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UNIVERSIDADE LUTERANA DO BRASIL

PRÓ-REITORIA ACADÊMICA
CURSO DE ENGENHARIA QUÍMICA

JOÃO VITOR BITENCOURTE

AVALIAÇÃO DA EFICIÊNCIA DO SISTEMA DE TRATAMENTO DE EFLUENTES


DE UMA INDÚSTRIA FARMACÊUTICA

Prof. Orientador: MSc. Emerson Alberto Prochnow

CANOAS
2021
UNIVERSIDADE LUTERANA DO BRASIL
PRÓ-REITORIA ACADÊMICA
CURSO DE ENGENHARIA QUÍMICA

JOÃO VITOR BITENCOURTE

AVALIAÇÃO DA EFICIÊNCIA DO SISTEMA DE TRATAMENTO DE EFLUENTES


DE UMA INDÚSTRIA FARMACÊUTICA

Trabalho de Conclusão de Curso (TCC


2) apresentado como requisito parcial
para a obtenção do grau de
Engenheiro Químico da Universidade
Luterana do Brasil.

Prof. Orientador: MSc. Emerson Alberto Prochnow

CANOAS
2021
Pelo carinho, afeto, dedicação e cuidado que minha família me deu
durante toda a minha existência, este trabalho é dedicado a eles.
Com muita gratidão.
AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar, agradeço а Deus, pelo dom da vida e por me permitir ultrapassar
todos os obstáculos encontrados ao longo da realização deste trabalho.
A minha mãe, por me proteger e orientar em cada passo do meu caminho.
A minha avó e tia, Maria José e Viviane, pela base que me deram para me tornar
quem eu sou hoje, e por sempre me incentivarem e acreditarem que eu seria capaz
de superar as dificuldades que a vida me apresentou.
Ao meu pai e minha madrasta, Rui e Paola, que estiveram ao meu lado, apoiando-
me ao longo de toda a minha trajetória acadêmica, ao apoio e incentivo para as
minhas realizações, além de compreenderem aos vários momentos em que estive
ausente por causa do desenvolvimento deste trabalho.
A minha namorada, Camila, pelo cuidado e carinho, pela compreensão e paciência
demonstrada, e por estar sempre ao meu lado durante a execução deste trabalho.
A minha irmã, Victória, que sempre acreditou na minha capacidade, por me dar
forças e torcer por mim, ainda que a distância.
Aos meus familiares, pelo amor, incentivo, força е apoio incondicional.
Aos amigos, que sempre estiveram ao meu lado, pela amizade e pelo apoio
demonstrado ao longo de todo o período acadêmico.
A equipe da ETE da indústria estudo de caso, pela colaboração, pelos ensinamentos
e por serem tão solícitos em todos os momentos em que precisei.
A todos que participaram, direta ou indiretamente do desenvolvimento deste trabalho
de pesquisa, enriquecendo o meu processo de aprendizado.
LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Fluxograma ETE. ..................................................................................... 23

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Parâmetros e padrão de emissão...........................................................21


Quadro 2 – Frequência de amostragem e metodologias utilizadas para os
parâmetros analisados...............................................................................................22
Quadro 3 – Pontos de amostragem...........................................................................25

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Resultados das análises de DBO. ............................................................ 26


Tabela 2 - Resultados das análises de DQO. ........................................................... 27
Tabela 3 - Resultados das análises de fósforo total. ................................................. 29
Tabela 4 - Resultados das análises de nitrogênio total Kjeldahl. .............................. 30
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente

CONSEMA Conselho Estadual do Meio Ambiente

DBO Demanda Bioquímica de Oxigênio

DQO Demanda Química de Oxigênio

EPA Environmental Protection Agency

ETE Estação de Tratamento de Efluentes

FEPAM Fundação Estadual de Proteção Ambiental

LO Licença de operação

SMWW Standard Methods for the Examination of Water and Wastewater


SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 9

2. OBJETIVOS....................................................................................................... 11

2.1. OBJETIVO GERAL ...................................................................................... 11

2.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS ........................................................................ 11

3. REFERENCIAL TEÓRICO ................................................................................ 12

3.1. INDÚSTRIA FARMACÊUTICA ..................................................................... 12

3.2. EFLUENTES INDUSTRIAIS ........................................................................ 13

3.2.1. Estação de tratamento de efluentes industriais ............................... 13

3.2.2. Tratamento de efluentes na indústria farmacêutica ......................... 14

3.3. PARÂMETROS DE ANÁLISE DE QUALIDADE DO EFLUENTE ................ 14

3.3.1. Demanda bioquímica de oxigênio (DBO) .......................................... 15

3.3.2. Demanda química de oxigênio (DQO) ................................................ 15

3.3.3. Fósforo e nitrogênio ............................................................................ 16

3.4. IMPACTOS AMBIENTAIS ............................................................................ 17

3.5. LEGISLAÇÃO AMBIENTAL ......................................................................... 18

4. METODOLOGIA ................................................................................................ 20

4.1. LOCAL DE ESTUDO.................................................................................... 20

4.2. TÉCNICAS DE AMOSTRAGENS ................................................................ 20

4.2.1. Coleta das amostras ............................................................................ 20

4.2.2. Pontos de coleta de amostra .............................................................. 21

4.3. DETERMINAÇÃO DOS PARÂMETROS E METODOLOGIAS UTILIZADAS


21

4.4. FLUXOGRAMA DO PROCESSO DE TRATAMENTO ................................. 22

4.5. ANÁLISE DOS RESULTADOS OBTIDOS ................................................... 24

5. RESULTADOS .................................................................................................. 25

5.1. ASPECTOS GERAIS ................................................................................... 25


5.2. DESCRIÇÃO E AVALIAÇÃO DOS RESULTADOS ..................................... 25

5.2.1. Monitoramento da demanda bioquímica de oxigênio no sistema de


tratamento......................................................................................................... 25

