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CENTRO UNIVERSITÁRIO DA REGIÃO DA CAMPANHA


CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA

NATÁLIE BATISTA CONDE

MANEJO DE ANIMAIS SILVESTRES

Bagé
2022
0

NATÁLIE BATISTA CONDE

MANEJO DE ANIMAIS SILVESTRES

Trabalho apresentado para a banca examinadora de


estágio final pelo acadêmico Natálie Batista Conde para
obtenção parcial do grau de Bacharel em Medicina
Veterinária, sob orientação do Biólogo Alisson Boyink
especialista em Gestão Ambiental; e do Orientador
Acadêmico CCC e Co-Orientador Med. Vet. Patrícia de
Freitas Salla.

Bagé
2022
2

NATÁLIE BATISTA CONDE

MANEJO EM ANIMAIS SILVESTRES

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado para a banca examinadora do


Centro Universitário da Região da Campanha, a fim de aprovação e obtenção do
grau de Bacharel em Medicina Veterinária.

Banca Examinadora:

Nome do examinador:

Nome do examinador:

Nome do examinador:

Conceito:

Bagé, de de 2022.
3

Dedico este trabalho ao meu amor pela profissão e aos animais


selvagens e silvestres.
3

AGRADECIMENTOS

Agradeço a minha mãe que me deu todo o apoio e sem dúvidas, graças a
ela, irei concluir a realização de um sonho de infância, gratidão por todo seu
carinho, dedicação, por sempre me apoiar, incentivar se fazendo presente em
todos os momentos da minha vida.
Aos meus amigos que me acompanharam em todo esse trajeto e estiveram
presentes nas horas boas e ruins, sempre torcendo pelo meu êxito.
Ao Alisson da Rosa Boyink, meu orientador, que me proporcionou o estágio
prático profissional no Jardim Botânico e Zoológico Municipal e me auxiliou na
construção desse material.
Ao Diego Cardoso, médico veterinário, pela paciência e conhecimentos
passados a mim nesses meses de estágio. A todos os funcionários do Zoológico,
pelo carinho, parceria e amizade.
A minha orientadora Patrícia de Freitas Salla, que me auxiliou
compartilhando suas experiências, sua dedicação e seu iluminado conhecimento,
sem falar na linda amizade que construímos durante o período de formação.
A todos os professores da Urcamp que contribuíram de uma maneira ou de
outra para a minha formação profissional.
Gratidão!
5

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Pórtico de entrada do Jardim Zoológico de Cachoeira do Sul................... 33


Figura 2 - Recinto da onça pintada.............................................................................. 34
Figura 3 - Recinto da Jaguatirica................................................................................. 34
Figura 4 - Recinto Graxaim do campo e do mato........................................................ 35
Figura 5 - Recinto da iguana....................................................................................... 36
Figura 6 - Onça pintada............................................................................................... 38
Figura 7 - Jaguatirica................................................................................................... 39
Figura 8 - Graxaim do mato......................................................................................... 40
Figura 9 - Concentrado de ração de pet e balde de frutas e legumes........................ 40
Figura 10 - Bandejas com alimentação dos Saguis................................................... 42
Figura 11 - Coruja orelhuda......................................................................................... 43
Figura 12 - Bandeja com alimentação da Iguana........................................................ 44
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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

EPF- Exame parasitário de fezes


Kg- Quilograma
EPI´s- Equipamento de Proteção Individual
FIV- Imunodeficiência viral felina
FELV- Leucemia viral felina
UVA- Ultravioleta A
UVB- Ultravioleta B
g- gramas
cm- centímetros
11

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ....................................................................................................................... 14
1 REVISÃO DE LITERATURA ............................................................................................ 15
1.1 CONCEITOS .................................................................................................................... 15
1.1.1 Animal silvestre ............................................................................................................ 15
1.1.2 Animal exótico .............................................................................................................. 15
1.1.3 Animal doméstico......................................................................................................... 15
1.1.4 Espécies ameaçadas de extinção............................................................................. 15
1.1.5 Estresse......................................................................................................................... 16
1.1.6 Estereotipia ................................................................................................................... 17
1.1.7 Enriquecimento ambiental .......................................................................................... 17
1.2 MANEJO COM ANIMAIS SILVESTRES ..................................................................... 17
1.2.1 Nutrição de animais em cativeiro .............................................................................. 18
1.1.2 Higiene sanitária .......................................................................................................... 20
1.1.3 Manejo sanitário ........................................................................................................... 20
1.3 ESPÉCIES MAIS FREQUENTES NOS ZOOLÓGICOS DO RIO GRANDE DO
SUL ........................................................................................................................................ 22
1.3.1 Mamíferos ..................................................................................................................... 22
1.3.1.1 Felideos ...................................................................................................................... 22
1.3.1.1.1 Aspectos reprodutivos dos felídeos ................................................................... 22
1.3.1.1.2 Onça pintada (Panthera onca) ............................................................................ 23
1.3.1.1.2.1 Características da espécie ............................................................................... 23
1.3.1.3 Manejo nutricional .................................................................................................... 23
1.3.1.1.3 Onça parda(Puma concolor) ............................................................................... 24
1.3.1.1.3.1 Características da espécie ............................................................................... 24
1.3.1.1.3.2 Manejo nutricional .............................................................................................. 24
1.3.1.1.4 Jaguatirica(Leopardus pardalis) ......................................................................... 25
1.3.1.1.4.1 Características da espécie ............................................................................... 25
1.3.1.1.4.2 Manejo nutricional .............................................................................................. 25
1.3.1.1.5 Gato mourisco (Puma yagouaroundi) ................................................................ 26
1.3.1.1.5.1 Características da espécie ............................................................................... 26
1.3.1.1.5.2 Manejo nutricional .............................................................................................. 26
1.3.1.2 Canideos .................................................................................................................... 27
1.3.1.2.1 Graxaim do mato ................................................................................................... 27
1.3.1.2.1.1 Caracteristicas da espécie ............................................................................... 27
1.3.1.2.1.2 Aspectos reprodutivos....................................................................................... 27
1.3.1.2.1.3 Manejo nutricional .............................................................................................. 27
1.3.1.3 Primatas ..................................................................................................................... 28
1.3.1.3.1 Sagui do tufo branco(Callithrix jacchus) ............................................................ 28
12

1.3.1.3.1.1 Características da espécie ............................................................................... 28


1.3.1.3.1.2 Aspectos reprodutivos....................................................................................... 28
1.3.1.3.1.3 Manejo nutricional .............................................................................................. 29
1.3.1.4 Aves ............................................................................................................................ 29
1.3.1.4.1 Coruja orelhuda ..................................................................................................... 29
1.3.1.4.1.1 Características da espécie ............................................................................... 29
1.3.1.4.1.2 Aspectos reprodutivos....................................................................................... 30
1.3.1.4.1.3 Manejo nutricional .............................................................................................. 30
1.3.1.5 Repteis ....................................................................................................................... 31
1.3.1.5.1 Iguana-verde(Iguana iguana) .............................................................................. 31
1.3.1.5.1.1 Manejo nutricional .............................................................................................. 31
1.3.1.5.1.2 Manejo Sanitário ................................................................................................ 32

2 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS .................................................................................... 33


2.1 DESCRIÇÃO DO LOCAL DE ESTÁGIO ..................................................................... 33
2.2 RECINTOS DAS ESPÉCIES ........................................................................................ 34
2.3 CONTAGEM DOS ANIMAIS ......................................................................................... 37
2.4 ALIMENTAÇÃO ............................................................................................................... 37
2.5 MANEJO DOS ANIMAIS DO ZOOLÓGICO ............................................................... 37
2.5.1 Mamíferos ..................................................................................................................... 37
2.5.1.1 Felideos ...................................................................................................................... 37
2.5.1.1.1 Manejo sanitário dos felinos ................................................................................ 37
2.5.1.1.1.1 Onça pintada (Panthera onca)......................................................................... 38
2.5.1.1.1.1.1 Manejo nutricional .......................................................................................... 38
2.5.1.1.1.2 Onça parda ......................................................................................................... 39
2.5.1.1.1.2.1 Manejo nutricional .......................................................................................... 39
2.5.1.1.1.3 Jaguatirica ........................................................................................................... 39
2.5.1.1.1.3.1 Manejo nutricional .......................................................................................... 39
2.5.1.1.1.4 Gato mourisco .................................................................................................... 40
2.5.1.1.1.4.1 Manejo nutricional .......................................................................................... 40
2.5.1.2 Canideos .................................................................................................................... 40
2.5.1.2.1 Graxaim do mato ................................................................................................... 40
2.5.1.2.1.1 Manejo nutricional .............................................................................................. 40
2.5.1.2.1.2 Manejo sanitário ................................................................................................. 41
2.5.1.3 Primatas ..................................................................................................................... 41
2.5.1.3.1 Sagui do tufo branco............................................................................................. 41
2.5.1.3.1.1 Manejo nutricional .............................................................................................. 41
2.5.1.3.1.2 Manejo sanitário ................................................................................................. 42
2.5.1.4 Aves ............................................................................................................................ 42
2.5.1.4.1 Coruja orelhuda ..................................................................................................... 42
2.5.1.4.1.1 Manejo nutricional .............................................................................................. 42
2.5.1.4.1.2 Manejo sanitário ................................................................................................. 43
2.5.1.5 Repteis ....................................................................................................................... 43
2.5.1.5.1 Iguana-verde .......................................................................................................... 43
2.5.1.5.1.1 Manejo nutricional .............................................................................................. 43
2.5.1.5.1.2 Manejo sanitário ................................................................................................. 44

