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ANALISAR AS DIFERENCIAÇÕES GONADAIS

A diferenciação sexual é um processo complexo que envolve muitos genes,


incluindo alguns autossômicos. A chave para o dimorfismo sexual é o
cromossomo Y, que contém o gene determinante de testículos chamado SRY
(região determinante do sexo no Y) em seu braço curto (Yp11). O produto
proteico desse gene é um fator de transcrição que inicia uma cascata de genes
que determinam o destino dos órgãos sexuais rudimentares. A proteína SRY é
o fator determinante do testículo; sob sua influência, ocorre o desenvolvimento
masculino; em sua ausência, se estabelece o desenvolvimento feminino.
Gônadas
Embora o sexo do embrião seja determinado geneticamente no momento da
fertilização, as gônadas não adquirem características morfológicas masculinas
ou femininas até a sétima semana do desenvolvimento.
As gônadas aparecem inicialmente como um par de cristas, as cristas genitais
ou gonadais. Elas são formadas por proliferação do epitélio celomático e
condensação do mesênquima subjacente. As células germinativas não
aparecem nas cristas genitais até a sexta semana do desenvolvimento.
As células germinativas primordiais se originam no epiblasto, migram através
da linha primitiva e, por volta da terceira semana, residem entre as células
endodérmicas na parede da vesícula vitelínica, próximo ao alantoide. Durante a
quarta semana, elas migram por meio de movimento ameboide ao longo do
mesentério dorsal do intestino posterior, chegando às gônadas primitivas no
início da quinta semana e invadindo as cristas genitais na sexta semana. Se
elas não conseguem alcançar as cristas, as gônadas não se desenvolvem.
Assim, as células germinativas primordiais têm uma influência indutora sobre o
desenvolvimento das gônadas em ovários ou testículos.
Um pouco antes e durante a chegada das células germinativas primordiais, o
epitélio do sulco genital prolifera e as células epiteliais penetram o mesênquima
subjacente. Ali, elas formam vários cordões de formato irregular, os cordões
sexuais primitivos. Tanto no embrião masculino quanto no feminino, esses
cordões estão conectados ao epitélio superficial; a diferenciação entre gônada
feminina e masculina é impossível neste momento, de modo que as gônadas
são chamadas de indiferenciadas.

Testículos
Se o embrião for geneticamente masculino, as células germinativas primordiais
carreiam um complexo cromossômico sexual XY. Sob a influência do gene
SRY no cromossomo Y, que codifica o fator determinante do testículo, os
cordões sexuais primitivos continuam a proliferar e a penetrar fundo na medula,
formando os testículos ou cordões medulares. Na direção do hilo da glândula,
os cordões se fragmentam em uma rede de pequenos fios celulares que, mais
tarde, dão origem aos túbulos da rede testicular. Com a continuação do
desenvolvimento, uma camada densa de tecido conjuntivo fibroso, a túnica
albugínea, separa os cordões testiculares do epitélio superficial.
No quarto mês, os cordões testiculares adquirem um formato de ferradura, e
suas extremidades são contínuas com aquelas da rede testicular. Os cordões
testiculares agora são compostos por células germinativas primitivas e por
células de sustentação denominadas células de Sertoli, derivadas do epitélio
superficial da glândula.
As células intersticiais de Leydig, derivadas do mesênquima original do sulco
gonadal, encontram-se entre os cordões testiculares. Elas começam a se
desenvolver um pouco depois do início da diferenciação desses cordões. Na
oitava semana de gestação, as células de Leydig começam a produção de
testosterona, influenciando a diferenciação sexual dos ductos genitais e da
genitália externa.
Os cordões testiculares permanecem sólidos até a puberdade, quando
adquirem um lúmen, formando, assim, os túbulos seminíferos. Uma vez que os
túbulos seminíferos são canalizados, eles se juntam aos túbulos da rede
testicular, que, por sua vez, entram em contato com os dúctulos eferentes.
Esses dúctulos eferentes são as porções remanescentes dos túbulos
excretórios do sistema mesonéfrico. Eles conectam a rede testicular ao ducto
mesonéfrico, ou wolffiano, que se torna o ducto deferente.

