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Relatório Final de Estágio

Mestrado Integrado em Medicina Veterinária

Condições de alojamento da vaca leiteira e impacto destas na


taxa de refugo do efectivo

Maria José de Oliveira Mesquita

Orientador:
Prof. Doutor Paulo Pegado Cortez
Co-orientadora:
Dra. Andreia Gonçalves dos Santos

Porto, 2021
Relatório Final de Estágio
Mestrado Integrado em Medicina Veterinária

Condições de alojamento da vaca leiteira e impacto destas na


taxa de refugo do efectivo

Maria José de Oliveira Mesquita

Orientador:
Prof. Doutor Paulo Pegado Cortez
Co-orientadora:
Dra. Andreia Gonçalves dos Santos

Porto, 2021

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RESUMO

Este relatório de estágio vem no seguimento da conclusão das atividades e trabalho


experimental realizado durante 20 semanas de estágio curricular, no âmbito da conclusão
do Mestrado Integrado em Medicina Veterinária, no Instituto Ciências Biomédicas Abel
Salazar (ICBAS). Durante as primeiras 17 semanas, tive a oportunidade de acompanhar a
Dra. Andreia Santos, médica veterinária coordenadora de sanidade animal na Cooperativa
Agrícola de Vila do Conde. Nas últimas 3 semanas, acompanhei a Dra. Mariana Costa no
Laboratório de Qualidade do Leite na mesma cooperativa. Assim, na totalidade das
semanas, foi-me proporcionado acompanhar e participar, em casos relacionados com
medicina e cirurgia de espécies pecuárias, medicina de reprodução, sanidade animal,
vacinação e controlo de qualidade do leite.
Durante as visitas às explorações que fazem parte integrante da cooperativa, tive a
oportunidade de ver diversas instalações, diferentes realidades e dificuldades financeiras,
que se refletem inevitavelmente nas condições de alojamento dos animais. Nesse sentido,
surgiu o tema desta dissertação, “Condições de alojamento da vaca leiteira, e impacto
destas na taxa de refugo do efetivo”.
PALAVRAS-CHAVE: conforto da vaca leiteira; alojamento; refugo.

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À memória do meu pai ….

AGRADECIMENTOS

Em primeiro, agradecer ao Professor Paulo Cortez por aceitar ser meu orientador, pela
ajuda na escolha do tema, pelo apoio e pela paciência que teve comigo durante esta fase
final de um longo percurso;
Agradeço à minha coorientadora Dra. Andreia Santos por me ter acolhido como estagiária,
apesar de todas as condicionantes associadas à minha condição de estudante-
trabalhadora, pela partilha de conhecimento, pelo companheirismo, apoio e compreensão;
é um exemplo de mulher, mãe e profissional a seguir;
Agradecer a todos os colaboradores da Cooperativa Agrícola de Vila do Conde, que me
receberam como um membro da equipa, pela simpatia e convívio alegre; em especial
agradecer à Dª. Anísia por me ter ajudado com os dados para o estudo experimental, à
Dra. Mariana Costa pela partilha, amizade e companheirismo; ao Dr. Miguel Costa pela
partilha de conhecimentos; e a todos os produtores que me receberam e contribuíram para
a realização deste estudo.
Um agradecimento especial ao Dr. António Ventura, foi um privilégio ainda poder
acompanhá-lo e aprender a “medicina veterinária que não vem nos livros”;
Agradecer à minha família, mãe, irmão e cunhada, que sempre apoiaram as minhas
escolhas e decisões, orgulho-me de vos poder orgulhar;
À família que escolhemos, Liana, Leca, Barracas, Carlos e Márcio, obrigada por
acreditarem em mim, e me apoiarem nos momentos mais difíceis, não só desta etapa,
como de outras passadas;
Às amizades que fiz durante este percurso, Virgínia, Maria, Sara e Carla, já sinto as
saudades das tardes de estudo conjunto, do cafezinho depois das aulas, sem vocês seria
mais duro do que realmente foi;
Às minhas colegas (na verdade amigas) de trabalho, Inês, Érica e Mónica, não tenho
palavras para agradecer o esforço que despenderam em turnos de trabalho, muitas vezes
sem pausa, para que eu pudesse usufruir ao máximo do meu estágio.
Por último, ao homem, amigo e companheiro de uma vida…Miguel, neste momento não
tenho palavras para agradecer-te. Tudo o que conquistei até aqui, foi com o teu apoio
incondicional. Foste o melhor que a vida me podia ter dado. Amo-te.

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ÍNDICE
PARTE I.............................................................................................................................................. 1

1. Descrição das atividades e casuística ..................................................................................... 1

PARTE II............................................................................................................................................. 2

1. Revisão bibliográfica .......................................................................................................... 2

1.1. Introdução .................................................................................................................. 2

1.2. Tipos de estabulação: vantagens e desvantagens ..................................................... 3

1.2.1. Estabulação presa em cubículos ........................................................................ 3

1.2.2. Estabulação livre em cubículos .......................................................................... 4

1.2.3. Estabulação livre em cama quente .................................................................... 5

1.3. Indicadores de conforto nos cubículos: posições adotadas pelas vacas ................... 5

1.3.1. Posições normais deitadas ................................................................................. 6

1.3.2. De pé com os quatro membros no cubículo ...................................................... 6

1.3.3. Perching ou empoleiramento............................................................................. 7

1.3.4. Posição diagonal nos cubículos .......................................................................... 7

1.3.5. Deitadas ao contrário ......................................................................................... 8

1.3.6. Dimensões das vacas .......................................................................................... 8

1.4. Cubículos .................................................................................................................... 8

1.4.1. Largura entre barras ........................................................................................... 9

1.4.2. Comprimento ................................................................................................... 10

1.4.3. Limitador de pescoço ....................................................................................... 10

1.4.4. Limitador de avanço do peito .......................................................................... 10

1.5. Pavimento ................................................................................................................ 11

1.6. Bebedouros .............................................................................................................. 11

1.7. Manjedoura .............................................................................................................. 12

1.8. Ventilação ................................................................................................................. 12

v
1.9. Ordenha (parque de espera) .................................................................................... 13

1.10. Enriquecimento ambiental ................................................................................... 13

2. Refugo .............................................................................................................................. 13

3. ESTUDO EXPERIMENTAL .................................................................................................. 14

3.1. Objetivo .................................................................................................................... 14

3.2. Materiais e Métodos ................................................................................................ 14

3.2.1. Desenho experimental ..................................................................................... 14

3.2.2. Cálculos e análise estatística ............................................................................ 15

3.3. Resultados e discussão ............................................................................................. 15

3.4. Análise de variâncias ................................................................................................ 22

4. Conclusão ......................................................................................................................... 23

REFERÊNCIAS ................................................................................................................................ 24

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ÍNDICE DE FIGURAS
Figura 1. Barras horizontais que não permitem o natural movimento da cabeça ao levantar
e deitar ................................................................................................................................. 5
Figura 2. Posições normais das vacas deitadas (adaptado de Anderson (2001)) ............. 6
Figura 3. Vaca em empoleiramento ................................................................................... 7
Figura 4. Vaca deitada ao contrário no cubículo ................................................................ 8
Figura 5. Medidas de cubículos para vacas (Agros, 2021)................................................. 9
Figura 6. Número de lugares de manjedoura disponíveis por número de animais ..... Erro!
Marcador não definido.
Figura 7. Sobrelotação à manjedoura (exploração Q) ...................................................... 16
Figura 8. Número de bebedouros por cada 20 animais .................................................... 17
Figura 9. Cubículos sem material de cama e vaca com visível lesão ao nível do tarso. A
ausência do limitador de avanço do peito, posiciona a vaca mais dentro do cubículo
(exploração F).................................................................................................................... 18
Figura 10. Sobrelotação dos cubículos............................................................................. 19
Figura 11. Média das taxas de refugo para o ano de 2019 e 2020 .................................. 20
Figura 12. Taxas de refugo das explorações inquiridas para o ano de 2019 e 2020 ...... 20
Figura 13. Média de idade de refugo em 2019 e 2020 .................................................... 21
Figura 14. Número de vacas refugadas por destino de refugo nos anos de 2019 e 2020;
Os destinos de refugo são: abate, morte natural e transferência em vida. ....................... 21
Figura 15. Número de vacas que morreram nas explorações alvo do estudo nos anos de
2019 e 2020 ....................................................................................................................... 22
Figura 16. Média das taxas de refugo tendo em conta as condições de alojamento ....... 23

