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saúde da criança e da

mulher
V.2.1.2023
MDO
Saúde da criança e da mulher

sumário

sumário......................................................................................................................................................................................................................3

saúde da criaça e da mulher.......................................................................................................................................................9

Capítulo 1 - Apresentação..............................................................................................................................................................9

Saúde da Mulher e o Enfoque de Gênero.................................................................................................................11

anotações............................................................................................................................................................................................................. 13

A MULHER NA HISTÓRIA DO BRASIL.............................................................................................................................................. 15

Capítulo 2 - Programas municipais, estaduais e federais de saúde................................. 15

Programas municipais, estaduais e nacionais de saúde.....................................................................17

Política do planejamento familiar.................................................................................................................................. 19

métodos de contracepção..........................................................................................................................................................20

atividades..............................................................................................................................................................................................................22

Sistema reprodutor..............................................................................................................................................................................23

Capítulo 3 - sistema reprodutor feminino e masculino...................................................................23

Função do sistema reprodutor...........................................................................................................................................23

Sistema reprodutor feminino.................................................................................................................................................24

Sistema reprodutor masculino...........................................................................................................................................26

GráFico de comparação sistema reprodutor.................................................................................................. 27

Gametogênese................................................................................................................................................................................................28

Ovogênese ou oogênese..................................................................................................................................................................29

Espermatogênese......................................................................................................................................................................................30

Diferenças entre espermatogênese e ovogênese.................................................................................... 31

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Saúde da criança e da mulher

Puberdade e ciclo Mestrual.....................................................................................................................................................32

Atividades..............................................................................................................................................................................................................38

Embriogênese..................................................................................................................................................................................................39

Capítulo 4 - desenvolvimento intra-uterino....................................................................................................39

Embriogênese humana.......................................................................................................................................................................40

Gestação e suas fases.......................................................................................................................................................................43

Pré Natal e exames...................................................................................................................................................................................45

caderneta da gestante (cg).........................................................................................................................................................50

atividades...............................................................................................................................................................................................................51

Capítulo 5 - classificação dos riscos obstétricos..................................................................................53

Doenças obstétricas...........................................................................................................................................................................55

atividades..............................................................................................................................................................................................................65

Capítulo 6 - partos e emergências obstétricas...........................................................................................67

parto cesárea................................................................................................................................................................................................68

parto humanizado.....................................................................................................................................................................................71

atividades..............................................................................................................................................................................................................73

Capítulo 7 - introdução a enfermagem pediátrica.................................................................................... 75

CONCEITOS BÁSICOS NA ASSISTÊNCIA À SAÚDE DA CRIANÇA:.......................................................................76

direito das crianças.............................................................................................................................................................................. 77

atividades..............................................................................................................................................................................................................79

CONCEITO E CLASSIFICAÇÃO DO RN (RECÉM-NASCIDO) ....................................................................................... 81

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Saúde da criança e da mulher

Capítulo 8 - Cuidados de enfermagem ao recém nascido................................................................ 81

RN PREMATURO..................................................................................................................................................................................................82

pós maturo..........................................................................................................................................................................................................84

Cuidados após o nascimento....................................................................................................................................................85

rn alto risco.....................................................................................................................................................................................................85

atividades..............................................................................................................................................................................................................86

cuidados imediatos ao RN...............................................................................................................................................................87

Capítulo 9 - assistência de enfermagem na sala do parto .........................................................87

atividades..............................................................................................................................................................................................................93

medidas antropométricas............................................................................................................................................................95

Capítulo 10 - cuidados mediatos ao recém nascido..................................................................................95

Banho do RN..................................................................................................................................................................................................... 100

atividades.............................................................................................................................................................................................................105

alojamento conjunto......................................................................................................................................................................107

Capítulo 11 - Assistência da enfermagem - alojamento conjunto..................................107

atenção no poerpério....................................................................................................................................................................... 108

Primeiros Dias do RN..............................................................................................................................................................................111

atividades.............................................................................................................................................................................................................116

Capítulo 12 - aleitamento materno................................................................................................................................. 117

atividades.............................................................................................................................................................................................................125

Capítulo 13 - IMUNIZAÇÃO..................................................................................................................................................................127

atividades.............................................................................................................................................................................................................134

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Saúde da criança e da mulher

Capítulo 14 - risco ou patologia do rn......................................................................................................................135

atividades.............................................................................................................................................................................................................142

Capítulo 15 - Assistência de enfermagem em situação de emergência com RN


143

atividades.............................................................................................................................................................................................................149

Procedimento de alta de puérpera ............................................................................................................................... 151

Capítulo 16 - Planejamento de alta e assistência domiciliar................................................... 151

visita domiciliar a puérpera .....................................................................................................................................................153

atividades.............................................................................................................................................................................................................156

Capítulo 17 - Assistência da enfermagem com a criança hospitalizada....................157

atividades.............................................................................................................................................................................................................162

Capítulo 18 - SUGESTÃO DE AULAS PRATICAS.............................................................................................................163

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saúde da criança
e da mulher
Saúde da criança e da mulher

Capítulo 1 - Apresentação

saúde da criaça e da mulher

Carga horária: 60 horas

EMENTA

Conceitos da saúde da criança e da mulher. Características e cuidados ao neonato


e da mulher. Aspectos psicológicos, fisiológicos e patológicos da criança e da mulher. Se-
xualidade, gestão, parto, puerpério, aborto e gravidez na adolescência. Enfermagem em
ginecologia-obstetrícia. Violência contra a criança e a mulher. Política Nacional de Atenção
Integral à Saúde da Criança. Política Nacional de Humanização.

COMPETÊNCIAS

• Conhecer os conceitos de saúde da criança e da mulher;

• Conhecer os parâmetros de crescimento e desenvolvimento infantil nas diferentes


faixas etárias;

• Reconhecer e utilizar conhecimentos, métodos e técnicas que proporcionem a as-


sistência para a saúde da mulher, visando preservar, proteger e cuidar para a me-
lhor qualidade de vida, abrangendo aspectos ginecológicos, de reprodução (obs-
tétricos), de planejamento familiar, prevenção de câncer cérvico-uterino e mama,
e de climatério.

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Saúde da criança e da mulher

HABILIDADES

• Reconhecer a fisiologia, psicologia e patologias mais comuns na mulher;

• Utilizar enfermagem em gineco-obstetrícia;

• Identificar sinais e sintomas de agravos na saúde da mulher: partos prematuros,


infecções perinatais, filhos de mães diabetes, HIV positivo, dependentes de dro-
gas.

BASES TECNOLÓGICAS

• Anatomia e fisiologia do Aparelho reprodutor feminino;

• Noções de Política Nacional de Humanização – PNH;

• Noções de Higienização das mãos;

• Noções de Princípios de Biossegurança;

• Ciclo menstrual e reprodutivo;

• Alterações biológicas, sociais, psicológicas e fisiológicas que ocorrem durante a


adolescência;

• Planejamento familiar;

• Diagnóstico de gravidez;

• Fisiologia da gravidez;

• Patologias que acometem a gestante;

• Assistência ao pré-natal, ao parto e ao puerpério;

• Considerações gerais sobre neonatologia;

• Conceitos e Classificação dos recém-nascidos;

• Nomenclatura em neonatologia;

• Características dos recém-nascidos (anatômicas e fisiológicas);

• Cuidados imediatos e mediatos ao RN;

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Saúde da criança e da mulher

• Planejamento de alta e assistência domiciliar;

• Recepção do recém-nascido em sala de parto;

• Alojamento conjunto;

• Patologias do recém-nascido e sua terapêutica: distúrbios respiratórios no RN,


distúrbios

• metabólicos, distúrbios sanguíneos, teste do pezinho e teste do olhinho;

• Malformações fetais;

• UTI neonatal – rotinas, aparelhagem, cuidados imediatos em emergências neona


ais, medicação;

Saúde da Mulher e o Enfoque de Gênero

Encontram-se na literatura vários conceitos sobre saúde da mulher. Há concepções


mais restritas que abordam apenas aspectos da biologia e anatomia do corpo feminino
e outras mais amplas que interagem com dimensões dos direitos humanos e questões
relacionadas à cidadania. Nas concepções mais restritas, o corpo da mulher é visto apenas
na sua função reprodutiva e a maternidade torna-se seu principal atributo. A saúde da
mulher limita-se à saúde materna ou à ausência de enfermidade associada ao processo
de reprodução biológica. Nesse caso estão excluídos os direitos sexuais e as questões de
gênero (COELHO, 2003).

Em 1994, na Conferência Internacional sobre População e Desenvolvimento, a saúde


reprodutiva foi definida como “um estado de completo bem-estar físico, mental e social
em todas as matérias concernentes ao sistema reprodutivo, suas funções e processos,
e não apenas mera ausência de doença ou enfermidade. A saúde reprodutiva implica,
por conseguinte, que a pessoa possa ter uma vida sexual segura e satisfatória, tendo a
capacidade de reproduzir e a liberdade de decidir sobre quando e quantas vezes deve fazê-
lo” (CIPD, 1994).

Nessa definição, toma-se como referência o conceito de saúde da Organização


Mundial da Saúde (OMS), e são incorporadas dimensões da sexualidade e da reprodução
humana numa perspectiva de direitos.

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Saúde da criança e da mulher

No entanto, apesar do avanço em relação a outras definições, o conceito da CIPD fica


restrito à saúde reprodutiva e não trata a saúde-doença como processo na perspectiva da
epidemiologia social, o que vem sendo bastante discutido desde o final dos anos 60.

A saúde e a doença estão intimamente relacionadas e constituem um processo


cuja resultante está determinada pela atuação de fatores sociais, econômicos, culturais
e históricos. Isso implica em afirmar que o perfil de saúde e doença varia no tempo e no
espaço, de acordo com o grau de desenvolvimento econômico, social e humano de cada
região (LAURELL, 1982).

As desigualdades sociais, econômicas e culturais se revelam no processo de adoecer


e morrer das populações e de cada pessoa em particular, de maneira diferenciada. De
acordo com os indicadores de saúde, as populações expostas a precárias condições de
vida estão mais vulneráveis e vivem menos. O relatório sobre a situação da População
Mundial (2002) demonstra que o número de mulheres que vivem em situação de pobreza é
superior ao de homens, que as mulheres trabalham durante mais horas do que os homens
e que, pelo menos, metade do seu tempo é gasto em atividades não remuneradas, o que
diminui o seu acesso aos bens sociais, inclusive aos serviços de saúde.

Levando em consideração que as históricas


desigualdades de poder entre homens e mulheres implicam
num forte impacto nas condições de saúde destas últimas
(ARAÚJO, 1998), as questões de gênero devem ser
consideradas como um dos determinantes da saúde na
formulação das políticas públicas.

O gênero, como elemento constitutivo das relações sociais entre homens e mulheres,
é uma construção social e histórica. É construído e alimentado com base em símbolos,
normas e instituições que definem modelos de masculinidade e feminilidade e padrões de
comportamento aceitáveis ou não para homens e mulheres. O gênero delimita campos
de atuação para cada sexo, dá suporte à elaboração de leis e suas formas de aplicação.
Também está incluída no gênero a subjetividade de cada sujeito, sendo única sua forma de
reagir ao que lhe é oferecido em sociedade. O gênero é uma construção social sobreposta
a um corpo sexuado. É uma forma primeira de significação de poder (SCOTT, 1989).

Gênero se refere ao conjunto de relações, atributos, papéis, crenças e atitudes que


definem o que significa ser homem ou ser mulher. Na maioria das sociedades, as relações
de gênero são desiguais. Os desequilíbrios de gênero se refletem nas leis, políticas e
práticas sociais, assim como nas identidades, atitudes e comportamentos das pessoas.

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Saúde da criança e da mulher

As desigualdades de gênero tendem a aprofundar outras desigualdades sociais e a


discriminação de classe, raça, casta, idade, orientação sexual, etnia, deficiência, língua ou
religião, dentre outras (HERA, 1995).

Da mesma maneira que diferentes populações estão expostas a variados tipos e


graus de risco, mulheres e homens, em função da organização social das relações de
gênero, também estão expostos a padrões distintos de sofrimento, adoecimento e morte.
Partindo-se desse pressuposto, é imprescindível a incorporação da perspectiva de gênero
na análise do perfil epidemiológico e no planejamento de ações de saúde, que tenham
como objetivo promover a melhoria das condições de vida, a igualdade e os direitos de
cidadania da mulher.

Referência Bibliográfica

TEC MAIS. CURSOS TÉCNICOS Ementa do curso Técnico de Enfermagem,


Disciplina; Sáude da Mulher e da Criança.

BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE, Política Nacional de Atenção á Saúde da Mulher,


Princípios e Diretrizes.

anotações

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Saúde da criança e da mulher

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Saúde da criança e da mulher

Capítulo 2 - Programas municipais, estaduais e federais de saúde

A MULHER NA HISTÓRIA DO BRASIL

Na história brasileira, antes da vinda dos europeus, as famílias indígenas já eram


patriarcais e a função das mulheres se concentrava em cuidar das aldeias, dos filhos, em
preparar os alimentos e não se dedicarem a trabalhos que exigissem muita força física.

Já no século XIX, com a grande presença de europeus no Brasil, prevaleceram visões


e pensamentos ligados ao cristianismo, ao Iluminismo, ao positivismo e ao evolucionismo,
teorias que justificavam as desigualdades sociais entre o gênero devido às diferenças
biológicas existentes entre os sexos (RAGO,1985).

De um lado, a mulher escrava, da senzala, negra, vista como um objeto sexual que
tinha o dever de satisfazer os prazeres de seu senhor e não tinha liberdade. De outro lado,
mulheres de origem europeia, abastadas, que se casavam e tinham o dever de obedecer
a seu marido, ser-lhe fiel, cuidar dos filhos - ao menos teoricamente, já que essa função
era das escravas ou amas-de-leite - e não se intrometer nos negócios da família (COSTA,
1979).

Até mesmo quando uma mãe não podia amamentar seu filho, sentia-se culpada,
conforme menciona Costa (1979, p. 256):

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Saúde da criança e da mulher

Destarte, esse processo de ideologia da maternidade passou a ser o estopim para


muitos movimentos feministas no cenário europeu, norte americano e brasileiro, onde,
no século XIX, reivindicavam “direitos de todas as mães” como salário de mãe, emprego
remunerado, proteção à maternidade e o “feminismo maternal”, pautado no ideal se
sonoridade (COSTA, 2004).

Na história do Brasil, podem-se mencionar muitos casos que, por si só, já demonstram a
fragilidade da mulher em relação aos seus direitos e que desigualdades eram predominantes.
Nesse contexto, pode-se citar a figura do dote, tratando a mulher como objeto de troca; ou
lembrar que ainda que só se casava a moça que era virgem, pois a que não era virgem
não era digna de seu esposo. Ou, ainda, mencionar que os pais não deixavam suas filhas
estudarem, somente os homens, pois elas deviam aprender a cuidar do lar e se casarem
cedo, para ter filhos e cuidar de sua família.

As meninas já nasciam predestinadas ao casamento, conforme salienta Sanches


(2007, p. 108):

Destarte, após muitos movimentos de reivindicação, a visão da mulher no mundo


ocidental e, particularmente, no Brasil, vem passando por constantes inovações, haja vista
que, atualmente, a mulher já trabalha onde quer, casa se quiser, quando quer, tem filhos
se quiser, tem uma série de leis que proporcionam proteção, e apesar de o sistema familiar
ainda ser patriarcal e a sociedade ser machista, acredita-se que em futuro próximo questões
de desigualdades entre gêneros não mais existam.

Perrot (2007, p.25) aborda a necessidade da desmistificação deestereótipos da


mulher, senão vejamos:

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Saúde da criança e da mulher

Desse modo, no Brasil, assim como em todos os países do mundo, se vê conquistas


de direitos das mulheres, mas, acima disso, se vê muitos casos que são inadmissíveis
de desigualdade de gênero e que precisam passar por transformações, pois, no caso do
Brasil, refere-se a um dos países que mais existem casos de violência doméstica e familiar
contra mulheres, assim como casos de feminicídios, ou ainda, uma diferença salarial para
iguais funções, apenas por se tratar de gênero feminino.

Programas municipais, estaduais e nacionais de saúde

As mulheres são as principais usuárias do Sistema Único de Saúde (SUS) devido


ao fato das mulheres constituírem a maioria da população brasileira. Devido ao fato do
número de mulheres e, principalmente, devido às desigualdades entre homens e mulheres
tal fato tem ligação direta com a qualidade de vida e condições de saúde das mulheres o
que leva a saúde pública a pensar a saúde da mulher de forma diferenciada e cautelosa.
Muitos programas são desenvolvidos e implantados nos níveis municipal, estadual e federal
para garantir uma atenção integral à saúde da mulher. Entre os programas disponibilizados
à mulher temos: ações de planejamento familiar, prevenção do HIV/AIDS e das outras
doenças sexualmente transmissíveis (DST), entre outros (BRASIL, 2005). Falaremos agora
de alguns dos programas.

Já falamos sobre o Programa Nacional de


Assistência Integral à Saúde da Mulher (PNAISM),
um importante programa que se constituiu como um
marco histórico das políticas de assistência para a
saúde da mulher em 1984. O programa é “centrado
na integralidade e na equidade das ações, propondo
abordagem global da saúde da mulher em todas
as fases do seu ciclo vital, e não apenas no ciclo
gravídico puerperal”. (BRASIL, 2005, p. 10).

A Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher é bastante abrangente


quanto aos seus objetivos e busca alcançar os diversos problemas que assolam a saúde
da mulher. São objetivos específicos e estratégias:

• Ampliar e qualificar a atenção clínico-ginecológica, inclusive para as portadoras da


infecção pelo HIV e outras DST;

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Saúde da criança e da mulher

• Estimular a implantação e implementação da assistência em planejamento familiar,


para homens e mulheres, adultos e adolescentes, no âmbito da atenção integral à
saúde;

• Promover a atenção obstétrica e neonatal, qualificada e humanizada, incluindo a


assistência ao abortamento em condições inseguras, para mulheres e adolescentes;

• Promover a atenção às mulheres e adolescentes em situação de violência


doméstica e sexual;

• Promover, conjuntamente com o PN-DST/AIDS, a prevenção e o controle das


doenças sexualmente transmissíveis e da infecção pelo HIV/AIDS na população
feminina;

• Reduzir a morbimortalidade por câncer na população feminina;

• Implantar um modelo de atenção à saúde mental das mulheres sob o enfoque de


gênero;

• Implantar e implementar a atenção à saúde da mulher no climatério;

• Promover a atenção à saúde da mulher na terceira idade;

• Promover a atenção à saúde da mulher negra;

• Promover a atenção à saúde das trabalhadoras do campo e da cidade;

• Promover a atenção à saúde da mulher indígena;

• Promover a atenção à saúde das mulheres em situação de prisão, incluindo


a promoção das ações de prevenção e controle de doenças sexualmente
transmissíveis e da infecção pelo HIV/AIDS nessa população;

• Fortalecer a participação e o controle social na definição e implementação das


políticas de atenção integral à saúde das mulheres (BRASIL, 2004).

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Saúde da criança e da mulher

Política do planejamento familiar

O planejamento familiar é previsto na Constituição


Federal (1988) no Título VII da Ordem Social, no capítulo
VII, art. 226, § 7º, o texto diz:

Fonte: BRASIL. Constituição Federal. Brasília-DF, 1988.


Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/
constituicao.htm acesso em 29/12/2014.

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Fundado nos princípios da dignidade da pessoa humana e da paternidade responsável,


o planejamento familiar é livre decisão do casal, competindo ao Estado propiciar recursos
para o exercício desse direito, vedada qualquer forma coercitiva por parte de instituições
oficiais ou privadas.

E “para fins desta Lei, entende-se planejamento familiar como o conjunto de ações de
regulação da fecundidade que garanta direitos iguais de constituição, limitação ou aumento
da prole pela mulher, pelo homem ou pelo casal.” (BRASIL, 2005, p. 06).

O ministério da saúde compreende que o controle da natalidade de forma coercitiva


não é uma estratégia adequada para a situação de pobreza existente no país e não é a favor
dos direitos sexuais e reprodutivos do brasileiro. A divisão da riqueza no país é bastante
desigual e para superar as enormes desigualdades é preciso a implementação de políticas
que favoreçam o desenvolvimento sustentável. No início, por volta da segunda metade
da década de 1980, os métodos anticoncepcionais começaram a ser distribuídos a partir
de doação das Nações Unidas e em cooperação com o Fundo de População das Nações
Unidas. No início da década de 1990, os anticoncepcionais hormonais orais começaram a
ser adquiridos pela Central de Medicamentos (CEME) (BRASIL, 2005).

Em 1997, a aquisição de anticoncepcionais foi interrompida pelo Ministério da Saúde a


partir da decisão de descentralização de recursos federais para estados/municípios, porém,
poucos municípios incluíram os métodos anticoncepcionais na lista básica de medicamentos
para aquisição. Em 2000, o SUS assumiu a estratégia de compra dos anticoncepcionais,
com distribuição às secretarias estaduais de saúde com a proposta de atender 30% da
demanda para estes métodos no SUS no 1º ano, em 2000, 60% em 2001 e 100% em
2002. Porém, em 2001 foram constatadas dificuldades na distribuição do nível estadual
para os municípios, condições inadequadas de armazenamento, o que levou a interrupção

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Saúde da criança e da mulher

BOX 12

O Ministério da Saúde entende que as ações de anticoncepção devem ser garantidas


para todas as mulheres e homens em idade reprodutiva, adultas(os) e adolescentes, que
desejem ter acesso a métodos e meios para regulação da sua fecundidade.

Nessa perspectiva, a proposta a ser apresentada pelo Ministério da Saúde à Comissão


Intergestora Tripartite (CIT), em 2005, para pactuação, é a seguinte:

• Inclusão dos métodos anticoncepcionais no elenco de medicamentos/insumos


para a atenção básica, no grupo que será de responsabilidade do nível federal
para aquisição;

• Aquisição para cobrir progressivamente 100% da necessidade para os 5.561


municípios da federação dos seguintes métodos: pílula combinada de baixa
dosagem e pílula só de progesterona (minipílula);

• Aquisição para 5.223 municípios da federação, os municípios que até março/2004


possuíam ou equipes de Saúde da Família cadastradas ou estavam aderidos ao
Programa de Humanização no Pré-natal e Nascimento (PHPN), dos seguintes
métodos: pílula anticoncepcional de emergência, anticoncepcional injetável mensal
e anticoncepcional injetável trimestral;

• Aquisição do DIU e do diafragma para cobrir progressivamente 100% da


necessidade, inicialmente, para 1.200 municípios da federação em 2005, prevendo-
se incremento de aproximadamente 350 municípios/ano, para os anos de 2006 e
2007

métodos de contracepção

Os métodos contraceptivos têm a função de proteger homens e mulheres das Infecções


Sexualmente Transmissíveis (IST), bem como evitar uma gravidez indesejada.Existem os
métodos de barreira, os hormonais, intrauterinos, cirúrgicos e os comportamentais.

Os principais métodos são;

• Método de Barreira; Esses métodos evitam a entrada do esperma no útero e


algunsprotegem das IST. Também são indicados para as mulheresque não podem
tomar hormônios.

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Saúde da criança e da mulher

• Espermicida; É um produto a base de substâncias químicas para ser introduzido


na vagina antes da relação sexual. Ele impede que os espermatozoides penetrem
no útero, evitando a gravidez.

• Pílulas (anticoncepcionais); Os anticoncepcionais hormonais orais, também


conhecidos como pílulas anticoncepcionais, são comprimidos que contém
hormônios esteroides isolados ou em associação com outros hormônios. Sua
finalidade básica é impedir a concepção.

• Métodos comportamentais; São métodos que exigem disciplina e planejamento,


pois depende do reconhecimento do período fértil da mulher para obter ou evitar
a gravidez. Também são conhecidos como métodos de abstinência periódica ou
métodos naturais.

• Anticoncepção de emergência; Conhecido como “pílula do dia seguinte”. Este


método deve ser usado somente em situações emergenciais, para evitar uma
gravidez indesejada após relação sexual desprotegida, e não de forma regular
para substituir outro método anticoncepcional.

• Método intrauterino; É um objeto plástico flexível em forma de T, que pode ser


adicionado cobre ou hormônios. É inserido dentro do útero pela vagina e evita
a gravidez. Pode ser retirado quando a mulher desejar ou caso venha provocar
algum problema. A mulher deve periodicamente verificar se o DIU está no lugar,
principalmente depois da menstruação, pois ocasionalmente ele pode se deslocar
ou ser expelido.

• Métodos Cirúrgicos; São métodos contraceptivos definitivos que promovem a


esterilização. Podem ser realizados tanto na mulher, por meio da ligadura das
trompas, como no homem, através da vasectomia.

Referência Bibliográfica

BRASIL. MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO, INSTITUTO FEDERAL NORTE DE MINAS


GERAIS Saúde da Mulher e do Recém-Nascido, Loyola Marajane.

UFRRJ, UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO, Metodos


contraceptivos.

BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE, Política Nacional de Atenção á Saúde da Mulher,


Princípios e Diretrizes.

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Saúde da criança e da mulher

atividades

No capítulo anterior abordamos de forma resumida os principais métodos


contraceptivos. Agora para nos aprofundar mais um pouco no assunto faça uma
pesquisa detalhando esses métodos.

Escolha dois métodos citados no capítulo anterior e pesquise sobre eles.

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Saúde da criança e da mulher

Capítulo 3 - sistema reprodutor feminino e masculino

Sistema reprodutor

Sistema reprodutor, ou sistema genital, é responsável por garantir a perpetuação


da espécie. Nesse sistema encontram-se as gônadas, responsáveis por produzir
gametas. Ele é responsável por proporcionar as condições adequadas para a nossa
reprodução. O sistema reprodutor masculino é responsável por garantir a produção do
gameta masculino (espermatozoide) e depositá-lo no interior do corpo da mulher. O
sistema reprodutor feminino, por sua vez, atua produzindo o gameta feminino (ovócito
secundário) e também servindo de local para a fecundação e desenvolvimento do bebê.

Função do sistema reprodutor

Os sistemas reprodutores masculino e feminino atuam juntos para garantir a


multiplicação da nossa espécie. Tanto o sistema genital masculino quanto o feminino são
responsáveis pela produção dos gametas, ou seja, pela produção das células que se
unirão na fecundação e darão origem ao zigoto. Os gametas são produzidos nas chamadas
gônadas, sendo os testículos as gônadas masculinas e os ovários as gônadas femininas.
Os testículos produzem os espermatozoides, enquanto os ovários produzem os ovócitos
secundários, chamados popularmente de óvulos.

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Saúde da criança e da mulher

O espermatozoide é depositado dentro do corpo da fêmea no momento da cópula, e a


fecundação ocorre no interior do sistema reprodutor feminino, mais frequentemente na tuba
uterina. Após a fecundação, forma-se o zigoto, o qual inicia uma série de divisões celulares
enquanto é levado em direção ao útero. O embrião implanta-se no endométrio do útero,
e ali é inciado o seu desenvolvimento. A gestação humana dura cerca de 40 semanas.

Fonte:www.brasilescola.uol.com.br/biologia/gravidez.

Sistema reprodutor feminino

O sistema reprodutor feminino servirá de local para a fecundação e também para o


desenvolvimento do bebê, além de ser responsável pela produção dos gametas femininos
e hormônios. Assim como no masculino, o sistema reprodutor feminino apresenta órgãos
externos e internos. Os órgãos externos recebem a denominação geral de vulva e incluem
os lábios maiores, lábios menores, clitóris e as aberturas da uretra e vagina. Já os órgãos
internos incluem os ovários, as tubas uterinas, o útero e a vagina.

• Ovários: no corpo feminino observa-se a presença de dois ovários, os quais são


responsáveis por produzir os gametas femininos. Nesses órgãos são produzidos
também os hormônios estrogênio e progesterona, relacionados com a manutenção
do ciclo menstrual, sendo o estrogênio relacionado também com o desenvolvimento
dos caracteres sexuais secundários.

• Tubas uterinas: no corpo da mulher, observa-se a presença de duas tubas


uterinas, as quais apresentam uma extremidade que atravessa a parede do
útero e outra que se abre próximo do ovário e tem prolongamentos denominados
de fímbrias. A fecundação ocorre, geralmente, na região das tubas uterinas.

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Saúde da criança e da mulher

• Útero: é um órgão muscular, em forma de pera, no qual se desenvolve o bebê


durante a gravidez. A parede do órgão é espessa e possui três camadas. A camada
mais espessa é chamada de miométrio e é formada por grande quantidade de
fibras musculares lisas. A mais interna, chamada de endométrio, destaca-se por
ser perdida durante a menstruação. O colo do útero, também chamado de cervice,
abre-se na vagina.

