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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA – UNESP

CENTRO DE AQUICULTURA DA UNESP


CAMPUS JABOTICABAL

Modelagem econômica do nível de proteína


digestível para juvenis de tilápia do Nilo

Daniel Monge de Almeida Queiroz

Jaboticabal, São Paulo


2018
UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA – UNESP
CENTRO DE AQUICULTURA DA UNESP
CAMPUS JABOTICABAL

Modelagem econômica do nível de proteína


digestível para juvenis de tilápia do Nilo

Daniel Monge de Almeida Queiroz

Orientador: Prof. Dr. João Batista Kochenborger Fernandes


Coorientador: Prof. Dr. Cleber Fernando Menegasso Mansano

Dissertação apresentada ao
Programa de Pós-graduação em
Aquicultura do Centro de Aquicultura
da UNESP - CAUNESP, como parte
dos requisitos para obtenção do
título de Mestre em Aquicultura.

Jaboticabal, São Paulo


2018
Mestrando Daniel Monge de Almeida Queiroz Orientador João Batista Kochenborger Fernandes

Dedicatória
Dedico este trabalho às primeiras pessoas
responsáveis por minha formação como ser humano.
Meus pais Osvaldo Gonçalves de Queiroz e Fatima de
Almeida Queiroz. A eles, amor e gratidão eternos.

Caunesp
Mestrando Daniel Monge de Almeida Queiroz Orientador João Batista Kochenborger Fernandes

Agradecimentos
A Deus pelo dom da vida e luz que iluminou meu caminho nesses dois anos
de pós-graduação, sempre me orientando minhas escolhas.

Meus pais pelo apoio emocional, afetivo e financeiro nessa etapa da minha
vida. Pelos sacrifícios que fizeram em razão da minha educação, e que não foram
poucos. Esta conquista também é para vocês.

Em especial à minha namorada, amiga e psicóloga, Hariany Ferreira


Martello, pela paciência e amor compartilhados neste período. Pelas conversas
noturnas (de horas), trocando desabafos, frustrações e principalmente alegrias.

A faculdade de ciências agrárias e veterinária FCAV-UNESP, em especial


ao Centro de Aquicultura da UNESP pelo apoio e oportunidade de realização deste
mestrado.

Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientifico e Tecnológico


(CNPq) pela bolsa e apoio financeiro concedido.

À FAPESP, pelo apoio financeiro do projeto temático e a Nilva Kazue


Sakomura, como coordenadora.

Ao meu orientador Prof Drº João Batista Kochenborger Fernandes pela


orientação e confiança.

Aos professores do Caunesp que tive o prazer de conhecer e que


contribuíram enormemente com minha formação.

Ao Drº Robert M. Gous, pela contribuição e direcionamento da condução


deste trabalho.

À minha orientadora de graduação e iniciação científica, Drª Janessa


Sampaio Ribeiro, pela amizade, risadas, festas e conselhos que resultou no
encaminhamento e incentivo à minha vida acadêmica. A ela sou eternamente grato.

Aos meus companheiros de laboratório, Rafael Romaneli, Kifayat Ullah


Kan, Andressa Telechea e André Boaratti com quem tive a enorme honra de
conviver e aprender diariamente nesses dois anos.

Às estagiárias Juliane, Leticia e Amanda pela amizade e auxílio nas coletas


e análises intermináveis.

Caunesp
Mestrando Daniel Monge de Almeida Queiroz Orientador João Batista Kochenborger Fernandes

Aos pós-doutorandos Thiago Nascimento, Matheus Reis e Cleber


Mansano pela orientação, dicas e sabedoria compartilhadas.

Novamente ao Drº Cleber Mansano, meu co-orientador, pela paciência e


auxílio na realização deste trabalho.

Aos funcionários do Caunesp, Valdecir, Marcio Perereca e Luis Fernando


pela ajuda, piadas e amizade.

Aos colegas do laboratório de avicultura e do laboratório de nutrição do


Caunesp, pelo auxilio na execução das análises deste estudo.

Às pessoas que de alguma forma contribuíram com a realização deste


trabalho.

A todos, meu muito obrigado.

Caunesp
Mestrando Daniel Monge de Almeida Queiroz Orientador João Batista Kochenborger Fernandes

Sumário
Lista de Tabelas ........................................................................................ iii
Lista de Figuras ......................................................................................... iv

1. Considerações gerais....................................................................... 1

1.1. Aquicultura no mundo e no Brasil .............................................. 1

1.2. Tilápia ........................................................................................ 2

1.3. Proteína na dieta de peixes ....................................................... 2

1.4. Alometria de crescimento ........................................................... 3

1.5. Modelagem do nível ótimo econômico ....................................... 4

1.6. Método de diluição de dietas ..................................................... 5

2. Referências bibliográficas ................................................................ 6

3. Objetivos .......................................................................................... 8

3.1. Objetivos gerais ......................................................................... 8

3.2. Objetivos específicos ................................................................. 8

4. Artigo: Avaliação biológica e econômica da proteína balanceada


para juvenis de tilápia do Nilo ................................................................................. 9

Resumo ...................................................................................................... 9
Abstract .................................................................................................... 10

1. Introdução ...................................................................................... 11

2. Material e métodos ......................................................................... 12

2.1. Material biológico e condições experimentais .......................... 12

2.2. Dietas experimentais................................................................ 13

2.3. Desempenho produtivo ............................................................ 15

2.4. Composição corporal e alometria das partes comerciais ......... 16

2.5. Análises estatísticas................................................................. 18

2.6. Ótimo econômico ..................................................................... 18

3. Resultados ..................................................................................... 20

Caunesp i
Mestrando Daniel Monge de Almeida Queiroz Orientador João Batista Kochenborger Fernandes

3.1. Desempenho produtivo ............................................................ 20

3.2. Alometria das partes comerciais .............................................. 24

3.3. Ótimo econômico ..................................................................... 27

4. Discussão....................................................................................... 32

4.1. Desempenho produtivo ............................................................ 32

4.2. Alometria .................................................................................. 33

4.3. Ótimo econômico ..................................................................... 34

5. Conclusão ...................................................................................... 36

6. Referências bibliográficas .............................................................. 37

5. Considerações finais ...................................................................... 39

Caunesp ii
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Lista de Tabelas
Tabela 1. Preço dos ingredientes, composição e custo das dietas base . 14

Tabela 2. Proporção das dietas isenta e concentrada na composição das


dietas experimentais ............................................................................................. 14

Tabela 3. Composição química das dietas experimentais (matéria natural)


.............................................................................................................................. 15

Tabela 4. Médias do desempenho produtivo (± desvio padrão) de juvenis


de tilápia alimentados com dietas contendo diferentes níveis de proteína digestível
durante 54 dias experimentais .............................................................................. 21

Tabela 5. Médias (± desvio padrão) de peso corporal, peso proteico


corporal e das partes comerciais (filé, peixe eviscerado e peixe em postas) ao final
do período experimental em função dos níveis de proteína digestível das dietas 24

Tabela 6. Termo constante (a) e coeficiente alométrico (b) (± desvio padrão)


de filé, peixe eviscerado e peixe em postas, em relação ao peso corporal e peso
proteico corporal (lnY = a+b lnX)1 de juvenis de tilápia ......................................... 25

Tabela 7. Nível de ótimo econômico de proteína digestível (%PD) e máxima


lucratividade (R$/kg) de peixe inteiro, filé, peixe eviscerado e peixe em postas de
em diferentes cenários de preço de venda(R$/kg) dos produtos da tilápia ........... 29

Tabela 8. Nível de ótimo econômico de proteína digestível (%PD) e máxima


lucratividade (R$/kg) de peixe inteiro, filé, peixe eviscerado e peixe em postas de
em diferentes cenários de custo de proteína extra na dieta (R$/kg) ..................... 31

Caunesp iii
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Lista de Figuras

Figura 1. Participação das espécies de peixes na produção brasileira em


2016. Fonte: Adaptado de IBGE (2016). ................................................................. 1

Figura 2. Ilustração do corpo inteiro (1) e dissecação dos animais em seis


partes: Escamas (2), nadadeiras (3), filé (4), cabeça (5), vísceras (6), resíduos de
filetagem (7a e 7b) ................................................................................................ 17

Figura 3. Análise de regressão quadrática para os valores de ganho de


peso médio em função dos níveis de proteína digestível para juvenis de tilápia do
Nilo alimentados durante 54 dias .......................................................................... 20

Figura 4. Análise de regressão quadrática das médias de taxa de


crescimento específico ao final do período experimental em função dos níveis de
proteína digestível para juvenis de tilápia do Nilo alimentados durante 54 dias ... 22

Figura 5. Análise de regressão quadrática das médias de ingestão


alimentar ao final do período experimental em função dos níveis de proteína
digestível para juvenis de tilápia do Nilo alimentados durante 54 dias ................. 22

Figura 6. Análise de regressão linear das médias de conversão alimentar


aparente ao final do período experimental em função dos níveis de proteína
digestível para juvenis de tilápia do Nilo alimentados durante 54 dias ................. 23

Figura 7. Análise de regressão quadrática das médias de taxa de eficiência


proteica ao final do período experimental em função dos níveis de proteína
digestível para juvenis de tilápia do Nilo alimentados durante 54 dias ................. 23

Figura 8. Comparação dos erros de predição de alometria das partes


comerciais através do peso corporal (PC) e peso proteico (PPC) ........................ 26

Figura 9. Regressão quadrática do peso final e comparação entre os níveis


de máximo desempenho e ótimo econômico de proteína digestível para juvenis de
tilápia ..................................................................................................................... 27

Figura 10. Relação entre margem bruta, receita bruta e custo da ração para
peixe inteiro (A), filé (B), peixe eviscerado (C) e peixe em postas (D) nos níveis de
proteína digestível para o ótimo econômico .......................................................... 28

Caunesp iv
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1. Considerações gerais
1.1. Aquicultura no mundo e no Brasil

A aquicultura encontra-se em intensa ascensão e é o setor de produção de


proteína de origem animal que mais cresce no mundo, sendo uma importante fonte
de renda e de alimento em vários países. Isso se deve principalmente ao
crescimento expressivo da piscicultura continental, que foi responsável por um
incremento de 65% na produção de peixes no período de 2005 a 2014 (FAO, 2016).
O Brasil acompanha esse crescimento devido às condições propícias à criação,
como grande potencial hídrico, clima favorável, variedade e disponibilidade de
insumos, assim como a existência de espécies de grande interesse comercial.