3 DISCUSSÃO ....................................................................................................................... 45
3.1 MAMÍFEROS ................................................................................................................... 45
3.1.1 Felídeos ......................................................................................................................... 45
13

3.1.1.1 Onça pintada ............................................................................................................. 45


3.1.1.1.1 Manejo nutricional ................................................................................................. 45
3.1.1.2 Onça parda ................................................................................................................ 45
3.1.1.2.1 Manejo nutricional ................................................................................................. 45
3.1.1.3 Jaguatirica ................................................................................................................. 46
3.1.1.3.1 Manejo nutricional ................................................................................................. 46
3.1.1.4 Gato mourisco ........................................................................................................... 46
3.1.1.4.1 Manejo nutricional ................................................................................................. 46
3.1.2 Canídeos ....................................................................................................................... 46
3.1.2.1 Graxaim do mato ...................................................................................................... 46
3.5.1 Manejo nutricional ........................................................................................................ 46
3.1.3 Primatas ........................................................................................................................ 47
3.1.3.1 Sagui do tufo branco ................................................................................................ 47
3.1.3.1.1 Manejo nutricional ................................................................................................. 47
3.1.4 Aves ............................................................................................................................... 47
3.1.4.1 Coruja orelhuda ........................................................................................................ 47
3.1.4.1.1 Manejo nutricional ................................................................................................. 47
3.1.5 Répteis........................................................................................................................... 48
3.1.5.1 Iguana verde ............................................................................................................. 48
3.1.5.1.1 Manejo nutricional ................................................................................................. 48
3.1.5.1.2 Manejo sanitário .................................................................................................... 48
3.2 MANEJO SANITÁRIO GERAL ..................................................................................... 49

CONCLUSÃO ......................................................................................................................... 51

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................... 52


14

INTRODUÇÃO

A medicina dos animais silvestres tem evoluído muito nos últimos anos.
Particularidades anatômicas e fisiológicas específicas de cada táxon tornam a
terapêutica nessas espécies de animais silvestres algo que precisa de atualização
constante, por trabalhar com uma grande diversidade de espécies. O médico deve ter
noção de biologia, comportamento, manutenção e nutrição das espécies atendidas.
Conhecimentos dos temas de Ecologia e Zoologia também são recomendados para
Médicos Veterinários que desejam trabalhar com animais silvestres.
O Trabalho de Conclusão de Curso apresenta as atividades de estágio
acadêmico, que foi realizado no Jardim Botânico e Zoológico Municipal, no município
de Cachoeira do Sul, e teve como orientador o Biólogo Alisson da Rosa Boyink, diretor
e biólogo do zoológico.
Este trabalho tem como objetivo descrever as atividade realizadas durante o
estágio e aprimorar os conhecimentos na área de animais silvestres. Tendo como
objetivos específicos durante a prática de estágio: identificar os tipos de espécies,
desvendar especificidades de cada espécie e aprimorar conhecimento na área.
O estágio no Zoológico proporcionou ao longo do semestre o aprendizado da
biologia das espécies, manejo sanitário, nutricional e tratamento de animais silvestres
de diferentes classes. Como resultado do estudo fica o registro do material que poderá
contribuir com a profissionais e estudantes que possuem interesse na área, tendo em
vista o crescimento desse setor, um número pequeno de pessoas demonstram apreço
por esse campo.
15

1 REVISÃO DE LITERATURA

1.1 CONCEITOS

1.1.1 Animal silvestre

Todo animal pertencente a espécie nativa, migratória e qualquer outra não


exótica, que tenha todo ou parte do seu ciclo de vida ocorrendo dentro dos limites do
território brasileiro ou águas jurisdicionais brasileiras (IBAMA,2015).

1.1.2 Animal exótico

Conjunto de espécies cuja distribuição geográfica original não inclui o território


brasileiro e suas águas jurisdicionais, ainda que introduzidas, pelo homem ou
espontaneamente, em ambiente natural, inclusive as espécies asselvajadas e
excetuadas as migratórias (IBAMA, 2015).

1.1.3 Animal doméstico

Segundo o IBAMA (2015), animal de estimação ou companhia é proveniente


de espécie da fauna silvestre nativa, nascido em criadouro comercial autorizado para
tal finalidade, mantido em cativeiro domiciliar, sem finalidade de abate, de reprodução,
uso científico, uso laboratorial, uso comercial ou de exposição;

1.1.4 Espécies ameaçadas de extinção

Os zoológicos, parques safari e centros de conservação são extremamente


importantes para prevenir a extinção de um grande número de animais, pois auxiliam
na conservação da biodiversidade e contribuem para a formação de uma consciência
ambiental através da educação ambiental (SGAI; PIZZUTTO; GUIMARAES, 2010).
Um animal pode ser considerado extinto quando morre o último indivíduo da
sua espécie, tornando-se uma perda permanente já que uma vez que a espécie se
extingue ela não reaparece. Uma espécie pode estar em perigo de extinção ou
gravemente ameaçado quando tem um risco de acabar em um futuro próximo, em
perigo ou ameaçadas quando a situação não é crítica mas enfrenta um alto risco de
16

extinção em um futuro próximo e pode ser vulnerável quando submetido a um alto


risco de extinção a médio prazo (DE LEÓN E GASDÍA, 2009).

1.1.5 Estresse

Ao realizar um manejo com animais silvestres deve-se considerar o estresse


a que são submetidos os animais durante o exame físico e o tratamento. Por uma má
compreensão desse mecanismo fisiológico adaptativo, às vezes não se realiza o
exame clínico, a coleta de amostras para exames laboratoriais e a terapêutica,
deixando o animal sem atendimento, usando como argumento o risco de morte por
estresse. Claramente animais com doenças em estágios terminais, em especial
quando há comprometimento cardiorrespiratório, tem mais tendência à morte por
colapso após manejo e contenção física e química, mas isto não deve privar o clínico
de fornecer os cuidados iniciais e emergenciais ao paciente (CUBAS e JOPPERT,
2008).
Fatores que desencadeiam o estresse persistente provocam reações
neuroendócrinas que estimulam o córtex da adrenal a produzir corticosteróides. Esses
hormônios, sob condições normais, implicam em alterações metabólicas benéficas
para a proteção orgânica. À persistência das alterações homeostáticas em
decorrência do estresse, traz sérios prejuízos ao organismo, podendo comprometer a
capacidade imunogênica e a cinética dos fármacos, entre outras. Alguns sinais
clínicos do estresse são: anorexia,hiporexia, apatia, emagrecimento, úlceras
gastrointestinais, diarréia e alteração no hemograma, como leucopenia ou leucocitose,
em razão da infecção por microorganismo oportunista (CUBAS e joppert, 2008).
Um estressor pode ser qualquer estímulo externo que interfira com a
homeostase, como uma mudança de temperatura, contenção física, uma ameaça ou
antecipação de mudança por exemplo, quando o indivíduo dominante olha fixamente
ao subordinado ou só pela simples aproximação do ser humano com uma luva de
contenção (MORGAN e TROMBORG, 2007).
Os estímulos externos podem ser aqueles que causam estresse físico como
a dor, os que levam a um estresse psicológico, como o medo ou isolamento social e
os causados pela contenção física ou por barulho (WASHINGTON apud SGAI;
PIZZUTTO; GUIMARÃES, 2010).
17

1.1.6 Estereotipia

A estereotipia é descrita por Fraser e Broom (1990) como uma sequência


invariável e repetida de movimentos, sem nenhuma função aparente. Isto é
geralmente observado em animais em jaulas individuais em zoológicos, que
caminham de um lado para outro da jaula, fazendo sempre o mesmo percurso por
várias horas.
A estereotipia é conhecida como um comportamento anormal do animal,
tendo como característica a repetição de movimentos, como abanar a cabeça,
mastigação constante, engolir ar, morder barras, automutilação e arrancar pêlos e/ou
penas. Para o animal não apresentar essas estereotipias deve estar em um ambiente
apropriado, o qual forneça qualidade de vida e bem estar, resultando em
comportamentos como estado de alerta, curiosidade e interação com outros membros
do grupo (KEELING; JENSEN, 2002).

1.1.7 Enriquecimento ambiental

O enriquecimento ambiental é uma forma de buscar a melhor qualidade de


vida para um animal mantido em cativeiro, fazendo ele ficar mais ativo e diminuindo
suas estereotipias, isto é, algum comportamento que ele não teria se estivesse em
seu habitat natural (Damasceno, 2018; Massari et al., 2018; Silva et al., 2015).
Podendo ter configurações sociais ou físicas, o EA não consiste em apenas colocar
objetos no recinto, mas também com o tamanho do mesmo, o tipo de forragem
(revestimento do local onde o animal dorme) e contato social com outros animais
(Massari et al., 2018).
É comprovado que o EA tem efeitos relevantes se tratando de emoção,
cognição, comportamento, fisiologia, peso corporal, reprodução e ainda controle do
estresse por estar preso no mesmo local por muito tempo (Massari et al., 2018). E tem
sido cada vez mais reconhecido como uma maneira de melhorar o bem-estar desses
animais, fornecendo estímulos que satisfazem as necessidades espécie-específica de
cada um (Damy et al., 2010).