• Vagina: é um canal elástico no qual o pênis é inserido durante a relação sexual


e o espermatozoide é depositado. Esse canal é também por onde o bebê passa
durante o parto normal.

• Vulva: é a genitália externa feminina. Fazem parte da vulva os lábios


maiores, os lábios menores, a abertura vaginal, a abertura da uretra
e o clitóris. Esse último é formado por um tecido erétil e apresenta
muitas terminações nervosas, sendo um local de grande sensibilidade.

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Saúde da criança e da mulher

Sistema reprodutor masculino

O sistema reprodutor masculino garante a produção dos espermatozoides e


a transferência desses gametas para o corpo da fêmea. Ele é formado por órgãos
externos e internos. O pênis e o saco escrotal são os chamados órgãos reprodutivos
externos do homem, enquanto os testículos, os epidídimos, os ductos deferentes, os ductos
ejaculatórios, a uretra, as vesículas seminais, a próstata e as glândulas bulbouretrais são
órgãos reprodutivos internos.

• Testículos: são as gônadas masculinas e estão localizados dentro do saco


escrotal, também conhecido como escroto. Eles são formados por vários tubos
enrolados chamados de túbulos seminíferos, nos quais os espermatozoides serão
produzidos. Além de produzir os gametas, é nos testículos que ocorre a produção
da testosterona, hormônio relacionado, entre outras funções, com a diferenciação
sexual e a espermatogênese.

• Epidídimo: após saírem dos túbulos seminíferos, os espermatozoides seguem


para o epidídimo, formado por tubos espiralados. Nesse local os espermatozoides
adquirem maturidade e tornam-se móveis.

• Ducto deferente: no momento da ejaculação, os espermatozoides seguem do


epidídimo para o ducto deferente. Esse ducto encontra o ducto da vesícula seminal
e passa a ser chamado de ducto ejaculatório, o qual se abre na uretra.

• Uretra: é o ducto que se abre para o meio externo. Ela percorre todo o pênis e
serve de local de passagem para o sêmen e para a urina, sendo, portanto, um
canal comum ao sistema urinário e reprodutor

• Vesículas seminais: no corpo masculino observa-se a presença de duas vesículas


seminais, as quais formam secreções que compõem cerca de 60% do volume do
sêmen. Essa secreção apresenta várias substâncias, incluindo frutose, que serve
de fonte de energia para o espermatozoide.

• Próstata: secreta um fluido que também compõe o sêmen. Essa secreção contém
enzimas anticoaguladoras e nutrientes para o espermatozoide.

26
Saúde da criança e da mulher

• Glândulas bulbouretrais: no corpo masculino observa-se a presença de duas


glândulas bulbouretrais. Elas são responsáveis por secretar um muco claro que
neutraliza a uretra, retirando resíduos de urina que possam ali estar presentes.

• Pênis: é o órgão responsável pela cópula. Ele é formado por tecido erétil que se enche
de sangue no momento da excitação sexual. Além do tecido erétil, no pênis é possível
observar a passagem da uretra, pela qual o sêmen passará durante a ejaculação.”

GráFico de comparação sistema reprodutor

27
Saúde da criança e da mulher

Fonte:https://pt.gadget-info.com/difference-between-male

Gametogênese

Existem dois tipos de gametogênese: aquele que ocorre nos homens (es-
permatogênese) e aquela que ocorre em mulheres (ovogênese ou oogênese).
A espermatogênese dá origem aos espermatozoides e ocorre nos testículos, en-
quanto a ovogênese é responsável pela origem dos óvulos e ocorre no ovário.
Tanto a espermatogênese quanto a ovogênese envolvem processos de mi-
tose e meiose (processos de divisão celular). A meiose, processo que reduz a
quantidade de material genético, é fundamental para a manutenção da quantida-
de adequada de cromossomos da espécie. Como os gametas masculino e femini-
no fundem-se durante a fecundação, devem possuir a metade dos cromossomos
da espécie para garantir que a diploidia da espécie seja novamente reestabelecida.

28
Saúde da criança e da mulher

Ovogênese ou oogênese

Ovogênese é o processo de formação dos gametas femininos, ou seja, leva à formação


do óvulo. Esse processo ocorre no interior dos ovários e demora anos para se completar.
Os ovócitos imaturos iniciam seu desenvolvimento ainda na fase embrionária, porém seu
completo desenvolvimento ocorre apenas na puberdade, quando o ovócito secundário é
liberado (ovulação).

29
Saúde da criança e da mulher

A ovogênese inicia-se a partir das células germinativas, as quais irão dividir-se


por mitose, formando a ovogonia. As ovogonias iniciam sucessivas divisões mitóticas,
originando células que continuam a dividir-se por mitose e outras que iniciam a meiose
e interrompem sua divisão. Essas células, chamadas ovócitos primários, mantêm-se
em prófase I, completando sua maturação apenas na puberdade. Estima-se que uma
menina ao nascer possua em seus dois ovários de 1 a 2 milhões de ovócitos primários.

Na puberdade, iniciam-se os ciclos ovarianos, e um folículo começa a desenvolver-


se a cada ciclo. O ovócito primário, estimulado por fatores hormonais, completa a meiose
I, formando duas células-filhas de tamanho desigual (ovócito secundário e o primeiro
corpúsculo polar). O ovócito secundário inicia a segunda divisão meiótica, a qual é
interrompida na metáfase. O ovócito secundário será liberado no momento da ovulação, e
a meiose II somente será retomada caso haja fecundação.

Caso não ocorra a fecundação, o ovócito secundário degenera-se cerca de 24 horas


após a ovulação. Caso seja fecundado, o ovócito retoma a segunda divisão meiótica,
formando o segundo corpúsculo polar e o óvulo.

Espermatogênese

A espermatogênese é o processo de formação dos gametas masculinos, ou


seja, dos espermatozoides. Diferentemente da oogênese, a espermatogênese
é contínua durante a vida dos homens adultos. Esse processo ocorre nos
túbulos seminíferos, os quais estão enovelados no interior dos testículos.

Em média, o processo de espermatogênese dura sete semanas e inicia-se com a


mitose de células germinativas presentes nos testículos na puberdade do homem. A
mitose nessas células formará as espermatogônias, que vão se dividir por mitose e formar
espermatogônias do tipo A e do tipo B. As espermatogônias do tipo A são aquelas que
continuam dividindo-se, originando novas espermatogônias. Já as espermatogônias do tipo
B sofrem mitose e originam espermatócitos primários. Os espermatócitos primários iniciarão
o processo de meiose, que levará à redução do número de cromossomos no final do processo.

Ao final do processo de meiose I, teremos dois espermatócitos secundários,


cada um com metade do número de cromossomos do espermatócito primário
que o originou. Os dois espermatócitos secundários originados no final da
meiose I realizam, então, a meiose II, dando origem a quatro espermátides.

30
Saúde da criança e da mulher

As espermátides iniciam, então, o processo de espermiogênese, que levará à formação


do espermatozoide maduro. Na espermiogênese, ocorrem diversos processos importantes,
como:

• Formação do acrossoma: o acrossoma, vesícula especial localizada na região


da cabeça do espermatozoide, apresenta enzimas importantes para garantir a
penetração do espermatozoide no ovócito.

• Redução do citoplasma.

• Desenvolvimento do flagelo: processo que garantirá a movimentação eficiente


do espermatozoide.

Após a fase de espermiogênese, o espermatozoide é liberado no interior do túbulo


seminífero.

Diferenças entre espermatogênese e ovogênese

A espermatogênese e a ovogênese são processos que resultam na formação de


gametas, entretanto, ocorrem de maneiras distintas. Veja a seguir algumas diferenças entre
esses dois processos:

• A espermatogênese ocorre no homem durante a adolescência e a vida adulta. Já


a ovogênese é interrompida na mulher por volta dos 50 anos de idade.

• A meiose que ocorre na espermatogênese gera quatro espermatozoides, enquanto


a que ocorre na ovogênese origina apenas um gameta

• A espermatogênese ocorre de maneira contínua, enquanto a ovogênese apresenta


grandes períodos de interrupção.

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Saúde da criança e da mulher

Puberdade e ciclo Mestrual

A mulher passa por muitas alterações fisiológicas durante à vida. Em muitos aspectos
a mulher se diferencia do homem. Observe o quadro a seguir:

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Saúde da criança e da mulher

A adolescência compreende um complexo processo de maturação que transforma


a criança em adulto. A puberdade reúne os fenômenos biológicos da adolescência,
possibilitando o completo crescimento somático e a maturação hormonal que asseguram a
capacidade de reprodução e de preservação da espécie.

A puberdade tem início e evolução influenciados por fatores genéticos e


ambientaiscaracterizando-se pela ocorrência de:

• Adrenarca: resultante do aumento da secreção dos andrógenos suprarrenais


(entre 6 e 8 anos de idade óssea) e que parece ser independente da ativação do
eixo hipofisário-gônadas.

• Ativação ou desinibição de neurônios hipotalâmicos secretores de hormônio


liberador de gonadotrofinas (LHRH), com consequente liberação dos hormônios
luteinizante (LH) e folículo-estimulante (FSH) pela glândula hipófise.

• Gonadarca (aumento dos esteroides sexuais produzidos pelos testículos e ovários).

EVENTOS PUBERAIS

A altura final, o ritmo como o crescimento se processa, o início e a velocidade com


que o desenvolvimento puberal ocorre, a maturação óssea, o desenvolvimento dentário
sofrem significante influência de fatores genéticos. As interações com os fatores ambientais
se dão de forma distinta, isto é, as condições ambientais que alterem algum aspecto do
crescimento não o fazem obrigatoriamente em todos.

A nutrição, incluindo a ingestão de nutrientes específicos, é um dos mais significativos


determinantes do crescimento.

Aspectos psicossociais como maus-tratos podem prejudicar o crescimento, a despeito


da nutrição adequada e de não haver doença orgânica.

A grande variabilidade quanto ao início, duração e progressão das mudancas puberais


tem, como consequência, a questão de a idade biológica nem sempre estar de acordo com a
idade cronológica. Assim, é preciso que se leve em conta a fase puberal do desenvolvimento
quando se analisa o crescimento de um adolescente.

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Saúde da criança e da mulher

ESTIRÃO DE CRESCIMENTO:

Durante a adolescência, embora os hormônios desempenhem papéis individuais, a


interação entre os hormônios gonadais e adrenais com o hormônio de crescimento torna-se
essencial para o estirão de crescimento normal e para a maturação sexual.

O estirão de crescimento, período em que se ganha 20% da estatura final, tem idade
de início e velocidade das mudanças variadas entre os indivíduos. Nas meninas, ocorre no
início da puberdade e, nos meninos, na fase intermediária.

A velocidade de crescimento (aumento estatural no intervalo de um ano) é medida


em centímetros por ano e não deve ser aferida através de resultados encontrados em
intervalos menores do que seis meses, já que o crescimento sofre influências sazonais.

Até os 4 anos, as meninas têm velocidade de crescimento discretamente mais elevada


que os meninos. A partir daí, ambos crescem a uma velocidade de 5 a 6 cm/ano até o início
da puberdade, quando a velocidade de crescimento sofre uma aceleração, alcançando
valores de 10 a 12 cm/ano no sexo masculino e 8 a 10 cm/ano nas meninas. Essa aceleração
da velocidade de crescimento é imediatamente precedida por uma pequena redução da
mesma.

COMPOSIÇÃO CORPORAL:

Durante a puberdade na mulher, a massa muscular relativa diminui do início ao final


da puberdade (80% para 75% do peso corpóreo). Embora haja aumento absoluto da massa
muscular, seu percentual sofre queda porque o tecido adiposo aumenta mais rapidamente.
No homem, a massa muscular aumenta de 80 a 85% do peso corpóreo para 90% na
maturidade. Esse aumento reflete a ação dos andrógenos circulantes.

O ganho de tecido adiposo é mais acentuado no sexo feminino, sendo importante


para que os ciclos menstruais se instalem e se mantenham regulares.

HORMÔNIOS:

Apesar de hormônios tireoideanos ainda serem necessários para o crescimento


normal, os hormônios gonadais desempenham um papel de maior significância.

A puberdade é caracterizada pelo aumento da amplitude dos pulsos de secreção de


hormônio luteinizante (LH) e folículo-estimulante (FSH), detectáveis já antes que os sinais
externos da puberdade sejam evidentes.

34
Saúde da criança e da mulher

Além do aumento do hormônio de crescimento e dos esteroies sexuais, há aumento


na resistência à insulina.

ÓRGÃOS E TECIDOS:

A maioria dos órgãos duplica de tamanho durante a puberdade. O tecido linfoide sofre
uma involução nesse período.

MATURAÇÃO SEXUAL:

Clinicamente, é avaliada em cinco estágios, levando-se em conta, desenvolvimento


mamário e pelos pubianos no sexo feminino (MP).

A sequência de eventos puberais é ordenada, sendo controlada por fatores


neuroendócrinos, responsáveis por seu início e progressão

• A telarca (aparecimento do broto mamário entre 8 e 13 anos) é o primeiro sinal


da puberdade feminina, seguido do surgimento de pelos pubianos (pubarca) e
axilares, e posteriormente da menarca. A telarca pode ser assimétrica ou unilateral
no início do desenvolvimento puberal.

• A menarca ocorre dois a cinco anos após a telarca, e os primeiros ciclos menstruais
costumam ser irregulares, frequentemente anovulatórios e mais prolongados.

O início da adolescência é marcado por diminuição no interesse nas atividades dos


pais, grande preocupação com as mudanças pubertárias, intenso relacionamento com
amigos do mesmo sexo, aumento da necessidade de privacidade e falta de controle em
relação aos impulsos, podendo ser confundido com o isolamento social de alguns distúrbios
psiquiátricos de maior incidência nessa fase de vida. Aqui, a linguagem obscena costuma
se intensificar, assim como a atividade masturbatória. A fase intermediária é o momento
de maior intensidade nos conflitos com os pais, quando a aceitação dos valores do grupo
se torna mais importante. A necessidade de experimentações aumenta, as relações com
o outro costumam ser fugazes e descompromissadas, engajando-se mais frequentemente
em comportamentos de risco, requerendo intensificação das ações de prevenção. Na fase
final da adolescência, quando há maior estabilidade emocional, o envolvimento grupal é
menos intenso, há maior aceitação dos valores parentais, busca de objeto amoroso único
e habilidade de se comprometer e de se impor limites.

35
Saúde da criança e da mulher

Fisiologia do ciclo mestrual

A primeira menstruação ou menarca é usada como um dos critérios de maturidade


sexual, mas estudos científicos dizem que a menarca estaria num ponto intermediário
da puberdade, “pois há um período de esterilidade após a menarca, o que mostra que
a maturação sexual ainda não está completa”. (CAMPAGNA, 2005, p. 25). A produção
do primeiro óvulo fecundável inaugura o desenvolvimento sexual. A hereditariedade,
inteligência, saúde, nutrição, status sócio-econômico-familiar, tamanho e formação do
corpo são fatores que influenciam a idade maturacional sexual.

Na primeira etapa da menstruação, nas primeiras, é comum que o período menstrual


seja irregular. Vários fatores interferem na regularização da menstruação e até mesmo
na menarca. “Acredita-se que os cuidados com a nutrição e a saúde tenham modificado
a estrutura biológica das pessoas, aproximando-as de seus potenciais genéticos ótimos,
causando um início mais precoce da puberdade” (CAMPAGNA, 2005, p. 26). Fatores
culturais como o erotismo na publicidade, na literatura e filmes também podem interferir.
Geralmente, a menstruação é vivida com angústia, ansiedade, culpa e medo do ponto de
vista emocional. A menarca pode ser vista como “um acontecimento que, simbolicamente,
assinala as transformações que ocorrem na identidade feminina, fazendo com que a maioria
dos autores a coloque como marco da entrada da adolescência” (CAMPAGNA, 2005, p. 27).

O ciclo menstrual é caracterizado por muitas alterações que ocorrem no útero, ovários,
vagina e mamas, e na secreção de hormônios pela adeno-hipófise. Geralmente, essas
alterações do ciclo menstrual ocorrem com regularidade durante todos os anos reprodutivos
(THIBODEAU e PATTON, 2002)

Um ciclo menstrual típico abrange um


período de cerca de 28 dias. A duração do ciclo
varia entre as mulheres. Algumas mulheres,
por exemplo, podem ter um ciclo regular que
abrange cerca de 24 dias. A duração do ciclo
também varia numa mesma mulher. (...) Cada
ciclo consiste de três fases. Os três períodos
de tempo de cada ciclo são chamados fase
menstrual ou menstruação, fase proliferativa

36
Saúde da criança e da mulher

e fase secretória.Menstruação é um período


de 4 ou 5 dias caracterizado por sangramento
menstrual. O primeiro dia do fluxo menstrual
é considerado dia 1 do ciclo menstrual. A fase
proliferativa começa depois do término do fluxo
menstrual e dura até a ovulação. Durante esse
período, os folículos maturam, o revestimento
interno do útero sofre espessamento (prolifera)
e aumenta a secreção de estrógeno até seu
nível mais elevado.

A fase secretória do ciclo menstrual começa na ovulação e dura até o início da próxima
menstruação. É durante essa fase do ciclo menstrual que o revestimento interno do útero
atinge sua maior espessura e o ovário secreta seus níveis mais elevados de progesterona.

Observe na figura a seguir uma simulação de um ciclo menstrual composto de 28 dias.

Fonte: https://br.clearblue.com/como-engravidar/duracao-ciclo-menstrual

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Saúde da criança e da mulher

Referência Bibliográfica

SANTOS, Vanessa Sardinha dos. “Sistema reprodutor”; Brasil Escola. Disponível em:
https://brasilescola.uol.com.br/biologia/sistema-reprodutor.htm. Acesso em 24 de outubro
de 202, Princípios e Diretrizes.

SANTOS, Vanessa Sardinha dos. “Gametogênese”; Brasil Escola. Disponível em:


https://brasilescola.uol.com.br/biologia/gametogenese.htm. Acesso em 24 de outubro de
2022

COUTINHO, M.F.G. Crescimento normal e suas alterações. In: COUTINHO, M.F.G.;


BARROS, R.R. Adolescência: Uma abordagem prática. São Paulo: Atheneu, 2001.

BRASIL. MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO, INSTITUTO FEDERAL NORTE DE MINAS


GERAIS Saúde da Mulher e do Recém-Nascido, Loyola Marajane.

Atividades

38
Saúde da criança e da mulher

Capítulo 4 - desenvolvimento intra-uterino

Embriogênese

O que é embriogênese?

Se você lembrou da palavra embrião ao ler o título deste texto, fique sabendo que
acertou em cheio. Para quem não sabe, embriogênese é simplesmente o desenvolvimento
de uma nova vida a partir do zigoto, ou seja, trata-se do desenvolvimento embrionário.

Esse processo de crescimento do embrião é divido em três partes:

• clivagem;

• gastrulação;

• organogênese.

Clivagem

Também conhecida como fase de segmentação,


é o momento desde a primeira repartição do zigoto até
a transformação dele em um conjunto de partículas
com uma cavidade interna, a blástula.

39
Saúde da criança e da mulher

Gastrulação

Durante a gastrulação, todas as células do embrião multiplicam-se e organizam-se


dando origem a gástrula, uma estrutura que possui as primeiras características do tubo
digestório. Além disso, elas começam a se diferenciar em três camadas celulares ou folhetos
germinativos — ectoderma, mesoderma e endoderma.

Organogênese

Esse processo é responsável por diferenciar todos os tecidos e órgãos que vão compor
o organismo adulto a partir dos três folhetos germinativos.

Embriogênese humana

É correto afirmar que, as segmentações apresentadas pelo zigoto são diretamente


relacionadas com a quantidade e a distribuição de vitelo pertencentes ao citoplasma ovular.

Aqueles que possuem citoplasma com uma quantidade baixa desse material (ovos
oligolécitos, ou isolécitos), como o dos humanos e dos mamíferos em geral, apresentam
processos de clivagem em toda a sua superfície, originando blastômeros praticamente do
mesmo tamanho.

O nome que esse tipo de processo recebe é segmentação holoblástica, do grego


holos (total) .

Fases da embriogênese

Essas são principais fases de evolução do zigoto até a sua transformação em um


embrião.

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Saúde da criança e da mulher

41
Saúde da criança e da mulher

Mórula

A primeira das etapas da embriogênese ocorre durante o processo inicial de clivagem,


tanto nos ovos oligolécitos, quanto nos heterolécitos (ovos com bastante vitelo, como os de
sapos e rãs), formando inúmeras aglomerações compactas de células.

Essa fase do desenvolvimento é chamada de mórula, do latim morula (amora), pelo


fato de o feto apresentar semelhança aparente a de uma amora vista ao microscópio.

Blástula

No decorrer do processo, dentro do conjunto celular, inicia-se o surgimento de uma


cavidade repleta de líquido, a blastocela. Nesse período, o embrião não é mais chamado
de mórula e passa a ser reconhecido como blástula.

Ovos de aves e répteis, conhecidos como telolécitos, apresentam uma blástula que
consiste em um pequena camada celular presente na superfície da gema, o blastodisco.
Essa camada é originada a partir do disco germinativo.

Gástrula

A próxima etapa do desenvolvimento embrionário consiste na mutação da blástula em


gástrula, fase conhecida como gastrulação.

Sofrendo grandes reestruturações, as células originam o que será o plano corporal do


futuro animal. Os conjuntos celulares que formarão os músculos e os órgão internos passam
para o interior do embrião, enquanto os que estruturarão a pele e o sistema nervoso ficam
na superfície.

Arquêntero

A migração de partículas para o interior do feto faz com que a blastocela desapareça,
dando lugar a uma nova cavidade, a gastrocela ou arquêntero, do grego archeos (primitivo),
e enteron (intestino). Essa cavidade, como o próprio nome diz, é o esboço do tubo digestório
do organismo que está para nascer.

Blastóporo

A última estrutura comunica-se com o exterior da gástrula por uma fissura denominada
blastóporo.

Nos animais vertebrados e demais cordados, tanto como nos equinodermos, essa é
origem do ânus; a formação da boca ocorre posteriormente do lado oposto. Por esse motivo,

42
Saúde da criança e da mulher

esses seres vivos são conhecidos como deuterostômios, do grego deuteros (segundo,
posterior), e stoma (boca).

Nas outras categorias de animais (nematódeos, moluscos, anelídeos e artrópodes),


o blastóporo origina a boca, apresentando a formação do ânus posteriormente durante o
desenvolvimento embrionário. Esses, por sua vez, são chamados protostômios, do grego
protos (primeiro) e stoma (boca).

Gestação e suas fases

A gestação é um fenômeno fisiológico e, por isso, sua evolução se dá, na maior parte
dos casos, sem intercorrências.Apesar desse fato, existe parcela pequena de gestantes
que, por serem portadoras de alguma doença, sofrerem algumagravo ou desenvolverem
problemas, apresentam mais probabilidade de evolução desfavorável – seja para o feto
como para a mãe.

Suspeita e confirmação da gravidez

O sintoma mais comumente identificado para a suspeição de gravidez é o atraso


menstrual. Outros sintomas esinais comuns ou específicos podem compor o quadro,
possibilitando a confirmação da gestação.

A gravidez é uma experiência que envolve, além da expectativa pela chegada do bebê,
a transformação do corpo feminino sob a influência de oscilações hormonais durante as
diferentes fases do ciclo gestacional. Nesse processo podem ocorrer alterações de humor
e do apetite, sonolência e uma certa indisposição. Tais sintomas são mais acentuados,

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Saúde da criança e da mulher

em geral, até o terceiro mês, fase em que os níveis de hormônios reprodutivos estão
mais elevados. A partir daí, a gestação tende a ser mais tranquila para a mulher. Buscar
preparar-se física e psicologicamente é importante para que os nove meses transcorram
bem. Programas estéticos e atividades físicas de alto impacto devem ser deixados de lado
nesse período. Mas você pode procurar ajuda de fisioterapeutas ou outros profissionais
especializados no preparo físico para ter um parto tranquilo e boa disposição para cuidar do
bebê após o nascimento. Leia a seguir sobre as fases da gestação, a ação dos hormônios
no corpo e nas emoções no começo da gravidez, os principais sintomas e como o bebê vai
se desenvolvendo.

As fases do ciclo gestacional nos três trimestres da gravidez

Primeiro trimestre: o período é geralmente marcado por sintomas parecidos


aos da tensão pré-menstrual. Os seios podem inchar e sensações de
sonolência, cansaço, náuseas, vontade de urinar, ou desejo e repulsa por
certos alimentos podem aparecer. Próximo ao final do terceiro mês, o bebê
mede entre 6,25 e 7,5 cm e pesa entre 14 a 18 gramas. Ao final do primeiro
trimestre, a cabeça já está bem delineada e as pálpebras começam a se
formar.

Quarto ao sexto mês: partir do quarto mês, as estruturas principais dos


órgãos do bebê completam a sua formação. A vontade de urinar começa
a diminuir e pode ocorrer prisão de ventre. Nesta fase, os rins do bebê
começam a funcionar e ele faz xixi pela primeira vez. Surgem os primeiros
fios de cabelo e, por volta do quinto mês, finalmente, é possível saber qual o
sexo dele. Por volta do sexto mês já será possível sentir pontapés dentro da
barriga, o bebê reage a estímulos e estão em desenvolvimento a audição,
olfato, tato e paladar.

o sétimo mês ao nascimento: dentro da barriga, o bebê abre e fecha os


olhos, percebendo a luz. A mãe sente cada vez mais a criança e planeja
mais detalhadamente o parto. Nessa fase, a mulher pode sentir dificuldade
para respirar e falta de ar. No nono mês, o bebê se mexe menos e ganha
peso, ficando pronto para nascer. Nesses últimos meses, um profissional de
fisioterapia especializado pode orientar a grávida a se preparar, fisicamente,
para o parto. Com manobras e exercícios específicos, o bebê se posiciona
corretamente, enquanto a mãe aprende técnicas de respiração e posições
que facilitarão o nascimento.

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Saúde da criança e da mulher

Pré Natal e exames

O principal objetivo da assistência pré-natal é acolher a mulher desde o início de sua


gravidez - período de mudanças físicas e emocionais -, que cada gestante vivencia de
forma distinta. Essas transformações podem gerar medos, dúvidas, angústias, fantasias ou
simplesmente a curiosidade de saber o que acontece no interior de seu corpo.

Em geral, a consulta de pré-natal envolve procedimentos bastante simples, podendo


o profissional de saúde dedicar-se a escutar as demandas da gestante, transmitindo nesse
momento o apoio e a confiança necessários para que ela se fortaleça e possa conduzir
com mais autonomia a gestação e o parto. A maioria das questões trazidas, embora pareça
elementar para quem escuta, pode representar um problema sério para quem o apresenta.
Assim, respostas diretas e seguras são significativas para o bem-estar da mulher e sua
família. Está demonstrado que a adesão das mulheres ao pré-natal está relacionada com
a qualidade da assistência prestada pelo serviço e pelos profissionais de saúde, o que, em
última análise, será essencial para redução dos elevados índices de mortalidade materna e
perinatal verificados no Brasil.

CALENDÁRIO DE CONSULTAS

As consultas de pré-natal poderão ser feitas na unidade de saúde oudurante visitas


domiciliares.O calendário de atendimento pré-natal deve ser programado emfunção:
• da idade gestacional na primeira consulta;
• dos períodos mais adequados para a coleta de dados necessários ao bom
seguimento da gestação;
• dos períodos nos quais se necessita intensificar a vigilância, pela possibilidade
maior de incidência de complicações;
• dos recursos disponíveis nos serviços de saúde e da possibilidade de acesso da
clientela aos mesmos.

De acordo com a Lei do Exercício Profissional da Enfermagem - Decretonº


94.406/87 -, o pré-natal de baixo risco pode ser inteiramenteacompanhado pela
enfermeira.

O intervalo entre as consultas deve ser de quatro semanas. Após a 36°


semana, a gestante deverá ser acompanhada a cada 15 dias, visando à
avaliação da pressão arterial, da presença de edemas, da altura uterina,
dos movimentos do feto e dos batimentos cardiofetais. Frente a qualquer
alteração, ou se o parto não ocorrer até sete dias após adata provável, a
gestante deverá ter consulta médica assegurada, ou serreferida para serviço
de maior complexidade.

