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de centros celulares tipo marcapasso. Além disso, o Também possui efeitos no sistema nervoso central,
GnRH é liberado de modo pulsátil, sendo sua onde estimula um comportamento dócil, possui
periodicidade e amplitude críticas para determinar a efeito antidepressivo e preserva a memória.
liberação correta e fisiológica do FSH e LH (a liberação Quanto ao metabolismo, estimula a deposição de
gordura no quadril e nas mamas. No sistema
pulsátil é essencial para o feedback positivo, pois uma
cardiovascular, promove aumento do HDL e
liberação constante causa inibição da liberação de
redução do LDL, o que é uma vantagem, reduzindo
FSH e LH pela adeno-hipófise). assim o risco cardiovascular. Por fim, quanto a pele e
Há comunicação direta do sistema límbico com os os pelos, os estrogênios proporcionam pele macia,
núcleos hipotalâmicos por diversas vias neuronais, o distribuição pilosa tipicamente feminina e aumento
que explica o motivo de as emoções e o estresse da resistência da pele.
interferirem no ciclo menstrual. Progesterona: envolvido na segunda fase do ciclo
O GnRH chega até a adeno-hipófise por meio do mensal, após a ovulação. No sistema reprodutor, a
sistema porta-hipofisário e desencadeia a secreção de progesterona estimula a secreção endometrial
(preparando o endométrio para a nidação caso
FSH e LH, que agem diretamente sobre os ovários,
haja fecundação), o relaxamento do miométrio, a
induzindo a maturação dos folículos e a secreção de
secreção de muco nas tubas uterinas (para
hormônios ovarianos. movimentar e nutrir o embrião e o espessamento do
O FSH e o LH se combinam a receptores muito muco cervical (pois, se já ocorreu a fecundação,
deve-se impedir a entrada de outro
específicos presentes nos ovários; esses receptores,
espermatozoide). Nas mamas, a progesterona possui
quando ativados, estimulam a secreção das células,
efeito mamogênico.
além de seu crescimento e proliferação. Quase todos os
efeitos apresentados pela presença de FSH e LH A liberação do estrogênio e da progesterona controla
resultam da ativação do sistema de segundo o eixo HHO por meio de um feedback negativo na
mensageiro do monofosfato de adenosina cíclico hipófise, inibindo o FSH e o LH, e no hipotálamo, inibindo
(AMPc). o GnRH.
A progesterona e o estrogênio são secretados pelas Os anticoncepcionais hormonais funcionam por ativarem
células ovarianas sob o estímulo do FSH e do LH, e agem o feedback negativo de modo sintético, pois simulam a
principalmente no útero, preparando-o para a progesterona e o estrogênio. Como eles são
implantação do óvulo fecundado, e na determinação percebidos como verdadeiros, o cérebro entende que
de características sexuais femininas. não é necessário produzir FSH e LH. Dessa forma, tanto
Estrogênios: estão envolvidos na primeira fase do
ciclo. No aparelho reprodutor, suas principais ações
são: produção de muco mais fluido, a fim de
favorecer o ato sexual e a penetração do
espermatozoide, para que a fecundação possa
ocorrer; também aumenta o crescimento uterino, em
especial o endométrio, crescimento das tubas
uterinas e da vagina; nas tubas uterinas, os
estrogênios promovem também o aumento da
atividade ciliar e da contração, tornando mais
fácil a movimentação. Ele também atua na mama,
desenvolvendo-a devido a seu efeito mamogênico,
e promove também a pigmentação da aréola. No
esqueleto ósseo, os estrogênios estimulam a
preservação da massa óssea (pois ativa os
osteoblastos), o crescimento e o fechamento das
epífises (ao se fecharem a menina não cresce mais).
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a ovulação quando a preparação do útero não A duração do ciclo menstrual é determinada pela variação
ocorrem). na duração da fase folicular, ou seja, o tempo necessário
para que o folículo se desenvolva e atinja sua maturidade.
As células que compõem a teca interna possuem 4. Folículos de Graaf (folículos maduros): com a
receptores para LH na membrana plasmática, e estas produção de mais fluido, gotículas individuais de líquido
células assumem características ultraestruturais de células folicular coalescem formando uma câmara única cheia
produtoras de esteroides. As células da teca interna de líquido, o antro folicular. O oócito se projeta para
produzem o hormônio sexual masculino dentro do antro formando o cúmulo oóforo, e a
androstenidiona, o qual penetra nas células da camada granulosa se organiza de modo que uma
camada granulosa, onde é convertido pela enzima camada de células circunde o ovócito no cúmulo
aromatase no estrógeno estradiol. As células da oóforo, formando a corona radiata.
camada granulosa estão separadas da teca interna
por uma espessa lâmina basal.
transdérmicos, anéis transvaginais ou método de Além disso, os métodos contraceptivos podem ser
lactação-amenorreia (MLA, temporário). Somados, classificados por meio dos seguintes tipos:
a taxa de fracasso esperado varia entre 3 e 9%
1. Métodos comportamentais: tabelinha (Ogino-Knaus),
durante o primeiro ano. Essa alta taxa é
temperatura basal, muco cervical (Billings), sintotérmico,
provavelmente reflexo do uso inadequado sem
coito interrompido e lactação;
nova dosagem no intervalo apropriado.