Ovário
Em embriões femininos com um complemento cromossômico sexual XX e
nenhum cromossomo Y, os cordões sexuais primitivos se dissociam em
conjuntos celulares irregulares. Esses conjuntos, que contêm grupos de células
germinativas primitivas, ocupam a porção medular do ovário. Mais tarde, eles
desaparecem e são substituídos por um estroma vascular que forma a medula
ovariana.
O epitélio superficial da gônada feminina, ao contrário do que ocorre no
homem, continua a proliferar. Na sétima semana, ele dá origem à segunda
geração de cordões, os cordões corticais, que penetram no mesênquima
subjacente, mas permanecem próximo à superfície. No terceiro mês, esses
cordões se dividem em grupos celulares isolados. As células desses grupos
continuam a proliferar e cercam cada oogônia com uma camada de células
epiteliais chamadas de células foliculares. Juntas, a oogônia e as células
foliculares constituem o folículo primordial.
Assim, pode-se dizer que o sexo genético de um embrião é determinado no
momento da fertilização, dependendo de o espermatozoide carrear um
cromossomo X ou Y. Em embriões com uma configuração cromossômica
sexual XX, os cordões medulares das gônadas regridem e se desenvolve uma
segunda geração de cordões corticais. Em embriões com um complexo
cromossômico sexual XY, os cordões medulares se desenvolvem em cordões
testiculares e não se formam cordões corticais secundários.

ESTUDAR AS FUNÇÕES GONADAIS (CICLO MENSTRUAL)


Gônadas são os órgãos que produzem gametas – espermatozoides nos
homens e ovócitos (oócitos) nas mulheres. Além da sua função reprodutora, as
gônadas secretam hormônios.
Os ovários, um par de corpos ovais localizados na cavidade pélvica feminina,
fabricam vários hormônios esteroides, inclusive dois estrogênios (estradiol e
estrona) e progesterona. Esses hormônios sexuais femininos, juntamente com
o hormônio foliculoestimulante (FSH) e o hormônio luteinizante (LH) da adeno-
hipófise, regulam o ciclo menstrual, mantêm a gravidez e preparam as
glândulas mamárias para a lactação.
Além disso, promovem o crescimento das mamas e o alargamento dos quadris
na puberdade e ajudam a manter essas características sexuais femininas
secundárias. Os ovários também produzem inibina, um hormônio proteico que
inibe a secreção de FSH.
Durante a gravidez, os ovários e a placenta produzem um hormônio peptídio
chamado de relaxina (RLX), que aumenta a flexibilidade da sínfise púbica
durante a gravidez e ajuda a dilatar o colo do útero durante o parto. Essas
ações ajudam a facilitar a passagem do bebê pelo alargamento do canal do
parto.
As gônadas masculinas, os testículos, são glândulas ovais localizadas no
escroto. O principal hormônio produzido e secretado pelos testículos é a
testosterona, um androgênio ou hormônio sexual masculino.
A testosterona promove a migração (descida) dos testículos para o escroto
antes do nascimento, regula a produção de espermatozoides e estimula o
desenvolvimento e a manutenção de características sexuais secundárias
masculinas, como crescimento de barba e engrossamento da voz. Os
testículos também produzem inibina, que inibe a secreção de FSH.
ENTENDER DE QUE FORMA OS HORMÔNIOS GONADAIS INTERFEREM
NAS CARACTERÍSTICAS MASCULINA E FEMININA