5.2.2. Monitoramento da demanda química de oxigênio no sistema de


tratamento......................................................................................................... 27

5.2.3. Monitoramento de fósforo total no sistema de tratamento ............. 29

5.2.4. Monitoramento de nitrogênio total Kjeldahl no sistema de


tratamento......................................................................................................... 30

6. CONCLUSÃO .................................................................................................... 32

7. REFERÊNCIAIS ................................................................................................ 33
9

1. INTRODUÇÃO

A indústria farmacêutica é um ramo da produção dedicado à pesquisa,


desenvolvimento, fabricação e distribuição de medicamentos com a função de tratar
sintomas, curar doenças ou preveni-las. O Brasil tornou-se um grande atrativo para
investidores do setor e de todo o mercado farmacêutico. Segundo pesquisa
realizada pela IQVIA (2019), o Brasil é o sexto maior mercado farmacêutico do
mundo, atrás apenas dos Estados Unidos, China, Japão, Alemanha e França.
No Brasil, os medicamentos não utilizados são descartados indevidamente
devido as sobras dos tratamentos ou ao prazo de validade. Grande parte das
pessoas realiza o descarte no lixo comum, em pias ou vasos sanitários, poluindo a
rede de esgoto. Além disso, a maioria das pessoas usuárias de medicamentos
nunca buscou a informação da forma correta de descartá-los, o que mostra que o
Brasil necessita implementar uma educação ambiental efetiva para mudar o quadro
atual relacionado ao descarte incorreto de medicamentos (IOB et al., 2013;
LENHARDT et al., 2014; PINTO et al., 2014; SILVA et al., 2014; SOUZA, 2014).
Nessa perspectiva:

Na indústria farmacêutica, os efluentes produzidos em cada um dos


diferentes processos produtivos possuem distintas características e
quantidades. De modo geral, a atividade do fármaco pode ser classificada
de acordo com o processo de fabricação utilizado na fermentação, síntese
química, extração e formulação (NUNES, 2014).

A água industrial pode ser gerada de várias maneiras, como: lavagens de


equipamentos e salas produtivas; água de sistemas de resfriamento e geradores de
vapor; água usada diretamente em processos industriais ou misturadas em
produtos; esgoto doméstico de funcionários. Além da quantidade de água
incorporada ao produto e da perda por evaporação, a água também pode ser
contaminada por resíduos de processos industriais ou perda de energia térmica,
resultando em efluentes líquidos (GIORDANO, 2004).
A Resolução CONAMA nº 430, de 13 de maio de 2011, determina que “Os
efluentes de qualquer fonte poluidora somente poderão ser lançados diretamente
nos corpos receptores após o devido tratamento e desde que obedeçam às
10

condições, padrões e exigências dispostos nesta Resolução e em outras normas


aplicáveis”.
Quando os efluentes são lançados juntamente com seus poluentes
característicos, eles podem causar alterações na qualidade do receptor e, portanto,
levar à sua poluição.
O tratamento de efluentes industriais envolve o processo necessário para
remover as impurezas geradas durante o processo de fabricação do produto alvo. O
método de tratamento está diretamente relacionado ao tipo de efluente produzido,
ao controle operacional da indústria e às características da água utilizada.
Neste sentido, a realização deste trabalho se justifica por relacionar duas
vertentes que estão próximas ao meu âmbito profissional, sendo a indústria
farmacêutica e o tratamento de efluentes, com o intuito de avaliar a eficiência do
sistema de tratamento de efluentes, além de apresentar a importância deste
sistema, baseando-se em comparativos do efluente bruto com o efluente tratado.
11

2. OBJETIVOS

Este capítulo apresenta os objetivos gerais e os objetivos específicos deste


projeto.

2.1. OBJETIVO GERAL

O objetivo geral deste trabalho é analisar o funcionamento do sistema de


tratamento de efluentes de uma indústria farmacêutica, a fim de avaliar criticamente
a eficiência deste processo.

2.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Os objetivos específicos deste trabalho são:

• Analisar os dados coletados nos quatro pontos de amostragem da ETE entre


os meses de agosto de 2019 a agosto de 2021;
• Avaliar estatisticamente a eficiência do sistema de tratamento de efluentes
de uma indústria farmacêutica baseado nos resultados das análises
realizadas para os parâmetros de DBO, DQO, Fósforo total e Nitrogênio total
Kjeldahl;
• Apresentar um comparativo dos resultados da amostra bruta com a tratada
para avaliar a eficiência dos processos de tratamento;
12

3. REFERENCIAL TEÓRICO

A fim de proporcionar às pessoas uma compreensão mais profunda deste


trabalho, este capítulo irá discutir alguns conceitos teóricos relacionados ao seu
desenvolvimento.