1.2 MANEJO COM ANIMAIS SILVESTRES

Os animais silvestres costumam apresentar manifestações tardias de sinais


18

clínicos e quando observados tais sinais é um indicativo de que o animal já se encontra


em um estado de debilidade avançado, com um prognóstico de reservado a ruim
(CUBAS e JOPPERT, 2008).
Ao atender animais que não são acostumados com manejo ou com a
presença humana, o clínico deve, sempre que possível,reduzir as contenções físicas
e minimizar os estímulos físicos e psicológicos, preferindo fármacos com meia vida
prolongada, fármacos misturados na comida, manejo em gaiolas de contenção e uso
de seringas-dardos lançadas com zarabatana (CUBAS e JOPPERT, 2008).
Em parques onde existem espécies mistas que dividem o mesmo recinto,
pode ocorrer disputa por comida e água. Esses eventos podem ter como
consequência conflitos territoriais que podem resultar em sérias lesões e até mesmo
o óbito de alguns animais. Como uma possível solução para este problema se indica
a disposição de diversos bebedouros e cochos de alimentação de tamanhos variados
a todas as espécies presentes no recinto, com a finalidade de aumentar a
disponibilidade dos recursos presentes no ambiente. Em espécies que apresentam
comportamento mais letárgico se recomenda espalhar o alimento pelo recinto para
estimular a movimentação do animal. É recomendado, com algumas espécies, que a
alimentação seja fracionada em pequenas porções ao longo do dia para incentivar o
animal a explorar todo o recinto. O alimento pode ser usado também para condicionar
o animal facilitando o manejo (KAHN e LINE,2008).

1.2.1 Nutrição de animais em cativeiro

A ciência de nutrir animais silvestres e exóticos em cativeiro vem progredindo


consideravelmente nos últimos anos, porém, por muito tempo, ficou adormecida.
Segundo Tavares (2009), durante o século XIX, a base da experimentação da nutrição
animal objetivava promover o desenvolvimento econômico, e, junto com estudos em
humanos, o conhecimento fisiológico avançou bastante, e também, conhecimentos
em bromatologia.
O estudo da nutrição de animais silvestres teve início no fim do século XIX
com a investigação de hábitos alimentares de animais silvestres norte-americanos
(Robbins, 1993). De acordo com Dierenfeld (1997), a tentativa de fornecer uma
alimentação em que se aproxime de dietas de animais da natureza para animais em
zoológicos era regra básica, na qual não davam muita importância para a composição
19

nutricional da mesma. Há necessidade de alimentos essenciais na dieta de animais


silvestres, porém os animais não necessitam de alimentos específicos e sim de
nutrientes específicos, no entanto, a importância quanto a forma física do alimento,
diversidade e qualidade da dieta são fatores indispensáveis para promover condições
normais de comportamento alimentar.
Segundo Altrak (2012) às necessidades nutricionais dos animais selvagens
permanecem amplamente desconhecidas, a utilização de modelos matemáticos de
exigências nutricionais de animais domésticos está sendo bastante útil, assim como
informações sobre constituintes dos alimentos, sintomas de excesso e deficiência de
nutrientes e minerais, dentre outros. Porém fatores devem ser considerados porque,
ao contrário de animais em cativeiro, os animais silvestres terão atividades físicas
mais intensas pela busca de alimentos e pela fuga dos predadores, estarão em
ambiente nativo e bem aclimatado, e a alimentação será diversificada em
carboidratos, proteínas, minerais, vitaminas e taninos. Assim, a utilização de
exigências nutricionais de animais domésticos (melhorados geneticamente para alta
performance produtiva) e a tentativa de simular a dieta do hábitat natural (diversidade
de alimentos) deve ser feita com cautela, pois erros excessivos podem ocorrer,
acarretando assim problema de excesso de peso.
Há diferença entre exigências nutricionais de animais domésticos e animais
silvestres, sendo que o último preconiza uma dieta equilibrada em promover ótimo
desempenho de crescimento e reprodutivos, não focando em máximo desempenho
produtivo (carne, leite e lã). A presença de taninos e compostos polifenólicos na dieta,
segundo CLAUSS (2003), são importantes na dieta de animais silvestres, já que na
natureza, participam consideravelmente da alimentação desses animais, e, em
cativeiro, nem tanto.
Os taninos são conhecidos de longa data por apresentarem características
como: reduzir a digestibilidade aparente da dieta, toxicidade (fator antinutricional) e
reduzir a palatabilidade de forrageiras. No entanto, recentemente, o potencial
antioxidante e cardioprotetor dos taninos e compostos polifenólicos tem sido
enfatizado na nutrição humana. Potenciais efeitos positivos são observados em
animais como: redução da degradação ruminal de proteína com aumento de fluxo de
aminoácidos para o intestino delgado, prevenção de timpanismo, redução de parasitas
gastrintestinais e quelação do ferro (CLAUSS, 2003). Para tanto, estudos mostram
que animais em cativeiro podem apresentar infestações de parasitas intestinais, bem
20

como de acúmulo de ferro, podendo estar relacionado com a falta de tanino em dietas
de animais em cativeiro.

1.1.2 Higiene sanitária

De acordo com Altrak (2012), o programa de quarentena busca diminuir a


contaminação de animais sadios em um plantel estabilizado pela entrada de novos
indivíduos, portanto, é priorizado instalações e procedimentos adequados, assim
como mão de obra qualificada e treinada.
Segundo Vieira et al 2008, a limpeza e desinfecção dos recintos devem ser
realizadas diariamente, antes do fornecimento da alimentação e depois da retirada
das sobras. Os recintos devem ser desinfetados, evitando danos à saúde dos animais.
Na higienização dos recintos deve-se utilizar hipoclorito de sódio ou somente água, já
nos tanques de animais aquáticos pode ser utilizado cloro ou outro produto
determinado pelos técnicos do zoológico, sendo a frequência da troca da água do
tanque também determinada pelos técnicos.

1.1.3 Manejo sanitário

Apesar dos esforços dos profissionais na manutenção de um rigoroso manejo


sanitário, o ambiente de um zoológico continua sendo favorável à disseminação de
doenças, muitas delas de potencial zoonótico. Dessa forma, é necessário o
estabelecimento de um programa de medicina veterinária preventiva para os animais
mantidos em populações cativas em zoológicos, assim como dos animais selvagens
recém-adquiridos por essas instituições (CUBAS; RAMOS; CATÃO-DIAS, 2006).
Informações de quais doenças infecciosas podem ser transmitidas dos
animais selvagens para outros animais, domésticos ou selvagens, é ainda limitada.
Pela existência de um universo muito grande de espécies, nativas e exóticas, há uma
escassez de dados da ocorrência e manifestação de doenças em diferentes indivíduos
selvagens. Existe a possibilidade de um indivíduo levar um agente infeccioso ou
parasitário fatal para um plantel, portanto, requer que esses animais recém-chegados
permaneçam por um período em quarentena, e que adequados protocolos sanitários
sejam seguidos, diminuindo desta maneira a transmissão de doenças ao criadouro ou
zoológico (CUBAS; RAMOS; CATÃO-DIAS, 2006).
Segundo o Manual para instalação e funcionamento de empreendimentos de
21

uso e manejo de fauna silvestre em cativeiro no estado do Rio Grande do Sul (2016),
o setor de quarentena é designado ao isolamento provisório de novos indivíduos que
chegam ao local, abastecido de equipamentos e instalações que atendam as
necessidades dos espécimes hospedados e inclua mão de obra capacitada,
instalações e procedimentos adequados. Este setor deve ser planejado de acordo
com as espécies pretendidas pelo local. Os recintos devem ser projetados de forma
que abrigue uma diversidade de espécimes, atendendo suas necessidades
comportamentais para um ambiente menos complexo do que o recinto de exposição;
realizar os manejos específicos ao processo de quarentena como, transporte,
contenção, adaptação a nova dieta, vacinação, tuberculinização e administração de
medicamentos, observação dos animais por parte da equipe, além de evitar a
circulação desnecessária de pessoas com o objetivo de minimizar os riscos de
disseminação de patógenos.
Deve existir uma equipe de tratadores própria para o setor, assim como
equipamentos e fômites de uso exclusivo neste setor. Dividir setores entre os
diferentes grupos (répteis, anfíbios, mamíferos e aves). Todos devem ter acesso a luz
solar de acordo com o comportamento e necessidade de cada espécie e ao final do
período de quarentena, o recinto e utensílios utilizados devem ter uma rigorosa rotina
de higienização ou descarte com o intuito de preparar o local para receber um novo
animal. Manual para instalação e funcionamento de empreendimentos de uso e
manejo de fauna silvestre em cativeiro no estado do Rio Grande do Sul (2016).
Viera et al (2008) afirma que os protocolos de quarentena determinam o
período mínimo que o animal recém-chegado deve permanecer isolado, com a
intenção de reduzir o risco de disseminação de doenças que eles possam apresentar.
Existem recomendações quanto aos exames que devem ser realizados nos animais,
com o objetivo de identificar doenças ou a presença de agentes que possam ser
transmitidos para outros animais e para o homem, e são específicos para cada grupo
ou espécie.
O local destinado à quarentena deve estar localizado fora da área de visitação,
e isolado da área de manutenção do resto dos animais, e destina-se exclusivamente
ao alojamento de animais recém-chegados à instituição, derivados da natureza ou de
outros cativeiros. Durante o período de quarentena, o animal deve ser observado
diariamente, com o intuito de verificar suas condições de saúde, avaliando o
comportamento, o consumo de água e alimentos, o aspecto das fezes e urina, entre
22

outros. Durante a quarentena o animal estará em adaptação às condições de manejo


do zoológico, e este é um período crítico para o animal, sendo assim, a atenção deve
ser redobrada. Qualquer alteração observada nos animais em quarentena deve ser
informada imediatamente à equipe técnica VIERA et al (2008).
A tuberculose é uma doença contagiosa que pode acometer o homem e várias
espécies animais, tanto domésticas quanto silvestres. O agente causador da
tuberculose é uma bactéria chamada micobactéria, visto que existem diversos tipos
de micobactérias relacionadas com doenças em diferentes espécies. Algumas são
mais comuns no homem, enquanto outras são mais comuns em animais como bovinos
ou aves, segundo VIERA et al (2008).
Dentre os animais de zoológico, deve ser dada uma atenção especial aos
primatas, devido a sua sensibilidade à doença que ocorre no homem. Portanto, os
funcionários envolvidos no manejo destes animais devem fazer exames de saúde
regulares, e aqueles que apresentam a doença não devem manter contato com
primatas. Do mesmo modo, os primatas devem ser submetidos a exames para
identificar animais contaminados, evitando o risco de transmissão da doença para os
funcionários ou visitantes dos zoológicos. Além de realizar os exames e a quarentena
em animais recém-chegados, outras medidas são recomendadas para a prevenção
de sua transmissão, como a limpeza adequada e desinfecção de recintos e
equipamentos de manejo, utilização de EPI’s para a realização das tarefas diárias e
utilização de alimentos de boa procedência (VIERA et al 2008).