2. Métodos de barreira: preservativos masculino e
Métodos de terceira linha: a incluem métodos de
feminino (camisinha), diafragma, esponjas espermicidas;
barreira para homens e mulheres, assim como
métodos de consciência corporal, como as tabelas 3. Dispositivos intrauterinos (DIUs): DIU de cobre, SIU de
com base no ciclo menstrual. A taxa de fracasso levonorgestrel (Mirena);
esperada varia entre 10 e 20% no primeiro ano de
uso. Contudo, a eficácia aumenta com o uso 4. Contracepção hormonal: contraceptivos hormonais
consistente e correto. combinados (CHCs, incluindo pílulas contraceptivas de
uso oral, injetável mensal, adesivo transdérmico e anel
Métodos de quarta linha: fórmulas espermicidas, intravaginal) e contraceptivos apenas de
que têm taxa de fracasso alta, entre 21 e 30% no progestogênio (COPs);
primeiro ano de uso.
5. Contracepção cirúrgica: vasectomia ou ligadura
O coito interrompido, pela alta imprevisibilidade, é tubária (laqueadura ou LT);
desconsiderado como método contraceptivo.
6. Contracepção de emergência.
Critérios de elegibilidade
Servem de guia para o profissional de saúde definir,
junto à mulher, qual o método contraceptivo mais
adequado ao estado de saúde da paciente. Dessa
forma, a partir de critérios como comorbidades,
medicações em uso e antecedentes médicos, o método
pode ser ou não indicado para a paciente. Os
métodos podem ser categorizados de 1 a 4, em função
do perfil de segurança que oferecem:
1. Estado de saúde sem qualquer restrição para o uso
do método contraceptivo;
2. Estado de saúde no qual as vantagens de usar o
método superam os riscos teóricos ou comprovados;
3. Estado de saúde no qual os riscos superam as
vantagens de usar o método. o método não deve
ser usado, a menos que o profissional de saúde julgue
que a mulher pode usá-lo com segurança. Deve ser o
método de última escolha e, caso seja escolhido, um
acompanhamento mais rigoroso se faz necessário;
4. Estado de saúde que implica risco de saúde
inaceitável com o método contraceptivo
considerado, de modo que o método deve ser
totalmente desconsiderado.
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Diafragma
Consiste em um disco de borracha ou látex, colocado
na vagina, recobrindo colo do útero para impedir a Seu índice de sucesso depende fundamentalmente da
entrada de espermatozoides. Possui vários tamanhos, paciente. Com isso, na prática seu índice de falhas
por isso, antes do início do uso, é necessária uma aumenta consideravelmente decorrente do uso
consulta com o ginecologista para ser indicado o incorreto.
tamanho mais adequado para a paciente. Geralmente Contraceptivos hormonais combinados (CHCs)
é usado em associação aos espermicidas, adquirindo
em conjunto um bom índice de efetividade. Combinam um estrógeno e um progestogênio no mesmo
método. Desse grupo fazem parte as pílulas
contraceptivas de uso oral, o injetável mensal, o
adesivo transdérmico e o anel intravaginal.
Sistema intrauterino com liberação de levonorgestrel:
Mecanismo de ação: inibição da ovulação por
Comercializado como Mirena, atua liberando supressão dos fatores liberadores de gonadotrofina
levonorgestrel a uma taxa relativamente constante de hipotalâmica, o que impede a secreção hipofisária do
20 mg/dia (a dose pequena reduz os efeitos sistêmicos). hormônio folículo-estimulante (FSH) e do hormônio
O levonorgestrel é um tipo de progestogênio sintético. luteinizante (LH). Os estrogênios suprimem a liberação
de FSH e estabilizam o endométrio impedindo a
Mecanismo de ação: transformação do ambiente
metrorragia (sangramento uterino excessivo ou fora do
uterino em um ambiente hostil aos espermatozoides,
período menstrual); os progestogênio inibem a
evitando a sua chegada até as trompas ou tendo
ovulação bloqueando o pico do LH, que permanece
efeito espermicida. Assim, o progestogênio torna o
em seus níveis basais, além de produzirem espessamento
endométrio atrófico; estimula a produção de muco
do muco cervical para retardar a passagem dos
cervical espesso que bloqueia a penetração dos
espermatozoides, tornando o endométrio desfavorável
espermatozoides no útero e talvez reduza a motilidade
à implantação.
das tubas, o que evitaria a união de óvulo e
espermatozoide.
