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1. ESTUDAR A FISIOLOGIA DO CICLO MENSTRUAL E ANATOMIA DO SISTEMA ● Na fase folicular, os pulsos de GnRH têm maior frequência e menor amplitude.

Na
FEMININO; fase folicular tardia, há aumento tanto da frequência quanto da amplitude dos pulsos.
Ciclo menstrual: corresponde ao conjunto de alterações hormonais cíclicas que tem por ● Já na fase lútea ocorre o contrário: os pulsos têm menor frequência e maior
objetivo a liberação de um óvulo maduro e o preparo do endométrio para a implantação amplitude, mas essa última vai declinando progressivamente ao longo de duas semanas. A
embrionária. Por definição, o primeiro dia do ciclo menstrual corresponde ao primeiro dia variação desses pulsos é muito importante, pois é o que permite variar as concentrações de
da menstruação e termina logo antes da menstruação seguinte; FSH e LH durante todo o ciclo. Depois de produzido, o GnRH é conduzido para a
adeno-hipófise através da circulação porta-hipofisária.
➔ Valores-padrão de uma menstruação normal: A hipófise, ou glândula pituitária, está localizada na sela túrcica (fossa hipofisária do osso
Frequência: de 24 a 38 dias; esfenoide). É formada pela hipófise anterior, ou adenohipófise, e a hipófise posterior, ou
Regularidade: variação ≤ 7 a 9 dias. neurohipófise. A neurohipófise é composta de tecido neural e pode ser vista como uma
A menstruação normal não deve ter mais que sete a nove dias de diferença entre os ciclos extensão direta do hipotálamo. A adeno-hipófise é composta de tecido glandular e produz
mais curto e mais longo. as gonadotrofinas (FSH e LH), prolactina (PRL), hormônio estimulante da tireoide (TSH),
Duração: ≤ 8 dias. A duração da menstruação é o número de dias de sangramento em um hormônio do crescimento ou somatotrófico (GH) e hormônio adenocorticotrófico (ACTH), em
único ciclo menstrual. resposta aos seus respectivos hormônios liberadores hipotalâmicos, exceto a prolactina, que se
Volume: ≤ 80ml. A definição clínica é subjetiva e definida como um volume que não interfere encontra sob regulação inibitória da dopamina.
na qualidade de vida física, social, emocional ou material da mulher. A definição objetiva
considera como normal o volume ≤ 80ml por ciclo. 1. FSH (hormônio folículo estimulante): responsável pelo recrutamento e
desenvolvimento folicular;
O ciclo menstrual é regulado por mecanismos de feedback de hormônios que agem sobre o 2. LH (hormônio luteinizante): responsável pela luteinização dos folículos e ovulação;
sistema nervoso central (SNC). 3. Prolactina: responsável por produção de leite pela glândula mamária, porém tem importantes ações
O hipotálamo produz o GnRH (hormônio liberador de gonadotrofinas) que, secretado de metabólicas sistêmicas;
forma pulsátil, chega à adenohipófise através da circulação porta-hipofisária e estimula a 4. GH: atua, basicamente, no crescimento linear e composição corporal;
produção das gonadotrofinas LH (hormônio luteinizante) e FSH (hormônio 5. ACTH: estimula a produção de cortisol pela adrenal;
6. TSH: promove a liberação dos hormônios tireoidianos T4 (tiroxina) e T3 (tri-iodotironina).
folículoestimulante).
● O FSH, como o próprio nome diz, estimula o recrutamento e crescimento dos
O ovário é a gônada feminina. Dentro dele, o FSH e LH ligam-se aos seus receptores e
folículos ovarianos.
estimulam a foliculogênese e a produção ovariana de hormônios esteroides, peptídeos
● Já o LH provoca a luteinização dos folículos e promove a ovulação.
gonadais (inibina, ativina e folistatina) e fatores de crescimento. Os esteróides (estrogênio,
● O ovário, em resposta aos estímulos do SNC, produz os esteróides sexuais
progesterona e androgênios) atuam nos tecidos-alvo: mamas, aparelho reprodutor, pele,
estrogênio e progesterona, que vão atuar no endométrio, produzindo alterações dos tipos
aparelho cardiovascular, ossos, sistema nervoso e metabolismo em geral.
proliferativa e secretora, respectivamente, a fim de prepará-lo para implantação do embrião,
se tiver ocorrido concepção. Caso contrário, ocorre a desintegração do endométrio,
FORMAÇÃO DOS FOLÍCULOS OVARIANOS
provocando a menstruação. O controle desse sistema se dá por mecanismos de
O ovário é formado por um epitélio germinativo, um estroma especializado composto pelos
retroalimentação (feedback) positivos ou negativos endógenos e também do ambiente externo.