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viii
PARTE I

1. Descrição das atividades e casuística

Durante as primeiras 17 semanas do estágio, na Cooperativa Agrícola de Vila do


Conde, acompanhei a Dra. Andreia Santos nas seguintes atividades:
 Acompanhamento das brigadas de sanidade oficial da OPP (Organização de
Produtores Pecuários), que consistem no teste de intradermotuberculinização de
Mycobacterium bovis e Mycobacterium avium, na tábua do pescoço a todos os
animais com dois ou mais anos, e recolha de sangue para pesquisa laboratorial de
Brucelose e Leucose;
 Realização de diagnósticos de gestação por palpação transrectal, por identificação
de estruturas presentes ou ausentes; e recorrendo também ao auxílio de imagem
de ecógrafo, reproduzido em ecrã;
 Clínica e cirurgia de bovinos de leite, pequenos ruminantes e suínos (tabela de
casuística no Anexo A).
 Instituição de planos vacinais em três explorações contra os seguintes agentes:
IBR, BVD, BRSV, PI3, Rotavírus, Coronavírus, Escherichia coli, Mannheimia
haemolytica e Clostrídeos
As últimas 3 semanas do estágio, decorreram no Laboratório de Qualidade de Leite
da Cooperativa Agrícola de Vila do Conde, acompanhando e auxiliando a Dra. Mariana
Costa nas seguintes atividades:
 Realização de uma prova de estábulo com recolha de amostras de vacas com
mamite subclínica, através da realização do Teste Californiano de mamites;
 Analise das amostras de leite, mediante cultura em diferentes meios, e respetiva
leitura da placa; realização de esfregaços de colónias especificas do meio de
cultura, de forma a confirmar o agente em causa, e validar o diagnóstico.
Realização de antibiogramas;
 Acompanhamento e análise da terapêutica instituída, e alteração mediante os
resultados dos testes laboratoriais diferenciais.

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PARTE II
1. Revisão bibliográfica
1.1. Introdução
Ao longo dos tempos, a preocupação com o bem-estar animal tem vindo a ser tema
constante, e no caso das vacas leiteiras, tem uma importância fundamental, não só em
termos de conforto e longevidade para os animais, como para a qualidade do produto, e
rendimento para o produtor (Astiz et al., 2014). Certo é que esta preocupação deve-se
também muito às pressões que a sociedade consumidora faz, na medida em que as suas
decisões sobre que produto comprar são influenciadas pelas condições em que os animais
são criados, em detrimento de modas, marketing ou promoções (Welfare Quality
Consortium, 2009; Klingborg, 2017).
De forma a evitar afeções que podem conduzir direta ou indiretamente ao refugo
dos animais, são necessárias condições mínimas no alojamento das vacas leiteiras. Por
exemplo, cubículos com dimensões inferiores às dimensões médias dos animais da
exploração, levam a que os animais não usem os cubículos, passem menos tempo
deitadas e produzam menos leite. Para além disso, os animais podem escolher deitar-se
nos corredores, onde a conspurcação é elevada, predispondo-os a mamites ambientais.
Pisos em estado de conservação deficiente, escorregadios e com baixa manutenção de
limpeza, predispõem a afeções podais, falha na deteção de cios, ou até mesmo acidentes
que causam traumas irreversíveis (Walker, Designer and Lafayette, 2000), levando os
animais precocemente para refugo. A ventilação deficiente predispõe a stress térmico. A
sobrelotação da exploração leva a mais competitividade entre os animais, sendo que os
mais submissos terão menos acesso a alimento, água e descanso (Jones, 2017).
O conforto da vaca é um fator importante que afeta o rendimento de uma
exploração, uma vez que está associado a refugo precoce, isto é, menor longevidade das
vacas e duração da sua vida produtiva (Dimov and Marinov, 2019).
Mais ainda, está descrita uma relação inversamente proporcional entre a taxa de
refugo e as condições de alojamento. Boas condições de alojamento deverão pressupor
taxas de refugo mais baixas (Zijlstra et al., 2016). Assim, o objetivo deste trabalho era
perceber se esta relação também se verificava nas explorações de Vila do Conde.

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1.2. Tipos de estabulação: vantagens e desvantagens

1.2.1. Estabulação presa em cubículos


Este tipo de estabulação é constituído por cubículos onde as vacas estão presas.
Em alguns casos, os animais têm acesso a um parque ou pastagem onde se podem mover
livremente. O dimensionamento dos cubículos deve permitir que as vacas se deitem,
respeitando os movimentos naturais que precisam para esta ação. Zurbrigg et al. (2005)
recomendam um comprimento de 170 cm e largura de 130 cm para vacas com peso médio
de 700 kg. Outra estrutura a ter especial atenção é o tubo onde as vacas estão presas por
uma corrente, que deve ter uma altura de 121,9 cm (Zurbrigg et al., 2005). O comprimento
da corrente que prende as vacas é outro ponto importante. Se for muito longa as vacas
podem deitar-se na calha dos dejetos, comprometendo a limpeza do úbere, e para além
disso, a corrente pode enrolar-se nas pernas causando lesões. Em contrapartida, se a
corrente for muito curta, não permite que as vacas se deitem com facilidade, podendo
provocar lesões no pescoço e afetar a limpeza do cubículo, uma vez que potencia a
defecação dentro do cubículo (Emily Morabito and Jeffrey Bewley, 2008). Zurbrigg et al.
(2005) recomendam um comprimento de 91,4 cm, mais o necessário para o colar da vaca
e para amarrar ao tubo. Cada vaca deve ter o seu bebedouro, colocado na parte exterior
do cubículo junto à manjedoura, evitando assim molhar a cama (Emily Morabito and Jeffrey
Bewley, 2008). A base do cubículo, onde as vacas se deitam, é geralmente de cimento que
pode e deve ser revestido com colchão ou tapete de borracha, mas também deve ser
adicionado material de cama, como areia, serrim ou palha (Emily Morabito and Jeffrey
Bewley, 2008). Tucker et al. (2004) demonstraram que quanto maior for a quantidade de
material de cama no cubículo, maior o tempo que as vacas passam deitadas.
As vantagens deste tipo de estabulação são os maiores níveis de limpeza das
vacas, alimentação e atenção individuais, maior facilidade nos procedimentos dos
tratadores e veterinários e, em algumas explorações, possibilidade de acesso ao pasto por
parte dos animais, o que reduz a incidência de problemas podais. Em contrapartida, caso
não tenham acesso ao pasto, passa a ser uma desvantagem, e essa impossibilidade de
escolha das vacas é passível de ser criticada pelos consumidores, além do óbvio impacto
na saúde dos animais.

