Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Brasília – DF.
Novembro, 2005.
1
AGRADECIMENTOS.
2
A professora Roselene Eco, que me fez compreender que para ser um bom
profissional é preciso ter responsabilidade e muita dedicação.
Aos meus supervisores de estágio que sempre foram dedicados, sempre
buscando saber informações e me fazer estudar e dedicar à prática e a teoria das
principais afecções dos bovinos tanto na parte clínica como na parte de reprodução
animal.
E a todos aqueles que acreditaram em mim e colaboraram para o cumprimento
de mais uma etapa na vida, sendo de uma maneira direta ou indireta, o meu muito
OBRIGADO.
3
Sumário
Lista de Tabelas...........................................................................................................I
Lista de Figuras..........................................................................................................II
Atividades Desenvolvidas.......................................................................................01
1. Cistos Ovarianos..................................................................................................03
1.1 – INTRODUÇÃO..........................................................................................03
1.2 - CLASSIFICAÇÃO E CARACTERÍSTICAS DOS CISTOS OVARIANOS,
SEGUNDO A ORIGEM, MORFOLOGIA , OCORRÊNCIA E PATOGENIA............04
1.3 – CISTO FOLICULAR.................................................................................05
1.3.1. Incidência e importância econômica............................................06
1.3.2. Etiopatogenia................................................................................07
1.3.3. Fatores predisponentes.................................................................09
1.3.4. Aspectos clínicos..........................................................................11
1.3.5. Aspectos anatomopatológicos........................................................12
1.3.6. Diagnóstico....................................................................................13
1.3.7. Tratamento de cisto folicular.........................................................13
1.4 – CISTO LUTEÍNICOS................................................................................13
1.5 – DEGENERAÇÃO MICROCÍSTICA DOS OVÁRIOS.............................16
1.6 – CISTOS DE INCLUSÃO EPITELIAL......................................................17
1.7 – CISTO DO TUBO OVARIANO................................................................18
4
2. Produção in vitro de embriões (PIV).............................................................19
2.1 – INTRODUÇÃO..........................................................................................19
2.2 – COLHEITA, PUNÇÃO OU ASPIRAÇÃO FOLICULAR........................20
2.2.1 – Punção de oócitos in vitro............................................................20
2.2.2 – Princípios básicos da maturação in vitro de oócitos....................21
2.2.3 – Punção folicular in vivo guiada por ultra - sonografia.................23
3. Podologia dos bovinos........................................................................................25
3.1 – INTRODUÇÃO..........................................................................................25
3.2 – ANATOMIA DOS PÉS DOS BOVINOS..................................................26
3.3 – FATORES DE RISCO PARA AS DOENÇAS PODAIS..........................30
3.3.1 – Genéticos.....................................................................................31
3.3.2 - Condições ambientais (ambiência)...............................................32
3.3.3 – Nutrição.......................................................................................33
3.3.4 – Fatores relacionados ao individuo – Estresse.............................34
3.4 – DERMATITE DIGITAL PAPILOMATOSA............................................36
3.4.1. Diagnóstico....................................................................................38
3.4.2. Tratamento....................................................................................38
3.4.3. Medidas de controle......................................................................40
3.5 – DERMATITE INTERDIGITAL...............................................................42
3.6 – EROSÃO DOS TALÕES..........................................................................43
3.6.1. Tratamento e controle...................................................................44
3.7 – FLEGMÃO INTERDIGITAL...................................................................45
3.7.1. Tratamento....................................................................................46
3.7.2. Controle e Prevenção.....................................................................47
3.8 – ARTRITE INTERFALANGEANA DISTAL SÉPTICA..........................48
3.8.1. Tratamento....................................................................................49
3.9 – LAMINITE BOVINA................................................................................52
3.9.1 – Fatores de risco............................................................................52
3.9.2 – Relação entre nutrição e acidose ruminal....................................53
3.9.3 – Diagnóstico de acidose ruminal (subclínica)...............................54
3.9.4 – Etiopatogenia...............................................................................55
3.9.5 – Relação entre Acidose Ruminal e Laminite................................57
3.9.6 – Condições Ambientais (Confinamento)......................................58
5
3.9.7 – Fatores Individuais......................................................................58
3.9.8 – Fatores Associados A Doenças Sistêmicas (Infecção)...............58
3.9.9 – Formas de apresentação clínica da Laminite Bovina..................58
3.9.10 – Tratamento................................................................................60
3.10 – SOLA DUPLA.........................................................................................60
3.11 – HEMORRAGIA DE SOLA.....................................................................61
3.12 – RACHADURAS DO CASCO.................................................................61
3.13 – PODODERMATITE CIRCUNSCRITA (ULCERA DE SOLA)............63
3.13.1. Etiopatogenia...............................................................................63
3.13.2. Tratamento...................................................................................64
3.14 – DOENÇA DA LINHA BRANCA............................................................66
3.15 – HIPERPLASIA DA PELE INTERDIGITAL (TILOMA, GABARRO)..67
3.15.1 – Causas.........................................................................................67
3.15.2 – Sinais clínicos............................................................................68
3.15.3 – Tratamento................................................................................68
3.16 – CASQUEAMENTO.................................................................................69
3.16.1 – Materiais para Casqueamento....................................................72
4 – Conclusão.............................................................................................................73
5 – Referências Bibliográficas..............................................................................74
6
Lista de Tabelas.
Tabela A – Demonstração de atividades realizadas na BIO biotecnologia em
Brasília – DF, em Julho de 2005.....................................................................................01
Tabela B – Demonstração das atividades realizadas na fazenda Sabarú em
Luziânia – GO, em agosto e setembro de 2005...............................................................02
Tabela 1.1 - Variação do tamanho dos folículos ovarianos maturos normais dos
animais mamíferos domésticos com valores em mm, associados ao tamanho
comparativo, como recomenda a Escola Superior de Veterinária de Hannover-
Alemanha.........................................................................................................................03
Tabela 1.2. – Classificação e características dos cistos ovarianos, segundo a
origem, morfologia , ocorrência e patogenia...................................................................04
Tabela 1.3 – Diagnóstico clinico diferencial entre cisto folicular e cisto folicular
luteínico do ovário, nos bovinos......................................................................................15
Tabela 3.1 – Parâmetros a serem considerados na decisão entre a amputação
radical e a preservação do dígito.....................................................................................51
7
Lista de Figuras.
Figura 1.1 – Doença ovariana cística (cisto folicular) na vaca. Estrutura cística
semelhante ao folículo pré-ovulatório.
Figura 1.2 – Cisto folicular Grande.
Figura 1.3 – Animal (fêmea) com inclinação da cauda (ninfomania).
Figura 1.4 – Corte longitudinal evidenciando as cavidades do cisto.
Figura 1.5 – Corte longitudinal de cisto luteínico.
Figura 1.6 – Ovário com degeneração microcística.
Figura 3.1 – Face dorsal do pé. Parede (a), Borda coronária (b), Parede axial (c),
Parede abaxial (d), Pinça (e). Comissura interdigital (f).
Figura 3.2 – Regiões da superfície solear dos dígitos. Sola (a), linha branca (b),
Bulbos do talão (c e c'), Talão (d), Sulco axial (e).
Figura 3.3 – Parede abaxial do dígito vista lateralmente. As mensurações podem
ser utilizadas para análise objetiva da conformação digital.
Figura 3.4 – Pele interdigital (a) e Espaço interdigital ou interungular (b).
Figura 3-5 – Estruturas internas do dígito. Vista dorsopalmar ou dorsoplantar.
Figura 3.6 – Confinamento em sistema "tie-stall". Observar a posição dos
membros posteriores (seta), com os talões apoiados no limite da canaleta de coleta de
dejetos causando grande instabilidade no equilíbrio e desconforto ao animal.
Figura 3.7 – A permanente umidade dos pisos nos currais, mais crítica no verão
chuvoso, amolece os cascos e macera a pele interdigital, enfraquecendo a barreira
natural desses tecidos e criando condições favoráveis para os agentes infecciosos
presentes no ambiente e que têm afinidade com os pés.
Figura 3.8 – Dermatite Digital. Extensa lesão proliferativa afetando o paradígito
ou "sobre unha". Observa-se também lesão na comissura interdigital e erosão dos talões.
Figuras 3.9 e 3.10 - Dermatite Digital na forma ulcerativa ou erosiva. A lesão
encontra-se deslocada para um dos dígitos (esquerda), infiltrando-se em direção ao talão
8
correspondente. Na figura a direita, a lesão erosiva bastante avançada comprometeu
ambos os talões.
Figura 3.11 – Dermatite Digital. Lesão proliferativa ou granulomatosa. Nesta
fase, o tratamento passa a ser cirúrgico, porém a ferida requer cuidados pós-
operatórios.
Figuras 3.12 e 3.13 – Uso tópico de cloridrato de oxitetraciclina pó 5 a 10 g (1
ou 2 colheres de chá) na lesão localizada na face plantar da comissura interdigital,
colocando se a seguir um protetor.
Figura 3.14 – Dermatite Interdigital.
Figuras 3.15 – Erosões dos talões.
Figuras 3.16 – Flegmão interdigital vista palmar (esquerda) e vista dorsal
(direita).
Figura 3.17 – Vista dorsopalmar ou dorsoplantar de um corte sagital do pé
bovino. As setas ilustram as vias mais comuns de infecção da articulação
interfalangeana distal (a.i.d.).
Figura 3.18 – Osteólise articular (seta menor) e osteoperiostite periarticular
estendendo-se ao longo das falanges média e proximal (seta maior).
Figura 3.19 – Proliferação óssea articular e periarticular (seta branca) e início de
anquilose (seta preta). Observa-se entesiófito projetando-se na face axial da falange
proximal do dígito não comprometido (seta preta à direita).
Figura 3.20 – Sola dupla. Existe uma sobreposição da sola antiga (seta preta) à
sola nova (seta branca).
Figura 3.21 – Múltiplos focos de hemorragia de sola.
Figura 3.22 – Vaca com Laminite Crônica. Dorso arqueado e hiperemia da pele
na região coronária.
Figura 3.23 – Pododermatite Circunscrita Perfurada.
Figura 3.24 – Pododermatite Circunscrita Hemorrágica (Hemorragia de Sola).
Figuras 3.25 – Quando a lesão na sola é muito extensa e as condições higiênicas
desfavoráveis, deve-se proteger a ferida com bandagem, renovada cada 2 ou 3 dias.
