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FISIOLOGIA DO CICLO MENSTRUAL

FASES DE VIDA DA MULHER


○ Intrauterina: podem ocorrer erros genéticos, como más formações vaginais, pseudo-
hermafroditismo, hermafroditismo verdadeiro.

○ Infância: período não reprodutivo, onde não há amadurecimento do eixo hipotálamo-


hipófise ovariano, desenvolvimento dos caracteres sexuais secundários, menstruação e
risco de gravidez.

○ Adolescência (11 aos 18 anos): é a transição entre o período não reprodutivo (infância) e
o período reprodutivo (menacme). Ocorre a menarca, um gatilho passar a funcionar e induz
o início do amadurecimento do eixo hipotálamo-hipófise, com período de ovulação.

* Momento em que começa o eixo passa a funcionar, mas ainda existe uma imaturidade do
sistema neuro endócrino  ocorre a menarca, fenômeno mais importante da puberdade.

* Média da menarca: entre 9 e 13 anos. Antes dos 13 anos pode-se suspeitar de uma
puberdade precoce e depois dos 14 anos se suspeita de uma puberdade tardia.

* Há a esteroidogênese, desenvolvimento dos caracteres sexuais secundários


progressivamente e culminam com o estirão de crescimento.

* Nos 2 anos depois da menarca, devido a imaturidade do eixo os ciclos são irregulares por
haver períodos anovulatórios (pode-se apresentar com quadros hemorrágicos).
- Pode haver períodos de alto fluxo ou períodos de atraso menstrual.
- Os períodos de alto fluxo ocorrem pela proliferação excessiva do endométrio  podem
ocorrer de formas impactantes e causar até hemorragias (podem ser até uma via de
descoberta de trombofilias) = anemia vai ser o principal sinal

○ Menacme (entre 18 a 40 anos): é a fase adulta da vida da mulher, sendo a fase ideal para
a gravidez do ponto de vista orgânico e psicológico. Atualmente, o problema da gravidez na
adolescência não é orgânico e sim psíquico e social.

○ Climatério: é a transição entre o período reprodutivo e não reprodutivo, em que o ovário


vai perdendo a capacidade de produzir hormônios (esteroidogênese) e a ovulação é
irregular. Mulher passa a ter ciclos anovulatórios, portanto não há menstruação. Há o
esgotamento folicular no ovário (ovulações irregulares), e a última menstruação
(menopausa, ou seja, última menstruação e a mulher fica mais de um ano sem
sangramento).

* Menopausa: é a última menstruação, ocorre por falência ovariana.


* Pós menopausa é o período de um ano após a última menstruação. Pode ocorrer
sangramentos nesse período (não é menstruação, pode ocorrer por atrofia do endométrio
e exposição do miométrio) – Sangramento pode significar um câncer de endométrio.

○ Senilidade: período que procede a menopausa.

Obs.: ACO estendido


- Endométrio afina e se mantem fino por ação hormonal, principalmente da progesterona.

◘ HORMÔNIOS
○ Substância química fabricado pelo sistema endócrino ou
também pelo neurônio;
○ Biossinalizador;
○ Do grego ormao, evocar, ou seja, carregado do órgão que o produz a outro pelo sangue;
○ Estimular ou inibir (reguladora) outros órgãos;
○ Fundamental nas Funções fisiológicas  fundamental

→ A fisiologia menstrual é marcada basicamente pela ovulação (ovário) e menstruação


(útero), conectadas e interligas pelo sistema neuroendócrino, o eixo hipotálamo-hipófise
ovariano (deve estar íntegro em seu funcionamento para que possa ocorrer o ciclo
menstrual de forma adequada).

- O uso de pílulas mascara as patologias que podem afetar a mulher. As mulheres que
fazem contracepção hormonal possuem um ciclo medicamentoso, portanto perde-se o
‘’reloginho’’ que mostra que o sistema endócrino está funcionando bem.

Obs.: muitas vezes, só vai se conhecer o parâmetro hormonal da mulher quando esta para
de tomar pílula para poder engravidar, tomando-se assim conhecimento de patologias que
foram mascaradas por uso dos hormônios artificiais, como a Síndrome Anovulatória,
Síndroma do ovário policístico (mais frequente na mulher).

 Pílula: é dado estrogênio e progesterona, portando faz feedback negativo e a mulher


para de ovular.
- As pílulas com pausa fazem a mulher sangrar porque derrubam a concentração dos
hormônios.
- Pílulas contínuas fazem atrofia do endométrio, deixam ele bem fino.
- Fisiologicamente é o corpo lúteo, após a ovulação que produz a progesterona; se a
mulher toma pílula, ela não ovula.