folículos ovarianos (unidade funcional do ovário) e um estroma inespecífico, com tecido
O hipotálamo é uma estrutura que fica na base do cérebro, acima do quiasma óptico e abaixo
conjuntivo, vasos linfáticos e sanguíneos. O folículo é responsável pela produção do gameta
do terceiro ventrículo. Os principais produtos secretados por ele são os fatores de liberação
feminino e dos esteroides sexuais. O ovário é formado por volta da quinta semana de
hipofisários:
1. CRH: hormônio liberador de corticotrofina;
desenvolvimento embrionário. As células precursoras das células germinativas, chamadas de
2. GHRH: hormônio liberador de hormônio do crescimento; oogônias, multiplicam-se, iniciam um processo de meiose e dão origem aos óvulos (células
3. TRH: hormônio liberador de tirotrofina. germinativas com 23 cromossomos, sendo 22 somáticos e um sexual − X). Nessa fase, já entre
4. GnRH: hormônio liberador de gonadotrofinas. É um decapeptídeo com meia-vida de menos 16 e 20 semanas de gestação, cada ovário atinge um total de 6-8 milhões de folículos e não
de 10 minutos, produzido pelo núcleo arqueado do hipotálamo. Os neurônios progenitores do há mais produção de óvulos na mulher, apenas perda deles. A partir daí, essas células entram
GnRH têm origem nos placóides olfativos mediais e migram até o hipotálamo. em degeneração, de forma que, ao nascimento, o feto feminino nasce com 1 a 2 milhões de
Na menina, o centro hipotalâmico encontra-se bloqueado até a puberdade, quando ocorre óvulos. Nessa fase, os óvulos possuem uma camada de células que os circundam, chamadas
sua liberação por mecanismos ainda não muito estabelecidos (supõe-se haver a participação de células da granulosa, e por isso são chamados de folículos primordiais. A formação dos
de fatores ambientais, opióides endógenos, peso e quantidade de gordura corporal). folículos primordiais ocorre até o sexto mês após o nascimento, entretanto, a divisão celular
➔ A partir daí, o GnRH começa a ser secretado de forma pulsátil. fica estacionada na fase diplóteno da prófase I da meiose, e assim permanecem até a
ovulação. Do nascimento à puberdade, a velocidade de atresia folicular diminui para 300-500
folículos por dia, de forma que, quando a puberdade chega, a mulher tem apenas 400 mil - Restaura o tônus vascular normal.
folículos primordiais, que serão destinados a todo o período de vida fértil dela. Nos anos
reprodutivos, ocorre consumo de mil folículos a cada ciclo. A perda folicular ovariana faz parte FISIOLOGIA DO CICLO MENSTRUAL
de um processo de apoptose (morte celular programada) e ocorre independentemente da FASE FOLICULAR
ovulação. Ou seja, mesmo que a paciente utilize contraceptivos anovulatórios, ela ainda A fase folicular vai do primeiro dia da menstruação até o dia do pico de LH, no meio do
manterá o processo de atresia folicular. ciclo. Dura, em média, de 10-21 dias e é a responsável pelas variações da quantidade de dias
do ciclo menstrual, já que a fase lútea é mais ou menos constante (14 dias).
ESTEROIDOGÊNESE - O objetivo da fase folicular é liberar um único folículo dominante e maduro
Os hormônios esteróides sexuais são produzidos nas gônadas, nas suprarrenais, fígado, durante a ovulação em cada mês.
tecido adiposo e na placenta. O colesterol é a matéria-prima para a esteroidogênese e pode O processo de foliculogênese tem início com o recrutamento folicular. Uma coorte desses
ser obtido na dieta ou pela molécula endógena, produzida no fígado. O processo de produção folículos é ativada e recrutada. Nesse momento, as células da granulosa tornam-se cubóides e
dos hormônios esteróides envolve, no mínimo, 17 enzimas. De maneira simplificada, a perda o folículo passa a ser chamado de folículo primário. Essa fase é independente da ação das
de carbonos leva à transformação do colesterol em progesterona (19 carbonos), gonadotrofinas. O mecanismo que determina com precisão quais e quantos folículos
androgênio (18 carbonos) e, por fim, estrogênio (17 carbonos). No ovário, a esteroidogênese participarão desse crescimento ainda é desconhecido. O folículo primário vai multiplicando o
envolve duas populações de células, as células da granulosa e as células da teca, por meio número de camadas de células da granulosa até se tornar o folículo pré-antral ou secundário,
do mecanismo de “duas células, duas gonadotrofinas”. com quatro ou mais camadas de células. A partir dessa fase, precisaremos de quantidades
adequadas de FSH e LH na circulação para que ocorra a maturação folicular final, ou seja,
● AÇÕES DO ESTROGÊNIO: iniciamos a fase FSH-dependente.
NO SISTEMA REPRODUTOR FEMININO:
- Estimula a maturação do epitélio vaginal e o aumento do glicogênio extracelular; São as alterações do final de um ciclo que estimulam o desenvolvimento do ciclo seguinte. A
- Aumenta a produção de muco cervical no colo uterino, aumentando sua filância menstruação nada mais é que um sangramento de privação, ou seja, provocado pela queda
(distensão), deixando-o mais receptivo aos espermatozoides; hormonal. Os níveis baixos de esteróides ovarianos e de inibina A no início do ciclo
- Ação proliferativa no endométrio; provocam elevação dos níveis de FSH, e é essa elevação que estimula o crescimento do
- Estimula movimentos peristálticos na tuba uterina; folículo pré-antral. Esse folículo possui duas camadas de células: as células da granulosa,
- Desenvolvimento das mamas. mais internas, que são capazes de produzir estrogênios sob o estímulo do FSH, e as
AÇÕES EXTRAGENITAIS: células da teca, mais externas, capazes de produzir androgênios pelo estímulo do LH.
- Promove hipotermia no SNC (por ativação de receptores serotoninérgicos);
- Aumento de gordura corporal; Os esteróides ovarianos são produzidos a partir do colesterol!
- Retenção de sais e líquidos Os compartimentos do folículo, células da teca e células da granulosa, têm a capacidade de
- Diminuição da reabsorção óssea; produzir os três tipos de esteróides sexuais (estrogênio, progesterona e androgênios).
- Aumento de HDL; Entretanto, a atividade da enzima aromatase dá-se, sobretudo, nas células da granulosa, o
- Síntese de colágeno; que faz com que a produção de esteróides fique compartimentalizada. As células da teca, por
- Reduz o tônus vascular. serem mais externas e vascularizadas, captam o colesterol e, sob o estímulo do LH,
produzem androgênios. Esses, por sua vez, entram nas células da granulosa por difusão
AÇÕES DA PROGESTERONA: e, por estímulo do FSH, convertem-se em estrogênios pela atividade da enzima
NO SISTEMA REPRODUTOR FEMININO: aromatase. O aumento do FSH nessa fase estimula a atividade da enzima aromatase e
- Prepara o endométrio para nidação, transformando-o em secretor; aumenta a produção de estrogênios.