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1.2.2. Estabulação livre em cubículos
Este tipo de estabulação é muito semelhante ao anterior, com a diferença de que
as vacas não estão presas, podendo entrar e sair do cubículo sempre que quiserem
(Walker, Designer and Lafayette, 2000). Sendo assim, os corredores de acesso aos
cubículos devem ter largura suficiente que permita a passagem de pelo menos duas vacas
(‘Cow Comfort, Behavior, and Housing’, 2007), e sem becos que possam ser usados, pelas
vacas dominantes, para bloquear as vacas mais submissas (Cerqueira, 2012). Os
corredores entre cubículos devem ter uma largura mínima de 3,65 m, e o corredor com
cubículos e manjedoura deve ter largura mínima de 4,30 m (Cerqueira, 2012), idealmente
uma largura de 4,5-5 m, que permita às vacas entrar e sair dos cubículos, sem incomodar
as vacas que se estão a alimentar (Ramos, 2009). Entre cada 15 a 20 cubículos devem
estar corredores de passagem, para minimizar a distância de acesso entre manjedoura e
bebedouros da zona de descanso. A largura mínima deve ser de 2,4 m, para o acesso ser
nos dois sentidos mas, caso tenha bebedouro na passagem, a largura deve aumentar para
5 m, de forma a não haver incómodos tanto para as vacas que bebem, como para as vacas
que estão a circular (Cerqueira, 2012).
Outro fator a ter em consideração no desenho deste tipo de estabulação, é o
conforto térmico. As temperaturas das instalações devem encontrar-se dentro da zona
térmica neutra das vacas. A ventilação pode ser natural, tirando partido da orientação do
estábulo e do pé direito, ou forçada com o auxilio de ventoinhas (Kammel, 2017).
O foco principal deste tipo de estabulação centra-se no tempo que as vacas passam
deitadas, sendo que a área de descanso disponível deve cativar as vacas a usarem estes
espaços (Cook et al., 2004; Tucker and Weary, 2004). Para isso, o adequado
dimensionamento dos cubículos deve basear-se no tamanho dos animais. Estes devem
dispor de material de cama, que aumenta o tempo que passam deitadas (Tucker et al.,
2004). A quantidade de cubículos deve ser superior em 5% ao número de animais alojados.
A sobrelotação implica maior competição pelo alimento, água e local de descanso,
aumentando a incidência de lesões (Agros, 2021).
Este tipo de estabulação é o mais utilizado, e a região de Vila do Conde não é
exceção. Mais à frente neste trabalho, estão descritas detalhadamente as suas
características.

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1.2.3. Estabulação livre em cama quente
O “compost barn” ou cama quente, não é mais que uma grande área livre de
descanso. Este conceito, tem por base a compostagem que ocorre pela presença da
matéria orgânica dos dejetos dos animais, juntamente com o material de cama (Brito,
2016).
Os principais aspetos a ter em conta na utilização deste sistema são: a lotação, a
ventilação, o tamanho da partícula do material de cama, e o maneio do composto. A área
comum mínima é entre os 7,9 metros e os 9,29 metros por animal. Caso nenhum material
de cama seja utilizado, ou seja, a compostagem ocorra apenas com os dejetos, é
necessário mais área por animal, cerca de 15m2 (K. A. Janni et al., 2007; Black et al., 2013;
Brito, 2016). O material a utilizar para a cama tem de ser rico em carbono, confortável e ter
boa capacidade de absorção. O sucesso do material de cama depende muito do sucesso
da compostagem que depende por sua vez do equilíbrio estabelecido entre todos os
intervenientes. Geralmente, o material mais utilizado é o serrim e as aparas da madeira (K.
A. Janni et al., 2007). A temperatura e humidade ideais para a compostagem são entre os
45-55Cº e 40-60%, respetivamente (l.f diaz, M de Bertoli, w.Bidlingmaier, 1996; Barberg et
al., 2007). As vantagens mais significativas deste tipo de sistema são a diminuição da CCS,
diminuição da incidência de mastite e aumento da produção de leite (Astiz et al., 2014).

1.3. Indicadores de conforto nos cubículos: posições adotadas pelas


vacas

Os cubículos são cada vez mais um elemento presente no alojamento de vacas


leiteiras (Dimov and Marinov, 2019). O local disponibilizado para as vacas se deitarem,
deve proporcionar fácil acesso e conforto. Para isso, é necessário ter em conta o tamanho
dos animais, nomeadamente
comprimento, largura, não
esquecendo o espaço que
necessitam para estender a
cabeça quando se levantam
(Cortez and Cortez, 2006;
Andreasen and Forkman, 2012).
Os cubículos devem ter
comprimento e largura suficiente
para que as vacas queiram usar o Figura 1. Barras horizontais que não permitem o natural movimento da
cabeça ao levantar e deitar (fonte da autora MJOM)
cubículo (Cook et al., 2004;

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Tucker, Weary and Fraser, 2004), usufruindo de espaço suficiente para se deitarem sem
impedimentos (Figura 1.), permitindo um descanso confortável, e que evite que as vacas
urinem e defequem dentro do cubículo. Outros elementos a considerar são as divisórias
dos cubículos, o limitador de pescoço, o limitador de avanço do peito, a cama e o material
de cama (Dimov and Marinov, 2019). Medos, inseguranças e desconforto no alojamento
das vacas, levam a comportamentos indesejados e a risco de doença. O comportamento
e saúde das vacas está diretamente relacionado com o conforto do alojamento. Doenças
que estão diretamente relacionadas com o nível de conforto das vacas são afeções podais,
ferimentos e lesões a nível do jarrete ou do pescoço, mamites, hipocalcemia, cetose e
deslocamento de abomaso (Dimov and Marinov, 2019).

1.3.1. Posições normais deitadas


As posições normais que as vacas adotam em repouso dividem-se em quatro:
longa, curta, estreita ou larga (Figura 2.). Na posição longa, as vacas descansam com a
cabeça estendida para a frente. Na posição curta, descansam a cabeça ao longo do seu
lado, junto ao corpo. Na
posição estreita, descansam
mais sobre o esterno e os
membros posteriores perto do
corpo. Por fim, na posição
larga a vaca repousa mais de
lado com os membros
posteriores estendidos. Outra
posição que podemos observar
é a reclinação lateral, na qual
as vacas se deitam totalmente
Figura 2. Posições normais das vacas deitadas (adaptado de
de lado com as pernas e Anderson (2001))
cabeça estendidas (Anderson, 2001).

1.3.2. De pé com os quatro membros no cubículo


É normal que as vacas fiquem em pé com os quatro membros no cubículo,
avaliando a área envolvente por um pequeno período que precede o deitar. A prevalência
em pé, por mais tempo, sem que se deitem, é observada quando a superfície da cama é
dura, geralmente só de cimento (Dimov and Marinov, 2019). No entanto, esta postura pode
ser observada mesmo quando os cubículos dispõem de material de cama macio,
principalmente em vacas com lesões no jarrete e nos cascos, como forma de evitar o piso

6
dos corredores de cimento, mais duro, abrasivo e húmido, consequentemente mais
desconfortável, do que um cubículo com material de cama macio (Tucker et al., 2004;
Dimov and Marinov, 2019).

1.3.3. Perching ou empoleiramento


Diz-se que as vacas estão
empoleiradas (em perching)
quando estão em pé com os
membros anteriores no cubículo,
e os membros posteriores no
corredor (Figura 3.)(Anderson,
2001; Cortez and Cortez, 2006;
Dimov and Marinov, 2019), ou
deitadas com metade do corpo no
cubículo e a metade traseira no
corredor (Anderson, 2001; Dimov
Figura 3. Vaca em empoleiramento (fonte da autora MJOM)
and Marinov, 2019). Este
comportamento é observado mais frequentemente quando o tubo de pescoço se encontra
mal colocado, em geral quando a altura e a distância deste ao bordo do cubículo são mais
curtas do que o recomendado (Cortez and Cortez, 2006; Dimov and Marinov, 2019). O
empoleiramento em pé predispõe para afeções dos cascos (Anderson, 2001; Cortez and
Cortez, 2006), ao passo que o empoleiramento em decúbito predispõe para mamites
devido à elevada contaminação do úbere (Anderson, 2001; Dimov and Marinov, 2019).