◘ Integridade anatômica e funcional do eixo/unidade

○ Eixo hipotálamo-hipofisário ovariano: O hipotálamo produz o GNRH (hormônio liberador


de gonadotrofinas é um decapeptídeo produzido por neurônios do núcleo arqueado do
hipotálamo. Durante o ciclo menstrual, para exercer sua ação moduladora sobre a hipófise,
esse neuro-hormônio é secretado de forma pulsátil) que age na hipófise induzindo a
produção do FSH (hormônio folículo estimulante) e LH (hormônio luteinizante). Este
hormônio irá agir no ovário, na parte cortical e no folículo ovariano induzindo a produção
de esteroides (estrogênio e progesterona) que agirão no útero, especificamente em sua
camada interna, o endométrio. Os esteroides também agirão em outros tecidos, como
pele, mama, vasos e osso.

Pico de LH: faz a ovulação acontecer -> rompe o folículo


Corpo lúteo produz a progesterona -> freia a descamação do endométrio
Estrogênio: prolifera o

FSH LH

Útero + órgãos alvo

- Há uma ação direta sobre esse eixo neuroendócrino, do córtex cerebral e do sistema
límbico (estresse, aspectos emocionais, transtornos da mente, ansiedade, depressão).
- Tudo chega no ovário através da artéria ovariana
- Alças de feedback fazem a regulação
○ Durante o período de reprodução, a mulher passa por dois ciclos: o ciclo ovariano e o
endometrial (ilustrado na figura).

→ No ciclo ovariano: inicialmente o FSH irá agir nas células foliculares estimulando a
maturação, chamada de fase folicular ou inicial, havendo assim a formação do folículo
maduro (Folículo de Graaf), o fenômeno da ovulação (quando há um pico de LH) em que
há a rotura do folículo ao redor do 14° dia, e logo após há a fase lútea, com a formação do
corpo lúteo (ou corpo amarelo), que irá involuir formando o corpo albicans. Durante a fase
folicular há a produção principalmente de estrogênio, e na fase lútea (pós-ovulatória), há a
produção de progesterona.
Folículo Maduro ou De
Graaf

→ No ciclo endometrial: enquanto no ovário, sob a ação do FSH, há a fase


folicular com a produção do estrogênio, no útero se inicia a fase
proliferativa (este se prolifera devido a própria ação do estrogênio) “A Fase
Folicular e a Fase Proliferativa ocorrem simultaneamente”. Quando ocorre
a ovulação , o endométrio passa a ser secretivo (mudando seu aspecto
morfológico) “A Fase Lútea e a Fase Secretora ocorrem simultaneamente”.
O organismo da mulher se prepara todo mês para o fenômeno da fecundação
e, n ão ocorrendo a gravidez, há uma queda dos esteroides, e assim o
endotélio sofre necrose e descamação, havendo assim a menstruação. Se a
mulher engravidar, o ovário fica funcionante até a 13ª semana de gestação,
com a produção de progesterona, mantendo a gravidez, até o momento em
que a placenta irá assumir a produção hormonal.

◘ Ciclo ovariano, como é desencadeado?

→ O folículo ovariano é uma glândula (altamente funcionante ) que age


mediante a estímulos hormonais originados do SNC . Em estudos feitos em
animais, observou -se que o gatilho, para a maturação dos folículos, ocorre
no ovário. De maneira geral deve haver uma sincronia entre todo o eixo para
que a mulher entre em seu período reprodutivo.

→ A mulher, em sua vida intrauterina, já possui seus folículos primordiais formados (7


milhões), que decaem em qu antidade conforme os anos se passam (2-3 milhões ao
nascimento, 200-300 mil na puberdade), sendo que a mulher terá, em média, apenas 400
rupturas foliculares, não levando em consideração o uso de contraceptivos orais.
→ O início da maturação é desconhecido, mas ele independe das gonadotrofinas, e
continua ao longo da vida.
◘ Ciclo ovariano, quem controla?

→ Quem é responsável por controlar a maturação do folículo ovariano são os sistemas de


feedback, sejam esses positivos ou negativos. Assim os esteroides sexuais agirão na hipófise
e no hipotálamo, inibindo ou estimulando a produção hormonal.

Existem inibinas e ativinas (descobertas atualmente), que agem no desenvolvimento


folicular e lúteo, e na regulação da secreção de FSH (utilizadas também para avaliar a
reserva ovariana – inibina B).