- Desenvolvimento do sistema lobular mamário;
- Inibe as contrações uterinas e ondas peristálticas tubárias; Mais tarde, o folículo começa a secretar fluido entre as células, formando uma cavidade
- Inibe a maturação celular vaginal; folicular ou antral, passando a chamar-se de folículo antral ou terciário. O acúmulo de fluido
- Reduz a produção de muco cervical; provoca crescimento rápido do folículo. Um dos folículos destaca-se dos outros crescendo
AÇÕES EXTRAGENITAIS: de forma mais acelerada, o chamado folículo dominante. Ele é mais sensível e responsivo à
- Reduz eliminação de potássio e aumenta excreção de sódio -> menor retenção hídrica ação do FSH, além de ter maior atividade da enzima aromatase. Essas características são
(diurético natural); muito importantes nessa fase, pois, como está havendo produção máxima de estradiol e
- Promove hipertermia no SNC (esse é o princípio da avaliação do método da temperatura também de inibina B, a liberação de FSH está sendo inibida (feedback negativo). Sendo
basal como contracepção. assim, mesmo com os níveis de FSH reduzindo, o folículo dominante continua crescendo,
- Auxilia no uso da gordura como energia; enquanto todos os outros sofrem atresia.
diferenciação envolve invasão capilar com consequente aumento de vascularização, importante
A cada ciclo, cerca de mil folículos são recrutados e seu processo de desenvolvimento para a síntese dos esteróides.
demora até 120 dias, ou seja, o folículo selecionado para ovulação só vai ser ovulado três a O corpo lúteo é capaz de produzir diversos hormônios: estrogênio, progesterona, inibina A,
quatro meses depois. A maioria dos folículos entra em atresia, de forma que apenas 8 a 20 ocitocina e relaxina. A progesterona é o principal hormônio produzido por ele (níveis máximos
folículos chegam ao estágio antral. Esses são os verdadeiros folículos com capacidade de ocorrem no meio da fase lútea), mas também há produção de estrogênio e inibina A em
completar seu desenvolvimento e, por isso, refletem a reserva ovariana feminina, uma vez que quantidades significativas. Estrogênio e progesterona inibem a liberação hipofisária de FSH
são proporcionais ao número de folículos primordiais presentes no ovário. Quanto menor o e LH e a inibina A promove diminuição do FSH. Isso impede novo recrutamento e
número de folículos que se desenvolverem, maior será a quantidade de folículos desenvolvimento folicular nesse período. A função do corpo lúteo necessita da produção de LH.
remanescentes, ou seja, maior será a reserva ovariana, o que é muito importante para a vida Como o corpo lúteo está produzindo progesterona, por mecanismo de feedback negativo, os
reprodutiva da mulher. níveis de LH vão diminuindo. Logo, a tendência é que ocorra luteólise. Caso ocorra gravidez, o
Ao final da fase folicular, já como folículo pré-ovulatório (folículo maduro ou folículo de Graaf), hCG placentário mimetiza a ação do LH e “salva” o corpo lúteo, estimulando-o a produzir
temos produção de estradiol máxima, queda dos níveis de FSH e aumento dos receptores progesterona, essencial para a manutenção da gravidez até a formação total da placenta. Caso
de LH (presentes nas células da teca e agora também nas células da granulosa). Essa fase é não ocorra a gestação, ocorre o processo de luteólise, de mecanismo pouco conhecido. O
chamada de fase LH-dependente. Nela, ocorre o efeito bimodal do estrogênio: as altas doses corpo lúteo regride após um período de 12 a 16 dias e transforma-se em corpo albicans.
de estradiol nesse momento provocam aumento dos níveis de FSH e LH. O aumento do LH Consequentemente, ocorre redução dos níveis de estrogênio, progesterona e inibina A,
provoca pequena produção de progesterona pelas células da granulosa cerca de 12-24 horas o que provoca a menstruação e faz com que os níveis das gonadotrofinas se elevem,
antes da ovulação, o que também estimula a liberação de LH. Como o LH estimula a iniciando novo ciclo.
produção de androgênios a partir do colesterol, os folículos em atresia aumentam a produção
desse esteróide, o que estimula o aumento da libido feminina nessa fase do ciclo. Os altos CICLO UTERINO
níveis de LH causam luteinização das células da granulosa, produção de progesterona e O endométrio sofre transformações em resposta à produção hormonal ovariana. O objetivo final
o início da ovulação. é preparar o útero para a implantação do embrião.

OVULAÇÃO CONCEITOS INICIAIS


Concentrações de estrogênio (estradiol) acima de 500pg/ml durante 48-50 horas estimulam o O endométrio é formado por duas camadas de células: a camada basal (1/3 inferior) e a
aumento em dez vezes da secreção de LH. A partir desse momento, o folículo prepara-se camada funcional (2/3 superiores).
para a ovulação: há aumento da vascularização local, deixando a parede do folículo mais ● A camada basal não se altera significativamente durante o ciclo e é a responsável pela
fina e distensível, e produção de substâncias proteolíticas e prostaglandinas. A regeneração endometrial após a menstruação.