1.3.4. Posição diagonal nos cubículos


A posição em diagonal nos cubículos descreve as vacas deitadas no espaço
diagonal que vai de um canto ao outro do cubículo. Este comportamento permite espaço
para que a vaca consiga colocar os quatro membros nos cubículos, levantar, evitar outra
vaca que esteja no cubículo em frente ou deitar com todo o corpo no cubículo. Isto acontece
quando as dimensões do cubículo são menores em relação ao tamanho da vaca ou quando
existem obstruções que impedem que se coloquem em paralelo no cubículo (Anderson,
2001).

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1.3.5. Deitadas ao contrário
Deitadas ao contrário no
cubículo, ou seja, com a cabeça
virada para o corredor (Figura 4.),
é uma posição que as vacas
adotam quando os tamanhos dos
cubículos são inadequados.
Desta forma, evitam
características inadequadas dos
cubículos ou que de antemão
sabem que causam dor. Pensa-se
também que se deitam desta
Figura 4. Vaca deitada ao contrário no cubículo (fonte da autora
forma quando os cubículos são MJOM)
muito largos. Esta forma de deitar pode ser o mais óbvio dos comportamentos de evasão
(Anderson, 2001).

1.3.6. Dimensões das vacas


As dimensões médias de uma vaca leiteira foram aumentando ao longo dos últimos
40 anos. Uma boa parte das explorações no concelho de Vila do Conde, tiveram os seus
cubículos desenhados e instalados há vinte ou trinta anos atrás e, muitos não têm as
dimensões adequadas para acomodar confortavelmente e eficientemente as vacas de hoje
em dia (Cerqueira et al., 2013), ou seja, as dimensões dos cubículos nem sempre estarão
ajustadas ao peso e tamanho das vacas (EFSA, 2009).

1.4. Cubículos
O cubículo é um espaço retangular, em que a base é de cimento, individualizado
por divisórias, que podem ser de metal, plástico ou madeira, estando geralmente dispostos
em linha, dentro de um edifício coberto. As vacas não estão presas e podem entrar e sair
livremente (EFSA, 2009). À volta deles estão corredores que dão acesso à manjedoura,
bebedouros e ordenha. Como as dimensões das vacas variam de uma exploração para a
outra, não existem medidas exatas no dimensionamento dos cubículos. Ainda assim, na
tabela 1 estão as medidas recomendadas para uma vaca de 630 kg.

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Tabela 1. Medidas de cubículos para vacas com peso médio de 630kg (Agros, 2021)

Nº PARÂMETRO
1 Travador do peito - comprimento 173 cm
2 Travador do peito - altura < 10 cm
3 Travador do pescoço - comprimento 173 cm
4 Travador do pescoço - altura 122 cm
5 Altura borda do cubículo 20 cm
6 Comprimento total – cabeça com cabeça 518 cm
7 Comprimento total – cabeça com parede 274 cm
8 Bob space – cabeça com cabeça 86 cm
9 Bob space – cabeça com parede 101 cm
10 Diagonal 210 cm a 225 cm
11 Largura 122 cm

Figura 5. Medidas de cubículos para vacas (Agros, 2021)

1.4.1. Largura entre barras


A largura recomendada entre barras é de 122 cm para uma vaca com peso médio
de 600 kg (Agros, 2021), medida esta que se reflete no dobro da largura da anca de uma
vaca (C. B. Tucker et al., 2006). No entanto, alguns autores defendem que as medidas
devem ser definidas com base no espaço que ocupam as vacas quando deitadas no pasto
(Zurbrigg et al., 2005). Medidas inferiores à recomendada são aceites quando as divisórias
dos cubículos são de material flexível (Agros, 2021). As recomendações internacionais,
indicam 10 cm a mais de largura, por cada 100 kg de peso a mais, a partir do peso médio
de 600 Kg (Zurbrigg et al., 2005).

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1.4.2. Comprimento
O comprimento total do cubículo cabeça com parede deve ser de 274 cm, e de 518
cm em cubículos cabeça com cabeça. Já o comprimento da área de descanso
propriamente dita, está recomendado em 173 cm (Agros, 2021).

1.4.3. Limitador de pescoço


O limitador de pescoço é usado para apoiar estruturalmente as divisórias do
cubículo, e ajuda a posicionar a vaca no cubículo, evitando que esta tenha possibilidade
de urinar e defecar dentro deste. Na colocação deste limitador há que ter em conta, o
movimento de levantar da vaca, que não deve bater nesta estrutura (Nordlund and B,
2003). A altura recomendada é de 122 cm, mesmo por cima do limitador de avanço do
peito (Agros, 2021). Num estudo, colocando o limitador de pescoço a diferentes alturas
(102 cm, 114 cm e 127 cm), não se verificou preferência, bem como não se registou
influência no uso dos cubículos. Neste mesmo estudo, foi realizada outra experiência, que
fixou o limitador de pescoço a uma altura de 131 cm, variando a distância deste à borda do
cubículo (140 cm, 175 cm e 233 cm). Verificou-se que as vacas passam mais tempo em
pé no cubículo, e sujam-no mais com os seus dejetos, quando o limitador está a uma
distância do bordo de 233 cm, ao contrário de quando está a 140 cm (Tucker, Weary and
Fraser, 2005).

1.4.4. Limitador de avanço do peito


O limitador de avanço do peito é uma estrutura colocada na frente do cubículo. A
sua função é controlar a posição deitada da vaca, e assim evitar que esta possa urinar e
defecar dentro do cubículo. Podem ser de metal, madeira ou plástico. Tucker et al., 2006
concluiu que apesar de o limitador de avanço do peito manter o cubículo limpo, também é
menos confortável para as vacas, uma vez que elas passam cerca de 1,2 h/dia mais tempo
deitadas em cubículos que não tenham este limitador, que no estudo em que foram usados
os de madeira. Ainda assim, a investigadora salienta que outros tipos de limitadores, como
os de plástico e arredondados, mais baixos e macios, possam ser menos perturbadores
(Nordlund and B, 2003; Tucker et al., 2006). O limitador de avanço do peito não deve ficar
acima da cama mais de 15 cm, preferencialmente o limite de 10 cm (Cortez and Cortez,
2006). Limitadores muito altos não permitem as vacas estendam a perna para a frente
enquanto descansam, e que completem o movimento de levantar (Nordlund and B, 2003;
Cortez and Cortez, 2006).