3.1. INDÚSTRIA FARMACÊUTICA

As origens da indústria farmacêutica remontam às últimas décadas do


século XIX, aplicando conhecimentos químicos para separar componentes de
plantas e produzir compostos sintéticos (RADAELLI, 2008).
O início das operações no setor da indústria farmacêutica, no Brasil,
espelhou-se na evolução de empresas internacionais, tendo sua origem ligada ao
surgimento das boticas, que basicamente elaboravam medicamentos para contribuir
no tratamento de enfermidades das unidades familiares. Com o tempo, esse cenário
evoluiu para o surgimento de novos tipos de estabelecimentos, justamente as
farmácias e os laboratórios industriais farmacêuticos (SINDUSFARMA, 2014;
FERST, 2013; CRFSP, 2014).
Nessa perspectiva:

A indústria farmacêutica tem como objetivo primordial a produção de


medicamentos, na qual exige atividades de pesquisa e desenvolvimento
(P&D), inovação, comercialização e distribuição de produtos.
Especificamente no Brasil, o nascimento e o desenvolvimento da indústria
farmacêutica estiveram consideravelmente atrelados ao Estado, que
incentivou a produção de soros, vacinas e medicamentos, a fim de tratar
questões de saúde pública e de promover práticas sanitárias de prevenção
e de combate a doenças infectocontagiosas (DUARTE et al., 2015).

O setor da indústria farmacêutica é o responsável pela produção de


medicamentos, bem como de substâncias que atuam como sendo os princípios
ativos neles. De fato, tal produção está atrelada a um setor amplo, complexo e
altamente lucrativo. Ainda, podemos afirmar que este é um nicho em constante
expansão.
13

3.2. EFLUENTES INDUSTRIAIS

Para Jordão e Pessôa (2011), os efluentes podem ser classificados em dois


grupos principais: os sanitários e os industriais.
De acordo com a Resolução nº 430 de 2011 do Conselho Nacional de Meio
Ambiente – CONAMA (BRASIL, 2011), efluentes são despejos líquidos provenientes
de diversas atividades ou processos. Esta resolução estipula as condições e
padrões para o lançamento de águas residuais, complementando e alterando a
resolução nº 357 de 2005. Esta é a principal resolução sobre os padrões de
lançamento de efluentes domésticos e industriais, apresentando também parâmetros
e diretrizes para o gerenciamento de efluentes lançados no corpo receptor.
No Rio Grande do Sul, a legislação estadual do CONSEMA, Resolução nº
355 de 2017, dispõe sobre os critérios e padrões de emissão de efluentes líquidos
para as fontes geradoras que lancem seus efluentes em águas superficiais no
estado do Rio Grande do Sul. Esta resolução enquadra o efluente líquido industrial
como fonte de poluição e estabelece normas e padrões para lançamento nos corpos
receptores.
Efluentes industriais são fluxos líquidos provenientes de processos,
operações e/ou utilidades, e podem ser acompanhados por água da chuva e/ou
efluentes domésticos contaminados. Estes efluentes industriais têm características
físicas e químicas muito diversas, e podem agregar componentes biológicos, como
bactérias (CAVALCANTI, 2009).

3.2.1. Estação de tratamento de efluentes industriais

Conforme Braga et al. (2005), as estações de tratamento de efluentes tem


como objetivo reduzir a carga poluidora dos efluentes antes que seja lançada no
corpo receptor.
As estações de tratamento de efluentes industriais são locais onde ocorrem
processos físicos, químicos ou biológicos, ou onde ocorrem os três processos em
sequência, para que se possa garantir a eficiência do tratamento, com o efluente de
saída tratado sendo menos poluído do que o lançamento bruto (TCHOBANOGLOUS
et al., 2003).
14

3.2.2. Tratamento de efluentes na indústria farmacêutica

Segundo Metcalf et al. (2015), o tratamento de um efluente pode ser dividido


em três etapas, onde cada etapa possui uma finalidade, operação, controle e
monitoramento específico:

• Tratamento primário: o principal objetivo dessa etapa é a remoção dos


sólidos em suspensões sedimentáveis, materiais flutuantes e parte da
matéria orgânica em suspensão. Alguns efluentes contêm grande
quantidade de óleos, gorduras ou outros materiais de densidade inferior à da
água. A necessidade da remoção da gordura contida nos efluentes está
condicionada aos problemas que esse material trará às unidades de um
sistema de tratamento de efluentes, se presente em grandes proporções.
• Tratamento secundário: o objetivo nesta etapa é a remoção, via ação
biológica, do material em solução de natureza biodegradável. Sendo assim,
característico de todos os processos de tratamento por ação de micro-
organismos, podendo ser classificados como aeróbios e anaeróbios.
• Tratamento terciário: visa à remoção do material em solução que não foi
tratado nas etapas de tratamento anteriores, como é o caso da remoção de
macronutrientes, de metais pesados, compostos orgânicos recalcitrantes
e/ou refratários, na remoção da cor ou até mesmo na desinfecção do
despejo, tendo assim, um efluente de alta qualidade.