progesterona aumenta a distensibilidade da parede folicular, a fim de acomodar o aumento do ● Já a camada funcional é a que sofre descamação mensalmente. Essa pode ser ainda
líquido folicular. LH e progesterona atuam estimulando a atividade de enzimas proteolíticas dividida em duas: uma parte superficial e delgada, chamada de estrato compacto, formada
(plasmina e colagenase), resultando na digestão da parede folicular. As prostaglandinas E2 e por glândulas e estroma denso, e outra que fica logo abaixo dela, o estrato esponjoso, que
F2 alfa e outros eicosanóides aumentam acentuadamente no líquido folicular pré-ovulatório em contém glândulas e grande quantidade de estroma e tecido intersticial frouxo. A irrigação
resposta ao aumento de LH que contribui para a ruptura da parede folicular. As células da endometrial é feita pelas artérias arqueadas (ramos da artéria uterina), que emitem diversos
granulosa e da teca produzem ativador de plasminogênio em resposta ao aumento das ramos que penetram perpendicularmente o miométrio: as arteríolas espiraladas.
gonadotrofinas (FSH e LH), que ativam o plasminogênio no líquido folicular para produzir
plasmina. A plasmina gera colagenase ativa para romper a parede folicular, liberando o óvulo, FASE PROLIFERATIVA
que é então captado pelas fímbrias da tuba uterina. A ovulação ocorre cerca de 10-12 horas Durante a menstruação, ocorre a descamação da camada funcional do endométrio, de forma
após o pico de LH e 24-36 horas após o início da sua elevação. A duração média do pico que ele fique fino e cruento. Sabemos que, nesse momento, o ovário está iniciando o
de LH é de 48 horas. recrutamento folicular e aumentando a produção de estrogênio. É esse hormônio que será o
A divisão celular fica estacionada na fase diplóteno da prófase I da meiose. O pico do LH responsável por “cicatrizar” o endométrio descamado, provocando sua proliferação. Por isso, a
provoca a reativação da meiose do óvulo. O óvulo sai da prófase I para a metáfase I e fase é chamada de proliferativa. O epitélio endometrial é repleto de receptores estrogênicos
libera o primeiro corpúsculo polar na metáfase II. Entretanto, a meiose só se completa que provocam aumento de mitoses e, consequentemente, proliferação glandular e estromal e
caso a fecundação ocorra. Logo após o pico de LH, há diminuição transitória dos níveis de aumento da espessura endometrial. Ocorre também aumento das arteríolas espiraladas, para
estradiol, relacionada à perda do folículo dominante, que era o maior produtor desse hormônio. permitir adequada irrigação do tecido endometrial proliferado. No final dessa fase, o endométrio
também passa a expressar receptores de progesterona, processo fundamental para a próxima
FASE LÚTEA fase.
A fase lútea tem duração mais ou menos constante de 14 dias. Após a ovulação, as células
foliculares remanescentes diferenciam-se em corpo lúteo, ou corpo amarelo. Essa
SECRETORA - Reduz-se também o risco de sangramento por gravidez e doenças sexualmente
Logo após a ovulação, o endométrio já possui receptores de progesterona. Esses receptores transmissíveis. No entanto, outras etiologias aumentam em frequência, como as neoplasias
inibem os receptores de estrogênio, reduzindo a atividade proliferativa endometrial. benignas e malignas.
Agora começa a fase de diferenciação das glândulas, que se tornam mais tortuosas e 5. Climatério: o sangramento que ocorre após a menopausa frequentemente é causado por
começam a secretar glicogênio e glicoproteínas, por isso o nome de “fase secretora”. Essas doenças benignas. Destacam-se as atrofias do endométrio e da vagina, bem como pólipos
substâncias são importantes na nutrição do embrião em estágios iniciais após a implantação. endometriais benignos.
As arteríolas espiraladas tornam-se menos resistentes, para facilitar a implantação e nutrição - Neoplasias malignas, como o carcinoma de endométrio, se tornam mais frequentes. Menos
do embrião. Como vimos, o pico da progesterona é no meio da fase lútea (sete dias após a comumente, tumor ovariano produtor de estrogênio pode acarretar hiperplasia endometrial que cursa
ovulação). Essa é a fase em que o endométrio está mais preparado para a implantação, com com sangramento. Neoplasias ulcerativas vulvar, vaginal e cervical também são possíveis etiologias.
atividade secretora máxima das glândulas e edema estromal, período chamado de “janela de
oportunidade”. Caso a implantação do embrião não ocorra, a nível ovariano, ocorre o processo 3. COMPREENDER A FISIOPATOLOGIA ASSOCIADA ÀS MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS DE
de luteólise. A nível endometrial, também há liberação de enzimas proteolíticas e SUA;
prostaglandinas pelo endotélio dos vasos endometriais. Isso leva a espasmos e isquemia da FISIOPATOLOGIA
musculatura endometrial, que culminam na descamação de toda a camada funcional do O sangue nutre o útero através das artérias uterina e ovariana. Essas artérias ramificam-se e
endométrio. O fluxo menstrual é composto, portanto, da camada funcional endometrial, nutrem o miométrio através das artérias arqueadas. As artérias arqueadas ramificam-se nas artérias
exsudato inflamatório, hemácias e enzimas proteolíticas. A queda hormonal levará ao aumento radiais que nutrem o endométrio. As artérias radiais bifurcam-se nas artérias basais e espiraladas.
do FSH e produção de estrogênio. Isso, em conjunto com a vasoconstrição das artérias As artérias espiraladas são sensíveis às alterações dos níveis hormonais. Por causa disso, a
espiraladas e a formação de microtrombos locais, parará o sangramento e iniciará novo ciclo. queda dos níveis de estrógeno e progesterona no final do ciclo menstrual leva à descamação da
camada funcional (menstruação). Quando o endométrio é atrófico, principalmente nas mulheres
2. APRESENTAR A EPIDEMIOLOGIA ASSOCIADA AS PRINCIPAIS CAUSAS DE SUA menopausadas, devido ao hipoestrogenismo, o sangramento ocorre pela exposição dos vasos da
EPIDEMIOLOGIA camada basal do endométrio.