REGULAÇÃO HORMONAL DO CICLO REPRODUTIVO FEMININO


O hormônio liberador de gonadotropina (GnRH) secretado pelo hipotálamo
controla os ciclos ovariano e uterino. O GnRH estimula a liberação do hormônio
foliculoestimulante (FSH) e do hormônio luteinizante (LH) pela adeno-hipófise.
O FSH inicia o crescimento folicular, enquanto o LH estimula o
desenvolvimento adicional dos folículos ovarianos. Além disso, o FSH e o LH
estimulam os folículos ovarianos a secretar estrogênio.
O LH estimula as células da teca de um folículo em desenvolvimento a produzir
androgênios. Sob influência do FSH, os androgênios são absorvidos pelas
células granulosas do folículo e, em seguida, convertidos em estrogênios. No
meio do ciclo, o LH estimula a ovulação e, então, promove a formação do corpo
lúteo, a razão para o nome hormônio luteinizante.
Estimulado pela LH, o corpo lúteo produz e secreta estrogênios, progesterona,
relaxina e inibina. Foram isolados pelo menos seis estrogênios diferentes do
plasma de mulheres, mas apenas três estão presentes em quantidades
significativas: beta (β)-estradiol, estrona e estriol.
Em uma mulher não grávida, o estrogênio é o estradiol mais abundante, que é
sintetizado a partir do colesterol nos ovários. Os estrogênios secretados pelos
folículos ovarianos têm várias funções importantes, dentre elas: Promover o
desenvolvimento e manutenção das estruturas reprodutivas femininas,
características sexuais secundárias e mamas.
As características sexuais secundárias incluem a distribuição do tecido adiposo
nas mamas, no abdome, no monte do púbis e nos quadris; tom da voz; uma
pelve ampla; e o padrão de crescimento de pelos no corpo
Aumentar o anabolismo proteico, incluindo a formação de ossos fortes. Em
relação a isso, os estrogênios são sinérgicos com o hormônio do crescimento
(hGH)
Baixar o nível sanguíneo de colesterol, que provavelmente é o motivo de as
mulheres com menos de 50 anos correrem risco muito menor de doença da
artéria coronária (DAC) do que os homens de idade semelhante
Níveis sanguíneos moderados inibem tanto a liberação de GnRH pelo
hipotálamo quanto a secreção de LH e de FSH pela adeno-hipófise. A
progesterona, secretada principalmente pelas células do corpo lúteo, coopera
com os estrogênios para preparar e manter o endométrio para a implantação
de um óvulo fertilizado e preparar as glândulas mamárias para a secreção de
leite. Altos níveis de progesterona também inibem a secreção de LH e GnRH.
A pequena quantidade de relaxina produzida pelo corpo lúteo durante cada
ciclo mensal relaxa o útero inibindo as contrações do miométrio.
Presumivelmente, a implantação de um óvulo fertilizado ocorre mais facilmente
em um útero “tranquilo”.

FASES DO CICLO REPRODUTIVO FEMININO


A duração do ciclo reprodutivo feminino normalmente varia de 24 a 36 dias.
Para essa discussão, assume-se uma duração de 28 dias e divide-se o ciclo
em quatro fases: a fase menstrual, a fase pré-ovulatória, a ovulação e a fase
pós-ovulatória.

FASE MENSTRUAL
A fase menstrual, também chamada de menstruação, perdura
aproximadamente os 5 primeiros dias do ciclo. (Por convenção, o primeiro dia
da menstruação é o dia 1 de um novo ciclo.)
eventos nos ovários.
Sob influência do FSH, vários folículos primordiais se desenvolvem em folículos
primários e, então, em folículos secundários. Este processo de
desenvolvimento pode levar vários meses para ocorrer. Portanto, um folículo
que começa a se desenvolver no início de um dado ciclo menstrual pode não
alcançar a maturidade e ovular até vários ciclos menstruais mais tarde.
eventos no útero.
O fluxo menstrual do útero consiste em 50 a 150 mℓ de sangue, líquido
tecidual, muco e células epiteliais do endométrio descamado. Esta eliminação
ocorre porque os níveis decrescentes de progesterona e estrogênios estimulam
a liberação de prostaglandinas que fazem com que as arteríolas espirais do
útero se contraiam. Como resultado, as células que elas irrigam são privadas
de oxigênio e começam a morrer. Por fim, todo o estrato funcional descama.
Nesta altura, o endométrio está muito fino, com cerca de 2 a 5 mm, porque
apenas o estrato basal permanece. O fluxo menstrual passa da cavidade
uterina pelo colo do útero e vagina até o meio externo.
FASE PRÉ-OVULATÓRIA
A fase pré-ovulatória é o período entre o fim da menstruação e a ovulação. A
fase pré-ovulatória do ciclo tem comprimento mais variável do que as outras
fases e representa a maior parte das diferenças na duração do ciclo. Tem a
duração de 6 a 13 dias em um ciclo de 28 dias.
eventos nos ovários.
Alguns dos folículos secundários nos ovários começam a secretar estrogênios
e inibina. Por volta do dia 6, um folículo secundário único em um dos dois
ovários superou todos os outros para se tornar o folículo dominante. Os
estrogênios e a inibina secretados pelo folículo dominante diminuem a
secreção de FSH, o que faz com que os outros folículos menos bem
desenvolvidos parem de crescer e sofram atresia.
Normalmente, um folículo secundário dominante único passa a ser o folículo
maduro, que continua aumentando até que tenha mais de 20 mm de diâmetro e
esteja pronto para a ovulação. Este folículo forma uma protuberância em forma
de vesícula decorrente da tumefação do antro na superfície do ovário. Durante
o processo de maturação final, o folículo maduro continua aumentando a sua
produção de estrogênios.