1.3 ESPÉCIES MAIS FREQUENTES NOS ZOOLÓGICOS DO RIO GRANDE DO


SUL

1.3.1 Mamíferos

1.3.1.1 Felideos

1.3.1.1.1 Aspectos reprodutivos dos felídeos

O período de gestação varia de 91 a 111 dias, sendo em média de 101 dias


(HEMMER, 1979 apud SEYMOUR 1989), e nascem de um a quatro filhotes, sendo
mais comum nascerem dois (CANEVARI, 1983 apud SEYMOUR 1989). Os filhotes
permanecem com a mãe por um período de 1,5 a 2 dois anos até se afastarem para
estabelecer seus próprios territórios (MONDOLFI; HOOGESTEIJN, 1986). A
23

maturidade sexual é atingida entre 3 a 4 anos nos machos (MONDOLFI;


HOOGESTEIJN, 1986) e de 2 a 3 nas fêmeas (HEMMER, 1979 apud SEYMOUR
1989).

1.3.1.1.2 Onça pintada (Panthera onca)

1.3.1.1.2.1 Características da espécie

De acordo com Silva e Adonia (2007), a onça-pintada é o maior felino das


Américas e o único representante vivo do gênero Panthera encontrado no Novo
Mundo. Possui cabeça grande e forma troncuda, com membros relativamente
menores do que os de outros animais desse gênero. Onças-pintadas apresentam
melanismo frequente, o qual é herdado por um gene dominante. Espécimes albinos
também são ocasionalmente relatados. As onças que habitam florestas são, em geral,
mais escuras e consideravelmente menores do que as que habitam áreas abertas. Na
floresta pluvial da América Central, 13 machos pesaram em média 57 kg; da mesma
forma, o peso médio das fêmeas foi 42kg. Já no Pantanal brasileiro, machos
capturados pesaram em torno de 100kg (n = 24) e as fêmeas 76 kg (n = 16), A
diferença de tamanho pode ser causada pela grande abundância de espécies de
presas de grande porte existente na maioria dos ambientes abertos. As onças da
região Amazônica, por habitarem matas densas e fechadas, possuem porte menor e
são mais escuras do que as do Pantanal ou do cerrado, que habitam áreas abertas e
podem chegar a 100 kg.
O corpo é completamente revestido por pintas negras, que chegam a formar
rosetas dos mais diversos tamanhos, mas geralmente são grandes e com um ou mais
pontos negros no seu interior. A coloração varia entre amarelo-claro e um castanho-
ocre, tendendo a um amarelo-acastanhado (Silva e Adonia 2007)

1.3.1.3 Manejo nutricional

Silva e Adonia (2007) afirma que mais de 85 táxons têm sido registrados na
dieta das onças-pintadas, e parece haver uma preferência por presas grandes, tais
como catetos, queixadas, antas e veados. Entretanto, não é encontrando diferença
para presas de médio e grande porte, apenas uma tendência de predarem mais
24

animais de grande porte quanto maior é a distância do equador. Parte do habitat


natural deste felídeo foi transformada em pasto e, como consequência, os bovinos são
uma presa frequente na dieta dessa espécie no Brasil e Venezuela.
Na Região Neotropical, o puma e a onça-pintada se encontram no topo da
pirâmide trófica e, como são caçadores oportunistas, podem exercer uma influência
“de cima para baixo” na cadeia alimentar, pois selecionam suas presas de acordo com
a abundância (Miller e Rabinowitz, 2002; Azevedo, 2006 apud ALVES, T. R at al,
2007).
As principais espécies de presas consumidas pela onça-pintada no Pantanal
são capivara (Hydrochaeris hydrochaeris), gado (Bos taurus), jacaré (Caiman yacare),
cervo do pantanal (Blastocerus dichotomus), veado mateiro (Mazama americana),
queixada (Tayassu tajacu) e quatis (Nasua nasua) (AZEVEDO; MURRAY, 2007).

1.3.1.1.3 Onça parda(Puma concolor)

1.3.1.1.3.1 Características da espécie

É a segunda maior espécie de felino no Brasil. O peso pode variar de 53 a 72


kg para machos adultos e de 34 a 48 kg para fêmeas adultas, no entanto, sabe-se que
os animais tendem a ser maiores quanto mais ao norte da linha do equador se
encontram. Com corpo longo e esguio, os fortes membros e a cauda são longos. As
partes inferiores são esbranquiçadas, com cabeça relativamente pequena. Há uma
mancha branca ao redor da boca e a ponta do focinho é rosada. Os olhos são grandes
com íris amarelada. Machos são maiores que fêmeas. A pelagem é curta nos trópicos
mas pode ser mais longa e densa no inverno no hemisfério norte. A coloração é
uniforme, variando do marrom-acinzentado claro ao marrom-avermelhado, o padrão
de coloração pode variar até mesmo em uma mesma cria, mas os indivíduos do Norte
do Brasil tendem a ser marrom-avermelhados e os de áreas abertas são mais claros.
Os filhotes nascem com olhos azuis e pintas escuras pelo corpo essas
permanecem bastante aparentes até aproximadamente o 3° ou 4° mês de vida. (Silva
e Adonia, 2007)

1.3.1.1.3.2 Manejo nutricional

De acordo com Silva e Adonia (2007) a onça parda é um predador generalista.


25

Aspectos de sua dieta,hábitos e territorialidade já foram amplamente estudados em


vida livre, principalmente na América do Norte, e a extrapolação de dados de uma
região para a outra deve ser cautelosa, dada a ampla distribuição da espécie e
características tão distintas de habitat. Entre as presas para esse grande felídeo estão
capivaras,pacas, cotias, outros pequenos roedores, marsupiais, tatus, tamanduás-
mirins, veados, queixadas, lebres nativas e exóticas, quatis e ouriços, além de
teiídeos, aves (como emas), peixes e insetos. Na América Latina as presas da
suçuarana são, em geral, de menor porte, devido à competição com a onça-pintada.
A capacidade da onça-parda em se adequar a diferentes tipos de habitats
tem levado a espécie cada vez mais a utilizar áreas antropizadas em busca de
alimento e abrigo, principalmente áreas de reflorestamento com espécies exóticas
como pinheiro e eucalipto (Verdade e Campos, 1997 apud ALVES, T. R 2007).

1.3.1.1.4 Jaguatirica(Leopardus pardalis)

1.3.1.1.4.1 Características da espécie

A espécie apresenta porte médio e é considerada a maior do grupo dos


pequenos felinos neotropicais. Seu peso corporal varia entre sete a 16 kg. A pelagem
é curta e marcada com rosetas (ocelos) que tendem a se unir na lateral do corpo,
formando listras horizontais e correndo em cadeias paralelas, o que em alguns
indivíduos pode ser pouco distinguível. O pêlo na região da nuca cresce ao contrário
daquele do resto do corpo, em direção cranial e não caudal. A coloração de fundo da
pelagem é muito variável indo do acinzentado ao amarelado e castanho-ocre; as
marcas de um lado do animal são diferentes das do outro lado e possibilitam a
individualização de animais. O ventre é claro, com pintas negras, e a cauda curta, com
anéis pretos. Como a maioria dos gatos selvagens brasileiros, possui uma mancha
clara e redonda atrás da orelha (Silva e Adonia, 2007).

1.3.1.1.4.2 Manejo nutricional

A dieta é composta basicamente de roedores terrestres e noturnos. As presas


mais frequentemente capturadas parecem ser aquelas de maior abundância no local,
como ratos, camundongos, gambás e tatus, podendo utilizar mais ou menos de um
mesmo item, dependendo da estação do ano. Podem, ainda, se alimentar de
26

tamanduás-mirins, veados, micos, lebres, aves, iguanas, crustáceos terrestres,


catetos, jabutis, morcegos, insetos e pacas (Silva e Adonia, 2007).