O Brasil ocupa a 14ª maior produção aquícola do mundo e segunda da


América Latina. Estima-se que a média de produção foi de 560 mil toneladas de
pescado no ano em 2015, com estimativa de registrar um crescimento expressivo
de 104% até 2025 (FAO, 2016). A tilapicultura é responsável pela maior
porcentagem da produção nacional, contribuindo com 47,1% da produção, um
aumento de 9,3% em relação a 2015 (IBGE, 2016) (Figura 1).

Outras espécies
Pacu e patinga 10.37%
2.60%

Carpa
4.01%

Tambacu e
tambatinga Tilápia
8.86% 47.15%

Tambaqui
27.01%

Figura 1. Participação das espécies de peixes na produção brasileira em 2016.


Fonte: Adaptado de IBGE (2016).

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1.2. Tilápia

Os gêneros Oreochromis e Tilapia, estão entre as mais importantes


espécies de peixes da aquicultura continental e é produzido em quase todos os
continentes, sendo a China o principal produtor e exportador (ASCHE et al., 2009).
Sua produção vem crescendo também, em países em desenvolvimento, como o
Brasil. São espécies nativas da África, Israel e Jordânia, que foram difundidas pelo
mundo ao longo dos anos (HEMPEL, 2008).

O crescimento da produção de tilápias no Brasil e no mundo ocorre devido


às características zootécnicas desejáveis, a maior tolerância às condições
ambientais desfavoráveis, como alta amplitude de temperatura da água, tolerância
elevados níveis de amônia e baixo nível de oxigênio dissolvido na água, além de
ter boa taxa de crescimento e conversão alimentar mesmo em alta taxa de
densidade de estocagem (KUBITZA, 2000). Outro fator favorável ao fortalecimento
da tilapicultura é o fato de ser uma espécie de baixo nível trófico (onívora),
necessitando de menor quantidade de proteína que os peixes carnívoros e
respondendo com a mesma eficiência a ingestão de proteínas de origem vegetal e
animal (CYRINO e CONTE, 2006).

A principal forma de comercialização da tilápia é o filé congelado, porém,


quantidades significantes de peixe inteiro e outras formas de produtos, como o
peixe eviscerado, em postas, farinha de tilápia para alimentação animal e alguns
subprodutos (ASCHE et al., 2009). Estudo conduzido por SOUZA (2002)
determinou o rendimento do filé de tilápia, em torno de 34,6 a 36,6%, que
juntamente com sua carne branca de textura firme, sabor delicado, fácil filetagem
e ausência odor desagradável a torna uma carne apropriada para industrialização
e comercialização (ONO e KUBITZA, 2003).

1.3. Proteína na dieta de peixes

As proteínas são moléculas complexas formada por aminoácidos e


desempenham importante função nos processos biológicos, como formação e
manutenção de tecidos, transporte de outros compostos, fonte para síntese de
anticorpos, hormônios, enzimas entre outros (NRC, 2011).

Caunesp 2
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A digestibilidade e perfil de aminoácidos são os principais fatores que


determinam a qualidade da proteína. Pois, após ser ingerida, a proteína é
hidrolisada em peptídeos e em aminoácidos livres, que serão absorvidos no
intestino (CYRINO et al., 2004). Esses fatores devem ser levados em consideração
quando as dietas são formuladas, pois os peixes não têm exigência de uma
quantidade determinada de proteína, mas sim de aminoácidos em quantidade e
equilíbrio adequados, pois estes serão utilizados nos processos metabólicos e na
síntese proteica. Assim, há uma tendência em estudos com monogástricos, da
utilização do conceito de proteína ideal, definido como o balanceamento dos
aminoácidos, afim de atender à exigência de cada um deles para manutenção e
crescimento, sem que haja excesso (FURUYA et al., 2005).

Segundo FURUYA et al. (1996) os custos do alimento para produção de


tilápias alimentadas exclusivamente com ração representam mais de 50% em
sistemas de cultivo intensivo e semi-intensivo. Os alimentos proteicos representam
a maior proporção desses custos, pois além de participarem em grande quantidade
na formulação destas dietas, são mais caros que os alimentos energéticos
(MEURER et al., 2003). Para tornar essas dietas de qualidade nutricional
semelhantes às que contém uma maior porcentagem de proteína bruta (PB), é
necessário o uso de aminoácidos suplementares para garantir que as necessidades
nutricionais sejam atendidas, principalmente quando as proteínas vegetais
constituem uma grande proporção da dieta (CHENG et al., 2003).

O principal desafio da tilapicultura é a redução de custos pela diminuição


do tempo de ciclo de criação, redução do consumo de ração e melhora do índice
de conversão alimentar (CYRINO e CONTE, 2006). Esses aspectos são possíveis
de serem alcançados pela tecnificação da produção e estudos sobre a nutrição,
genética e sanidade da espécie.

1.4. Alometria de crescimento

Durante o crescimento animal, as proporções entre as partes do corpo se


alteram, e essa escala não isométrica é chamada de alometria. Deste modo, a
alometria refere-se às mudanças nas diferentes dimensões das partes do corpo
podendo ser correlacionadas com o crescimento do corpo inteiro (GAYON, 2000).

Caunesp 3
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Segundo THORNLEY e FRANCE (2007) alometria é o estudo crescimento


de uma parte do corpo (W 1) relacionada a uma proporção diferente do corpo inteiro
(W), podendo ser expressa da seguinte forma:

𝑌 = 𝑎𝑋 𝑏

em que “a” é o constante de normalização e “b” são as dimensões dos


parâmetros alométricos. Essa equação pode ser linearizada da seguinte forma:

ln 𝑌 = ln 𝑎 + 𝑏 ln 𝑋

. Quando o valor de "b" é igual a 1, o crescimento é considerado isogônico


e os ritmos de desenvolvimento de "Y" e "X" são semelhantes no intervalo de
crescimento considerado. Se a variável "b" se mostrar maior que 1, o crescimento
é chamado heterogônico positivo e o ritmo de crescimento de "Y" é maior que de
"X", quando o valor de "b" for menor que 1, o ritmo de crescimento de "Y" é menor
que de "X".

Segundo GERI et al. (1995), as alterações no peso de diferentes partes do


corpo, que ocorrem durante o crescimento, têm um impacto importante no valor de
comercialização do peixe e são influenciadas pela genética e efeitos ambientais.

DANISMAN e GOUS (2011), relatam que as relações alométricas dos


componentes físicos relacionados com o peso corporal, pode ser imprecisa, pois
as diferentes dietas aplicadas podem influenciar a quantidade de lipídio do corpo.
Assim, seria mais preciso, relacionar o peso dos componentes ao peso proteico
corporal, eliminando assim, o efeito de confusão do teor de lipídio do corpo.
Implicando que, o conteúdo de proteína corporal deve ser medido para a medição
dos pesos dos componentes corporais.

1.5. Modelagem do nível ótimo econômico

Os aspectos econômicos são importantes no planejamento, no controle e


na tomada de decisões da piscicultura, uma vez que os custos desempenham duas
funções relevantes, gerencial e empresarial. Assim, uma das formas de se
determinar a viabilidade econômica de um sistema de produção no curto prazo é a
partir do estudo do desempenho de sua produção e dos insumos utilizados, ou seja,

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através da análise de custos e receitas geradas no sistema produtivo (VERA-


CALDERÓN e FERREIRA, 2004).

Neste sentido, os modelos de simulação representam uma ferramenta


promissora para a maximização da lucratividade na produção sem que haja perda
no desempenho dos animais (SAKOMURA et al., 2015). Portanto, na nutrição, a
modelagem de predição é uma alternativa que ajuda na tomada de decisões.

1.6. Método de diluição de dietas

A técnica de diluição, inicialmente descrita por FISHER e MORRIS (1970),


é uma alternativa para formular dietas experimentais. Essa técnica consiste na
diluição sequencial de uma dieta com alto teor proteico com uma dieta isenta ou de
baixo teor proteico, mas com os mesmos níveis de energia, e demais nutrientes,
além de manterem a relação dos aminoácidos essenciais semelhantes, para
obtenção de dietas com níveis intermediários do nutriente teste.

Esse método proporciona a vantagem de todos os níveis intermediários


apresentarem o mesmo perfil de aminoácidos e mesmas quantidades dos demais
nutrientes, exceto o nível de proteína.

Caunesp 5
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2. Referências bibliográficas
ASCHE, F.; ROLL, K.H.; TROLLVIK, T. New aquaculture species — the whitefish
market. Aquaculture Economics & Management, v. 13, n. 2, p. 76-93, 2009.

CHENG, Z.J.; HARDY, R.W.; USRY, J.L. Effects of lysine supplementation in plant
protein-based diets on the performance of rainbow trout (Oncorhynchus mykiss) and
apparent digestibility coefficients of nutrients. Aquaculture, v. 215, n. 1, p. 255-265,
2003.

CYRINO, J.; CONTE, L. Tilapicultura em Gaiolas: produção e economia.


Jaboticabal: Sociedade Brasileira de Aqüicultura e Biologia Aquática, 151-171,
2006.

CYRINO, J.E.P. et al. Tópicos especiais em piscicultura de água doce tropical


intensiva. São Paulo: TecArt, 2004.