eventos no útero.
Os estrogênios liberados para o sangue pelos folículos ovarianos em
crescimento estimulam o reparo do endométrio;  as células do estrato basal
sofrem mitose e produzem um novo estrato funcional. Conforme o endométrio
se espessa, desenvolvem-se glândulas uterinas retas e curtas, e as arteríolas
se espiralam e alongam à medida que penetram no estrato funcional. A
espessura do endométrio aproximadamente dobra, alcançando cerca de 4 a 10
mm. Em relação ao ciclo uterino, a fase pré-ovulatória também é denominada
fase proliferativa, porque o endométrio está proliferando.
OVULAÇÃO
A ovulação, a ruptura do folículo maduro e a liberação do oócito secundário
para o interior da cavidade pélvica, geralmente ocorre no 14º dia em um ciclo
de 28 dias.
Durante a ovulação, o oócito secundário permanece cercado por sua zona
pelúcida e coroa radiada. Os níveis elevados de estrogênios durante a última
parte da fase pré-ovulatória exercem um efeito de feedback positivo sobre as
células que secretam LH e hormônio liberador de gonadotropina (GnRH) e
induzem à ovulação, como se segue:
Uma alta concentração de estrogênios estimula a liberação mais frequente de
GnRH pelo hipotálamo. Também estimula diretamente os gonadotropos na
adeno-hipófise a secretar LH.
O GnRH promove a liberação adicional de FSH e LH pela adeno-hipófise.
O LH provoca a ruptura do folículo maduro e a expulsão de um oócito
secundário aproximadamente 9 h após o pico de LH. O oócito ovulado e suas
células da coroa radiada geralmente são deslocados para a tuba uterina.
De tempos em tempos, um oócito é perdido na cavidade pélvica, onde depois
se desintegra. O pequeno volume de sangue que, às vezes, extravasa para a
cavidade pélvica do folículo rompido pode causar dor, conhecida como dor
intermenstrual (do alemão mittelschmerz), no momento da ovulação. Um teste
de venda livre que detecta um aumento no nível de LH pode ser usado para
predizer a ovulação com 1 dia de antecedência.

FASE PÓS-OVULATÓRIA
A fase pós-ovulatória do ciclo reprodutivo feminino é o período entre a ovulação
e o início da menstruação seguinte. Em duração, é a parte mais constante do
ciclo reprodutivo feminino. Tem a duração de 14 dias em um ciclo de 28 dias,
do 15º ao 28º dias.
eventos no ovário.
Depois da ovulação, o folículo maduro colapsa, e a membrana basal entre as
células granulosas e a teca interna se rompe. Uma vez que um coágulo se
forma pelo pequeno sangramento do folículo rompido, o folículo se torna o
corpo rubro. As células da teca interna se misturam com as células granulosas
conforme todas estas células se transformam nas células do corpo lúteo sob a
influência do LH. Estimulado pelo LH, o corpo lúteo secreta progesterona,
estrogênios, relaxina e inibina. As células lúteas também absorvem o coágulo
de sangue. Em relação ao ciclo ovariano, esta fase é chamada de fase lútea.
Os eventos posteriores em um ovário que ovulou um oócito dependem se o
óvulo foi fertilizado. Se o óvulo não foi fertilizado, o corpo lúteo tem uma vida
útil de apenas 2 semanas. Em seguida, a sua atividade secretora declina, e ele
se degenera em um corpo albicante. À medida que os níveis de progesterona,
estrogênios e inibina diminuem, a liberação de GnRH, FSH e LH aumenta, em
decorrência da perda da supressão por feedback negativo pelos hormônios
ovarianos. O crescimento folicular é retomado e começa um novo ciclo
ovariano.
Se o oócito secundário for fertilizado e começar a se dividir, o corpo lúteo
persiste além de sua duração normal de 2 semanas. Ele é “resgatado” da
degeneração pela gonadotropina coriônica humana (hCG). Este hormônio é
produzido pelo cório do embrião, começando aproximadamente 8 dias após a
fertilização. Como o LH, o hCG estimula a atividade secretora do corpo lúteo. A
determinação de hCG no sangue ou na urina materna é um indicador de
gravidez e é o hormônio detectado pelos testes de gravidez de venda livre.