45
Frente a qualquer alteração, ou se o parto não ocorrer até sete dias após a
data eprovável,
Saúde da criança da mulher a gestante deverá ter consulta médica assegurada, ou ser
referida para serviço de maior complexidade.
CONSULTAS
3.3. CONSULTAS

Roteiro da Primeira Consulta


História clínica
• Identificação:
− idade;
− cor;
− naturalidade;
− procedência;
− endereço atual.
• Dados sócio-econômicos:
− grau de instrução;
− profissão/ocupação;
− situação conjugal;
− número e idade de dependentes (avaliar sobrecarga de
trabalho doméstico);
− renda familiar per capita;
− pessoas da família que participam da força de trabalho;
− condições de moradia (tipo, nº de cômodos);
− condições de saneamento (água, esgoto, coleta de lixo).
• Motivos da consulta:
− assinalar se foi encaminhada pelo agente comunitário ou se
procurou diretamente a unidade;
− se existe alguma queixa que a fez procurar a unidade -
descrevê-la.
• Antecedentes familiares - especial atenção para:
− hipertensão;
− diabetes;
− doenças congênitas;
− gemelaridade;
− câncer de mama;
− hanseníase;
− tuberculose e outros contatos domiciliares (anotar a doença e o
grau de parentesco).
• Antecedentes pessoais - especial atenção para:
− hipertensão arterial;
− cardiopatias;
− diabetes;
− doenças renais crônicas;

19

46
Saúde da criança e da mulher

− anemia;
− transfusões de sangue;
− doenças neuropsíquicas;
− viroses (rubéola e herpes);
− cirurgia (tipo e data);
− alergias;
− hanseníase;
− tuberculose.

• Antecedentes ginecológicos:
− ciclos menstruais (duração, intervalo e regularidade);
− uso de métodos anticoncepcionais (quais, por quanto tempo
e motivo do abandono);
− infertilidade e esterilidade (tratamento);
− doenças sexualmente transmissíveis (tratamentos
realizados, inclusive do parceiro);
− cirurgias ginecológicas (idade e motivo);
− mamas (alteração e tratamento);
− última colpocitologia oncótica (Papanicolaou ou
"preventivo", data e resultado).

• Sexualidade:
− início da atividade sexual (idade da primeira relação);
− desejo sexual (libido);
− orgasmo (prazer);
− dispareunia (dor ou desconforto durante o ato sexual);
− prática sexual nesta gestação ou em gestações anteriores;
− número de parceiros.

• Antecedentes obstétricos:
− número de gestações (incluindo abortamentos, gravidez
ectópica, mola hidatiforme);
− número de partos (domiciliares, hospitalares, vaginais
espontâneos, fórceps, cesáreas - indicações);
− número de abortamentos (espontâneos, provocados,
complicados por infecções, curetagem pós-abortamento);
− número de filhos vivos;
− idade na primeira gestação;
− intervalo entre as gestações (em meses);
− número de recém-nascidos: pré-termo (antes da 37ª semana de
gestação), pós-termo (igual ou mais de 42 semanas de
gestação);
− número de recém-nascidos de baixo peso (menos de 2.500 g) e
com mais de 4.000 g;
− mortes neonatais precoces - até sete dias de vida (número e
motivos dos óbitos);
− mortes neonatais tardias - entre sete e 28 dias de vida (número e
motivo dos óbitos);

47
20
Saúde da criança e da mulher

− natimortos (morte fetal intra-útero e idade gestacional em que


ocorreu);
− natimortos
recém-nascidos (morte
com fetal intra-útero
icterícia e idade
neonatal, gestacional em que
transfusão,
ocorreu);
hipoglicemia neonatal, exsanguinotransfusões;
− recém-nascidos
intercorrência oucom icterícia neonatal,
complicações transfusão,
em gestações anteriores
hipoglicemia
(especificar); neonatal, exsanguinotransfusões;
− intercorrência
complicações ou noscomplicações em gestações anteriores
puerpérios (descrever);
(especificar);
− histórias de aleitamentos anteriores (duração e motivo do
− complicações
desmame); nos puerpérios (descrever);
− histórias
intervalode aleitamentos
entre anteriores
o final da última (duração
gestação e motivo
e o início do
da atual.
desmame);
• Gestação atual:
− intervalo entre o final da última gestação e o início da atual.
− data do primeiro dia/mês/ano da última menstruação - DUM
• Gestação atual: ou dúvida);
(anotar certeza
− data do primeiro
provável dodia/mês/ano
parto - DPP; da última menstruação - DUM
− data da percepçãodúvida);
(anotar certeza ou dos primeiros movimentos fetais;
− data
sinais provável
e sintomasdo naparto - DPP;em curso;
gestação
− data da percepção
medicamentos usadosdosnaprimeiros
gestação;movimentos fetais;
− sinais e sintomas na gestação
a gestação foi ou não desejada; em curso;
− medicamentos usados de
hábitos: fumo (número na cigarros/dia),
gestação; álcool e uso de drogas
− a gestação foi ou não desejada;
ilícitas;
− hábitos:
ocupação fumo (número
habitual de cigarros/dia),
(esforço álcool
físico intenso, e uso de
exposição drogas
a agentes
ilícitas;
químicos e físicos potencialmente nocivos, estresse).
− ocupação habitual (esforço físico intenso, exposição a agentes
Exame Físico
químicos e físicos potencialmente nocivos, estresse).
• Geral:
Exame Físico
− determinação do peso e avaliação do estado nutricional da
• Geral:
gestante;
− determinação do peso e avaliação do estado nutricional da
medida e estatura;
gestante;
− determinagdo da freqüência cardíaca;
− medida da e estatura;
temperatura axilar;
− determinagdo
medida da pressãoda freqüência
arterial; cardíaca;
− medida
inspeçãoda datemperatura axilar;
pele e das mucosas;
− medida da pressão
palpação da tireóide; arterial;
− inspeção da pele e das mucosas;
ausculta cardiopulmonar;
− palpação
exame do da tireóide;
abdome;
− ausculta cardiopulmonar;
palpação dos gânglios inguinais;
− exame dodosabdome;
membros inferiores;
− palpação
pesquisa de dos gânglios
edema inguinais;
(face, tronco, membros).
− exame dos membros inferiores;
• Específico: gineco-obstétrico
− pesquisa de edema (face, tronco, membros).
− exame de mamas (orientado, também, para o aleitamento
• Específico:
materno); gineco-obstétrico
− exame
medidade damamas (orientado, também, para o aleitamento
altura uterina;
materno);dos batimentos cardiofetais (entre a 7ª e a 10ª semana
− ausculta
− medida da do
com auxílio altura uterina;
Sonar Doppler, e após a 24ª semana, com
− ausculta
Pinard). dos batimentos cardiofetais (entre a 7ª e a 10ª semana
com auxílio do Sonar Doppler, e após a 24ª semana, com
Pinard).

48
21

21
Saúde da criança e da mulher

− identificação da situação e apresentação fetal (3º trimestre);


− inspeção dos genitais externos;
− exame especular:
a) inspeção das paredes vaginais;
b) inspeção do conteúdo vaginal;
c) inspeção do colo uterino;
d) coleta de material para exame colpocitológico (preventivo de
câncer), conforme Manual de Prevenção de Câncer
Cérvico-uterino e de Mama;
− toque vaginal;
− outros exames, se necessários;
− educação individual (respondendo às dúvidas e inquietações da
gestante).
Solicitação dos exames laboratoriais de rotina e outros, se necessários
(ver item
Ações 2.5, letra d).
Complementares

Ações
• Complementares
referência para atendimento odontológico;
− referência para atendimento odontológico;
• referência para
− referência para vacinação antitetânica,
vacinação quando
antitetânica, a gestante
quando não estiver
a gestante nãoimunizada;
estiver imunizada;
• referência para
− referência paraserviços
serviçosespecializados
especializados nana
mesma
mesmaunidade ou unidade
unidade ou de maior
unidade de maior
complexidade, complexidade,
quando indicado; quando indicado;
− agendamento de consult as subseqüentes.
• agendamento de consultas subseqüentes.
Roteiro das Consultas Subseqüentes
Roteiro das Consultas Subseqüentes
− revisão da ficha perinatal e anamnese atual;
− cálculo e anotação da idade gestacional;
• revisão da ficha perinatal e anamnese atual;
− controle do calendário de vacinação;
− exame físico geral e gineco-obstétrico:
• •cálculo e anotaçãodo
determinação da peso;
idade gestacional;
• calcular o ganho de peso – anotar no gráfico e observar o sentido
• controle
da curvado calendário de vacinação;
para avaliação do estado nutricional;
• medida da pressão arterial;
• •exame físico da
inspeção geral e gineco-obstétrico:
pele e das mucosas;
• inspeção das mamas;
• •determinação do peso; e medida da altura uterina – anotar no
palpação obstétrica
gráfico e observar o sentido da curva para avaliação do
• calcular o ganhofetal;
crescimento de peso – anotar no gráfico e observar o sentido da curva para
ausculta
•avaliação dodos batimentos
estado cardiofetais;
nutricional;
• pesquisa de edema;
toqueda
• •medida vaginal,
pressãoexame
arterial;especular e outros, se necessários. –
interpretação de exames laboratoriais e solicitação de outros, se
necessários;
− acompanhamento das condutas adotadas em serviços clínicos
especializados;
− realização de ações e práticas educativas (individuais e em grupos);
− agendamento de consultas subseqüentes.
49

22
Saúde da criança e da mulher

• inspeção da pele e das mucosas;

• inspeçãodas mamas;

• palpação obstétrica e medida da altura uterina – anotar no gráfico e observar o


sentido da curva para avaliação do crescimento fetal;

• ausculta dos batimentos cardiofetais;

• pesquisa de edema;

• toque vaginal, exame especular e outros, se necessários. interpretação de exames


laboratoriais e solicitação de outros, senecessários;

• acompanhamento das condutas adotadas em serviços clínicos especializados;

• realização de ações e práticas educativas (individuais e em grupos);

• agendamento de consultas subseqüentes.

caderneta da gestante (cg)

A Caderneta da Gestante (CG) é o documento mais completo e de mais fácil acesso


que se tem sobre a gestação. É um instrumento fundamental para o registro de todos os
procedimentos e exames realizados, bem como para monitorar a evolução da gestação. Isto
é importante ao bem estar materno-infantil e para a tomada de decisões pelos profissionais
de saúde durante a gravidez.

Criada em 1988, na ocasião chamada Cartão da Gestante,


a CG sofreu diversas modificações. Na primeira versão, eram
anotadas características demográficas maternas, histórico
reprodutivo, realização de alguns exames clínicos e laboratoriais
e morbidades pré-existentes.1 As mudanças mais relevantes
ocorreram em 2015, quando sofreu grande reformulação
passando, inclusive, a se chamar Caderneta da Gestante.
Naquela ocasião, foram incluídas informações sobre gravidez
saudável, desenvolvimento do bebê, além de orientações sobre
amamentação e direitos da mulher durante a gestação.

Em 2016, em nova versão, foram adicionadas informações sobre prevenção e


proteção contra dengue, bem como em relação ao tratamento e prevenção para sífilis.

50
Saúde da criança e da mulher

O Ministério da Saúde recomenda que este importante instrumento da assistência


pré-natal permaneça sempre com a gestante, cabendo ao profissional de saúde a
responsabilidade de registrar todos os procedimentos realizados, a fim de garantir
continuidade da assistência e fluxo de informações entre os serviços.

Desde sua criação, alguns estudos avaliaram a posse da CG por ocasião do ingresso
da parturiente na maternidade. Esta posse variou de 72% a 99%.

Referência Bibliográfica

SOGESP-ASSOCIAÇÃO DE OBSTETRÍCIA E GINECOLOGIA DO ESTADO DE SÃO


PAULO. www.sogesp.com.br/canal-saude-mulher/blog-da-mulher/gravidez-as-fases-da-
gestacao-alimentacao-e-exercicios/ Acesso em 25 de outubro de 2022

MINISTÉRIO DA SAÚDE ,GOMES. M. N A, SANTOS. L.K.O, Saúde da mulher na


Gestão parto e puepério 2019.

MINISTÉRIO DA SAÚDE , Assitência Pré-Natal Manual Técnico

atividades

51
Saúde da criança e da mulher

52
Saúde da criança e da mulher

Capítulo 5 - classificação dos riscos obstétricos

Toda gestação traz em si mesma risco para a mãe ou para o feto. No entanto, em
pequeno número delas esse risco está muito aumentado e é então incluído entre as
chamadas gestações de alto risco. Desta forma, pode-se conceituar gravidez de alto risco
“aquela na qual a vida ou saúde da mãe e/ou do feto e/ou do recém-nascido, têm
maiores chances de serem atingidas que as da média da população considerada”
(Caldeyro-Barcia, 1973).

O interesse pela gestação de alto risco data da década de sessenta e, como seria
de se esperar, despertou a atenção de inúmeros estudiosos, no mundo inteiro. Para a
generalização dos conhecimentos, o primeiro passo era a identificação, em determinada
população, daquelas que tivessem fatores de risco. Assim, surgiram inúmeras tabelas e
escores na literatura mundial, diferentes entre si, por relatarem realidades de países, ou
mesmo regiões diferentes.

No Brasil, por suas grandes dimensões e, principalmente pelas diferenças sócio-


econômico-culturais, evidenciam-se fatores de risco diversos para as várias regiões.
Partindo-se desta constatação, parece ser de maior interesse listarem-se os fatores mais
comuns na população em geral. Assim, os fatores geradores de risco podem ser agrupados
em quatro grandes grupos, que são:

1. Características individuais e condições sócio-demográficas desfavoráveis;

2. História reprodutiva anterior à gestação atual;

3. Doenças obstétricas na gestação atual;

4. Intercorrências clínicas.

53
Saúde da criança e da mulher

As situações listadas no quadro 1, embora de risco, devem ser abordadas, quanto


ao atendimento especializado, na dependência da estruturação dos serviços locais. De
maneira geral, são inicialmente atendidas no nível primário, e referenciadas posteriormente,
se necessário, para níveis mais complexos de atenção. Na atenção às gestantes ditas de
“baixo risco”, deve-se atentar para o aparecimento ou agravamento dos referidos fatores.
A ausência de controle pré-natal, por si mesma, é um fator de risco para a gestante e o
recém-nascido.

Quadro 1. Fatores de risco na gravidez

1. Características individuais e condições sócio-demográficas desfavoráveis

• Idade menor que 17 e maior que 35 anos

• Ocupação: esforço físico, carga horária, rotatividade de horário, exposição a


agentes físicos, químicos e biológicos nocivos, estresse.

• Situação conjugal insegura

• Baixa escolaridade

• Condições ambientais desfavoráveis

• Altura menor que 1,45 m

• Peso menor que 45 kg e maior que 75 kg

• Dependência de drogas lícitas ou ilícitas

2. História reprodutiva anterior

• Morte perinatal explicada e inexplicada

• Recém-nascido com crescimento retardado, pré-termo ou malformado

• Abortamento habitual

• Esterilidade/infertilidade

• Intervalo interpartal menor que 2 anos ou maior que 5 anos

• Nuliparidade e Multiparidade

• Síndrome hemorrágica ou hipertensiva

Cirurgia uterina anterior

54
Saúde da criança e da mulher

3. Doença obstétrica na gravidez atual

• Desvio quanto ao crescimento uterino, número de fetos e volume de líquido


amniótico

• Trabalho de parto prematuro e gravidez prolongada

• Ganho ponderal inadequado

• Pré-eclâmpsia e eclâmpsia

• Diabetes gestacional

• Amniorrexe prematura

• Hemorragias da gestação

• Aloimunização

• Óbito fetal

4. Intercorrências clínicas

• Hipertensão arterial

• Cardiopatias

• Pneumopatias

• Nefropatias

• Endrocrinopatias

• Hemopatias

• Epilepsia

• Doenças infecciosas

• Doenças autoimunes

• Ginecopatias

Doenças obstétricas

Diabetes gestacional

O diabetes gestacional é definido como a “intolerância aos carboidratos, de graus


variados de intensidade, diagnosticada pela primeira vez durante a gestação, podendo ou
não persistir após o parto”. No Brasil, a prevalência do diabetes gestacional em mulheres
com mais de 20 anos, atendidas no Sistema Único de Saúde, é de 7,6% (IC95% 6,9-8,4,

55
Saúde da criança e da mulher

critério da Organização Mundial da Saúde), 94% dos casos apresentando apenas tolerância
diminuída à glicose e 6%, hiperglicemia no nível de diabetes fora da gravidez.

DIAGNÓSTICO

Deve-se iniciar pelo rastreamento dos fatores de risco, conforme esquema a seguir:

ANAMNESE:

• Idade superior a 25 anos

• História pessoal

• Antecedentes familiares (diabetes em parentes de 1º grau)

• Antecedentes obstétricos:

• Macrossomia

• Polidrâmnio

• Morte fetal (inexplicada principalmente) ou Neonatal

• Malformações

• Retardo do crescimento fetal

• Exame obstétrico atual

• Ganho de peso excessivo

• Altura uterina > que a esperada

• Crescimento fetal excessivo

• Polidrâmnio

• Exame físico:

• Baixa estatura

• Hipertensão arterial

• Disposição central excessiva de gordura corporal

Mulheres que apresentam diabetes gestacional devem ser encaminhadas para centros
de atenção secundária. Na impossibilidade desse encaminhamento, podem ser adotadas
algumas das recomendações de entidades oficiais;

• Dieta; • Cuidados especiais pré e pós parto


parto;
• Atividade física;

• Controle glicêmico;

56
Saúde da criança e da mulher

Hipertensão Arterial, Pré-eclâmpsia/eclâmpsia

A Síndrome Hipertensiva Gestacional é uma importante complicação da gestação,


estando entre as principais causas de morbimortalidade materna e fetal em especial em
países em desenvolvimento.

DIAGNÓSTICO E CLASSIFICAÇÃO

O diagnóstico de hipertensão arterial na gravidez é feito quando os níveis pressóricos


são iguais ou superiores a 140/90 mmHg.

A Síndrome Hipertensiva da Gestação pode ser classificada então em quatro formas


distintas:

1) pré-eclâmpsia/eclâmpsia (doença hipertensiva específica da gravidez) quando a


hipertensão arterial surge após 20 semanas de gestação e associada à proteinúria (≥ 0,3g
de proteína em urina de 24 horas ou ≥ 2 cruzes em uma amostra urinária;

2) hipertensão crônica de qualquer etiologia quando identificada antes da gestação ou


antes de 20 semanas de gestação;

3) pré-eclâmpsia sobreposta à hipertensão crônica a paciente previamente hipertensa


desenvolveu proteinúria após 20 semanas de gestação;

4) hipertensão gestacional quando a manifestação ocorreu após a 20ª semana de


gestação.

Dentro das síndromes hipertensivas gestacionais deve-se dar uma atenção especial
a pré-eclampsia ou doença hipertensiva específica da gravidez que ocorre como forma
isolada ou associada à hipertensão arterial crônica e está associada aos piores resultados,
maternos e perinatais.

A fisiopatologia da pré-eclâmpsia ainda não é totalmente conhecida, mas sabe-se que


se trata de uma patologia multifatorial, tendo sido descrito fatores imunológicos genéticos
e ambientais para a sua instalação. Levando ao acometimento de vários órgãos maternos.

Em uma gestação normal, as artérias espiraladas uterinas são transformadas de vasos


de alta resistência em vasos de baixa resistência para prover uma adequada implantação e
crescimento do fetoe isso se dá pela invasão trofoblástica das camadas arteriais.

57
Saúde da criança e da mulher

Nas mulheres que desenvolvem a pré-eclâmpsia, a invasão trofoblástica deixa de


ocorrer, ou ocorre de maneira inadequada, resultando em vasos de alta resistência e
circulação placentária com baixo fluxo. A isquemia placentária e a hipóxia determinam lesão
do endotélio vascular, agregação plaquetária bem como obstrução do fluxo sangüíneo
placentário. A hipoxia placentária também aumenta a produção de peróxidos lipídicos que
prejudicam a síntese de prostaciclina, potente vasodilatador. A síntese do óxido nítrico
potente vasodilatador parece também estar afetada na pré-eclampsia.

Descolamento prematuro da placenta

O descolamento prematuro de placenta (DPP) é definido como a separação da


placenta da parede uterina antes do parto. Essa separação pode ser parcial ou total e é
classificada em três graus, levando em conta os achados clínicos e laboratoriais, de acordo
com classificação de Sher:

Grau 1: Sangramento genital discreto sem hipertonia uterina significativa. Vitalidade


fetal preservada. Sem repercussões hemodinâmicas e coagulopatia. Geralmente
diagnosticado no pós-parto com a identificação do coágulo retroplacentário.

Grau 2: Sangramento genital moderado e contrações tetânicas. Presença de taquicardia


materna e alterações posturais da pressão arterial. Alterações iniciais da coagulação com
queda dos níveis de fibrinogênio. Batimentos cardíacos fetais presentes, porém com sinais
de comprometimento de vitalidade.

Grau 3: Sangramento genital importante com hipertonia uterina. Hipotensão arterial


materna e óbito fetal.

Grau 3A : Sem coagulopatia instalada.

Grau 3B: Com coagulopatia instalada.

Pode ocorrer hipertonia uterina com sangramento oculto, uma vez que a instabilidade
hemodinâmica pode ocorrer mesmo sem a exteriorização do sangramento. O DPP ocorre
em aproximadamente 1 a 2% das gestações. É das piores complicações obstétricas,
com aumento muito importante da morbimortalidade materna, por maior incidência de

58
Saúde da criança e da mulher

hemorragia, de anemias, coagulopatias, hemotransfusões, cesárea, histerectomia e até


morte materna; podem ocorrer ainda complicações perinatais, como prematuridade,
restrição de crescimento fetal, baixo peso ao nascer, sofrimento fetal e óbito perinatal. O
DPP é descrito como a principal causa de óbito perinatal.

A hipertensão é responsável por até 50% dos casos de DPP não traumáticos. Tanto a
pré-eclâmpsia quanto a hipertensão arterial crônica são fatores de risco importantes para
o DPP.

OBS.: A ausência de hipertensão no momento da chegada não exclui a etiologia


hipertensiva, já que a gestante pode estar chocada. Os procedimentos relacionados à
estabilização de uma gestante com distúrbios hipertensivos devem ser considerados (como
por exemplo o sulfato de magnésio).

O acidente automobilístico é a maior causa de DPP relacionada ao trauma. O


descolamento pode ocorrer pela desaceleração ou por trauma direto ao abdome. Esse
diagnóstico muitas vezes é subestimado devido ao não uso de monitoração fetal em
gestantes vítimas de traumas. A monitoração fetal rotineira nessas gestantes diminuiria o
número de perdas fetais decorrentes de trauma automobilístico.

Quadro clínico

O quadro clínico característico do DPP é a dor abdominal, associada ou não a


sangramento vaginal. A dor varia de leve desconforto até dor intensa, associada a aumento
do tônus uterino, que pode se manifestar em graus variados, desde uma taquihiperssistolia

59
Saúde da criança e da mulher

até hipertonia. Em casos de placenta de inserção posterior, a dor é lombar. Na gestante em


trabalho de parto, há persistência da dor entre as contrações.

O sangramento no DPP pode se manifestar das seguintes maneiras:

• Hemorragia exteriorizada;

• Hemoâmnio;

• Sangramento retroplacentário.

Até 20% dos sangramentos no DPP são ocultos, com formação de coágulo
retroplacentário e infiltração sanguínea intramiometrial. Esse sangramento é responsável
pela apoplexia útero-placentária ou “útero de Couvelaire” que ocasiona déficit contrátil,
sendo importante causa de hemorragia pós-parto.

A coagulopatia pode estar presente no momento do diagnóstico. Esta pode se


instalar devido ao consumo dos fatores de coagulação pelo coágulo retroplacentário e
pela coagulação intravascular disseminada, pela liberação de tromboplastina na circulação
materna devido ao descolamento placentário.

A quantidade do sangramento exteriorizado pode não refletir a exata perda sanguínea.


Sangramento de coloração escurecida pode refletir a presença de formação de coágulo
retroplacentário.

O sangramento que se inicia na rotura das membranas deve ser diferenciado da rotura
de vasa prévia. Ao investigar a história, deve-se pesquisar antecedentes de hipertensão,
ocorrência de trauma (incluindo violência física), abuso de drogas ou álcool e a presença
de outros fatores de risco associados.

60
Saúde da criança e da mulher

Placenta prévia

Placenta prévia é definida como a placenta que se implanta total ou parcialmente no


segmento inferior do útero. Ela pode ser classificada de três maneiras, de acordo com sua
posição em relação ao colo do útero:

• Baixa: está localizada próxima ao colo do útero, sem atingi-lo

• Marginal: atinge o orifício interno do colo do útero, sem recobri-lo

• Completa ou centro-total: recobre totalmente o orifício interno do colo do útero

A placenta prévia ocorre em 1 a cada 200 gestações que chegam ao terceiro trimestre,
porém é um achado ultrassonográfico frequente em exames realizados entre 16 e 20
semanas de gestação. Contudo, até 90% desses achados normalizarão até o termo, devido
à teoria da “migração” placentária. Isso ocorre devido à combinação entre o crescimento
placentário em direção ao fundo uterino, que é mais bem vascularizado, com a degeneração
das vilosidades periféricas que receberão menor suprimento sanguíneo, conferindo uma
implantação placentária adequada.

O principal fator de risco para placenta prévia é a cicatriz uterina anterior, e entre elas a
principal é a cesariana anterior. Entre outras causas estão as intervenções uterinas prévias
como a miomectomia e curetagem. Multiparidade, idade materna avançada, tabagismo e
gemelaridade também são fatores associados.

61
Saúde da criança e da mulher

A chance de ter uma placenta prévia numa gravidez futura aumenta significativamente
para aquelas mulheres que possuem uma cicatriz uterina. Com uma cesariana anterior,
o risco de placenta prévia pode ser de 4,5 vezes maior; com duas cesáreaspode ser 7,4
vezes; com três 6,5 vezes e com quatro ou mais chega a 45 vezes maior. Se o risco de
hemorragia com placenta prévia por si só é importante, a combinação com uma ou mais
cesarianas prévias pode tornar este risco consideravelmente maior, com resultados às
vezes catastróficos.

Ademais, a placenta com implantação anormal tem maior probabilidade de estar aderida
anormalmente ao útero, ou seja, de ser placenta acreta, o que também amplia de forma
exponencial o risco de hemorragias graves e outras complicações associadas, podendo
a gestante necessitar uma histerectomia. No Brasil, onde a incidência de cesarianas foi
de 45% em 2007, sendo que em algumas instituições chegou a 100%, esse é um grande
problema que pode levar a graves complicações no futuro.

A morbidade materna da placenta prévia é decorrente, principalmente, da hemorragia


que ela provoca. A morbidade aumentada também está relacionada às complicações
operatórias do parto, complicações anestésicas, necessidade de transfusão e infecções.

Na suspeita de acretismo placentário, na preparação para o parto deve-se sempre fazer


um ecodoppler obstétrico. Considerar a possibilidade de invasão de estruturas adjacentes
(bexiga e intestino) em caso de placenta percreta, com grande perda sanguínea, que é
indicação de histerectomia. Quando esta situação for diagnosticada ou suspeita antes do
parto, a mulher deve necessariamente ser encaminhada para um centro com bons recursos
de hemoterapia e capacitado para realizar os procedimentos cirúrgicos que pode demandar.

Por esse motivo, entre outros, deve-se cada vez mais reunir esforços para diminuir os
índices de cesáreas como medida de redução da morbimortalidade materna.

62
Saúde da criança e da mulher

Obesidade Gestacional

O que é obesidade?

A obesidade é uma doença crônica caracterizada pelo acúmulo excessivo de


tecido adiposo no organismo. É uma doença multifatorial, abrangendo fatores genéticos,
metabólicos, sociais, ambientais, econômicos, comportamentais, culturais e demográficos.
A OMS define a obesidade como a concentração excessiva de gordura que pode prejudicar
a saúde do indivíduo, tornando-se um problema de saúde pública.

Quando uma mulher grávida é considerada obesa?

Uma mulher grávida é considerada obesa quando apresenta índice de massa corporal
(IMC), que é a divisão da massa (em quilogramas) do indivíduo pelo quadrado de sua altura
(em metros), pré-gestacional superior a 30 kg/m2.

Quais são os fatores de risco associados à obesidade gestacional e como ela


afeta a saúde do bebê e da gestante?

A obesidade materna e o ganho de peso excessivo na gestação estão associados


ao aumento de complicações antenatais, intraparto, pós-parto e complicações neonatais,
elevando os riscos de ocorrências como diabetes gestacional, hipertensão, pré-eclâmpsia,
os riscos de indução do trabalho de parto, de cesarianas, de hemorragia puerperal,
crescimento intrauterino restrito, recém-nascidos grandes ou pequenos para a idade
gestacional, além de expor a criança a maior risco de complicações a curto e longo prazo.
Em recém-nascidos, além da macrossomia fetal, os mesmos podem apresentar dislipidemia,
hipoglicemia neonatal, trauma fetal, defeitos do tubo neural, prematuridade, sofrimento
fetal, risco aumentado de aspiração de mecônio. A taxa de malformações fetais é maior em
mulheres obesas do que naquelas com peso normal.

