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UNICE – ENSINO SUPERIOR


IESF – INSTITUTO DE ENSINO SUPERIOR DE FORTALEZA
GRADUAÇÃO EM FARMÁCIA

ORIENTAÇÃO FARMACÊUTICA QUANTO AO USO RACIONAL DE


FITOTERÁPICOS E PLANTAS MEDICINAIS

JONHES CONRADO NOBRE

Fortaleza - CE
2021.1
1

JONHES CONRADO NOBRE

ORIENTAÇÃO FARMACÊUTICA QUANTO AO USO RACIONAL DE


FITOTERÁPICOS E PLANTAS MEDICINAIS

Monografia apresentada à UNICE – Ensino


Superior / IESF – Instituto de Ensino Superior de
Fortaleza como requisito parcial para a obtenção
do título de Bacharel em Farmácia, sob a
orientação do Prof. Esp. Daniel Rodrigues dos
Santos Filho.

Fortaleza - CE
2021.1
2

Monografia apresentada à UNICE – Ensino Superior de Fortaleza / IESF – Instituto


de Ensino Superior de Fortaleza, como requisito necessário para a obtenção do
título de Bacharel em Farmácia. A citação a qualquer trecho desta monografia é
permitida desde que em conformidade com as normas da ética científica.

_________________________________
Jonhes Conrado Nobre

Apresentação em: ________/_______/________

___________________________________________________________________
Orientador: Prof. Esp. Daniel Rodrigues dos Santos Filho

___________________________________________________________________
1ª Examinadora: Profa. Dra. Terezinha de Jesus Afonso Tartuce

___________________________________________________________________
2ª Examinador: Prof. Esp. José Flávio Gomes Fernandes

___________________________________________________________________
Coordenador do Curso: Prof. Me. Fábio Luiz Tartuce Filho
3

Dedico

À Deus.
Aos meus pais, José dos Reis Nobre e Maria
Euza Conrado de Sousa.
À minha noiva, Sandyelly Lima da Costa.
4

Agradeço

Primeiramente, a Deus, por não permitir que me


faltasse saúde, coragem e perseverança para
chegar até aqui.

À minha família, em especial aos meus pais, José


dos Reis Nobre e Maria Euza Conrado de Sousa,
e todos os meus familiares, por todo o incentivo,
além de contribuírem diretamente para que eu
pudesse ter um caminho mais fácil durante todos
esses anos.

À minha noiva, Sandyelly Lima Da Costa, por toda


dedicação, parceria e paciência, desde o início
dessa caminhada. Obrigado por estar sempre ao
meu lado, dando-me forças e todo o apoio nos
momentos difíceis e por celebrar junto a mim cada
conquista.

Aos professores que contribuíram para um melhor


aprendizado, em especial a meu orientador Prof.
Daniel Rodrigues dos Santos Filho, por seu apoio,
dedicação e amizade.

Por fim, agradeço a todos que contribuíram de


alguma maneira para a minha formação pessoal e
acadêmica. Muito obrigado!
5

“Porque sou eu que conheço os planos


que tenho para vocês” diz o Senhor,
“Planos de fazê-los prosperar e não de
lhes causar dano, planos de dar-lhes
esperança e um futuro”.
Jeremias 29:11
6

RESUMO

Apresenta como objetivo geral determinar a importância do profissional farmacêutico


no uso racional de plantas medicinais e fitoterápicos, destacando como a orientação
farmacêutica pode representar a chave para a solução de problemas relacionados à
automedicação. A Fitoterapia baseia-se no uso de recursos naturais, por meio de
plantas envolvendo recursos terapêuticos que promove cuidados a saúde. Ao longo
da história da humanidade, o homem, gradativamente, foi aprendendo e registrando
maneiras de preparo das plantas medicinais e suas utilizações. Com o avanço da
tecnologia, tornou-se possível a extração de princípios ativos de plantas medicinais
para o preparo de medicamentos chamados fitoterápicos. O processo de preparo
desses produtos e sua aprovação para o mercado depende de uma longa lista de
avaliações que inclui os processos de extração, preparo e análise da qualidade,
segurança e eficácia da medicação. Na Relação Nacional de Medicamentos
Essenciais - RENAME disponibilizada pelo Sistema de Único de Saúde - SUS, são
listados medicamentos fitoterápicos de eficácia e segurança comprovada para as
suas respectivas funções. Ademais, as legislações do País garantem a atuação do
farmacêutico na área da fitoterapia, que é responsável por orientar e participar dos
processos de seleção e cultivo das plantas medicinais, da distribuição e do uso
delas, de fitoterápicos e seus derivados, garantindo, assim, o seu uso seguro e
racional. Essa atuação é pautada nas práticas da Orientação Farmacêutica, que
possibilita ao profissional oferecer ao paciente o suporte necessário durante a
terapêutica, e em conhecimentos e informações sobre fitoterápicos e plantas
medicinais. Por meio da realização de uma pesquisa quantitativa e qualitativa, com a
aplicação de questionários e entrevistas com pacientes e farmacêuticos. Conclui-se
que as atividades de dispensação farmacêutica e orientação farmacêutica são
essenciais para que o paciente faça um uso seguro dos fitoterápicos.