O SUA afeta 30% das mulheres em idade reprodutiva, atingindo até 50% daquelas na O sangramento uterino anormal ocorre quando a “arquitetura” do endométrio está comprometida
perimenopausa. É mais rara em crianças, mas pode ocorrer. devido à presença de patologias estruturais ou quando o equilíbrio entre o estrógeno e a
1. Infância: qualquer sangramento anterior à menarca deve ser tratado como achado anormal. progesterona está prejudicado (nos distúrbios ovulatórios). A manutenção do endométrio “íntegro”
Deve-se determinar o local do sangramento para ter certeza de que não se trata de um sangramento depende de um nível adequado de estrógeno que promova sua proliferação e mantenha-o com uma
uretral ou retal, que podem ser confundidos com sangramento vaginal. Nessa idade, a vagina – mais espessura “ideal”, ao mesmo tempo que esse endométrio depende da ação da progesterona, que
que o útero – é a principal fonte de sangramento, tendo a vulvovaginite como causa mais frequente. faz oposição ao estrógeno, não permitindo que o endométrio se prolifere excessivamente,
Ainda, doenças dermatológicas, crescimento neoplásico, trauma por acidente, abuso sexual ou estabilizando-o e evitando sua “descamação” (menstruação).
corpo estranho também podem ser causas. Nessa idade, sangramento uterino é causado ● A FIGO (Federação Internacional de Ginecologia e Obstetrícia) classificou as etiologias do
principalmente por aumento nos níveis de estrogênio. Puberdade precoce, ingestão exógena sangramento uterino anormal das mulheres em idade reprodutiva não grávidas em nove categorias
acidental ou neoplasias ovarianas devem ser consideradas. O exame pélvico é, portanto, necessário básicas, de acordo com o mnemônico:
para identificar a fonte de sangramento. Pode ser necessário exame sob anestesia com ou sem - PALM: pólipo, adenomiose, leiomioma, malignidade e hiperplasia,
vaginoscópio para melhor avaliação. - COEIN: coagulopatia, disfunção ovulatória, disfunção endometrial, iatrogênica e "não
2. Adolescência: nessa faixa etária, com muito maior frequência as causas são anovulação e classificado de outra forma".
coagulopatias. - O grupo PALM representa as patologias estruturais que podem ser diagnosticadas através de
- Neoplasias – como pólipos, leiomiomas e neoplasias ovarianas – são menos comuns. exames de imagem ou estudo anatomopatológico. O grupo COEIN representa as patologias não
- No entanto, possibilidade de gravidez, doenças sexualmente transmissíveis e abuso sexual estruturais, que não são mostradas nos exames de imagem.
não podem ser menosprezada.
3. Idade reprodutiva: problema frequente nessa idade, cerca de 1 em 20 mulheres em fase As manifestações clínicas do SUA podem variar de acordo com a causa subjacente e a gravidade do
reprodutiva irá se consultar devido a SUA. Aumentam as taxas de sangramento por gravidez e DST. sangramento. Alguns sintomas comuns incluem:
- O eixo hipotálamo-hipófise-ovário amadurece e o sangramento anovulatório passa a ● Sangramento menstrual excessivo (menorragia).
ocorrer menos frequentemente. ● Sangramento entre os períodos menstruais.
- Leiomiomas e pólipos endometriais também aumentam com a idade e não podem ser ● Ciclos menstruais irregulares.
descartados como causa, especialmente acima dos 30 anos. ● Dor pélvica ou cólicas.
4. Período perimenopausa: é responsável por 70% de todas as consultas ginecológicas nessa ● Fadiga devido à perda de sangue.
fase. Torna-se frequente o SUA por anovulação, por disfunção do eixo ● Anemia por deficiência de ferro devido à perda de sangue prolongada.
hipotálamo-hipófise-ovário.
FISIOPATOLOGIA DO SUA POR CAUSAS ESTRUTURAIS menarca ou primeiras menstruações. É causa frequente da anemia mais grave nessa fase da vida
Pólipo endometrial da mulher.
Número, tamanho e localização dos pólipos endometriais são importantes na gênese do - Não causa irregularidade menstrual
sangramento anormal. O sangramento pode ocorrer em cerca de 50% das mulheres com pólipos
endometriais e resulta de crescimento localizado do tecido endometrial, coberto por endotélio. Ovulatórias
Há fragilidade vascular, microerosões e inflamação crônica na superfície do pólipo. O risco de Os distúrbios ovulatórios ocorrem quando a mulher não está ovulando ou ovula raramente. É mais
malignização é estimado em cerca de 0,5%. comum nos extremos da vida reprodutiva, logo após a menarca e pouco antes da menopausa.
- São causadores de menstruações irregulares, aumento do volume menstrual (menorragia Durante o menacme, a causa mais frequente de anovulação crônica é a síndrome dos ovários
ou a metrorragia), sangramento pós-coito ou sangramento intermenstrual. policísticos, já que é a doença endócrina mais frequente nesse período, afetando cerca de 10% das
- A ultrassonografia simples falha com frequência no diagnóstico. A histerossonografia não foi mulheres.
bem aceita pelos ultrassonografistas, pois demanda maior tempo. O padrão-ouro para seu - O sintoma mais frequente da anovulação crônica é a irregularidade menstrual.
diagnóstico é a histeroscopia. - Pode ocorrer também variação no volume da menstruação, com episódios de sangramento
menstrual intenso.