eventos no útero.
A progesterona e os estrogênios produzidos pelo corpo lúteo promovem o
crescimento e enrolamento das glândulas uterinas, a vascularização do
endométrio superficial e o espessamento do endométrio até 12 a 18 mm. Em
decorrência da atividade secretora das glândulas uterinas, que começam a
secretar glicogênio, este período é denominado fase secretora do ciclo uterino.
Estas alterações preparatórias alcançam seu pico aproximadamente 1 semana
após a ovulação, no momento em que um óvulo fertilizado pode chegar ao
útero. Se a fertilização não ocorrer, os níveis de progesterona e estrogênios
declinam, em decorrência da degeneração do corpo lúteo. A interrupção na
progesterona e nos estrogênios provoca a menstruação.

CONTROLE HORMONAL DA FUNÇÃO TESTICULAR


Embora os fatores de iniciação sejam desconhecidos, na puberdade,
determinadas células neurosecretoras do hipotálamo aumentam a sua
secreção de hormônio liberador de gonadotropina (GnRH). Este hormônio
estimula, por sua vez, os gonadotropos na adeno-hipófise a aumentar sua
secreção de duas gonadotropinas, o hormônio luteinizante (LH) e o hormônio
foliculoestimulante (FSH).
O LH estimula as células intersticiais que estão localizadas entre os túbulos
seminíferos a secretar o hormônio testosterona. Este hormônio esteroide é
sintetizado a partir do colesterol nos testículos e é o principal androgênio. É
lipossolúvel e se difunde facilmente das células intersticiais para o líquido
intersticial e, em seguida, para o sangue. A testosterona, via feedback
negativo, suprime a secreção de LH pelos gonadotropos da adeno-hipófise e
suprime a secreção de GnRH pelas células neurossecretoras do hipotálamo.
Em algumas células-alvo, como aquelas dos órgãos genitais externos e da
próstata, a enzima 5-alfarredutase converte a testosterona em outro
androgênio, chamado dihidrotestosterona (DHT). O FSH atua indiretamente ao
estimular a espermatogênese.
O FSH e a testosterona atuam sinergicamente nas células sustentaculares
estimulando a secreção da proteína de ligação a androgênios (ABP) no lúmen
dos túbulos seminíferos e no líquido intersticial em torno das células
espermatogênicas. A ABP se liga à testosterona, mantendo a sua
concentração elevada.
A testosterona estimula as etapas finais da espermatogênese nos túbulos
seminíferos. Uma vez alcançado o grau de espermatogênese necessário para
as funções reprodutivas masculinas, as células sustentaculares liberam inibina,
um hormônio proteico assim chamado por inibir a secreção de FSH pela
adeno-hipófise. Se a espermatogênese ocorrer muito lentamente, menos
inibina é liberada, o que possibilita maior secreção de FSH e aumento da
espermatogênese. A testosterona e a di-hidrotestosterona se ligam aos
mesmos receptores de androgênios, que se encontram no interior dos núcleos
das células-alvo. O complexo hormônio-receptor regula a expressão do gene,
ativando alguns genes e desativando outros. Em decorrência dessas
alterações, os androgênios produzem vários efeitos:
 Desenvolvimento pré-natal. Antes do nascimento, a testosterona
estimula o padrão masculino de desenvolvimento dos ductos do sistema
genital e a descida dos testículos para o escroto. A di-hidrotestosterona
estimula o desenvolvimento dos genitais externos. A testosterona
também é convertida no encéfalo em estrogênios (hormônios
feminilizantes), que podem atuar no desenvolvimento de determinadas
regiões do encéfalo em homens
 Desenvolvimento das características sexuais masculinas. Na puberdade,
a testosterona e a di-hidrotestosterona realizam o desenvolvimento e o
alargamento dos órgãos sexuais masculinos e o desenvolvimento das
características sexuais secundárias masculinas. As características
sexuais secundárias distinguem os homens das mulheres, mas não têm
um papel direto na reprodução. Estes incluem o crescimento muscular e
esquelético que resulta em ombros largos e quadris estreitos;  os pelos
faciais e torácicos (dentro dos limites da hereditariedade) e a presença
de mais pelos em outras partes do corpo; o espessamento da pele; o
aumento da secreção das glândulas sebáceas e o aumento da laringe e
consequente engrossamento da voz
 Desenvolvimento da função sexual. Os androgênios contribuem para o
comportamento sexual masculino e espermatogênese, e para o desejo
sexual (libido) em homens e mulheres. Lembre-se de que o córtex da
glândula suprarrenal é a principal fonte de androgênios nas mulheres
 Estimulação do anabolismo. Os androgênios são hormônios
anabólicos; isto é, estimulam a síntese de proteínas. Este efeito é
evidente no maior peso dos músculos e massa óssea que é observado
na maior parte dos homens em comparação às mulheres.
Um sistema de feedback negativo regula a produção de testosterona. Quando
a concentração de testosterona no sangue aumenta até um determinado nível,
isso inibe a liberação de GnRH pelas células hipotalâmicas. Como resultado,
há menos GnRH no sangue portal que flui do hipotálamo para a adeno-
hipófise. Os gonadotropos na adeno-hipófise então liberam menos LH, de
modo que a concentração de LH no sangue sistêmico cai. Com menos
estimulação pelo LH, as células intersticiais dos testículos secretam menos
testosterona, e há um retorno à homeostasia. Se a concentração de
testosterona no sangue cai muito, no entanto, o GnRH é novamente liberado
pelo hipotálamo e estimula a secreção de LH pela adeno-hipófise. O LH, por
sua vez, estimula a produção de testosterona pelos testículos.