63
Saúde da criança e da mulher

Como a obesidade gestacional pode ser prevenida?

O ideal é que a futura mãe já tenha cuidados com a alimentação anteriores à gestação,
ou seja, condição nutricional pré-gestacional adequada, pois a gestação pode atuar como
desencadeante da obesidade, ou como agravante, quando aquela for pré-existente.
Orientação nutricional é parte fundamental. A mulher deve manter hábitos alimentares
saudáveis, seguir uma ingestão calórica apropriada, evitando alimentos ricos em gordura e
açúcares e praticar, se possível, atividade física.

Quais são os conselhos dietéticos gerais para controlar a obesidade durante a


gravidez?

Seguir um plano alimentar saudável, de acordo com as orientações recebidas pelo


nutricionista ao longo do ciclo gravídico. O ideal é que a gestante seja encaminhada ainda
no primeiro trimestre da gestação para atendimento e acompanhamento com o nutricionista.
Durante a gestação deve ser realizado monitoramento do seu ganho ponderal por meio de
intervenções nutricionais precoces e eficazes, com orientação individualizada, contribuindo,
dessa forma, para o resultado obstétrico mais favorável, reduzindo a morbidade materna e
fetal.

E as recomendações nutricionais para mulheres em fase de amamentação?

Basicamente, são as mesmas do período da gestação. Recomenda-se que a


alimentação da mãe durante a amamentação deve conter, essencialmente, alimentos
in natura ou minimamente processados. Deve-se dar preferência a pratos que incluam
alimentos naturais como frutas, legumes, verduras, arroz, feijão, alimentos ricos em cálcio,
carnes em geral, ovos e cereais. É importante que a mulher que está amamentando beba,
ainda, mais água para uma boa hidratação. Deve-se evitar bebidas alcoólicas e lembrar-se,
sempre, que alimentação saudável da mulher, gestante e nutriz, será um investimento para
o futuro, tanto dela, quanto do futuro bebê.

Definitivamente, embora a gravidez não seja uma doença, envolve necessidades


nutricionais específicas que afetam não apenas a mãe, mas também o desenvolvimento do
feto. Portanto, a alimentação adequada da gestante é de vital importância para ela e para
a saúde do bebê que está sendo gerado.

64
Saúde da criança e da mulher

Referência Bibliográfica

MINISTÉRIO DA SAÚDE ,Gestação de alto risco - Manual Técnico 3 Edição

Moura MDR et al. Hipertensão Arterial na Gestação - importância do seguimento


materno no desfecho neonata

MINISTÉRIO DA SAÚDE ,Gestação de alto risco - Manual Técnico 5 Edição

Mayra Malavé Malavé (IFF/Fiocruz), Obesidade Gestacional: uma situação de Alerta.

atividades

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Saúde da criança e da mulher

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Saúde da criança e da mulher

Capítulo 6 - partos e emergências obstétricas

Parto Natural

Diferença entre parto normal e natural

O que costumamos chamar de “parto normal” é aquele que ocorre por via vaginal,
ou seja, não é uma cesariana. Já o parto natural, além de ser “normal” ou “vaginal”, ele
ocorre sem intervenções médicas. Ou seja, é essa a diferença entre parto normal e natural.
Assim, no parto natural, o bebê nasce sem que a mãe tenha recebido medicações para
analgesia ou que aumentem as contrações. Mas é importante entender que o parto natural
é um “subtipo” do parto normal. Uma vez que ele não deixa de ser por via vaginal, continua
sendo um parto normal.

O parto natural se encaixa bem no perfil de mulheres que preferem ter controle sobre
seu corpo e suas sensações, sem uso de monitoramento eletrônico, por exemplo. Dessa
forma, ela pode participar ao máximo do trabalho de parto, sem tantas limitações como fios
de aparelhos e acessos venosos para introdução de medicamentos. No entanto, é preciso
entender que nesse tipo de parto existe grande possibilidade de sentir dor ou desconforto
nesse processo. Para minimizar essas sensações, ser acompanhado por bons profissionais,
com apoio adequado, pode proporcionar bem-estar e sensação de superação.

Algumas vantagens do parto natural:

Mínima possibilidade de efeitos colaterais para a mãe e para o bebê, uma vez que as
técnicas de parto natural não são invasivas;

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Saúde da criança e da mulher

• Profunda sensação de força e de realização depois do parto. A maioria das mulheres


que tiveram um parto natural optariam por um novo parto sem medicação, mesmo
tendo sentido dor durante o parto.

• Mantém completamente as sensações, a autonomia e a lucidez.

• Liberdade para se movimentar e encontrar posições mais confortáveis para parir.

• Controle a participação mais ativa quando chegar a hora de fazer força para o
bebê nascer.

• Menor probabilidade de precisar de intervenções médicas. Há maior chance de


intervenções quando as mulheres receberam anestesia peridural, tais como o uso
de ocitocina (hormônio que acelera as contrações), a colocação de cateter vesical
(aquela “sonda” para a saída da urina) ou o uso de fórceps ou extração à vácuo.

• Possibilidade de envolvimento do seu acompanhante no processo de controle da


dor.

• Aprendizado e utilização de técnicas de relaxamento que podem ser usadas


também depois do parto, como durante o pós-parto.

Portanto, a diferença entre o parto normal e natural


pode ser o motivo de escolha desse segundo tipo de parto.
Além disso, um parto inicialmente natural pode necessitar de
alguma intervenção no processo. Assim, essa intervenção
o que o descaracterizaria como “natural”.

parto cesárea

Em condições ideais, a operação cesariana é uma cirurgia segura e com baixa


frequência de complicações graves. Além disso, quando realizada em decorrência de razões
médicas, a operação cesariana é efetiva na redução da mortalidade materna e perinatal.
Entretanto, a operação cesariana é frequentemente utilizada de forma desnecessária,
sem razões médicas que possam justificar as altas taxas observadas em nosso meio. É
importante salientar que o conjunto de evidências científicas que abordam a operação
cesariana programada em relação com a tentativa de parto vaginal é de baixa qualidade,
não permitindo afirmar com clareza benefícios e riscos para mulheres que não precisem
dela.

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Saúde da criança e da mulher

Indicações para cesárea. Protocolo assitencial do Hospital de Clínicas de Uberlândia.

Esse tipo de parto pode ser programado pelo obstetra com antecedência caso seja o
desejo da mulher ou se houver risco de complicações para a mulher ou o bebê, como nos
casos da diabetes gestacional ou trabalho de parto prolongado e sem dilatação completa,
mas também pode ser feito em situações emergenciais como ruptura uterina ou infecção
da placenta, por exemplo.

É importante ter acompanhamento pré-natal durante a gestação, para que o obstetra


possa avaliar o estado de saúde da mulher e do bebê, e se necessário indicar a cesariana.

Passo a passo da cesárea

• O primeiro passo de uma cesárea é a anestesia que é dada na coluna vertebral


da grávida, devendo a mulher estar sentada para a administração da anestesia. A
seguir, é colocado um cateter no espaço peridural para facilitar a administração de
medicamentos e é colocada uma sonda para conter a urina.

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Saúde da criança e da mulher

• Após o início do efeito a anestesia, o médico irá realizar um corte de aproximadamente


10 a 12 cm de largura na região abdominal, perto da “linha do biquíni”, e irá cortar
ainda mais 6 camadas de tecidos até chegar ao bebê. Em seguida, o bebê é
retirado.

• Quando o bebê é retirado da barriga, o pediatra neonatologista deverá avaliar se o


bebê está respirando corretamente e depois a enfermeira já pode mostrar o bebê a
mãe, enquanto o médico retira também a placenta. O bebê será devidamente limpo,
pesado e medido e só depois é que pode ser dado à mãe para a amamentação.

• A parte final da cirurgia é o fechamento do corte. Neste ponto o médico irá costurar
todas as camadas de tecido cortada para o parto, o que pode demorar em média
30 minutos.

É normal que após a cesárea seja formada uma cicatriz,


no entanto após a retirada dos pontos e diminuição do inchaço
da região, a mulher pode recorrer a massagens e cremes que
devem ser aplicados no local, pois assim é possível deixar a
cicatriz mais uniforme.

Quando a cesariana é indicada

A realização da cesariana deve ser discutida juntamente com o médico, pois assim é
possível que seja feita uma avaliação geral do estado geral de saúde da mulher e do bebê.
Além disso, a realização de exames de rotina com o médico são importantes para verificar
a saúde ao longo da gestação e o desenvolvimento de complicações, como eclâmpsia,
diabetes gestacional e alterações na placenta, por exemplo.

Apesar de ser muitas vezes indicada quando são verificados riscos para a mãe ou
para o bebê associados à realização do parto normal, a cesariana pode ser realizada
independentemente da presença de complicações, desde que seja o desejo da mulher.

Possíveis riscos

A cesárea é considerada um procedimento seguro, no entanto devido ao uso de


anestesia e ao fato de ser um procedimento invasivo, há maior risco de complicações,
principalmente quando comparada ao parto normal, sendo os principais:

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Saúde da criança e da mulher

• Desenvolvimento de infecção;

• Hemorragias;

• Trombose;

• Lesão do bebê durante a cirurgia;

• Má cicatrização ou dificuldade na cicatrização, principalmente em mulheres com


excesso de peso;

• Formação de queloide;

• Dificuldade na amamentação;

• Placenta acreta, que é quando a placenta fica presa ao útero após o parto;

• Placenta prévia;

• Endometriose.

Estas complicações são mais frequentes em mulheres que fizeram 2 ou mais cesáreas,
pois a repetição do procedimento aumenta as chances de complicações no parto e de
problemas de fertilidade.

parto humanizado

Parto humanizado é a expressão usada para dizer que a


mulher tem controle sobre como e em qual posição deseja e se sente
confortável para o nascimento do seu bebê. A escolha de que o parto
seja na cama, piscina, sentada ou de pé, e todos os outros detalhes
da evolução do trabalho de parto como o tipo de anestesia, luz, som
ou a presença de familiares, é inteiramente decidido pela gestante,
por meio do plano de parto feito.

Além disso, ao contrário do que se pensa, o parto feito por


cesárea, também tem a possibilidade de ser humanizado, desde
que a equipe médica esteja treinada para a prática, respeitando
todas as escolhas da grávida durante a cirurgia, como o contato
imediato com o bebê após o nascimento, preferência pela
intensidade da luz, por exemplo.

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Saúde da criança e da mulher

Durante o parto humanizado, o obstetra e a sua equipe está presente para garantir
a segurança da mãe e do bebê mesmo quando a grávida deseja pouca ou nenhuma
intervenção médica no momento do parto, e para intercorrências em que a assistência
médica seja indispensável.

O parto humanizado é sobre acolher e apoiar, fornecendo uma experiência agradável,


confortável, segura e tranquila para a mãe e bebê.

Vatagens do parto humanizado

1. Nível de estresse e ansiedade reduzidos

No parto humanizado, a mulher tem a possibilidade de esperar pacientemente pela


hora do nascimento do bebê, sem pressão por meio da equipe de saúde. São fornecidos
durante a espera opções como ouvir música, andar, fazer ginástica, ir para a piscina e que
são inclusive, uma forma de reduzir a dor das contrações.

2. Recém nascido calmo

Durante o processo de nascer no parto humanizado, o bebê não passa por situações
que antes eram comuns como sala gelada, afastamento da mãe nos primeiros segundos
de vida e ruídos altos desnecessariamente. Isso faz com que este bebê sinta menos dor e
desconforto, o que reduz a frequência de choro.

3. Aleitamento prolongado

Além do bem estar físico e psicológico da mulher, o laço afetivo entre mãe e bebê é
o principal pilar para que a amamentação ocorra, isso acontece pela presença do bebê e
pela da sucção da mama no contato pele a pele feito no momento do nascimento. Confira
o guia de amamentação para inciantes.

4. Reduz risco de depressão pós parto

A confiança em si mesma, por ter tido as decisões individuais respeitadas, reduzem


as chances do aparecimento de sentimentos presentes na depressão pós parto, como
incapacidade de cuidar de seu bebê, medo de não fazer um bom trabalho, além do
sentimento de perda da liberdade.

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Saúde da criança e da mulher

5. Laço afetivo forte

Durante todo o trabalho de parto o corpo da mulher libera hormônios, que serão
essenciais para a relação que será construída entre a mulher e a criança, e é pelo contato
pele a pele feito imediatamente após o nascimento, seja por parto vaginal ou cesária, que
este laço afetivo fortalece e se consolida.

6. Reduz o risco de infecção

Uma das características do parto humanizado é o contato pele a pele com o bebê no
mesmo instante do nascimento e é neste momento que ocorre a primeira mamada. O que
o bebê consome na primeira mamada é o colostro que juntamente com o contato com a
microbiota natural da pele da mãe, ajuda a fortalecer o sisteme imune do bebê, diminuindo
o risco de infecções.

Referência Bibliográfica

INSTITUTO VILLAMIL , Diferença entre parto normal e natural. Acessado dia


25/10/2022

CONITEC - Comissão Nacional de Incoporação de tecnologias no SUS, Diretrizes de


Atenção á Gestante: Operação Cesariana.

PARO H.B.M.S, CATANI. R.R, INDICAÇÕES DA CESÁREA Protocolo assitencial do


Hospital de Clínicas de Uberlândia.

SEDICIAIS, Parto cesárea: passo a passo, quando é indicada e possíveis complicações


https://www.tuasaude.com/como-e-uma-cesarea/ Acesso em: 26/10/2022

SEDICIAIS, Parto humanizado: o que é e 6 principais vantagens, https://www.tuasaude.


com/como-e-um-parto-humanizado/ Acesso em: 26/10/2022

atividades

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Saúde da criança e da mulher

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Saúde da criança e da mulher

Capítulo 7 - introdução a enfermagem pediátrica

O significado social e a existência de um grande número de crianças em qualquer


população são marcas de enfermagem pediátrica. Esta se caracteriza pela atenção a um
grupo de pessoas que está em constante crescimento e desenvolvimento e pela abordagem
de ações preventivas em seu cotidiano de assistência.

O aparecimento da Pediatria como especialidade ocorreu na Europa, quando


alguns médicos começaram a observar e a estudar as diferenças das doenças
ocorridas em adultos e em crianças. Antes disso, o fato não tinha o menor significado
tanto para médicos quanto para enfermeiras. O aparecimento do primeiro departamento
de Pediatria na Universidade de Havard se deu em 1888.

Há algum tempo, a assistência de enfermagem à criança hospitalizada seguia


condutas e procedimentos extremamente rígidos. A ausência de medicamentos
antibióticos, os altíssimos índices de infecção, o grande número de crianças doentes e o
próprio despreparo de profissionais levavam ao estabelecimento de regras de isolamento e
repouso muitas vezes absurdas, como o uso de camisas - de - força. Preocupados com
o risco de infecção cruzada e despreparados para atender as necessidades individuais
da criança e dos pais, os profissionais de saúde as mantinham isoladas, tanto uma das
outras como da mãe e do restante da família. Com os avanços na área de saúde, houve
mudanças nos métodos de assistência à criança.O advento da Psicologia, os estudos
de Freud e de outros sobre o comportamento humano deram início a uma abordagem
mais integral à criança, possibilitando a compreensão das suas necessidades
emocionais,em suas diversas fases de crescimento e desenvolvimento.

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Saúde da criança e da mulher

CONCEITOS BÁSICOS NA ASSISTÊNCIA À SAÚDE DA CRIANÇA:

• Enfermagem Pediátrica: É um campo de estudo e de prática da enfermagem


dirigida à assistência à criança até a adolescência. Ou, ainda, é um campo da
enfermagem que se dedica ao cuidado do ser humano em crescimento e
desenvolvimento, desde o nascimento até a adolescência.

• Pediatria: É o campo da Medicina que se dedica à assistência ao ser humano em


crescimento e desenvolvimento, desde a fecundação até a adolescência.

• Neonatologia: é o ramo da Pediatria que atende o recém-nascido, desde a


data do nascimento até completar 28 dias;

• Puericultura: também denominada de Pediatria Preventiva, é o ramo da


Pediatria que cuida da manutenção da saúde da criança e do acompanhamento
de seu crescimento e desenvolvimento.

• Hebiatria: é o ramo da Pediatria que atende as necessidades de saúde do


adolescente.

Classificação da infância em grupos etários:

• Período neonatal: 0 a 28 dias;

• Infância: de 29 dias a 10 anos

• Lactente: 29 dias a 2 anos

- Pré – escolar: 2 a 7 anos

- Escolar: 7 a 10 anos.

• Adolescência: de 10 anos a 20 anos.

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Saúde da criança e da mulher

direito das crianças

DECLARAÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS:

Em 1924, os direitos da criança foram declarados pela ONU, mas o reconhecimento


da Declaração Universal dos Direitos Humanos aconteceu em 1959. Objetivando afirmar
que toda criança merece uma infância feliz e que possa gozar de direitos e liberdades,
essa declaração enunciou os seguintes princípios:

“ Toda criança gozará de todos os direitos enunciados na Declaração” :

• A criança gozará de proteção especial e ser-lhe-ão proporcionadas oportunidade


e facilidade, a fim de facultar o desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e
social de forma sadia e normal e em condições de dignidade.

• Toda criança terá direito a nome e nacionalidade, desde o nascimento;

• A criança gozará os benefícios da previdência social,a criança terá direito à


alimentação, habitação, recreação e assistência médica adequadas;

• À criança incapacitada física ou mentalmente, serão proporcionados o tratamento,


a educação e os cuidados especiais;

• Para o desenvolvimento completo e harmonioso da sua personalidade, a criança


precisa de amor e de compreensão.

• A criança terá direito a receber educação, que será gratuita e obrigatória, pelo
menos no grau primário;

• A criança figurará, em qualquer circunstância, entre os primeiros a receber proteção


e socorro;

• A criança deve ser protegida contra quaisquer formas de negligência, crueldade e


exploração;

• A criança gozará de proteção contra atos que possam suscitar discriminação racial,
religiosa ou de qualquer outra natureza ( ONU, 1959).

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Saúde da criança e da mulher

ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE:

O Estatuto da criança e do adolescente foi legalizado em 1990, pela Lei Federal


nº 8.069. Ao prestar sua assistência, os técnicos e os auxiliares de enfermagem, assim
como os demais profissionais de saúde, deverão considerar os direitos prescritos por esse
Estatuto, sob pena de serem acionados judicialmente. No Brasil, com relação à saúde, as
crianças e os adolescentes têm os seguintes direitos:

• Art.7º. A criança e o adolescente têm direito à proteção, à vida e a saúde,


mediante a efetivação de políticas sociais públicas que permitam o nascimento e o
desenvolvimento sadio e harmonioso, em condições dignas de existência.

• Art. 8º. É assegurado à gestante, através do SUS, o atendimento pré e perinatal.

• Art 9º. O Poder público, as instituições e os empregadores propiciarão condições


adequadas ao aleitamento materno, inclusive aos filhos de mães submetidas a
medida privativa de liberdade .

• Art 10º. Os hospitais e demais estabelecimentos de atenção à saúde de gestantes,


públicos e particulares, são obrigados a:

I- manter registro das atividades desenvolvidas pelo prazo de 18 anos;

II- Identificar o recém-nascido;

III- Proceder a exames visando ao diagnóstico e terapêutica de anormalidades


no metabolismo do recém-nascido, bem como, a orientação aos pais;

IV- Fornecer declaração de nascimento onde constem as intercorrências do


parto e do desenvolvimento de neonato.

• Art 11º. È assegurado atendimento médico à criança e ao adolescente, através


do SUS, garantindo o acesso universal e igualitário às ações e serviços para a
promoção, proteção e recuperação da saúde.

• Art 12º. Os estabelecimentos de atendimentos á saúde deverão proporcionar


condições para a permanência em tempo integral de um dos pais ou responsável,
nos casos de internação de criança ou adolescente.

• Art 13º. Os casos de suspeita ou maus tratos contra criança ou adolescente serão
obrigatoriamente comunicados ao Conselho Tutelar da respectiva localidade.

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Saúde da criança e da mulher

• Art 14º. O SUS promoverá programas de assistência médica e odontológica para


a prevenção das enfermidades que ordinariamente afetam a população infantil, e
campanhas de educação sanitária para pais, educadores e alunos.

• Parágrafo único: É obrigatória a vacinação das crianças nos casos recomendados


pelas autoridades sanitária. ( MS, 2001)

Referência Bibliográfica

MEDEIROS.A.D, Pediatria, Fundação Francisco Macarenhas, Escola de Ciência da


Saúde - ESCISA - Patos- PB.

atividades

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Saúde da criança e da mulher

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Saúde da criança e da mulher

Capítulo 8 - Cuidados de enfermagem ao recém nascido

CONCEITO E CLASSIFICAÇÃO DO RN (RECÉM-NASCIDO)

Idade Gestacional:

• RN À TERMO OU NORMAL: é toda criança nascida de uma gestação entre 38 a


42 semanas de gestação. (280 dias/ Dando margem de 15 dias antes ou após o
parto).

• RN PREMATURO: é toda criança nascida de uma gestação entre 28 a 37 semanas


de gestação.

• RN POSMATURO: é toda criança nascida de uma gestação com mais de 42


semanas de gestação.

Peso Ao Nascer

• A.I.G (Adequado para a Idade Gestacional): é todo RN que nasce com peso > 2,5
a 4 kg – entre percentis 10 e 90.

• P.I.G (Pequeno para a Idade Gestacional): é todo RN que nasce com peso igual ou
inferior a 2,5 kg, abaixo do percentil 10.

• G.I.G (Grande para a Idade Gestacional): é todo RN que nasce com peso igual ou
superior a 4 kg – acima do percentil 10.

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Saúde da criança e da mulher

• RN DE ALTO RISCO: é o produto de uma gestação de alto risco, onde as


intercorrências patológicas e/ou sociais representam fatores de agressão ao
binômio mãe-filho, determinando morbi-mortalidade perinatal, que pode perdurar
até 28 dias pós-parto.

RN PREMATURO

CONCEITO

É toda criança nascida de uma gestação entre 28 a 37 semanas e 6 dias, com peso
igual ou inferior a 2,5 kg e estatura igual ou inferior a 45 cm.

CLASSIFICAÇÃO:

• Prematuro Limítrofe: gestação entre 36 a 37 semanas e 6 dias.

• Moderadamente prematuro: gestação entre 31 a 35 semanas e 6 dias

• Extremamente prematuro: gestação entre 28 a 30 semanas e 6 dias.

ETIOLOGIA:

Gravidez precoce, fumo, álcool, doenças cardíacas, desnutrição materna, gravidez


gemelar, placenta prévia (PP), descolamento prematuro da placenta(DPP), placenta
normalmente inserida (DPPNI): doença auto-imune, onde a mãe sempre morre por
hemorragia.

INCIDÊNCIA:

Classe social mais baixa.

CARACTERÍSTICAS ANATÔMICAS

• Postura: Inativo/ flácido e relaxado, com as extremidades mantidas em extensão.


Permanecem em qualquer posição que se coloca.
• Cabeça: grande, desproporcional, achatada nos lados e longa da frente para trás,
desprovida de convexidade usual nas áreas temporais e parietais.
• Face: senil, envelhecida.
• Cabelos: finos, ralos como lanugem.
• Olhos: fechados, grandes em relação a face e proeminentes.

• Pescoço: curtíssimo, o mento repousa sobre a caixa torácica.

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Saúde da criança e da mulher

• Cartilagem da orelha: mal desenvolvida, maleável, macia.

• Fontanelas: amplas

• PC: 25/32 cm

• PT: 23/30 cm

Características Gerais:

Peso: Depende do grau de imaturidade, varia de > 500 g à 2,5 kg.

• Extremamente baixo: 500 g a 1 kg


• Muito baixo: 1 kg a 1,5 kg
• Baixo: 1,5 kg a 2,5 kg
• Estatura: 45 cm
• Caixa torácica: deprimida / Abdômen: distendido
• Tônus Muscular: diminuído / Ausência de sulcos plantares
• Pele: tecido subcutâneo delgado, coloração pálida, coberta por lanugem.
• Mãos e pés: poucos sulcos, aspecto liso; Unha: não atinge a polpa digital
• Genitais:
Masculino: Saco escrotal subdesenvolvido; podendo está retido na cavidade
abdominal.
Feminino: Grandes lábios pouco evidentes; clitóris proeminente.
CARACTERÍSTICAS FISIOLÓGICAS
• APARELHO RESPIRATÓRIO: Imaturo, devido ao desenvolvimento incompleto
dos alvéolos e capilares. Tecido pulmonar e centro regulador imaturos. Respiração:
periódica; hipoventilação; episódios freqüentes de apnéia.
• APARELHO TERMO REGULADOR: Precário e imaturo. Incapacidade da
manutenção da temperatura corpórea, por não possuir gordura de isolamento
térmico.
• APARELHO DIGESTIVO: Deficiente. Dificuldade de absorção. Quanto mais
intensa a prematuridade, mais ausentes estão os reflexos de sucção e deglutição.
Há três tipos de prematuro:
1. O que suga e deglute (uso de mamadeira)
2. O que não suga e deglute (uso de conta-gotas)
3. O que não suga e não deglute (gavagem/sonda)

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Saúde da criança e da mulher

ATIVIDADE REFLEXA: Diminuída /Sinais neurológicos: ausentes.


COMPLICAÇÕES: Hiperbilirrubinemia/ Hipoglicemia/ Distúrbios Hidroeletrolíticos.

pós maturo

CONCEITO
É toda criança nascida de uma gestação com mais de 42 semanas.
CAUSAS
A maioria desconhecida, porém se atribui a:
• Hereditariedade
• Primiparidade com mais de 28 anos
• Repouso excessivo
• Distúrbio endócrino
CARACTERÍSTICAS GERAIS
• Peso: O RN pode nascer com perda de peso. A placenta ao envelhecer perde sua
função, não conseguindo manter os nutrientes para o feto.
Tecido adiposo diminuído, depleção da gordura subcutânea, aspecto físico
comprometido, refletindo o desprovimento intrauterino, apresentando um aspecto
delgado e alongado.
• Estatura: cerca de 3 a 4 cm maior que o normal.
• Pele: macerada, enrugada, sem lanugem, sem vernix caseoso, apresentando
dobras, rachaduras, manchas enegridas, apergaminhada
• Unhas: ultrapassam a polpa digital, sujas de mecônio.Sulcos palmares profundos.
• Mãos: secas e descamadas.
COMPLICAÇÕES:
Aspiração de mecônio: provocada pela hipóxia intrauterina, associada com a acidose.
RN aspira o líquido amniótico que contém mecônio. (A hipóxia provoca relaxamento o
esfíncter anal).
Hipoglicemia: provocada pelo estoque de gordura. O glicogênio do fígado é logo
escasseado, necessitando, portanto de reservas energéticas.
Policitemia: aumento dos eritrócitos, elevando a viscosidade do sangue. A circulação
se torna lenta e é obstruída sobretudo nos capilares, assim o sangue não chega a circulação
periférica.

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Saúde da criança e da mulher

rn alto risco

CONCEITO

É o produto de uma gestação de alto risco, onde as intercorrências patológicas e/


ou sociais representam fatores de agressão ao binômio mãe-filho, determinando morbi-
mortalidade perinatal, que pode perdurar até 28 dias pós-parto.

CLASSIFICAÇÃO

De acordo com o peso do nascimento; Idade Gestacional; Problema fisiopatológico


predominante.

RN CONSIDERADOS DE ALTO RISCO

• Prematuro • Anomalias congênitas


• Pós- maturo • Desnutrição
• Anóxia perinatal • Diabetes materna
• Macrossomia • Mães com AIDS
• Gemelaridade • Mães com DSTs
• Rh negativo

GESTAÇÃO DE ALTO RISCO:

• Idade materna menor de 16 anos • Nefropatia


ou maior de 35 anos
• Cardiopatia
• Insuficiência Placentária
• Placenta Prévia
• Diabetes
• Descolamento da Placenta
• Hemorragia Normalmente Inserida
• Hipertensão Crônica

Cuidados após o nascimento

A transição bem-sucedida de um feto (imerso no líquido amniótico e totalmente


dependente da placenta para obter nutrientes e oxigênio) até o seu nascimento, respirando
e chorando vigorosamente, é algo sempre maravilhoso. Os recém-nascidos saudáveis
necessitam de um bom cuidado para garantir seu desenvolvimento normal e uma boa
saúde.

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Saúde da criança e da mulher

Imediatamente após um nascimento normal, a equipe da sala de parto ajuda a mãe


a segurar o seu filho. A amamentação geralmente pode ser iniciada neste momento caso
a mãe assim o desejar. O pai é também encorajado a segurar o seu filho e a compartilhar
esses momentos. Alguns especialistas acreditam que o contato físico imediato com a
criança ajuda a estabelecer vínculos afetivos. Contudo, os pais podem estabelecer bons
vínculos afetivos com seus filhos inclusive quando não passam as primeiras horas juntos.