3.3. PARÂMETROS DE ANÁLISE DE QUALIDADE DO EFLUENTE

Com o objetivo de verificar se o efluente atende aos padrões de lançamento


nos corpos d’água baseado nas regulamentações vigentes, Braga et al. (2002)
destaca que as análises devem ser realizadas nos aspectos físico, químico e
biológico. A seguir serão apresentados os parâmetros utilizados no desenvolvimento
deste estudo e a importância de cada um deles quando aplicado ao tratamento de
efluente.
15

3.3.1. Demanda bioquímica de oxigênio (DBO)

Essa variável representa a quantidade de oxigênio necessária para oxidar a


matéria orgânica da água por meio de processos biológicos aeróbios. A DBO é
usualmente utilizada porque leva em consideração o valor medido após 5 dias de
incubação a 20ºC, que está relacionado à parte biodegradável dos componentes
orgânicos carbonáceos (SCHLUSAZ, 2014).
A DBO é uma medida da poluição orgânica, simbolizando apenas a
quantidade de oxigênio consumido para mineralizar a matéria orgânica, não
indicando a presença de outros compostos orgânicos não degradados nas
condições de teste e não identificando ou quantificando efeitos tóxicos ou materiais
que possam inibir a atividade microbiana durante o teste (MCNEELY et al., 1979)
Basicamente, a informação mais importante fornecida por este teste é sobre
a proporção de compostos biodegradáveis presentes no efluente. Também é muito
importante para a tratabilidade de águas residuais. O teste de DBO é utilizado para
avaliar o potencial de poluição de águas residuais domésticas e industriais em
termos de consumo de oxigênio. É uma estimativa do grau de consumo de oxigênio
em corpos d'água, receptores naturais e em condições aeróbias. Além de propor
padrões e pesquisas para avaliar a capacidade de purificação de corpos receptores
d’água, o teste também é usado para avaliação e controle de poluição (PESSOA e
JORDÃO, 2009).

3.3.2. Demanda química de oxigênio (DQO)

Este parâmetro está relacionado à quantidade de oxigênio usado no


processo de oxidação química de matérias orgânicas e inorgânicas nos efluentes, e
serve como um indicador da quantidade de poluição e o impacto potencial das
águas residuais descartadas nos corpos hídricos. De acordo com a DQO, os
materiais oxidantes não podem ser identificados, nem é permitido analisar se os
materiais são compostos orgânicos biodegradáveis, compostos não biodegradáveis
ou compostos inorgânicos oxidáveis. (MORENO-CASILLAS et al., 2007).
Após realizar a análise relacionada à DQO, o valor obtido indica
aproximadamente o consumo de oxigênio necessário para um efluente lançado
diretamente no corpo d'água, se a quantidade de matéria orgânica presente no
16

efluente pudesse ser mineralizada, sendo que quanto maior o valor do parâmetro de
DQO, maior será o teor de poluição do efluente em questão (LINS, 2010).
As análises de correlação a DQO são executadas em um tempo menor do
que as de DBO, além de poder detectar substâncias que são resistentes à
degradação biológica. Em geral, pode-se dizer que a DQO é referente ao valor da
demanda total de oxigênio, que é a soma das demandas requeridas por substâncias
não biodegradáveis e das substâncias biodegradáveis (ROCHA et al., 2009).·
Uma grande vantagem da DQO sobre a DBO é que ela permite uma
resposta em um tempo menor, sendo de 2 horas para dicromato ou até em alguns
minutos para equipamentos específicos. Além disso, o teste DQO não cobre apenas
a demanda de oxigênio biologicamente satisfatória, como em DBO, mas também
inclui todas as substâncias que são suscetíveis à demanda de oxigênio,
especialmente sais minerais oxidáveis (PESSOA e JORDÃO, 2009).
A análise do valor de DQO do efluente é uma das análises mais expressivas
para determinar o grau de poluição (BRAGA et al., 2012).

3.3.3. Fósforo e nitrogênio

A fonte natural de fósforo vem do desgaste das rochas e da decomposição


da matéria orgânica. Já as artificiais vem de efluentes industriais, esgoto doméstico
e fertilizantes químicos. Vale destacar que os sabões e detergentes são as principais
causas da introdução de fosfatos na água (PESSOA e JORDÃO, 2009).
Em relação à fonte natural de nitrogênio, trata-se principalmente da
decomposição de proteínas celulares, e de origem antrópica, pode-se incluir esgotos
domésticos e industriais, estercos animais e fertilizantes (VON SPERLING, 2005).
A liberação excessiva de fósforo e de nitrogênio leva a um aumento na
população de organismos aquáticos. O supercrescimento das populações de algas
devido à alta concentração de nutrientes na água doce é um fenômeno muito
comum. O resultado é que o oxigênio do corpo aquático se esgota devido à
oxidação da biomassa formada pelas algas mortas, levando a um estado anaeróbio,
que é fatal para muitos organismos (PESSOA e JORDÃO, 2009).
O nitrogênio orgânico e amoniacal são determinados juntos em laboratório
sob nome de nitrogênio total Kjeldahl. Por nitrogênio total entende-se a soma do
nitrito e do nitrato ao nitrogênio total Kjeldahl (SCHLUSAZ, 2014)
17