DANISMAN, R.; GOUS, R. Effect of dietary protein on the allometric relationships


between some carcass portions and body protein in three broiler strains. South
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FAO. The state of world fisheries and aquaculture 2016. Food and agriculture
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FISHER, C.; MORRIS, T. The determination of the methionine requirement of laying


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FURUYA, W. et al. Exigência de proteína para machos revertidos de tilápia do Nilo


(Oreochromis niloticus L.), na fase juvenil. Revista Unimar, v. 18, n. 2, p. 307-319,
1996.

FURUYA, W.M. et al. Aplicação do conceito de proteína ideal para redução dos
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Brasileira de Zootecnia, v. 34, n. 5, p. 1433-1441, 2005.

GAYON, J. History of the concept of allometry. American Zoologist, v. 40, n. 5, p.


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Caunesp 6
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GERI, G. et al. Morphological characteristics and chemical composition of muscle


in the mirror carp (Cyprinus carpio var. specularis) as influenced by body weight.
Aquaculture, v. 129, n. 1-4, p. 323-327, 1995.

HEMPEL, E. Tilapia the new whitefish. IntraFish Marketplace, 2008.

IBGE. Produção da pecuária municipal. Brasil, Rio de Janeiro - RJ, v. 44, p. 53,
2016.

KUBITZA, F. Tilápia: tecnologia e planejamento na produção comercial.


Jundiaí: Fernando Kubitza, 2000.

MEURER, F.; HAYASHI, C.; BOSCOLO, W.R. Digestibilidade aparente de alguns


alimentos protéicos pela tilápia do Nilo (Oreochromis niloticus). Revista Brasileira
de Zootecnia, v. 32, n. 6, p. 1801-1809, 2003.

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ONO, E.A.; KUBITZA, F. Cultivo de peixes em tanques-rede. EA Ono, 2003.

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SOUZA, M.L.R.D. Comparação de seis métodos de filetagem, em relação ao


rendimento de filé e de subprodutos do processamento da Tilápia-do-Nilo
(Oreochromis niloticus). Revista Brasileira de Zootecnia, v. 31, p. 1076-1084,
2002.

THORNLEY, J.H.; FRANCE, J. Mathematical models in agriculture: quantitative


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VERA-CALDERÓN, L.E.; FERREIRA, A.C.M. Estudo da economia de escala na


piscicultura em tanque-rede, no estado de São Paulo. Informações Econômicas,
v. 34, n. 1, p. 7-17, 2004.

Caunesp 7
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3. Objetivos
3.1. Objetivos gerais

Avaliar o desempenho produtivo e econômico de juvenis de tilápia do Nilo


alimentadas com níveis de proteína balanceada formuladas com base na técnica
de diluição de dietas através de um modelo matemático.

3.2. Objetivos específicos

• Determinar o nível de proteína balanceada digestível que proporcione


maior desempenho para juvenis de tilápia do Nilo com dietas
confeccionadas através do método de diluição.

• Avaliar o nível de proteína digestível mais viável economicamente para


comercialização da tilápia viva, através de modelo matemático.

• Avaliar o nível de proteína digestível mais viável economicamente para


venda do filé, peixe eviscerado e peixe em postas, através de modelo
matemático.

Caunesp 8
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4. Artigo: Avaliação biológica e econômica da proteína


balanceada para juvenis de tilápia do Nilo

Resumo
Este estudo teve como objetivo avaliar o desempenho produtivo e econômico de
juvenis de tilápia do Nilo alimentadas com níveis de proteína balanceada
formuladas com base na técnica de diluição de dietas através de um modelo
matemático. Seis dietas foram formuladas (19,00; 23,88; 28,76; 33,64; 38,52 e
43,40% de PD). 270 juvenis de tilápia do Nilo (1,78 ± 0,18 g), distribuídos em 18
tanques (180 litros). Em um delineamento inteiramente ao acaso com seis
tratamentos e três repetições. Para determinar o nível ótimo econômico, foram
mensurados a receita bruta (RB), o custo da ração (CR) e a margem bruta (MB)
para peixe inteiro, filé, peixe eviscerado e peixe em postas. O nível ótimo
econômico foi considerado o nível onde houve a maior margem bruta (MBmax), ou
seja, a melhor relação entre RB e CR. Considerando o custo por ponto percentual
de proteína na dieta de R$ 0,041 e preço por um quilograma de tilápia de R$ 5,50,
o nível ótimo econômico de PD foi de 35,89% com MBmax de R$ 0,22. Esta
recomendação é 3,9% menor que o nível de máximo desempenho de 39,79% de
PD observado. Com base na predição alométrica de peso, mesmo modelo
encontrou a melhor margem bruta ao nível de 38,23% de PD para peixe eviscerado,
com MBmax de R$ 0,41, e 38,62% de PD para filé e peixe em postas, com MBmax
de R$ 0,42 e de R$ 0,51, respectivamente. Porém, estes níveis de ótimo econômico
estão sujeitos à alteração conforme a oscilação de custo da ração e venda do peixe
e seus produtos.

Palavras-chave: Alometria, desempenho, técnica de diluição, viabilidade


econômica

Caunesp 9
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Abstract
This study aimed to evaluate the productive and economic performance of juveniles
of Nile tilapia fed with balanced protein levels formulated based on the technique of
dilution of diets through a mathematical model. Six diets were formulated (19.00,
23.88, 28.76, 33.64, 38.52 and 43.40% of DP). 270 juveniles of Nile tilapia (1.78 ±
0.18 g), distributed in 18 tanks (180 liters). In a completely randomized design with
six treatments and three replicates. To determine the economic optimum level, the
gross profit (GP), feed cost (FC) and gross margin (GM) was calculated for whole
fish, fillet, eviscerated fish and steak fish. The optimal economic level was
considered at the point of the curve where there was the highest gross margin
(GMmax), that is, the best relation between GP and FC. Considering the cost per
percentage point of protein in the diet of R$ 0.041 and price per one kilogram of
tilapia of R$ 5.50, the optimal economic level of DP was 35.89% with GMmax of R$
0.22. This recommendation is 3.9% lower than the maximum performance level of
39.79% DP observed. Based on the allometric prediction of weight, the same model
found the best gross margin at the level of 38.23% of DP for eviscerated fish, with
GMmax of R$ 0.41 and 38.62% of DP for fillet and steak fish, with MBmax of R$
0.42 and R$ 0.51, respectively. However, these economic optimum levels are
subject to change according to the cost oscillation of the ration and sale of the fish
and its products.

Key words: Allometry, dilution technique, economic feasibility, performance

Caunesp 10
Mestrando Daniel Monge de Almeida Queiroz Orientador João Batista Kochenborger Fernandes

1. Introdução
O crescimento da produção de tilápias no Brasil e no mundo ocorre devido
às características zootécnicas desejáveis, a maior tolerância às condições
ambientais desfavoráveis, como alta amplitude de temperatura da água, tolerância
a elevados níveis de amônia e baixo nível de oxigênio dissolvido na água, além de
ter boa taxa de crescimento e conversão alimentar mesmo em alta taxa de
densidade de estocagem (KUBITZA, 2000).

Segundo FURUYA et al. (1996) os custos do alimento para produção de


tilápias alimentadas exclusivamente com ração representam mais de 50% em
sistemas de cultivo intensivo e semi-intensivo. Os alimentos proteicos representam
a maior proporção desses custos, pois além de participarem em grande quantidade
na formulação destas dietas, são mais caros que os alimentos energéticos
(MEURER et al., 2003).

Assim, o principal desafio da tilapicultura tem sido a redução dos custos


através de um menor tempo do ciclo de criação, redução do consumo de ração e
pela melhora do índice de conversão alimentar. Nesse sentido, a redução da
concentração de proteína da dieta pode ser uma estratégia, pois além de reduzir o
custo da dieta, pode aumentar a eficiência na utilização da proteína e diminuir o
impacto ambiental da produção aquícola, pela redução da excreção de compostos
nitrogenados na água.

Uma das formas de se determinar a viabilidade econômica de um sistema


de produção no curto prazo é a partir do estudo do desempenho de sua produção
e dos insumos utilizados, ou seja, através da análise de custos e receitas geradas
no sistema produtivo (VERA-CALDERÓN e FERREIRA, 2004).

Neste sentido, o uso da modelagem na produção animal tem se tornado


uma valiosa ferramenta para determinar concentrações de proteína, balanço de
aminoácidos da dieta e outros nutrientes de forma mais lucrativa e precisa para
animais de produção em geral (OVIEDO-RONDON e WALDROUP, 2002).

Assim, o presente estudo teve como objetivo avaliar os níveis ótimo


biológico e econômico de proteína ideal para tilápias submetidas a dietas contendo
níveis crescentes deste nutriente, formuladas com base na técnica de diluição.

Caunesp 11
Mestrando Daniel Monge de Almeida Queiroz Orientador João Batista Kochenborger Fernandes

2. Material e métodos
2.1. Material biológico e condições experimentais

Este estudo foi conduzido no Centro de Aquicultura da UNESP -


Universidade Estadual Paulista, Campus de Jaboticabal, SP, Brasil, no período de
novembro de 2016 a janeiro de 2017. Todos os procedimentos foram aprovados
pelo Comitê de Ética no Uso de Animais da Faculdade de Ciências Agrícolas e
Veterinárias da UNESP (Protocolo nº 009999/14) e estão sendo conduzidos de
acordo com as diretrizes éticas adotadas pelo Colégio Brasileiro de
Experimentação Animal - COBEA).

Antes de iniciar o estudo, os peixes foram aclimatados por um pelo período


de sete dias recebendo ração comercial para juvenis e durante o período
experimental (54 dias), foram alimentados três vezes ao dia, até saciedade
aparente, nos seguintes horários: 08h00min, 12h00min e 17h00min.