10
1.5. Pavimento
O pavimento muitas vezes fica em segundo plano aquando da construção de uma
exploração, e acaba por não ter em consideração o movimento dos animais. A superfície
do pavimento deve ter uma textura com relevo suficiente para proporcionar tração ao
andamento dos animais, mas também deve ser suficientemente liso para se limpar
adequadamente (Stefanowska et al., 2002). Pavimentos muito lisos indicam muitos anos
de utilização e de desgaste (Cortez and Cortez, 2006). Os animais ficam mais relutantes
em deslocar-se, mais stressados e receosos em escorregar, vão menos vezes à
manjedoura, diminuindo a produção, e ainda influencia negativamente a demonstração de
cio, podendo mesmo comprometê-la. Uma forma de colmatar o problema é abrir ranhuras
de 1,2 cm de profundidade e largura, distanciando-as 10 cm entre si. As ranhuras podem
ser dispostas paralelamente ao eixo longitudinal do corredor para melhor limpeza, no
sentido predominante da movimentação dos animais, ou em forma de hexágono (Cortez
and Cortez, 2006).
A limpeza dos pavimentos pode ser feita por rodos automáticos, robôs ou
manualmente. Os rodos automáticos são geralmente usados em pavimentos de cimento
ranhurado, e os robôs em pavimentos de betão com fendas sobre a fossa. A frequência de
remoção do estrume está associada a menores incidências de patologia podal (Chapinal
et al., 2013).
Um estudo foi desenvolvido com o objetivo de perceber em que medida o andar das
vacas era afetado em pavimento de cimento, estando este molhado, seco ou com
diferentes níveis de estrume. Conclui-se que quando molhado e/ou coberto com estrume,
a velocidade de andamento era menor e durante a fase de suporte, os ângulos da anca
alteravam-se, evidenciando um padrão de andamento diferente em comparação com o
cimento seco (Phillips and Morris, 2000).
A colocação de tapetes de borracha nos corredores também está recomendada,
porque aumenta o conforto e reduz a incidência de afeções podais (Agros, 2021), uma vez
que as vacas escorregam menos, diminuindo o medo e o stress, e levando menos tempo
a deslocar-se de um local para outro (Rushen and De Passillé, 2006).

1.6. Bebedouros
A água constitui um elemento fundamental na alimentação das vacas, uma vez que
cada vaca necessita de 4 litros de água para produzir 1 litro de leite (Cortez and Cortez,
2006; Agros, 2021). Uma vaca em lactação consome 75 a 150 litros de água por dia,
dependendo da produção, temperatura ambiente e ingestão de matéria seca (J. T. Tyson,
2017). Aquando da colocação de bebedouros, há que ter em conta o número de animais

11
na exploração (Welfare Quality Consortium, 2009). Em estabulação livre, são usados na
sua maioria bebedouros do tipo “tip-over trough”. O comprimento linear ideal são de 9 a 12
cm por vaca mas são aceites 6 cm (Agros, 2021), e um bebedouro para cada 20 vacas
(Cortez and Cortez, 2006). A profundidade mínima de água deve ser 7,5 cm, com um
caudal de abastecimento de 11 a 19 L/min (J. T. Tyson, 2017). A melhor localização é entre
os corredores e à saída da sala de ordenha, deixando espaço suficiente para a passagem
das outras vacas (Cortez and Cortez, 2006). No caso de estabulação presa, é
recomendado 1 bebedouro para cada 2 animais, colocado à frente do cubículo, junto à
manjedoura (EFSA, 2009) . Em todo o caso, os bebedouros devem ter água suficiente, e
devem encontrar-se limpos (Welfare Quality Consortium, 2009).

1.7. Manjedoura
A manjedoura deve ser construída com um material não poroso, e elevado 10 cm
acima do nível do piso mimetizando a posição natural de pastoreio (Cortez and Cortez,
2006; EFSA, 2009). A maioria das explorações atuais, e mesmo as mais antigas, adotaram
o sistema de guilhotina em detrimento do tubo de pescoço, pois evita que vacas
dominantes “roubem” o alimento a vacas subordinadas, e permite a contenção das vacas
quando é necessário executar algum procedimento (Lardy et al., 2020). Atualmente, são
recomendados 65 cm de espaço disponível por vaca (EFSA, 2009; Lardy et al., 2020), e
deve haver pelo menos um espaço disponível para cada vaca (Agros, 2021). Idealmente a
instalação de guilhotinas deveria considerar 10% acima do número de animais existentes
no estábulo (Agros, 2021).

1.8. Ventilação
Uma boa ventilação é um ponto muito importante numa exploração, uma vez que
permite a remoção de agentes patogénicos, gases (e.g. amoníaco e metano), maus
cheiros, humidade e calor excessivo (Cortez and Cortez, 2006). A ventilação pode ser
natural ou forçada. A ventilação natural é pensada mediante a localização e orientação dos
pavilhões, devendo estes ser construídos perpendicularmente aos ventos dominantes de
verão, com um pé direito de pelo menos 4 metros (Cortez and Cortez, 2006; Agros, 2021).
A ventilação forçada é utilizada quando a ventilação natural é insuficiente, recorrendo-se a
ventoinhas para esse efeito. Para ajudar a reduzir a temperatura das vacas nos meses
mais quentes, são utilizados sistemas de nebulização ou aspersão de água aliados às
ventoinhas. De salientar que estes sistemas devem ser bem controlados de forma a evitar
camas húmidas (Cortez and Cortez, 2006; Agros, 2021).

12
1.9. Ordenha (parque de espera)
O equipamento de ordenha requer grande investimento, tanto na maquinaria como
no espaço para a sua instalação (Cerqueira, 2012). A construção do parque de espera
não deve permitir que as vacas passem aí mais de 1 hora, devendo dispor de bebedouros
e, quando necessárias, ventoinhas. A área recomendada por vaca é de 1,5 m2 (Cortez and
Cortez, 2006). Também se encontram explorações onde o parque de espera, corresponde
à própria vacaria.
Lentamente as explorações, particularmente as familiares, com 50 a 250 animais à
ordenha, têm adotado o sistema de robot. É recomendado um robot por cada 60 vacas
(Kammel, 2017). Como vantagens: requerem menos espaço; as vacas são ordenhadas
individualmente, ou seja, deixam de estar no parque de espera com o restante grupo; a
mão do ordenhador deixa de ser transmissora de microrganismos passiveis de causar
mamites; os softwares permitem o registo individual, e enviam alertas para os telemóveis,
quer do produtor quer do técnico responsável da manutenção do robot, quando é
necessária alguma intervenção. No entanto, é necessário adotar uma estratégia para a
limpeza e mudança das camas (Rodenburg, 2017).

1.10. Enriquecimento ambiental


A presença de escovas nas explorações é considerada como um ponto positivo no
conforto e bem-estar das vacas. Deve haver pelo menos uma escova para cada 50 animais,
ser de fácil acesso e mantidas em bom estado (Agros, 2021).

2. Refugo
O refugo é definido como a remoção de uma vaca da exploração seja por morte
natural, venda para outra exploração, ou abate (Dallago et al., 2021), substituindo-se por
outro animal, geralmente novilha (Hadley, Wolf and Harsh, 2006). O refugo é uma decisão
do produtor, à exceção da morte natural, e é influenciado por interesses económicos
(Dallago et al., 2021).
O refugo pode ser classificado como voluntario ou involuntário, com base no
principal motivo subjacente à decisão de refugar (Dallago et al., 2021). Refugo voluntário
acontece quando animais férteis e saudáveis são refugados devido a produção de leite
baixa (Fetrow, Nordlund and Norman, 2006; Dallago et al., 2021) agressividade ou venda
para uma outra exploração (Agros, 2021). Já o refugo involuntário, refere-se a animais
enviados para abate devido a mastite, problemas podais, défices reprodutivos, morte
(Fetrow, Nordlund and Norman, 2006), incluindo eutanásia (Agros, 2021).