3.4. IMPACTOS AMBIENTAIS

Independentemente do método de tratamento utilizado, todas as etapas do


processo industrial irão de alguma forma aumentar a carga de resíduos que podem
afetar o meio ambiente. Nesse sentido, é necessário encontrar soluções que
minimizem esses efeitos e melhorem os processos industriais dos quais ambas as
partes possam se beneficiar, incluindo a indústria e o meio ambiente (JÚNIOR e
MENDES, 2006).
A indústria farmacêutica deve seguir especificações e procedimentos
adequados, cumprindo os padrões ambientais aceitáveis para evitar ao máximo o
impacto no meio ambiente, analisando o impacto de seus processos e atividades,
além de definir todos os parâmetros a serem analisados. Tanto os pequenos quanto
os grandes geradores de resíduos devem estabelecer uma consciência ecológica
em todos os tipos de categorias de química medicinal. Para substâncias químicas
com atividade biológica, especialmente fármacos, pode-se aumentar os riscos
relacionados (BINIECKA et al., 2005).
O grau de exposição dos fármacos ao meio ambiente é um efeito complexo
de muitos fatores. Esses fatores incluem tipo de fármaco, concentração,
farmacocinética, transformação estrutural durante o metabolismo e seu potencial de
bioacumulação (SEGURA et al., 2009).
Uma vez que é difícil remover os fármacos em efluentes por processos
convencionais de tratamento de efluentes, a entrada dos fármacos em corpos d'água
pode causar problemas ambientais (GADIPELLY et al., 2014). Jørgensen & Halling
Sørensen (2000) relataram que a presença de antibióticos no ambiente pode
aumentar a resistência das bactérias ao próprio medicamento, especialmente
quando as bactérias estão em um estado de baixa concentração por muito tempo.
A literatura relata outros efeitos negativos causados pela exposição dos
compostos farmacêuticos:

• Desenvolvimento de endometriose, puberdade precoce, desenvolvimento de


câncer de mama e uterino, ginecomastia (crescimento das mamas) e
interferência no funcionamento do sistema glandular associado ao
hipotálamo-hipófise-gonadal, levando à diminuição da libido, diminuição da
contagem de espermatozoides (SWAN, 2008);
18

• O aumento do estrogênio e de outros hormônios sintéticos em efluentes


devido ao controle da natalidade e à terapia hormonal está relacionado ao
aumento da feminização de diferentes tipos de peixes e outros organismos
aquáticos, afetando assim sua taxa reprodutiva (TERNES et al., 2004);
• Alterações nos ovos, no fígado, rins e guelras de peixe (SANTOS et al.,
2010);
• Diminuição no número de espermatozoides em homens e diminuição do
número de meninos nascidos em relação a meninas (EERTMANS et al.,
2003);
• Más formações congênitas, diminuição da fertilidade, alterações nos
espermatozoides, etc., são outras doenças que têm sido observadas em
estudos laboratoriais de exposição a medicamentos em animais
(MARANGHI et al., 2007);
• Na Índia, o fármaco diclofenaco levou a quase extinção de três espécies de
abutres (OAKS et al., 2004).

Por meio desses exemplos, fica óbvio que, devido aos efeitos do contato
animal e humano com os compostos farmacêuticos, deve-se atentar para o correto
tratamento das águas residuais para minimizar a presença de medicamentos nos
efluentes. Assim, uma forma de reduzir a presença de fármacos no meio ambiente e
nos corpos hídricos é cumprir os regulamentos e padrões relacionados ao
tratamento e descarte de efluentes.

3.5. LEGISLAÇÃO AMBIENTAL

A legislação ambiental é uma ferramenta poderosa fornecida à sociedade


para fazer cumprir o direito de todo cidadão brasileiro garantido pela Constituição de
viver em condições de vida dignas em um ambiente saudável e ecologicamente
equilibrado (BARROS JÚNIOR, 2004).
No Brasil, a legislação vigente do CONAMA, Resolução nº 430 de 2011,
dispõe sobre condições, parâmetros, padrões e diretrizes para gestão do
lançamento de efluentes em corpos de água receptores. A resolução especifica os
19

parâmetros e padrões de liberação estabelecidos para efluentes líquidos, como óleo


e graxa, pH, temperatura, etc.
No Rio Grande do Sul, a legislação estadual do CONSEMA, Resolução nº
355 de 2017, dispõe sobre os critérios e padrões de emissão de efluentes líquidos
para as fontes geradoras que lancem seus efluentes em águas superficiais no
estado do Rio Grande do Sul.
.
20

4. METODOLOGIA

Neste capítulo serão apresentadas as metodologias para o desenvolvimento


do conteúdo.

4.1. LOCAL DE ESTUDO

A área de origem para as amostragens e coletas de efluentes ao longo do


estudo será uma indústria farmacêutica, na qual produz medicamentos nas formas
farmacêuticas líquidas, semissólidas e sólidas.
Por questões éticas de preservação de identidade, tendo em vista a
obtenção de dados confidenciais da empresa, foi omitido seu nome neste estudo.

4.2. TÉCNICAS DE AMOSTRAGENS

4.2.1. Coleta das amostras

As coletas foram realizadas por profissionais devidamente treinados e


qualificados para essa atividade. A amostragem seguiu conforme frequência
apresentada no Quadro 2, com início no mês de agosto de 2019 e término no mês
de agosto de 2021. As amostragens dos quatro pontos se deram no mesmo dia no
período da manhã.
Após a coleta do efluente, as amostras permaneceram acondicionadas em
frascos, mantidos em caixas isotérmicas com gelo, devidamente lacradas e
identificados para transporte ao laboratório credenciado junto a FEPAM, para
realização das análises.
Essas técnicas se restringem apenas a retardar a ação biológica e a
hidrólise de compostos químicos complexos, bem como a reduzir a volatilidade dos
constituintes.
Os parâmetros e padrões de emissão seguem conforme regulamentações
estaduais de lançamento de efluentes estabelecidos em sua licença de operação.
21

Quadro 1 – Parâmetros e padrão de emissão.

