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Na
FEMININO; fase folicular tardia, há aumento tanto da frequência quanto da amplitude dos pulsos.
Ciclo menstrual: corresponde ao conjunto de alterações hormonais cíclicas que tem por ● Já na fase lútea ocorre o contrário: os pulsos têm menor frequência e maior
objetivo a liberação de um óvulo maduro e o preparo do endométrio para a implantação amplitude, mas essa última vai declinando progressivamente ao longo de duas semanas. A
embrionária. Por definição, o primeiro dia do ciclo menstrual corresponde ao primeiro dia variação desses pulsos é muito importante, pois é o que permite variar as concentrações de
da menstruação e termina logo antes da menstruação seguinte; FSH e LH durante todo o ciclo. Depois de produzido, o GnRH é conduzido para a
adeno-hipófise através da circulação porta-hipofisária.
➔ Valores-padrão de uma menstruação normal: A hipófise, ou glândula pituitária, está localizada na sela túrcica (fossa hipofisária do osso
Frequência: de 24 a 38 dias; esfenoide). É formada pela hipófise anterior, ou adenohipófise, e a hipófise posterior, ou
Regularidade: variação ≤ 7 a 9 dias. neurohipófise. A neurohipófise é composta de tecido neural e pode ser vista como uma
A menstruação normal não deve ter mais que sete a nove dias de diferença entre os ciclos extensão direta do hipotálamo. A adeno-hipófise é composta de tecido glandular e produz
mais curto e mais longo. as gonadotrofinas (FSH e LH), prolactina (PRL), hormônio estimulante da tireoide (TSH),
Duração: ≤ 8 dias. A duração da menstruação é o número de dias de sangramento em um hormônio do crescimento ou somatotrófico (GH) e hormônio adenocorticotrófico (ACTH), em
único ciclo menstrual. resposta aos seus respectivos hormônios liberadores hipotalâmicos, exceto a prolactina, que se
Volume: ≤ 80ml. A definição clínica é subjetiva e definida como um volume que não interfere encontra sob regulação inibitória da dopamina.
na qualidade de vida física, social, emocional ou material da mulher. A definição objetiva
considera como normal o volume ≤ 80ml por ciclo. 1. FSH (hormônio folículo estimulante): responsável pelo recrutamento e
desenvolvimento folicular;
O ciclo menstrual é regulado por mecanismos de feedback de hormônios que agem sobre o 2. LH (hormônio luteinizante): responsável pela luteinização dos folículos e ovulação;
sistema nervoso central (SNC). 3. Prolactina: responsável por produção de leite pela glândula mamária, porém tem importantes ações
O hipotálamo produz o GnRH (hormônio liberador de gonadotrofinas) que, secretado de metabólicas sistêmicas;
forma pulsátil, chega à adenohipófise através da circulação porta-hipofisária e estimula a 4. GH: atua, basicamente, no crescimento linear e composição corporal;
produção das gonadotrofinas LH (hormônio luteinizante) e FSH (hormônio 5. ACTH: estimula a produção de cortisol pela adrenal;
6. TSH: promove a liberação dos hormônios tireoidianos T4 (tiroxina) e T3 (tri-iodotironina).
folículoestimulante).
● O FSH, como o próprio nome diz, estimula o recrutamento e crescimento dos
O ovário é a gônada feminina. Dentro dele, o FSH e LH ligam-se aos seus receptores e
folículos ovarianos.
estimulam a foliculogênese e a produção ovariana de hormônios esteroides, peptídeos
● Já o LH provoca a luteinização dos folículos e promove a ovulação.
gonadais (inibina, ativina e folistatina) e fatores de crescimento. Os esteróides (estrogênio,
● O ovário, em resposta aos estímulos do SNC, produz os esteróides sexuais
progesterona e androgênios) atuam nos tecidos-alvo: mamas, aparelho reprodutor, pele,
estrogênio e progesterona, que vão atuar no endométrio, produzindo alterações dos tipos
aparelho cardiovascular, ossos, sistema nervoso e metabolismo em geral.