Figura 3.26 – Doença da Linha Branca (seta branca). A mancha escura na sola
oposta (seta preta) é uma pigmentação normal. Observa-se uma enorme diferença de
tamanho entre os dígitos.
Figura 3.27 – Hiperplasia da Pele Interdigital ou Tiloma.
9
Figura 3.28 – Linhas imaginárias utilizadas para aferir se os talões estão na
mesma altura. A altura ideal do talão (d) deve variar entre 3,5 e 3,8 cm.
Figura 3.29 – Materiais de casqueamento.
Figura 3. 30 – Tronco de contensão.
10
Atividades Desenvolvidas
11
Tabela B – Demonstração das atividades realizadas na fazenda Sabarú em Luziânia –
GO, em agosto e setembro de 2005.
Atividades Numero de animais Porcentagem (%)
Desenvolvidas
Acompanhamento da
81 13,71
ordenha
Cirurgia em cascos dos
32 5,5
bovinos
Revisão das cirurgias dos
64 11
cascos dos bovinos
Diagnóstico de gestação
31 5,32
por palpação retal
Teste de brucelose (AAT) 110 19,8
Manejo de bezerros 34 6,12
Tratamento para
1 0,17
deficiência de Vit. B 1
Necropsia 1 0,17
Inseminação artificial
13 2,23
(IA)
Transferência de embriões
2 0,34
(TE)
Inovulação de embriões 8 1,37
Aplicação de ADE 10 1,7
Implante de CIDR® 10 1,7
Problema obstétrico 1 0,17
Vacinação de bezerras
15 2,57
contra brucelose
Vacinação dos bezerros
34 5,84
contra clostridioses
Sutura de animal
1 0,17
machucado
Tratamento de
2 0,34
hipocalcemia
Tratamento contra bócio 1 0,17
Antibioticoterapia 32 5,5
Diagnostico de mastite 28 4,81
Tratamento carrapaticida
81 13,71
POR – ON.
Total 592 100
12
1. Cistos ovariano
1.1 - INTRODUÇÃO:
13
** Cadela de porte medio.
1.2 - CLASSIFICAÇÃO E CARACTERÍSTICAS DOS CISTOS OVARIANOS,
SEGUNDO A ORIGEM, MORFOLOGIA , OCORRÊNCIA E PATOGENIA.
14
A evolução da Clinica Ginecológica e da Endocrinologia Médico-Veterinária
coloca os docentes e especialistas em uma embaraçosa situação para se decidirem pela
forma de conceituar e/ou classificar os cistos ovarianos. Por isso é fundamental que o
Médico Veterinário ginecologista tenha conhecimento do exato tamanho dos folículos
de Graaf, maturos e em condições fisiológicas (VALE W. et al, 2005).
Dentre os vários tipos de cistos que podem se desenvolver nos ovários, cisto
folicular é o mais comum e, devido a sua atividade endócrina, induz comportamento
sexual anormal, que pode se manifestar em situações de anestro, ninfomania,
irregularidades do ciclo estral e infertilidade (Nascimento & Santos, 2002).
Mecanismos endócrinos, parácrinos e autócrinos estão envolvidos na regulação
da função ovariana. O crescimento folicular, até a fase de antro, faz-se por estímulo
intraovariano (foliculogênese basal). Após a formação do antro, o crescimento e
maturação dependem de estímulos de gonodotrofinas hipofisárias (FSH e LH) liberadas
em resposta ao GnRH hipofisário, esta fase é chamada de foliculogênese tônica
(Kennedy & Miller, 1993). Na foliculogênese tônica, o crescimento folicular é regulado
15
pelo eixo hipotalâmico-hipofisário. O hipotálamo produz e libera o hormônio liberador
de gonadotropinas (GnRH), de forma pulsátil, diretamente no suprimento sanguíneo da
hipófise, estimulando a liberação do FSH e do LH pela adenohipófise. Estes hormônios
se ligam aos seus receptores específicos nas células da granulosa e células da teca.
Durante o ciclo estral nas uníparas, muitos folículos se desenvolvem, mas somente um é
selecionado para maturar e ovocitar, no caso da vaca esta atividade de crescimento
folicular se dá em ondas de crescimento folicular (Santos, 1997). Os demais sofrem
atresia. Algumas espécies apresentam anestro estacional, como a égua e a ovelha, mas,
mesmo assim, apresentam crescimento e atresia folicular nesse período. Algumas éguas
desenvolvem múltiplos folículos proemientes e anovulatórios durante o anestro
estacional, que regridem espontaneamente e não são capazes de interferir na atividade
ovariana cíclica normal na estação de monta. Também o desenvolvimento de folículos
anovulatórios é normal em algumas espécies durante a gestação, sem comprometê-la.
Os folículos terciários jovens, ou seja, aqueles que iniciam a formação do antro,
expressam receptores para FSH, mas apresentam ausência completa ou poucos
receptores para LH (Eyestone & Ax, 1984). Por isso, sob ação do FSH, as células da
granulosa dos folículos em crescimento, têm capacidade de aromatizar os andrógenos
produzidos pelas células da teca interna, convertendo-os em estrógeno, pela ação da
enzima aromatase. O estrógeno, por sua vez, estimula a expressão de receptores de LH
nas células da teca interna. Além disso, o estrógeno estimula a liberação de GnRH pelo
hipotálamo e conseqüente liberação do LH pela adenohipófise. Portanto, a atividade
ovariana normal depende da integridade do chamado eixo hipotalâmico-
hipofisáriogonadal, sendo que qualquer desequilíbrio nesse eixo pode resultar no
desenvolvimento do cisto folicular.
16
Clinicamente, a freqüência de DOC em vacas leiteiras varia de 10 a 30%
(Eyestone & Ax, 1984; Yongquist, 1986). Contudo, a ocorrência real pode ser de até
60%, uma vez que vacas com cisto folicular no início do período pós-parto se
recuperam espontaneamente, com restabelecimento da função cíclica ovariana (Kesler
& Garverick, 1982; McEntee, 1990; Lopez-Diaz & Bosu, 1992). Cabe salientar que
70% dos casos de DOC se desenvolvem nos primeiros 45 dias pós-parto (Kesler &
Garverick, 1982). Durante os primeiros dias do período pós-parto, o eixo hipotalâmico-
hipofisário não responde satisfatoriamente ao estradiol e, por isso, há um bloqueio dos
ciclos ovarianos, sendo que a função normal do feedback positivo é restaurada em torno
de duas semanas pós-parto nas vacas leiteiras. O desenvolvimento da DOC pode ocorrer
antes ou após a primeira ovulação pós-parto e o restabelecimento dos ciclos ovarianos
pode se dar espontaneamente. (Kennedy & Miller, 1993).
1.3.2. Etiopatogenia.
A causa primária da DOC não está claramente estabelecida, o que se deve, pelo
menos em parte, à variabilidade dos componentes histológicos do cisto, aos vários
padrões hormonais anormais e às diferentes respostas terapêuticas. Os modelos
experimentais utilizados para o estudo da DOC têm sido úteis para determinação das
conseqüências desta alteração, mas não de sua etiologia (Lopez-Diaz & Bosu, 1992). O
que é consensual entre a maioria dos autores é que a DOC é resultado de desequilíbrio
neuroendócrino envolvendo o eixo hipotalâmico-hiposifário-gonadal, embora o
mecanismo pelo qual tal desequilíbrio se desenvolve não é conhecido (Kesler &
Garverich, 1982; Eyestone & Ax, 1984; Youngquist, 1986; Roberts, 1986; Nanda et al.,
1988; McEntee, 1990; Lopez-Diaz & Bosu 1992; Kennedy & Miller, 1993).
Não se sabe muito sobre o perfil de liberação do hormônio liberador de
gonadotrofinas (GnRH), devido as dificuldades técnicas para a dosagem deste
hormônio. A maioria dos pesquisadores assume que a secreção de LH seria um índice
indireto de liberação do GnRH. Embora, Clarke & Cumminins (1982, 1985)
demonstraram que nem todos os pulsos de GnRH foram seguidos por pulsos
subseqüentes de LH e que o aumento da freqüência de pulsos de GnRH levou à
diminuição na amplitude do pulso de LH. Portanto, a estimativa indireta da secreção de
GnRH com base nos pulsos de LH tem limitações óbvias que impedem conclusões
definitivas.
17
A ausência ou liberação anormal do LH pré-ovulatório aparentemente é a razão
da não ovulação do folículo maduro e conseqüente formação cística. Cook et al. (1991)
observaram que a concentração de GnRH no homogeneizado hipotalâmico
supraquiasmático foi significativamente menor nas vacas com DOC do que nas
normais, enquanto no homogeneizado da eminência média, a concentração de GnRH foi
mais elevada nas vacas afetadas. Aparentemente, estes resultados indicam que nas vacas
com DOC ocorre maior liberação de LH durante a fase folicular e ausência de liberação
pré-ovulatória de LH, o que é devido à diminuição de GnRH hipotalâmico próximo ao
momento da ovulação.
Excesso de FSH também foi inicialmente incriminado como possível causa de
DOC. Contudo, trabalhos mais recentes, em que foram estudadas vacas com DOC
induzida por esteróides, indicaram que a concentração sérica de FSH é semelhante em
vacas com DOC e vacas com ciclo estral normal (Cook et al, 1991). Embora, a liberação
de FSH após tratamento com GnRH foi menor em vacas com DOC do que em vacas
consideradas normais (Braun et al., 1988).
O estradiol produzido pelas células da granulosa, sob influência do FSH, é o
responsável pela maturação dos receptores de LH na teca interna e pela liberação da
onda pré-ovulatória de LH (Richards et al., 1976). Nos casos de DOC, ocorre
comprometimento do funcionamento normal do feedback do estradiol sobre o eixo
hipotalâmico-hipofisário-gonadal, o que pode envolver a atividade da inibina, hormônio
produzido pelos folículos em crescimento, que têm atividade inibitória sobre o
hipotálamo e hipófise (Kesler &Garverick, 1982; Eyestone & Ax, 1984; Silva &
Reeves,1988). Vacas com DOC apresentam aumento da taxa de inibina o que pode
alterar a secreção hipofisária de FSH, diminuindo os receptores de FSH e de LH e a
esteroidogênese (Roberge et al., 1993). Qualquer alteração na resposta hipotalâmica ao
feedback positivo dos estrógenos ou na resposta da hipófise ao GnRH acarreta liberação
anormal de LH e, conseqüentemente, pode provocar falha na ovulação e
desenvolvimento de DOC (Eyestone & Ax, 1984). Vacas com DOC também têm menor
concentração de receptores de esteróides no ovário (Vesanem, 1993). Recentemente,
tem sido proposto que concentrações intermediárias de progesterona poderia prevenir a
ovulação, induzindo a formação de cistos (Silvia et al., 2002).