Parâmetro Padrão de emissão a ser atendido


Demanda bioquímica de oxigênio ≤150 mg O²/L
Demanda química de oxigênio ≤ 360 mg O²/L
Fósforo total ≤ 4 mg P/L ou 75% de remoção
Nitrogênio total Kjeldahl ≤ 20 mg NTK/L
Fonte: Adaptado pelo autor (2021).

A preparação da amostra utilizada para analisar os parâmetros acima deve


ser realizada da seguinte forma:

• Reservar um recipiente de polipropileno com capacidade de cinco litros para


cada ponto de amostragem a ser monitorado, para que nele sejam
adicionadas as alíquotas que constituirão a amostra composta do efluente
líquido.
• Para compor a amostra composta é necessário no mínimo três alíquotas
retiradas a cada uma hora.
• Antes de transferir as alíquotas, ambientar o recipiente, enxaguando com
efluente e desprezando, por três vezes.

4.2.2. Pontos de coleta de amostra

As amostras representativas para a análise de diferentes parâmetros foram


coletadas em quatro pontos distintos: no tanque físico-químico, na saída do tanque
de homogeneização, na saída da lagoa de aeração e na saída da calha Parshall.

4.3. DETERMINAÇÃO DOS PARÂMETROS E METODOLOGIAS UTILIZADAS

A escolha dos parâmetros para o estudo se deu a partir da necessidade de


avaliar a eficiência da ETE no sentido de remover principalmente parâmetros como o
fósforo total e o nitrogênio total Kjeldahl, assim como parâmetros exigidos pela
legislação para o lançamento de efluentes sanitários em corpos hídricos.
Os parâmetros que foram analisados, sua frequência de amostragem, assim
como as metodologias utilizadas no presente trabalho se encontram na Quadro 2.
22

Quadro 2 – Frequência de amostragem e metodologias utilizadas para os parâmetros analisados.


Frequência de
Parâmetro Metodologia
amostragem
DBO A cada 3 meses SMWW, 23ª Edição, Método 5210 B
DQO A cada 2 meses SMWW, 23ª Edição, Método 5220 D
Fósforo total A cada 3 meses EPA Método 200.7: 2001
SMWW, 23ª Edição, Método 4500 - NH3 B e C /
Nitrogênio total Kjeldahl A cada 3 meses
4500 - Norg B
Fonte: Elaborado pelo autor (2021).

4.4. FLUXOGRAMA DO PROCESSO DE TRATAMENTO

A figura 1 apresenta o fluxograma que dispõe a sequência processual da


ETE da indústria estudo de caso, permitindo uma análise detalhada da etapas de
tratamento.
23

Figura 1 – Fluxograma ETE.


Fonte: Elaborado pelo autor (2021).
24

4.5. ANÁLISE DOS RESULTADOS OBTIDOS

Para análises dos resultados encontrados na ETE, optou-se pelos gráficos


de série temporal, que são utilizados para avaliar dados que foram registrados ao
longo de uma sequência de tempo com variável tempo no eixo x e os valores da
variável em estudo no eixo y.
A estimativa da eficiência de remoção dos constituintes foram realizados
conforme a equação 1:

𝐶
𝐸𝑓 = 100 (1 − 𝐶 𝐽 ) (Eq. 1)
𝑀

Em que:

𝐸𝑓 - eficiência de remoção da característica analisada do efluente (%);


𝐶𝐽 - concentração da característica coletada a jusante da unidade de
tratamento (mg/L);
𝐶𝑀 - concentração da característica coletada a montante da unidade de
tratamento (mg/L);
25

5. RESULTADOS

5.1. ASPECTOS GERAIS

Os componentes do efluente e suas respectivas concentrações na amostra


são funções de diversos fatores, tais como: horário de realização da amostragem,
precipitação ou seca e a presença de diferentes constituintes. Esses pontos afetam
diretamente o processo de tratamento e são a causa raiz das oscilações nos valores
dos padrões das análises físico-químicos.

5.2. DESCRIÇÃO E AVALIAÇÃO DOS RESULTADOS

Neste item serão apresentados na forma de gráficos e tabelas, a fim de


facilitar a análise e comparação dos efluentes, alguns resultados do tratamento dos
efluentes oriundos dos processos sanitários e industriais, sabendo-se que os
efluentes industriais são tratados inicialmente separadamente e após incorporados
novamente ao tratamento final.
Para um melhor entendimento das tabelas nos próximos tópicos, o Quadro 3
apresenta a referência de cada um dos pontos de amostragem.

Quadro 3 – Pontos de amostragem.

Pontos de amostragem
Tanque físico-químico Ponto 1
Saída do tanque de homogeneização Ponto 2
Saída da lagoa de aeração Ponto 3
Saída da calha Parshall Ponto 4
Fonte: Adaptado pelo autor (2021).

5.2.1. Monitoramento da demanda bioquímica de oxigênio no sistema de


tratamento

A Tabela 1 apresenta as concentrações encontradas nas análises do


parâmetro de DBO nos pontos 1, 2, 3 e 4, o valor médio das concentrações e o
desvio padrão.
26

Pode-se perceber que todas as concentrações referentes ao ponto 4 ficaram


abaixo do valor estabelecido no Quadro 1, que é de até 150 mg O²/L.