proliferativa e secretora, respectivamente, a fim de prepará-lo para implantação do embrião,
se tiver ocorrido concepção. Caso contrário, ocorre a desintegração do endométrio,
FORMAÇÃO DOS FOLÍCULOS OVARIANOS
provocando a menstruação. O controle desse sistema se dá por mecanismos de
O ovário é formado por um epitélio germinativo, um estroma especializado composto pelos
retroalimentação (feedback) positivos ou negativos endógenos e também do ambiente externo.
folículos ovarianos (unidade funcional do ovário) e um estroma inespecífico, com tecido
O hipotálamo é uma estrutura que fica na base do cérebro, acima do quiasma óptico e abaixo
conjuntivo, vasos linfáticos e sanguíneos. O folículo é responsável pela produção do gameta
do terceiro ventrículo. Os principais produtos secretados por ele são os fatores de liberação
feminino e dos esteroides sexuais. O ovário é formado por volta da quinta semana de
hipofisários:
1. CRH: hormônio liberador de corticotrofina;
desenvolvimento embrionário. As células precursoras das células germinativas, chamadas de
2. GHRH: hormônio liberador de hormônio do crescimento; oogônias, multiplicam-se, iniciam um processo de meiose e dão origem aos óvulos (células
3. TRH: hormônio liberador de tirotrofina. germinativas com 23 cromossomos, sendo 22 somáticos e um sexual − X). Nessa fase, já entre
4. GnRH: hormônio liberador de gonadotrofinas. É um decapeptídeo com meia-vida de menos 16 e 20 semanas de gestação, cada ovário atinge um total de 6-8 milhões de folículos e não
de 10 minutos, produzido pelo núcleo arqueado do hipotálamo. Os neurônios progenitores do há mais produção de óvulos na mulher, apenas perda deles. A partir daí, essas células entram
GnRH têm origem nos placóides olfativos mediais e migram até o hipotálamo. em degeneração, de forma que, ao nascimento, o feto feminino nasce com 1 a 2 milhões de
Na menina, o centro hipotalâmico encontra-se bloqueado até a puberdade, quando ocorre óvulos. Nessa fase, os óvulos possuem uma camada de células que os circundam, chamadas
sua liberação por mecanismos ainda não muito estabelecidos (supõe-se haver a participação de células da granulosa, e por isso são chamados de folículos primordiais. A formação dos
de fatores ambientais, opióides endógenos, peso e quantidade de gordura corporal). folículos primordiais ocorre até o sexto mês após o nascimento, entretanto, a divisão celular
➔ A partir daí, o GnRH começa a ser secretado de forma pulsátil. fica estacionada na fase diplóteno da prófase I da meiose, e assim permanecem até a
ovulação. Do nascimento à puberdade, a velocidade de atresia folicular diminui para 300-500
folículos por dia, de forma que, quando a puberdade chega, a mulher tem apenas 400 mil - Restaura o tônus vascular normal.
folículos primordiais, que serão destinados a todo o período de vida fértil dela. Nos anos
reprodutivos, ocorre consumo de mil folículos a cada ciclo. A perda folicular ovariana faz parte FISIOLOGIA DO CICLO MENSTRUAL
de um processo de apoptose (morte celular programada) e ocorre independentemente da FASE FOLICULAR
ovulação. Ou seja, mesmo que a paciente utilize contraceptivos anovulatórios, ela ainda A fase folicular vai do primeiro dia da menstruação até o dia do pico de LH, no meio do
manterá o processo de atresia folicular. ciclo. Dura, em média, de 10-21 dias e é a responsável pelas variações da quantidade de dias
do ciclo menstrual, já que a fase lútea é mais ou menos constante (14 dias).