Adenomiose - Tudo isso acontece porque nos ciclos anovulatórios ocorre a falta de progesterona (que é
Parece haver maior vascularização miometral pela invasão do endométrio (presença de produzida pelo corpo lúteo após a ovulação) para evitar a proliferação excessiva e estabilizar o
endométrio ectópico no miométrio.), dificuldade nas contrações do miométrio por desequilíbrio endométrio nesses ciclos.
entre as prostaglandinas locais no tecido mioendometrial, ou simples aumento do volume
uterino pelo aumento da área endometrial. Condições associadas à anovulação e ao sangramento anormal: Síndrome dos ovários
- A ultrassonografia pélvica endovaginal pode confirmar o diagnóstico, mas tem sensibilidade e policísticos (hiperandrogenismo); Anorexia nervosa; Bulimia; Exercícios físicos excessivos; Doenças
especificidade baixas, dependendo da expertise do examinador. crônicas; Insuficiência ovariana prematura (esgotamento dos folículos); Alcoolismo e uso de drogas;
Estresse; Hipotireoidismo; Hipertireoidismo; Diabetes.
Leiomioma
São neoplasias benignas do músculo liso do útero (miométrio). O sangramento depende de Endometriais
tamanho, número, localização e grau de vascularização. Podem ser submucosos, intramurais Essa categoria refere-se aos distúrbios primários do endométrio, que ocorrem devido à alteração da
ou subserosos. Os submucosos e os intramurais podem causar o sangramento uterino anormal, hemostasia local, devido a uma resposta inflamatória. Isso é o que ocorre na doença inflamatória
sendo que os submucosos costumam provocar metrorragia (sangramento durante o mês pélvica (endometrite por Chlamydia), por exemplo. Em geral, o diagnóstico de patologias
inteiro) e os intramurais costumam provocar a menorragia ou hipermenorreia (menstruação endometriais é difícil porque é um diagnóstico de exclusão, feito após afastarmos as causas
com fluxo aumentado e prolongado). Há expressão elevada de fatores angiogênicos, fatores de estruturais, a anovulação e as coagulopatias. A dificuldade no diagnóstico pode ser maior quando há
crescimento do endotélio vascular (VEGF), fator ligante de heparina e fator de crescimento associação com outras doenças que podem ser assintomáticas ou que também podem causar SUA,
derivado das plaquetas no leiomioma quando comparado com o miométrio adjacente. como a miomatose e a adenomiose. O diagnóstico das causas endometriais geralmente precisa de
estudo histológico (biópsia) para ser confirmado.
Malignidades - Exacerbação do sistema fibrinolítico local ou aumento das prostaglandinas
Nas malignidades ou hiperplasia com aumento da espessura e massa endometrial, o vasodilatadoras podem ser clinicamente responsáveis por volume excessivo, sangramento
sangramento é geralmente profuso. A vascularização é intensa com rotura endometrial. O prolongado e, com frequência, manutenção da ciclicidade em padrão normal. Alterações na
sangramento não é programado, é intermitente e, às vezes, prolongado. densidade e na estrutura dos receptores estrogênicos e progestagênicos no endométrio devem ser
consideradas.
FISIOPATOLOGIA DO SUA E CAUSAS NÃO ESTRUTURAIS Iatrogênicas
Entre as causas não estruturais, têm destaque excesso de estrogênio, retirada do estrogênio, Deve-se considerar como causas: dispositivos intrauterinos, tanto medicados como não medicados;
excesso de progesterona, retirada de progesterona, excesso de androgênios, elevação nas uso oral de anticoagulantes ou preparações de heparina, ou medicações que reduzem os níveis
concentrações de prostaglandinas no endométrio, coagulopatias, exacerbação do sistema circulantes de estrogênios e progesterona (ácido valpróico, rifampicina, griseofulvina); uso de
fibrinolítico, aumento da vascularização, elevação de fatores de crescimento, de citocinas e de anabolizantes; ou, com menor possibilidade, o tabagismo.
metaloproteinases matriciais no endométrio. Antes de indicar a introdução do DIU de cobre, sempre devemos orientar a paciente sobre a
possibilidade do aumento do fluxo e da duração da menstruação. Isso ocorre devido ao processo
Coagulopatia inflamatório provocado pelo cobre no endométrio. Antes de introduzir o SIU de levonorgestrel
Cerca de 10 a 48% das adolescentes com SUA têm alguma coagulopatia, sendo a mais relevante a também devemos orientar a paciente quanto à possibilidade de sangramento uterino anormal.
doença de von Willebrand. O fator de von Willebrand é a proteína responsável pela adesão entre
as plaquetas e formação do trombo. Então, nessa condição, há sangramento profuso desde a
Não classificadas 3. Identificação de doenças sistêmicas intercorrentes
Devem-se considerar malformações arteriovenosas, defeitos estruturais após cesárea (istmocele), História e exame físico facilitam a identificação de coagulopatias, disfunções adrenais e hipo ou
principalmente quando a camada miometrial não é suturada. Entre as não estruturais, devem-se hipertireoidismo. Do mesmo modo, as insuficiências hepática e adrenal cursam com sinais objetivos
considerar possíveis alterações bioquímicas envolvidas no sangramento: produtos dos neutrófilos, ao exame físico (aranhas vasculares, edemas, coloração amarelada da pele e mucosas). Indica-se a
como citocinas, e fatores de crescimento. dosagem de prolactina, androgênios (caso haja sinais clínicos de seu aumento) e hormônios
tireoidianos. Provas de função hepática e renal devem ser solicitadas. Função plaquetária e