Tabela 1 - Resultados das análises de DBO.

Medidas em DBO (mg/L)


Data Amostragem Ponto 1 Ponto 2 Ponto 3 Ponto 4 Eficiência
03/10/2019 1 2759 355 118 51 98,15%
07/01/2020 2 3610 83 29 5 99,86%
07/04/2020 3 6756 502 9 2 99,97%
07/07/2020 4 2105 411 184 16 99,24%
06/10/2020 5 2624 151 17 3 99,89%
05/01/2021 6 756 196 149 10 98,68%
06/04/2021 7 4934 997 83 40 99,19%
07/07/2021 8 3612 424 75 14 99,61%
Média 8019 3395 390 83 99,32%
Desvio Padrão 4131,4 1827,8 286,1 63,9 -
Padrão de emissão a ser atendido (ponto 4) ≤150 mg O²/L
Fonte: Elaborado pelo autor (2021).

Correlacionando os resultados da Tabela 1, ainda é possível perceber uma


alta diminuição dos valores de concentração do ponto 1 em comparação aos demais
pontos, sendo vista com mais clareza no Gráfico 1, juntamente com os valores de
eficiência de remoção.
A terceira amostragem apresentou a concentração mais alta no ponto 1, e a
menor concentração no ponto 4. Assim, consequentemente uma maior taxa de
eficiência, sendo de 99,97%.
27

Gráfico 1 - Valores de DBO e eficiência de remoção.

DBO
7000 100,00%

6000
99,50%
5000

Eficiência (%)
DBO (mg/L)

4000
99,00%
3000

2000
98,50%
1000

0 98,00%
1 2 3 4 5 6 7 8
Amostragens
Ponto 1 Ponto 2 Ponto 3 Ponto 4 Eficiência

Fonte: Elaborado pelo autor (2021).

5.2.2. Monitoramento da demanda química de oxigênio no sistema de


tratamento

A Tabela 2 mostra os resultados das análises obtidas para o parâmetro de


DQO, assim como nas demais análises nos pontos 1, 2, 3 e 4. Em ambas as
amostragens do ponto 4, os resultados obtidos não ultrapassaram o que determina a
licença de operação, sendo permitido até 360 g O²/L, conforme descrito no Quadro
1.
O ponto 4 referente a terceira amostragem está apresentado como < 25 pois
a concentração encontrada é inferior ao limite de quantificação do método analítico.

Tabela 2 - Resultados das análises de DQO.

Medidas em DQO (mg/L)


Data Amostragem Ponto 1 Ponto 2 Ponto 3 Ponto 4 Eficiência
01/08/2019 1 7321 887 165 77 98,95%
10/10/2019 2 7027 804 67 47 99,33%
03/12/2019 3 471 690 137 < 25 94,69%
11/02/2020 4 6380 360 113 47 99,26%
07/04/2020 5 11691 785 250 33 99,72%
02/06/2020 6 13974 2291 1591 313 97,76%
11/08/2020 7 4666 757 85 81 98,26%
28

Medidas em DQO (mg/L)


Data Amostragem Ponto 1 Ponto 2 Ponto 3 Ponto 4 Eficiência
06/10/2020 8 9045 472 249 86 99,05%
01/12/2020 9 3106 499 297 88 97,17%
09/02/2021 10 7156 348 550 142 98,02%
06/04/2021 11 14404 1075 413 74 99,49%
01/06/2021 12 7012 2080 1239 72 98,97%
10/08/2021 13 11992 1201 224 43 99,64%
Média 8019 942 414 87 98,92%
Desvio Padrão 4131,4 609,2 469,6 74,5 -
Padrão de emissão a ser atendido (ponto 4) ≤ 360 mg O²/L
Fonte: Elaborado pelo autor (2021).

No Gráfico 2 é possível verificar uma queda na taxa de eficiência de


remoção de DQO na terceira amostragem. Entretanto, a queda na taxa de eficiência
se justifica pela concentração de DQO do ponto 1 na terceira amostragem ser muito
baixa, em forma de comparação, ela é mais de seis vezes menor do que o segundo
valor mais baixo do ponto 1. Nas demais amostragens a taxa de eficiência teve seu
valor variando na faixa de 97% a 99%.

Gráfico 2 - Valores de DQO e eficiência de remoção.

DQO
15000 100,00%
13500
99,00%
12000
10500
98,00%
Eficiência (%)
DQO (mg/L)

9000
7500 97,00%
6000
96,00%
4500
3000
95,00%
1500
0 94,00%
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13
Amostragens
Ponto 1 Ponto 2 Ponto 3 Ponto 4 Eficiência

Fonte: Elaborado pelo autor (2021).


29

5.2.3. Monitoramento de fósforo total no sistema de tratamento

Na Tabela 3 são apresentados os resultados dos quatro pontos, referentes


as oito amostragens para as concentrações do parâmetro de fósforo total.

Tabela 3 - Resultados das análises de fósforo total.