Einspanier et al. (1993) estudaram o IGF1 e 2, a oxitocina, a progesterona, o
estradiol e a ubiquitina em vacas com cisto folicular luteinizado e no fluido folicular de
18
folículos normais. Este estudo demonstrou que a oxitocina e o estradiol aumentaram
consideravelmente no folículo pré-ovulatório e no cístico, e que a ubiquitina caiu
significativamente no cisto folicular, quando comparado com os folículos em
crescimento e pré-ovulatórios.
Um dos eventos determinantes do processo de atresia folicular é a ocorrência de
apoptose (ou morte celular programada) das células da granulosa. Ao contrário, no
folículo dominante, as células da granulosa se mantêm viáveis e são refratárias à
apoptose. Portanto, é possível que falha nos mecanismos mediadores da apoptose das
células da granulosa poderiam retardar o processo de atresia favorecendo o
desenvolvimento do cisto folicular. Recentemente foi observado que embora as células
da granulosa de cistos foliculares sofram apoptose da mesma forma que folículos
atrésicos, a apoptose das células da teca interna é diminuídos em folículos que originam
cistos foliculares, o que pode ser responsável pelo atraso da regressão folicular nestes
casos. A apoptose tardia destas células poderia explicar o fato da regressão espontânea
de cistos foliculares na vaca (Isobe & Yoshimura, 2000). Por outro lado, a proliferação
de células da granulosa e da teca também foi investigada. Células da granulosa e da teca
dos cistos tem menor taxa de proliferação quando comparadas a células de folículos
normais (Isobe & Yoshimura, 2000).
19
por Peter et al. (1990), que induziram cistos foliculares em novilhas, pela administração
intra-uterina de endotoxina de E. coli durante a fase folicular, o que induziu
concentrações elevadas de cortisol, prostaglandina F2α (PGF2α) e supressão da onda
pré-ovulatória de LH.
O estresse é fator limitante da eficiência reprodutiva nos animais domésticos
(Stoebel & Moberg, 1982; Minton & Blecha, 1990). Os hormônios liberados pela
adrenal podem atuar no hipotálamo, alterando a secreção de gonadotrofinas, uma vez
que o hormônio liberador de corticotropina (ACTH) e os glicocorticóides inibem a
secreção de GnRH (Morberg, 1987). Aparentemente o cortisol está envolvido na
patogênese da DOC, inibindo a liberação do GnRH hipotalâmico (Refsal et al., 1987).
Vacas com DOC apresentam hiper-função das células secretoras de ACTH e hipo-
função das células secretoras de LH na hipófise, o que reforça o papel importante do
estresse na patogênese deste processo (Busato et al., 1995). Além disso, a indução
experimental de DOC em vacas pela administração de ACTH esta associada à
diminuição da freqüência de pulsos de LH (Ribadu et al., 2000).
b) Produção de leite: Vacas leiteiras de alta produção são predispostas ao
desenvolvimento de DOC (Garm, 1949; Kesler &Garverich, 1982; Dohoo & Martim,
1984; Barlett et al., 1986). Vacas de alta produção, no início da lactação, são
estimuladas a atingir o pico de produção em torno de 60 dias pós-parto, tempo onde
estão mobilizando as reservas de gordura corporal e estão sob estresse metabólico e
balanço energético negativo, mesmo quando a nutrição é adequada, o que predispõe
estes animais a alterações endócrinas. Vacas supercondicionadas no período pré-parto
têm maiores probabilidades de desenvolver DOC no pós-parto (Gearhart et al., 1990).
c) Nutrição: Grunnert & Berchtold (1988) citam como fatores predisponentes a
DOC o fornecimento excessivo de concentrado, deficiência de minerais e vitaminas e
mudanças bruscas de alimentação. Vacas submetidas a elevado plano nutricional têm
maior incidência de DOC (Dowson, 1957). Aparentemente, deficiência de beta caroteno
predispõe a DOC, uma vez que vacas alimentadas somente com feno e concentrado,
sem forragem verde, apresentam maior incidência de DOC, o que está associado a
baixos níveis de beta caroteno (Inaba et al., 1986). Este achado pode explicar a
interação entre estação do ano e nutrição com ocorrência DOC (Lopez-Diaz & Bosu,
1992).
d) Hereditariedade: Certamente existem fatores hereditários que predispõem a
DOC. Bezerra (1981) estudou a incidência de DOC em um rebanho Gir no qual 60%
20
das vacas tinham cisto folicular e todas eram filhas de um único touro. Outros autores
também relataram a condição hereditária da DOC (Garm, 1949; Casida & Charpman,
1951; Dowson, 1957; Cole et al., 1986). Além disso, a predisposição genética a DOC
correlaciona-se com características de produção em gado leiteiro, de tal forma que a
seleção para melhoria da produção determina maior risco para o desenvolvimento de
DOC (Loeffler et al., 1999).
e) Idade e fase da lactação: Maior ocorrência de DOC é observada em vacas na
terceira lactação e durante os primeiros 60 dias pós-parto (Bosu & Peter, 1987; Refsal et
al., 1987; Nanda et al, 1988; McEntee, 1990; Kenedy & Muller, 1993).
f) Outros fatores: Retenção de placenta, hipocalcemia e ingestão de plantas
fitoestrogênicas são outros fatores importantes que predispõem a DOC (Correa et al.,
1990).
21
Fonte: VALE W. et al, 2005.
1.3.5. Aspectos anatomopatológicos.
22
1.3.6. Diagnóstico
23
1.4 – CISTO LUTEÍNICOS:
24
por ultra – sonografia.
Sintomas 4: Perfil Predomínio do estrógeno. Predomínio da
hormonal. progesterona.
Tratamento. Aplicação IM de GnRH; Aplicação IM de PGF2α;
hCG. hCG.
25
Outros exames subsidiários podem contribuir para o diagnóstico final e
diferencial, como o exame de peritonoscopia pelo flanco direito e determinação dos
teores de hormônios, no plasma sangüíneo (VALE W. et al 2005).
O exame dos ovários por palpação retal demonstra que os cistos luteínicos têm
forma arredondada, sendo a consistência menos flutuante e com maior tensão na
superfície da formação do que o cisto folicular (VALE W. et al 2005).
O prognóstico geralmente para os cistos luteínicos são bons, porque há grande
possibilidade de recuperação espontânea plena destes distúrbios ovarianos. As resposta
aos tratamentos instituídos são boas (VALE W. et al 2005).
Existem varias terapias possíveis de serem recomendadas para o tratamento dos
cistos luteínicos do ovário, todos eles com bons resultados, principalmente com a
aplicação de prostaglandina F – 2α (VALE W. et al, 2005).
26
A sintomatologia da degeneração microcística ovariana caracteriza-se,
principalmente, por um longo período da vaca em anestro constante, além de alterações
detectadas na palpação retal: lobulações na superfície dos ovários, conseqüentes as
projeções dos folículos terciários (VALE W. et al 2005).
O prognóstico da degeneração microcística ovariana é ruim, pois há o
envolvimento hereditário na etiologia desta patologia e também há uma impossibilidade
de recuperação dos animais afetados (VALE W. et al 2005).
O tratamento com a aplicação, IM de 5.000 UI de hCG e GnRH,
respectivamente, da degeneração microcística ovariana é muito duvidoso, por não ter
bons resultados. Não se deve recomendar nenhum tipo de tratamento para as vacas com
essa endocrinopatologia, pois trata – se de um distúrbio relacionado à
hereditariedade(VALE W. et al 2005).
27
1.7 – CISTO DO TUBO OVARIANO.
28
2. Produção in vitro de embriões (PIV)
2.1 – INTRODUÇÃO:
29
desenvolvimento embrionário precoce e de seus mecanismos de regulação (BAYARD
P. D. G.; FIGUEIREDO J. R.; FIGUEIRÊDO FREITAS V. J. 2002).
Existem limitações quanto a aplicação das técnicas de PIV, mesmo com um
grande número de trabalhos científicos e comerciais que ajudam a esclarecer duvidas de
profissionais da área, principalmente por pouco conhecimento de regulação dos
fenômenos fisiológicos, especialmente no âmbito molecular.
Além de estar associada a pesquisas cientificas, a PIV é utilizada em situações
especiais de infertilidade em animais e humanos com enfoques bastante diferenciados
(BAYARD P. D. G.; FIGUEIREDO J. R.; FIGUEIRÊDO FREITAS V. J. 2002). Na
produção animal, particularmente nos bovinos, a utilização da PIV ainda é limitada em
função da inconsistência dos resultados referentes as taxas e qualidade de mórulas e
blastócitos, do custo inicial para a construção da infra estrutura e do tempo consumido
para executar a rotina de produção de embriões que vai desde a punção (colheita ou
aspiração) folicular in vivo ate o desenvolvimento in vitro de embriões (BAYARD P. D.
G.; FIGUEIREDO J. R.; FIGUEIRÊDO FREITAS V. J. 2002).
30
2002). O tempo transcorrido entre a obtenção dos ovários e o inicio da colheita variam,
mas parece não afetar a viabilidade dos oócitos quando realizado no período de ate 3
horas (BAYARD P. D. G.; FIGUEIREDO J. R.; FIGUEIRÊDO FREITAS V. J. 2002).
No laboratório os ovários são lavados com nova solução salina, aquecida na mesma
temperatura de transporte e contendo antibiótico, 100 UI de penicilina e 50 µg de
estreptomicina/ml, (BAYARD P. D. G.; FIGUEIREDO J. R.; FIGUEIRÊDO FREITAS
V. J. 2002). Existem laboratórios que os ovários são desinfetados com álcool 70°GL.
Com agulha de calibre 18 G, os folículos, medindo 2 e 8 mm de diâmetro, são aspirados
com bomba de vácuo, ajustada para aspirar um volume de 10 ml de liquido por minuto,
pressão que não compromete a quantidade, qualidade e posterior viabilidade dos oócitos
(BAYARD P. D. G.; FIGUEIREDO J. R.; FIGUEIRÊDO FREITAS V. J. 2002).
31
para a PIV (BAYARD P. D. G.; FIGUEIREDO J. R.; FIGUEIRÊDO FREITAS V. J.