4. ELENCAR O DIAGNÓSTICO DE SUA dosagem do fator de von Willebrand complementam a investigação.
DIAGNÓSTICO DO SUA 4. Avaliação dos órgãos genitais
Exige detalhada história clínica, exame físico minucioso e definição de um protocolo racional Exame físico e exames de imagens são essenciais. É importante que se tenha em mente a estrutura
a ser rigidamente seguido. pélvica sempre desenhada de cada paciente. Essa investigação só termina quando o médico
assistente tem certeza das condições da vascularização pélvica (varizes, doença inflamatória
História clínica e exame físico pélvica crônica, malformações arteriovenosas), do endométrio (pólipos, leiomiomas, hiperplasia,
Minuciosa avaliação é fundamental para a introdução do tratamento efetivo. Nesse aspecto é carcinomas, endometrite) e do miométrio (adenomiose, leiomioma, adenomiomatose, amiloidose,
relevante certificar-se de que o sangramento é realmente excessivo. Caso a medida objetiva do hipertrofia miometrial, istmocele). A presença de endometriose também deve ser considerada.
volume da perda menstrual seja possível, pictogramas são facilmente aplicáveis. Inicialmente, Nessa avaliação dos genitais, a ultrassonografia pélvica endovaginal, a histeroscopia e a
determinar o momento de início do sangramento e caracterizar o tipo do sangramento anormal em histerossalpingografia facilitam o diagnóstico.
seus componentes volume, intervalo, duração e aspecto físico (coágulos, borras). Procurar possíveis - A biópsia endometrial, hoje restrita às mulheres com idade mais avançada,
condições associadas com o sangramento e estender o exame físico para marcadores de disfunções deveria ter seu emprego alargado para revelar ao médico assistente qual tipo de
hipotalâmicas (pele de coloração amarelada) ou hipofisárias (galactorreia, lanugem) e outras endométrio (proliferativo, secretor, misto) tem cada paciente. Com certeza o
condições clínicas, além de detalhar o exame ginecológico. conhecimento do tipo de endométrio orienta a terapia mais adequada.
5. Verificar a função do eixo hipotálamo-hipofisário
Anamnese A verificação da função do eixo hipotálamo-hipofisário inclui observação da ciclicidade menstrual,
● História menstrual; Estilo de vida, atividade, estresse; Sono, sede, olfato, comportamento; observação de dados antropométricos, sinais de hiperandrogenismo e de possíveis modificações
Perda de peso, vômitos, hábitos; Sintomas de hipoestrogenismo; Sintomas de hiperestrogenismo; comportamentais, incluindo bulimia, anorexia e atividade física excessiva. A dosagem de
Uso de medicamentos, drogas; prolactina, tiroxina livre e hormônio estimulador da tireoide (TSH) é essencial. As dosagens de
Exame físico gonadotrofinas e esteróides sexuais têm valor limitado; os androgênios podem ser dosados quando
● Verificar pulso, pressão arterial; Conformação corporal global; Coloração amarelada da pele; houver sinais clínicos de hiperandrogenismo. Caso possível, monitorar as fases do ciclo ovariano e
Presença de sinais de hiperandrogenismo; Sinais de hipo ou hiperandrogenismo; Exame uterino por ultrassonografia. Com essa medida, é possível determinar se o ciclo é ovulatório ou não,
ginecológico detalhado. bem como a duração das fases folicular e lútea.

- Excluir possíveis complicações da gravidez; Excluir uso de medicamentos; Identificar 5. DISCUTIR O MANEJO TERAPÊUTICO DE SUA
doenças sistêmicas intercorrentes; Avaliar as condições dos órgãos pélvicos; Verificar a função do Tratamento de lesões estruturais
eixo H-H-ovariano; Pólipos
- Exames complementares no diagnóstico do SUA: Glicemia jejum, insulina basal TSH, tiroxina Os pólipos são lesões de glândula e estroma endometriais que se projetam na cavidade. Podem ser
livre, prolactina Ureia, creatinina, clearence creatinina TGO, TGP, bilirrubinas, proteínas; Plaquetas, visíveis ao exame especular, visualizados através do orifício externo do colo útero, podendo ser
TTPA, agregação de plaquetas; Antígeno von Willebrand; Ultrassonografia, RX, TC, RNM; retirados com auxílio de uma pinça especial ou visíveis apenas à histeroscopia. A polipectomia
Colpocitologia oncótica, inflamatória; Colposcopia, biópsia de endométrio; Ultrassonografia, histeroscópica é a primeira opção de tratamento. Enquanto pequenos pólipos (<0,5 cm) podem ser
histerossonografia; Histerosalpingografia, curetagem fracionada; Histeroscopia/laparoscopia. removidos ambulatorialmente, pólipos maiores podem ser removidos em bloco (ressecando-se a
base da lesão de implantação) ou em fragmentos. Além disso, é interessante que a amostra seja
1. Excluir possíveis complicações da gravidez enviada para estudo histológico.
Possibilidade de abortamento e gravidez ectópica; esta última leva aos erros mais frequentes. A
dosagem quantitativa da gonadotrofina coriônica (hCG) ou sua subunidade beta (beta-hCG) deve ser Mioma
obtida na primeira avaliação. A ultrassonografia transvaginal deve ser utilizada também na Os leiomiomas são tumores benignos de células do músculo liso que são dependentes de hormônios
abordagem inicial. (estrogênio e progesterona). A maioria das mulheres é assintomática, porém se houver sintomas,
2. Excluir uso de medicamentos existe o tratamento farmacológico, que é a primeira opção, tendo como opções as mesmas do
Medicamentos que possam interferir com o metabolismo dos esteróides sexuais e com a produção tratamento do SUA não estrutural, basicamente envolve contraceptivos hormonais, anti-fi brinolíticos
de prolactina. O uso errático de estradiol e progesterona pode perpetuar o sangramento anormal. e AINES inicialmente, podendo lançar mão de técnicas como embolização de artérias uterinas ou
análogos de GnRH. Caso não haja resposta, indica-se a cirurgia, que pode ser a retirada do mioma Progestagênio injetável
(miomectomia), que pode ser realizada por via da histeroscopia, laparoscopia ou laparotomia ou a Cerca 24% das mulheres podem ter amenorreia com seu uso. Efeitos colaterais podem limitar sua
retirada do útero (histerectomia), que pode ser por via vaginal, laparascopia ou laparotomia. tolerância, incluindo sangramentos irregulares, ganho ponderal e cefaleia.