1.3.1.1.5 Gato mourisco (Puma yagouaroundi)

1.3.1.1.5.1 Características da espécie

É o único pequeno felino classificado na linhagem dos pumas. É uma espécie


de porte pequeno-médio; peso médio de 5,2 kg, sendo o intervalo observado de 3 a 7,6
kg; cabeça pequena, alongada e achatada; e orelhas pequenas e bem arredondadas.
Por causa de seu corpo alongado lembra um mustelídeo. Apresenta patas
relativamente curtas em relação ao corpo e à cauda longa. A coloração é uniforme,
podendo apresentar uma aparência tordilha; apresenta três tipos básicos:
amarronzada-negra, acinzentada e vermelho-amarelada, diferindo das outras espécies
por apresentar coloração uniforme e pelo formato do corpo (alongado). Todas essas
pelagens podem ocorrer na mesma ninhada. A espécie apresenta hábito solitário e
terrestre, com atividade predominantemente diurna; apresenta, ocasionalmente,
atividade noturna e forrageamento arborícola (Silva e Adonia, 2007).
Maffei (2007) afirma que o Puma yagouaroundi é um felino que habita quase
todos os tipos de habitats abaixo dos 2.200m de altitude. O P. yagouaroundi ocorre em
todo Brasil, exceto no sul do Rio Grande do Sul. Seu habitat é bastante variado e inclui
florestas tropicais e subtropicais, cerrado, caatinga, pantanal, vegetação secundária e
etc.
Esse gato possui a reputação de bom nadador. Dorme em tocas de árvores,
em galhos altos ou em meio de vegetação densa. Alimenta-se de preferência no solo,
mas é um bom trepador. Seu território pode ser dividido com outros da mesma espécie;
isso não é usual para gatos e parece que tem um nível razoável de sociabilidade com
complexo repertório vocal. Caça ao entardecer ou ao amanhecer (Silva e Adonia,
2007).

1.3.1.1.5.2 Manejo nutricional

Tem sido sugerido que esse felino possui preferência alimentar por aves
terrestres, em vez de mamíferos, análises do conteúdo estomacal de 23 animais na
Venezuela mostraram que as aves são mais frequentes, sendo encontradas em 54 a
27

70% das análises estomacais. Já, roedores, coelhos e répteis foram encontrados em
40 a 51%. 72% das amostras de fezes analisadas em um estudo em Belize
apresentaram artrópodes, 22% aves e 95% roedores. Há relatos ainda do consumo de
peixes caracídeos (Silva e Adonia, 2007).

1.3.1.2 Canideos

1.3.1.2.1 Graxaim do mato

1.3.1.2.1.1 Caracteristicas da espécie

O graxaim-do-mato (Cerdocyon thous), é um canídeo de pequeno a médio


porte com massa corpórea entre 4 e 13 kg (Moehlman 1986. Motta-Junior et al 1994).
Apresenta hábitos crepusculares e noturnos, com grande distribuição em savanas e
florestas da América do Sul, desde o Uruguai e norte da Argentina até o norte do
continente sul-americano (Berta 1987, Eisenberg e Redford 1999).

1.3.1.2.1.2 Aspectos reprodutivos

Segundo Gomes. M.S (2007), esses canídeos apresentam normalmente um


ou dois partos por ano, com ninhadas que variam entre três e seis indivíduos, pesando
de 120 a 160g. O período de gestação encontra-se em torno de cinquenta e cinco a
cinquenta e nove dias.
Os filhotes nascem cobertos de pelos, com olhos e condutos auditivos
fechados e extremamente dependentes da mãe. A maturidade sexual é alcançada entre
um e dois anos de idade, enquanto a expectativa de vida é superior a 10 anos em todas
as espécies.

1.3.1.2.1.3 Manejo nutricional

Esses animais possuem uma estratégia oportunista de predação, sendo a


sua dieta onívora, envolvendo principalmente pequenos mamíferos, aves. insetos e
frutos. consumindo em maior quantidade os alimentos mais fartos em cada estação
(Bisbal e Ojasti 1980)
No Rio Grande do Sul talvez seja a espécie de carnívoro que viva mais
próxima do homem, o que acaba lhe trazendo benefícios (muitas vezes se alimenta
28

de restos de comida humana, animais domesticados. carcaça de animais atropelados)


e prejuízos (por conseqüência, sofre perseguição do homem pela predação de
animais domesticados e acabam inúmeras vezes pagando com a vida aqueles
indivíduos que se arriscam a se alimentar de animais atropelados) Pedó (2002)

1.3.1.3 Primatas

1.3.1.3.1 Sagui do tufo branco(Callithrix jacchus)

1.3.1.3.1.1 Características da espécie

Podem chegar a 30 cm de comprimento e mais de 35 cm de cauda. São os


menores macacos que existem. Pesam até 240 g, sua cauda é longa e não prensil,
possuem unhas longas com a forma de garras (exceto a do polegar). Com 32 dentes,
sendo oito incisivos, quatro caninos e doze pré-molares. Tempo de vida de até 20 anos
em vida livre e 10 a 15 anos em cativeiro.
Suas garras são utilizadas para subir nos troncos e para retirar insetos e
larvas do interior dos galhos das árvores. Raramente saltam de uma árvore para outra
que esteja a distância,porém onde as copas se tocam, atravessam com agilidade as
pontes formadas pelos ramos. Abriga-se nos ocos dos troncos, mas não constroem
ninhos, o Sagui detesta o frio, portanto, costuma juntar pedaços de pano em sua gaiola
e faz um ninho onde possa se abrigar. Possuem domínios definidos e os bandos
instalam-se nas proximidades das fruteiras, na mata, repetindo os mesmos percursos
todos os dias. Utilizam as mesmas árvores e os mesmos galhos durante os
deslocamentos (FREITAS, 2011).

1.3.1.3.1.2 Aspectos reprodutivos

Verona e Pissinatti (2007) afirmam que as espécies mais conhecidas e


estudadas vivem em grupos familiares com somente uma fêmea reprodutora, um ou
mais machos, dois a quatro subadultos e dois juvenis. Podem reproduzir o ano todo,
como Callithrix jacchus. Ocorre uma supressão da fertilidade das fêmeas subordinadas
do grupo, devido à presença de uma fêmea dominante que é a única que permanece
com níveis elevados de progesterona. As fêmeas subordinadas ajudam na criação dos
filhotes do grupo (produzidos pela dominante), porém mantém-se em anestro até que
a dominante seja removida. O mesmo tipo de opressão não ocorre em machos dessa
29

espécie, permitindo que em algumas espécies de calitriquídeos os machos


subordinados também possam reproduzir com a fêmea dominante.
Algumas semanas antes de dar à luz as fêmeas ficam menos ativas. Parem
sempre gêmeos (podem ser 3), o peso médio de cada filhote é de 30 g, e não devem
ser perturbados quando estiverem dando à luz, que acontece à noite, e o parto leva
aproximadamente uma hora, nesse periodo é levado em consideração o tempo entre
as primeiras contrações até o nascimento do primeiro sagüi. O intervalo entre os dois
filhotes normalmente é 2-5 minutos. Normalmente a placenta sai em 10-30 minutos
depois do nascimento do último filhote e é comida pelo grupo de fêmeas e outros
membros do grupo. O sagüi se agarra no peito do pai e só volta para junto da mãe na
hora de mamar, na hora de atravessar os galhos e correr pelas árvores, é o pai que
carrega os filhotes. Os filhotes mamam até os 6 meses e depois de 90 dias os filhotes
já são auto-suficientes quanto à alimentação. Até os 50 dias os filhotes não são
capazes de se termorregularem, sendo necessário o apoio da família. A maturidade
sexual dos machos ocorre entre 9 e 13 meses e a da fêmea com 18 a 24 meses
(FREITAS, 2011).

1.3.1.3.1.3 Manejo nutricional

São animais onívoros e em cativeiro deve-se fornecer uma alimentação


variável, evitando-se o estresse alimentar. Deve ser dividida em três partes: Manhã:
dieta rica em proteína; Posteriormente alimentação rica em fibra e vitaminas; Ao final
do dia: complementação com insetos, como tenébrios, grilos, gafanhotos e tenébrios
gigantes (zoophobas) (FREITAS, 2011).

1.3.1.4 Aves

1.3.1.4.1 Coruja orelhuda

1.3.1.4.1.1 Características da espécie

É uma coruja de tamanho médio, medindo de 34 a 42 cm (macho) e de 34 a


40 cm (fêmea). O macho pesa de 335 a 553 gramas e a fêmea de 390 a 563 gramas.
A asa mede de 228 a 294 milímetros e a cauda de 127 a 165 milímetros.
Segundo a Plataforma Wikiaves, as partes superiores são bege, marrom e
canela apresentando estrias pretas. Na cabeça, a coroa e a nuca são marrons
30

apresentando listras e manchas. No alto da cabeça, sobre os olhos apresentam penas


proeminentes de de coloração castanho escura e preta que se assemelham na
aparência a orelhas. O disco facial é esbranquiçado, com borda preta bem visível. As
penas de voo e da cauda apresentam barrado marrom escuro. As asas são curtas e a
cauda é longa. Nas partes inferiores, a garganta é branca, o peito e a barriga são branco
sujos ou bege, com estrias largas de coloração preta. As penas subcaudais são
esbranquiçadas apresentando fino barrado escuro. A parte inferior da asa é pálida e
apresentam uma conspícua mancha escura no carpo. As penas primárias exteriores
mostram barras largas, escuras e transversais de coloração marrom. O bico em forma
de gancho é curto, estreito e de coloração cinza escuro quase preto. Os olhos são
marrom escuros. Os tarsos e pés são emplumados e a coloração da pele dos pés é
cinza escuro. Suas garras são pretas.