ESTEROIDOGÊNESE - O objetivo da fase folicular é liberar um único folículo dominante e maduro
Os hormônios esteróides sexuais são produzidos nas gônadas, nas suprarrenais, fígado, durante a ovulação em cada mês.
tecido adiposo e na placenta. O colesterol é a matéria-prima para a esteroidogênese e pode O processo de foliculogênese tem início com o recrutamento folicular. Uma coorte desses
ser obtido na dieta ou pela molécula endógena, produzida no fígado. O processo de produção folículos é ativada e recrutada. Nesse momento, as células da granulosa tornam-se cubóides e
dos hormônios esteróides envolve, no mínimo, 17 enzimas. De maneira simplificada, a perda o folículo passa a ser chamado de folículo primário. Essa fase é independente da ação das
de carbonos leva à transformação do colesterol em progesterona (19 carbonos), gonadotrofinas. O mecanismo que determina com precisão quais e quantos folículos
androgênio (18 carbonos) e, por fim, estrogênio (17 carbonos). No ovário, a esteroidogênese participarão desse crescimento ainda é desconhecido. O folículo primário vai multiplicando o
envolve duas populações de células, as células da granulosa e as células da teca, por meio número de camadas de células da granulosa até se tornar o folículo pré-antral ou secundário,
do mecanismo de “duas células, duas gonadotrofinas”. com quatro ou mais camadas de células. A partir dessa fase, precisaremos de quantidades
adequadas de FSH e LH na circulação para que ocorra a maturação folicular final, ou seja,
● AÇÕES DO ESTROGÊNIO: iniciamos a fase FSH-dependente.
NO SISTEMA REPRODUTOR FEMININO:
- Estimula a maturação do epitélio vaginal e o aumento do glicogênio extracelular; São as alterações do final de um ciclo que estimulam o desenvolvimento do ciclo seguinte. A
- Aumenta a produção de muco cervical no colo uterino, aumentando sua filância menstruação nada mais é que um sangramento de privação, ou seja, provocado pela queda
(distensão), deixando-o mais receptivo aos espermatozoides; hormonal. Os níveis baixos de esteróides ovarianos e de inibina A no início do ciclo
- Ação proliferativa no endométrio; provocam elevação dos níveis de FSH, e é essa elevação que estimula o crescimento do
- Estimula movimentos peristálticos na tuba uterina; folículo pré-antral. Esse folículo possui duas camadas de células: as células da granulosa,
- Desenvolvimento das mamas. mais internas, que são capazes de produzir estrogênios sob o estímulo do FSH, e as
AÇÕES EXTRAGENITAIS: células da teca, mais externas, capazes de produzir androgênios pelo estímulo do LH.
- Promove hipotermia no SNC (por ativação de receptores serotoninérgicos);
- Aumento de gordura corporal; Os esteróides ovarianos são produzidos a partir do colesterol!
- Retenção de sais e líquidos Os compartimentos do folículo, células da teca e células da granulosa, têm a capacidade de
- Diminuição da reabsorção óssea; produzir os três tipos de esteróides sexuais (estrogênio, progesterona e androgênios).
- Aumento de HDL; Entretanto, a atividade da enzima aromatase dá-se, sobretudo, nas células da granulosa, o
- Síntese de colágeno; que faz com que a produção de esteróides fique compartimentalizada. As células da teca, por
- Reduz o tônus vascular. serem mais externas e vascularizadas, captam o colesterol e, sob o estímulo do LH,
produzem androgênios. Esses, por sua vez, entram nas células da granulosa por difusão
AÇÕES DA PROGESTERONA: e, por estímulo do FSH, convertem-se em estrogênios pela atividade da enzima
NO SISTEMA REPRODUTOR FEMININO: aromatase. O aumento do FSH nessa fase estimula a atividade da enzima aromatase e
- Prepara o endométrio para nidação, transformando-o em secretor; aumenta a produção de estrogênios.