O delineamento utilizado foi o inteiramente ao acaso (DIC) com seis


tratamentos correspondendo aos níveis de proteína balanceada: 19,00; 23,88;
28,76; 33,64; 38,52 e 43,40%.

Foram utilizados 270 juvenis de tilápia do Nilo da linhagem Gift, invertidas


sexualmente para machos, com peso inicial de 1,78 ± 0,18 g. Foram distribuídos
aleatoriamente em 18 tanques de polietileno com capacidade de 180 litros de água
cada, na proporção de 15 peixes por unidade experimental. Os tanques eram
providos de um sistema de recirculação de água, suprimento de oxigênio através
de compressor radial e difusores de ar, sendo a temperatura da água controlada
através de trocador de calor. Diariamente, foi monitorada a temperatura da água
através de um termômetro digital (termômetro digital máxima e mínimo – Incoterm),
que apresentou média de 27,83 ± 1,3 °C. Semanalmente foram mensurados os
seguintes parâmetros físico-químicos da água: oxigênio dissolvido (5,38 ± 1,18 mg
L-1) (oxímetro YSI DO200A), pH (7,83 ± 0,51) (peagâmetro YSI pH100A), salinidade
(0,42 ± 0,28 ppm) e condutividade elétrica (722,75 ± 178,84 µS) (salinômetro e
condutivímetro YSI EC300A). A cada quinze dias, amostragens da água foram
coletadas e congeladas para posterior análise de amônia, nitrito e nitrato
dissolvidos, sendo encontrado os valores de 0,107 ± 0,07 mg L-1; 0,026 ± 0,005 mg
L-1 e 0,728 ± 0,051 mg L-1 respectivamente.

Caunesp 12
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2.2. Dietas experimentais

As dietas experimentais foram formuladas pela técnica da diluição descrita


por FISHER e MORRIS (1970), afim de obter todos os tratamentos com o a mesma
relação de aminoácidos essenciais. A técnica consiste na diluição sequencial de
uma dieta com alto teor de proteína digestível (PD), com uma outra dieta com baixo
teor de PD, mas com níveis nutricionais e energéticos semelhantes, para obtenção
das dietas experimentais.

Os ingredientes foram processados em moinho de martelos (granulometria


de 0,5mm) e após a moagem foram pesados, misturados em um misturador
experimental “Y” para a confecção das duas dietas base, uma com baixa proteína
(dieta A = 12,5% PD) e outra com alta proteína (dieta B = 43,4% PD), apresentadas
na Tabela 1. Ambas continham a mesma quantidade de energia digestível,
atendendo aos requisitos de minerais e vitaminas e relação dos aminoácidos
essenciais semelhantes.

As Dietas A e B foram pesadas e diluídas em proporções calculadas para


obter os níveis proteicos: 19,00; 23,88; 28,76; 33,64; 38,52 e 43,40% de PD (Tabela
2). Após a homogeneização foram adicionados cerca de 220 mL de água potável,
por quilograma de ração e posteriormente novamente homogeneizadas e
peneiradas. Após a mistura, as dietas foram extrudadas em uma extrusora
laboratorial modelo “EX LABORATÓRIO” (Exteec® Máquinas) com capacidade de
15 kg/h. A matriz com espessura de 4 mm.

Após a extrusão, as rações foram secas em estufa de ventilação forçada


(55 °C) por 12 horas, e após estabilizarem em temperatura ambiente, foram
embaladas em sacos plásticos e armazenadas em câmara fria (-12 °C). Uma
amostra de cada tratamento foi analisada (Tabela 3) para a determinação dos
níveis de proteína bruta, gordura, umidade e cinzas de acordo com a metodologia
da Association of Official Analytical Chemists, (AOAC, 2016).

Caunesp 13
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Tabela 1. Preço dos ingredientes, composição e custo das dietas base


Dieta Baixa proteína Dieta Alta proteína
Preço/kg1
Ingredientes Inclusão Custo/kg Inclusão Custo/kg
(R$)
(%) (R$) (%) (R$)
Farelo de soja 45% 1,00 10,78 0,108 42,00 0,420
Glúten de milho 60% 3,50 - - 24,50 0,858
Farinha de peixe 3,00 2,00 0,060 18,00 0,540
Quirera de arroz 0,75 12,61 0,095 - -
Trigo integral 0,32 10,00 0,032 - -
Milho Grão 0,50 50,00 0,250 9,22 0,046
Óleo de soja 2,48 8,00 0,198 - -
Casca de arroz 0,10 2,00 0,002 - -
DL-metionina (99%) 13,00 - - 0,04 0,005
L-lisina HCL (78,5%) 15,00 0,29 0,043 0,49 0,074
L-treonina (98,5%) 16,17 0,18 0,029 0,35 0,057
L-triptofano (98%) 50,40 0,01 0,006 0,05 0,025
Suplemento vitamínico-mineral2 11,00 0,50 0,055 0,50 0,055
Calcário calcítico 0,15 0,91 0,001 - -
Fosfato bicálcico 1,50 2,37 0,036 4,50 0,068
Antioxidante (BHT) 28,10 0,05 0,014 0,05 0,014
Antifúngico 16,00 0,30 0,048 0,30 0,048
Total 100,00 0,977 100,00 2,209
1Os preço dos ingredientes foram cotados nos meses de janeiro a fevereiro de 2018.
2Cada 1% fornece: ácido fólico (1,00 mg); ácido pantotênico (20,00 mg) antioxidante (125,00
mg); colina (150,00 mg); cobre (10,00 mg); ferro (100,00 mg); iodo (5,00 mg;) manganês (70,00
mg); selênio (0,15 mg); vit A (3.000,00 U I kg-1); Vit B (16,00 mg); Vit B12 (20,00 mg); Vit B2
(8,00 mg); Vit B6 (3,00 mg); Vit C (350,00 mg); Vit D3 (3000,00 U I kg-1); Vit E (200,00 UI kg-1);
Vit K (6,00 mg); zinco (150,00 mg); niacina (100,00 mg); biotina (0,10 mg).

Tabela 2. Proporção das dietas isenta e concentrada na composição das dietas


experimentais
Nível de proteína digestível por tratamento (%)
Inclusão das dietas base
19,00 23,88 28,76 33,64 38,52 43,40
Baixa proteína 78,98 63,21 47,44 31,67 15,90 0,13
Alta proteína 21,02 36,79 52,56 68,33 84,10 99,87
Total 100 100 100 100 100 100
Custo da dieta (R$/kg) 1,24 1,43 1,62 1,82 2,01 2,21

Caunesp 14
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Tabela 3. Composição química das dietas experimentais (matéria natural)


Proteína digestível (%)
Nutrientes
19,00 23,88 28,76 33,64 38,52 43,40
1
Proteína digestível (%)* 20,29 24,81 29,35 34,18 38,98 43,67
Proteína bruta (%) 22,41 27,25 32,13 37,31 42,47 47,50
Extrato etéreo (%)*3 9,7 8,5 7,3 6,0 4,8 3,6
Energia bruta (kcal/kg) 4594 4581 4590 4610 4552 4562
Energia digestível (kcal/kg)*2 3614 3604 3612 3629 3584 3593
Matéria seca (%) 94,9 94,9 95,3 95,6 95,2 96,2
Extrativo não nitrogenado (%)6 43,0 39,2 35,4 31,5 27,7 23,9
Fibra bruta (%)4 4,3 4,4 4,4 4,5 4,5 4,6
Cinzas (%)5 5,7 5,8 5,5 5,4 5,7 5,2
Cálcio total 0,68 0,77 0,85 0,93 1,01 1,10
Fósforo disponível 0,85 0,94 1,04 1,14 1,24 1,33
Relação PD:ED (mg/kcal)7 56,1 68,8 81,3 94,2 108,8 121,6
Relação AAE:AANE 56:44 56:44 56:44 56:44 56:44 56:44
Aminoácidos essenciais (%)
Metionina 0,41 0,50 0,59 0,68 0,77 0,87
Lisina 1,09 1,33 1,57 1,81 2,06 2,30
Treonina 0,84 1,03 1,22 1,41 1,60 1,79
Arginina 1,13 1,40 1,67 1,93 2,20 2,47
Isoleucina 0,71 0,90 1,09 1,28 1,46 1,65
Leucina 1,76 2,22 2,69 3,15 3,62 4,08
Valina 0,83 1,04 1,24 1,44 1,65 1,85
Histidina 0,46 0,56 0,66 0,77 0,87 0,97
Fenilalanina 0,93 1,17 1,42 1,67 1,91 2,16
Triptofano 0,21 0,26 0,31 0,36 0,40 0,45
*Valores calculados com base no coeficiente de digestibilidade de acordo FURUYA (2010).
1Método de Kjeldahl (AOAC, 2016)

2Determinado por bomba calorimétrica (AOAC, 2016).

3Hidrólise ácida (AOAC, 2016).

4Método AOAC (AOAC, 2016).

5Amostra incinerada em mufla a 550 °C por 4 horas.

6Calculado (ENN = 100 – (FB% + EE% + PB% + MM%)).

7Calculado (mg de PD / kcal de ED).

2.3. Desempenho produtivo

O consumo alimentar aparente foi calculado através da diferença de peso


entre as quantidades inicial e final da dieta, previamente alocadas em potes de
plástico para cada parcela experimental.