◘ Controle integrado do eixo

*Estradiol baixo  feedback positivo FSH e negativo LH (hipófise anterior)


*FSH  recrutamento folicular  estradiol

Fase pré ovulatório


Estrogênio limiar crítico 

FSH Recrutamento ↑ produção do


folicular Estradiol
FB +

↓ Estradiol
FB -
LH

Fase Folicular

LH ↑ produção do LH Fará com que haja a

rotura Folicular FB +

↑ Estradiol FB -

FSH
→ No início da maturação do folículo, há a maturação das células tecais ao redor, e das
células da granulosa que formam a camada interna. O folículo inicialmente é mais
androgênico, e o substrato para a esteroidogênese é o LH e o LDL (colesterol), tendo-se
assim relação com a alimentação (observa-se nas meninas, que a menarca e o
desenvolvimento dos caracteres sexuais secundários ocorrerem mais precocemente do que
antigamente). As células tecais produzirão a progesterona, e os androgênios e as células
da granulosa sob a ação do FSH, haverá o processo de aromatização (processo enzimático),
produzindo assim os estrogênios.

→ Na Luteinização haverá a formação do corpo lúteo ou corpo amarelo (aspecto vacuolado


da granulosa e com pigmento amarelado), ocorrendo após 8 dias da ovulação. Nesse
momento há um desvio da esteroidogênese para a produção da progesterona (ocorre no
ciclo na fase lútea). Se não há a fecundação, haverá um feedback negativo sob as
gonadotrofinas e a formação do corpo albicans.

Lembrar das 3 fases do ciclo ovariano: folicular, ovulatória e lútea!!!


◘ Ação dos Hormônios nos órgãos-alvo

○ Útero: enquanto no ovário, sob a ação do FSH, há a fase folicular com a produção do
estrogênio, no útero se inicia a fase proliferativa (este se prolifera devido a própria ação do
estrogênio) “A Fase Folicular e a Fase Proliferativa ocorrem simultaneamente”. Quando
ocorre a ovulação, o endométrio passa a ser secretivo (mudando seu aspecto morfológico)

“A Fase Lútea e a Fase Secretora ocorrem simultaneamente”. O organismo da mulher se


prepara todo mês para o fenômeno da fecundação e, não ocorrendo a gravidez, há uma
queda dos esteroides, e assim o endotélio sofre necrose e descamação, havendo assim a
menstruação. O útero é um espelho da função ovariana.

No útero haverá então:


▪ Fase Menstrual;
▪ Fase Proliferativa;
▪ Fase secretora.

Foto de histeroscopia Pós ovulação, há a fase no Não ocorrendo a gravidez


(exame endoscópio do endométrio chamada de fase há o processo de necrose.
Na foto o endométrio já
útero) do endométrio secretora, na imagem está no período pré-
em sua fase observa-se o “aspecto menstrual.
proliferativa, e no espelhado e bolinhas
ovário haverá a fase brancas”, são as glândulas
folicular. que conferem esta
característica secretora. – Ex:
22º dia

* Exame padrão ouro para verificar ovulação = USG

○ Colo uterino / Muco Cervical → o


estrogênio aumenta a produção e a
secreção das glândulas do colo do útero,
induzindo a produção de muco, com
aspecto nesta primeira fase de ação de
estrogênio, de cristalização e filância
(importante para permitir a gravidez, ou
seja, propicia a ascensão do espermatozoide). Já no período de secreção, na fase pós-
ovulatória, haverá a ação da progesterona, que irá induzir a produção de um muco mais
denso, formado por sódio e mucina (este será protetor da gravidez, sendo este o formador
do tampão mucoso perdido pela grávida no final da gravidez).
Na imagem da página anterior: observa-se o colo com o muco de aspecto catarral e
bastante elástico.

*Muco bastante elástico, quando colocado em uma placa e cristalizado, apresenta o


aspecto de uma folha de samambaia.

○ Vagina → sobre o epitélio vaginal, haverá a ação do estrogênio, que estimulará as células
epiteliais e superficiais (em um esfregaço se observará a célula com um núcleo picnótico).
Este hormônio será responsável pela maturação, sendo que esta poderá ser avaliada
através do Índice de Frost, sendo este uma relação entre as células profundas,
intermediárias e superficiais. Lembrar que o epitélio vaginal, assim como o da ectocervice
do colo uterino, possui estas 3 camadas, influenciadas pela ação hormonal. O estrogênio irá
agir mais nas células superficiais e a progesterona nas células intermediárias.
*Na gravidez o epitélio vaginal fica muito ácido para evitar a proliferação de bactérias e
proteger o feto.