2002).
A diferença entre folículos dominantes e subordinados parece refletir sobre a
capacidade do oócito em progredir ate a clivagem e sustentar o desenvolvimento
embrionário. Oócitos aspirados de folículos um pouco antes do pico ovulatório do
hormônio luteinizante (LH) têm maior capacidade de desenvolvimento ate blastocisto
do que aqueles com diâmetro entre 2 e 6 mm (BAYARD P. D. G.; FIGUEIREDO J. R.;
FIGUEIRÊDO FREITAS V. J. 2002).
Provavelmente, a permanência do oócito no folículo desde a divergência
folicular ate a ovulação é importante para completar o fenômeno denominado de
capacitação do oócito. Os folículos entre 2 a 8 mm têm sido utilizados para maturação
in vitro em decorrência do número disponível no ovário e da dificuldade de determinar
os oócitos que estão capacitados antes da fecundação (BAYARD P. D. G.;
FIGUEIREDO J. R.; FIGUEIRÊDO FREITAS V. J. 2002).
O oócito pode ter o seu potencial de maturação, fecundação e capacidade de
desenvolvimento embrionário estimado pela aparência do CCO. Morfologicamente, os
oócitos com maior potencial de viabilidade devem apresentar ooplasma homogêneo
com granulações finas, de coloração marrom e completamente envolvidos por varias
camadas de células do cumulus dispostas de forma compacta. Entretanto, há grandes
variações quanto aos padrões morfológicos de qualidade de oócitos entre as espécies.
Oócitos viáveis de camundongo apresentam o ooplasma claro, quase sem granulação,
enquanto que em eqüinos, suínos e cães, observa – se ooplasma escuro e as granulações
podem apresentarem – se de forma heterogênea (BAYARD P. D. G.; FIGUEIREDO J.
R.; FIGUEIRÊDO FREITAS V. J. 2002).
Existem várias classificações morfológicas para selecionar os oócitos de bovinos
na tentativa de identificar os de maior viabilidade, há uma adaptação feita por
BAYARD P. D. G.; FIGUEIREDO J. R.; FIGUEIRÊDO FREITAS V. J. (2002) da
proposição de Leibfried & First (1979), classificação com escala de 1 a 4, considerando
características do cumulus (cobertura do oócito) e do citoplasma do oócito (ooplasma):
Qualidade 1: cumulus compacto presente, contendo mais de três camadas de
células. Ooplasma com granulações finas e homogêneas, preenchendo o interior da zona
pelúcida e de coloração marrom.
Qualidade 2: cumulus compacto parcialmente presente em volta do oócito ou
rodeando completamente o oócito, com menos de 3 camadas celulares. Ooplasma, com
32
granulações distribuídas heterogeneamente, podendo estar mais concentradas no centro
e mais claras na periferia ou condensadas em um só local aparentando uma mancha
escura. O ooplasma preenche o espaço do interior da zona pelúcida.
Qualidade 3: cumulus presente, mas expandido. Ooplasma contraído, com
espaço entre a membrana celular e a zona pelúcida, preenchendo irregularmente o
espaço perivitelino, degenerado, vacuolizado ou fragmentado.
Qualidade 4: oócito desnudo sem cumulus (“pelado”).
Em 1988 foi descrita pela primeira vez a técnica de punção folicular para a
colheita de oócitos bovinos, por via transvaginal, guiada por ultra–sonografia
(PIETERSE & KAPPEN, 1988).
Tanto para fins científicos, quantos comerciais, vários grupos vêm utilizando-se
de punção folicular ovariana in vivo guiada por ultra - som para obtenções de oócitos
viáveis.
Na multiplicação de fêmeas de elevado valor genético e zootécnico, essa
biotécnica pode atingir produção media de 25 produtos de uma única fêmea no período
de um ano, fato que supera significamente os índices de TE (BAYARD P. D. G.;
FIGUEIREDO J. R.; FIGUEIRÊDO FREITAS V. J. 2002). A punção folicular pode ser
realizada em duas seções semanais por alguns meses sem prejudicar o futuro
desempenho reprodutivo do animal (BAYARD P. D. G.; FIGUEIREDO J. R.;
FIGUEIRÊDO FREITAS V. J. 2002).
Essa biotécnica permite um índice de recuperação embrionário de,
aproximadamente, 60% dos folículos puncionados, obtendo – se, de cada vaca, a media
de 14 oócitos, 2 embriões e 1 gestação por semana (BAYARD P. D. G.; FIGUEIREDO
J. R.; FIGUEIRÊDO FREITAS V. J. 2002).
Para a realização da punção folicular utiliza – se uma sonda ultra – sonográfica,
via transvaginal, de maneira a obter imagem do ovário e dos folículos. Os oócitos são
aspirados pela punção dos folículos com uma agulha de lúmem simples conectada ao
tubo ou filtro de colheita por um tubo de teflon ou silicone. O sistema de punção pode
ser usado com agulha longa de lúmem duplo, sendo que, nesse caso, a lavagem do
folículo aspirado é realizada empregando a bomba de vácuo (BAYARD P. D. G.;
FIGUEIREDO J. R.; FIGUEIRÊDO FREITAS V. J. 2002).
33
Os oócitos são avaliados e submetidos à maturação, fecundação e cultivo
embrionário ate o estagio de blastocisto (7 a 9 dias após a inseminação in vitro), estágio
de desenvolvimento mais adequado para que os embriões sejam transferidos para as
receptoras ou submetidos à congelação (BAYARD P. D. G.; FIGUEIREDO J. R.;
FIGUEIRÊDO FREITAS V. J. 2002).
O emprego da punção folicular para PIV requer algumas exigências, como
equipe de trabalho altamente especializada, equipamentos de elevado custo e com
tempo necessário para o desenvolvimento da técnica, limitando sua ampla difusão para
trabalhos a campo. Fatores, como baixo índice de produção in vitro de embriões, baixa
qualidade e congelabilidade dessas estruturas decorrentes da PIV, anormalidades fetais
com conseqüentes problemas de distocia também têm colaborado para limitações de
uma maior utilização dessa biotécnica (BAYARD P. D. G.; FIGUEIREDO J. R.;
FIGUEIRÊDO FREITAS V. J. 2002).
Em alguns paises da Europa e Estados Unidos, existem centros de PIV para o
recebimento de oócitos de punção folicular de locais distantes. Esse tipo de
procedimento é uma ótima opção para distribuição de benefícios dessa tecnologia,
entretanto, o tempo restrito de transporte, durante o qual o oócito permanece viável
desde a punção folicular ate o local da PIV, tem se apresentado como outro fator
limitante de expansão de punção folicular ovariana (BAYARD P. D. G.; FIGUEIREDO
J. R.; FIGUEIRÊDO FREITAS V. J. 2002).
Atualmente é possível realizar o transporte dos oócitos por um período de
aproximadamente 10 a 12 horas, porém, o desenvolvimento de uma técnica viável de
preservação de oócitos imaturos, com todas as vantagens intrínsecas, permitirá maior
difusão dessa biotecnologia (BAYARD P. D. G.; FIGUEIREDO J. R.; FIGUEIRÊDO
FREITAS V. J. 2002).
Garrafas térmicas são utilizadas com reguladores de temperatura (espécie de
banho-maria) para proteger e aumentar o tempo de viabilidade dos oócitos puncionados,
proporcionando eficiência no transporte até a central para a realização da PIV. Dentro
da garrafa os oócitos vão separados em tubos marcados com o número do animal
puncionado e número de oócitos viáveis (qualidade 1 e 2). O meio de transporte
utilizado tem na sua composição soro, PBS, entre outros, sendo que a temperatura deve
ficar entre 38° a 40°C.
34
3. Podologia dos bovinos
3.1 – INTRODUÇÃO.
35
produção de leite em sistemas de confinamento permanente, quando não conduzidos
adequadamente, tendem a aumentar os problemas locomotores das vacas leiteiras, o
que de certa forma confirma a expressão "ser eficiente não significa ser grande"
(Thomas Fuhrmann) (NICOLETTI 2004).
Rebanhos maiores exigem dos profissionais maior ênfase à prática de medicina
veterinária preventiva em rebanho, respeitando-se, evidentemente, os casos individuais
(NICOLETTI 2004).
Segundo Nicoletti (2004) embora se considere de aproximadamente 7 a 10%
um número aceitável de vacas com claudicação em um rebanho/ano, verifica-se que
esse índice é superado em muito nas condições brasileiras, pois, assim como em
qualquer, outro país, a incidência de problemas locomotores varia de uma região para
outra, embora as perdas decorrentes em geral não sejam quantificadas pelos produtores.
Por outro lado, observa-se falta de padronização na terminologia que
caracteriza as diferentes doenças podais, o que pode causar divergência e muitas vezes
dificultar a comunicação entre os profissionais, ou seja, lesões semelhantes são
descritas empregando-se nomenclaturas diferentes, muitas das quais consagradas
regionalmente (NICOLETTI 2004).
No Brasil, esse expressivo problema ainda é tratado como algo sem importância
e pouca coisa se conhece sobre as diferentes afecções nos cascos, seus respectivos
tratamentos, bem como a melhor maneira de preveni – las e controlá – las (SOUZA
DIAS; MARQUEZ JR 1997).
36
entre a epiderme e a derme, estrato germinativo, responsável pelo crescimento do
casco, estrato córneo, ou seja, o estojo córneo de revestimento, o qual denominamos de
casco propriamente dito. O estrato córneo, por sua vez, é dividido em estrato externo,
estrato médio e estrato interno ou lamelar. O estrato lamelar da epiderme interdigita
com o estrato lamelar da derme.
Segundo Nicoletti (2004) a epiderme queratinizada tem sua origem na camada
germinativa, que recebe suprimento sanguíneo e conseqüentemente nutrição para a
divisão celular através do cório (corium) ou derme situada na borda coronária, uma
região, portanto, altamente vascularizada, ativa metabolicamente e rica em anastomoses
arteriovenosas. Existe uma íntima relação entre a camada germinativa e o cório, ou
seja, uma lesão em uma estrutura prejudica a outra.
O casco é composto de aminoácidos (metionina, histidina, lisina e arginina),
água, macro e microelementos minerais (cálcio, fósforo, cobre, zinco, enxofre, cobalto,
molibdênio) e pequena quantidade de gordura (NICOLETTI 2004).