- O que define qual abordagem cirúrgica será realizada são as características do tumor em
número, localização, tamanho e considerando se há desejo de concepção – e da paciente. Sistema intrauterino liberador de levonorgestrel (SIU-LING)
- Caso a lesão seja majoritariamente intracavitária, pode-se realizar a abordagem É considerado mais efetivo para o tratamento do SUA do que os contraceptivos orais. Promove
exclusivamente histeroscópica. Lesões grandes e com componente intramural importante devem ser redução substancial no volume do sangramento e tem melhor aceitação, devido ao tratamento
realizadas via laparoscopia ou laparotomia. Existe uma escala para avaliar a segurança da prolongado e menor ocorrência de efeitos adversos.
abordagem histeroscópica do mioma, levando em conta o seu tamanho, nível de comprometimento - Não é recomendado se a cavidade uterina estiver irregular, por risco de expulsão. Seu efeito
da parede endometrial, largura da base e localização no útero. colateral mais comum é o sangramento inesperado nos primeiros três meses de uso.
Miomas pequenos (<2 cm) podem ser retirados no ambulatório a depender das condições clínicas Anti-fibrinolíticos
da paciente. Miomas maiores que 3 cm têm maiores complicações e podem afetar o miométrio Mulheres com fluxo menstrual aumentado podem ter ativação do sistema fibrinolítico na
circundante, sendo a miomectomia em dois tempos cirúrgicos uma boa opção para esses casos. menstruação, gerando degradação do coágulo formado para conter o sangramento. Logo,
Miomas intramurais podem ser retirados por via laparoscópica ou laparotômica. Já miomas medicamentos que inibem a fibrinólise contribuem para redução do sangramento. O ácido
extensos devem ser tratados idealmente com análogo de GnRH durante os três meses antes da tranexâmico é frequentemente indicado, 3 a 4x/ dia.
cirurgia, objetivando a redução do tamanho. Caso não haja possibilidade de miomectomia nem
desejo de concepção, indica-se a histerectomia – que pode ser por via vaginal, laparoscópica ou Anti-inflamatórios não esteroidais
laparotômica Esses medicamentos inibem a ciclooxigenase. O aumento da inflamação endometrial se associa a
maior fluxo hemorrágico e menstrual, o que explica o uso de anti-inflamatórios para conter o SUA. O
Adenomiose mais estudado é o ácido mefenâmico, com redução de 25% a 50% do volume de sangramento. Os
Essa patologia é geralmente tratada por meio de histerectomia. No entanto, estudos têm apontado efeitos colaterais mais frequentes são os gastrointestinais não sendo indicados em mulheres com
possível eficácia em relação à melhora de sintomas com abordagem farmacológica hormonal – as histórico de úlcera.
mesmas opções do SUA de causa não estrutural.
Tratamentos cirúrgicos
Tratamento de causas não estruturais - Incluem as causas referidas no mnemônico “COEIN”: Ablação endometrial
coagulopatias, anovulações crônicas, disfunção endometrial, iatrogenia e causas não especificadas. Constitui uma medida menos invasiva que a histerectomia, consistindo em um procedimento que
Estrogênio e progestagênio combinados destrói o endométrio até sua camada basal, impedindo sua regeneração. Seus melhores resultados
se mostram em úteros com histerometria inferior a 10 cm. Atualmente, há duas classificações:
Geralmente, os contraceptivos combinados monofásicos são usados em esquemas cíclicos, com primeira geração, que ocorre por via histeroscópica; e segunda geração, que é feita com balões
pausas – podendo, no entanto, ser utilizados continuamente. Além disso, regimes contínuos se térmicos. Há vários métodos de destruição do endométrio: laser, vaporização, crioablação, balão
mostraram superiores na capacidade de reduzir sangramento do que regimes cíclicos. A limitação térmico etc.) A ablação por histeroscopia permite ainda o estudo anatomopatológico.
dessa alternativa é se houver desejo de gravidez, já que esse medicamento inibe a ovulação. Suas
contraindicações incluem HAS, enxaqueca com aura, fumantes maiores que 35 anos, Histerectomia
trombofílicas etc. É o último tratamento que pensaremos em fazer no SUA de causa não estrutural. É idealmente
Progestagênio isolado sistêmico apenas realizado em pacientes que não possuem desejo de futura concepção. No mais, é um
Os estrogênios promovem atrofia endometrial e atuam contra a inflamação. Há diferentes tratamento que apresenta alto índice de satisfação devido ao fato de curar o sangramento uterino
formulações: contínuo, cíclico, por via oral, injetável e intrauterina. O principal efeito colateral, que definitivamente.
atua como limitante, é o sangramento inesperado.

Progestagênio oral cíclico ou contínuo


Apresentando resultados inferiores a diversas outras opções terapêuticas. Sua indicação fica para o
SUA por disfunção ovulatória. Já o seu uso contínuo tem se mostrado eficaz e benéfico para
redução do sangramento, gerando atrofia endometrial e diminuindo a ação do estrogênio sobre a
proliferação do endométrio. É uma opção tanto para mulheres anovulatórias como para aquelas com
sangramento de causa endometrial.

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