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Ciclo Menstrual
❖ Ciclo menstrual: conjunto de eventos endócrinos interdependentes do sistema hipotálamo-hipófise-
ovariano + modificações fisiológicas no organismo da mulher, para preparação para o coito e a para
a gravidez.
❖ Eixo principal: hipotálamo, hipófise e ovário. Porém, temos interferências do corpo inteiro, como
tireoide, suprarrenal, fígado e metabolismo periférico. Também recebe influencias ambientais, como
estresse, atividade física, grau de nutrição da mulher etc.
❖ O hipotálamo produz GnRH, que estimula a liberação de gonadotrofinas pela hipófise. As
gonadotrofinas (LH e FSH) estimulam a produção de estrogênio, progesterona e testosterona pelo
ovário. A inibina produzida pelo ovário possui ação negativa sobre o eixo principal.
Hipotálamo:
❖ Pequena estrutura neural, situado na base do cérebro, acima do quiasmo óptico e abaixo do terceiro
ventrículo.
❖ Possui conexão com a hipófise pelo sistema porta-hipofisário.
❖ A hipófise recebe fluxo sanguíneo das veias vindas do hipotálamo, pelo sistema porta-hipofisário.
GnRH:
❖ Secretado pelo núcleo arqueado do hipotálamo.
❖ A secreção do GnRH ocorre de forma pulsátil, variando em
frequência e em amplitude.
❖ Fase folicular: secreção com frequência alta e amplitude baixa.
❖ Fase lútea: secreção com frequência menor e amplitude maior.
❖ A meia-vida do GnRH é muito curta, logo a maneira como ele é
secretado faz diferença.
❖ Essa variação na forma de liberação do GnRH permite que o
mesmo hormônio module de forma diferente a secreção de LH
e de FSH.
Marcela Bastos, 71C
Hipófise:
❖ O GnRH chega à hipófise pelo sistema porta-hipofisário.
❖ A adenohipófise produz FSH e LH, estimulada pelo GnRH, e outros
hormônios.
❖ Todos esses outros hormônios são capazes de interferir no adequado
funcionamento do ciclo menstrual, se houver alguma desregulação na
produção.
Ovário:
❖ FSH e LH estimulam a produção de gametas e a
secreção hormonal ovariana de estrogênio, progesterona
e androgênios.
❖ O ovário é dividido em córtex, medula e hilo. O hilo possui
os vasos sanguíneos e a medula é composta por um
tecido conjuntivo frouxo extremamente vascularizado,
que permite nutrição e vascularização do córtex, onde se
encontram os oócitos.
❖ A parte funcional dos ovários é composta por folículo
(estrogênio), corpo lúteo (progesterona) e estroma
(androgênios).
Desenvolvimento Folicular:
❖ Para o desenvolvimento folicular acontecer,
precisamos ter um número de oócitos preparados
para esse estímulo.
❖ A mulher já nasce com a reserva ovariana completa.
Durante o desenvolvimento embrionário, temos uma
multiplicação das ovogônias. Na 20ª semana de
gestação, temos o número máximo de oócitos (6 a 7
milhões). Antes mesmo do nascimento, esse
número se reduz para 1 a 2 milhões, por um
processo de atresia.
❖ Ocorre quiescência de vários oócitos e alguns deles
continuam sendo perdidos.
❖ No momento da puberdade, que o ovário começa a responder ao estimulo do FSH e do LH, temos
300 a 500 mil oócitos parados no estágio diplóteno da meiose. O processo de meiose está
interrompido até o momento da ovulação.
❖ 300 a 400 oócitos serão de fato ovulados durante a vida reprodutiva, o restante será perdido.
❖ A cada ciclo menstrual, temos o recrutamento de 1000 oócitos.
❖ O desenvolvimento inicial do folículo não ocorre apenas no ciclo menstrual. Para ele conseguir
responder ao estimulo do FSH e LH, ela precisa ter passado por um desenvolvimento inicial, com
duração de aproximadamente 175 dias.
❖ O folículo a ser ovulado necessita de 3 a 4 meses de desenvolvimento a partir de seu recrutamento.
❖ Todos os folículos iniciam seu desenvolvimento, porém ao longo do processo da foliculogênese, a
maioria dos oócitos é perdida.
❖ Na vida intrauterina, no processo de formação do feto, temos a multiplicação das oogônias. O único
momento que temos multiplicação de oogônias é na vida intrauterina.
Marcela Bastos, 71C
❖ Essas oogônias crescem até oócito I. Isso que
determina a reserva ovariana da mulher:
quantidade de oócitos I antes do
nascimento.
❖ Durante a infância, ocorre um período de
quiescência, em que o oócito I está bloqueado
na prófase I.
❖ Quando ocorre a puberdade, acontece a
retomada da meiose. Ocorre a primeira divisão
meiótica. Apenas em caso de fecundação
ocorrerá a segunda divisão meiótica.