A qualidade do casco resulta de uma associação de fatores ambientais e
estacionais (umidade, temperatura, sistemas de confinamento ou a pasto), nutrição e
genética (NICOLETTI 2004).
A taxa média de crescimento dos cascos nos bovinos é bastante variável em
função desses fatores, tendo uma média de crescimento de 5 a 6 mm/mês, com
variações entre 3 e 9 mm (NICOLETTI 2004).
Como o dígito lateral do membro posterior está submetido a forças
biomecânicas maiores que o dígito medial, ocorre nele um estímulo à camada
queratogênica para maior produção de tecido córneo, ou seja, há hipertrofia do corium
e hiperplasia da camada germinativa, e o resultado é que muitas vezes encontramos um
dígito lateral de dimensões maiores que o dígito medial (TOUSSAINT RAVEN, 1985).
Comprimento da parede dorsal do casco (linha a). Deve ser de
aproximadamente 7,5 cm, tomando-se como base a raça holandesa preta e branca. Não
existe um padrão definido dessa medida na maioria das raças tanto de leite quanto de
corte (NICOLETTI 2004).
37
Figura 3-1. Face dorsal do pé. Parede (a), Borda coronária (b), Parede axial (c),
Parede abaxial (d), Pinça (e). Comissura interdigital (f) (NICOLETTI 2004).
Região bulbar
Pré-bulbar
Subapical
Apical
Figura 3-2. Regiões da superfície solear dos dígitos. Sola (a), linha branca (b),
Bulbos do talão (c e c'), Talão (d), Sulco axial (e) (NICOLETTI 2004).
Altura do talão (linha b). A altura ideal aproximada deve ser entre 3,5 e 3,8 cm,
com variações de 2,4 até 4,4 cm (NICOLETTI 2004).
Ângulo dorsal do casco (linha c). Esse ângulo é bastante variável entre as
diferentes raças de leite e corte, e mesmo entre indivíduos de uma mesma raça, com
valores médios em tomo de 50° nos dígitos anteriores e 45° nos dígitos posteriores
(NICOLETTI 2004).
38
Figura 3-3. Parede abaxial do dígito vista lateralmente. As mensurações podem ser
utilizadas para análise objetiva da conformação digital (NICOLETTI 2004).
Comprimento diagonal do casco (linha d). Altura da pinça (linha e). A relação
pinça/talão, ou seja, a altura da pinça (linha e) e a altura do talão (linha b), deve manter
uma proporção aproximadamente de 2:1 (NICOLETTI 2004).
Segundo Nicoletti (2004) na prática, o critério de seleção quanto à qualidade dos
cascos é feito subjetivamente pelo exame visual.
O tamanho do dígito pode ser utilizado como critério objetivo de seleção, porém
as mensurações, no caso de fêmeas, devem ser obtidas antes ou logo após o primeiro
39
parto, porque a forma do dígito pode se modificar com o avanço da idade do animal ou
como resultado de doenças, como, por exemplo, a laminite. Por outro lado, a seleção de
touros baseada em mensurações dos cascos aumenta a longevidade de suas filhas e
reduz a prevalência de distúrbios digitais (NICOLETTI 2004).
Entretanto, a falta de dados sobre os valores médios padrões dessas medidas na
maioria das raças bovinas torna difícil a sua utilização, como critério de seleção
(NICOLETTI 2004).
40
fundamental observar os princípios epidemiológicos básicos necessários para a
implantação de um programa de prevenção e a identificação dos fatores de risco ou
predisponentes mais comumente envolvidos nas doenças do aparelho locomotor, em
particular das vacas leiteiras (NICOLETTI 2004).
3.3.1 - Genéticos:
41
ou satisfatório o espaço entre os dígitos que permite a inserção do dedo indicador. De
modo contrário, quando existe um afastamento muito grande dos dígitos, muita tensão
é colocada nos ligamentos cruzados situados entre as falanges, além de expor a região
interdigital a ferimentos traumáticos.
Com relação à conformação dos membros, uma condição hereditária
caracterizada por jarrete muito reto, ou seja, próximo ou acima de 175°, predispõe os
animais a artrites, tanto no tarso e joelho quanto na articulação coxofemoral. A
angulação ideal da articulação tarsiana em novilhas holandesas gira em torno de 165°.
Em touros deve ser igual ou inferior a 170° (NICOLETTI 2004).
Ângulo do casco abaixo de 45° e jarretes fechados foram associados com
aumento do índice de claudicação, sendo as vacas pesadas mais predispostas a
desenvolverem problemas locomotores (NICOLETTI 2004).
A pigmentação do casco é também uma característica racial e, embora não
exista comprovação científica, diversos autores relatam que os cascos claros ou não
pigmentados têm menor resistência que os cascos escuros ou pigmentados, e seriam,
portanto, mais suscetíveis a lesões (NICOLETTI 2004).
42
Esses problemas são agravados quando as vacas permanecem a maior parte do
tempo em pé, quando os currais de confinamento não dispõem de local confortável
(tamanho dos cubículos e qualidade da cama) para os animais deitarem (NICOLETTI
2004).
Considera-se que as vacas estão em condições confortáveis nos confinamentos
quando 50 a 60% delas estão deitadas e ruminando entre 2 e 4 horas, após a
alimentação. As vacas leiteiras necessitam deitar entre 12 e 14 horas/dia (NICOLETTI
2004).
As más condições de higiene e superlotação dos currais favorecem a instalação
de infecções podais específicas, como Flegmão Interdigital (Footrot), Dermatite
Interdigital e Dermatite Digital Papilomatosa (NICOLETTI 2004). Além disso, doenças
infecto-contagiosas sistêmicas, principalmente virais, como a febre aftosa, devem ser
investigadas em casos de surtos agudos de claudicação em bovinos (NICOLETTI 2004).
3.3.3 – Nutrição.
43
da matéria seca das rações para vacas em lactação e o nível de concentrado não deve
exceder 60% (normalmente são fornecidas quantidades bem superiores, podendo ul-
trapassar 85%).
A inadequada adaptação ruminal à mudança da ração de manutenção para
produção se deve a dois importantes componentes das condições ruminais: a população
microbiana, que converte os hidratos de carbono em ácidos graxos voláteis (a
adaptação da flora ruminal demora cerca de 2 semanas), e as papilas ruminais, que
transportam os ácidos graxos voláteis produzidos pelas bactérias para o sangue (o
alongamento das papilas demora 6 a 8 semanas) (NICOLETTI 2004).
Em relação aos microelementos minerais, destacamos o cobre e o zinco, que,
além de atuarem como componentes essenciais de vários sistemas enzimáticos, são
elementos fundamentais na síntese de queratina para produção e manutenção da
integridade dos cascos (NICOLETTI 2004).
Os níveis de cobre podem variar em função das estações do ano, de um ano para
outro ou mesmo de um pasto para outro, numa mesma fazenda. Sabe – se que a
disponibilidade e a utilização do cobre são reduzidas diante de excesso de molibdênio,
ferro ou sulfato (NICOLETTI 2004).
O estresse e as infecções podais reduzem a quantidade de zinco nos tecidos,
como acontece com o cobre. Além disso, altos níveis de cobre e ferro antagonizam a
absorção de zinco e altos níveis de cálcio na dieta aumentam a demanda por zinco
(NICOLETTI 2004).
Segundo Nicoletti (2004) a suplementação com os compostos zinco-metionina
(5 g/animal/dia) e zinco-lisina, bem como o sulfato de zinco (5 g/animal/dia), reduz a
prevalência e severidade das doenças digitais nos bovinos.
As vitaminas A, E e biotina, além de outros elementos como enxofre,
cobalto,molibdênio, manganês e selênio, também devem fazer parte da composição dos
suplementos utilizados para uma boa qualidade dos cascos (NICOLETTI 2004).
Segundo Nicoletti (2004), a suplementação com 10 g de biotina/animal/dia
previne a ocorrência de rachaduras no casco, além de diminuir o índice de c1audicação
em novilhas após o seu primeiro parto.
Segundo Nicoletti (2004) quanto maior a idade e mais lactações, maior o risco
44
de as vacas desenvolverem lesões podais. Por exemplo, uma vaca de 10 anos tem
quatro vezes mais risco de desenvolver problema loco motor que uma de 3 anos.
Estresse do parto, confronto de novilhas recém-paridas com vacas dominadoras
nos confinamentos e mudança brusca na alimentação são fatores importantes. A maior
prevalência de problemas ocorre nos primeiros 2 a 3 meses pós-parto. Além disso,
novilhas parindo muito cedo também fazem parte do grupo de risco (NICOLETTI
2004).
O tamanho do rebanho (quanto maior a concentração de animais/área física,
maior o risco) e a experiência do proprietário, administrador e funcionários no manejo
com os animais são fatores que também devem ser considerados (NICOLETTI 2004).
O diagnóstico das causas específicas de claudicação em vacas leiteiras implica
a investigação dos fatores de risco descritos, observando-se principalmente as seguintes
etapas (BARGAI, 2000):
1º Etapa: Exame dos cascos de todas as vacas que estão mancando;
2º Etapa: Exame dos pés de uma amostra representativa de animais do rebanho
(5 a 10%) que não estão mancando. Essa amostra é constituída de novilhas de
primeira parição (entre 1 e 2 meses pós-parto), vacas adultas (entre 1 e 2 meses
pós-parto) e vacas adultas paridas (entre 4 e 8 meses);
3º Etapa: Exame das condições ambientais, como qualidade do piso dos
confinamentos, sala de ordenha, corredores e passagens, cama dos cubículos e
outros locais de concentração de animais (cochos e bebedouros);
4º Etapa: Exame dos alimentos, como silagem, ração total misturada, feno ou
silagem de feno, concentrado comercial ou preparado e misturado na fazenda,
suplementos minerais etc.
45
Figura 3.6 – Confinamento em sistema "tie-stall". Observar a posição dos
membros posteriores (seta), com os talões apoiados no limite da canaleta de coleta de
dejetos causando grande instabilidade no equilíbrio e desconforto ao animal
(NICOLETTI 2004).
Figura 3.7 – A permanente umidade dos pisos nos currais, associados à estações
climáticas criticas, favorece a um amolecimento os cascos e macera a pele interdigital,
enfraquecendo a barreira natural desses tecidos e criando condições favoráveis para os
agentes infecciosos presentes no ambiente e que têm afinidade com a região dos cascos
(NICOLETTI 2004).
46
3.4 – DERMATITE DIGITAL PAPILOMATOSA.