13
O risco de refugo não é constante durante as diferentes fases da vida de uma vaca
leiteira, dependendo de fatores inerentes à vaca como número de lactações, fase da
lactação, produção de leite e estado reprodutivo, bem como de fatores não-dependentes
da vaca como época de partos e necessidades de produção menores da exploração. Após
o início de uma nova lactação, as razões para o refugo precoce são: morte, doenças e
lesões. Por outro lado, o risco de refugo devido à incapacidade de reprodução e baixa
produção de leite aumenta à medida que a lactação avança, com o maior risco a ser
observado em fases posteriores da lactação. Animais gestantes e de alta produção têm
menos probabilidade de serem abatidos em comparação com aqueles que se encontram
em situação contrária. Vacas saudáveis, boas reprodutoras e produtoras são as que
permanecem mais tempo na exploração (Dallago et al., 2021).
Uma elevada taxa de refugo numa exploração leiteira devido ao abate e à
mortalidade, está associada a um défice do bem-estar animal, consequentemente a um
aumento dos custos de produção e a uma diminuição dos rendimentos (Hadley, Wolf and
Harsh, 2006; Armengol and Fraile, 2018). Aumentar a saúde e bem-estar animal, aumenta
a longevidade e a vida produtiva das vacas, que são indicadores de um maneio adequado
na exploração (Zijlstra et al., 2016), e reduz o impacto ambiental (Dallago et al., 2021).

3. ESTUDO EXPERIMENTAL
3.1. Objetivo
As condições de alojamento influenciam o bem-estar e saúde dos animais, tendo
como consequência o refugo precoce (Zijlstra et al., 2016). Partindo deste pressuposto,
pretendeu-se recolher informação das instalações, nomeadamente camas, pavimento,
ventilação e sobrelotação, e se as que não se encontravam dentro dos parâmetros
recomendados tinham uma taxa de refugo superior àquelas que se encontravam dentro
dos parâmetros recomendados.
3.2. Materiais e Métodos
3.2.1. Desenho experimental
Este estudo realizou-se em explorações leiteiras, no concelho de Vila do Conde.
Foram inquiridas 18 explorações, aquando da visita de controlo de sanidade animal, sendo
que 17 delas estavam em regime de estabulação livre, e apenas uma em regime de
pastoreio, a exploração C. De forma a obter uma amostra mais homogénea neste estudo,
a exploração C não foi considerada, assim como a exploração E por impossibilidade de
recolha de dados do SNIRA, e a exploração D, que apesar de estar em regime de
estabulação livre, apresentou uma taxa de refugo de 104,34% para o ano de 2019, o que

14
reflete uma renovação total do efetivo, deixando de estar em pé de igualdade com as
restantes explorações, não sendo também considerada para o estudo. Em suma, o estudo
comparou 15 explorações em regime de estabulação livre em cubículos.
As instalações avaliadas foram apenas as das vacas em lactação, tendo sido
recolhidos dados da área de descanso, como dimensão dos cubículos (comprimento,
largura entre barras, altura do limitador de pescoço, ausência e presença de limitador de
avanço do peito e respetiva altura, tipo de cama e material de cama); tipo de pavimento
dos corredores de passagem e condições de limpeza; tipo de ventilação (altura do pavilhão,
utilização de painéis e/ou cortinas, ventoinhas quando presentes, em que locais.
Comparando com o que a literatura científica recomenda, as explorações foram
classificadas em: alojamento bom (explorações B, G, J, K, L, N, P, R), alojamento aceitável
(explorações H, O, Q) e alojamento mau (explorações A, F, I, M). A densidade animal foi
avaliada, comparando-se o número de animais com o número de lugares de manjedoura
e com o número de cubículos.
Posteriormente, foram recolhidos dados do SNIRA de cada exploração, para o ano
de 2019 e 2020. Basicamente, consistiam na data de nascimento dos animais, data de
entrada na exploração, data de saída da exploração, e o movimento. Este último ponto,
tinha como opções, nascimento, abate, morte natural ou transferência em vida.
Por fim, os dados recolhidos foram analisados e tratados estatisticamente.

3.2.2. Cálculos e análise estatística


Os dados recolhidos através do questionário foram registados em documento de
Excel. Os dados do SNIRA foram também exportados para documento de Excel, e
analisados. Os dados foram tratados para análise de frequências. De forma a analisar a
variância a um fator de amostras independentes, foi usado ANOVA a um fator, no programa
SPSS (IBM SPSS Statistics 28.0), assumindo uma significância estatística para um valor
de p < 0,05.

3.3. Resultados e discussão


Das 18 explorações visitadas, 17 (94%) encontravam-se em regime de
estabulação livre com cubículos, e 1 (6%) em regime misto, ou seja, as vacas estavam em
pastoreio, apenas visitando as instalações para ordenha e intervenções sanitárias. Os
efetivos das diferentes explorações variavam de um mínimo de 30 animais e um máximo
de 230 animais em lactação.

15
Lugares manjedoura por animal
6
5
4
3
2
1
0
2:1 >1:1 1:1 <1:1 1:2
lugares de manjedoura:animal

Figura 6. Número de lugares de manjedoura disponíveis por número de animais

A manjedoura era do tipo guilhotina em 14 (93%) explorações e o material utilizado


em contacto com o alimento era não poroso (tijoleira) em 12 (80%) das explorações.
Quanto à densidade
animal na manjedoura, 4 (26,6%)
das explorações inquiridas (I, J, K,
Q), não dispunham de pelo menos
1 lugar por animal, e destas, 2
(13,3%) (I, Q) claramente
apresentavam sobrelotação
(Figura 6), uma vez que 1 lugar de
manjedoura era para 2 animais
(Figura 7).
Relativamente aos
centímetros lineares de bebedouro Figura 7. Sobrelotação à manjedoura (exploração Q) (fonte da
autora MJOM)
por animal, 50% das explorações
não seguiam a recomendação, isto é, mínimo 6 cm / animal. No entanto, também se pode
avaliar o número de bebedouros para grupos de 20 animais, ou seja, deve ser
disponibilizado um bebedouro para cada 20 animais. Neste caso, apenas 5 (31,25%)
explorações (H, I, J, O, Q) não dispunham de pelo menos um bebedouro para cada 20
animais (Figura 8). Aquando da visita, em 12 (80%) explorações, os bebedouros

16
encontravam-se limpos, e em 3 (20%) explorações os bebedouros apresentavam falta de
limpeza.

Bebedouros por cada 20 animais


8
7
6
Nº de explorações

5
4
3
2
1
0
<1:20 1:20 2:20
Bebedouro:20 animais

Figura 8. Número de bebedouros por cada 20 animais

Quanto ao piso, 4 (26,6%) eram do tipo betão com fendas sobre a fossa, 3 (20%)
eram do tipo vigas de cimento, 4 (26,6%) cimento com ranhuras hexagonais e 4 (26,6%)
cimento com ranhuras paralelas. O uso de tapetes de borracha era considerado um ponto
favorável na saúde podal. Estudos demonstraram que as vacas preferem caminhar sobre
os tapetes de borracha, pois proporcionam maior tração e menor pressão nos cascos que
o cimento, aumentando a velocidade de locomoção e diminuindo as hipóteses de os
animais escorregarem (Rushen and De Passillé, 2006). Nas 3 (20%) explorações que
tinham tapete de borracha, estes encontravam-se apenas no piso da ordenha, ou à saída
dos robôs de ordenha. Nos corredores, nenhuma exploração tinha tapetes de borracha.
A limpeza do piso em 8 (53,3%) explorações era feita com recurso a trator, e em 7
(46,6%) dispunham de rodo automático. Quanto ao estado de limpeza do piso aquando da
visita, apenas a exploração D não se apresentava limpa adequadamente, ou seja, era
percetível que os dejetos eram de dias anteriores. Estudos referem que quando isto
acontece, o risco de as vacas escorregarem aumenta (Rushen and De Passillé, 2006),
alterando também a locomoção, principalmente na fase de apoio (Phillips and Morris,
2000).
O método de pedilúvio mais usado era por submersão em caixa (66,6%), ou à saída
da ordenha ou na passagem entre corredores e 5 (33,3%) explorações usavam a
pulverização.