Todos os juvenis de tilápia do Nilo foram pesados e medidos no início e no


final do período de experimentação. O desempenho produtivo foi avaliado pelo
ganho médio de peso (GP), conversão alimentar aparente (CAA), taxas

Caunesp 15
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sobrevivência (Sb), taxa de eficiência proteica (TEP) e taxa de crescimento


específico (TCE), de acordo com as seguintes expressões:

𝐺𝑎𝑛ℎ𝑜 𝑚é𝑑𝑖𝑜 𝑑𝑒 𝑝𝑒𝑠𝑜 (𝑔) = 𝑃𝑒𝑠𝑜 𝑚é𝑑𝑖𝑜 𝑓𝑖𝑛𝑎𝑙 (𝑔) − 𝑃𝑒𝑠𝑜 𝑚é𝑑𝑖𝑜 𝑖𝑛𝑖𝑐𝑖𝑎𝑙 (𝑔)

𝐼𝑛𝑔𝑒𝑠𝑡ã𝑜 𝑎𝑙𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑎𝑟 (𝑔)


𝐶𝑜𝑛𝑣𝑒𝑟𝑠ã𝑜 𝑎𝑙𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑎𝑟 𝑎𝑝𝑎𝑟𝑒𝑛𝑡𝑒 =
𝐺𝑎𝑛ℎ𝑜 𝑚é𝑑𝑖𝑜 𝑑𝑒 𝑝𝑒𝑠𝑜 (𝑔)

𝑛º 𝑖𝑛𝑖𝑐𝑖𝑎𝑙 𝑑𝑒 𝑝𝑒𝑖𝑥𝑒𝑠 − 𝑛º 𝑓𝑖𝑛𝑎𝑙 𝑑𝑒 𝑝𝑒𝑖𝑥𝑒𝑠


𝑆𝑜𝑏𝑟𝑒𝑣𝑖𝑣ê𝑛𝑐𝑖𝑎 (%) = 𝑥100
𝑛º 𝑖𝑛𝑖𝑐𝑖𝑎𝑙 𝑑𝑒 𝑝𝑒𝑖𝑥𝑒𝑠

𝐺𝑎𝑛ℎ𝑜 𝑑𝑒 𝑝𝑒𝑠𝑜 (𝑔)


𝑇𝑎𝑥𝑎 𝑑𝑒 𝑒𝑓𝑖𝑐𝑖ê𝑛𝑐𝑖𝑎 𝑝𝑟𝑜𝑡é𝑖𝑐𝑎 (%) = 𝑥100
𝑃𝑟𝑜𝑡𝑒í𝑛𝑎 𝑖𝑛𝑔𝑒𝑟𝑖𝑑𝑎 (𝑔)

𝐿𝑛 𝑝𝑒𝑠𝑜 𝑓𝑖𝑛𝑎𝑙 − 𝐿𝑛 𝑝𝑒𝑠𝑜 𝑖𝑛𝑖𝑐𝑖𝑎𝑙


𝑇𝑎𝑥𝑎 𝑑𝑒 𝑐𝑟𝑒𝑠𝑐𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 𝑒𝑠𝑝𝑒𝑐í𝑓𝑖𝑐𝑜(%) = 𝑥 100
𝐷𝑖𝑎𝑠 𝑑𝑒 𝑒𝑥𝑝𝑒𝑟𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜

2.4. Composição corporal e alometria das partes


comerciais

Para determinação da composição corporal, foram coletados quarenta


peixes da mesma população utilizada no experimento ao início do estudo, e cinco
de cada repetição ao final do experimento. Foram previamente submetidos à jejum
de 24 horas antes de serem eutanasiados por aprofundamento do plano anestésico
em benzocaína, e em seguida foram acondicionados sacos plásticos e congelados
em freezer (-20 °C). Os peixes coletados foram moídos congelados e
homogeneizados em moedor de carne C.A.F, modelo 22S e posteriormente,
colocados em placas de Petri descartáveis, pesados, novamente congelados (-80
°C) e liofilizadas à vácuo a -80 ºC (VLP20, Thermo Fisher) por 72 horas, para
preparação das amostras para posterior determinação da porcentagem de matéria
seca, proteína bruta, extrato etéreo e matéria mineral.

Ao final do experimento, seis peixes de cada tratamento foram abatidos,


dissecados em seis partes: escamas, filé, cabeça, vísceras, nadadeiras e resíduo
de filetagem (Figura 2), e posteriormente pesadas.

Caunesp 16
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7a
5
3

7b
4
2
6

Figura 2. Ilustração do corpo inteiro (1) e dissecação dos


animais em seis partes: Escamas (2), nadadeiras (3), filé (4),
cabeça (5), vísceras (6), resíduos de filetagem (7a e 7b)

Para o cálculo alométrico das partes comerciais: filé, peixe eviscerado e


peixe em postas. No qual o peso de peixe eviscerado e peixe em postas foi
calculado pela diferença de peso das partes coletadas:

𝑃𝑒𝑖𝑥𝑒 𝑒𝑣𝑖𝑐𝑒𝑟𝑎𝑑𝑜 = 𝑝𝑒𝑠𝑜 𝑐𝑜𝑟𝑝𝑜𝑟𝑎𝑙 − 𝑝𝑒𝑠𝑜 𝑑𝑎𝑠 𝑣í𝑐𝑒𝑟𝑎𝑠

𝑃𝑒𝑖𝑥𝑒 𝑒𝑚 𝑝𝑜𝑠𝑡𝑎𝑠 = 𝑝𝑒𝑠𝑜 𝑐𝑜𝑟𝑝𝑜𝑟𝑎𝑙 − 𝑣í𝑐𝑒𝑟𝑎𝑠 − 𝑒𝑠𝑐𝑎𝑚𝑎𝑠 − 𝑛𝑎𝑑𝑎𝑑𝑒𝑖𝑟𝑎𝑠 − 𝑐𝑎𝑏𝑒ç𝑎

Foi calculado o logaritmo natural (ln) do peso corporal, peso proteico


corporal, filé, peixe eviscerado e peixe em postas, a partir do qual, as relações
alométricas entre as partes comerciais e o peso corporal (PC) e peso proteico
corporal (PPC) foram determinados usando a equação descrita por (DANISMAN e
GOUS, 2011):

ln 𝑌 = ln 𝑎 + 𝑏 ln 𝑋

Onde “ln Y” representa o peso da parte a ser predito, “a” representa o termo
constante, “b” representa a inclinação da regressão linear (coeficiente alométrico)
e “ln X” representa o peso corporal ou peso proteico corporal. Quando o valor de
"b" é igual a 1, o crescimento é considerado isogônico e os ritmos de
desenvolvimento de "Y" e "X" são semelhantes no intervalo de crescimento
considerado. No caso de "b" ser maior que 1, o crescimento é chamado
heterogônico positivo e o ritmo de crescimento de "Y" é maior que de "X",

Caunesp 17
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caracterizando um desenvolvimento tardio e, quando o valor de "b" for menor que


1, o ritmo de crescimento de "Y" é menor que de "X", caracterizando um
desenvolvimento precoce.

Posteriormente, as equações de relação alométricas com base no peso


corporal e peso proteico corporal foram submetidas à teste de erro de predição para
escolha da equação alométrica mais acurada para cada parâmetro testado (ST-
PIERRE, 2003). Que considera uma regressão linear não enviesada do valor
residual (Valor observado – Valor predito) no eixo Y e o valor predito no eixo X.
Onde o valor do coeficiente de inclinação da reta (b) deve ser próximo a zero,
indicando a imparcialidade da predição.

2.5. Análises estatísticas

Os resultados de parâmetros zootécnicos foram submetidos a análises de


normalidade dos erros e homocedasticidade da variância e posteriormente
submetidos à análise de regressão linear ou polinomial conforme melhor
adequação. As análises estatísticas foram realizadas usando o programa R version
3.4.2 - Copyright (©) 2017 The R Foundation for Statistical Computing.

2.6. Ótimo econômico

Foi realizado uma pesquisa de mercado com produtores da região norte do


estado de São Paulo nos meses de janeiro e fevereiro de 2018 e obtido os preços
de comercialização da tilápia inteira, eviscerada, em postas, filé e dos ingredientes
das dietas.

Para determinar o nível ótimo econômico, foram mensurados a receita


bruta (RB), o custo da ração (CR) e a margem bruta (MB), com preços nominais de
todos os itens utilizados nos cálculos (peixe inteiro, filé, peixe eviscerado e peixe
em postas).

A RB, foi calculada com base no peso médio final (PF) dos peixes
submetidos aos diferentes tratamentos, expresso em quilograma (kg), pela média
de preço local para venda de um kg de tilápia inteira ao atacadista (R$ 5,50),
conforme equação:

Caunesp 18
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𝑅𝐵𝑝𝑒𝑖𝑥𝑒 𝑖𝑛𝑡𝑒𝑖𝑟𝑜 (𝑅$) = 𝑃𝐹 (𝑘𝑔) × 𝑃𝑟𝑒ç𝑜 𝑑𝑎 𝑡𝑖𝑙á𝑝𝑖𝑎 𝑖𝑛𝑡𝑒𝑖𝑟𝑎 (𝑅$/𝑘𝑔)

O cálculo econômico das partes comerciais, foram realizados a partir da


predição de peso através das relações alométricas das mesmas em relação ao
peso corporal e assim, foram geradas suas receitas brutas com base na média de
preço de varejo local de venda de R$ 27,80 para filé, R$ 8,90 para peixe eviscerado
(PE) e R$ 16,80 para peixe em postas (PP), conforme equações:

𝑅𝐵𝑓𝑖𝑙é (𝑅$) = 𝑝𝑒𝑠𝑜 𝑑𝑒 𝑓𝑖𝑙é (𝑘𝑔) × 𝑝𝑟𝑒ç𝑜 𝑑𝑜 𝑓𝑖𝑙é (𝑅$/𝑘𝑔)

𝑅𝐵𝑃𝐸 (𝑅$) = 𝑝𝑒𝑠𝑜 𝑑𝑜 𝑃𝐸 (𝑘𝑔) × 𝑝𝑟𝑒ç𝑜 𝑑𝑜 𝑃𝐸 (𝑅$/𝑘𝑔)

𝑅𝐵𝑃𝑃 (𝑅$) = 𝑝𝑒𝑠𝑜 𝑑𝑒 𝑃𝑃 (𝑘𝑔) × 𝑝𝑟𝑒ç𝑜 𝑑𝑜 𝑃𝑃 (𝑅$/𝑘𝑔)

O custo da ração (CR) foi calculado em função da curva de regressão dos


dados de ingestão alimentar dos peixes de cada tratamento testado e pelo custo
estimado da dieta entre os níveis de proteína dos tratamentos, que foi submetido a
regressão linear para mensurar o custo de cada porcentagem extra de proteína da
dieta, assim a curva de CR foi dada pela equação:

𝐶𝑅 (𝑅$) = 𝐼𝑛𝑔𝑒𝑠𝑡ã𝑜 𝑎𝑙𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑎𝑟 (𝑘𝑔) × 𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜 𝑑𝑎 𝑑𝑖𝑒𝑡𝑎 (𝑅$/𝑘𝑔)

O preço do kg de cada ingrediente foi orçado para composição do custo da


dieta. Deste modo, foi estimado o custo de R$ 0,041 para cada unidade de
porcentagem extra de proteína na ração (% PD), ou seja, a partir do custo de R$
0,977/kg, da dieta base de baixa proteína (12,5% PD), cada um por cento a mais
de PD nesta dieta encarece em R$ 0,041 no seu custo final.