47
doença ou apenas oportunista, embora, pelo fato de que as lesões freqüentemente
involuem ou desaparecem com o uso de antibióticos, façam crer na primeira
possibilidade (NICOLETTI 2004).
Os fatores de risco para a Dermatite Digital Papilomatosa são:
• Introdução de animais infectados no rebanho (o principal fator de risco);
• Tamanho do rebanho (quanto maior a concentração de animais/área, maior o
risco);
• Más condições higiênicas do estábulo (excessiva umidade, barro e fezes);
• Transmissão direta por casqueadores provenientes de fazendas contaminadas;
• Presença da Dermatite Interdigital (causada por Dichelobacter nodosus +
Fusobacterium necrophorum) em alta incidência no rebanho. Esse tipo de
pododermatite tem sido considerado uma importante causa predisponente ao
desenvolvimento da Dermatite Digital. Como já foi citado, existe uma
provável associação e similaridades entre essas duas formas de dermatite, bem
como já foram isoladas Spirochaetas morfo e antigenicamente idênticas em
ambas. Algumas vezes, dependendo da fase de evolução das duas doenças, as
lesões se confundem.
3.4.1. Diagnóstico.
3.4.2. Tratamento.
48
Para se instituir o tratamento dos animais acometidos e estabelecer medidas de
controle da doença, é necessário inicialmente determinar a magnitude do problema na
fazenda. Se for confirmada a presença da doença no rebanho, pode-se deparar com:
• Fazenda com baixo número de animais afetados (< 10%) e com pouca
repercussão econômica, o que é uma situação incomum;
• Fazenda convivendo cronicamente com o problema e a doença encontra
se controlada e a produção, estabilizada;
• Fazenda com surto explosivo e alta incidência de lesões, com muitos
animais mancando e queda de produção.
É importante a limpeza dos pés antes da medicação, o que pode ser feito em
pedilúvios, lava-pés ou bomba lava-jato. Logo após a medicação, os animais devem
permanecer em local limpo e seco (NICOLETTI 2004).
Em caso de surto e com número elevado de animais afetados, o uso de
pedilúvios pode ser feito na diluição de 8 a 10 g de Cloridrato de Oxitetraciclina
pó/litro de água, obedecendo a uma das seguintes opções de esquemas:
49
• passagem diária dos animais durante 5 dias consecutivos; interromper por 2 dias
e repetir na semana seguinte.
• passagem dos animais 2 vezes/dia na primeira semana, 2 vezes/scmana na
segunda e terceira semanas e 1 vez/semana na quarta semana.
O pedilúvio com antibiótico para o tratamento da Dermatite Digital, é bastante
caro e ineficiente, quando realizado tardiamente ou devido a inativação do produto com
material orgânico. Os melhores resultados são obtidos nas fases iniciais ou
intermediárias de evolução da doença, quando se trata de rebanho pequeno, e os pés dos
animais podem ser lavados antes do tratamento (NICOLETTI 2004).
Com tudo, mal manejado, o pedilúvio pode contribuir para aumentar a
disseminação da Dermatite Digital no rebanho (NICOLETTI 2004).
Lesões crônicas e intensamente proliferativas não respondem ao tratamento
tópico, podendo ser excisadas cirurgicamente, requerendo, entretanto, cuidados pós-
operatórios (NICOLETTI 2004).
Pode-se proceder ao uso parenteral de antibiótico em casos refratários e quando
existe intensa claudicação: Oxitetraciclina longa ação (10 a 20 mg/ kg), Penicilina G
Procaína.(22.000 UI/kg 2 vezes/dia/3 dias) ou Ceftiofur Sódico (2 mg/kg/dia/3 dias)
(NICOLETTI 2004).
O uso de produtos não antibióticos como sulfato de cobre (10% ), sulfato de
zinco (20%), formalina (3% a 5%), (sulfato de cobre 2% + formalina 3%),
tradicionalmente utilizado em pedilúvios para controle de outras afecções podais, têm
sido empregados no tratamento da Dermatite Digital com resultados variáveis. O
pedilúvio com sulfato de cobre pode contribuir, no controle da Dermatite Interdigital
(NICOLETTI 2004).
Uma característica da Dermatite Digital Papilomatosa é a alta taxa de
recorrência, que chega a atingir 50%, sugerindo que a infecção natural não confere
imunidade ao animal, o que pode dificultar o desenvolvimento de uma vacina eficiente;
além disso, o agente causal, ou eventual associação de agentes, ainda não está
completamente esclarecido (NICOLETTI 2004).
50
• Aplicar quarentena em animais a serem introduzidos no rebanho;
• Isolar os animais acometidos;
• Melhorar as condições higiênicas do estábulo;
• Examinar regularmente os pés dos animais.
É importante lembrar que os materiais utilizados para casqueamento podem ser
uma via de contaminação.
51
Figura 3.11. Dermatite Digital. Lesão proliferativa ou granulomatosa. Nesta
fase, o tratamento passa a ser cirúrgico, porém a ferida requer cuidados pós-
operatórios (NICOLETTI 2004).
52
Tem prevalência elevada em locais de alta concentração de animais onde as
condições ambientais de excessiva umidade, calor, acúmulo de urina c fezes
enfraquecem a pele interdigital e favorecem a penetração da bactéria na camada
epidérmica, muitas vezes em sinergismo com Fusobacterium necrophorum
(NICOLETTI 2004).
Em geral, não causa claudicação e encontra-se intensamente difundida nos
rebanhos leiteiros em sistema intensivo de produção (NICOLETTI 2004).
Considerando-se que os rebanhos que têm alta incidência de Dermatitc
Interdigital têm também alta incidência de Dermatite Digital, assim como o isolamento
de bactérias comuns em ambas, especula-se a possibilidade de tratarse de uma mesma
doença em fases distintas de evolução (NICOLETTI 2004).
Na fase inicial da doença (estágio I), a lesão da pele na região interdigital
apresenta-se como uma inflamação e ulceração na epiderme, cuja evolução leva a uma
destruição progressiva na produção de queratina no nível do bulbo do casco
(NICOLETTI 2004).
Segundo Nicoletti (2004) nos casos avançados, a infecção bacteriana secundária
invade os talões, onde causa erosões, rachaduras ou fissuras (estágio II). Além disso, na
fase crônica a hiperqueratose pode tomar as lesões semelhantes àquelas que ocorrem na
Dermatite Digital.
O tratamento consiste no uso tópico de sulfa em pó (sulfametazina) + sulfato de
cobre em partes iguais. Pode também ser usado o Cloridrato de Oxitetraciclina pó
(NICOLETTI 2004).
Pedilúvios regulares com sulfato de cobre 10% ajudam a controlar a infecção
quando na fase inicial da doença, antes que ocorram complicações secundárias, como
as erosões dos talões. Antibiótico sistêmico tem pouco efeito (NICOLETTI 2004).
Como os microrganismos que causam a Dermatite Interdigital permanecem nas
fissuras e erosões que acometem os talões, é indispensável a toalete local para remoção
dos tecidos degenerados dessas áreas, a fim de que as soluções dos pedilúvios possam
agir sobre os tecidos afetados (NICOLETTI 2004).
53
Figura 3.14. Dermatite Interdigital (NICOLETTI 2004).
54
Consiste no casqueamento com remoção dos tecidos córneos comprometidos do
talão e aplicação local de adstringente - sulfato de cobre + sulfa em pó, na proporção de
1:1. Quando as lesões erosivas no talão são muito extensas e estão associadas à
Dermatite Digital ou Dermatite Interdigital, deve se usar antibiótico topicamente
aplicar Cloridrato de Oxitetraciclina pó e colocar bandagem (NICOLETTI 2004).
Segundo Nicoletti (2004) a doença pode ser controlada adotando-se medidas
higiênicas de limpeza dos currais; casqueamento regular; pedilúvio semanal com
formalina 3% a 5% ou sulfato de cobre 10%; polvilhamento de cal nos cubículos. O
tamanho dos cubículos deve ser compatível com o porte dos animais.
A permanência dos animais por tempo mais prolongado nos pastos auxilia na
recuperação dos talões (NICOLETTI 2004).
Individualmente, as vacas que apresentam talão baixo e pinça longa têm maior
predisposição a desenvolver Erosão dos Talões (NICOLETTI 2004).
A Erosão dos Talões com freqüência encontra-se associada a Dermatite Digital e
Interdigital (NICOLETTI 2004).
55
Figuras 3.15–Erosões dos talões (NICOLETTI 2004).
56
sendo estes mais freqüentes, afetando um ou mais membros, podendo ocorrer em caso
esporádico ou em vários animais ao mesmo tempo (NICOLETTI 2004).
Os sinais agudos iniciais presentes nas primeiras 12 horas são dores, eritemas,
calores e tumefação da pele interdigital (causando afastamento ou separação das
pinças), bulbo do casco e borda coronária (NICOLETTI 2004).
Após 24 a 36 horas, a infecção se torna mais profunda, podendo se estender até
o boleto, intensificando a dor e a c1audicação, com o animal evitando o apoio no solo.
O animal levanta o pé e sacode-o como querendo se livrar de alguma coisa contida
entre os seus dígitos. Pode haver alterações sistêmicas, como elevação da temperatura
corporal, anorexia e queda brusca da produção (NICOLETTI 2004).
Após 48 a 72 horas, com a evolução do processo, aparecem fissuras e extensas
áreas de necrose na pele interdigital, que podem se estender por todo o espaço
interdigital, com presença de exsudato fétido, característico na lesão (NICOLETTI
2004).
O quadro se complica quando a infecção atinge as estruturas profundas do
dígito, como a articulação interfalangeana distal, causando artrite supurativa (a
principal seqüela) ou abscesso retroarticular, o sesamóide distal e a bainha do tendão
flexor digital profundo, produzindo tenossinovite séptica, além de deformação e
destruição do estojo córneo, com exposição e necrose da pododerme. A presença
constante de miíase provoca destruição adicional dos tecidos e caracteriza a
Pododermatite Necrótica Crônica (NICOLETTI 2004).
3.7.1. Tratamento.
57
+ Trimetoprim IV ou IM - 25 a 44 mg/kg 2 vezes/dia. O tratamento deve se prolongar
por 2 ou 3 dias após a remissão dos sintomas (NICOLETTI 2004).
Quando não há uma resposta satisfatória ao tratamento, reavaliar investigar
possíveis complicações nas estruturas profundas do dígito, principalmente infecção da
articulação podal. Existe na Inglaterra e EUA uma forma mais grave de Flegmão
Interdigital denominada "Super Foul" ou "Super Footrot", que não responde ao
tratamento convencional (NICOLETTI 2004).