Referência Bibliográfica

MEDEIROS.A.D, Pediatria, Fundação Francisco Macarenhas, Escola de Ciência da


Saúde - ESCISA - Patos- PB.

atividades

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Saúde da criança e da mulher

Capítulo 9 - assistência de enfermagem na sala do parto

cuidados imediatos ao RN

São aqueiles prestados ainda na sala de parto.

Desobstrução das VASS:

Objetivos:

• Promover limpeza das VASS e a instalação imediata e posterior manutenção da


respiração.

• Impedir tamponamento dos espaços bronco-alveolares.

• Impedir anóxia.

OBS: 1º se aspira a boca, depois o nariz.

Avaliação das condições vitais do RN, através da Escala de Apgar.

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Saúde da criança e da mulher

Pinçamento e secção do cordão umbilical

OBS: Realiza-se após a cessação dos batimentos

Aspiração do suco gástrico

Credeização /Método de Credé: Instila-se 1 gota de Nitrato de Prata a 1% nos olhos,na


vagina e/ou pênis do RN a fim de evitar oftalmia gonocócica, transmitida verticalmente.

Identificação do RN (Nome da gestante, data e hora do nascimento): Identificar o


recémnascido com pulseira própria ou feita com esparadrapo e colocada no antebraço e
tornozelo.

Etapas da recepção do recém-nascido

Na mesa cirúrgica

Assim que houver o desprendimento do pólo cefálico, o obstetra deverá realizar a


aspiração inicialmente da boca e a seguir das narinas do RN para a retirada do excesso
de secreção. Após o desprendimento total do feto, serão realizados o pinçamento e a
secção do cordão umbilical, aproximadamente 6 a 8 cm do abdômen. A enfermeira precisa
estar atenta para monitorizar o horário exato do nascimento do paciente, após a expulsão
completa.

Recepção do RN

Deverá ser em campo estéril e previamente aquecido. A posição para recepção do RN


é trendelemburg e lateral, para facilitar a drenagem das secreções. Evita-se pendurar o RN
pelos pés, o que pode acarretar riscos de hemorragia intracraniana e luxação de quadril.
O RN será colocado sob fonte de calor radiante, devendo ser enxuto suavemente com
compressas macias, para evitar resfriamento

Logo após, deve-se trocar o campo molhado por um seco. A temperatura ideal do
berço de recepção é de 30 a 32ºC.

Para Segre (1991), Veiga & Monetti (1989) e Ramos (1978) a perda de
calor do recém-nascido pode ser evitada sendo assistido em sala sem corrente
de ar, recepção em campo estéril e aquecido, em superfície aquecida também
durante o transporte; a manutenção do calor corporal do recém-nascido é um
dos aspectos da assistência de enfermagem.

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Saúde da criança e da mulher

Desobstrução das vias aéreas

Procede-se a desobstrução das vias aéreas superiores usando-se o aspirador a vácuo


com força de sucção controlável, mantendo uma pressão média de 15 a 20 cm H2O. As
sondas de aspiração devem ser de borracha ou polietileno, número 4/6/8, e o procedimento
sempre deve ser iniciado pela cavidade bucal e a seguir pelas narinas. Processando a
aspiração em ordem inversa, a aspiração inicial da narina pode ocasionar a aspiração
reflexa do material contido na orofaringe.

Marinho (1981) e Segre & Marino (1991) indicam que a aspiração de


secreções deve ser iniciada sempre pela boca e nunca pelas narinas, pois se
iniciar pelas fossas nasais, poderá, por estimulação reflexa, provocar aspiração
do material da faringe, ocasionando problemas respiratórios.

Ramos et al. (1978) descreve que a não obediência desta sequência de


aspiração de secreção das vias aéreas superiores tem possibilidade de provocar
inspiração levando mucosidade da boca para os pulmões; este procedimento
aparentemente simples se não executado corretamente pode acarretar prejuízos
ao recém-nascido.

Aspiração da cavidade bucal

Com movimentos delicados, preferencialmente, aspira-se o canto da boca, evitando-


se tocar na laringe posterior, pois provoca náuseas.

Aspiração das narinas

Introduzir a sonda de aspiração desligada para não provocar lesões nos tecidos das
vias aéreas e tracioná-la lentamente, aspirando de forma intermitente. Todo procedimento
de aspiração deve ser monitorizado por meio da ausculta cardíaca. Aspiração do conteúdo
gástrico: realiza-se após a aspiração das vias aéreas superiores, quando os movimentos
respiratórios estão regulares.

Pode ser realizado por via oral ou nasal. No caso de a criança ter deglutido sangue
ou mecônio a aspiração do conteúdo gástrico terá especial importância na profilaxia da
irritação da mucosa gástrica, evitando a ocorrência de vômito nas primeiras horas de vida.

Por meio da aspiração gástrica pode-se fazer o diagnóstico de atresia de esôfago,


quando da dificuldade de introduzir a sonda até o estômago. O lavado gástrico geralmente
só é realizado quando a criança nasce com mecônio ou há presença de sangue.

89
Saúde da criança e da mulher

O mecônio são as primeiras fezes do recém-nascido, caracteriza-se por ser espesso


e de coloração preto-esverdeada; a aspiração meconial ocorre quando o recém-nascido
aspira o mecônio misturado ao líquido amniótico durante o trabalho de parto e o nascimento.
Geralmente esta situação está ligada a um estresse durante o trabalho de parto.

Conforme Taralli (1989) e Ramos et al. (1978), a falta de eliminação do mecônio não
deve ultrapassar as 24 horas de vida. A não ocorrência dessa eliminação nesse período
pode sugerir existência de doenças do trânsito intestinal, tais como atresia e paralisia. Para
verificação de imperfuração anal, o ânus é obrigatoriamente examinado no primeiro exame
do recém-nascido.

Material necessário:
• Bandeja contendo sonda nasogástrica número 4 ou 6;
• Seringa de 10 ml;
• Esparadrapo;
• Água destilada ou soro fisiológico 20 ml;
• Estetoscópio;
• Luvas de procedimento.
Sequência do Procedimento:
• Lavar as mãos e calçar as luvas;
• Cuidar os movimentos da criança;
• Medir o comprimento da sonda a ser introduzida, dimensão que vai do lóbulo da
orelha até a narina, acrescido da que vai da narina até o apêndice xifoide, marcar
com esparadrapo;

• Segurar a sonda enrolada na mão direita, deixando livre 5 cm terminais da mesma;

• Segurar o RN pela parte posterior da cabeça;

• Introduzir lentamente a sonda pela boca, direcionando-a de cima para baixo, em


direção ao esôfago, até atingir a marca do esparadrapo;

• Observar sinais de disfunção respiratória. Testar posicionamento da sonda com a


seringa (só aspirar);

• Fixar a sonda;

• Aspirar o conteúdo gástrico com a seringa, avaliar a coloração, o volume e a


espessura.quando o volume for esverdeado, sanguinolento ou borra de café,
proceder a lavagem gástrica.

90
Saúde da criança e da mulher

• Para lavar introduz-se 5 ml de água destilada ou soro fisiológico de cada vez até
que o retorno seja límpido.

• Fechar a sonda e retirá-la lentamente.

Esta técnica é realizada sempre que a criança apresentar vômito.

Ligadura definitiva do Cordão Umbilical:

Pode ser realizada utilizando-se anel duplo de borracha ou clamp comercial de plástico.
A ligadura se faz a partir de 4 cm da parede abdominal, seccionando-se distalmente o
cordão a 1 cm do clamp, com tesoura ou bisturi estéril. Observar durante esse procedimento
a presença normal de duas artérias e uma veia. A superfície do coto deve ser higienizada
com álcool 70%. A ligadura definitiva do cordão umbilical pode ser realizada na hora do
nascimento.

Casanova (1991) afirma que o coto umbilical do recém-nascido deve ser inspecionado,
verificando a possibilidade de artéria única, caso isto ocorra é importante compreender que,
além disso, o recém-nascido poderá apresentar outras malformações, muitas vezes, não
evidentes na hora do nascimento.

Os cuidados com o coto dependem das condições do RN no nascimento. Em caso


de RN de alto ou médio risco, terão o coto umbilical umidificados com solução fisiológica,
mantendo os vasos em condições de serem cateterizados. Nesses casos permanece uma
gaze estéril úmida envolvendo o coto umbilical.

Os Recém-nascidos considerados em boas condições físicas recebem cuidados


visando à antissepsia e a mumificação do coto umbilical.

Material necessário:

• Bandeja contendo álcool 70%;

• Cotonetes e/ou gazes;

• Saco plástico ou cuba.

Sequência do procedimento:

• Lavar as mãos;

• Examinar as condições do coto umbilical, sinais de infecção, odor, aspectos de


involução e mumificação, sangramento, aspectos da pele ao redor do coto;

91
Saúde da criança e da mulher

• Quando houver importante sangramento, tomar medidas imediatas;

• Aplicar álcool 70% direto ou com cotonetes em toda extensão do coto, evitar que
escorra pela pele abdominal. Repetir o procedimento quantas vezes for necessário
para remover secreções ou sujidades;

• Limpar o coto da inserção para a extremidade;

• Manter o coto descoberto;

• Lavar as mãos.

Colocação de pulseiras

Onde consta o nome completo da mãe, registro hospitalar, número do quarto e leito,
sexo do RN e hora e dia de nascimento. As pulseiras idênticas são colocadas na mãe e
no RN e a mesma deverá ser informada sobre esse procedimento para, com isso, sentir-
se segura a respeito da identificação do filho e que a pulseira deve ser mantida até a alta
hospitalar.

Impressão plantar ou plantigrama

Por se tratar de documento legal da maior importância, deve ser realizado com cuidado,
já que borrões de tinta impedem a clara visualização das linhas plantares, inutilizando a
identificação. O ideal é utilizar tinta própria de base oleosa para impressão digital, a mesma
utilizada oficialmente para registro geral das pessoas. Deve-se realizar a limpeza prévia das

92
Saúde da criança e da mulher

plantas dos pés com gaze umedecida com água, removendo secreções e vérnix e depois
tomar cuidado para retirar totalmente a tinta após o procedimento, a fim de que a mesma
não seja absorvida.

Referência Bibliográfica

MEDEIROS.A.D, Pediatria, Fundação Francisco Macarenhas, Escola de Ciência da


Saúde - ESCISA - Patos- PB.

ETAPAS DA RECEPÇÃO DO RECÉM-NASCIDO, https://blog.portaleducacao.com.


br/etapas-da-recepcao-do-recem-nascido/ Acessado dia; 27/10/2022

atividades

93
Saúde da criança e da mulher

94
Saúde da criança e da mulher

Capítulo 10 - cuidados mediatos ao recém nascido

Conceito: São aqueles prestados na Unidade de Internação Pediátrica.

Higiene: O Banho é realizado aproximadamente 6 horas ou mais após o nascimento.


Tenta-se não retirar o material gorduroso esbranquiçado (verniz caseoso) que recobre a
maior parte da pele do recém-nascido, pois ele ajuda a protegê-lo contra a infecção.

Administração de Vitamina K: Como todos os conceptos nascem com concentração


baixa de vitamina K, o enfermeiro ou o técnico de enfermagem administra 1mg por via
IM desta vitamina para evitar a ocorrência de sangramentos (doença hemorrágica do
recémnascido) Objetivo: Catalisar a síntese da protrombina no fígado.

Curativo do Coto Umbilical: Higiene do Coto Umbilical é em geral, uma solução


antisséptica ( álcool a 70%) aplicada no cordão umbilical recém-seccionado, para ajudar
a evitar a infecção e o tétano neonatal. O clipe plástico do cordão umbilical é removido 24
horas após o nascimento. O coto remanescente deve ser umedecido diariamente com uma
solução alcoólica. Este processo acelera a secagem e reduz a possibilidade de infecção
do coto. O coto umbilical cairá por si mesmo, geralmente entre o 5º e o 12º dia. Um retardo
maior na queda não deverá ser motivo de preocupação.

medidas antropométricas

Peso: Balança adequada, protegida com fralda.

Comprimento: Utilização da Mesa antropométrica.

95
Saúde da criança e da mulher

Verificação do peso

Vamos começar o estudo das medidas antropométricas pelo peso do bebê.A primeira
coisa a se fazer é desligar o ar-condicionado ou o ventilador e fechar todas as janelas
da sala. Sabe por quê? Porque precisaremos tirar todaa roupa do bebê, que pode então
acabar se resfriando sob ar frio. Evitandoque o bebê tome ar frio, você está humanizando
o atendimento.

E por que tirar as suas roupas? Porque queremos apenas o peso do corpo do bebê.
Teríamos uma informação errada se comparássemos o peso do bebêem um dia em que
estiver usando shorts, camiseta e sandálias com outro diaem que estiver usando tênis,
calça e casaco.

Precisamos também calibrar a balança para não


haver nenhum erro na pesagem.Depois de calibrada,
limpe a cuba da balança (onde o bebê é colocado) com
álcool e a forre com papel de toalha. Agora está tudo
pronto para a pesagem.

Coloque o bebê (já sem roupas) na cuba da balança forrada, mantendo a mão sempre
perto para evitar que ele caia. Mas cuidado! Sua mão não pode fazer peso na balança
porque queremos só o peso do bebê. Você vai perceber que à medida que o bebê se
mexe na balança, o valor do peso vai mudando também. Então, considere o peso que
aparecer no momento em que o bebê estiver mais quietinho, ou seja, fazendo o mínimo
de movimentos. Anote o valor do peso – em gramas – no papel apropriado. Terminamos o
processo de pesagem.

A verificação do peso deve ser realizada diariamente e no mesmo horário. Por que
pesar no mesmo horário? Imagine se um dia o recém-nascido for pesado de manhã, em
jejum, e no dia seguinte for pesado após umas boas mamadas. Será que a comparação dos
dois valores estará correta? Não. É mais acertado comparar valores de pesagens feitas no
mesmo horário. Além da medida do peso, as medidas dos perímetros abdominal e cefálico
também são feitas com o recém-nascido despido. Portanto, você pode tirar as medidas de
peso, perímetro cefálico e perímetro abdominal com o recémnascido despido, após pesálo.
E depois, então, coloque a roupa dele e tire a medida da altura e do perímetro cefálico.

96
Saúde da criança e da mulher

Verificação da altura

Para verificar a estatura ou altura do recém-nascido, você vai precisar de uma régua
especialmente feita para isso – a régua antropométrica. Esta régua tem uma parte fixa
e uma parte móvel. Para realizar a medição, coloque o neonato em posição de decúbito
dorsal (deitado de barriga para cima) em uma superfície plana.

Observe a régua na Figura 4.4. Repare que ela tem a escala de 0 a 1 metro. A parte
fixa está no zero e deve ficar posicionada na cabeça do bebê. A parte móvel deve ser então
deslocada até o calcanhar do bebê, em direção ao marco de 1 metro. Mas atenção: estique
bem as pernas do bebê, segurando seus joelhos e mantenha a régua bem posicionada. Só
então faça a leitura e anote em papel apropriado.

Figura 4.4: Medindo a altura do bebê: a parte fixa da régua fica na cabeça do bebê e a parte
móvel se desloca até o calcanhar, de onde então se tira a medida.

Verificação do perímetro cefálico

Agora que já medimos o peso e a altura do bebê, vamos à medição da cabeça. A


mensuração do perímetro cefálico é a medida da circunferência da cabeça. Para realizar
esta medida, você vai precisar de uma fita métrica (Figura 4.5).

A fita métrica é aquela muito usada pelas costureiras para medir tecidos. Elas a usam
também para medir o corpo da pessoa para quem vão costurar. Também pode ser usada
por pedreiros, engenheiros e outros profissionais.

97
Saúde da criança e da mulher

Se você ainda não conhece uma fita métrica, cabe aqui uma explicação importante:
ela tem dois lados. Um lado oferece a medida em centímetros.

O outro lado da fita oferece a medida em polegadas. É como pedir ao cabeleireiro


para cortar quatro dedos do cabelo ou sete centímetros: os dois dizem o tamanho do corte
desejado para o cabelo, só que em unidades diferentes.

Aqui no Brasil, é mais comum usarmos a unidade de


centímetros para realizar medidas. Em outros países, como
os EUA, por exemplo, a unidade em polegadas da fita métrica
é a mais utilizada. Portanto, fique atento quando usar a fita
métrica! Escolha o lado certo.

Só um detalhe: as fitas não costumam ter escrito “centímetros” e “polegadas”. Como


saber o lado certo então? Você pode pegar uma régua escolar e comparar com a fita métrica.
O lado que tiver a distância entre os números igualzinha à da régua é o dos centímetros. As
polegadas têm o intervalo entre os números duas vezes e meia maior que o intervalo entre
os centímetros

Bom, agora que você está especialista em usar a fita métrica, mãos à obra! Coloque o
neonato em decúbito lateral (deitado para o lado esquerdo ou direito) e passe a fita métrica
a partir da maior saliência da cabeça, o osso occipital e acima das sobrancelhas (Figura
4.6). Segure o zero da fita métrica com o dedo polegar na altura do osso occipital. Segure
a fita métrica com a outra mão e dê a volta pela cabeça do bebê, acima das sobrancelhas,
até encontrar o polegar da outra mão no osso occipital. Agora, veja o número e anote. Essa
é a medida do perímetro cefálico do bebê.

98
Saúde da criança e da mulher

Verificação do perímetro torácico e do abdominal

Terminamos de pesar, de medir a altura e a cabeça do bebê. O que está faltando?


Agora só falta medir o tórax e o abdômen. Você vai precisar da fita métrica de novo.

O tórax é a parte do corpo entre a barriga e o pescoço. A mensuração doperímetro


torácico é a medida da circunferência do tórax. Para realizar esta medição, coloque o
neonato despido em decúbito dorsal, passe a fita métrica ao redor do tórax, na altura dos
mamilos (Figura 4.6). Anote o número encontrado em papel adequado.

O perímetro abdominal é a medida da circunferência do abdômen. O abdômen é


o que chamamos mais comumente de barriga. Para realizar essa medição, passe a fita
métrica em torno do abdômen, logo acima do umbigo do neonato despido (Figura 4.8).
Faça a leitura observada na fita métrica e anote o valor encontrado.

Agora que terminamos de tirar as medidas antropométricas do recém-nascido, vamos


à hora do banho?

99
Saúde da criança e da mulher

Banho do RN

O banho de imersão (na banheira) é realizado quando o neonato apresentar condições


clínicas estáveis (temperatura, coloração da pele, respiração, frequência cardíaca
normais). Você deve orientar e incentivar a mãe a participar desse procedimento.
Ela deve estar conseguindo dar o banho no seu filho sozinha até o momento da alta
hospitalar, para que se sinta segura de efetuá-lo sozinha em casa.

Você, técnico em enfermagem, é muito importante nesse momento porque pode estar
ao lado das novas mamães, ensinando e encorajando-as (Figura 4.9). Fazendo isso,
você estará humanizando o cuidado mediato.

O primeiro passo para realizar esse procedimento é preparar o ambiente e reunir o


material necessário, qual seja:

• banheira • fralda
• sabonete líquido neutro • roupa
• toalha macia • algodão
• haste flexível (cotonete) • óleo vegetal
• escova de cabelo • pomada antiassadura

O ambiente deve estar fechado, sem vento, para que o recém-nascido não se resfrie.
Ar-condicionado e ventiladores devem ser desligados pelo mesmo motivo. Isso significa
humanizar os cuidados mediatos. A seguir, você deve verificar a temperatura da água, que
deverá estar entre 36 e 37°C. Para isso, você pode usar um termômetro apropriado, ou
colocar a parte inferior do antebraço ou cotovelo na água.

100
verificar a temperatura da água, que deverá estar entre 36 e 37°C. Para isso,
você pode usar um termômetro apropriado, ou colocar a parte inferior do
Saúde da criançaantebraço
e da mulher ou cotovelo na água.

Veja
Vejaoopasso
passoa apasso
passoa seguir, que
a seguir, explica
que como
explica dardar
como o banho nono
o banho bebê.
bebê.

Passo 1: Tire a roupa do neonato, deixan-


do apenas a fralda, e o envolva na toalha.

Passo 2: Segure o bebê com uma das mãos


na região cervical (parte de trás do pesco-
ço), apoiado no colo ou no trocador. Tenha
o cuidado de proteger os ouvidos com os
dedos polegar e médio da mão.

Passo 3: Molhe a mão que está livre na


água morna e proceda à higiene do ros-
to, começando pelos olhos. Use somente
água. Não use sabão nos olhos, no nariz e
na boca do bebê. Lavar a cabeça antes de
lavar o corpo é um procedimento que deve
ser realizado até o bebê conseguir sentar
na banheira.

Passo 4: Pegue um pedaço grande de al-


godão e molhe na água morna. Com este
algodão, molhe o couro cabeludo. Não
se esqueça de limpar o pavilhão auricular
(orelha) com haste flexível (cotonete). Co-
e-Tec Brasil 52loque algumas gotas de sabonete líquido Enfermagem
neutro no algodão e limpe o couro cabelu-
do. Depois enxágue, jogando a água para
trás, sem deixar cair nos olhos, no nariz e
na boca do bebê.

Passo 5: Seque o rosto e a cabeça do bebê.


Para secar as orelhas, use a haste flexível
101
(cotonete) para secar apenas por fora, sem
colocá-la dentro do ouvido do bebê.
neutro no algodão e limpe o couro cabelu-
do. Depois enxágue, jogando a água para
Saúde da criança etrás,
da mulher
sem deixar cair nos olhos, no nariz e
na boca do bebê.

Passo 5: Seque o rosto e a cabeça do bebê.


Para secar as orelhas, use a haste flexível
(cotonete) para secar apenas por fora, sem
colocá-la dentro do ouvido do bebê.

Passo 6: Retire a toalha e a fralda do bebê.


Se ele estiver sujo, limpe o bumbum com
algodão e óleo vegetal. Pode usar também
uma fraldinha de pano umedecida em
água.

Passo 7: Leve o bebê para a banheira. Apoie a


nuca e a cabeça do recém-nascido na palma
da sua mão. A parte de cima do tronco fica
apoiada no seu braço. O bumbum e as per-
nas ficam livres, apoiados na própria banhei-
ra. Coloque suavemente o recém-nascido na
água. Vamos começar a limpá-lo pelo pescoço
(a cabeça já está limpa). E depois vamos para:
axilas, braços, tronco, pernas e pés. Com a
mão livre, vá molhando-o e passando o sabo-
nete neutro, lembrando de limpar bem as dobras e os espaços entre os dedos.

Passo 8: Agora vamos virar o bebê de cos-


Tema
tas. 4Com
| Cuidados mediatos
a ajuda da mãoprestados ao recém-nascido
que estava livre, a termo 53 e-Tec Brasil

apoie o peito do bebê na palma da outra


mão e no começo do braço. Limpe as cos-
tas do bebê.

Passo 9: Você deve finalizar o banho lim-


pando a região genital e a anal, realizan-
do a limpeza no sentido anteroposterior
102
(ou seja: da frente para trás). Nos meni-
nos, afaste o prepúcio da glande do pê-
tas do bebê.

Saúde da criança e da mulher

Passo 9: Você deve finalizar o banho lim-


pando a região genital e a anal, realizan-
do a limpeza no sentido anteroposterior
(ou seja: da frente para trás). Nos meni-
nos, afaste o prepúcio da glande do pê-
nis, sem forçá-lo. O prepúcio da glande é a
pele mole que cobre o pênis. Nas meninas,
afaste os grandes lábios, limpando cada
um dos lados.

Passo 10: Após realizar os procedimentos


descritos anteriormente, você deve retirar
o recém-nascido da banheira, envolvê-lo
na toalha e secá-lo delicadamente. Tenha
o cuidado de enxugar bem todas as dobras
cutâneas do corpo, as orelhas e os espaços
entre os dedos das mãos e dos pés.

Passo 11: Vestir a blusa no recém-nascido o


quanto antes para evitar que ele se resfrie.
Colocar a fralda e realizar o curativo do
coto umbilical (este curativo será explicado
em seguida). Colocar o resto da roupa.

Passo 12: Falta agora pentear o cabelo dele


com uma escova de cerdas bem macias. Pron-
to, terminamos! O bebê está limpo e cheiroso.
e-Tec Brasil 54 Enfermagem

Atividade 3
Atende ao Objetivo 3 e à Competência 1
103
Vamos dar banho no bebê?
Saúde da criança e da mulher

Importante se lembrar

Observar:  Tônus muscular, atividade espontânea, postura, fácies, tiragens,estridores,


gemidos, características de choro, vômitos, regurgitações,sangramentos, convulsões,
eliminação de mecônio e urina, distensão abdominal, salivação e sopros cardíacos.

Aquecimento: Manter RN aquecido, no berço (conforme rotina do hospital) e


manter observação rigorosa (cianose; vômito; tremores; respiração). É fundamental que o
recémnascido seja mantido aquecido. Assim que possível, ele deve ser enrolado em panos
leves (cueiros) e a sua cabeça é coberta, para reduzir a perda do calor corpóreo.

À Enfermagem cabe:

• Registrar, na ficha do recém-nascido, sua impressão plantar e digital do polegar


direito da mãe;

• Em partos múltiplos a ordem de nascimento deverá ser especificada nas pulseiras


através de números (1, 2, 3, 4 etc.) após o nome da mãe;

• Preencher a ficha do recém-nascido com os dados referentes às condições de


nascimento, hora e data do parto.
104
Saúde da criança e da mulher

Referência Bibliográfica

MEDEIROS.A.D, Pediatria, Fundação Francisco Macarenhas, Escola de Ciência da


Saúde - ESCISA - Patos- PB.

ETEC-BRASIL, Tema 4 | Cuidados mediato sprestados ao recém--nascido a termo

atividades

105
Saúde da criança e da mulher

106
Saúde da criança e da mulher

Capítulo 11 - Assistência da enfermagem - alojamento conjunto

alojamento conjunto

Conceito

É um sistema hospitalar em que o recém-nascido sadio, logo após o nascimento,


permanece ao lado da mãe, 24 horas por dia, num mesmo ambiente, até a alta hospitalar. Tal
sistema possibilita a prestação de todos os cuidados assistenciais, bem como a orientação
à mãe sobre a saúde do binômio mãe e filho.

Vantagens

A permanência do recém-nascido sadio com sua mãe, com a prática de ações que
configuramo sistema conhecido como “Alojamento Conjunto”, tem por vantagens:

a) estimular e motivar o aleitamento materno, de acordo com as necessidades da


criança, tornando a amamentação mais fisiológica e natural. A amamentação precoce
provoca a contração do útero e de seus vasos, atuando como profilaxia das hemorragias
pós-parto;

b) favorecer a precocidade, intensidade, assiduidade do aleitamento materno, e sua


manutenção portempo mais prolongado;

c) fortalecer os laços afetivos entre mãe e filho, através do relacionamento precoce;

d) permitir a observação constante do recém-nato pela mãe, o que a faz conhecer


melhor seu filho epossibilitar a comunicação imediata de qualquer anormalidade;

f) manter intercâmbio biopsicossocial entre a mãe, a criança e os demais membros


da família;

107
Saúde da criança e da mulher

g) diminuir o risco de infecção hospitalar;

h) facilitar o encontro da mãe com o pediatra por ocasião das visitas médicas para o
exame do recém-nascido, possibilitando troca de informações entre ambos;

i) desativar o berçário para recém-nascidos normais, cuja área poderá ser utilizada de
acordo com outras necessidades do hospital.

atenção no poerpério

A atenção à mulher e ao recém-nascido (RN) no pós-parto imediato e nas primeiras


semanas após o parto é fundamental para a saúde materna e neonatal. Recomenda-se uma
visita domiciliar na primeira semana após a alta do bebê. Caso o RN tenha sido classificado
como de risco, essa visita deverá acontecer nos primeiros 3 dias após a alta. O retorno
da mulher e do recém-nascido ao serviço de saúde, de 7 a 10 dias após o parto, deve ser
incentivado desde o pré-natal, na maternidade e pelos agentes comunitários de saúde na
visita domiciliar.

Objetivos:
• Avaliar o estado de saúde da mulher e do recém-nascido;
• Orientar e apoiar a família para a amamentação;
• Orientar os cuidados básicos com o recém-nascido;
• Avaliar interação da mãe com o recém-nascido;
• Identificar situações de risco ou intercorrências e conduzi-las;
• Orientar o planejamento familiar.

Uma vez que boa parte das situações de morbidade e mortalidade materna e neonatal
acontecem na primeira semana após o parto, o retorno da mulher e do recém-nascido ao
serviço de saúde deve acontecer logo nesse período. Os profissionais e os serviços devem
estar atentos e preparados para aproveitar a oportunidade de contato com a mulher e o
recém-nascido na primeira semana após o parto para instituir todo o cuidado previsto para
a “Primeira Semana de Saúde Integral”.