- Desenvolvimento do sistema lobular mamário;
- Inibe as contrações uterinas e ondas peristálticas tubárias; Mais tarde, o folículo começa a secretar fluido entre as células, formando uma cavidade
- Inibe a maturação celular vaginal; folicular ou antral, passando a chamar-se de folículo antral ou terciário. O acúmulo de fluido
- Reduz a produção de muco cervical; provoca crescimento rápido do folículo. Um dos folículos destaca-se dos outros crescendo
AÇÕES EXTRAGENITAIS: de forma mais acelerada, o chamado folículo dominante. Ele é mais sensível e responsivo à
- Reduz eliminação de potássio e aumenta excreção de sódio -> menor retenção hídrica ação do FSH, além de ter maior atividade da enzima aromatase. Essas características são
(diurético natural); muito importantes nessa fase, pois, como está havendo produção máxima de estradiol e
- Promove hipertermia no SNC (esse é o princípio da avaliação do método da temperatura também de inibina B, a liberação de FSH está sendo inibida (feedback negativo). Sendo
basal como contracepção. assim, mesmo com os níveis de FSH reduzindo, o folículo dominante continua crescendo,
- Auxilia no uso da gordura como energia; enquanto todos os outros sofrem atresia.
diferenciação envolve invasão capilar com consequente aumento de vascularização, importante
A cada ciclo, cerca de mil folículos são recrutados e seu processo de desenvolvimento para a síntese dos esteróides.
demora até 120 dias, ou seja, o folículo selecionado para ovulação só vai ser ovulado três a O corpo lúteo é capaz de produzir diversos hormônios: estrogênio, progesterona, inibina A,
quatro meses depois. A maioria dos folículos entra em atresia, de forma que apenas 8 a 20 ocitocina e relaxina. A progesterona é o principal hormônio produzido por ele (níveis máximos
folículos chegam ao estágio antral. Esses são os verdadeiros folículos com capacidade de ocorrem no meio da fase lútea), mas também há produção de estrogênio e inibina A em
completar seu desenvolvimento e, por isso, refletem a reserva ovariana feminina, uma vez que quantidades significativas. Estrogênio e progesterona inibem a liberação hipofisária de FSH
são proporcionais ao número de folículos primordiais presentes no ovário. Quanto menor o e LH e a inibina A promove diminuição do FSH. Isso impede novo recrutamento e
número de folículos que se desenvolverem, maior será a quantidade de folículos desenvolvimento folicular nesse período. A função do corpo lúteo necessita da produção de LH.
remanescentes, ou seja, maior será a reserva ovariana, o que é muito importante para a vida Como o corpo lúteo está produzindo progesterona, por mecanismo de feedback negativo, os
reprodutiva da mulher. níveis de LH vão diminuindo. Logo, a tendência é que ocorra luteólise. Caso ocorra gravidez, o
Ao final da fase folicular, já como folículo pré-ovulatório (folículo maduro ou folículo de Graaf), hCG placentário mimetiza a ação do LH e “salva” o corpo lúteo, estimulando-o a produzir
temos produção de estradiol máxima, queda dos níveis de FSH e aumento dos receptores progesterona, essencial para a manutenção da gravidez até a formação total da placenta. Caso
de LH (presentes nas células da teca e agora também nas células da granulosa). Essa fase é não ocorra a gestação, ocorre o processo de luteólise, de mecanismo pouco conhecido. O
chamada de fase LH-dependente. Nela, ocorre o efeito bimodal do estrogênio: as altas doses corpo lúteo regride após um período de 12 a 16 dias e transforma-se em corpo albicans.
de estradiol nesse momento provocam aumento dos níveis de FSH e LH. O aumento do LH Consequentemente, ocorre redução dos níveis de estrogênio, progesterona e inibina A,
provoca pequena produção de progesterona pelas células da granulosa cerca de 12-24 horas o que provoca a menstruação e faz com que os níveis das gonadotrofinas se elevem,
antes da ovulação, o que também estimula a liberação de LH. Como o LH estimula a iniciando novo ciclo.
produção de androgênios a partir do colesterol, os folículos em atresia aumentam a produção
desse esteróide, o que estimula o aumento da libido feminina nessa fase do ciclo. Os altos CICLO UTERINO
níveis de LH causam luteinização das células da granulosa, produção de progesterona e O endométrio sofre transformações em resposta à produção hormonal ovariana. O objetivo final
o início da ovulação. é preparar o útero para a implantação do embrião.