17
Quanto aos
cubículos, as divisórias
eram de metal em 12
(80%) explorações, 2
(13,33%) eram em
madeira e apenas 1
(6,66%) de material
flexível. A largura entre
barras, em todas as
explorações encontrava-
se abaixo do
recomendado, 122 cm. Figura 9. Cubículos sem material de cama e vaca com visível lesão ao nível
do tarso. A ausência do limitador de avanço do peito, posiciona a vaca mais
Quanto ao limitador de dentro do cubículo (exploração F) (fonte da autora MJOM)
pescoço, 14 (93,3%) explorações tinham todos os cubículos com altura inferior aos 122 cm
recomendados; a exploração H, apresentava altura inferior em 34 (73,9%) cubículos e
superior em 12 (26,08%) cubículos, dos 46 disponíveis. O correto posicionamento do
limitador do pescoço evita as defecações dentro do cubículo (Tucker, Weary and Fraser,
2005). Quanto ao limitador de avanço do peito, apenas foi encontrado em 4 (26,6%)
explorações, e em todas com uma altura superior a 10 cm. Nas outras 11 (73,3%), este
limitador estava ausente, para além de o comprimento disponível para se deitarem ser
maior que os 173 cm recomendados, sendo possível observar em algumas explorações
que as vacas se deitavam mais à frente no cubículo, sujando-o (Figura 9). Das 11 (73,3%)
explorações que tinham colchão no cubículo, 8 (72,7%) também colocavam como material
de cama serrim, embora em muito pouca quantidade. Apenas a exploração F tinha os
cubículos somente em cimento (Figura 9), sendo notório lesões e inchaços ao nível do
tarso na maioria das vacas, apesar de este critério não ser alvo de avaliação neste estudo.
Quanto ao número de cubículos por animal, são recomendados pelos menos um
cubículo por animal, e idealmente 5% superior ao número de animais alojados (Agros,
2021). Das explorações inquiridas, apenas 5 (33,3%) (J, M, O, Q, R) apresentavam menos
de um cubículo por animal no alojamento (Figura 10).

18
Sobrelotação dos cubículos
4,5
4
3,5
Nº de explorações

3
2,5
2
1,5
1
0,5
0
3:1 2:1 >1:1 1:1 <1:1 1:2
cubículos:animal

Figura 10. Sobrelotação dos cubículos

A ventilação é influenciada por diversos fatores, como o pé direito das instalações,


o tipo de telhado, e se estão presentes sistemas de arrefecimento, como ventoinhas. Em
8 (53,3%) explorações o telhado era do tipo fresta de cumeeira, sendo que 5 (62,5%)
tinham isolamento térmico, e em 7 (46,6%) o telhado era fechado. Ventoinhas nos
corredores de alimentação foi possível observar em 6 (40%) explorações e destas, 2
(33,3%) (B e O) também tinham nos corredores entre cubículos.
O sistema de ordenha mais observado foi o convencional (sala de ordenha), com
apenas 1 (6,66%) explorações a dispor de robô de ordenha. O tempo médio de espera na
ordenha convencional era de cerca de 1h30.
O enriquecimento ambiental fazia-se através da instalação de escovas fixas ou
rotativas. Está recomendada uma escova por cada 50 animais. Das 8 (53,3%) explorações
que tinham escovas, apenas 3 (37,5%) respeitavam esta recomendação.
Quanto ao registo dos animais refugados, este apenas compreende o destino que
os animais levam após abandonarem a exploração como: abate, morte natural e
transferência em vida, sendo que a última poderia ser por entrada como saída do animal
da exploração. Das explorações inquiridas, nenhuma comprava animais de outras
explorações.

19
A taxa de refugo calculada apresentou valores médios de 30,8% nos dois anos
(Figura 11).

Médias das taxas de refugo

taxa_ref20 30,82133333

taxa_ref19 30,89333333

0 5 10 15 20 25 30 35

Figura 11. Média das taxas de refugo para o ano de 2019 e 2020

A percentagem máxima para o ano de 2019, verificou-se na exploração H, com 54,54%


e a exploração J, apresentou uma percentagem mínima de 18,48%. Já para o ano de 2020,

Taxas refugo por exploração


70
60
% TAXA REFUGO

50
40
30
20
10
0
A B F G H I J K L M N O P Q R
taxa_ref19 26,92 39,42 26,82 20 54,54 33,33 18,48 30,95 30,23 25,53 25 46,66 28,94 27,27 29,31
taxa_ref20 31,57 36,53 29,26 31,11 61,11 27,94 27,71 23,17 38,46 32 16,09 35,77 20,45 28,12 23,03
explorações

taxa_ref19 taxa_ref20

Figura 12. Taxas de refugo das explorações inquiridas para o ano de 2019 e 2020

a percentagem máxima continuou a ser a da exploração H com 61,11% e a mínima na


exploração N com 16,09% (Figura 12).

A idade das vacas refugadas corresponde ao intervalo entre o nascimento e o


refugo. A média de idade ao refugo é de 5 anos, tanto no ano de 2019 como no ano 2020,
para as explorações alvo do estudo (Figura 13).

20
MÉDIA DE IDADES DE REFUGO

med_id_ref20; med_id_ref19;
5,006 5,042666667

Figura 13. Média de idade de refugo em 2019 e 2020

Observou-se, no ano de 2019, que o maior número de vacas refugadas teve como
destino a transferência em vida, num total de 243 animais, dos quais a exploração B foi a
que vendeu mais animais, 47. No ano de 2020 o destino das vacas refugadas foi o abate,

Nº de vacas refugadas por destino do refugo


50
45
40
35
Nº de vacas

30
25
20
15
10
5
0
A B F G H I J K L M N O P Q R
Exploração

vac_abate_19 vac_morte_19 vac_transf_19 vac_abate_20 vac_morte_20 vac_transf_20

Figura 14. Número de vacas refugadas por destino de refugo nos anos de 2019 e 2020; Os destinos de refugo
são: abate, morte natural e transferência em vida.

num total de 254 animais, dos quais a exploração G foi a que enviou para abate mais
animais, 35 (Figura 14).

21
O motivo de refugo por morte natural, foi o que revelou menor número de animais,
observando-se apenas uma ligeira diminuição de 2019 para 2020, 80 e 73 vacas
respetivamente. A exploração B foi a que perdeu mais animais no ano de 2019, morreram
16 animais, e no ano de 2020 foi na exploração Q, 17 animais (Figura 15). De facto, na

Nº de vacas mortas na exploração


18
16
14
12
10
8
6
4
2
0
A B F G H I J K L M N O P Q R
vac_morte_19 4 16 6 2 3 3 6 8 8 1 2 8 1 10 2
vac_morte_20 5 11 4 1 4 1 9 6 6 2 1 4 1 17 1

vac_morte_19 vac_morte_20

Figura 15. Número de vacas que morreram nas explorações alvo do estudo nos anos de 2019 e 2020

exploração Q verificou-se um aumento da mortalidade de um ano para o outro, podendo


ter havido um ligeiro descuido com o maneio dos animais, uma vez que esta exploração
se encontrava com elevada densidade animal.

3.4. Análise de variâncias


Das 18 explorações visitadas, apenas 15 foram consideradas para esta análise,
uma vez que estas se encontravam todas em regime de estabulação livre, refletindo uma
amostra mais homogénea.
O teste também assume uma relação causa efeito, inferindo que os fatores causam
diferença significativa de uma ou mais características. Ora então, a hipótese que se
colocou era: Para diferentes condições de alojamento há variância significativa nas taxas
de refugo?