1.3.1.4.1.2 Aspectos reprodutivos

No período reprodutivo, as corujas defendem ativamente o ninho, emitindo


vocalizações de alarme e dando voos rasantes sobre os invasores. Embora algumas
espécies sejam predadoras de topo, corujas menores podem ser predadas por outras
aves de rapina e também por mamíferos carnívoros. Além das defesas ativas citadas,
algumas corujas usam estratégias passivas de defesa. A coruja orelhuda (Asio
clamator), por exemplo, costuma "inflar" o corpo eriçando as penas e também estala o
bico na tentativa de intimidar o predador, de acordo com Menq, Willian (2013)
De acordo com a Plataforma Wikiaves (2022), o período reprodutivo, durante
a estação seca de maio a agosto no Centro-Oeste do Brasil, e até dezembro no sul do
Brasil. Faz ninho no chão forrado com poucas gramíneas secas e oculta em meio ao
capim, entre ramos e troncos secos, e em ocos de árvores. É uma das poucas corujas
que aparentam a intenção de construir um ninho. Põe de dois a quatro ovos, que são
chocados por 33 dias. A fêmea praticamente não sai do ninho durante a incubação,
sendo alimentada pelo macho. Os filhotes são capazes de voar entre o 37º e o 46º dia
de vida. Aos 130-140 dias de vida os jovens são expulsos do território pelos pais.

1.3.1.4.1.3 Manejo nutricional

Alimenta-se de ratos (inclusive dos maiores), morcegos, anfíbios, répteis,


insetos grandes e aves. O grande comprimento das garras sugere que preda animais
31

grandes (mais de 200 g) em relação ao seu tamanho, segundo a Plataforma Wikiaves.


A oferta de presas vivas ou recém-abatidas se mostram vantajosas quando
comparado às presas congeladas, não só pela palatabilidade como também pela maior
disponibilidade de vitaminas lipossolúveis (visto que o congelamento por longos
períodos inativa essas). Outra questão fundamental a ser considerada no manejo
nutricional em cativeiro é a inclusão de jejuns semanais, em razão da alta prevalência
de obesidade em aves de rapina devido à falta de exercícios em cativeiro. Durante a
época reprodutiva, a dieta pode ser suplementada com carotenóides, objetivando o
aumento da pigmentação da cera e patas (um dos sinais de corte nos rapinantes) e
com vitamina E e Selênio, para estimulação de comportamentos reprodutivos e maior
produção de ovos e sêmen.(Cubas e PEREIRA, Ricardo 2007)

1.3.1.5 Repteis

1.3.1.5.1 Iguana-verde(Iguana iguana)

1.3.1.5.1.1 Manejo nutricional

Alimentação e nutrição de lagartos é um tema complexo. O comportamento


alimentar pode ser influenciado pelos sentidos visão, audição, olfato e paladar;
variações ambientais como temperatura, luz e umidade; e características filogenéticas
(mecanismos de defesa e fuga e influências de ciclos reprodutivos). Algumas espécies
possuem hábitos alimentares distintos em função da idade (variação ontogênica ou
ontogenética). Por exemplo, a iguana-verde comum (Iguana iguana) na fase jovem é
mais carnívora do que herbívora. Na medida em que vai crescendo, as proporções de
consumo se invertem e quando adulta, a iguana se torna basicamente herbívora.
Postula-se que, nessa espécie, os jovens tenham maior necessidade de proteína
animal para o crescimento (GOULART, 2007).
As iguanas são uns dos poucos lagartos completamente herbívoros. Eles se
agrupam com muitos outros Iguanidae do Novo Mundo, o agamídeo de cauda
espinhosa (Uromastyx spp), dragões de sailfin (Hydrosaurus spp.), iguanas da ilha Fiji
(Brachylopus spp.) e o camaleão da ilha de Solomon (Corucia zebrata) As iguanas
gastam 90%- 96% do seu tempo descansando e somente 1% se alimentando. O tempo
gasto com a procura por alimento dura somente 20-30 minutos. As iguanas ingerem
32

folhas de árvores e videiras. A análise do conteúdo estomacal de 31 iguanas no


Panamá revelou somente material vegetal, compreendendo 26 espécies de plantas.
Vinte e quatro estômagos continham somente folhas; quatro continham folhas e flores;
dois somente frutas e um somente flores.(BARTEN, 2002)

1.3.1.5.1.2 Manejo Sanitário

Os répteis novos devem ser mantidos em uma área separada da principal por
um mínimo de 3 meses. Os animais novos devem passar por um exame físico, devem
ser pesados, fazer exames fecais, tratamentos parasiticidas e monitoração do apetite,
observação do comportamento e de sinais de doença. No mínimo, os tratadores
deverão inspecionar os animais novos. Os animais principais devem ser alimentados e
seu recinto deve ser limpo antes, posteriormente os animais em quarentena, não se
fazendo transferência de animais, gaiolas, comedouros e bebedouros, alimentos não
ingeridos ou utensílios entre eles. Os tratadores devem lavar suas mãos e fazer trocas
de vestimentas entre o trabalho com um grupo e outro para evitar a transferência
inadvertida de patógenos. Seria ideal que pessoas diferentes trabalhassem com os
grupos. Quanto mais distantes eles estiverem um do outro, menor será a probabilidade
de ocorrência de uma epizootia. Não deve haver transferência de ar entre os dois
grupos. Quando vários animais estiverem em quarentena, eles deverão entrar e sair da
área de quarentena em grupo (BARTEN 2002).
33

2 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS

2.1 DESCRIÇÃO DO LOCAL DE ESTÁGIO

O Jardim Botânico e Zoológico Municipal (Figura 1) foi fundado em 12 de


junho de 1990 pela prefeitura municipal de Cachoeira do Sul, localizado na Rua Silvio
Scopel 502, no município de Cachoeira do Sul, no Rio Grande do Sul tem como
objetivo promover, expandir e diversificar ações culturais e educacionais de
conhecimento, preservação e registro das espécies vegetais e animais do município.
O período de estágio foi de 01 de agosto de 2022 a 30 de outubro de 2022,
totalizando 600 horas. Nele foi acompanhado a rotina do Jardim Zoológico,
juntamente com o veterinário, biólogo e tratadores, desde o manejo nutricional e
sanitário até solturas e alguns procedimentos cirúrgicos, que por sua vez, não foram
relatados no presente trabalho.

Figura 1 - Pórtico de entrada do Jardim Zoológico de Cachoeira do Sul

Fonte: Conde (2022)


34

2.2 RECINTOS DAS ESPÉCIES

O Jardim Botânico e Zoológico conta com aproximadamente 258 exemplares


que ficam distribuídos em 30 recintos, sendo esses exemplares compostos por
aves, mamíferos e répteis.
O recinto da onça pintada (Figura 2) abriga um espécime, ele é fechado com
grade e tela, possui abrigo de tijolos, telhado, piscina e tem como enriquecimento
ambiental pontes, escadas e balanço. O piso é de substrato e concreto, cocho para
água em concreto e não possui cocho para alimentação.

Figura 2 - Recinto da onça pintada

Fonte: Conde (2022)

A onça parda reside em seu recinto sozinha, é fechado com grades e tela,
possui abrigo de tijolos, telhado e parede de vidro, escadas, pontes e piscina. O
piso é misto, cocho para água em concreto e para alimentação em plástico.
A jaguatirica por sua vez possui um recinto (Figura 3) cercado de tela e
grades, com telhado, abrigos em alvenaria e um cocho de água em concreto. Tem
como enriquecimento ambiental pontes, escadas e balanço em pneu.
35

Figura 3 - Recinto da Jaguatirica

Fonte: Conde (2022)

O recinto das duas espécimes de gato mourisco é também de outros cinco


exemplares de pequenos felinos, este é cercado por grades e tela, possui telhado,
abrigos em madeira, pontes, aquecedor a óleo, balanço com pneu, dois cochos de
água em concreto e um bebedouro em PVC.

Figura 4 - Recinto Graxaim do campo e do mato

Fonte: Conde (2022)

São nove animais que encontram-se no recinto dos graxains (Figura 4), esse
ambiente cercado de tela e com abrigos de madeira (cobertos) possui piscina,
36

pontes, tubos metálicos e de concreto e balanço. Contem cocho para água e potes
de alimentação em plástico e metal, que são colocados pela manhã e retirados ao
entardecer.
O sagui do tufo branco dispõe no seu recinto abrigos em madeira, balanços
de pneu, pontes, piso de substrato com sistema de aquecimento à óleo, um cocho
de concreto para água e um de plástico para alimentação.
Junto com a coruja orelhuda se encontra o corujão orelhudo no mesmo
recinto, este por sua vez é cercado de tela com telhado e possui abrigo, pontes,
poleiros e cocho para água em concreto.
A iguana tem seu recinto em alvenaria (Figura 5), com vidros e janela, piso
misto, com pedra de aquecimento, lâmpadas UVA/UVB, aquecimento à óleo,
ventilação, higrômetro e cochos de alimentação em inox.

Figura 5 - Recinto da iguana

Fonte: Conde (2022)

O zoológico conta com recintos de apoio como: enfermaria/ambulatório onde


são isolados os animais que apresentam-se doentes e estão armazenados
medicamentos necessários para a prevenção e tratamento de enfermidades dos
animais que habitam o zoológico, esse recinto facilita o manejo e proporciona uma
melhor observação do caso clínico desses animais.
37

2.3 CONTAGEM DOS ANIMAIS

Semestralmente é realizada a contagem de todos os animais do parque por


exigência do IBAMA para um controle de natalidade, mortalidade e também para
obter um monitoramento do número de animais que habitam o parque.

