico.
É importante ter em mente todos estes critérios para saber diferenciar o verdadeiro do falso trabalho de parto
(contrações de Braxton Hicks) ou mesmo da fase latente do trabalho de parto (pródromos) evitando-se, assim,
internamentos desnecessários e/ou precoces.
1.2 Expulsão
Chamado de segundo período. Desde a dilatação completa (10cm) e se encerra com a saída do feto.
O feto é expelido do útero através do canal de parto por meio da ação conjunta das contrações uterinas e das
contrações voluntárias dos músculos abdominais (puxos).
Nesse período o canal de parto é completamente formado, ou seja, o segmento inferior do útero, o canal
cervical totalmente dilatado e a vagina formam uma única cavidade
● Contração uterina fixa ou globo de segurança de Pinard à quando a fibra uterina adquire maior
tono e se mantém assim até ocorrer a involução puerperal
POSIÇÃO DO FETO
Nomenclaturas
Atitude: posição do corpo. Na maioria das vezes, o feto apresenta atitude de flexão generalizada durante toda
a gestação e o parto > coluna de forma côncava para a parte anterior, enquanto os membros se apresentam
flexionados e anteriorizados. Assim, configura-se uma formação de aspecto oval ou ovoide, com duas
extremidades representadas pelos polos cefálico e pélvico
Situação: relação entre o maior eixo da cavidade uterina e o maior eixo fetal. Três possibilidades de situação
fetal:
● Longitudinal:
● Transversa:
● oblíqua
Apresentação: região fetal que ocupa a área do estreito superior e nela se vai insinuar.
● Apesar de o mecanismo de parto estar dificultado nessas ocorrências, não há necessariamente
impedimento para o parto vaginal. Já que a distocia durante o trabalho de parto pode ser
resultado de mais de um fator (contrações, bacia e feto)
● situação fetal longitudinal >> apresentação: cefálica ou pélvica
● situações transversas >> apresentações córmicas (ou de ombro/transversal), em que o dorso fetal
se apresenta anterior ou posteriormente, ou as apresentações dorsais superior e inferior, em que
o dorso fetal se apresenta superior ou inferiormente
● Na gestação a termo, a situação longitudinal do feto é muito mais frequente que as situações
transversas e oblíquas, assim como a apresentação cefálica fletida é mais comum do que as
restantes
● Procidência ou prolapso: Quando uma parte fetal menor (por exemplo, um dos membros) se
antepõe à apresentação durante o trabalho de parto, ocupando a vagina ou mesmo se
exteriorizando pela vulva.
● Laterocidência, em que a pequena parte fetal em questão desce ao lado e junto de um dos polos
fetais, conceituada nessa ocasião como apresentação composta
--> Mais comum
● Apresentação cefálica fletida, de vértice ou de ocàpício : A atitude fisiológica da cabeça fetal
pressupõe que ela esteja flexionada, com o mento aconchegado ao esterno
● Pode acontecer que a cabeça apresente- se em extensão ou defletida, às custas de afastamentos
do mento (parte inferior e média da face, abaixo do lábio inferior). em relação ao esterno, de graus
variados:
○ No primeiro grau de deflexão, surge, no centro da área do estreito superior, como ponto
de referência fetal, o bregma (apresentação de bregma).
○ No segundo, surge a glabela como ponto de referência fetal (apresentação de fronte).
○ No terceiro, é o mento que surge como ponto de referência fetal (apresentação de face).
● Apresentações cefálicas fletidas com variedade de posição anterior: mais comuns, e apresentam
melhores características para a progressão dos mecanismos de parto.
● Outros tipos de apresentação fetal (fletidas transversas ou posteriores persistentes, defletidas e
pélvicas) são considerados anômalos, por determinados autores, em função de sua baixa
prevalência e por serem causas de trabalho de parto distócico.
Posição e variedade de posição
● Relação do dorso fetal com o lado materno. Assim, diz-se que a posição fetal é esquerda (primeira
posição) ou direita.
MARIA SOARES MED UESB TURMA XVI
● A finalidade da posição é buscar a melhor localização para ausculta cardíaca fetal durante o
trabalho de parto, que será ipsilateral a seu dorso na maioria das vezes
Feto é o objeto que percorre o trajeto(bacia) impulsionado por um motor (contração uterina). Nesse percurso,
o feto é compelido a realizar um certo número de movimentos que se denominam mecanismo do parto, para
se adaptar ao canal
1.Insinuação ou encaixamento: é definida como a passagem do maior diâmetro da parte apresentada, pelo
estreito superior da bacia materna.
● Dessa forma, nas apresentações cefálicas o diâmetro de insinuação corresponde ao biparietal e
nas apresentações pélvicas, ao bitrocantérico
● Para que o encaixamento se dê de forma adequada, deve ocorrer a flexão ou deflexão nas
apresentações cefálicas, e nas apresentações pélvicas, o acomodamento dos membros inferiores
sobre o tronco ou seu desdobramento para baixo à têm por objetivo a redução dos diâmetros
● Completado o encaixamento, inicia-se a descida
● Ocorre assinclitismo (anterior: se a sutura sagital se aproximar mais do sacro, toca de forma
melhor o parietal anterior; pode ocorrer assinclitismo posterior também) ou sinclitismo
4.Desprendimento da cabeça
Se dá porque as contrações uterinas, exercendo pressão para baixo, forçam a descida, e a nuca fetal faz apoio
na arcada púbica, enquanto a sua face distende o assoalho pélvico, que oferece menor resistência sofre
deflexão, deslocando o coccige materno para trás (hipomóclio). Neste momento, ocorre o deslizamento do
occipício sob a arcada púbica e o bregma, a fronte, o nariz e o mento surgem sobre o períneo
5.Rotação externa da cabeça- faz o sentido inverso da rotação interna; retorna o corpo para posição anterior a
rotação interna
MARIA SOARES MED UESB TURMA XVI
Também chamada de restituição por restituir o occipital à sua posição de encaixamento ocorre na realidade.