Palavras-chave: Fitoterápicos. Plantas Medicinais. Orientação Farmacêutica.


7

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ............................................................................................................9

CAPÍTULO I. A HISTÓRIA DA FITOTERAPIA


..........................................................12
1.1 Inserção da Fitoterapia nos Sistemas de
Saúde...................................................14
1.2 A Implementação da Fitoterapia no
Brasil.............................................................16

CAPÍTULO II. REGISTRO DE MEDICAMENTOS


FITOTERÁPICOS........................23
2.1
Documentação......................................................................................................23
2.2 Controle de Qualidade..........................................................................................24
2.2.1 Preparação da Droga de Origem
Vegetal.....................................................24
2.2.2 Preservação da Droga de Origem
Vegetal...................................................25
2.2.3 Testes de
Autenticidade...............................................................................26
2.2.4 Testes de Pureza e
Integridade...................................................................26
2.2.5 Análise
Quantitativa.....................................................................................27
2.2.6 Validação dos Métodos
Analíticos...............................................................28
2.3 Segurança e Eficácia............................................................................................28
2.4 O Papel do Farmacêutico na Produção e Prescrição de
Fitoterápicos..................31

CAPÍTULO IV. APLICAÇÕES DAS PLANTAS MEDICINAIS E DOS


FITOTERÁPICOS......................................................................................................35
8

3.1 Alcachofra.............................................................................................................35
3.2 Aroeira................................................................................................................. 36
3.3 Babosa.................................................................................................................37
3.4 Espinheira-Santa..................................................................................................38
3.5 Guaco...................................................................................................................40
3.6 Hortelã..................................................................................................................41
3.7
Salgueiro...............................................................................................................41
3.8 Unha-de-Gato.......................................................................................................42

CAPÍTULO IV. PESQUISA DE CAMPO ...................................................................45


4.1 Método de
Pesquisa .............................................................................................46
4.2 Universo da
Pesquisa ...........................................................................................48
4.3 Perfil do
Sujeito ....................................................................................................48
4.4 Apresentação dos Dados –
Questionário..............................................................48
4.5 Análise dos Dados................................................................................................52
4.6 Apresentação das Entrevistas..............................................................................53
4.7 Análise dos
Resultados.........................................................................................61

CONCLUSÃO............................................................................................................
64

BIBLIOGRAFIA..........................................................................................................66

FONTES ON-
LINE .....................................................................................................67

APÊNDICES ..............................................................................................................70
9
10

INTRODUÇÃO

A história da humanidade é marcada por inúmeras enfermidades que,


reconhecidamente, trouxeram danos a milhares de indivíduos, em especial quando
os cientistas da época não faziam ideia de como tratá-las. Com o surgimento da
fitoterapia, a busca pela cura de doenças por meio de produtos naturais se tornou
uma fonte de conhecimento que constitui boa parte do atual arsenal terapêutico
disponível.

A busca crescente na utilização de fitoterápicos pode ser explicado pela


crença da população de que esses recursos se constituem em uma terapêutica
menos agressiva em comparação aos medicamentos tradicionais e pelo fato de que
a ciência busca obter comprovações científicas para o que antes costumava ser
chamado de saber popular. Na maioria das vezes, o tratamento com fitoterápicos
representa também a oportunidade de se obter o resultado terapêutico desejado a
um menor custo, fato este que induz a população de baixa renda a optar por esse
tipo de tratamento.

No entanto, o uso de recursos naturais enquanto fonte de tratamento


não significa que o usuário está isento de sofrer com efeitos indesejados. Os locais
de comercialização de plantas medicinais costumam divulgar o conceito de que a
utilização de produtos naturais representa a cura das enfermidades com a ausência
de riscos à saúde. Em decorrência disso, a população tem utilizado mais os
fitoterápicos sem a recomendação de um profissional capacitado.