“Primeira Semana de Saúde Integral” – ações a serem desenvolvidas

108
Saúde da criança e da mulher

Acolhimento da mulher e do RN por profissional de saúde habilitado:

• Apresentar-se, perguntar o nome da mulher e do recém-nascido e atendêlos com


respeito e gentileza;

• Escutar o que a mulher tem a dizer, incluindo possíveis queixas, estimulandoa a


fazer perguntas;

• Informar sobre os passos da consulta e esclarecer dúvidas.

AÇÕES EM RELAÇÃO À PUÉRPERA

Anamnese

Verificar o cartão da gestante ou perguntar à mulher sobre:

• Condições da gestação;

• Condições do atendimento ao parto e ao recém-nascido;

• Dados do parto (data; tipo de parto; se cesárea, qual a indicação);

• Se houve alguma intercorrência na gestação, no parto ou no pós-parto (febre,


hemorragia, hipertensão, diabetes, convulsões, sensibilização Rh);

• Se recebeu aconselhamento e realizou testagem para sífilis ou HIV durante a


gestação e/ou parto;

• Uso de medicamentos (ferro, ácido fólico, vitamina A, outros).

Perguntar como se sente e indagar sobre:

• Aleitamento (freqüência das mamadas – dia e noite –, dificuldades na amamentação,


satisfação do RN com as mamadas, condições das mamas);

• Alimentação, sono, atividades;

• Dor, fluxo vaginal, sangramento, queixas urinárias, febre;

• Planejamento familiar (desejo de ter mais filhos, desejo de usar método

contraceptivo, métodos já utilizados, método de preferência);

• Condições psicoemocionais (estado de humor, preocupações, desânimo, fadiga,


outros);

• Condições sociais (pessoas de apoio, enxoval do bebê, condições para atendimento


de necessidades básicas).

109
Saúde da criança e da mulher

Avaliação clínico-ginecológica:

• Verificar dados vitais;

• Avaliar o estado psíquico da mulher;

• Observar estado geral: pele, mucosas, presença de edema, cicatriz (parto normal
com episiotomia ou laceração/cesárea) e membros inferiores;

• Examinar mamas, verificando a presença de ingurgitamento, sinais inflamatórios,


infecciosos ou cicatrizes que dificultem a amamentação;

• Examinar abdômen, verificando a condição do útero e se há dor à palpação;

• Examinar períneo e genitais externos (verificar sinais de infecção, presença e


características de lóquios);

• Verificar possíveis intercorrências: alterações emocionais, hipertensão, febre, dor em


baixo-ventre ou nas mamas, presença de corrimento com odor fétido, sangramentos
intensos. No caso de detecção de alguma dessas alterações, solicitar avaliação médica
imediata, caso o atendimento esteja sendo feito por outro profissional da equipe;

• Observar formação do vínculo entre mãe e filho;

• Observar e avaliar a mamada para garantia do adequado posicionamento e pega da


aréola. O posicionamento errado do bebê, além de dificultar a sucção, comprometendo
a quantidade de leite ingerido, é uma das causas mais freqüentes de problemas nos
mamilos. Em caso de ingurgitamento mamário, mais comum entre o terceiro e o quinto
dia pós-parto, orientar quanto à ordenha manual, armazenamento e doação do leite
excedente a um Banco de Leite Humano (caso haja na região);

• Identificar problemas/necessidades da mulher e do recém-nascido, com base na


avaliação realizada. Condutas

Orientar sobre:

– higiene, alimentação, atividades físicas;

– atividade sexual, informando sobre prevenção de DST/Aids;

– cuidado com as mamas, reforçando a orientação sobre o aleitamento (considerando


a situação das mulheres que não puderem amamentar);

– cuidados com o recém-nascido;

– direitos da mulher (direitos reprodutivos, sociais e trabalhistas).

• Orientar sobre planejamento familiar e ativação de método contraceptivo, se for o


caso:

110
Saúde da criança e da mulher

– informação geral sobre os métodos que podem ser utilizados no pósparto;

– explicação de como funciona o método da LAM (amenorréia da lactação);

– se a mulher não deseja, ou não pode, usar a LAM, ajudar na escolha de outro
método;

– disponibilização do método escolhido pela mulher com instruções para o uso, o que
deve ser feito se este apresentar efeitos adversos e instruções para o seguimento.

• Aplicar vacinas, dupla tipo adulto e tríplice viral, se necessário;

• Oferecer teste anti-HIV e VDRL, com aconselhamento pré e pós-teste, para as


puérperas não aconselhadas e testadas durante a gravidez e o parto;

• Prescrever suplementação de ferro: 40 mg/dia de ferro elementar, até três meses


após o parto, para mulheres sem anemia diagnosticada;

• Tratar possíveis intercorrências;

• Registrar informações em prontuário;

• Agendar consulta de puerpério até 42 dias após o parto;

Primeiros Dias do RN

Durante os primeiros dias após o nascimento, os pais aprendem a alimentar, a banhar


e a vestir a criança, familiarizando-se com suas atividades e sons.

A primeira urina produzida por um recém-nascido é concentrada e, freqüentemente,


contém substâncias químicas denominadas uratos, que podem dar às fraldas uma coloração
rosa,que não deve ser confundida com sangue.

A primeira evacuação consiste no mecônio (substância negro-esverdeada e


viscosa),que é conteúdo do intestino formado durante a gestação por secreções digestivas
do fígado, pâncreas e intestino fetal, líquido amniótico deglutido e células intestinais Todo
recémnascido deve eliminar o mecônio nas primeiras 24 horas após o nascimento. Após 2
a 3 dias do nascimento surgem as chamadas “fezes de transição”.

Durante os primeiros dias de vida, o recém-nascido normalmente perde 5 a 10% de


seu peso ao nascimento. Este peso é rapidamente recuperado à medida que ele começa
a se alimentar.

111
Saúde da criança e da mulher

ANAMNESE E EXAME FÍSICO DO RECÉM-NASCIDO

Nome da mãe, procedência, instrução, estado civil, residência. Registro materno e do


recém-nascido quando usado a ficha de internação neonatal.

O primeiro exame físico do recém-nascido tem como objetivo:

– Detectar a presença de malformações congênitas

– Avaliar a capacidade de adaptação do recém-nascido à vida extra-uterina.

– O exame físico deve ser realizado com a criança despida, mas em condições técnicas

satisfatórias.

EXAME NEUROLÓGICO:

O exame neurológico compreende a observação da atitude, reatividade, choro,


tônus,movimentos e reflexos do recém-nascidos. Deve-se pesquisar os reflexos de
Moro,sucção, busca, preensão palmar e plantar, tônus do pescoço, extensão cruzada dos
membros inferiores, endireitamento do tronco e marcha automática.

TESTE DE PKU ( TESTE DO PEZINHO)

Nome popular para a Triagem Neonatal, o teste do pezinho é gratuito e deve ser feito
a partir de gotas de sangue colhidas do calcanhar do recém-nascido. Por ser uma parte
do corpo rica em vasos sanguíneos, o material pode ser colhido em uma única punção,
rápida e quase indolor para o bebê. No teste, o sangue da criança é coletado em papel
filtro especial.

112
Saúde da criança e da mulher

As amostras de sangue obtidas são secas e posteriormente enviadas ao laboratório


para o processamento dos exames.

Em sua versão mais simples, o teste do pezinho foi introduzido no Brasil na década de
70 para identificar duas doenças (chamadas pelos especialistas de “anomalias congênitas”,
porque se apresentam no nascimento): a fenilcetonúria e o hipotireoidismo. Ambas, se não
tratadas a tempo, podem levar à deficiência mental.

A identificação precoce de qualquer dessas doenças permite evitar o aparecimento


dos sintomas, através do tratamento apropriado. Por isso, recomenda-se realizar o teste
idealmente no 5º dia de vida do bebê. Antes disso, os resultados não são muito precisos ou
confiáveis. A partir desse dia, é importante que toda mãe leve seu filho para fazer o exame.
Assim o tratamento, se for o caso, será mais eficaz.

Por meio de lei federal, o teste se tornou obrigatório em todo o País, em 1992, embora
ainda não alcance a totalidade dos recém-nascidos. A portaria de número 822, de 6 de
junho de 2001, assinada pelo ex-ministro José Serra, criou o Programa Nacional de Triagem
Neonatal (PNTN) com o objetivo de atender a todos os recém-natos em território brasileiro.

Atualmente, já existe uma versão ampliada, que permite identificar mais de 30 doenças
antes que seus sintomas se manifestem. Trata-se, no entanto, de um recurso sofisticado e
ainda bastante caro, não disponível na rede pública de saúde.

DOENÇAS DIAGNOSTICADAS

• FENILCETONÚRIA: É uma doença genética, de caráter autossômico recessivo


decorrente da deficiência da enzima fenilalanina-hidroxilase. Em conseqüência a
fenilalanina acumula-se no sangue do RN, com efeitos tóxicos do sistema nervoso
central, podendo causar até a deficiência mental severa.

113
Saúde da criança e da mulher

Conseqüências
• Deficiência mental irreversível.
• Convulsões, problemas de pele e cabelo.
• Problemas de urina e até invalidez permanente.

Tratamento: Controle alimentar com dieta especial à base de leite e alimentos que
não contenham fenilalanina, sob rigorosa orientação médica, para que o bebê fique bom e
leve uma vida normal.

• HIPOTIREOIDISMO CONGÊNITO: É hereditário, causado pela falta de uma


enzima, impossibilitando que o organismo forme o T4, hormônio tireoidiano,
impedindo o crescimento e desenvolvimento de todo o organismo inclusive o
cérebro, sendo a deficiência mental uma de suas manifestações mais importantes.

Conseqüências

Deficiência mental irreversível, convulsões, problemas de pele e cabelo, problemas


de urina e até invalidez permanente.

Tratamento

Administração de hormônio tireoidiano, sob rigoroso controle médico, para que o bebê
fique bom e tenha uma vida normal.

• HEMOGLOBINOPATIAS: São doenças que acometem a estrutura ou/e a taxa


de produção da molécula de hemoglobina, presente nos glóbulos vermelhos e
responsável pelo transporte de oxigênio para os tecidos. A anemia falciforme (AF)
é a hemoglobinopatia mais freqüente no nosso país, atingindo cerca de 0,1-0,3%
da população de negros.

• FIBROSE CÍSTICA: É a doença autossômica recessiva de elevada prevalência


nas populações de origem européia, caracterizada por uma disfunção crônica e
grave dos pulmões e trato gastrointestinal devido a um distúrbio no transporte de
cloreto pelas membranas epiteliais. A freqüência dessa patologia na população do
sul do Brasil é de 1 para 2.500 nascidos vivos.

MÉTODO DE COLETA:

• Colher a partir de 72 h de vida ou entre o 3° e 30° dias de vida.

• Preencher o cartão com os dados da criança e assinalar os exames a serem feitos.

114
Saúde da criança e da mulher

• Aquecer o local com bolsa de água morna, 44° por 5 min.

• Assepsia com álcool 70% e deixar secar.

• Usar uma lanceta fina e puncionar a face lateral do calcanhar, com movimento
firme e único, seguido por movimento de rotação bilateral

• Desprezar a primeira gota com gaze ou algodão seco.

• Formar uma gota grande e encostar o papel filtro deixando saturar os círculos até

• enche-los e vazar no verso.

• Secar em temperatura ambiente por 3 h na horizontal sem que o sangue encoste


na superfície ou objetos.

• Enviar ao laboratório em envelope próprio ou papel alumínio.

Triagem Auditiva Neonatal (TAN)

Embora ainda não seja um programa nacional, muitos estados brasileiros já realizam
a Triagem Auditiva Neonatal (TAN). Esse teste é feito para saber se o recém-nascido tem
algum tipo de problema auditivo que dificulte sua audição.

Esse exame consiste na colocação de um fone acoplado a um computador na orelha


do bebê que emite sons de fraca intensidade e recolhe as respostas que a orelha interna do
bebê produz.O exame logo ao nascer é imprescindível para todos os bebês, principalmente
àqueles que nascem com algum tipo de problema auditivo.O Teste da Orelhinha é realizado
com o bebê dormindo, em sono natural, é indolor e não machuca, não precisa de picadas
ou sangue do bebê, não tem contraindicações e dura em torno de 10 minutos.

Teste do olhinho ou teste do reflexo vermelho

É um exame que deve ser realizado rotineiramente em bebês na primeira semana


de vida, preferencialmente antes da alta da maternidade, e que pode detectar e prevenir
diversas doenças oculares.

O teste do olhinho é fácil, não dói, não precisa de colírio e é rápido (de dois a três
minutos, apenas). Uma fonte de luz sai de um aparelho chamado oftalmoscópio, tipo uma
“lanterninha”, onde é observado o reflexo que vem das pupilas. Quando a retina é atingida
por essa luz, os olhos saudáveis refletem tons de vermelho, laranja ou amarelo.

115
Saúde da criança e da mulher

Referência Bibliográfica

MINISTÉRIO DA SAÚDE, Manual Técnico Pré-Natal e Poerpério, atenção qualificada


e humanizada.

MINISTÉRIO DA SAÚDE, Normas básicas para alojamento conjunto.

TESTE PARA RECÉM NASCIDO, https://www.gov.br/pt-br/servicos-estaduais/


testes-para-recem-nascido-ex-teste-da-orelhinha-teste-do-pezinho-e-teste-do-olhinho-1
Acessado dia; 28/10/2022

MEDEIROS.A.D, Pediatria, Fundação Francisco Macarenhas, Escola de Ciência da


Saúde - ESCISA - Patos- PB.

atividades

116
Saúde da criança e da mulher

Capítulo 12 - aleitamento materno

Objetivo: compreender os principais pontos referentes ao aleitamento materno e


suas vantagens.

Introdução

A amamentação é o primeiro contato entre a mãe e filho e tem benefícios para a


saúde de ambos. “É um processo que envolve interação profunda entre mãe e filho, com
repercussões no estado nutricional da criança, em sua habilidade de se defender de
infecções, em sua fisiologia e no seu desenvolvimento cognitivo e emocional” (BRASIL,
2009, p. 11), e ainda apresenta implicações na saúde física e psíquica da mãe. No Brasil,
as taxas de aleitamento materno, inclusive da amamentação exclusiva, se apresentam
bastante abaixo do recomendado e o profissional de saúde tem um papel muito importante
para orientar as mães em relação aos benefícios da amamentação com o objetivo de reverter
esse quadro. Mas para atuar nesta área, o profissional precisa, além de ser competente nos
aspectos técnicos relacionados à lactação, oferecer um olhar atento e que veja a mulher de
forma abrangente, levando em consideração “os aspectos emocionais, a cultura familiar, a
rede social de apoio à mulher, entre outros. Esse olhar necessariamente deve reconhecer
a mulher como protagonista do seu processo de amamentar, valorizando-a, escutando-a e
empoderando-a (BRASIL, 2009, p. 11).

O leite materno é alimento completo porque:

• Contém vitaminas, minerais, gorduras, açúcares, proteínas, todos apropriados para


o organismo do bebê;

• Possui muitas substâncias nutritivas e de defesa, que não se encontram no leite de


vaca e em nenhum outro leite;

117
Saúde da criança e da mulher

• O leite da mãe é adequado, completo, equilibrado e suficiente para o seu filho. Ele
é um alimento ideal. Não existe leite fraco;

• É feito especialmente para o estômago da criança, portanto de mais fácil digestão.

Tipos de aleitamento materno

A OMS (Organização Mundial de Saúde) utiliza definições de aleitamento materno e


classifica da seguinte forma:

• Aleitamento materno exclusivo – é quando a criança recebe somente leite materno,


diretamente do peito ou retirado, ou leite humano de outra fonte, é quando não é
oferecido para criança outros líquidos ou sólidos, com exceção de gotas de xaropes
com vitaminas, sais de reidratação oral, suplementos minerais ou medicamentos
(BRASIL, 2009).

• Aleitamento materno predominante – é quando a criança recebe o leite materno,


água ou bebidas à base de água (água adoçada, chás, infusões), sucos de frutas
(BRASIL, 2009).

• Aleitamento materno – “quando a criança recebe leite materno (direto da mama


ou ordenhado), independentemente de receber ou não outros alimentos” (BRASIL,
2009,p. 12).

118
Saúde da criança e da mulher

• Aleitamento materno complementado – é quando a criança recebe, além do leite


materno, outro alimento solido ou semi-sólido com o objetivo de complementar o leite
materno. A criança recebe além do leite materno outro tipo de leite, mas este não
éconsiderado alimento complementar (BRASIL, 2009).

• Aleitamento materno misto ou parcial – é quando a criança é alimentada pelo leite


materno e outros tipos de leite (BRASIL, 2009).

A OMS e o Ministério da Saúde recomendam o aleitamento exclusivo por seis meses


e a partir de seis meses complementado até dois anos ou mais.

O aleitamento materno é muito importante e a superioridade do leite materno sobre


outros leites é comprovada cientificamente. Apresenta como vantagens (BRASIL, 2009):

Evita mortes infantis;

• Evita diarréia;
• Evita infecção respiratória;
• Diminui o risco de alergias;
• Diminui o risco de hipertensão, colesterol alto e diabetes;
• Reduz a chance de obesidade;
• Melhor nutrição;
• Efeito positivo na inteligência;
• Melhor desenvolvimento da cavidade bucal;
• Proteção contra câncer de mama;
• Evita nova gravidez (98% de eficácia, nos 6 primeiros meses de gravidez, desde
que a mãe esteja amamentando exclusiva ou predominantemente e ainda não tenha
menstruado);
• Menores custos financeiros;
• Promoção do vínculo afetivo entre mãe e filho;
• Melhor qualidade de vida.
Produção do leite materno

As mulheres adultas possuem, em cada mama, entre 15 e 25 lobos mamários, que


são glândulas túbulo-alveolares constituídas, cada uma, por 20 a 40 lóbulos. Estes, por
sua vez, são formados por 10 a 100 alvéolos. Envolvendo os alvéolos, estão as células

119
Saúde da criança e da mulher

mioepiteliais e, entre os lobos mamários, há tecido adiposo, tecido conjuntivo, vasos


sanguíneos, tecido nervoso e tecido linfático. O leite produzido nos alvéolos é levado até os
seios lactíferos por uma rede de ductos. Para cada lobo mamário há um seio lactífero, com
uma saída independente no mamilo. A mama, na gravidez, é preparada para a amamentação
(lactogênese fase I) sob a ação de diferentes hormônios.

Os mais importantes são o estrogênio, responsável pela ramificação dos ductos


lactíferos, e o progestogênio, pela formação dos lóbulos. Outros hormônios também estão
envolvidos na aceleração do crescimento mamário, tais como lactogênio placentário,
prolactina e gonadotrofina coriônica. Apesar de a secreção de prolactina estar muito
aumentada na gestação, a mama não secreta leite nesse período graças a sua inibição
pelo lactogênio placentário. Com o nascimento da criança e a expulsão da placenta, há uma
queda acentuada nos níveis sanguíneos maternos de progestogênio, com consequente
liberação de prolactina pela hipófise anterior, iniciando a lactogênese fase II e a secreçãodo
leite. Há também a liberação de ocitocina durante a sucção, hormônio produzido pela
hipófise posterior, que tem a capacidade de contrair as células mioepiteliais que envolvem
os alvéolos, expulsando o leite neles contido.

A descida do leite costuma ocorrer até o 3º ou 4º dia após o nascimento do bebê,


após a descida ocorre a fase III da lactogênese ou galactopoiese. Essa fase se mantém por
toda a lactação e dependerá da sucção do bebê e do esvaziamento da mama. Caso ocorra
prejuízo no esvaziamento das mamas, pode haver prejuízo na produção do leite. “O leite
contém os chamados ‘peptídeos supressores da lactação’, que são substâncias que inibem
a produção do leite.

120
Saúde da criança e da mulher

A sua remoção contínua como esvaziamento da mama garante a reposição total do


leite removido” (BRASIL, 2009, p. 19). A maior parte do leite de uma mamada é produzida
no momento que a criança mama, sob o estímulo da prolactina. A ocitocina é liberada
principalmente pelo estímulo induzido através da sucção do bebê e “também é disponibilizada
em resposta a estímulos condicionados, tais como visão, cheiro e choro da criança, e a
fatores de ordem emocional, como motivação, autoconfiança e tranquilidade” (BRASIL,
2009, p. 19). Da mesma forma que os sentimentos positivos induzem a produção do leite,
os sentimentos negativos podem inibir a produção do leite, dor, estresse, ansiedade, medo,
insegurança podem inibir a produção de ocitocina, prejudicando a saída do leite (BRASIL,
2009).

Nos primeiros dias após o leite, a produção de leite é pequena, menos que 10ml/dia,
mas a partir do 4º dia a mãe é capaz de produzir, em média, 60ml de leite. A quantidade
de leite produzido irá variar de acordo com a frequência que a criança mama, quanto mais
a criança mamar, maior será a produção de leite. Por volta do 6º mês após o nascimento
do bebê, a mãe é capaz de produzir 800ml de leite por dia, a produção é maior do que a
quantidade necessária para o bebê por dia (BRASIL, 2009).

Características e funções do leite materno

O leite materno apresenta, surpreendentemente, composição semelhante em todas as


mulheres, mesmo a alimentação das mulheres variando muito. “Apenas as com desnutrição
grave podem ter o seu leite afetado na sua qualidade e quantidade” (BRASIL, 2009, p.
20). O leite que é excretado nos primeiros dias após o nascimento chama-se colostro e
contém menos gordura. O leite materno de mães de bebes prematuros é diferente de bebês
nascidos a termo. Vamos comparar as características do leite materno nascido pré-termo,
a termo com o leite de vaca no quadro a seguir:

121
Saúde da criança e da mulher

“A principal proteína do leite materno é a lactoalbumina e a do leite de vaca é a


caseína, de difícil digestão para a espécie humana” (BRASIL, 2009, p. 20). Durante a
mamada a gordura do leite aumenta, por isso é importante que a criança seque a mama, o
leite é mais rico em energia e sacia mais a criança.

O leite humano possui numerosos fatores imunológicos que protegem a criança


contra infecções. A IgA secretória é o principal anticorpo, atuando contra microorganismos
presentes nas superfícies mucosas. Os anticorpos IgA no leite humano são um reflexo dos
antígenos entéricos e respiratórios da mãe, ou seja, ela produz anticorpos contra agentes
infecciosos com os quais já teve contato, proporcionando, dessa maneira, proteção à
criança contra os germens prevalentes no meio em que a mãe vive. A concentração de IgA
no leite materno diminui ao longo do primeiro mês, permanecendo relativamente constante
a partir de então. Além da IgA, o leite materno contém outros fatores de proteção, tais como
anticorpos IgM e IgG, macrófagos, neutrófilos, linfócitos B e T, lactoferrina, lisosima e fator
bífido. Este favorece o crescimento do Lactobacilus bifidus, uma bactéria não patogênica
que acidifica as fezes, dificultando a instalação de bactérias que causam diarréia, tais como
Shigella, Salmonella e Escherichia coli.

A sucção do bebê

“O bebê bebe o leite tomando o mamilo bem posteriormente na sua boca e fechando
os lábios fortemente em torno do tecido mamário, comprimindo os seios lactíferos atrás da
área areolar para espremer o leite, sugando este e deglutindo-o” (ZIEGEL e GRANLEY,
1985, p. 542). A língua fica elevada e as bordas laterais e a ponta, formando uma concha
(canolamento) que leva o leite até a faringe posterior e esôfago e ativa o reflexo de
deglutição.

Durante a mamada o bebê respira normalmente pelo nariz, e o ciclo de movimentosda


mandíbula promove o crescimento normal da face do bebê, portanto, “ a maneira como
a dupla mãe/bebê se posiciona para amamentar/mamar e a pega/sucção do bebê são
muito importantes para que o bebê consiga retirar, de maneira eficiente, o leite da mama
e também para não machucar os mamilos” (BRASIL, 2009, p.20). A ‘má pega” dificulta a
sucção e o esvaziamento da mama, o que leva a uma redução da produção do leite e muitas
vezes a criança fica muito tempo no seio e não ganha peso, a criança mama somente o leite
anterior, não conseguindo sugar o leite posterior que é o mais calórico.

122
Saúde da criança e da mulher

Para que a mãe continue a produzir leite suficiente para o bebê é necessária a ingestão
de calorias e de líquidos além do que ela tem costume. Uma alimentação adequada durante
a amamentação também é importante, consumir dieta variada, incluindo pães e cereais,
frutas, legumes, verduras, derivados do leite e carnes; consumir três ou mais porções de
derivados do leite por dia; consumir frutas e vegetais ricos em vitamina A; consumir com
moderação café e outros produtos cafeinados (BRASIL, 2009).

Cuidados com a mama

Ingurgitamento mamário

Ingurgitamento mamário ou empedramento é resultado da limitação da frequência


e duração das mamadas e também de problemas de posicionamento do bebê na mama.
“A hiperdistensão dos alvéolos pelo leite produz um crescente achatamento das mesmas,
levando a um alargamento e até a ruptura das células secretoras de leite” (CARVALHO e
TAMEZ, 2005, p. 158). De acordo com esse processo poderá ocorrer empedramento, ou
seja, a produção do leite pode ser suprimida. As mamas ficam avermelhadas, dolorosas,
edemaciadas e duras e a mulher fica febril, pode sentir calafrios e mal-estar.

Quando as mamas ficam ingurgitadas é necessário que as mamas sejam esvaziadas


através da pressão manual, o uso de compressas frias entre as mamadas também alivia
e diminui a vascularização, ou compressas quentes antes das mamadas para facilitar a
excreção do leite. É importante que o bebê mame sobre livre demanda para que estimule o
esvaziamento da mama (CARVALHO e TAMEZ, 2005).

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Saúde da criança e da mulher

Mamilos doloridos

Mamilos doloridos é um transtorno comum, principalmente no 1º filho. À medida que


as mamadas se seguem, o sintoma costuma desaparecer. Não é aconselhável o uso de
pomadas e nem de protetores de mamilos, pois favorece o aparecimento de rachaduras,
infecções e de fissuras. O que realmente é eficaz neste caso é o bom posicionamento do
bebê na hora das mamadas.

Mastite

Mastite: qualquer fator que interrompa o fluxo de leite pela mama pode resultar numa
mastite. Esses bloqueios podem ser ocasionados por mau posicionamento do bebê, ou
vigência de um obstáculo no trajeto de drenagem do leite em um setor da mama. Tais
obstáculos podem surgir por bloqueio do ducto, redução na frequência das mamas ou
compressão pelos dedos que seguram a mama, “a mastite se estabelece quando do
extravasamento de substâncias do leite, através das paredes celulares rotas, para o tecido
conjuntivo em volta, produzindo um processo inflamatório local” (CARVALHO e TAMEZ,
2005, p. 158).

Galactocele é uma obstrução dos canalículos mamários com represamento de leite.


Ocorre quando o aleitamento já está em andamento. “Percebe-se como uma tumoração
dolorosa, embora, ao contrário das mastites, ela não possua características inflamatórias,
pelo menos a princípio. Calor e expressão do tumor em direção às papilas parecem ser os
tratamentos mais efetivos” (CARVALHO e TAMEZ, 2005, p.159). Em casos mais graves, é
necessário fazer punção (CARVALHO e TAMEZ, 2005).

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Saúde da criança e da mulher

Rachaduras e fissuras

Rachaduras e fissuras: as rachaduras são gretas que se abrem na região aréolo-


mamilar e que atingem a parte superficial da pele, a epiderme. Quando atingem a derme são
chamadas fissuras. Rachaduras e fissuras ocorrem devido a ‘pega’ incorreta, o bebê suga
erroneamente outra região do mamilo ao invés de sugar em cima da aréola, provocando
um trauma. Elas podem ser bastante dolorosas ao ponto de interromper a amamentação, e
é preciso muita atenção quanto a estas queixas da mulher para uma devida orientação na
hora de colocar o bebê ao seio (CARVALHO e TAMEZ, 2005).

Referência Bibliográfica

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO, Saúde da Criança e da Mulher e-TEC BRASIL,


INTITUTO FEDERAL NORTE DE MINAS GERAIS.

atividades

125
Saúde da criança e da mulher

126
Saúde da criança e da mulher

Capítulo 13 - IMUNIZAÇÃO

CALENDÁRIO BÁSICO DE VACINAÇÃO DA CRIANÇA NO PRIMEIRO ANO DE VIDA

As vacinas (cujo nome advém de vaccinia, o agente infeccioso da varíola bovina, que,
quando é injetado no organismo humano, proporciona imunidade à varíola no ser humano)
são substâncias tóxicas, que ao serem introduzidas no organismo de um animal, suscitam
uma reação do sistema imunológico semelhante à que ocorreria no caso de uma infecção
por um determinado agente patogênico, por forma a tornar o organismo imune a esse
agente (e às doenças por ele provocadas).São, geralmente, produzidas a partir de agentes
patogênicos (vírus ou bactérias), ou ainda de venenos, previamente enfraquecidos. Por
inserir no organismo esse tipo de substâncias, os efeitos colaterais podem ser adversos,
correspondendo ao esforço que nosso corpo está fazendo para controlar as substâncias.