❖ 1 oogônia não dá origem a quatro células
germinativas. Na verdade, quando temos o
processo de divisão das oogônias, elas priorizam o citoplasma para apenas 1 núcleo. Logo, a cada
divisão, elas eliminam um glóbulo polar, que está eliminando conteúdo genético sem citoplasma,
praticamente apenas o núcleo da célula. Se houver fecundação, 1 oogônia dá origem a 1 óvulo só e
elimina glóbulos polares com o restante do conteúdo genético.
❖ Apesar da quiescência que ocorre na infância, o processo de atresia dos folículos primordiais continua
a acontecer.
❖ Grande parte da população de células germinativas não chega à puberdade.
❖ A população máxima de oogônias ocorre por meio de 6 meses de vida intrauterina. No início da
puberdade, temos a perda da maioria de células germinativas. Quando se inicia a vida reprodutiva, já
temos uma quantidade bem reduzida oócitos disponíveis.
Função dos Ovários:
❖ População de células preparadas para responder ao estímulo do FSH e do LH.
❖ Esteroidogênese: produção de esteroides sexuais.
❖ Foliculogênese: recrutamento e desenvolvimento dos folículos ovarianos.
❖ Outra forma de dividir, sem a fase ovulatória. A transição entre as fases ocorre no dia da ovulação.
❖ A fase lútea é mais fixa, dura normalmente 14 dias. Quando o ciclo não dura 28 dias, quem varia para
mais ou para menos é a fase folicular.
❖ Quando nos referimos ao útero, a primeira fase é chamada de fase proliferativa e a segunda fase é
chamada de fase secretora.
❖ Quando os folículos são recrutados sob estímulo hormonal, eles não são recrutados apenas em 1
ciclo. Eles demoram muito para se desenvolver (175 dias).
❖ Dentro do ciclo menstrual, a evolução ocorre da seguinte forma:
• Temos 1 folículo primário, que é um oócito com 1 camada de células da granulosa.
• O folículo primário evolui para folículo secundário, com a multiplicação das células da granulosa
e formação de uma fina camada de células da teca.
• O folículo secundário evolui para folículo antral, com formação da cavidade antral.
• O folículo antral evolui para folículo pré-ovulatório, culminando na ovulação.
Folículo Primordial:
❖ Oócito primário envolvido por uma única camada de células foliculares planas da granulosa.
❖ Seu crescimento é independente do estímulo de gonadotrofinas. Ele depende de um ambiente
favorável dentro do ovário.
Folículo Primário:
❖ Oócito circundado por células colunares da granulosa, que sofrem multiplicação. Quando a camada
aumenta em números de células (pelo menos duas camadas), o folículo deixa de ser primário e passa
a ser secundário.
Folículo Secundário:
❖ Pelo menos duas camadas de células da granulosa.
❖ Diferenciação das células da teca em teca interna e teca externa.
Marcela Bastos, 71C
❖ Com a evolução e a especialização das células da granulosa, elas produzem fluido folicular, que forma
uma cavidade antral entre as células. Essa cavidade permite o transporte de hormônios, fatores de
crescimento, nutrientes, citocinas etc.
❖ O oócito é ligado ao folículo por essas células da granulosa especializadas, em torno do oócito, que
passam para o oócito todos os nutrientes que ele precisa, chamadas de cumulus oophorus.
❖ As células da granulosa não possuem fácil acesso a produtos externos, pois as células da teca
circundam o folículo externamente.
Marcela Bastos, 71C
❖ Resumo: o aumento do estrogênio causa aumento de receptores de FSH no folículo (produção ainda
maior de estrogênio), mas o estrogênio na corrente sanguínea gera redução da produção de FSH
(feedback negativo no hipotálamo e na hipófise). A redução do FSH faz com que os outros folículos
sofram atresia (os folículos não dominantes possuem baixos receptores de FSH, logo o nível
diminuído de FSH não sustenta o desenvolvimento deles). O folículo dominante continua se
desenvolvendo, pois ele possui muitos receptores de FSH, logo essa baixa quantidade de FSH já é
suficiente.
❖ A seleção do folículo dominante é estabelecida durante os dias 5 e 7 do ciclo menstrual.
❖ Folículo dominante: possui maior número de células da granulosa, maior número de receptores de
FSH (porque produziu mais estrogênio), maior número de receptores de LH, maior vascularização
das células da teca, maior nível de atividade da aromatase. Para as células da granulosa produzirem
muito estrogênio, as células da teca também precisam enviar muitos androgênios, logo também
precisamos de muitas células da teca muito vascularizadas para produzir os androgênios que serão
aromatizados em estrogênio
❖ Dentro do folículo, o estrogênio possui apenas feedback positivo. Logo, precisamos de muito
estrogênio para ele ser um folículo dominante. Sistemicamente, ele faz feedback negativo justamente
para que outros folículos parem de desenvolver e apenas ele ovule. Ele continua crescendo com nível
baixo de FSH, pois possui muito receptor de FSH.