Além disso, há a dificuldade de aceitação da fitoterapia na condição de


prática complementar pela medicina moderna. Isso ocorre devido ao fato de que
muitos fitoterápicos não possuem seus efeitos tóxicos bem esclarecidos, o que pode
ocasionar graves problemas de saúde em baixas doses, em especial se forem
utilizados sem recomendação.

Considerando essas questões, surge a seguinte problemática: Como o


11

profissional farmacêutico pode atuar a fim de contribuir com o uso racional de plantas
medicinais e fitoterápicos?

O profissional farmacêutico possui em sua qualificação acadêmica a


capacidade para a indicação de medicamentos fitoterápicos Isentos de Prescrição
Médica. Logo, o investimento em sua capacitação profissional para prestar
assistência terapêutica especializada em produtos naturais é uma hipótese para a
resolução da problemática mencionada. O farmacêutico deve estar devidamente
capacitado em termos de conhecimento científico a prestar esse atendimento à
população e ser um canal entre os usuários e os produtores dessas medicações.

O objetivo geral é determinar a importância do profissional farmacêutico


no uso racional de plantas medicinais e fitoterápicos, destacando como a orientação
farmacêutica pode representar a chave para a solução de problemas relacionados à
automedicação.

O presente trabalho científico estrutura-se da seguinte forma:

O primeiro capítulo aborda a história da utilização de fitoterápicos como


recurso terapêutico e como ocorreu a integração dessa prática complementar no
Brasil.

O segundo capítulo discorre sobre a legislação vigente atinente a


fitoterápicos e plantas medicinais e a atuação do farmacêutico no processo de
produção e dispensação.

O terceiro capítulo apresenta as pesquisas científicas mais recentes


que constatam o uso dos fitoterápicos para o tratamento de diversas enfermidades.

O quarto capítulo culmina na apresentação do desenvolvimento e dos


resultados da pesquisa de campo por meio do método quantitativo e qualitativo
aplicando como técnica questionários com pacientes que fizeram uso de fitoterápicos
e entrevistas com profissionais farmacêuticos, cujo propósito é avaliar sua
capacitação para a prescrição de medicamentos fitoterápicos na farmácia
12

comunitária.

Por meio da revisão teórica e da pesquisa de campo expostas nesta


monografia, pretende-se ressaltar o papel do farmacêutico como contribuinte ativo no
aconselhamento terapêutico voltado ao uso de produtos naturais. Espera-se elucidar
os principais motivos que levam ao uso irracional dessa categoria medicamentosa e
são propostas soluções a fim de que o profissional farmacêutico se torne mais
habilitado a atuar na prescrição de fitoterápicos isentos de prescrição médica e uma
fonte confiável de informações acessível à população.
13

CAPÍTULO I. A HISTÓRIA DA FITOTERAPIA

A utilização de produtos naturais para fins terapêuticos é uma prática


que remonta desde os primórdios da humanidade, quando, por meio da observação,
os seres humanos passaram a associar as plantas com propriedades curativas
potenciais que elas poderiam exercer nos sistemas biológicos. É apropriado alegar
que as plantas foram os primeiros recursos terapêuticos utilizados pelo homem.

1
Segundo TEIXEIRA et al., o termo Fitoterapia deriva das palavras
gregas phiton e therapeia, que significam, respectivamente, vegetal e tratamento.
Logo, fitoterapia é o nome dado à terapêutica que utiliza as plantas ou os derivados
vegetais, e suas indicações ao longo do tempo contou com a participação de
sistemas medicinais advindos de diversas partes do mundo.

Nesse contexto, mesmo antes da escrita, há relatos da utilização das


plantas medicinais por grandes civilizações na história. Os documentos mais antigos
encontrados relacionam a fitoterapia à crença das antigas civilizações de que as
plantas possuíam poderes mágicos e, portanto, seriam um presente dos deuses para
curar as enfermidades, que também eram atribuídas às punições de espíritos
malignos.