A descoberta da vacina se deve às pesquisas de Louis Pasteur, que em seu leito de


morte, disse: “O vírus não é nada, o terreno é tudo”, com isso ele estava explicando que os
vírus só se multiplicam sem controle (gerando doenças) em um organismo, se encontrarem
terreno favorável para isso. Mas a vacina já era usada anteriormente, na forma de medicina
popular, pelos chineses e povos do mediterrâneo. Pasteur, entretanto, formalizou seu uso
com o rigor científico.

BCG

Composição: Bacilo Calmette-Guérin liofilizado, obtido por atenuação do M. bovis,


cepa Mooron-Rio.

• Idade: a partir do nascimento e revacinação quando não houver cicatriz vacinal.

• Indicação: em especial nas crianças menores de 5 anos e preferencialmente nos


menores de 1 ano. O mais precocemente em crianças HIV positivas assintonáticas.

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Saúde da criança e da mulher

Dosagem e via de administração: 0,1ml ID na inserção inferior do deltóide.

• Agulha: 13x3,8

• Tempo de validade após aberto o frasco: 06 horas

• Eventos adversos: formação de abscesso e/ou ulceração (axilar).

• Contra-indicação: imunodeficiência congênita ou adquirida; HIV sintomático;


< 2000g, afecções dermatológicas extensas (escabiose, impetigo= adiamento).
Conservação: +2 + 8ºC inativada quando exposta à luz artificial.

HEPATITE B

• Composição: Há 2 tipos : 1 partícula viral tratada com formol (2 recombinação do


RNA viral através de engenharia genética).

• Idade: nas primeiras 12 horas de vida.

• Esquema: 0,1,6 meses – 1ª dose para 2ª dose intervalo de 30 dias e da 1ª dose


para 3ª dose um intervalo de 6 meses.

• Dosagem e via de administração: 0,5 ml ou de acordo com o fabricante, IM


profunda no Vasto Lateral da Coxa (VLC) em crianças até 2 anos e deltóide em
crianças maiores.Agulha: 20x5,5 (menores de 2 anos) 25x6 ou 25x7 (maiores de
2 anos).

• Tempo de validade após aberto o frasco: até o final do frasco. Eventos adversos:
dor no local da injeção e febre baixa. Contra-indicação: reação anafilática sistêmica
na dose anterior.

• Conservação: + 2º+ 8º, congelamento inativa.

POLIOMIELITE ORAL ( VOP )

• Composição: vírus vivo atenuado em cultura de células.

• Idade: a partir dos 2 meses até 4 anos 11 meses e 29 dias.

• Esquema: 3 doses a partir dos 2 meses de idade, com intervalos de 60 dias e no


mínimo 30 dias; dose de reforço aos 15 meses.

• Dosagem e via de administração: 2 gotas oral.

• Tempo de validade após aberto o frasco: 05 dias.

• Contra-indicação: crianças com imunodeficiência (congênita ou adquirida);


pessoas submetidas a transplante de medula; crianças HIV+ sintomáticas (AIDS).

• Conservação:geladeira, +2+8ºC.

128
Saúde da criança e da mulher

• Observação: Retornar ao refrigerador ou isopor imediatamente após a vacinação.

TETRAVALENTE

• Composição: vacina que contém toxidóide diftérico, tetânico e Bordetella


pertussis, além de polissacarídeo capsulares (Poliribosol-ribtol-fosfato- PRP) do
Haemophilus influenza conjugada com uma proteína carreadora tetânica.

• Idade: até 11 meses e 29 dias.

• Via de administração: IM ou VLC.

• Esquema: 3 doses de 0,5ml a partir dos 2 meses de idade, com intervalo entre as
doses de 60 dias e no mínimo 30 dias.

• Agulha: 20x5,5.

• Tempo de validade após aberto o frasco: 05 dias.

• OBS: Não administrar em crianças maiores de 1 ano. Caso, o esquema não esteja
completo, completar com DTP.

• Eventos adversos: dor, vermelhidão, febre, mal-estar e irritabilidade nas 24-48h.

• Contra-indicação: crinaças que desencadeiam reação anafilática não administrar


dose seguinte.

• Conservação: +2 +8ºC.

TRÍPLICE BACTERIANA – DTP

• Composição: a vacina tríplice DTP contém toxóide diftérico, toxóide tetânico e


Bordetella pertussis inativada em suspensão, tendo como adjuvante hidóxido ou
fosfato de alumínio.

• Idade: 1º primeiro reforço aos 15 meses e o 2º reforço entre 4-6 anos. Idade
mínima aos 12 meses.

• Esquema: 2 doses de 0,5 mal a partir dos 15 meses de idade.

• Via de administração: IM profunda no VLC e em crianças maiores de 2 anos


administrar no deltóide.

• Agulha: 20x5,5 (menores de 2 anos) 25x6 ou 27x7 (maiores de 2 anos).

• Tempo de validade após aberto o frasco: até o final do frasco.

• Evento adversos: dor, vermelhidão, febre, mal-estar geral e irritabilidade nas


primeiras 24 a 48 horas.

• Contra-indicações: a aplicação da vacina tríplice DTP é contra-indicada em


crianças que tenham apresentado após a aplicação da dose anterior – reação
anafilática.

129
Saúde da criança e da mulher

TRÍPLICE VIRAL

• Composição: vacina combinada do vírus vivo atenuado, liofilizado contra sarampo


a rubéola e caxumba.

• Idade: a partir dos 12 meses de idade, recomenda-se aos 15 meses para coincidir
com o reforço da DTP e pólio.

• Via de administração: SC.

• Esquema: 0,5 ml dose única e reforço entre 4 – 6 anos de idade.

• Agulha: 13x4,5 .

• Tempo de validade após aberto o frasco: 8 horas.

• Efeitos adversos: febre e erupções de curta duração, entre o 5º e o 10º dia de


pós-vacina, artralgia e artrite, mais freqüentemente em mulheres adultas.

• Contra-indicação: reação sistêmica ao ovo de galinha (urticária, edema da glote,


dificuldade respiratória, hipotensão ou choque), gravidez.

• Conservação: +2+8ºC.

FEBRE AMARELA

• Composição: vacina derivada da cepa 17, vírus da febre amarela, Sacarose 8 mg


e 3 mg de glutamato de sódio.

• Idade: a partir dos 9 meses.

• Indicação: contra a febre amarela.

• Via de administração: SC no deltóide.

• Esquema: 1ª dose aos 9 meses e reforço a cada 10 anos.

• Agulha: 13x 4,5.

• Tempo de validade após aberto o frasco: 4 horas.

• Eventos adversos: dor local, cefaléia e febre.

• Contra-indicação: crianças menores de 6 meses; portadores de imunodeficiência


(congênita ou adquirida), neoplasias malignas e pacientes HIV+ sintomáticos;
uso de corticoesteróides em doses elevadas; pessoas com história de reação
anafilática após consumo de ovo.

• Conservação: +2+8ºC, quando congelada inativa.

130
Saúde da criança e da mulher

ROTAVÍRUS

• Composição: é uma vacina elaborada com vírus isolados de humanos e atenuados


para manter a capacidade imunogênica, porém não patogênica.

• Idade: mínima 1 m e 15 dias e idade máxima 5 meses 15 dias.

• Indicação: gastroenterite provocada pelo vírus rotavírus.

• Vias de administração: Cada dose corresponde a 1 ml (exclusivamente oral).

• Tempo de validade após aberto o frasco: 24 horas após a preparação da vacina.

• Esquema: 2 doses; 2 meses e 4 meses, com intervalo entre as doses de 60 dias


e no mínimo 30 dias.

• Eventos adversos: reação sistêmica grave até 2 h após a administração; presença


de sangue nas fezes até 42 dias após vacinação; internação por abdome agudo
até 42 após a dose da vacina.

• Justificativas para a sua inclusão no calendário vacinal infantil:

Os rotavírus constituem a principal causa de gastroenterites em crianças, sendo


responsável por mais de 400.000 óbitos por ano em países em desenvolvimento.A maior
incidência das infecções por rotavírus se concentra na faixa etária de 6 a 24 meses, com o
quadro clínico clássico caracterizado-se por diarréia precedida de febre e vômitos, evoluindo
rapidamente para desidratação.

VACINA DUPLA BACTERIANA – dT

• Composição: toxóide diftérico+tetânica com hidróxido de alumínio ou fosfato de


alumínio como adjuvante.

• Idade: dT administrar em crianças maiores de 7 anos e adultos.

• Dosagem e via de administração: 0,5 ml IM profunda no deltóide.

• Esquema: 3 doses com intervalo entre as doses de 60 dias e no mínimo 30 dias.


O reforço é aplicado a cada 10 anos.

• Agulha: 25x6 ou 25x7.

• Tempo de validade após aberto o frasco: até o final do frasco

VACINA PENTAVALENTE

• Composição: são compostas por toxóides de difteria e tétano, suspensão celular


inativada de Bordetella pertussis, antígeno de superfície de hepatite B (HBs-Ag),
oligossacarídeos conjugados de Haemophilus influenzae do tipo Idade: é indicada

131
Saúde da criança e da mulher

para imunização ativa de crianças a partir de doismeses de idade contra difteria,


tétano, coqueluche, hepatite B e doenças causadas porHaemophilus influenzae
tipo b.

• Esquema: A vacinação básica consiste na aplicação de 3 doses, com intervalo


de 60 dias (mínimo de 30 dias), a partir de 2 meses de idade.Os dois reforços
necessários serão realizados com a vacina DTP (difteria, tétano e pertussis). O
primeiro reforço aos de 15 meses de e o segundo reforço aos 4 anos. A idade
máxima para aplicação da DTP é de 6 anos 11meses e 29 dias.Ressalta-se
também que fará parte deste esquema, para os recém-nascidos, a primeira dose
nas primeiras 24 horas, preferencialmente nas primeiras 12 horas, com a vacina
hepatite B(recombinante).

• Dose e Via de Administração: Administrar dose de 0,5 mL da vacina DTP/HB/Hib


por via intramuscular, no vasto lateral da coxa, em crianças menores de 2 anos de
idade e na região deltóide nas crianças acima de dois anos de idade.

VACINA MENINGOCÓCICA

Composição: As vacinas meningocócicas disponíveis contra os diversos sorogrupos,


incluindo o sorogrupo C podem ser divididas em duas categorias: as que contêm
polissacarídeos e as conjugadas. As de polissacarídeos da cápsula da bactéria conferem
proteção por tempo limitado (3-5 anos) e exclusivamente para os sorogrupos contidos na
vacina, com reduzidaeficácia em crianças de baixa idade (particularmente abaixo de 2
anos).

• Via de Administração : A vacina deve ser administrada exclusivamente pela via


intramuscular profunda, de preferência na área ântero-lateral da coxa direita da
criança

• Esquema vacinal : O esquema de vacinação primário consiste na aplicação de


duas doses, em crianças menores de um ano de idade, com intervalo de 2 meses
entre as doses (mínimo de 30 dias), aos 3 e 5 meses de idade. Um único reforço
é recomendado aos 12 meses de idade, respeitando-se o intervalo mínimo de 2
meses, após a aplicação da última dose.

POLIOMIELITE INATIVADA ( VIP)

Composição : A vacina inativada poliomielite (VIP) foi desenvolvida em 1955 pelo Dr.
Jonas Salk. Também chamado de “vacina Salk”, a VIP é constituída por cepas inativadas
(mortas) dos três tipos (1, 2 e 3) de poliovírus e produz anticorpos contra todos eles.

Esquema Vacinal : O esquema vacinal será sequencial (VIP/VOP) de quatro doses


para crianças menores de 1 ano de idade que estiverem iniciando o esquema vacinal. A VIP

132
Saúde da criança e da mulher

deverá ser administrada aos 2 meses (1ª dose) e 4 meses (2ª dose) de idade, e a VOP aos
6 meses (3ª dose) e 15 meses de idade (reforço). A preferência para a administração da
VIP aos 2 e 4 meses de idade tem a finalidade de evitar o risco, que é raríssimo, de evento
adverso pós-vacinação.

Dose e via de administração: A via de administração preferencial da VIP é a


intramuscular, entretanto, a via subcutânea também pode ser usada, mas em situações
especiais (casos de discrasias sanguíneas). O local de aplicação preferencial para injeção
intramuscular em bebês é o músculo vasto-lateral da coxa ou região ventroglútea e para
crianças maiores o músculo deltóide.

133
Saúde da criança e da mulher

Referência Bibliográfica

MEDEIROS.A.D, Pediatria, Fundação Francisco Macarenhas, Escola de Ciência da


Saúde - ESCISA - Patos- PB.

atividades

134
Saúde da criança e da mulher

Capítulo 14 - risco ou patologia do rn

Introdução

Após o nascimento, o bebê pode apresentar vários problemas e para evitar que se
agravem é necessário que a mãe e a família fiquem atentos aos sinais que podem servir de
alerta para que se possa oferecer os devidos cuidados o mais rápido possível. Falaremos
agora de algumas das patologias que o bebê pode apresentar.

Problemas respiratórios

O bebê pode apresentar problemas respiratórios logo após o parto ou horas ou dias
após. Tais problemas podem ser causados por “infecção, doença cardíaca ou pulmonar,
temperatura corporal anormal, baixa glicose, ou outras doenças” (BECK et al, 2000, p.
130). Quando o bebê é acometido por algum problema respiratório toda a energia do bebê
é usada para tentar obter oxigênio suficiente para o seu corpinho. “Isso significa que o
recém-nascido não tem energia suficiente para ficar aquecido, crescer nem para combater
infecções” diante de um problema respiratório, por isso, tais problemas podem levar o bebê
à morte (BECK et al, 2000).

Infecções

As infecções precisam ser tratadas imediatamente, pois, mesmo uma pequena


infecção se não for tratada pode se espalhar e se tornar fatal.

Infecção generalizada

sepsis do recém-nascido“Sepsis e uma infecção que afeta todo o corpo. A infecção


pode estar presente no sangue (septicemia) ou em um ou mais órgãos do corpo” (BECK
et al, 2000, p. 130). As bactérias que causam a sepsis podem infectar o bebê durante
a gravidez, durante e após o parto e se espalhar pelo corpo rapidamente. As bactérias

135
Saúde da criança e da mulher

“podem se espalhar pelo corpo por causa de uma infecção cutânea,do cordão umbilical ou
de outro órgão. Sepsis e uma doença grave e pode rapidamente resultar em morte” (BECK
et al, 2000, p. 130).

Para evitar a sepsis no recém-nascido é preciso tratar as infecções da mãe antes do


parto, e aplicar técnicas de ‘parto limpo’, ou seja, assepsia durante o trabalho de parto,
parto e nos cuidados pós-natais. Sempre que for tocar no bebê manter a prática de lavar as
mãos, inclusive é necessário orientar os familiares os passos de prevenção contra infecção.
Caso a mãe apresente sinais de infecção ou a ruptura da bolsa se estendeu por muito tempo
(mais de 18hs) o médico deverá tratá-la com antibióticos e talvez o bebê também precise de
antibióticos, principalmente se a mãe tiver tido febre durante o trabalho de parto. Não deixar
o bebê entrar em contato com pessoas que estejam doentes e mantê-lo afastado dos bebês
saudáveis (BECK et al, 2000).

Infecções localizadas

A infecção localizada se caracteriza pela infecção de uma determinada parte do corpo


do bebê como o cordão umbilical, pele, olhos ou boca. Também precisa ser considerada
grave, pois pode se espalhar pelo corpinho do bebê e ser fatal.

Infecção do cordão umbilical

É uma infecção ao redor do umbilical ou do umbigo. Essa infecção pode facilmente


passar pelo cordão umbilical para o resto do corpo do bebê e levar a sepsis e morte, se o
tratamento for atrasado ou não administrado. Se substâncias como pó, barro, sujeira ou
excremento entrarem em contato com o cordão umbilical, há perigo de tétano ou sepsis,
que, frequentemente, levam a morte.

Como evitar infecção do cordão umbilical

• Sempre seguir os passos de prevenção contra infecção durante o parto e cuidados


ao recém-nascido;

• Cortar o cordão umbilical com tesoura estéril ou com uma gilete nova;

• Manter o cordão umbilical descoberto, limpo e seco. Evitar colocar qualquer coisa no
cordão umbilical;

• Somente dar banhos de esponja (não imergir o bebê em água) ate o cordão umbilical
cair e sarar.

136
Saúde da criança e da mulher

Infecção cutânea

A infecção cutânea no recém-nascido se caracteriza pela presença de pequenas


pústulas na pele (bolhas com pus). Também deve ser cuidada o mais rápido possível
para não evoluir para septicemia (infecção sanguínea). É preciso seguir os cuidados de
prevenção contra infecção durante e depois do parto. Para evitar uma infecção não se deve
limpar aquela substância cremosa e branca na pele do recém-nascido, o verniz, pois esta
camada protege a pele do recém-nascido. Sempre lavar as mãos antes e depois de tocar o
bebê e orientar toda a família para fazer o mesmo. Orientar a mãe e a família para manter
o quarto do bebê, as roupas de berço e as roupinhas sempre limpas; manter moscas longe
de contato com o bebê e orientar a mãe quanto aos cuidados do banho no bebê (BECK et
al, 2000).

Infecção ocular

“Uma infecção ocular e uma infecção do revestimento dos olhos. As pálpebras ficam
inchadas e avermelhadas e há fluído ou pus nos olhos. Muitos organismos diferentes
causam infecções nos olhos”(BECK et al, 2000, p. 138). Gonorréia e clamídia, infecções
sexualmente transmitidas da mãe podem resultar em infecção ocular no recém-nascido
durante o parto. Existem outras formas menos grave de contágio por germes que infecta o
bebê e estão presentes no meio ambiente.

137
Saúde da criança e da mulher

Candidíase Oral/Monilíase Oral/Sapinho

“Sapinho e uma infecção da boca causada por fungo


ou monilíase. A monilíase vive em ambientes molhadas e
quentes. E normal ter um pouco desse fungo na boca. Esse
fungo também pode crescer na vagina” (BECK et al, 2000,
p. 138). Esses fungos podem crescer muito e causar uma
infecção.

O bebê pode pegar esta infecção facilmente nos primeiros meses de vida devido ao
fato do sistema imunológico do bebê ainda estar se desenvolvendo. A língua do bebê fica
coberta por uma camada branca e a boca do bebê fica dolorida a ponto dele não conseguir
mamar mesmo estando com fome e o fato de não se alimentar bem pode levar o bebê a
adoecer rapidamente, pois pode causar perda de peso e desidratação. A infecção pode
avançar e atingir o estômago e os intestinos do bebê chegando até as fezes e espalhando
a infecção pelas navegas causando exantema avermelhado e dolorido (BECK et al, 2000).

O sapinho precisa ser tratado o mais rápido possível, pois, “a infecção por fungo
também pode passar para os mamilos da mãe. A mãe notará que seus mamilos estão
doloridos e avermelhados. Ela sentirá dor no seio quando o bebê mamar” (BECK et al, 2000,
p. 138). Para evitar o sapinho é importante orientar a mãe a dar mamar exclusivamente no
seio, desde o nascimento do bebê, pois esta ação faz com que as substâncias imunológicas
sejam transferidas para a mãe e depois para o recém-nascido. É preciso lavar as mãos
sempre que for tocar no bebê e lavar tudo o que vai entrar em contato com o bebê, roupas,
copos. Assim que observar o sapinho é preciso procurar assistência médica.

Problemas com a temperatura do corpo

“A temperatura axilar normal do recém-nascido é entre 36°C e 37°C. O recém-nascido


não é capaz de regular bem a temperatura do corpo”. É preciso ajudar o bebê a se manter
aquecido nos primeiros dias e semanas de vida. (BECK et al, 2000).

Uma temperatura abaixo de 36°C é baixa para o bebê, quando o corpo do bebê fica
nesta temperatura o fenômeno chama-se hipotermia ou temperatura baixa. A hipotermia
pode acontecer logo após o parto, a menos que o bebê seja protegido. São causas da
hipotermia: o quarto muito frio, quando o bebê fica exposto ao vento, quando ele fica
molhado, quando ele fica descoberto, mesmo por curto período de tempo, quando o bebê

138
Saúde da criança e da mulher

é colocado numa superfície fria ou perto de uma parede fria ou janela, quando o bebê não
está se alimentando bem, quando o bebê teve asfixia no parto e não consegue produzir
energia suficiente para se manter aquecido (BECK et al, 2000).

A hipotermia traz riscos para o bebê, assim que ela for identificada precisa ser
controlada. Longos períodos de hipotermia podem ser fatais para o bebê. São sinais de
hipotermia: a pele do recém-nascido endurece e fica avermelhada, principalmente nas
costas e nos membros, o rosto também fica bastante avermelhado (“esse é um sinal grave
e pode ser confundido com um sinal de boa saúde”); (BECK et al, 2000, p. 142) o coração do
bebê passa a não funcionar bem, a respiração se torna irregular, pode haver sangramento
principalmente nos pulmões, pode haver icterícia, sem o devido tratamento o bebê pode vir
a morrer (BECK et al, 2000).

A hipertemia tem como características a temperatura elevada acima dos 37 °C. A


hipertemia não é tão comum em bebês, mas é preocupante também. As causas da
hipertemia podem estar associadas ao fato do bebê estar desidratado por não se alimentar,
o ambiente pode estar muito quente, o bebê pode estar muito agasalhado com cobertores
e/ou roupas, ou ainda, o bebê pode estar com uma infecção. A alta temperatura pode
causar desidratação ou perda do fluido corporal, convulsões ou desmaios, choque, coma
e até a morte do bebê. Para evitar a alta temperatura é necessário amamentar ao seio o
bebê frequentemente ou com o leite materno com o uso de copo quando o bebê estiver
incapacitado de sugar, proteger o bebê do calor excessivo e de luz solar direta, caso o bebê
esteja quente, é preciso remover uma camada de roupas, prevenir contra infecção (BECK
et al, 2000).

Sangramento do cordão umbilical

“O sangramento do cordão umbilical é um problema do primeiro ou segundo dia de


vida. O cordão umbilical amarrado ou laqueado fica solto a medida que começa a secar e,
portanto, começa a sangrar” (BECK et al, 2000, p. 146). A fricção nas roupas ou na fralda
pode fazer com que o coto do cordão umbilical sangre algumas gotas, caso o cordão não
pare de sangrar é preciso procurar assistência médica (BECK et al, 2000).

Problemas vindos da gravidez e do trabalho de parto

“Se a mãe apresentou qualquer dos seguintes problemas de saúde durante a gravidez
ou trabalho de parto, o bebê precisa de tratamento para evitar infecção”: sífilis, tuberculose,
HIV, infecção materna durante o trabalho de parto (BECK et al, 2000, p. 146).

139
Saúde da criança e da mulher

Sífilis

Sífilis é uma infecção sexualmente transmitida que, frequentemente, leva ao aborto,


bebê nadomorto, trabalho de parto pré-termo, baixo peso ao nascer e infecção fetal. A mãe
pode estar infectada sem notar sintoma algum. A sífilis infecta o feto de uma mãe infectada
que não obteve tratamento durante a gravidez. O bebê não tratado pode desenvolver
incapacidades de desenvolvimento e neurológicas de longo prazo. O recém-nascido
talvez apresente sinais de sífilis congênita dentro de poucas semanas ou meses depois do
nascimento.

Os sinais incluem:

• Obstrução nasal (respiração obstruída pelo nariz);

• Rachaduras e fissuras ao redor da boca, nariz e anus;

• Exantemas ou bolhas e descamamento das palmas das mãos e das plantas dos pés;

• Abdômen distendido;

• Esgotamento respiratório;

• Icterícia.

O recém-nascido pode desenvolver outras complicações graves, se a sífilis não for


tratada. Se há suspeita de que a mãe tem sífilis, ou se ela teve um resultado positivo de
teste de sífilis (VDRL ou RPR) na gravidez, mas não recebeu tratamento ou foi infectada
novamente:

• Transferir o bebe para um centro médico onde estejam disponíveisdiagnóstico e


tratamento;

• Dar ao bebê uma dose única de penicilina benzatina 50.000 unidades/kg

IM no nascimento;

• Informar os pais de que o bebê precisa de tratamento adicional e seguimento;

• Transferir a mãe e seu parceiro para triagem e tratamento.

140
Saúde da criança e da mulher

Tuberculose (TB)

A tuberculose é uma infecção no pulmão e é transmitida quando uma pessoa doente


expele os germes no ar infectando outras pessoas. A “TB pode ser espalhada para outras
partes do corpo, pode durar por muitos anos e pode demorar muito tempo para curar. A
saúde debilitada da mulher pode retardar o crescimento e o desenvolvimento do feto”(BECK
et al, 2000, p. 147).

HIV/AIDS

O vírus da AIDS destrói lentamente a capacidade de um indivíduo para combater


infecção levando a pessoa à síndrome de imuno-deficiência adquirida (AIDS). A mulher
infectada pelo HIV pode se ficar mal nutrida durante a gravidez e afetar o desenvolvimento
do feto, baixo peso no bebê no nascimento ou morte fetal no útero. “A infecção por HIV
da mãe pode ser transmitida para o bebê durante a gravidez, durante o trabalho de parto
e parto e depois do parto por através do leite materno. Sete ou oito de 10 mulheres HIV
positivas dão a luz a bebês não infectados com HIV” (BECK et al, 2000, p. 147).

Mas, todos os bebês de mães HIV positivas irão carregar o anticorpo do HIV materno
até 12 a 18 meses de idade. “Isso significa que o teste de HIV padrão não é capaz de
mostrar se o bebê tem HIV até ele ter pelo menos 12 meses de idade (depois de os
anticorpos maternos do HIV terem desaparecido) (BECK et al, 2000, p. 147). Um bebê HIV
positivo adoece muito mais rápido do que um adulto HIV positivo devido ao fato do sistema
imunológico do recémnascido ser mais fragilizado.

Infecção materna durante o trabalho de parto

“Se a mãe apresentou sinais de infecção aguda durante o trabalho de parto, o bebê
esta sob risco de sepsis e deve ser tratado com antibióticos. Há um alto risco de infecção
materna se as membranas rompem mais de 18 horas antes do nascimento do bebê” (BECK
et al, 2000, p. 147). São sinais de infecção materna durante o trabalho de parto: febre,
calafrios, corrimento vaginal de odor desagradável. É preciso oferecer ao recém-nascido
alguns cuidados como se certificar se o bebê conseguiu amamentar e está aquecido, o
médico irá dar a primeira dose de antibióticos (BECK et al, 2000).

Referência Bibliográfica

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO, Saúde da Criança e da Mulher e-TEC BRASIL,


INTITUTO FEDERAL NORTE DE MINAS GERAIS.

141
Saúde da criança e da mulher

atividades

142
Saúde da criança e da mulher

Capítulo 15 - Assistência de enfermagem em situação de emergência com RN

UTI-NEONATAL

A terapia intensiva experimenta grande desenvolvimento nas últimas décadas o que


resulta na necessidade cada vez maior do preparo dos profissionais de saúde, incluindo
o Enfermeiro, aprofundando e completando seus conhecimentos, habilidades e atitudes
nesta área específica.

A Unidade de Terapia Intensiva Neonatal é um lugar onde uma equipe fica 24 horas
por dia de plantão para o tratamento de recém-nascidos que apresentam algum risco de
vida e bebês nascidos prematuramente. Nem sempre os bebês internados nas Unidades de
Terapias Intensivas neonatais estão doentes, algumas vezes eles estão apenas crescendo
e se tornando aptos para respirar e deglutir, este fato necessita de um amadurecimento e
muitas pessoas estão envolvidas neste processo para oferecer o melhor tratamento.

O tratamento intensivo é, na maioria das vezes, indicado para bebês prematuros


nascidos antesde nove meses de gestação ou de baixo peso. Qualquer recém-nascido
pode precisar da UTI Neonatal. Osmaiores casos são de bebês que nascem com algumas
patologias, ou após uma cirurgia que podem exigir cuidados intensivos.