Contraceptivos orais combinados (COCs)
DIU de cobre:
São um tipo de CHC e podem ser denominados também
Dispositivo revestido de cobre que não envolve o uso como contraceptivos orais, pílulas anticoncepcionais
de hormônios e pode permanecer no útero por até 10 ou, simplesmente, pílulas. O principal estrogênio utilizado
anos. nos COCs é o etinilestradiol, mas novas formulações
podem conter o estradiol e o valerato de estradiol,
Mecanismo de ação: por meio de ação iônica, o
que são estrogênios naturais. De acordo com o tipo de
cobre cria um ambiente hostil para o espermatozoide,
progestagênio usado, os COCs podem ser
impedindo que ele se encontre com o óvulo. Além disso,
classificados em primeira, segunda e terceira geração.
a intensa reação inflamatória local induzida dentro do
útero pelos dispositivos que contêm cobre leva à Os COCs de primeira geração são os que
ativação de lisossomos e outras ações inflamatórias que possuem levonorgestrel (progestágeno) associado
têm ação espermicida; mesmo em uma improvável a 50 mcg de etinilestradiol. Já as de segunda
possibilidade de haver fertilização, a mesma reação geração, contém o etinilestradiol em doses menores,
inflamatória passa a ser dirigida ao blastocisto e impede associado ao levonorgestrel. Se a pílula tiver
a implantação. desogestrel ou gestodeno associado ao
progestágeno, são denominadas de terceira
geração.
Alguns medicamentos como anticonvulsivantes,
antibióticos, antifúngicos e antirretrovirais estão
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adversos, pode estar presente o sangramento deve também ter o consentimento do cônjuge e se
intermenstrual, edema, ganho de peso, acne, náuseas, for incapaz, deve ter a autorização judicial.
mastalgia, cefaleia, alterações do humor e redução da Vasectomia (esterilização masculina)
densidade mineral óssea. É aplicado via intramuscular
na nádega ou músculo deltoide a cada três meses. Procedimento no qual se faz uma secção no ducto
deferente por meio de uma incisão no saco escrotal, e
Implante subdérmico que não altera o aspecto do sêmen e não afeta o
desempenho sexual.
É composto por progestágenos como o etonogestrel
(Implanon, duração de 3 anos) e o levonorgestrel A esterilidade pós-vasectomia não é imediata e seu
início não pode ser previsto com segurança. O
(Norplant, duração de 5 anos). Esse dispositivo é
período para que se complete a eliminação de
implantado na parte subdérmica do antebraço, entre os
todos os espermatozoides acumulados distalmente
músculos bíceps e tríceps (para ser retirado, é preciso à interrupção do ducto deferente é variável e requer
fazer uma pequena incisão sob anestesia local). aproximadamente três meses ou 20 ejaculações
Mecanismo de ação: o implante atua inibindo a ação
do LH, impedindo a ovulação. Além disso, leva a atrofia
endometrial e alteração do muco cervical, que se torna Ligadura tubária (esterilização feminina ou laqueadura)
impenetrável aos espermatozoides. Por não apresentar Procedimento geralmente realizado com obstrução ou
um componente estrogênico que estabiliza o secção das tubas uterinas para impedir a passagem do
endométrio, pode ocorrer como efeito adverso o óvulo e, consequentemente, sua fertilização.
spotting (“escape” ou sangramento pequeno causado
pela alteração do fluxo, típico do uso de Há três métodos, além de suas variações, utilizados
progestogênios isolados). para ligadura tubária. Tais métodos incluem
aplicação de diversos anéis ou clipes permanentes
às tubas uterinas, eletrocoagulação de um
segmento ou ligadura propriamente dita com fio de
A contracepção cirúrgica consiste em método sutura, com ou sem remoção adicional de um
segmento da tuba.
considerado irreversível ou definitivo, podendo ser
masculina com a vasectomia ou feminina com a ligadura
tubária (LT ou laqueadura).