2
O Ministério da Saúde relata que, após o surgimento da escrita,
tornou-se possível que cada civilização tivesse a oportunidade de produzir um
compilado de suas descobertas e aplicações. O primeiro compilado que se tem
registro é oriundo da Medicina Tradicional Chinesa, na obra de Shen Nung, de 2.800
a.C., que conta com a menção de mais de 360 espécies, dentre as quais está a

1
João Batista Picinni Teixeira et al. A Fitoterapia no Brasil: da Medicina Popular à Regulamentação
pelo Ministério da Saúde. Disponível em: https://www.ufjf.br/proplamed/files/2012/04/A-Fitoterapia-no-
Brasil-da-Medicina-Popular.pdf. Acesso em: 04/set/2020.
2
Brasil. Ministério da Saúde. Práticas Integrativas e Complementares: Plantas Medicinais e
Fitoterapia na Atenção Básica. Disponível em:
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/praticas_integrativas_co
mplementares_plantas_medicinais_cab31.pdf. Acesso em: 04/set/2020. (d)
14

Ephedera sinica, fonte do princípio ativo efedrina, importante modulador vascular e


respiratório. A Enciclopédia Chinesa, atualmente, conta com 4.800 medicamentos de
origem vegetal e é fonte de conhecimentos históricos advindos dessa civilização.
É importante destacar que, mesmo nos registros mais antigos, a sua
aplicabilidade é válida até os dias de hoje, haja vista que neles é mencionada a
utilização de plantas como a alcaçuz (Glycyrrhiza glabra) e a papoula (Papaver
somniferum), ainda utilizadas na atualidade para o tratamento de infecções virais e
bacterianas.

Avançando na história, ELDIN e DUNFORD narram que:

Antigos papiros mostram que, no Egito, a partir de 2000 a.C. um


grande número de médicos empregava as plantas como remédio.
Consideravam a doença como resultado de causas naturais e não
devido à atividade de espíritos maléficos. Parece que foram os
antigos egípcios que tentaram pela primeira vez eliminar o
componente mágico da prática da fitoterapia. 3

Logo, os papiros do Egito evidenciam que, nessa época, a medicina já


havia conseguido distinguir que as doenças eram advindas de causas naturais e
fisiológicas, não espirituais. Ademais, documentam a aplicação de produtos naturais
no tratamento de várias doenças alistadas, além de conter algumas formulações.

BRAGA 4 esclarece que, na Grécia, Hipócrates no ano de 468-377 a.C.


concebeu um compilado de obra contendo cerca de 70 livros, intitulado Corpus
Hipocratium, onde ele relaciona para cada doença o tratamento adequado e alista
mais de 400 espécies, dentre elas o alecrim, a sálvia e a artemísia. Hipócrates
demonstrava ter um vasto conhecimento botânico e medicinal, de modo que formulou
teorias que serviram de fundamento para a medicina moderna, como a influência do
meio externo sobre o sistema fisiológico, e o estudo individualizado de cada caso.

Desse modo, esses profissionais da antiguidade foram os primeiros a


elucidar cientificamente a influência das substâncias presentes nas plantas
medicinais e as suas relações com o tratamento de diversas patologias. A partir dos
3
Sue Eldin; Andrew Dunford. Fitoterapia: na atenção primária à saúde. 2001, p. 8.
4
Carla de Morais Braga. Histórico da utilização de plantas medicinais. Disponível em: https://
www.bdm.unb.br/bitstream/10483/1856/1/2011_CarladeMoraisBraga.pdf. Acesso em: 04/set/2020.
15

seus estudos e registros, a Medicina poderia ter indícios de por onde começar as
suas pesquisas de maneira orientada.
Dando prosseguimento ao assunto, a partir do século XIX, a história da
fitoterapia passou a ter ainda mais marcos consideráveis. Com o avanço da química
e seu reconhecimento como saber científico no meio acadêmico, tornou-se possível
analisar, identificar e separar princípios ativos, compostos que, reconhecidamente,
possuem atividade farmacológica das plantas.

Então, os esforços para a obtenção de princípios ativos isolados são


bastante relevantes para a produção de medicamentos, que se baseavam
estruturalmente nas moléculas naturalmente ativas e permitiam ainda a melhoria do
desempenho farmacológico dessas moléculas.

5
Para CARMONA, dentre as primeiras moléculas isoladas, está a
morfina, isolada em 1806 pelo aprendiz de farmacêutico Serturner, extraída da planta
Papaver somniferum. Em 1819, a atropina é isolada da Atropa belladonna L., por
Mein. Em 1860, a cocaína é extraída das folhas de coca (Erithoxylum coca Lam.).
Suas atividades farmacológicas são utilizadas até os dias de hoje em medicamentos
fitoterápicos e serviram de base para o desenvolvimento de outros fármacos.