22
Detetou-se variância significativa na taxa de refugo de 2020, uma vez que p<0,05
entre os grupos de condições de alojamento [F (2,12) = 5,81, p = 0,017)]. O teste post hoc
de Tukey demonstra que os grupos de explorações com condições aceitáveis de
alojamento tinham taxas de refugo maiores que os grupos das explorações com condições
de alojamento bom (p = 0,013), bem como dos grupos de explorações com condições de
alojamento mau (p = 0,050). No entanto, não se verificaram diferenças estatisticamente
significativas entre os grupos de explorações com condições de alojamento bom e
explorações com condições de alojamento mau (p = 0,809) (Figura 16.).

Figura 16. Média das taxas de refugo tendo em conta as condições de alojamento

4. Conclusão

Com este estudo, foi possível analisar em que situação as explorações participantes
estavam quanto ao alojamento das vacas leiteiras, no concelho de Vila do Conde. Deparei-
me com instalações antigas e efetivos pequenos, que foram sendo adaptadas mediante as
recomendações e exigências por parte das empresas compradoras de leite, mas que
mesmo assim, muito sobretudo por falta de recursos financeiros, não conseguiam fazer
face às mudanças que eram exigidas, mesmo sabendo da importância que essas
mudanças trariam para o rendimento da exploração.
A análise de variâncias, apesar de encontrar diferenças significativas, entre as
condições de alojamento e as taxas de refugo, estas variâncias são diferentes do esperado.
Ou seja, explorações com condições de alojamento mau teriam maiores taxas de refugo
do que explorações com condições de alojamento aceitáveis, e estas taxas de refugo
maiores que explorações com condições de alojamento bom, o que não se verificou. Para
isso, talvez teriam de ser avaliados os animais de cada exploração, em relação às medidas

23
diretas de bem-estar animal, como condição corporal, ferimentos no jarrete, score de
locomoção e scores de higiene, contagem de células somáticas, que intervenções foram
feitas por parte do veterinário da exploração, e se estas estavam associadas com o refugo.
De facto, analisando os dados deste estudo podemos considerar o refugo como
voluntário, uma vez que as vacas refugadas têm como destino a venda, que é sempre uma
decisão do produtor, não significando um mau maneio ou sanidade deficiente, podendo
apenas haver interesse em renovar a genética do efetivo, por baixa produção ou problemas
comportamentais.
Os programas informáticos de registo ao qual me foi permitido acesso, não
disponibilizam dados detalhados das vacas que foram já refugadas. Seria interessante a
criação de um programa, ou otimização dos já existentes, de forma a ser possível registar
detalhadamente: o motivo para o refugo, idade ao refugo, número de lactações, produção
média diária, entre outros. A interpretação e análise por parte deste programa deveria
comparar com os valores que a literatura científica indica como aceitáveis (Stilwell, 2021).
A criação de uma rotina por parte dos produtores, para o registo das causas, ainda
tinha de ser implementada, pois esses dados podiam dar logo uma informação direta dos
problemas na exploração, diminuindo assim o tempo de atuação e, consequentemente, o
refugo.

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28
ANEXO A. Casuística realizada durante o estágio

Tabela 1. Sistema reprodutor em bovinos


Parto eutócico 1
Parto distócico 5
Cesariana 2
Retenção placentária 2
Torção uterina 2
Metrite 2
Mamite 5
Aborto 1
Aborto (feto mumificado) 1
Síndrome vaca caída 2
Hipocalcémia 2
Diagnóstico gestação (PTR e ecografia) 150
Fetotomia 1

Tabela 2. Sistema respiratório, digestivo e locomotor em bovinos


Pneumonia 7
Pneumonia por aspiração 1
Enfisema subcutâneo 1
DAE 10
Lipidose hepática 3

Tabela 3. Outras intervenções em bovinos


Necrópsia 1
Vacinações 100
Intradermotuberculinização 500
Recolha sangue 150
Eutanásia 2

Tabela 4. Casuística em ovinos, caprinos e suínos


Fratura em ovino (colocação de gesso) 1
Necropsia de ovino 1
Diagnostico de gestação em cabras (ecografia) 18
Indigestão de ovino 1

29
ANEXO B. Exemplo de questionário realizado aquando das visitas
às explorações

INQUÉRITO AOS PRODUTORES DO CONCELHO DE VILA DO CONDE NO ÂMBITO DO ESTUDO: CONDIÇÕES DE


ALOJAMENTO DA VACA LEITEIRA E IMPACTO DESTAS NA RENOVAÇÃO (OU TAXA DE REFUGO) DO EFECTIVO

Nota importante: os dados fornecidos para este inquérito destinam‐se única e exclusivamente a serem processados em TOTAL
ANONIMATO para a realização de dissertação final de curso do Mestrado Integrado em Medicina Veterinária, no Instituto de
Ciências Biomédicas Abel Salazar.
Data ___/___/___ Hora ___:___

Marca da exploração: _____________________


Freguesia: ___________________________
Idade média efectivo (jan 2021):_______________
Nº médio de lactações (jan 2021): _____________
Idade média de refugo: ____________
Taxa de refugo: ___________________
Reposição com animais de fora?_____se sim, quantos entraram em 2020:_____
Produção média em 2020: __________________

Tipo de estabulação:
Free stall_________ Tiestall______ Cama livre (cama quente) ______
Parque de lactação
Nº animais ___________________________

Nº lugares de manjedoura_____ alterações depois de 2019?_____


Tipo (s) de manjedoura e respetivos números de lugares:_____ Alimento disponível: s?___ ñ?___
Material manjedoura: azulejo___ cimento___ outro______
Freq. Limpeza: diária___ semanal___ mensal___

Nº Bebedouros:___ Tipo (nº): Tipover___ Taça c/ reservatório____ Chupeta____ Outro___


Comprimento linear:____ Limpo: S?__ Ñ?___ Permite passagem: S?__ Ñ?___

30
Piso
Cimento c/ ranhuras: Paralelas___ Hexágono____ Betão c/fendas sobre fossa____
Abrasivo: S?___ Ñ?___ Escorregadio: S?___ Ñ?___
Tapete borracha: S?___ Ñ?___ Em que corredores? ____________________
Estado conservação:_____________
Limpeza: Rodo___ Robot___ Manual___ Limpeza: Adequado______ Ñ Adequado________
Acesso a pasto: S?___ Ñ?____ Quantas horas/dia? ___________
Pedilúvio: Local____________________ Principio Ativo___________ Frequência Pedilúvio_____________

Nº cubículos _____________ alterações depois de 2019?_____


Tipo: Flexível___ Metal___ Madeira___
Cama: colchão (nº) ____ colchão+serrim (nº) ___serrim sobre cimento (nº) ___ areia (nº) ____ outro (nº) _____
Largura (entre barras)1___________ COMPRIMENTO (até limitador de avanço do peito, se presente)1__________
Limitador de pescoço: S?___; em___ cubículos Ñ?___ ALTURA:1 ___ Variação ____; _____
(alt) (nº)

Limitador de peito: S?___; em___ cubículos Ñ?_____ ALTURA:1 ___ Variação ____; _____
(alt) (nº)

Ventilação
Telhado fechado___ Telhado c/ fresta de cumeeira____ Isolamento térmico: S?___ Ñ?___
Passagem de luz natural: S?___ Ñ?____ Pé direito: <4mt___ 4mt___ >4mt___
Sist. Arrefecimento: S?___ Ñ?___ Cortinas/Paineis: S?___ Ñ?___
Ventoinhas: nº___ Local(ais) _______________ Tipo ventoinhas: _____________________
Ventilação automática ________ (ºT/humidade)

Ordenha
Convencional:___ Robot:___
Parque espera:___ Cobertura: S?___ Ñ?___ Tempo médio espera _____
Bebedouro: S?___ Ñ?___

Enriquecimento ambiental
Escovas: Nº___ Outro____

31
32

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