COMPREENDER AS DIFERENÇAS ENTRE SEXO BIOLÓGICO,


IDENTIDADE DE GÊNERO E ORIENTAÇÃO SEXUAL

Sexo genital: está vinculado à biologia (hormônios, genes, sistema nervoso e


morfologia)
Gênero
Tem relação com a cultura (psicologia, sociologia, incluindo aqui todo
aprendizado vivido desde o nascimento). É um modo particular de ser no
mundo, fundado, de um lado, no caráter biológico do nosso ser, e, de outro, no
fato da cultura, da história, da sociedade, da ideologia e da religião desse
caráter biológico. Nesse sentido o gênero possui uma função analítica
semelhante àquela de classe social; ambas as categorias atravessam as
sociedades históricas, trazer à luz os conflitos entre homens e mulheres e
definem formas de representar a realidade social e intervir nela.
"[...] está no plano da cultura, dos hábitos e dos aprendizados, não deriva dos
genitais que 'permanecem' à natureza, à biologia", ou seja, no que representa
um papel masculino e um papel feminino no plano cultural de uma sociedade.
refere-se à condição social pela qual podemos nos identificar como homem ou
mulher, e sexualidade são as formas culturais pelas quais vivemos nossos
desejos e prazeres.
Transgêneros: são entendidos como homens ou mulheres que nasceram em
determinado sexo biológico, mas que se identificam identitáriamente e
psicologicamente com o sexo oposto.
Cisgênero/cissexual
Nascem em determinado sexo biológico e se identificam com as construções
sociais que são corres pondentes a tal gênero.
Que significa que o gênero de determinada pessoa é atualmente o mesmo que
lhe foi designado ao nascer, é correspondente a um sexo feminino ou
masculino, que é a construção de gênero da maioria das pessoas
(cisgeneridade).
Pessoa cuja atribuição de sexo biológico está em conformidade com a leitura
de um sexo feminino ou um masculino.
Identidade de gênero
As possibilidades dos seres humanos de reconhecerem a si como pertinentes,
ou não, de determinado gênero ou de possuírem características femininas ou
masculinas, sem que deixem de pertencer ao que se constitui por homem ou
mulher.
Diz respeito à experiência profundamente sentida e individual do gênero, o que
pode ou não corresponder ao sexo designado no nascimento, incluindo o
sentido pessoal do corpo (o que pode envolver, se escolhidas livremente,
modificações na aparência ou funcionamento corporal por meios médicos,
cirúrgicos ou outros) e outras expressões de gênero, incluindo vestimentas,
falas e maneirismos.
"I...] uma celebração móvel: formada e transformada continuamente em relação
às formas pelas quais somos representados ou interpelados nos sistemas
culturais que nos rodeiam". Evidenciando assim, que além de buscar moldar
gêneros, as condições sociais, interferem também nas construções identitárias
dos corpos. É importante também neste momento compreender que os corpos
podem ser alterados enquanto suas origens biológicas e que as definições de
gênero no momento atual compreendem também o binarismo de transgêneros
e cisgêneros. E quando buscamos "[...] falar de gênero não podemos restringir-
nos a homens e mulheres, a masculino e feminino. É necessário incluir todas
essas categorias de pessoas".
é realmente algo formado, ao longo do tempo, através de processos
inconscientes, e não algo inato, existente na conscência no momento do
nascimento", ou seja, nos formamos e nos identificamos por quem somos ao
longo de nosso desenvolvimento, levando em consideração que nos
identificamos com determinado gênero, nos constituímos por nossas
identidades de gênero e nos relacionamos em questões afetivas através de
nossas sexualidades.