Fatores de riscos ao paciente e a responsabilidade do enfermeiro ao prematuro

Os riscos à segurança do paciente neonatal podem ocasionar erros danosos à sua


integridade, desta maneira os erros que causam danos aos pacientes caracterizam-se como
eventos adversos e são responsáveis pelas mortalidades que poderiam ser evitadas, diante
deste grande impacto dos eventos adversos para os pacientes neonatais, é imprescindível
minimizar a ocorrência dos erros. Assim, para buscar melhores resultados no cuidado é

143
Saúde da criança e da mulher

fundamental a colaboração e envolvimento dos profissionais da equipe de saúde para a


segurança do paciente.

Nesse sentido, os profissionais envolvidos no cuidado, em especial a enfermagem e


medicina,representam um fator primordial na segurança do paciente, pois estão atrelados
a este processo, podendocontribuir na identificação das situações e erros presentes no
sistema de saúde.

De acordo com Tomazoni (2007), as falhas na segurança podem estar relacionadas


à realidadedos serviços, em decorrência de diversos fatores de risco. Dentre estes fatores,
a infraestrutura inadequada,materiais de má qualidade, equipamentos antigos e sem
manutenção periódica e a sobrecarga de trabalhopor diminuição no quadro de funcionários.
Embora os profissionais realizem seu serviço seguindo osprotocolos vigentes, o ambiente
de trabalho pode ser um fator à ocorrência de falhas no processo de cuidar.

A questão estrutural de algumas UTI neonatais localizadas em construções antigas,


com eventuaisreformas, pode estar expondo o neonato a maiores riscos, pois o espaço
físico antigo e inadequado comsuperlotação de pacientes acaba dificultando a qualidade do
cuidado prestado pela equipe de saúde.

Broncoaspiração durante a amamentação

O aleitamento materno é identificado com um grande aliado para proporcionar o vínculo


natural com a mãe, proteção e nutrição do bebê. A mais eficaz intervenção para diminuição
da morbimortalidade infantil. Promovendo ainda um esplendido impacto na promoção da
saúde, tanto para a lactente quanto para o lactante (BRASIL, 2009).

Os episódios de engasgo ou de broncoaspiração são considerados comuns na infância,


sendo a classe dos lactentes mais comumente detectados. Desta forma, as lactantes devem
estar atentas aos sinais emitidos por bebês, como: coloração da pele acianótico ou pálida,
agitação, até chegar à perda de consciência (BRASIL, 2015).

Em consonância com o Ministério da Saúde (2017), explana a forma correta de


realizar a manobra denominada de Heimlich, onde posiciona o bebê de bruços em cima
do braço de quem irá realizar a manobra e aplica cinco golpes entre as escápulas, na
região medial da coluna vertebral, após realizar os golpes, vire o bebê novamente com a
barriga para cima, deixando apoiada no braço e realize mais cinco compressões sobre a
região do externo, tendo como base a linha mamilar. Realize a manobra até a chegada dos
serviçosespecializados no atendimento pré-hospitalar (BRASIL, 2017).

144
Saúde da criança e da mulher

Vias de administração medicamentosa

  Um dos processos mais importantes durante a assistência neonatal se refere à


terapia medicamentosa. Os medicamentos podem ser administrados por via enteral (oral,
sonda gástrica; enteral ou gastrostomia) ou por via parenteral (cateter periférico ou central)
ou ainda através de injeções intramusculares (IM) ou subcutâneas.

Ao verificar uma prescrição médica, o enfermeiro deve observar com atenção cada
item e atentar especialmente à via de administração. Para isso é importante reconhecer as
abreviaturas padronizadas, por exemplo, uma medicação via oral será prescrita como VO,
medicação intravenosa como IV ou EV e intramuscular como IM.

Principais fármacos utilizados em neonatologia

Os principais estudos farmacológicos são realizados em adultos e poucos em


neonatos, dessa forma, muitos medicamentos são usados em recém-nascidos baseando-
se na segurança dos estudos em adultos. Sendo assim, o enfermeiro deve estar atento às
vias de administração, às dosagens dos medicamentos, que em neonatos se baseiam em

145
Saúde da criança e da mulher

miligrama (mg), quilograma (kg), dose ou micrograma (mcg), e, sobretudo, nas diluições de
cada medicamento. Existem literaturas específicas que orientam a terapia medicamentosa
em neonatologia, como o NeoFax, utilizado em muitos países, inclusive no Brasil, um guia
completo e específico, que contempla as medicações e recomendações, como: vias de
administração; indicações; diluições; compatibilidades e incompatibilidades.

Contudo, como cada laboratório produz medicamentos com características específicas,


é muito importante que o serviço de neonatologia, juntamente com o serviço de farmácia,
desenvolva um protocolo medicamentoso específico para a UTI neonatal, o qual contemple
as recomedações do NeoFax e as especificidades da bula de cada medicamento.

Terapia intravenosa e segurança do neonato

A infusão de fluidos ou medicamentos por via intravenosa com objetivo terapêutico


denomina-se terapia intravenosa (TIV). A TIV é eficaz, porém existem muitos riscos para
a saúde do neonato. O enfermeiro precisa considerar, identificar e mitigar esses riscos
para que não ocorram os eventos adversos ou eventos sentinelas ou incidentes, todas
as consequências para o neonato provenientes de um descuido, por exemplo: a perda

146
Saúde da criança e da mulher

acidental de um CVC ou a administração de um medicamento por via errada. Esses tipos


de incidentes são altamente nocivos e representam riscos para os neonatos, inclusive de
óbito. Por isso é tão importante refletir sobre a segurança do paciente neonatal. No Quadro
2.13, discutiremos um incidente chamado flebite, que significa inflamação da veia, e é
classificada em: flebite mecânica, química e infecciosa.

147
Saúde da criança e da mulher

Reações Alergicas

Durante os primeiros meses de vida, o sistema imunológico do bebê ainda está em


desenvolvimento, e tudo pode ficar mais sensível – tanto a pele, quanto o sistema respiratório
e digestivo, por exemplo. Por isso, é preciso prestar atenção nos detalhes – afinal, os bebês
ainda não conseguem se comunicar com clareza sobre o incômodo.

A criança pode apresentar pele muito seca, irritação, coceira em excesso, choro,
irritabilidade e cocô com sangue. Porém, é importante ressaltar que nem tudo o que coça é
alergia no bebê, e nem toda alteração no cocô é alergia alimentar! Se você está na dúvida,
se sente inseguro em relação a essas queixas, é hora de consultar o pediatra ou o alergista
e tirar as dúvidas.

A gama de alergias é grande, assim como condições benignas não alérgicas também
são comuns em bebês. Seja para um diagnóstico preciso ou até para descartar e acalmar o
coração aflito dos cuidadores, mantenha o acompanhamento regular com o pediatra.

Entre os tipos de alergia no bebê estão:

• Respiratória, causada por asma ou rinite;

• Alergia alimentar;

• Dermatite atópica, que pode ser desencadeada por substâncias perfumadas,


tecidos de lã e fibra sintética, banhos longos e com água muito quente, estresse,
poluição e mudança de temperatura.

Embora menos comuns, as alergias alimentares também são preocupantes nos ebês.
A alergia à proteína do leite de vaca, pode aparecer bem cedo, principalmente quando o
bebê precisa complementar a alimentação com fórmulas prontas. Se o bebê mantém o
aleitamento exclusivo até os seis meses, como recomendado pelo Ministério da Saúde,
as alergias alimentares aparecem mais tarde, quando a criança inicia a alimentação
complementar. Entre as comidas, aquelas que mais costumam causar alergia nos bebês
são o leite de vaca, a clara do ovo, a soja, o trigo, o amendoim, as castanhas, os peixes e
os frutos do mar. No caso do trigo, a alergia pode ser ao glúten ou à própia proteína do grão.

As reações tendem a ser leves na maioria dos casos, mas como a saúde do bebê é
muito delicada, é importante ter toda a atenção. Se os quadros alérgicos forem persistentes,
e você não conseguir identificar a causa, será necessário um acompanhamento com um
alergista, que poderá fazer testes específicos para identificar os fatores desencadeantes.

148
Saúde da criança e da mulher

Em boa parte dos casos, suspender o uso do produto ou alimento que causou a
alergia é suficiente. Em outros casos, no entanto, pode ser preciso usar medicamentos
antialérgicos e corticoides para tratar e controlar os sintomas. Mas atenção! Apenas o
pediatra pode receitar essas medicações, pois é preciso que a dosagem esteja correta para
que o remédio não vire veneno. Jamais dê ao seu filho qualquer remédio sem indicação
médica, eles podem ser muito perigosos para a saúde do recém nascido

Referência Bibliográfica

MENDONÇA. L.C.A.M, PEDRESCHI. J.P, DRA. BARRETO. C.A, Cuidados de


enfermagem em UTI Neonatal, Revista saúde em foco - Edição n 11 - Ano: 2019

NUNES. E, Enfermagem na Saúde da criaça e do Adolescente

DRA. Morares.M Alergia no bebê, http://pueritia.com.br/alergia-no-bebe/ Acessado


em 31/10/2022

atividades

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Saúde da criança e da mulher

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Saúde da criança e da mulher

Capítulo 16 - Planejamento de alta e assistência domiciliar

Procedimento de alta de puérpera

OBJETIVO

Instruir o retorno da paciente ao seu domicílio de forma segura, orientando-a acerca


do autocuidado e cuidado com o recém-nascido, a fim de contribuir para minimizar e/ou
prevenir complicações e comorbidades, evitando-se, com isso, reinternações.

MATERIAL

• Prontuário.

• Cartão de pré-natal, exames laboratoriais e ultrasonografias trazidas pela paciente.

• Check-list do Parto Seguro.

• Livro de admissão e alta.

DESCRIÇÃO DOS PROCEDIMENTOS

• Receber do médico residente em obstetrícia e/ou obstetra do plantão o prontuário


juntamente com o resumo de alta da paciente (via do prontuário) datado, assinado e
carimbado.

• Certificar se a paciente recebeu o resumo de alta (via da paciente) do residente em


obstetrícia e/ou obstetra do plantão. Entregar à mesma o cartão de gestante, exames
laboratoriais e ultrassonografias trazidas no ato da admissão.

• No caso das puérperas com bebê, averiguar com o residente da pediatria e/ou
pediatra do plantão se o recém-nascido (RN) também terá alta. Caso contrário, a
puérpera permanecerá na unidade como acompanhante do RN.

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Saúde da criança e da mulher

• Solicitar ao (à) técnico (a) de enfermagem a retirada de acesso venoso, caso exista,
assim como a checagem do término de antibiótico (se a paciente estava em uso) e /
ou outras medicações pertinentes.

• Solicitar ao (à) técnico (a) de enfermagem que organize e protocole em impresso


próprio as sobras dos medicamentos que estavam em uso pela paciente, para que os
mesmos possam ser devolvidos à farmácia do hospital.

• Verificar se a paciente recebeu a via amarela (via do cartório) da Declaração de


Nascido Vivo (DNV), bem como checar junto à paciente se os dados informados na
DNV estão preenchidos corretamente; assim como se recebeu as orientações do
pediatra, caso o RN também esteja de alta.

• Orientar as puérperas pós-cesárea a realizar a higienização da ferida operatória


utilizando água e sabão durante o banho de aspersão, evitando a tração de algum
ponto cirúrgico; evitar umidade na ferida operatória e não utilizar curativo oclusivo. Em
caso de retirada de pontos, deverá procurar a Unidade Básica de Saúde (UBS) de 8 a
10 dias após a data da cirurgia.

• Orientar as puérperas de pós-parto normal, caso tenha sido feito episiorrafia, a


realizar a higiene íntima com água e sabão após eliminações fisiológicas evitando
o uso de papel higiênico enquanto houver fio de sutura no local. E que o fio será
absorvido, não havendo necessidade de retirar.

• Orientar as puérperas que em caso de dificuldade com a amamentação, as mesmas


poderão procurar o Posto de Coleta de Leite Humano da maternidade, sendo
necessário, antes de se dirigir ao setor para atendimento, preencher um Boletim de
Emergência (BE) na recepção do hospital. Orientar também sobre a existência de um
grupo de apoio para mães que amamentam (Amamenta mamãe).

• Orientar à puérpera quanto a consulta puerperal a ser realizada na UBS mais próxima
de sua residência, caso a mesma não tenha feito pré-natal no alto risco. Em caso de
gestantes de alto risco o acompanhamento deverá ser feito no ambulatório de egresso
puerperal do HULW.

• Em caso de alta de puérpera, orientar a mesma e seu acompanhante acerca dos


sinais de alerta, devendo procurar a UBS ou retornar à maternidade nas seguintes
situações: cefaléia intensa e alterações visuais; dificuldade respiratória; dificuldade
para esvaziar a bexiga; febre ou calafrios; sangramento vaginal exacerbado; dor
abdominal severa; sinais flogísticos na ferida operatória.

• Em caso de alta de gestante, orientar à paciente e ao acompanhante quanto aos


sinais de alerta para pedir ajuda: sangramento; forte dor abdominal; forte dor de

152
Saúde da criança e da mulher

cabeça ou alterações visuais; incapacidade de urinar; sensação de urgência de parir;


diminuição dos movimentos fetais; perda de líquido.

• Orientar à paciente a procurar o Núcleo Interno de Regulação (NIR) no ato da saída,


para informar a respeito da alta hospitalar.

• Preencher o checklist do parto seguro.

• Registrar data e hora da saída da paciente da unidade hospitalar no livro de admissões


e altas, assim como no prontuário. No caso de puérpera, importante registrar a alta
juntamente com o RN.

• Checar se todas as evoluções, prescrições e demais documentos que compõem


o prontuário da paciente (e do RN se for o caso) foram devidamente recolhidos
eanexados conjuntamente, e colocados na caixa de altas para posterior recolhimento
pelo auxiliaradministrativo.

• O auxiliar administrativo deverá proceder com a organização do prontuárioda


paciente, anexando prescrições médicas; impressos da Enfermagem e resumo de
alta conformedata de admissão até a alta.

• Solicitar que o leito ocupado pela paciente seja higienizado pela equipe deserviços
gerais.

visita domiciliar a puérpera

Os cuidados no puerpério devem ser individualizados, a fim de atender às necessidades


da dupla mãe-bebê, respeitando as crenças e opiniões da mulher e de sua família sobre os
cuidados nessa fase da vida.

Devem incluir avaliação física e observação da mãe e da criança, cuidados com o


recém-nascido (medicina), checagem de vacinação e a avaliação do aleitamento materno),
empoderamento da família para os cuidados com o bebê e promoção de bem-estar fisiológico
e emocional da família, além do eficiente reconhecimento de problemas relacionados ao
período, que devem ser adequada e oportunamente avaliados.

Recomenda-se uma visita domiciliar na primeira semana após a alta do bebê. Caso
o recém-nascido (RN) tenha sido classificado como de risco, a visita deverá acontecer nos
primeiros 3 dias após a alta. O retorno da mulher e do recém-nascido ao serviço de saúde
e uma visita domiciliar, entre 7 a 10 dias após o parto, devem ser incentivados desde o pré-
natal, na maternidade e pelos agentes comunitários de saúde na visita domiciliar.

153
Saúde da criança e da mulher

Ações relacionadas ao recém-nascido

• Verifique a existência da Caderneta de Saúde da Criança e, caso não haja, providencie


sua abertura imediata;

• Insira as informações do recém-nascido no SisPreNatal;

• Verifique se a Caderneta de Saúde da Criança está preenchida com os dados da


maternidade. Caso não esteja, procure verificar se há alguma informação sobre o peso,
o comprimento, o teste de Apgar, a idade gestacional e as condições de vitalidade;

• Verifique as condições de alta da mulher e do RN;

• Observe e oriente a mamada, reforçando as orientações dadas durante o pré-natal


e na maternidade, destacando a necessidade do aleitamento materno exclusivo até
o sexto mês de vida do bebê, não havendo a necessidade de oferecer água, chá ou
qualquer outro alimento ao RN;

• Observe e avalie a mamada para a garantia do adequado posicionamento e da pega


da aréola;

• Observe a criança em geral: o peso, a postura, a atividade espontânea, o padrão


respiratório, o estado de hidratação, as eliminações e o aleitamento materno, a
ectoscopia, as características da pele (presença de palidez, icterícia e cianose),
o crânio, as orelhas, os olhos, o nariz, a boca, o pescoço, o tórax, o abdômen (as
condições do coto umbilical), a genitália, as extremidades e a coluna vertebral. Caso
seja detectada alguma alteração, solicite avaliação médica imediatamente;

• Identifique o RN de risco ao nascer;

• Realize o teste do pezinho e registre o resultado na Caderneta da Criança;

• Verifique se foram aplicadas no RN, na maternidade, as vacinas BCG e de hepatite


B. Caso não tenham sido, aplique-as no RN, na unidade, e registre-as no prontuário e
na Caderneta de Saúde da Criança;

• Agende as próximas consultas de acordo com o calendário previsto para o seguimento


da criança: no 2º, 4º, 6º, 9º, 12º, 18º e 24º meses de vida (2), as quais devem ser
alternadas com o médico da equipe.

Condutas e orientações a puérpera sobre

• Higiene, alimentação, atividades físicas;

• Atividade sexual, informando-a a respeito de prevenção de DST/Aids;

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Saúde da criança e da mulher

• Cuidados com as mamas, reforçando a orientação sobre o aleitamento (considerando


a situação das mulheres que não puderem amamentar);

• Cuidados com o recém-nascido;

• Direitos da mulher (direitos reprodutivos, sociais e trabalhistas). Oriente a puérpera


sobre o planejamento familiar e a utilização de método contraceptivo, se for o caso:

• Dê a ela uma informação geral sobre os métodos que podem ser utilizados no pós-
parto;

• Explique a ela como funciona o método da LAM (amenorreia da lactação);

Os critérios que autorizam o uso de LAM como método contraceptivo seguro conforme
o Consenso de Bellagio são amenorréia, amamentação exclusiva ou quase exclusiva
e intervalo pós-parto menor que seis meses. Para mulheres com risco inaceitável para
gestação, outros métodos, além da amenorréia da lactação devem ser empregados.

Quando ocorre a amamentação exclusiva, a menstruação costuma correr mais


tarde. Nesses casos, quando a mulher encontra-se em amenorréia, a fertilidade retorna
tardiamente e a probabilidade de acumulada de gravidez até o 6º mês fica em torno de 2%.
No entanto quando a amamentação é mista ou quando a mulher já menstruou, a chance de
ovulação aumenta de forma importante.

• Se a mulher não deseja ou não pode usar a LAM, ajude-a na escolha de outro
método;

• Disponibilize o método escolhido pela mulher com instruções para o seu uso, dizendo-
lhe o que deve ser feito se o método apresentar efeitos adversos e dando-lhe instruções
para o seguimento;

• Aplique vacinas conforme calendário vacinal (se necessário);

• Ofereça teste anti-HIV e VDRL, com aconselhamento pré e pós-teste, para as


puérperas não aconselhadas e testadas durante a gravidez e o parto;

• Prescreva suplementação de ferro: 40mg/dia de ferro elementar, até três meses


após o parto, para mulheres sem anemia diagnosticada;

• Registre informações em prontuário e insira as informações do puerpério no


SisPreNatal.

Recomenda-se o início precoce da deambulação. Estudos observacionais


demonstraram redução do risco de trombose venosa puerperal e de embolia pulmonar com
a indicação dessa conduta no puerpério imediato (Grau de evidência D)

A suplementação rotineira de vitamina A (200.000 UI por via ora, dose única) para
lactantes não tem impacto na morbimortalidade materna ou infantil (Grau de evidência A) (1).

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Saúde da criança e da mulher

Educação sobre contracepção no puerpério leva a um maior uso de métodos contraceptivos


e a menos gestações não planejadas (Grau de evidência A).

É importante que as mulheres recebam informação sobre o processo fisiológico de


recuperação após o nascimento e saibam que alguns problemas de saúde são comuns (3).
Instruções escritas, como a utilização de folhetos educativos, costumam ser úteis (Grau de
evidência D).

Atributos APS – É importante que os profissionais da Atenção Primária à Saúde,


estejam atentos a sinais e sintomas que se configurem como mais desestruturantes e que
fujam da adaptação “normal” e da característica do puerpério; levar em consideração a
importância do acompanhamento da puérpera desde a primeira semana após o parto,
prestando o apoio necessário à mulher no seu processo de reorganização psíquica, quanto
ao vínculo com o seu bebê, nas mudanças corporais e na retomada do planejamento e da
vida familiar; incluir a família nos atendimentos de puericultura e no amparo à puérpera;
fornecer orientações quanto ao aleitamento materno exclusivo, acolher as ansiedades e
fantasias da puérpera, abrir espaço para dúvidas e oferecer dicas práticas para facilitar o
ato da amamentação (integralidade, longitudinalidade, coordenação do cuidado)

Referência Bibliográfica

UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA ,Alta da puérpera ou gestante da Clínica


Obstétrica.

Quais são as ações a serem realizadas pela Equipe de Estratégia de saúde da


Família-ESF durante uma visita puerperal?, https://aps-repo.bvs.br/aps/quais-sao-as-
acoes-a-serem-realizadas-pela-equipe-de-estrategia-de-saude-da-familia-esf-durante-
uma-visita-puerperal/ Acessado dia: 31/10/2022

atividades

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Saúde da criança e da mulher

Capítulo 17 - Assistência da enfermagem com a criança hospitalizada

INTRODUÇÃO À ENFERMAGEM PEDIÁTRICA

O significado social e a existência de um grande número de crianças em qualquer


população são marcas de enfermagem pediátrica. Esta se caracteriza pela atenção a um
grupo de pessoas que está em constante crescimento e desenvolvimento e pela abordagem
de ações preventivas em seu cotidiano de assistência.

O aparecimento da Pediatria como especialidade ocorreu na Europa, quando alguns


médicos começaram a observar e a estudar as diferenças das doenças ocorridas em adultos
e em crianças. Antes disso, o fato não tinha o menor significado tanto para médicos quanto
para enfermeiras. O aparecimento do primeiro departamento de Pediatria na Universidade
de Havard se deu em 1888.

Há algum tempo, a assistência de enfermagem à criança hospitalizada seguia condutas


e procedimentos extremamente rígidos. A ausência de medicamentos antibióticos, os
altíssimos índices de infecção, o grande número de crianças doentes e o próprio despreparo
de profissionais levavam ao estabelecimento de regras de isolamento e repouso muitas
vezesabsurdas, como o uso de camisas - de - força. Preocupados com o risco de infecção
cruzada e despreparados para atender as necessidades individuais da criança e dos pais,
os profissionais de saúde as mantinham isoladas, tanto uma das outras como da mãe e do
restante da família.

157
Saúde da criança e da mulher

Com os avanços na área de saúde, houve mudanças nos métodos de assistência à


criança.O advento da Psicologia, os estudos de Freud e de outros sobre o comportamento
humano deram início a uma abordagem mais integral à criança, possibilitando a
compreensão das suas necessidades emocionais,em suas diversas fases de crescimento
e desenvolvimento.

ADMISSÃO E ALTA DACRIANÇA

ADMISSÃO:

A admissão da criança na unidade de internação pediátrica é um dos momentos mais


críticos na hospitalização, pois, pode ser considerada como uma experiência traumática
e geralmente estressante para as crianças e seus pais, na maioria das vezes causando
ruptura nos vínculos afetivos entre crianças e pais, e até com o próprio meio em que vive.

A criança pode perceber a hospitalização como um abandono por parte dos pais
ou uma punição pelos seus erros , e também apresenta medos e fantasias relacionados
ao hospital, gerando ansiedade, e manifestando reações emocionais e comportamentais
regressivos.

Considerando a admissão uma atividade complexa que requer conhecimentos


científicos relativos às necessidades decorrentes do processo de crescimento e
desenvolvimento da criança, a dinâmica familiar e ao próprio processo da admissão,além
de capacitar para o processo do diagnóstico de enfermagem, a prática da admissão deve
ser realizado pelo enfermeiro.

O técnico de enfermagem entrevista a mãe ou a pessoa responsável pela criança,


procurando obter o maior número possível de informações que possam auxiliar na sua
adaptação e tratamento.

A criança e a mãe bem recebidos e orientados terão mais facilidade para aceitar
e colaborar com as condutas e procedimentos diagnósticos e terapêuticos.´É importante
salientar a necessidade de se ter para com a criança uma atitude maternal e gentil, sem,
entretanto, mima-la em excesso, assim como mentir para criança.

PROCEDIMENTOS:

1- RECEBER a criança e a mãe gentilmente, identificando-se e permitindo que elas


se identifiquem.

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Saúde da criança e da mulher

2- APRESENTAR os profissionais da equipe que estiverem presentes no momento;


aos companheiros da unidade; toda a área física, orientando quais os locais em que poderão
transitar e as áreas reservadas apenas para os profissionais; a unidade da criança, inclusive
banheiros e instalações sanitárias.

3- EXPLICAR a mãe e a criança sobre as rotinas da unidade; horários; vestuário;ordem


e higiene da unidade;higiene da criança;higiene do acompanhante;proibição de fumar;
alimentação;recreação;uso do telefone;visitas e reuniões educativas.

4- ORIENTAR sobre a importância da presença da mãe ou pessoa significativa para


a criança durante a hospitalização.

5- ESTIMULAR a participação e colaboração da mãe na assistência à criança

6- IDENTIFICAR com o cartão no berço, nome e todos os dados da criança.

7- VERIFICAR e anotar no relatório de enfermagem o nome da criança, idade, sexo,


procedência, nome da mãe e endereço, queixa principal, peso, estatura, perímetro cefálico
(PC), perímetro torácico(PT) e perímetro abdominal( Pabd),hipótese diagnóstica, outros
dados que achar importante ( feridas, escabiose, pediculose, sangramento, higiene, etc)
e anotar os procedimentos realizados ( ex: coletor de urina, coleta de exames, soro oral,
medicação administrada, aspiração, higiene, etc).

8- ENCAMINHAR a criança ao banho acompanhado da mãe.

9- ORIENTAR a mãe a quem deverá dirigir-se em caso de dúvidas ou outros problemas


de ordem social .

É chocante para criança qualquer comentário sobre sua permanência no hospital


após a alta, pois ela passa a sentir-se abandonada pela família e isso causa insegurança
e sofrimento.

Porém, há casos de crianças que ficam hospitalizados durante meses e nunca são
visitadas pelos familiares; acostumam-se ao hospital e não querem voltar para casa. No
entanto, esses devem ser avisadas com antecedência e preparadas para aceitarem alta e
o retorno ao lar.

Na comunidade, de maneira geral, desconhece que a hospitalização devido à doença


constitui um dos perigos mais comuns e mais graves para a acriança pequena.

159
Saúde da criança e da mulher

A criança sentindo-se abandonada pela mãe, manifesta grande ansiedade e apresenta


comportamentos estranhos, mesmo muitos anos após ter sido hospitalizada.

ALTA:

A alta da criança, devido a implicações legais, deve ser dada por escrito pelo médico.
Em geral a criança hospitalizada está sempre ansiosa para voltar para casa, e sua ansiedade
aumenta em saber que se aproxima o momento da alta. Daí a necessidade de evitar que
ela tome conhecimento desse fato, até que se tenha certeza de que a família está avisada
e virá buscá-la.

Controle de sinais vitais pediátricos

SINAIS VITAIS EM CRIANÇAS- VALORES DE REFERENCIA

Os sinais vitais são parâmetros para avaliar as funções vitais e podem orientar no
diagnóstico inicial e acompanhar a evolução do quadro clinico do paciente.

As alterações da função corporal geralmente refletem-se na temperatura do corpo, na


pulsação, na respiração e na pressão arterial, podendo indicar enfermidade.

Devemos considerar as seguintes condições para obtenção dos sinais vitais:

• Condições ambientais, tais como temperatura e umidade no local, que podem


causar variações nos valores;

• Condições pessoais, como exercício físico recente, tensão emocional e alimentação,


que também podem causar variações nos valores;

• Condições do equipamento, que devem ser apropriados e calibrados regularmente.


O socorrista deve estar atento, pois o uso de equipamentos inapropriados ou descalibrados
podem resultar em valores falsos.

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Saúde da criança e da mulher

Referência Bibliográfica

TESTE PARA RECÉM NASCIDO, https://futurosenf.wordpress.com/sinais-vitais-em-


criancas-valores-de-referencia/ Acessado dia; 01/11/2022

MEDEIROS.A.D, Pediatria, Fundação Francisco Macarenhas, Escola de Ciência da


Saúde - ESCISA - Patos- PB.

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Saúde da criança e da mulher

atividades

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Saúde da criança e da mulher

Capítulo 18 - SUGESTÃO DE AULAS PRATICAS

• Anatomia do sistema reprodutor feminino e masculino

• Antropometria d recém-nascido

• Exame físico do recém-nascido

• Banho do RN

• Cartão de vacinação (Preenchimento)

• Anotações de enfermagem (Puérpera e RN Parturiente)

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Saúde da criança e da mulher

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