Assim, o nível ótimo econômico foi considerado no ponto da curva onde


houve a maior MB, ou seja, a melhor relação entre RB e CR, encontrado através
da seguinte equação:

𝑀𝐵𝑚𝑎𝑥 (𝑅$) = 𝑅𝐵 − 𝐶𝑅

Onde MBmax é a margem bruta máxima, RB é a receita bruta e o CR é o


custo da ração.

Caunesp 19
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3. Resultados
3.1. Desempenho produtivo

Na Tabela 4 encontram-se os valores médios e desvio padrão de ganho de


peso, taxa de crescimento específico, consumo de ração, taxa de eficiência
proteica, consumo alimentar aparente e sobrevivência de juvenis de tilápia do Nilo
em função dos níveis de PD na ração. Apenas a sobrevivência permaneceu
constante independente do tratamento, os demais parâmetros apresentaram
diferença significativa (P<0,05).

As médias de ganho em peso apresentaram comportamento quadrático


com os níveis testados, tendo o máximo desempenho com 39,79% de PD (Figura
3).

80 39,79%
Ganho de peso (g)

70

60

50

40
y = -0,087x2 + 6,9243x - 63,183
R² = 0,9187
30
18 23 28 33 38 43 48

Proteína digestível (%)

Figura 3. Análise de regressão quadrática para os valores de ganho de peso médio


em função dos níveis de proteína digestível para juvenis de tilápia do Nilo
alimentados durante 54 dias

Caunesp 20
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Tabela 4. Médias do desempenho produtivo (± desvio padrão) de juvenis de tilápia alimentados com dietas contendo diferentes
níveis de proteína digestível durante 54 dias experimentais

Proteína digestível (%)


Variáveis P CV (%)
19,00 23,88 28,76 33,64 38,52 43,40
Ganho de peso (g) 40,16±1,89 57,47±5,48 65,43±4,92 69,90±0,71 74,85±5,49 73,77±2,53 <0,001 20,63
Taxa de crescimento específico
5,86±0,09 6,49±0,13 6,72±0,16 6,86±0,05 7,01±0,15 6,94±0,05 <0,001 6,46
(%/dia)
Ingestão alimentar (g) 45,67±2,05 63,15±7,08 70,00±5,10 74,50±1,70 77,00±5,48 72,02±5,35 <0,001 17,13
Consumo de PB (g) 10,23±0,46 17,21±1,93 22,49±1,64 27,80±0,64 32,70±2,33 34,21±2,54 <0,001 38,57
Conversão alimentar aparente 1,14±0,01 1,10±0,02 1,07±0,01 1,07±0,02 1,03±0,01 0,98±0,04 <0,001 5,25
Taxa de eficiência proteica (%) 3,92±0,02 3,34±0,05 2,91±0,02 2,52±0,05 2,29±0,01 2,16±0,09 <0,001 23,75
Sobrevivência (%) 99,26±1,28 100±0,00 100±0,00 100±0,00 100±0,00 99,26±1,28 ns 1,16
Médias ± desvio padrão. n = 3.
P: resultado do teste F da análise de variância da regressão.
CV: Coeficiente de variação.
ns: não significativo

Caunesp 21
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As médias da taxa de crescimento específico apresentaram efeito


quadrático com o incremento de PD na dieta (Figura 4), com o valor máximo no
nível de 38,83%.

7.5
Taxa de crescimento
38,83%
específico (%) 7.0

6.5

6.0 y = -0,0032x2 + 0,2485x + 2,1899


R² = 0,9276
5.5
18 23 28 33 38 43
Proteína digestível (%)

Figura 4. Análise de regressão quadrática das médias de taxa de crescimento


específico ao final do período experimental em função dos níveis de proteína
digestível para juvenis de tilápia do Nilo alimentados durante 54 dias

As médias de ingestão alimentar observadas também apresentaram efeito


quadrático crescente com o aumento no nível de PD com o valor máximo ao nível
de 36,96% (Figura 5).

90
Ingestão alimentar / peixe

36,96%
80

70
(g)

60
y = -0,1077x2 + 7,9615x - 70,43
50 R² = 0,8623

40
18 23 28 33 38 43
Proteína digestível (%)

Figura 5. Análise de regressão quadrática das médias de ingestão alimentar ao final


do período experimental em função dos níveis de proteína digestível para juvenis
de tilápia do Nilo alimentados durante 54 dias

Caunesp 22
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Já as médias de CAA apresentaram efeito linear, reduzindo numericamente


com o incremento de PD na ração (Figura 6).

1.20

Conversão alimentar
1.15

1.10
aparente 1.05

1.00
y = -0,0062x + 1,2605
0.95 R² = 0,8555
0.90
18 23 28 33 38 43
Proteína digestível (%)

Figura 6. Análise de regressão linear das médias de conversão alimentar aparente


ao final do período experimental em função dos níveis de proteína digestível para
juvenis de tilápia do Nilo alimentados durante 54 dias

As médias da taxa de eficiência proteica apresentaram efeito quadrático


decrescente com o aumento no nível de PD (Figura 7).

4.5

4.0 y = 0,0026x2 - 0,2445x + 7,7912


Taxa de eficiência

R² = 0,9955
proteica (%)

3.5

3.0

2.5

2.0

1.5
18 23 28 33 38 43 48
Proteína digestível (%)

Figura 7. Análise de regressão quadrática das médias de taxa de eficiência proteica


ao final do período experimental em função dos níveis de proteína digestível para
juvenis de tilápia do Nilo alimentados durante 54 dias

Caunesp 23
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3.2. Alometria das partes comerciais

O estudo da alometria das partes comerciais foi realizado para gerar as


proporções de crescimento de filé, peixe eviscerado e peixe em postas com base
na amplitude de pesos final corporal e peso proteico dos peixes submetidos a
diferentes níveis de proteína balanceada na dieta (Tabela 5), de modo que as
relações alométricas sejam determinadas. A partir do conhecimento dessas
equações de relações alométricas, foram geradas as predições das partes para os
respectivos pesos corporais dos peixes no modelo. A partir das predições de peso
das partes foram calculados o custo de produção e margem bruta de venda dessas
cortes de interesse comercial.

Tabela 5. Médias (± desvio padrão) de peso corporal, peso proteico corporal e das
partes comerciais (filé, peixe eviscerado e peixe em postas) ao final do período
experimental em função dos níveis de proteína digestível das dietas
Peso Peixe
Peso corporal Peixe em
%PD proteico Filé (g) eviscerado*
(g) postas** (g)
corporal (g) (g)
19,00 41,93±1,90 15,02±0,52 10,54±1,60 36,10±1,91 21,11±0,56
23,88 59,26±5,52 23,39±2,72 15,18±1,54 52,04±3,40 32,72±3,59
28,76 67,21± 4,90 26,81±1,01 18,82±0,70 59,58±4,83 36,37±3,45
33,64 71,66±0,74 30,34±0,07 21,20±1,51 64,31±0,24 40,00±0,78
38,52 76,59±5,48 33,66±1,83 22,52±2,33 69,36±4,49 42,23±4,75
43,40 75,56±2,55 33,85±0,87 22,61±1,65 69,06±2,09 40,98±2,29
*Peixe eviscerado = peso corporal (g) – peso das vísceras (g)
**Peixe em postas = peso corporal (g) – peso das vísceras (g) – peso das escamas (g) – peso
das nadadeiras (g) – peso da cabeça (g)

Os coeficientes alométricos de filé, peixe eviscerado e peixe em postas


calculados com base no peso corporal (PC) dos peixes foram: 1,303±0,072;
1,079±0,020 e 1,137±0,042 respectivamente (Tabela 6), indicando que o
crescimento dessas partes foi ligeiramente maior que o crescimento corporal,
enquanto que o coeficiente alométrico das mesmas partes calculadas a partir do
peso proteico corporal (PPC) foram: 0,976±0,058; 0,806±0,026 e 0,844±0,045
respectivamente, mostrando que o crescimento dessas partes foram menores que
o crescimento da proteína corporal.