- Excluir possíveis complicações da gravidez; Excluir uso de medicamentos; Identificar 5. DISCUTIR O MANEJO TERAPÊUTICO DE SUA
doenças sistêmicas intercorrentes; Avaliar as condições dos órgãos pélvicos; Verificar a função do Tratamento de lesões estruturais
eixo H-H-ovariano; Pólipos
- Exames complementares no diagnóstico do SUA: Glicemia jejum, insulina basal TSH, tiroxina Os pólipos são lesões de glândula e estroma endometriais que se projetam na cavidade. Podem ser
livre, prolactina Ureia, creatinina, clearence creatinina TGO, TGP, bilirrubinas, proteínas; Plaquetas, visíveis ao exame especular, visualizados através do orifício externo do colo útero, podendo ser
TTPA, agregação de plaquetas; Antígeno von Willebrand; Ultrassonografia, RX, TC, RNM; retirados com auxílio de uma pinça especial ou visíveis apenas à histeroscopia. A polipectomia
Colpocitologia oncótica, inflamatória; Colposcopia, biópsia de endométrio; Ultrassonografia, histeroscópica é a primeira opção de tratamento. Enquanto pequenos pólipos (<0,5 cm) podem ser
histerossonografia; Histerosalpingografia, curetagem fracionada; Histeroscopia/laparoscopia. removidos ambulatorialmente, pólipos maiores podem ser removidos em bloco (ressecando-se a
base da lesão de implantação) ou em fragmentos. Além disso, é interessante que a amostra seja
1. Excluir possíveis complicações da gravidez enviada para estudo histológico.
Possibilidade de abortamento e gravidez ectópica; esta última leva aos erros mais frequentes. A
dosagem quantitativa da gonadotrofina coriônica (hCG) ou sua subunidade beta (beta-hCG) deve ser Mioma
obtida na primeira avaliação. A ultrassonografia transvaginal deve ser utilizada também na Os leiomiomas são tumores benignos de células do músculo liso que são dependentes de hormônios
abordagem inicial. (estrogênio e progesterona). A maioria das mulheres é assintomática, porém se houver sintomas,
2. Excluir uso de medicamentos existe o tratamento farmacológico, que é a primeira opção, tendo como opções as mesmas do
Medicamentos que possam interferir com o metabolismo dos esteróides sexuais e com a produção tratamento do SUA não estrutural, basicamente envolve contraceptivos hormonais, anti-fi brinolíticos
de prolactina. O uso errático de estradiol e progesterona pode perpetuar o sangramento anormal. e AINES inicialmente, podendo lançar mão de técnicas como embolização de artérias uterinas ou
análogos de GnRH. Caso não haja resposta, indica-se a cirurgia, que pode ser a retirada do mioma Progestagênio injetável
(miomectomia), que pode ser realizada por via da histeroscopia, laparoscopia ou laparotomia ou a Cerca 24% das mulheres podem ter amenorreia com seu uso. Efeitos colaterais podem limitar sua
retirada do útero (histerectomia), que pode ser por via vaginal, laparascopia ou laparotomia. tolerância, incluindo sangramentos irregulares, ganho ponderal e cefaleia.
- O que define qual abordagem cirúrgica será realizada são as características do tumor em
número, localização, tamanho e considerando se há desejo de concepção – e da paciente. Sistema intrauterino liberador de levonorgestrel (SIU-LING)
- Caso a lesão seja majoritariamente intracavitária, pode-se realizar a abordagem É considerado mais efetivo para o tratamento do SUA do que os contraceptivos orais. Promove
exclusivamente histeroscópica. Lesões grandes e com componente intramural importante devem ser redução substancial no volume do sangramento e tem melhor aceitação, devido ao tratamento
realizadas via laparoscopia ou laparotomia. Existe uma escala para avaliar a segurança da prolongado e menor ocorrência de efeitos adversos.
abordagem histeroscópica do mioma, levando em conta o seu tamanho, nível de comprometimento - Não é recomendado se a cavidade uterina estiver irregular, por risco de expulsão. Seu efeito
da parede endometrial, largura da base e localização no útero. colateral mais comum é o sangramento inesperado nos primeiros três meses de uso.