Ocorre devido à rotação interna das espáduas que alcançando o assoalho pélvico, orientam o diâmetro
biacromial no sentido ântero-posterior, por ser este o maior diâmetro deste estreito
EPISIOTOMIA
PERÍNEO
● Compartimento do corpo, limitado acima pelo assoalho da pelve
○ Fáscia que reverte a face inferior do diafragma da pelve
● A superfície do períneo, a região perineal, é a região estreita em forma de losango entre as partes
proximais das coxas
● Regiões anal e urogenital
● A incisão teria como objetivo proteger o períneo contra lesões por laceração desordenadas, além
de abreviar o tempo de desprendimento evitando sofrimento fetal.
● Uma anestesia local pode ser infiltrada se a analgesia epidural for insuficiente. A episiotomia previne o
estiramento excessivo e a possível laceração irregular dos tecidos perineais, incluindo laceração
anterior. Uma incisão por episiotomia que se estende somente ao longo da pele e do corpo
perineal sem rompimento dos músculos do esfíncter anal (episiotomia de 2º grau) é geralmente
mais fácil de reparar do que um rompimento perineal.
Indicação
A OMS (1996) avalia que determinadas situações, como sinais de sofrimento fetal, progressão insuficiente do
parto e ameaça de laceração de terceiro grau (incluindo laceração de terceiro grau em parto anterior) podem
ser bons motivos para a indicação da episiotomia num parto, até então de evolução normal
Silveira e Riesco (2008) citam sofrimento fetal, macrossomia, prematuridade, episiotomia anterior, elasticidade
restrita, períneo curto, risco de laceração de terceiro ou quarto graus, leucorreia, falta de colaboração materna
no desprendimento e utilização de fórceps como justificativa para o procedimento.
A episiotomia “seletiva” tem sido recomendada; ou seja, não fazer episiotomia deve ser a primeira opção.
Técnica
● A episiotomia pode ser lateral, mediolateral ou mediana (perineotomia), sendo que a primeira
foi praticamente abandonada por relacionar-se a maiores frequências de feixes musculares
lesados e de sangramento [imagem]
● Mediana: incisão na linha intermediária feita a partir do ponto médio da fúrcula vaginal
diretamente para trás, em direção ao reto. Há risco de extensão para o esfíncter retal ou para o
reto com a episiotomia na linha intermediária, mas, se reconhecida prontamente, pode ser
corrigida com sucesso e evoluir bem. Lacerações ou extensões para o reto geralmente podem ser
prevenidas mantendo-se a cabeça do lactente bem flexionada até que a proeminência occipital
passe o arco subpúbico.
○ Apesar das aparentes vantagens da perineotomia, esta só deve ser indicada quando se
observa que o tamanho do feto e a distância entre a fúrcula vaginal e o anus são
suficientes para que não ocorram lacerações perineais de terceiro e de quarto graus.
Aqui pode haver maior probabilidade de lacerações do esfíncter anal. Nesse tipo de
corte são incisadas a mucosa vaginal, a pele e as fáscias superficial e profunda do
períneo;
● Em casos em que não seja possível ter a certeza de que não há risco dessas lacerações, de
maneira geral opta-se pela episiotomia mediolateral direita. Esse procedimento abrange a pele a
mucosa vaginal, a aponeurose superficial do períneo e as fibras dos músculos bulboesponjoso e
transverso superficial do períneo.
○ com atenção especial para garantir que o ângulo esteja a 60 graus da linha média
quando o períneo está distendido.
○ Em geral, esse tipo não se estende para o esfíncter ou reto, mas causa dor
pós-operatória mais intensa, é mais difícil de reparar, tem maior perda sanguínea e leva
mais tempo para cicatrizar do que a episiotomia mediana.
○ quando o ângulo resultante após o parto é maior que 45o em relação à linha média, há
menos lesões perineais de 3o ou 4o grau. No entanto, garantir a precisão deste ângulo é
difícil, pois no período expulsivo ocorre estiramento dos tecidos e dilatação do canal
anal. Quando a episiotomia médio lateral é realizada com intenção de ângulo de mais de
45o, a cicatriz apresenta ângulo resultante de cerca de 20o em relação à linha média do
períneo. A incisão com maior angulação, de 60o, é necessária para que o ângulo
resultante após o nascimento, tenha os 45o desejados.
MARIA SOARES MED UESB TURMA XVI
Além disso, a episiotomia não deve ser realizada sem o consentimento da parturiente, após esclarecimento dos
motivos que justificam sua realização. É necessário assegurar a compreensão da mulher sobre a necessidade
do procedimento, solicitando o seu consentimento, antes da realização da episiotomia, fundamentalmente
antes do início do período expulsivo.