Caunesp 24
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Tabela 6. Termo constante (a) e coeficiente alométrico (b) (± desvio padrão) de filé,
peixe eviscerado e peixe em postas, em relação ao peso corporal e peso proteico
corporal (lnY = a+b lnX)1 de juvenis de tilápia
Parte corporal Termo constante (a) Coeficiente alométrico (b) R2

Peso corporal
Filé -2,541±0,299 1,303±0,072 95,4
Peixe eviscerado* -0,444±0,084 1,079±0,020 99,4
Peixe em postas** -1,184±0,173 1,137±0,042 97,9

Peso proteico corporal


Filé -0,307±0,190 0,976±0,058 94,7
Peixe eviscerado* 1,409±0,084 0,806±0,026 98,4
Peixe em postas** 0,786±0,148 0,844±0,045 95,6
*Peixe eviscerado = peso corporal (g) – peso das vísceras (g)
**Peixe em postas = peso corporal (g) – peso das vísceras (g) – peso das escamas (g) – peso
das nadadeiras (g)

Para determinar qual o parâmetro mais adequado para o cálculo alométrico


(peso corporal ou peso proteico corporal), foi realizado um teste de erro da predição
descrito por ST-PIERRE (2003), para as duas bases de cálculo (figura 8), no qual
o valor do coeficiente angular da reta (b) deve ser o mais próximo possível de zero,
indicando maior acurácia dos dados preditos. O coeficiente angular de filé em
função do PPC (-0,0037) se mostrou mais próximo a zero comparado ao coeficiente
em função do PC (0,0128), porém, para peixe eviscerado e peixe em postas, os
valores do coeficiente angular com base no PC (0,001 e -0,0084) foram menores
comparado aos baseados no PPC (-0.0087 e -0.0233). Para as duas bases de
cálculo o valor de b ficaram próximos a zero, indicando que ambas os métodos
podem ser utilizados no modelo econômico proposto, com boa acurácia da
predição. Portanto, neste estudo foi escolhido o peso corporal como base de
cálculo, pela facilidade de obtenção do dado pelo produtor.

Caunesp 25
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Figura 8. Comparação dos erros de predição de alometria das partes comerciais


através do peso corporal (PC) e peso proteico (PPC)

Caunesp 26
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3.3. Ótimo econômico

O preço de venda do peixe inteiro foi estipulado em R$ 5,50 por Kg e o


custo por unidade de porcentagem extra de proteína na ração em R$ 0,041, sendo
assim, o nível de PD onde ocorreu o ótimo econômico foi de 35,89% (Figura 4).
Este nível é 3,9% abaixo que o nível onde ocorreu o máximo peso final (39,79%) e
é alterado em função dos custos de alimentação e preço de venda do kg de peixe.

80

70
Peso final (g)

60 Nível máximo
desempenho
50 Nível ótimo
econômico

40
y = -0,0869x2 + 6,9185x - 61,313
R² = 0,9183
30
18 23 28 33 38 43 48

Proteina digestível (%)

Figura 9. Regressão quadrática do peso final e comparação entre os níveis de


máximo desempenho e ótimo econômico de proteína digestível para juvenis de
tilápia

A Figura 10 apresenta a oscilação da margem bruta obtida através da


diferença da curva da receita bruta do preço de venda do kg de peixe inteiro (A),
filé (B), peixe eviscerado (C) e peixe em postas (D) nos níveis de PD com o custo
da ração, obtido pela relação das regressões de ingestão alimentar e custo da dieta.
O ponto máximo da curva de MB representa o nível de proteína onde ocorreu
margem bruta máxima entre os tratamentos testados. Deste modo, o nível ótimo
econômico encontrados para peixe inteiro foi 35,89% de PD, com MBmax de R$
0,22, para filé foi 38,62% de PD, com MBmax de R$ 0,42, para peixe eviscerado foi
38,23% de PD com MBmax de R$ 0,41 e para peixe em postas foi 38,62% de PD,
com MBmax de R$ 0,51.

Caunesp 27
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0.44 A 0.64 B
38,62%
R$ / peixe 0.34
35,89% 0.44

R$ / filé
0.24
0.24
0.14

0.04 0.04
18 28 38 48 18 28 38 48
Nível de proteina digestível (%) Nível de proteina digestível (%)

0.64 C D
R$ / peixe eviscerado

R$ / peixe em postas
38,23% 0.64 38,62%
0.44
0.44

0.24
0.24

0.04 0.04
18 28 38 48 18 28 38 48
Nível de proteina digestível (%) Nível de proteina digestível (%)

Receita bruta Margem bruta Custo da ração

Figura 10. Relação entre margem bruta, receita bruta e custo da ração para peixe
inteiro (A), filé (B), peixe eviscerado (C) e peixe em postas (D) nos níveis de
proteína digestível para o ótimo econômico

Foram criados cenários com variações do preço de venda dos produtos da


tilápia a fim de perceber a oscilação dos níveis ótimo econômicos e margem bruta
encontrados para cada perfil de preço (Tabela 7). Assim, foi observado que os
níveis de PD e MB para ótimo econômico de peixe inteiro nos cenários estipulados
é o que mais sofre variação, de 33,16% de PD e R$ 0,14 de MB para o cenário de
baixa de 30% do preço atual, até 37,45% de PD e R$ 0,35 de MB para aumento de
30% do preço de venda. Os níveis de PD para filé, peixe eviscerado e peixe em
postas, não se alteraram muito nos cenários testados, porém a MB desses modos
de comercialização resultou em expressiva diferença entre os cenários.

Caunesp 28
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Tabela 7. Nível de ótimo econômico de proteína digestível (%PD) e máxima


lucratividade (R$/kg) de peixe inteiro, filé, peixe eviscerado e peixe em postas de
em diferentes cenários de preço de venda(R$/kg) dos produtos da tilápia

Preço Preço de venda (R$/kg) Nível de PD (%) Margem bruta (R$/kg)

Cenários para venda do peixe inteiro


-20% 4,40 33,16 0,14
-10% 4,95 34,72 0,18
Normal 5,50 35,89 0,22
+10% 6,05 36,67 0,26
+20% 6,60 37,06 0,31

Cenários para venda do filé


-20% 22,24 38,23 0,30
-10% 25,02 38,23 0,36
Normal 27,80 38,62 0,42
+10% 30,58 38,62 0,48
+20% 33,36 39,01 0,55

Cenários para venda do peixe eviscerado


-20% 7,12 37,45 0,29
-10% 8,01 37,84 0,35
Normal 8,90 38,23 0,41
+10% 9,79 38,23 0,48
+20% 10,68 38,62 0,54

Cenários para venda do peixe em postas


-20% 13,44 38,23 0,37
-10% 15,12 38,23 0,44
Normal 16,80 38,62 0,51
+10% 18,48 38,62 0,58
+20% 20,16 39,01 0,65

Na tabela 8 são apresentados os resultados de nível ótimo econômico de


PD e sua margem bruta em cenários de oscilação do preço da proteína dietética
adicional, variando de -20% à +20% de custo do preço atual (R$ 0,041), assim
como aconteceu nos cenários de variação do preço de comercialização dos

Caunesp 29
Mestrando Daniel Monge de Almeida Queiroz Orientador João Batista Kochenborger Fernandes

diferentes cortes da tilápia, os níveis encontrados para nível ótimo econômico de


PD para peixe inteiro é o que teve maior variação, sendo observada uma oscilação
menos expressiva dos níveis para filé, peixe eviscerado e peixe em postas. Porém,
em todos os modos de comercialização, a MB teve oscilação mais expressiva,
variando R$ 0,17 para peixe inteiro, R$ 0,25 para filé e peixe eviscerado e R$ 0,28
para peixe em postas.

Caunesp 30
Mestrando Daniel Monge de Almeida Queiroz Orientador João Batista Kochenborger Fernandes

Tabela 8. Nível de ótimo econômico de proteína digestível (%PD) e máxima lucratividade (R$/kg) de peixe inteiro, filé, peixe
eviscerado e peixe em postas de em diferentes cenários de custo de proteína extra na dieta (R$/kg)

Custo da adição de Nível de Margem bruta Nível de Margem bruta Nível de Margem bruta Nível de Margem bruta
Cenário
proteína (R$/kg) PD (%) (R$/kg) PD (%) (R$/kg) PD (%) (R$/kg) PD (%) (R$/kg)

Peixe inteiro Filé Peixe eviscerado Peixe em postas

-20% 0,033 37,45 0,25 39,01 0,45 38,62 0,44 39,01 0,54
-10% 0,037 36,67 0,23 38,62 0,44 38,62 0,43 38,62 0,52
Normal 0,041 35,89 0,22 38,62 0,42 38,23 0,41 38,62 0,51
+10% 0,045 35,11 0,21 38,23 0,41 37,84 0,40 38,23 0,50
+20% 0,049 34,33 0,20 38,23 0,40 37,45 0,39 38,23 0,49
+30% 0,053 33,16 0,19 37,84 0,39 37,06 0,38 37,84 0,48

Caunesp 31
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4. Discussão
4.1. Desempenho produtivo

O ganho de peso dos animais em função dos níveis de PD das dietas em


54 dias experimentais, apresentou melhor ajuste pelo modelo de regressão
quadrática com R2 de 91,87%, com (ponto máximo) ao nível de 39,79% de PD.
Valores próximos foram encontrados por EL-SAYED e TESHIMA (1992), que
avaliaram o requerimento de energia e proteína bruta para larvas de tilápias do Nilo,
com resultado de 45% de PB e 4000 kcal de EB considerando que a digestibilidade
da proteína bruta de alimentos convencionais para a tilápia do Nilo é em torno de
80-90% (HANLEY, 1987; DEGANI et al., 1997), o nível de proteína digestível
encontrado nesse estudo foi de 36 à 40%.

Um fator que pode influenciar na exigência de proteína é a relação


proteína:energia, pois o balanço adequado desses componentes tem grande
importância para obtenção de uma dieta desejável (EL‐DAHHAR e LOVELL, 1995).
No presente estudo, a relação PD:ED para obter maior ganho de peso, foi de 111,5
mg/kcal, aproximou-se do recomendado para tilápias pelo NRC (2011), de 103,4
mg/kcal.