Medidas em fósforo total (mg/L)


Data Amostragem Ponto 1 Ponto 2 Ponto 3 Ponto 4 Eficiência
03/10/2019 1 5,755 2,683 1,136 0,293 99,99%
07/01/2020 2 7,519 1,733 1,594 0,175 97,67%
07/04/2020 3 6,787 2,091 2,263 0,272 95,99%
07/07/2020 4 8,577 3,552 3,849 0,526 93,87%
06/10/2020 5 1,255 4,897 0,985 0,346 72,43%
05/01/2021 6 2,374 3,467 2,731 0,115 95,16%
06/04/2021 7 13,700 3,821 2,842 0,310 97,74%
07/07/2021 8 10,500 3,002 1,938 0,195 98,14%
Média 7,058 3,156 2,167 0,279 96,05%
Desvio Padrão 4,1 1,0 1,0 0,1 -
Padrão de emissão a ser atendido (ponto 4) ≤ 4 mg P/L ou 75% de remoção
Fonte: Elaborado pelo autor (2021).

O parâmetro de fósforo total teve uma redução considerável na taxa de


eficiência do sistema na amostragem 5. Entretanto, esta amostragem apresenta a
menor concentração referente ao ponto 1 entre todas as amostragens. Destaca-se
ainda a diminuição da concentração no ponto 1, cujo valor resultante foi de 1,255
mg/L e no ponto 4 o valor obtido foi de 0,346 mg/L, abaixo dos 4 mg/L que determina
a Resolução do CONSEMA 355/2017, descrito no Quadro 1.
30

Gráfico 3 - Valores de fósforo total e eficiência de remoção.

Fósforo Total
100,00%
14,000
12,000 95,00%
Fósforo (mg/L)

Eficiência (%)
10,000 90,00%
8,000 85,00%
6,000
80,00%
4,000
2,000 75,00%

0,000 70,00%
1 2 3 4 5 6 7 8
Amostragens
Ponto 1 Ponto 2 Ponto 3 Ponto 4 Eficiência

Fonte: Elaborado pelo autor (2021).

5.2.4. Monitoramento de nitrogênio total Kjeldahl no sistema de tratamento

O sistema mostrou-se muito eficiente em relação a diminuição da


concentração de nitrogênio, uma vez que a licença de operação estipula o valor
máximo de 20 mg/L, como pode ser visto no Quadro 1.

Tabela 4 - Resultados das análises de nitrogênio total Kjeldahl.

Medidas em nitrogênio total Kjeldahl (mg/L)


Data Amostragem Ponto 1 Ponto 2 Ponto 3 Ponto 4 Eficiência
03/10/2019 1 25,3 18,2 8,1 5,3 79,05%
07/01/2020 2 13,8 31,9 15,4 5,3 61,59%
07/04/2020 3 21,6 10,4 1,7 1,6 92,59%
07/07/2020 4 27,6 27,0 15,6 2,7 90,22%
06/10/2020 5 36,2 13,7 6,9 0,6 98,34%
05/01/2021 6 32,0 18,0 15,0 1,1 96,56%
06/04/2021 7 16,1 32,2 16,4 2,6 83,85%
07/07/2021 8 90,9 23,5 14,0 1,8 98,02%
Média 32,9 21,9 11,6 2,6 92,10%
Desvio Padrão 24,6 8,1 5,4 1,8 -
Padrão de emissão a ser atendido (ponto 4) ≤ 20 mg NTK/L
Fonte: Elaborado pelo autor (2021).
31

No Gráfico 4 observa-se os resultados obtidos para as análises de nitrogênio


total Kjeldahl. Em todas as amostragens o valor da concentração da entrada foi
superior ao valor da saída. Quanto às taxas de eficiência de remoção deste
parâmetro não se obteve um valor constante. A remoção biológica de nutrientes
neste tipo de estação de tratamento ocorre na etapa biológica.

Gráfico 4 - Valores de nitrogênio total Kjeldahl e eficiência de remoção.

Nitrogênio Total Kjeldahl


100,0 100,00%
Nitrogênio Total Kjeldahl (mg/L)

90,0 95,00%
80,0
90,00%
70,0

Eficiência (%)
60,0 85,00%
50,0 80,00%
40,0 75,00%
30,0
70,00%
20,0
10,0 65,00%
0,0 60,00%
1 2 3 4 5 6 7 8
Amostragens
Ponto 1 Ponto 2 Ponto 3 Ponto 4 Eficiência

Fonte: Elaborado pelo autor (2021).


32

6. CONCLUSÃO

Conclui-se, a partir da análise de parâmetros e resultados obtidos


apresentados neste trabalho, analisando os condicionantes legais determinados
pelas Resoluções vigentes para o lançamento dos efluentes tratados a um corpo
hídrico, que pode-se afirmar que a ETE tem apresentado uma boa eficiência na
remoção dos contaminantes presentes nos efluentes gerados pela indústria estudo
de caso, tendo em vista uma diminuição considerável nos resultados dos parâmetros
avaliados, além destes se encontrarem dentro dos limites especificados.
Desta forma, a indústria estudo de caso está cumprindo com os padrões
dispostos na legislação ambiental, estando os efluentes gerados aptos para descarte
em corpos d’água receptores, conforme legislações nacional e estadual vigentes,
Resolução CONAMA N° 430/2011 e Resolução CONSEMA Nº 355/2017,
consecutivamente.
Levando em consideração os dados e informações coletadas, podem ser
apontadas sugestões para o desenvolvimento de trabalhos futuros, como um estudo
para avaliar a eficiência de processamento de cada equipamento da ETE.
33

7. REFERÊNCIAIS

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