Nos casos avançados, devem ser feitas a limpeza do pé e a remoção de todo o
tecido necrosado da região interdigital ou eventual proliferação de tecido, seguidas da
aplicação tópica de adstringente - sulfato de cobre + sulfa pó em partes iguais ou
sulfato de cobre (1 parte) + ácido bórico (2 partes) + Butoflin (2 partes) ou anti-séptico
(Furacin) - sob penso protetor, e os curativos devem ser renovados freqüentemente. A
bandagem, quando aplicada, não deve ser constritiva, pois pode aumentar o risco de a
infecção disseminar-se e atingir a articulação interfalangeana distal (NICOLETTI
2004).
Quando o Flegmão Interdigital é acompanhado de complicações como infecção
da articulação interfalangeana distal, abscesso retroarticular, tenossinovite do flexor
digital profundo ou osteíte da falange distal, geralmente associada a infecção
secundária por outras bactérias, como Actinomyces pyogenes, Escherichia coli e
Staphylococcus sp, indica-se a drenagem do foco infeccioso ou amputação do dígito
comprometido. Abscesso retroarticular pode, às vezes, supurar espontaneamente
próximo à borda coronária. Quando a infecção atingir a articulação metacarpo ou
metatarsofalangeana, o prognóstico se torna bastante ruim. A principal seqüela do
Flegmão Interdigital é a Artrite Interfalangeana Distal Séptica (NICOLETTI 2004).
58
• Sulfato de cobre (1 parte) + cal (20 partes);
• 5 litros de formalina + 10 kg de sulfato de cobre + 2 litros de creolina em 100
litros de água.
Segundo Nicoletti (2004) a formalina utilizada em lesões abertas da pele pode
causar lesões adicionais nos tecidos moles, principalmente em concentrações
acima de 5% ou se for usada por tempo prolongado. O uso de aditivos (sulfato
de cobre) com antibióticos (Aureomicina ou Clortetracic1ina) e iodo no sal
como medida preventiva é contraditório.
Figuras 3.16 – Flegmão interdigital vista palmar (esquerda) e vista dorsal (direita)
(NICOLETTI 2004).
Segundo Nicoletti (2004) essa infecção articular pode ter origem exógena, como
úlcera de sola, abscesso subsolear, infecção interdigital, Doença da Linha Branca e
rachadura na parede do casco, ou origem endógena, como mastite, metrite, endocardite,
enterite, abscesso hepático ou pneumonia.
Os agentes bacterianos mais freqüentemente isolados são Actinomyces
pyogenes, Escherichia coli, Staphylococcus sp, Salmonella sp, Mycoplasma,
Fusobacterium necrophorum (NICOLETTI 2004).
Os sinais clínicos iniciais são de manqueira intensa e o animal evita apoiar o
membro ou permanece deitado. O teste de flexão digital exacerba a dor. Na fase aguda,
observa-se localmente aumento de volume sensível e quente na região coronária,
quartela e bulbo do casco do dígito correspondente (NICOLETTI 2004).
59
Com a progressão da doença podem ocorrer drenagem espontânea de material
purulento através de uma fístula na borda coronária (Figura 7-2) ou interdigital e o
surgimento de sinais de complicações secundárias, como infecção e ruptura do tendão
flexor digital profundo (caracterizado por desvio dorsal da pinça quando o animal
apóia o membro), osteíte e periostite das falanges distal e média ou ainda fratura ou
luxação patológica desses ossos. Freqüentemente encontramos a Artrite Podal Séptica
associada ao Flegmão Interdigital (NICOLETTI 2004).
Para a confirmação diagnóstica, é fundamental o exame radiográfico da
articulação interfalangeana distal em posição dorsopalmar/plantar (NICOLETTI
2004).
Os sinais radiográficos freqüentemente encontrados na Artrite Interfalangeana
Distal Séptica são osteólise e osteoperiostite, com maior afastamento entre as
superfícies articulares das falanges média e distal e irregularidades na superfície óssea
articular com proliferação óssea subcondral, osteófitos periarticulares e entesiófitos
(NICOLETTI 2004).
Em geral, as alterações radiográficas tornam-se evidentes a partir de 10 a 15
dias do início da infecção(NICOLETTI 2004).
3.8.1. Tratamento.
60
região digital e em doses menores das que seriam normalmente necessárias via
sistêmica. Pode-se usar de 5 a 10 milhões UI de Penicilina cristalina sódica ou
potássica na veia digital dorsal ou abaxial palmar/plantar, repetindo-se uma ou duas
vezes com intervalo de 24 horas. A Tetraciclina (500mg a 1 g), assim como outros
antibióticos que tenham indicação para uso intravenoso, também pode ser utilizada,
desde que não tenha veículo oleoso (NICOLETTI 2004).
Associar antiinflamatórios não esteróides como Fenilbutazona (4,4 a 9 mg/kg
cada 2 dias), Flunixin Meglumine (0,5 a 1,0 mg/kg 2 a 3 vezes/dia). Ácido
Acetilsalisílico (15 a 100 mg/kg). Irrigar eventual trajeto fistuloso com soluções anti-
sépticas (Iodopovidine) (NICOLETTI 2004).
Uma vez que o tratamento médico apresenta resultado muitas vezes
insatisfatório, devem ser consideradas as opções cirúrgicas, quais sejam: drenagem
articular e estímulo à artrodese ou amputação radical do dígito, sendo que estas opções
dependem do valor econômico do animal (NICOLETTI 2004).
O abate imediato ou aguardar evolução natural da osteoartrite para anquilose,
"esperar para ver", requer tempo prolongado para uma eventual recuperação e há risco
de infecção generalizada, seriam as alternativas mais simples (NICOLETTI 2004).
Rachadura no
Estrato cómeo.
61
Tabela 3-1. Parâmetros a serem considerados na decisão entre a amputação radical e a
preservação do dígito (NICOLETTI 2004).
62
Figura 3.19 – Proliferação óssea articular e periarticular (seta branca) e início de
anquilose (seta preta). Observa-se entesiófito projetando-se na face axial da falange
proximal do dígito não comprometido (seta preta à direita) (NICOLETTI 2004).
63
60% da matéria seca), farelo de soja, algodão, especialmente em animais não adaptados
à ração, a mudança brusca da ração de manutenção para ração de produção e a falta de
adaptação das novilhas recém-paridas à ração de produção podem levar a uma queda
brusca no pH ruminal, e esse estado de acidose ruminal resulta em alteração da
microflora ruminal, com lise de bactérias gram-negativas e proliferação de bactérias
gram-positivas produtoras de ácido láctico. Os grãos contêm mais açúcares e amido
que as forragens e são altamente fermentáveis no rúmen (NICOLETTI 2004).
A população microbiana do rúmen converte os hidratos de carbono em AGV
(10 a 14 dias necessários para adaptação), enquanto as papilas ruminais absorvem e
transportam os AGV produzidos pelas bactérias para o sangue (6 a 8 semanas para as
papilas ruminais se alongarem a fim de aumentar a superfície de absorção)
(NICOLETTI 2004).
2. O processamento dos grãos que compõem a ração, ou seja, grãos muito
moídos, e o pequeno tamanho das partículas da fibra bruta vegetal (tamanho de corte da
silagem menor que 2,5 cm) reduzem a ruminação e, em conseqüência, a produção de
saliva, que é um importante tamponante do conteúdo ruminal (NICOLETTI 2004).
3. Baixo fornecimento de alimento volumoso e de qualidade em relação ao
concentrado ( aumenta o concentrado e diminui o volumoso) (NICOLETTI 2004).
4. Presença de micotoxinas na ração (NICOLETTI 2004).
64
tamponantes fornecidos na ração (NICOLETTI 2004).
As conseqüências da acidose ruminal aguda podem ser anorexia, atonia
ruminal, abscesso hepático, deslocamento do abomaso e, nos casos mais graves,
morte do animal por acidemia (NICOLETTI 2004).
Quando tem evolução crônica e persistente, a conseqüência da acidose ruminal é
a Laminite Subc1ínica, devida a produção e absorção de toxinas bacterianas e outras
substâncias vasoativas que, agindo na microcirculação podal, causam isquemia nas
lâminas dérmicas dos dígitos (NICOLETTI 2004).
65
bicarbonato de sódio no início da lactação, pode reduzir o risco de acidose
ruminal. A dose recomendada é de 0,75 a 1 % da RTM, podendo esse valor ser
dobrado em vacas submetidas a estresse térmico.
3.9.4 – Etiopatogenia.
66
Principal fonte de nutrientes
Em condições de:
67
3.9.5 – Relação entre Acidose Ruminal e Laminite.
DEGENERAÇÃO LAMINAR
68
Dependendo do grau de acidose ruminal, complicações sistêmicas associadas,
como anorexia, parada da ruminação, deslocamento do abomaso, abscesso hepático e
acidemia, podem resultar na morte do animal (NICOLETTI 2004).
69
3.9.9 – Formas de apresentação clínica da Laminite Bovina
70
ano por causas que não sejam Flegmão Interdigital ou Dermatite Digital
Papilomatosa;
• Mais de 50% de todos os casos de c1audicação ocorrem nos primeiros 60
dias pós-parto;
• Mais de 5% das vacas apresentam Úlcera de Sola;
• Mais de 25% das vacas em lactação têm hemorragia de sola;
• Ocorre no rebanho alta prevalência de Erosão dos Talões/sola dupla/
rachaduras no estojo córneo.
Se for confirmada a presença de Laminite Subc1ínica no rebanho, investigar os
fatores de risco (NICOLETTI 2004).
3.9.10 – Tratamento.
71
3.10 – SOLA DUPLA.
72
Além dos casos individuais e esporádicos de origem traumática, bem como os
casos originados de Laminite Subclínica e Crônica, as rachaduras podem ser também
ocasionadas por fatores ambientais que resultam na desidratação do casco, como
acontece em condições de clima seco e solo arenoso (NICOLETTI 2004).
Fatores nutricionais relacionados à deficiência de proteínas, vitaminas biotina,
A, D, E e/ou desequilíbrios de macro e microelementos como cálcio, fósforo, zinco,
cobre, enxofre, selênio e molibdênio devem também ser considerados quando existem
muitos animais acometidos por rachaduras de casco (NICOLETTI 2004).