2.4 ALIMENTAÇÃO

O Jardim Zoológico possui uma cozinha onde é armazenado e preparado os


alimentos para os animais, a cozinha possui freezers, câmara fria , bancada de
mármore, pia e cooktop. A rotina de alimentação do Zoológico consiste em alimentar
pela manhã os animais que comem ração, frutas e legumes, que são doadas por
supermercados da cidade, já na parte da tarde é realizada a alimentação dos animais
carnívoros.
Durante a manhã, inicia-se o trabalho de organização das bandejas, sendo
que determinada espécie ou grupo de animais receberão carnes, frutas e verduras,
assim como vitaminas e sais minerais, de acordo com a necessidade de cada animal.
Este planejamento de preparo de dietas segue uma rotina diária, para que os
tratadores abasteçam os comedouros de forma padronizada, respeitando desta
forma, o horário de alimentação de cada animal.
Os alimentos que são transportados em baldes para os animais são
despejados em alimentadores fixos (cochos), já os alimentos transportados em
bandejas de inox permanecem nos recintos até o final da tarde, quando os
funcionários fazem a limpeza dos mesmos.

2.5 MANEJO DOS ANIMAIS DO ZOOLÓGICO

2.5.1 Mamíferos

2.5.1.1 Felideos

2.5.1.1.1 Manejo sanitário dos felinos

O manejo sanitário dos felinos é igual para todas as espécies, quarentena


de trinta dias com exame de fezes, testagem de FIV/FeLV, exames de sangue e
sorologia. No plantel é realizado EPF a cada seis meses com vermifugação se
necessário, checkup anual com avaliação dentária, profilaxia dentária, exames de
38

sangue e teste FIV/FeLV em casos de suspeita. Além de equipe e material de


limpeza próprio para evitar a disseminação de toxoplasmose.

2.5.1.1.1.1 Onça pintada (Panthera onca)

2.5.1.1.1.1.1 Manejo nutricional

A onça pintada (Figura 6) por ser um animal carnívoro recebe alimentação


na parte da tarde, todos os dias, cerca de 1,3 kg de carne. No caso da carne não
possuir muitos ossos é adicionado a ela cálcio em pó.

Figura 6 - Onça pintada

Fonte: Jardim Zoológico de Cachoeira do Sul, 2019. (Instagram)


39

2.5.1.1.1.2 Onça parda

2.5.1.1.1.2.1 Manejo nutricional

A onça parda recebe alimentação na parte da tarde, todos os dias, cerca de


1,3 kg de carne. Quando a carne não possui muito osso, é adicionado cálcio em pó.

2.5.1.1.1.3 Jaguatirica

2.5.1.1.1.3.1 Manejo nutricional

A jaguatirica (Figura 7) recebe alimentação na parte da tarde, todos os dias,


cerca de 0,7 kg de carne. Quando a carne não possui muito osso, é adicionado cálcio
em pó.

Figura 7 - Jaguatirica

Fonte: Conde (2022)


40

2.5.1.1.1.4 Gato mourisco

2.5.1.1.1.4.1 Manejo nutricional

O mourisco recebe alimentação na parte da tarde, todos os dias, cerca de


0,2 kg de carne. Quando a carne não possui muito osso, é adicionado cálcio em pó.
O alimento não é oferecido em potes ou pratos, e sim espalhados pelo recinto.

2.5.1.2 Canideos

2.5.1.2.1 Graxaim do mato

2.5.1.2.1.1 Manejo nutricional

Os graxains (Figura 8) por serem onívoros recebem alimentação a base de


diversos tipos de alimentos como banana, maçã, chuchu, cenoura, ovo e carne
(Figura 9). Além de ser fornecido concentrados como ração de pet.

Figura 8 - Graxaim do mato

Fonte: Jardim Zoológico de Cachoeira do Sul, 2019. (Instagram)


41

Figura 9 - Concentrado de ração de pet e balde de frutas e legumes

Fonte: Conde (2022)

2.5.1.2.1.2 Manejo sanitário

Os animais novos passam por uma quarentena de trinta dias onde


desempenham EPF. Exames de sangue, sorologia e vacinação para cinomose que
é feito sempre que há material disponível, e os animais machos passam por
vasectomia. No plantel o EPF é realizado a cada seis meses com a administração
de vermífugo Fenbendazol e feito o checkup anual.

2.5.1.3 Primatas

2.5.1.3.1 Sagui do tufo branco

2.5.1.3.1.1 Manejo nutricional

O sagui do tufo branco é um animal onívoro, no zoológico sua dieta é


composta por frutas variadas, sempre picadas, como banana, maçã, laranja e
mamão (Figura 10). Também é oferecido ovos cozidos picados e ração para
primatas. O alimento é disposto em bandejas que ficam suspensas.
42

Figura 10 - Bandejas com alimentação dos Saguis.

Fonte: Conde (2022)

2.5.1.3.1.2 Manejo sanitário

É realizado quarentena de trinta dias nos animais executando EPF e teste


de tuberculose (quando possui material), além de checkup anual e cuidado para os
funcionários com herpes ativa não entrarem em contato com esses animais.

2.5.1.4 Aves

2.5.1.4.1 Coruja orelhuda

2.5.1.4.1.1 Manejo nutricional

A coruja orelhuda (Figura 11) é um animal carnívoro, na natureza ela se


alimenta de roedores, grandes insetos, morcegos, lagartos e rãs. No zoológico ela é
alimentada diariamente com 0,200 kg de carne. Que é oferecido no período da tarde.
43

Figura 11 - Coruja orelhuda

Fonte: Jardim Zoológico de Cachoeira do Sul, 2019. (Instagram)

2.5.1.4.1.2 Manejo sanitário

É executado quarentena com esses animais no período de trinta dias, com


realização de EPF. A cada seis meses realizam EPF e anualmente esses animais
passam pelo check up.

2.5.1.5 Repteis

2.5.1.5.1 Iguana-verde

2.5.1.5.1.1 Manejo nutricional


44

A iguana verde é um animal herbívoro,e sua dieta no zoológico é composta


de couve, maçã, banana, cenoura e mamão, todos os alimentos picados e dispostos
em uma bandeja (Figura 12).

Figura 12 - Bandeja com alimentação da Iguana

Fonte: Conde (2022)

2.5.1.5.1.2 Manejo sanitário

O manejo sanitário feito nas iguanas consiste em quarentena de 45 dias com


EPF e exames de sangue, além de aquecimento, controle de temperatura e
umidade, acesso a luz solar direto ou lâmpadas UVA/UVB.

No geral é realizado EPF a cada seis meses em todos os animais e é feito


nos recintos a desinfecção e vassoura de fogo sempre que é necessário.
45

3 DISCUSSÃO

3.1 MAMÍFEROS

3.1.1 Felídeos

3.1.1.1 Onça pintada

3.1.1.1.1 Manejo nutricional

No local onde foi realizado o estágio, é fornecido aos felinos carne de gado
e galinha, com osso e sem, sendo que, quando fornecida carne sem osso, é
indispensável o uso de cálcio no mesmo. Corroborando com SILVA. e ADONIA
(2007) que quantificaram a importância de diferentes tamanhos de presa na dieta da
onça-pintada, não encontrando diferença para presas de médio e grande porte,
apenas uma tendência de predarem mais animais de grande porte quanto maior é a
distância do equador.
AZEVEDO; MURRAY (2007) afirma que as principais espécies de presas
consumidas pela onça-pintada no Pantanal são capivara (Hydrochaeris
hydrochaeris), gado (Bos taurus), jacaré (Caiman yacare), cervo do pantanal
(Blastocerus dichotomus), veado mateiro (Mazama americana), queixada (Tayassu
tajacu) e quatis (Nasua nasua).

3.1.1.2 Onça parda

3.1.1.2.1 Manejo nutricional

Apesar de ser citado que a onça parda se alimenta de presas menores que
a onça pintada, no Jardim Zoológico este felino se alimenta da mesma carne
fornecida aos outros grandes felinos, ou seja, carne de gado e frango. De acordo
com SILVA, Jean C.R. e ADONIA, Cristina H. (2007) entre as presas citadas para
esse grande felídeo estão capivaras,pacas, cotias, outros pequenos roedores,
marsupiais, tatus, tamanduás-mirins, veados, queixadas, lebres nativas e exóticas,
quatis e ouriços, além de teiídeos, aves (como emas), peixes e insetos. Sabe-se que
na América Latina as presas da suçuarana são, em geral, de menor porte, talvez por
causa da competição com a onça-pintada.
46

3.1.1.3 Jaguatirica

3.1.1.3.1 Manejo nutricional

Em cativeiro, a alimentação deste felino consiste em carne de gado e


galinha, com ou sem osso. Porém, de acordo com SILVA. e ADONIA (2007) a dieta
deste felino é composta basicamente de roedores terrestres e noturnos. As presas
mais frequentemente capturadas parecem ser aquelas de maior abundância no
local, como ratos, camundongos, gambás e tatus, podendo utilizar mais ou menos
de um mesmo item, dependendo da estação do ano. Podem ainda se alimentar de
tamanduás-mirins, veados, micos, lebres, aves, iguanas, crustáceos terrestres,
catetos, jabutis, morcegos, insetos e pacas.

3.1.1.4 Gato mourisco

3.1.1.4.1 Manejo nutricional

Esses felinos, já que estão mantidos no mesmo recinto que gatos do mato
pequeno e gato do mato grande, recebem carne de bovino e de frango, algumas
vezes peixes, dependendo da disponibilidade de carne do Jardim Zoológico. O
alimento é disposto no recinto para que os animais saiam das suas tocas e procurem
pelo alimento. Reforçando SILVA e ADONIA (2007) que afirma que este felino
possui preferência alimentar por aves terrestres, em vez de mamíferos, confirmando
isso, análises do conteúdo estomacal de 23 animais na Venezuela mostraram que
as aves são mais frequentes. Já, roedores, coelhos e répteis foram encontrados em
menor frequência. Há relatos ainda do consumo de peixes caracídeos SILVA. e
ADONIA (2007).