A Lei 9263 de 12/01/1996, também conhecida
como Lei do Planejamento Familiar, regulamenta o
Amplamente popularizada como “pílula do dia
seu uso no Brasil, sendo indicado somente nas
seguinte”, pode se dar por meio de métodos como os
seguintes situações:
compostos contendo esteroides sexuais e os compostos
1. Homens e mulheres com capacidade civil plena e antiprogesterona.
maiores de 25 anos de idade OU, pelo menos, com
dois filhos, desde que observado o prazo mínimo de Mecanismo de ação: varia de acordo com o período
60 dias entre a manifestação da vontade e o ato do ciclo menstrual no qual é utilizado. Se o uso ocorre
cirúrgico; na primeira fase do ciclo, antes do pico do LH (hormônio
luteinizante), ele altera o desenvolvimento folicular,
2. Risco à vida ou à saúde da mulher ou do futuro
concepto, desde que tenha relatório escrito e
impedindo ou retardando a ovulação. Já quando é
assinado por dois médicos. usado na segunda fase do ciclo menstrual, ou seja, após
a ovulação, ele modifica as características do muco
Para fazer a esterilização é necessário o registro da cervical, deixando-o mais viscoso e com isso alteração
expressa manifestação da vontade da paciente em o transporte dos espermatozoides.
documento escrito e firmado. Caso seja casada,
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imunodeprimidos, incluindo os infectados pelo HIV, elas A infecção do trato genital inferior pelo HPV é dividida
podem adquirir dimensões extraordinárias. em:
Caracterizam-se por apresentar ardor, prurido, Clínica: é a forma que se pode evidenciar a olho nu; são
formigamento e adenomegalia, que podem anteceder as verrugas genitais, também denominadas de
a erupção cutânea. Hiperemia aparece alguns dias condilomas acuminados.
após e depois evoluem para vesículas agrupadas, que,
Subclínica: seu diagnóstico só é possível por meio de
depois, se rompem formando exulceração dolorosa
recursos de magnificação (lente de aumento,
seguida de cicatrização. O vírus migra pela raiz nervosa
colposcopia e microscopia).
até alojar-se num gânglio neural, onde permanece
quiescente até a recidiva seguinte. Latente: é a identificação de sequências de DNA-HPV
com técnicas de biologia molecular em indivíduos com
tecidos clínica e colposcopicamente normais.
A infecção pelo papilomavírus humano (HPV) se Nas fases clínica e subclínica, os vírus se reproduzem
destaca como uma das doenças sexualmente rapidamente, liberando grande número de novas
transmissíveis (DST) mais comuns no mundo. Hoje, sabe-se partículas virais, para infectar outras células. A
que o HPV é o segundo agente mais oncogênico, multiplicação do vírus produzirá alterações celulares. As
superado apenas pelo tabaco. O HPV é responsável células desenvolvem halos perinucleares (coilocitose),
por 100% dos casos de câncer do colo do útero, 88% acantose, atipia citológica, multinucleação e
dos casos de câncer anal, 70% dos casos de câncer vacuolização citoplasmática. A maioria dos indivíduos é
vaginal, 50% dos casos de câncer do pênis, 43% dos capaz de eliminar espontaneamente a infecção por
casos de câncer de vulva e 26 a 50% dos casos de meio do sistema imune em período médio de oito meses
câncer de orofaringe no mundo. O HPV também é para os vírus de baixo risco oncogênico e 13 meses
responsável por outras doenças importantes, entre elas para os HPV de alto risco. Em uma pequena minoria, a
as verrugas genitais, papilomatose respiratória infecção pelo HPV torna-se persistente levando à
recorrente e tumor de Buschke-Lowestein. neoplasia e câncer genital.
O HPV tem a capacidade de codificar oito Na infecção latente, o DNA viral reside no núcleo em
proteínas maiores, das quais as oncoproteínas E6 forma epissomal (o DNA do vírus permanece livre no
e E7, presentes nos tipos de HPV de alto risco núcleo da célula do hospedeiro sem se ligar ao DNA
merecem maior destaque, pois estão associadas às do hospedeiro), porém não produz nenhuma alteração
funções de transformação e imortalização (câncer). no tecido (por isso, só pode ser detectada por métodos
A proteína carcinogênica E6 liga-se e inativa a
de biologia molecular) . A imunodepressão fisiológica ou
proteína supressora tumoral do hospedeiro (p53),
patológica são fatores que podem ativar o vírus.
evitando, dessa maneira, o reparo do defeito
genético e a apoptose. A E7 se liga e inativa a
proteína supressora tumoral pRB, liberando, assim, os
fatores de transcrição E2F, que participam do
estímulo à síntese de DNA na célula do hospedeiro.
E7 também se liga e ativa complexos de ciclina
como a p33cdk2, que controla progressão, por
meio do ciclo celular. Assim, E7 ativa células
quiescentes para o ciclo celular, e E6 remove o
mecanismo de segurança da apoptose, que
normalmente é ativado quando existe grande
defeito de DNA ou progressão de ciclo celular não
programado. O efeito combinado resulta em um
fenótipo com mutação em que a célula se perpetua
de modo desregulado.