reconhecer-se numa identidade supõe, pois, responder afirmativamente a uma
interpelação e estabelecer um sentido de pertencimento a um grupo social de
referência", é reconhecer a si como pertinente a definição do papel de homem
ou de mulher, de cis ou transgênero
Orientacão sexual: se refere à capacidade de cada pessoa para uma
profunda aptidão emocional, afetiva e sexual, bem como relações íntimas e
sexuais com indivíduos de um gênero diferente, do mesmo gênero ou de mais
de um gênero.
Pessoas não binárias: se expressam de formas fluidas ou neutras, não
adotam apenas uma expressão de gênero constantemente masculina ou
feminina, e cuja subjetividade não se compõe por uma identidade e/ou
expressão de gênero fixa.
Heterossexualidade: é concebida como "natural" e também como universal e
normal. Aparentemente supõe-se que todos os sujeitos tenham uma inclinação
inata para eleger como objeto de seu desejo, como parceiro de seus afetos e
de seus jogos sexuais alguém do sexo oposto
Heterocentrismo: representa um conjunto de crenças sobre a orientação
sexual, cuja visão de mundo centra a heterossexualidade como superior às
outras orientações sexuais. Isso fundamenta aprendizagens culturais
cotidianas geradoras de práticas de invisibilização e estigmatização de pessoas
não heterossexuais (heterossexismo). As crenças heterocentristas
(superioridade) e as práticas heterossexistas (invisibilização e estigmatização)
culminam na violência extrema contra lésbicas, gays, bissexuais, pansexuais e
assexuais.
Homossexualidade: cuja orientação sexual e afetiva principal é uma pessoa
do mesmo sexo anatômico. Esta orientação foi notada, inicialmente, na iII
Dinastia Egípcia, cerca de 2500 anos a.C. Entretanto, com o passar do tempo e
a entrada das igrejas cristas estas relações amorosas e sexuais passaram a
ser consideradas como sodomia (atividade indesejável ou pecaminosa). O
movimento de libertação homossexual, trouxe consigo inquietações feministas,
sexuais, ecológicas e raciais que tramitam internacionalmente. Estão incluídos:
lésbicas e gays
Bissexualidade: significa sentir atração sexual por ambos os sexos.
Travesti: é uma pessoa que não se identifica com o gênero biológico e se
comporta como pessoas de outro sexo (vestimenta, forma de agir, etc.).
Transexualismo: quando a pessoa se identifica como sendo gênero oposto ao
sexo refletido no corpo, como exemplo, mulher transexual possui gênero
feminino, embora nascido com corpo masculino.
Queer: se identificam como o sujeito da sexualidade desviante, onde
problematizam as noções clássicas do sujeito e suas identidades usuais. Estes
buscam analisar a multiplicidade de identidades sexuais e de gênero e, como,
desconstruir as relações binárias, o que significa subverter, perturbar,
entretanto, não significa destruir, já que visam a crítica entre o heterossexual e
o homossexual. E considerado um termo guarda-chuva, onde todos os sujeitos
que não se encontram confortáveis dentro do eixo masculino e feminino.
Intersexualidade: ocorrência de qualquer variação de características sexuais,
que dificultam a análise do sexo correto, pois nascem com genitálias ou
características diferentes das dos padrões sexuais da sociedade e, por isso,
não se trata de orientação sexual. Antigamente chamadas de "hermafroditas,
no ámbito médico, são identificadas pelas siglas: DSD (transtorno no
desenvolvimento sexual), baseada numa noção de anormalidade; e VSD
(variações no desenvolvimento sexual), baseada numa noção de variabilidade
e aceita internacionalmente pelo movimento social.

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