A suplementação com biotina, vitamina que atua provavelmente na biossíntese
protéica das células epidérmicas, tem sido estudada mais intensamente nas espécies
suína e eqüina (NICOLETTI 2004).
Em bovinos, a demanda pela biotina aumenta durante os períodos de estresse e
níveis mais baixos de biotina são encontrados em animais que estão mancando em
relação às vacas normais (NICOLETTI 2004).
A adição de biotina na ração auxilia na produção de cascos normais, porém os
resultados são de longo prazo (a partir de 6 meses) e mais significativos em animais que
tiveram períodos de deficiências alimentares (NICOLETTI 2004).
Em pastagens onde ocorrem muitos casos de vacas com rachaduras de cascos,
muitas vezes são encontrados níveis baixos de cobre ou zinco e/ou níveis altos de ferro
ou sulfato (na água) (NICOLETTI 2004).
Avaliar dados de disponibilidade de microelementos nas pastagens, bem como
verificar a relação do problema com adubação e fertilização das pastagens ou de
lavouras que precederam a formação dos pastos (NICOLETTI 2004).
Qualquer alteração na composição da mistura mineral deve ser baseada em
análise das fontes de alimentos e elementos minerais disponíveis (NICOLETTI 2004).
Figura 3.20 – Sola dupla. Existe uma sobreposição da sola antiga (seta preta) à
sola nova (seta branca) (NICOLETTI 2004).
73
Figura 3.21 – Múltiplos focos de hemorragia de sola (NICOLETTI 2004).
Figura 3.22 – Vaca com Laminite Crônica. Dorso arqueado e hiperemia da pele
na região coronária (NICOLETTI 2004).
3.13.1. Etiopatogenia.
Uma das possibilidades mais aceitas é que a Úlcera de Sola está associada à
Laminite Subc1ínica, ou seja, a degeneração da pododerme solear ou corium da sola
74
(tecido vascularizado que produz a sola córnea) favorece o aparecimento da lesão
(NICOLETTI 2004).
Essa situação é exacerbada pela permanência prolongada do animal em piso de
concreto úmido e áspero nos confinamentos (NICOLETTI 2004).
O fato de a lesão ter localização específica, ou seja, na junção da sola com o
bulbo do casco, deslocada em direção à margem axial e comumente nos dígitos laterais
dos membros posteriores, indica que fatores biomecânicos também influenciam o
aparecimento da lesão, especialmente nos animais mais pesados. Assim sendo, nem
todos os casos de Úlcera de Sola estão relacionados à Laminite (NICOLETTI 2004).
Por outro lado, vacas que têm sola plana, causada por erro de casqueamento ou
desgaste pelo piso de concreto, são mais suscetíveis a lesões circulatórias caracterizadas
por hemorragia subsolear naquela região (NICOLETTI 2004).
Do ponto de vista clínico, há três formas de lesões, segundo Brizzi et ai. (1998):
• A lesão é encontrada durante o casqueamento de rotina e aparação da sola,
manifestando-se como uma lesão hemorrágica caracterizada pela presença de
uma mancha vermelho-escura na sola, porém ainda coberta de tecido córneo,
lesão esta denominada Pododermatite Circunscrita Hemorrágica ou Hemorragia
de Sola;
• A sola está ulcerada, caracterizando a Pododermatite Circunscrita Perfurada, ou
Úlcera de Sola, muitas vezes com granulação e protrusão da pododerme através
da ulceração;
• A lesão ulcerada da sola apresenta-se com complicações secundárias
envolvendo o tendão flexor digital profundo (causando tenossinovite ou ruptura
do tendão), bursa navicular e articulação interfalangeana distal (causando
artrite), complicações estas que caracterizam a Podermatite Circunscrita
Complicada.
3.13.2. Tratamento.
75
colocando-se um taco de madeira fixado à sola do digito saudável (NICOLETTI 2004).
Segundo Nicoletti (2004) o taco de madeira deve ser deixado por 2 a 4 semanas.
Período mais prolongado pode comprometer o equilíbrio entre os dígitos e
sobrecarregar tendões e ligamento.
76
3.14 – DOENÇA DA LINHA BRANCA.
77
branca para facilitar a drenagem (NICOLETTI 2004).
O corium exposto deve ser afastado do solo aplicando-se um bloco de madeira
no dígito sadio. Recomenda-se a colocação de penso protetor durante os primeiros dias,
quando as lesões são muito extensas (NICOLETTI 2004).
Em rebanho, são importantes as medidas preventivas gerais, como higiene dos
estábulos, casqueamento e medidas adotadas para Laminite (nutrição) (NICOLETTI
2004).
Figura 3.26 – Doença da Linha Branca (seta branca). A mancha escura na sola
oposta (seta preta) é uma pigmentação normal. Observa-se uma enorme diferença de
tamanho entre os dígitos (NICOLETTI 2004).
3.15.1 – Causas.
78
• Acúmulo excessivo de gordura subcutânea no espaço interdigital;
• Quando observada em animais com menos de 2 anos de idade e na forma
bilateral ou quadripedal, pode-se suspeitar como sendo de origem
genética, comum em animais de raças de corte;
• Quando está situada exatamente no centro do espaço interdigital e
acomete toda a sua extensão, a origem pode ser considerada genética, e
quando atinge apenas uma parte da pele interdigital e em contato maior
com a face axial de uma das unhas, a origem é secundária à irritação
crônica no local, decorrente, por exemplo, de Dermatite ou Flegmão
Interdigital.
3.15.3 – Tratamento.
79
Figura 3.27 – Hiperplasia da Pele Interdigital ou Tiloma (NICOLETTI 2004).
3.16 – CASQUEAMENTO.
80
adjacente (NICOLETTI 2004).
Deve-se, portanto, iniciar o casqueamento preferencialmente pelo dígito medial
do membro posterior ou dígito lateral do membro anterior, após a limpeza geral do
casco com água, sabão e rinetas, procurando remover todos os resíduos de material
orgânico ou tecido córneo em excesso e explorar qualquer área de destruição da
queratina da parede axial, sola, talão e linha branca (NICOLETTI 2004).
Segundo Nicoletti (2004), o aprendizado de uma técnica baseado simplesmente
em um texto é insuficiente, portanto a experiência prática é indispensável. Respeitadas
as preferências individuais, os princípios teóricos básicos a serem observados no
casqueamento funcional de bovinos são:
81
corte.
82
Além disso, deve-se tomar precauções no manuseio dessas ferramentas, para
não causar acidentes tanto ao operador quanto ao dígito do animal.
3.16.1 – Materiais para Casqueamento.
83
4 – Conclusão.
84
Os estágios foram bastante valiosos, pois acompanhei de perto tudo aquilo que
já tinha acompanhado na teoria, em sala de aula, nos livros e apostilas, sendo aplicado
na prática, foi muito bom toda essa etapa de conclusão do curso, onde constatei a
importância do Médico Veterinário na sociedade.
5. Referências Bibliográficas.
85
BLOWEY, R.W. Milk progesterone profiles in untreated cystic ovarian disease.
Veterinary Record, v.30,n.19, p.429, 1992.
BUSATO, A., ROMAGNOLI, S., KÜPFER, U., ROSSI, G.L., BESTETTI, G.E. LH,
FSH, PRL and ACTH cells in pituitary glands of cows with ovarian cysts.
Theriogenology, v.44, n.2, p.233-246, 1995.
COOK, D.L., PARFET, J.R., SMITH, C.A., MOSS, G.E., YONGQUIST, R.S.,
GARVERICK, H.A. Secretory patterns of LH and FSH during development and
hypothalamic and hypophisial characteristics following development of steroid-
induced ovarian follicular cysts in dairy cattle. Journal of Reproduction and Fertility,
v.91, n.1, p.19-28, 1991.
CORREA, M.T., CURTIS, C.R., ERB, H.N., SCARLETT, J.M., SMITH, R.D. An
ecological analysis of risk factors for postpartum disorders of Holstein-Friesian
cows from thirty-two New York farms. Journal of Dairy Science, v.73, n.6, p.1515-
1524, 1990.
DIAS, R.O.S MARQUES Jr.A.P. Atlas Casco em Bovinos. São Paulo, Lemos
Editorial, 64 p, 2001.
FERNANDES C.A.C., OBA E., VIANA J.H.M., FERREIRA A.M. Alternativas para
tratamento de cistos ovarianos em vacas leiteiras. A Hora Veterinária, ano 23, n138,
p.11-15, março/abril 2004.
86
FOURICHON, C., SEEGERS, H., MALHER, X. Effect of disease on reproduction in
the dairy cow: a metaanalysis. Theriogenology, v.53, p.1729-1759, 2000.
HOOIJER, G.A., VAN OIJEN, M.A., FRANKENA, K., VALKS, M.M. Fertility
parameters of dairy cows with cystic ovarian disease after treatment with
gonadotrophin-releasing hormone. Veterinary Record, v.149, n.13, p.383-386, 2001.
KENNEDY, P.C., MILLER, R.B. The female genital system. In: JUBB, K.V.E.,
KENNEDY, P.C., PALMER, N. Pathology of domestic animal. 4.ed. New York:
Academic Press, 1993, v.3, p.349-470.
LOEFFLER S.H., DE VRIES M.J., SCHUKKEN Y.H. The effects of time of disease
occurrence, milk yield, and body condition on fertility of dairy cows. Journal of
Dairy Science, v.82, n.12, p.2589-604, 1999.
87
MINTON, J.E., BLECHA, F. Effect of acute stressors on endocrinological and
immunological functions. Journal of Animal Science, v.68, p.3145-3151, 1990.
NASCIMENTO, E.F., SANTOS, R.L., REIS, B.P., Doença ovariana cística. Revista
CFMV – Brasília - DF, ano VIII, n.27, setembro/outubro/novembro/dezembro 2002.
NICOLETTI, J.L.M. Manual de Podologia Bovina. 1 ed. Barueri, SP: Ed. Manole,
2004. 126 p.
SILVA, M., REEVES, J.J. Hipothalamic pituitary function in chronically cystic and
regularly cycling dairy cows. Biology of Reproduction, v.38, n.2, p.264-269, 1988.
88
WRIGHT PJ, MALMO J. Pharmacologic manipulation of fertility. Veterinary
Clinics of North America, Food Animal Practice, v.8, n.1, p.57-89, 1992.
YONGQUIST, R.S. Cystic follicular degeneration in the cow. In: MORROW, D.A.
Current therapy in theriogenology. Philadelphia: W.B. Saunders, 1986, p.243-246.
89