Neste quadro observa-se como se avalia, pelo epitélio vaginal, toda a ação hormonal nas
diferentes fases da vida da mulher. No RN observa se que o epitélio vaginal está com suas
3 camadas, devido a ação hormonal da mãe. Na infância, não há produção hormonal,
assim o epitélio fica “fininho”. Na puberdade começam a desenvolver as 3 camadas
(epitélio escamoso ou estratificado). Na fase adulta as 3 camadas estão bem formadas,
importante para a produção do ácido lático, sendo este responsável pelo pH ácido da
vagina (↑ bacilos de Doederlein). Na gravidez, a fase intermediária fica mais
proeminente, formando as células naviculares, aumentando o pH vaginal (mecanismo de
proteção, evitando a ascensão de bactérias). Na menopausa, devido a falta de ação
hormonal, ficará “fininho” igual na infância.
Na vagina da criança e da mulher menopausada não haverá a produção de ácido lático,
de glicogênio, o pH ficará alcalino, e a microbiota será constituída por cocos.
Lâmina de um esfregaço vaginal, em que mostra uma célula superficial com o
núcleo picnótico, que é o que predomina durante a primeira fase de ação estrogênica.

○ Temperatura basal → há aumento da temperatura basal pela ação da progesterona. A


mulher que ovula possui um ciclo ovulatório bifásico, onde ocorre uma elevação da
temperatura no pós-ovulatório (em torno de 0,3 a 0,8 °C). Era muito comum antigamente a
mulher receber um calendário, em que anotava a sua temperatura, sabendo o momento
em que estava ovulando.

Esta imagem ilustra como tudo


ocorre simultaneamente,
observando o ciclo ovariano,
desde o folículo primário até a
rotura folicular e a formação
do corpo lúteo e o ciclo
endometrial com suas 3 fases
(proliferativa, secretora e
descamativa).
Observa-se também a
alteração da temperatura basal
(Ver vídeodos slides27, 28, 29 e 30)
e das células do epitélio
vaginal.

○ Mamas → possui uma resposta ao estrogênio e a progesterona diferente do endométrio,


havendo a maior proliferação das glândulas mamárias no período secretivo (ao contrário do
útero), aumenta mitose, vasodilatação e edema. Na fase proliferativa do útero a mama se
caracteriza por pouca atividade celular.
▪ Fase proliferativa → pouco desenvolvida, pequena
atividade celular; ▪ Fase secretora → mitose,
vasodilatação e edema.
É devido a isso que a mulher no período pré-menstrual tem aumento de sensibilidade, a
mama se torna dolorosa (há a maior ação da progesterona).
Existe uma droga muito utilizada em pacientes com CA de mama, chamada de Tamoxefeno,
tendo esta ação protetora da mama, diminuindo a proliferação celular da mama. No
endométrio tem uma ação contrária, pois estimula a proliferação de cálulas.

○ Gerais → existem outros locais em que esses hormônios irão atuar: em fenômenos
vasculares, coagulação e psiquismo.

- Mulher que toma pílula não tem cisto funcional  só cisto verdadeiro
- Mulher que toma pílula não tem cisto ovariano roto hemorrágico  se aparecer é
endometriose (tecido de endométrio no ovário)

◘ Como é encerrado?

Tudo é encerrado com o esgotamento folicular ovariano, e hipogonadismo (diminuição do


funcionamento do ovário). Quando isso ocorre a hipófise, por feedback positivo, aumenta a
produção das gonadotrofinas (FSH e LH), na tentativa de estimular o ovário (período
hipergonadotrófico). Este é o perfil da mulher na fase do climatério.

◘ Fatores que podem interferir

○ Existem outros fatores que podem interferir na fisiologia do sistema reprodutor feminino,
como o estresse, a atividade física (atletas), o sistema líbico, o aumento da endorfina, a
diminuição do FSH e LH, aumento da prolactina e diminuição da dopamina, todas levando a
amenorréia em alguns casos.

○ Estados de hipotireoidismo e hipertireoidismo podem levar a infertilidade. A


hiperprolactinemia também pode interferir de maneira direta.

○ Em situações de patologias, deve-se sempre solicitar TSH e prolactina, pois pode se tratar
de um fator que está interferindo na fertilidade da mulher.
O conhecimento do normal é essencial para saber diferenciar se algo é patológico ou não,
além da visão integral da mulher, oferecendo o tratamento adequado quando necessário.

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