Ovulação:
❖ O pico do LH gera a ovulação. 10 a 12h após o pico de LH.
❖ A ovulação ocorre 24 a 36h após o pico de estrogênio.
❖ O nível de estrogênio sobe. Quando ele alcança 200pc/ml (por pelo menos
48h), ocorre estímulo do pico de LH.
❖ O FSH vai aumentando e, depois, começa a diminuir, no momento em que o estrogênio começa a
aumentar, para impedir que outros folículos sejam recrutados junto com o folículo dominante.
❖ O LH estava se mantendo basal. Quando o estrogênio produz o pico, ocorre feedback a nível central,
que gera o pico de LH. Ele é acompanhado por um pico de FSH, que não possui importância no
momento da ovulação.
❖ Os folículos estão produzindo estradiol. Começa a aumentar quando temos um estímulo de FSH.
Quando o estradiol aumenta, o FSH diminui, logo apenas o folículo dominante passa a produzir
estradiol. Rapidamente, aumenta o nível de estradiol para o pico.
❖ O FSH diminui para ficar apenas o folículo dominante, que possui muito receptor de FSH.
❖ O pico de estrogênio gera picos de FSH e de LH. O pico de LH deflagra a ovulação. O pico de FSH
não possui importância na ovulação. Ele ocorre porque o pico de estrogênio causa um feedback
positivo para o aumento da liberação de gonadotrofinas, assim libera-se LH e FSH juntos.
❖ Após a ovulação, temos o aumento da progesterona, pois quem produz a progesterona é o corpo
lúteo.
Fase Ovulatória:
Marcela Bastos, 71C
❖ Começa um pouco antes da ovulação de fato. Ocorre na transição da fase folicular para a fase lútea.
Marcada por 3 fenômenos:
❖ Recomeço da meiose. O oócito está parado na prófase 1. A conclusão da meiose ocorre apenas se
o ovócito for fecundado.
❖ Luteinização das células da granulosa: possuem receptores para LH. Quando temos grande estímulo
para LH, temos a luitenização das células da granulosa, que passam a produzir mais progesterona.
❖ Ovulação: liberação do oócito.
❖ Com a atresia do corpo lúteo, ocorre diminuição da produção de progesterona, estrogênio e inibina A,
o que permite o aumento de FSH para o início de um novo ciclo. No dia 1 do novo ciclo (1º dia da
menstruação), o FSH já está elevado.
Alterações no Endométrio:
❖ Dividimos o endométrio em uma camada funcional (2/3) e uma cada basal (1/3).
❖ A camada basal praticamente não sofre alterações durante o ciclo. Ela é responsável por permitir uma
nova proliferação no novo ciclo.
❖ A camada funcional é a camada que cresce e descama a cada ciclo. Sob estímulo do estrogênio, a
camada funcional cresce, com proliferação endometrial. Sob a ação da progesterona, a camada
funcional se especializa em glândulas secretoras e especiais para que ocorra a fecundação. Se não
houver fecundação, ocorre descamação da camada funcional do endométrio.
❖ Endométrio menstrual > endométrio proliferativo > endométrio pré-ovulatório (no período de transição
entre a fase folicular e a fase lútea, com especialização das glândulas endometriais - característica
tri-laminar, especializado) > endométrio luteinizado (um pouco mais espesso) > endométrio
decidualizado (menstruação).
Menstruação:
❖ Sangue proveniente dos capilares e das arteríolas do endométrio.
❖ Descamação da camada funcional do endométrio.
❖ A camada que sangra não possui fibrinogênio, logo dentro do útero não se formam coágulos. Quando
esse sangue chega na vagina, podem ocorrer agregados de hemácias e junção com muco, gerando
sensação de formação de coágulos.
❖ Volume: 30 a 80ml.
❖ Duração: 3 a 7 dias.
❖ Intervalo entre os ciclos: 24 a 38 dias, com média de 28 dias.
Ciclo Endometrial:
❖ GnRH estimula liberação de FSH e LH, que estimulam recrutamento e desenvolvimento de folículos
no ovário (FSH). Os folículos começam a produzir estrogênio. Quando ele alcança um nível acima de
200 pr/ml por pelo menos 48h, ocorre o pico de LH, que deflagra o começo da liberação de
progesterona e prostaglandinas, que culminam na ovulação.
❖ O endométrio com estímulo da progesterona se especializa, se preparando para receber o zigoto. O
folículo ovulado se transforma em corpo lúteo, ocorre luteinização das células da granulosa,
aumentando a produção da progesterona. Caso não ocorra fecundação, ocorre a queda desses
hormônios e, em seguida, a menstruação.
❖ O desenvolvimento
folicular ovariano passa
de um período de
independência para um
período de dependência
de FSH.
❖ O FSH estimula o folículo,
produzindo estrogênio e
inibina B. O estrogênio
possui feedback positivo
localmente, estimulando o
crescimento folicular.
❖ O aumento do nível de
estrogênios causa o
aumento repentino do LH.