Miomas pequenos (<2 cm) podem ser retirados no ambulatório a depender das condições clínicas Anti-fibrinolíticos
da paciente. Miomas maiores que 3 cm têm maiores complicações e podem afetar o miométrio Mulheres com fluxo menstrual aumentado podem ter ativação do sistema fibrinolítico na
circundante, sendo a miomectomia em dois tempos cirúrgicos uma boa opção para esses casos. menstruação, gerando degradação do coágulo formado para conter o sangramento. Logo,
Miomas intramurais podem ser retirados por via laparoscópica ou laparotômica. Já miomas medicamentos que inibem a fibrinólise contribuem para redução do sangramento. O ácido
extensos devem ser tratados idealmente com análogo de GnRH durante os três meses antes da tranexâmico é frequentemente indicado, 3 a 4x/ dia.
cirurgia, objetivando a redução do tamanho. Caso não haja possibilidade de miomectomia nem
desejo de concepção, indica-se a histerectomia – que pode ser por via vaginal, laparoscópica ou Anti-inflamatórios não esteroidais
laparotômica Esses medicamentos inibem a ciclooxigenase. O aumento da inflamação endometrial se associa a
maior fluxo hemorrágico e menstrual, o que explica o uso de anti-inflamatórios para conter o SUA. O
Adenomiose mais estudado é o ácido mefenâmico, com redução de 25% a 50% do volume de sangramento. Os
Essa patologia é geralmente tratada por meio de histerectomia. No entanto, estudos têm apontado efeitos colaterais mais frequentes são os gastrointestinais não sendo indicados em mulheres com
possível eficácia em relação à melhora de sintomas com abordagem farmacológica hormonal – as histórico de úlcera.
mesmas opções do SUA de causa não estrutural.
Tratamentos cirúrgicos
Tratamento de causas não estruturais - Incluem as causas referidas no mnemônico “COEIN”: Ablação endometrial
coagulopatias, anovulações crônicas, disfunção endometrial, iatrogenia e causas não especificadas. Constitui uma medida menos invasiva que a histerectomia, consistindo em um procedimento que
Estrogênio e progestagênio combinados destrói o endométrio até sua camada basal, impedindo sua regeneração. Seus melhores resultados
se mostram em úteros com histerometria inferior a 10 cm. Atualmente, há duas classificações:
Geralmente, os contraceptivos combinados monofásicos são usados em esquemas cíclicos, com primeira geração, que ocorre por via histeroscópica; e segunda geração, que é feita com balões
pausas – podendo, no entanto, ser utilizados continuamente. Além disso, regimes contínuos se térmicos. Há vários métodos de destruição do endométrio: laser, vaporização, crioablação, balão
mostraram superiores na capacidade de reduzir sangramento do que regimes cíclicos. A limitação térmico etc.) A ablação por histeroscopia permite ainda o estudo anatomopatológico.
dessa alternativa é se houver desejo de gravidez, já que esse medicamento inibe a ovulação. Suas
contraindicações incluem HAS, enxaqueca com aura, fumantes maiores que 35 anos, Histerectomia
trombofílicas etc. É o último tratamento que pensaremos em fazer no SUA de causa não estrutural. É idealmente
Progestagênio isolado sistêmico apenas realizado em pacientes que não possuem desejo de futura concepção. No mais, é um
Os estrogênios promovem atrofia endometrial e atuam contra a inflamação. Há diferentes tratamento que apresenta alto índice de satisfação devido ao fato de curar o sangramento uterino
formulações: contínuo, cíclico, por via oral, injetável e intrauterina. O principal efeito colateral, que definitivamente.
atua como limitante, é o sangramento inesperado.