Foi observado efeito quadrático (p < 0,05) na ingestão alimentar em função


dos níveis de proteína digestível tendo maior valor estimado em 38,61% de PD.
Este resultado ocorreu pelo aumento da relação PD:ED das dietas até o tratamento
com 38.98% de PD, que tem essa relação próxima a ideal para tilápias,
apresentando uma queda após esse ponto, possivelmente pelo efeito deletério do
excesso de proteína na dieta e desbalanço da relação PD:ED. Essa ingestão de
alimento é influenciada pela proporção de energia da dieta, sendo que, o excesso
de energia pode levar à redução da ingestão de alimento, diminuindo o consumo
da fração proteica da ração (CHO, 1992). Por sua vez, uma dieta com deficiência
de energia em relação a proteína, pode resultar na redução da eficiência de
utilização proteica, que terá uma parte desviada para utilização como fonte
energética (NRC, 2011).

Foi observado efeito quadrático (p<0,05) na taxa de eficiência proteica,


onde a mesma diminuiu conforme ocorreu o aumento do teor de proteína na dieta,
com a pior taxa com 48,35% de PD. Esse resultado corrobora com alguns estudos,

Caunesp 32
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em que foi observada redução da TEP quando se aumentou o teor de proteína da


dieta (EL‐DAHHAR e LOVELL, 1995; FURUYA et al., 1996; FURUYA et al., 2000;
FURUYA et al., 2005; BOTARO et al., 2007). Segundo BOMFIM et al. (2008) Isto
demonstra que os aminoácidos foram aproveitados de maneira eficiente nos níveis
proteicos mais baixos, e que os carboidratos presentes em maior quantidade nestas
dietas tiveram efeito poupador de proteína, impedindo que fossem utilizadas como
fonte energética. A diminuição da TEP com a elevação do teor de proteína da dieta
pode ser explicado pelo aumento da ingestão dos aminoácidos excedentes a
exigência do animal, que provavelmente não contribuíram para a formação dos
tecidos e metabolismo proteico, podendo ter sido convertido em energia ou
simplesmente ter sido excretado na água (HALVER e HARDY, 2002).

4.2. Alometria

As regressões alométricas ajustadas para as partes comerciais (filé, peixe


eviscerado e peixe em posta) relacionadas ao peso corporal (PC) e peso proteico
corporal (PPC) foram geradas afim de determinar qual das duas opções seria mais
adequada ao modelo econômico proposto (tabela 6). Embora o valor do coeficiente
de determinação (R2) da regressão alométrica das partes nas duas formas de
cálculo sejam altas e muito próximas, os resultados do termo constante (a) e
coeficiente alométrico (b) resultaram em valores distintos para as três variáveis
testadas.

A alometria corporal é uma importante ferramenta para predição do


crescimento das partes corporais em relação ao próprio peso do corpo ou peso
proteico corporal. Esse cálculo é feito com a amplitude de peso de vários animais
e suas respectivas partes corporais, gerando uma regressão linear, onde o eixo X
representa o peso corporal ou peso da proteína corporal e o eixo Y representa a
partes a ser predita.

Neste estudo foi feito a alometria das partes comercias pelo peso corporal
final e pelo peso proteico corporal e seus erros de predição, afim de escolher uma
base de cálculo que melhor se aplica à predição de ótimo econômico dessas partes.
Como as duas bases de cálculo (peso corporal e peso proteico corporal) se
mostraram satisfatoriamente aplicáveis, foi escolhido o peso corporal final como

Caunesp 33
Mestrando Daniel Monge de Almeida Queiroz Orientador João Batista Kochenborger Fernandes

base da alometria, pela facilidade de aplicação ao modelo econômico junto ao setor


produtivo.

Sabe-se que a proporção de crescimento das partes não é constante


durante o crescimento do animal (DANISMAN e GOUS, 2011). Portanto é
necessário o estudo da alometria dessas partes em outros estágios de crescimento
do peixe, para aplicação dos dados no modelo de ótimo econômico em tilápias com
diferentes pesos.

4.3. Ótimo econômico

Além de fornecer resultados de desempenho sólido, o nível de proteína


digestível, para ser efetivo, deve maximizar os lucros. Neste estudo, foi considerada
a receita bruta, considerado rendimento bruto da venda do peixe (peso final × preço
de venda do kg do peixe inteiro), menos custos de alimentação (ou seja, ingestão
alimentar × preço unitário de ração). Os preços utilizados para a análise foram R$
0,977/kg para a dieta basal de baixa proteína e o custo da dieta aumenta R$ 0,041
por kg para cada ponto porcentual extra de proteína incrementada na dieta. O preço
de venda do peixe inteiro foi estimado em R$ 5,50/kg, sendo este valor, uma média
do preço praticado para venda da tilápia inteira próximo ao peso de abate. Sob
essas condições de custo e preço de venda, o melhor nível de proteína para a
otimização da margem foi de 35,89% para tilápia do Nilo na fase de juvenis, 3,9%
a menos que o nível de máximo desempenho. Mesmo não sendo o nível proteico
que maximiza o ganho de peso dos animais, deve ser considerado como uma boa
escolha por apresentar maior margem bruta de produção com as variáveis deste
trabalho.

Como estratégia de mercado, pode-se optar pela criação de tilápias para


venda do peixe já processado, neste trabalho optou-se pela apresentação do ótimo
econômico do filé, peixe eviscerado e peixe em posta, pois são formas de
comercialização comumente encontradas no varejo. Portanto, observou-se que
com a escolha da estratégia de criação de tilápias para estes fins, os níveis de PD
na dieta se alteram pela diferença de peso e preço de venda que apresentam. Vale
lembrar que não foi feito uma análise financeira mais completa, com os custos de

Caunesp 34
Mestrando Daniel Monge de Almeida Queiroz Orientador João Batista Kochenborger Fernandes

transporte, processamento e revenda, pois o objetivo do estudo se limitou em


encontrar a melhor margem bruta, apenas do custo da dieta.

Nos cenários simulados neste estudo (Tabelas 7 e 8), observa-se que a


oscilação de preço dos produtos da tilápia e do custo da proteína não alteraram
expressivamente os níveis para máxima MB dos produtos processados,
apresentando maior diferença para o peixe inteiro. Porém, o valor de retorno da
margem bruta teve visível diferença em valores monetários.

Os peixes deste estudo chegaram ao máximo de 78,08 g em 54 dias do


período experimental, sendo encontrado o nível proteico mais viável para esta fase,
porém, conforme os peixes crescem o requerimento de proteína decresce em
concentração na dieta, consequentemente o nível ótimo econômico também
diminui. Portanto, deve-se repetir este modelo de estudo com peixes que se
encontram em outras fases de crescimento, afim de encontrar o nível proteico
economicamente mais viável para cada etapa de vida durante o cultivo da espécie.

O nível de proteína para máximo desempenho encontrado neste estudo


permanece o mesmo independente da variação do mercado, porém, o nível ótimo
econômico está sujeito a alteração conforme a oscilação de custo da ração e valor
de venda do peixe e seus produtos, e pode ser facilmente corrigido em tempo real
através do modelo proposto, afim de encontrar o melhor nível a ser utilizado durante
a safra, sendo que, ano a ano o mercado de insumos sofre grandes oscilações,
desta forma a margem de lucro pode mudar.

Caunesp 35
Mestrando Daniel Monge de Almeida Queiroz Orientador João Batista Kochenborger Fernandes

5. Conclusão
O nível de proteína onde houve o maior desempenho dos juvenis de tilápia
do Nilo foi 39,79% de PD. Porém, através do modelo proposto, o nível econômico
ótimo de proteína balanceada encontrada foi de 35,89%, considerando o custo por
ponto percentual de proteína na dieta de R$ 0,041 e preço por um kg de tilápia e
R$ 5,50. Esta recomendação é 3,9% menor que o nível de máximo desempenho
de 39,79% de PD observado neste estudo. O mesmo modelo encontrou a melhor
margem bruta ao nível de 38,23% de PD para peixe eviscerado e 38,62% de PD
para filé e peixe em postas, com base na predição alométrica de peso.

Caunesp 36
Mestrando Daniel Monge de Almeida Queiroz Orientador João Batista Kochenborger Fernandes

6. Referências bibliográficas
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Caunesp 38
Mestrando Daniel Monge de Almeida Queiroz Orientador João Batista Kochenborger Fernandes

5. Considerações finais
O desenvolvimento deste método de avaliação, com modelagem
matemática para predição do melhor nível de proteína para otimizar a margem bruta
possibilitará a criação de um software de fácil acesso para o produtor e empresas
do ramo, afim de otimizar a produção de peixes e outros organismos aquáticos. Isto
poderá ser realizado da mesma forma como é feito a otimização e criação de
tecnologias de produção em outras atividades agrárias, como a agricultura de
precisão, ou na avicultura com os inúmeros modelos de predição já desenvolvidos
e colocados em prática.

É necessário a realização do mesmo método de estudo para outras fases


de vida da tilápia, para que haja a possibilidade da modelagem do nível ótimo
econômico para cada fase da sua vida. Além disso, é imprescindível a validação do
método à campo.

Este estudo teve como foco o aumento da lucratividade através do ajuste


de proteína dietética para tilápias, contudo, este sistema pode ser aplicado para
modelar a viabilidade dos mais variados componentes da dieta, como os
aminoácidos suplementares, probióticos, prebióticos, vitaminas, ácidos orgânicos,
óleos essenciais, compostos fitoterápicos e outros aditivos alimentares.

A ideia da pesquisa com esses modelos veio da produção avícola, que


atualmente dispõe de um elevado grau tecnológico, porém, a dieta para esta
atividade geralmente é misturada na própria planta de produção, e sem a
necessidade de processamento da ração, o que facilita as pequenas alterações e
ajustes de formulação. Na piscicultura, quase toda ração fornecida aos peixes é
adquirida de fábricas de ração, com formulação para atender uma fase específica
de vida dos peixes nas mais diversas condições de criação e com custo mínimo,
exceto em alguns casos de cooperativas que investiram na implantação de fábricas
de ração ou empresas que verticalizaram a produção. Esse fato dificulta o ajuste
fino da produção a nível local, assim como é feito na produção de animais
terrestres.

Caunesp 39

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