3.1.2 Canídeos

3.1.2.1 Graxaim do mato

3.5.1 Manejo nutricional

Em cativeiro, a base de sua alimentação é frutas e verduras, podendo


47

receber peixes e frango, dependendo do estoque de carne que o Jardim Zoológico


possui. De acordo com o citado por Bisbal e Ojasti (1980) esses animais possuem
uma estratégia oportunista de predação, sua dieta é onívora, envolvendo
principalmente pequenos mamíferos, aves, insetos e frutos, consumindo em maior
quantidade os alimentos mais fartos em cada estação.

3.1.3 Primatas

3.1.3.1 Sagui do tufo branco

3.1.3.1.1 Manejo nutricional

A alimentação desses animais consiste em verduras e legumes que são


fornecidos pela manhã e são retirados à tardinha, logo antes da limpeza dos recintos,
pois pela rotina do Zoológico e dos tratadores, é inviável manter o tipo de dieta
descrita por (FREITAS, 2011) onde fala que os saguis em cativeiro devem receber
uma alimentação variável é dividida em três partes, manhã, início da tarde e no final
do dia, com o intuito de evitar o estresse alimentar. Sendo que pela parte da manhã
recomenda-se que a dieta seja rica em proteína, no início da tarde rica em fibra e
vitaminas e no final da tarde deve ser composta com insetos.

3.1.4 Aves

3.1.4.1 Coruja orelhuda

3.1.4.1.1 Manejo nutricional

Conforme a plataforma Wikiaves, estes animais alimentam-se de ratos,


morcegos, anfíbios, répteis, insetos grandes e aves.
Segundo (Cubas e PEREIRA, Ricardo 2007) o oferecimento de presas vivas
ou recém-abatidas se mostram vantajosas quando comparado às presas
congeladas, não só pela palatabilidade como também pela maior disponibilidade de
vitaminas lipossolúveis (visto que o congelamento por longos períodos inativa
essas). Porém, no local onde foi realizado o estágio não possui biotério, e como em
grande maioria as carnes fornecidas aos animais vêm de doações ou apreensão, os
mesmo raramente comem ratos, e sim carne bovina com cálcio.
Outra questão fundamental a ser considerada no manejo nutricional em
48

cativeiro é a inclusão de jejuns semanais, em razão da alta prevalência de obesidade


em aves de rapina devido à falta de exercícios em cativeiro. (Cubas e PEREIRA,
Ricardo 2007). Embora no Jardim Zoológico de Cachoeira do Sul não seja feito jejum
semanal nas aves de rapina, entretanto, a dieta dessas aves foi feita pelo médico
veterinário responsável pelo Zoológico, com a quantidade necessária de carne diária
para esses animais.

3.1.5 Répteis

3.1.5.1 Iguana verde

3.1.5.1.1 Manejo nutricional

A alimentação em cativeiro dos exemplares que o Zoológico de Cachoeira


do Sul possui, é basicamente composta de frutas e folhas, por se tratarem de animais
adultos.Assim como menciona GOULART (2007) a iguana-verde comum (Iguana
iguana) na fase jovem é mais carnívora do que herbívora. Na medida em que vai
crescendo, as proporções de consumo se invertem e quando adulta, a iguana se
torna basicamente herbívora. Postula-se que, nessa espécie, os jovens tenham
maior necessidade de proteína animal para o crescimento.
As iguanas geralmente ingerem folhas de árvores e videiras (BARTEN,
2002).

3.1.5.1.2 Manejo sanitário

O manejo sanitário feito no local do estágio nesses espécimes consiste em


quarentena de 45 dias com EPF e exames de sangue, além de aquecimento,
controle de temperatura e umidade, acesso a luz solar direto ou lâmpadas UVA/UVB.
Segundo BARTEN (2002) os répteis novos devem ser mantidos em uma
área separada da principal por um mínimo de três meses. Os animais novos devem
passar por um exame físico, devem ser pesados, fazer exames fecais, tratamentos
parasiticidas e monitoração do apetite, observação do comportamento e de sinais de
doença, não se fazendo transferência de animais, gaiolas, comedouros e
bebedouros, alimentos não ingeridos ou utensílios entre eles.
Pessoas distintas manejam com os diferentes setores do zoológico,
portanto, o tratador que tem acesso aos animais em quarentena, não é o mesmo
49

que tem acesso aos animais do viveiro. De acordo com o citado por BARTEN (2002)
os tratadores devem lavar suas mãos e fazer trocas de vestimentas entre o trabalho
com um grupo e outro para evitar a transferência inadvertida de patógenos. Seria
ideal que pessoas diferentes lidassem com os grupos. Quanto mais distantes eles
estiverem um do outro, menor será a probabilidade de ocorrência de uma epizootia.

3.2 MANEJO SANITÁRIO GERAL

A limpeza dos recintos feita pelos tratadores ocorre antes da alimentação


pela manhã e após a retirada das sobras no fim da tarde, a limpeza e troca de água
nas piscinas são realizadas na terça-feira e no sábado, corroborando com Vieira et
al (2008) segundo ele, a limpeza e desinfecção dos recintos devem ser realizadas
diariamente, antes do fornecimento da alimentação e depois da retirada das sobras.
Os recintos devem ser desinfetados, evitando, assim, danos à saúde dos animais.
Na higienização dos recintos deve-se utilizar hipoclorito de sódio ou somente água,
já nos tanques de animais aquáticos pode ser utilizado cloro ou outro produto
determinado pelos técnicos do zoológico, sendo a frequência da troca da água do
tanque também determinada pelos técnicos.
No Jardim Zoológico de Cachoeira do Sul, todo animal que chega por
entrega espontânea, apreensão ou de outros zoológicos passam pela quarentena,
cada espécie fica um período de tempo determinado pelo veterinário (normalmente
entre 30 e 90 dias). Nesse tempo, os animais passam por exame de sangue, exame
de fezes, nos felinos são realizados exame de FIV/FeLV. Além de check up anual
em todos os animais e EPF a cada seis meses com vermifugação, caso necessário.
Segundo VIERA et al (2008) fala que os protocolos de quarentena são
recomendações quanto aos exames que devem ser realizados nos animais, com o
objetivo de identificar doenças ou a presença de agentes que possam ser
transmitidos para outros animais e para o homem, e são específicos para cada grupo
ou espécie. Os protocolos de quarentena também determinam o período mínimo que
o animal recém-chegado deve permanecer isolado, com a intenção de reduzir o risco
de disseminação de doenças que eles possam apresentar.
O local da quarentena no Zoológico de Cachoeira, é afastado do ambulatório
e do extra, fica localizado atrás das cozinhas (humana e animal), em frente ao
galpão. E possui cinco recintos retangulares, com piso frio e é destinado apenas aos
50

animais recém chegados ao Zoológico.De acordo com o citado por VIERA, et al


(2008) que afirma que o local destinado à quarentena deve preferencialmente estar
localizado fora da área de visitação, e isolado da área de manutenção de animais
excedentes, e destina-se exclusivamente ao alojamento de animais recém-chegados
à instituição, derivados da natureza ou de outros cativeiros.
É realizado quarentena de trinta dias nos primatas executando EPF e teste
de tuberculose (quando possui material) e tendo pelo menos dois testes negativos,
além de checkup anual e cuidado para os funcionários com herpes ativa não
entrarem em contato com esses animais. Conforme VIERA, et al (2008) entre os
animais de zoológico, deve ser dada uma atenção especial aos primatas (gorilas,
chimpanzés, macaco-prego e outros), em razão de sua sensibilidade à doença que
ocorre no homem. Da mesma forma, os primatas devem ser submetidos a exames
para identificar animais contaminados, evitando o risco de transmissão da doença
para os funcionários ou visitantes dos zoológicos. Além de realizar os exames e a
quarentena em animais recém-chegados, outras medidas são recomendadas para
a prevenção de sua transmissão, como a limpeza adequada e desinfecção de
recintos e equipamentos de manejo, utilização de EPI’s para a realização das tarefas
diárias e utilização de alimentos de boa procedência.
51

CONCLUSÃO

Os animais silvestres despertam a curiosidade pela sua exuberância e


beleza. É extremamente prazeroso trabalhar com essas espécies, demandam um
trabalho regrado às vezes difícil, são vários os cuidados considerando que qualquer
intervenção com esses animais pode se tornar estressante e até mesmo levar ao
óbito, tornando-se arriscado para os tratadores envolvidos na manobra, com
espécies silvestres onde se trabalha mais na prevenção do que na cura.
Para realização deste trabalho justificamos a escassez de bibliografias
sobre animais silvestres e sobretudo pela exiguidade de material brasileiro para
consulta, sendo essa a grande motivação por parte do estudo em deixar registros
aqui descritos que poderão contribuir com outros pesquisadores e amantes dessas
espécies.
O Jardim Botânico e Zoológico Municipal tem seus trabalhos direcionados a
conservação das espécies e conscientização das pessoas que visitam o mesmo,
através da educação ambiental focando na preservação da natureza.
Tendo em vista a variedade de espécies que existem no Zoológico, conclui-
se o quanto é necessário a ampliação de conhecimentos sobre anatomia, fisiologia
e biologia dos diversos animais existentes.
Finalizando então, deixando o registro de que consegui cumprir com os
objetivos de identificar as diferentes espécies considerando as especificidades de
cada um.
52

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