Posteriormente, em 1897, o primeiro fármaco foi produzido a partir do


isolamento da salicilina, convertida em ácido acetil salicílico pela empresa Bayer e
extraída das folhas de Salix alba L., popularmente conhecida como salgueiro. O
fármaco é um poderoso anti-inflamatório usado para o tratamento da dor e da febre. 6

Ainda conforme o autor mencionado, os grandes acontecimentos do


século XX, como as duas guerras mundiais e as crises financeiras, levaram os
fitoterápicos a serem encarados para muitos como a única e, muitas vezes, a mais
barata forma de tratamento. O cultivo de plantas com propriedades anti-inflamatórias
e anestésicas já estudadas para o tratamento de feridos em guerra se tornou crucial
para os países envolvidos. Desse modo, até os dias atuais, os fitoterápicos
representam uma classe acessível para terapia a ser explorada.

5
Fábio Carmona. Introdução à Fitoterapia. 2020, p.3.
6
Idem. Ibidem. p.4.
16

1.1 INSERÇÃO DA FITOTERAPIA NOS SISTEMAS DE SAÚDE


O avanço histórico da fitoterapia revela a grande influência popular que
o conhecimento tradicional tem sobre as populações de diversas origens, que é
passado de uma geração após outra e prevalece historicamente. Com o avanço da
ciência e da tecnologia, a confiabilidade da medicina tradicional para cuidados em
saúde foi comprovada cientificamente e adquiriu destaque no âmbito dos
profissionais de saúde em todo o mundo.

Em vista isso, a Organização Mundial da Saúde – OMS, 7


por meio da
Conferência Internacional sobre Atenção Primária em Saúde, realizada em 12 de
setembro de 1978, trouxe a atenção aos cuidados em saúde necessários para serem
aplicados pelos profissionais de saúde na atenção primária, ressaltando, assim, a
necessidade de serem estabelecidas políticas públicas que reafirmassem a qualidade
e a efetividade dos medicamentos tradicionais.

A Organização Mundial da Saúde – OMS recomendou que:

(...) os governos formulem políticas e normas nacionais de


importação, produção local, venda e distribuição de drogas e
produtos biológicos de modo a assegurar, ao mais baixo custo
possível, a disponibilidade de medicamentos essenciais nos
diferentes níveis dos cuidados primários de saúde; que adotem
providências especificas para prevenir a excessiva utilização de
medicamentos; que incorporem remédios tradicionais de eficiência
comprovada; e que estabeleçam eficientes sistemas de
administração e suprimento. 8

Partindo desse princípio, a OMS, com o objetivo adicional de


implementar políticas de saúde na área em questão, criou o Programa de Medicina
Tradicional, no final da década de 1970. Com a sua implantação, todos os estados-
membros foram incentivados mediante comunicados e resoluções a buscar
maneiras de incluir a medicina tradicional enquanto fonte terapêutica e a tomar

7
OMS - Organização Mundial da Saúde. Alma Ata: Cuidados Primários de Saúde. Disponível em:
https://apps.who.int/iris/bitstream/handle/10665/39228/9241800011_por.pdf;jsessionid=6556AF9DEA
58F3DBD6352ECEB24FB68A?sequence=5. Acesso em: 04/set/2020. (a)
8
Idem. Ibidem. Disponível em:
https://apps.who.int/iris/bitstream/handle/10665/39228/9241800011_por
.pdf;jsessionid=6556AF9DEA58F3DBD6352ECEB24FB68A?sequence=5. Acesso em: 04/set/2020.
(a)
17

medidas para procurar, por intermédio de pesquisas, meios de comprovar


cientificamente a utilidade do saber popular.

Então, a partir desse incentivo, a integração das práticas


complementares na saúde pública exigiu a elaboração de programas por parte de
cada governo e sistema de saúde, a fim de assegurar a qualidade das plantas
medicinais utilizadas. A qualidade de todo o processo estava diretamente
relacionada ao sucesso da terapêutica e dependia não apenas das políticas de
saúde, mas também da atuação de outros profissionais do ramo da saúde e
educação.

Reconhecendo que inúmeros lugares do mundo utilizavam medidas


9
tradicionais com finalidades terapêuticas, a Organização Mundial da Saúde – OMS
reforça a sua participação ao criar em 2002 a Estratégia sobre Medicina Tradicional
2002-2005, com a qual busca sanar dúvidas atinentes à qualidade, segurança e
eficácia da medicina tradicional, que, há muito tempo, perdura dentre os
profissionais da saúde e agentes sanitários.

Nessa conjuntura, a medicina tradicional começa, então, a ter uma


grande contribuição na atenção em saúde, principalmente para populações que
possuem poucos recursos financeiros e quase que, obrigatoriamente, pouco acesso
aos sistemas de saúde. No âmbito da educação, os derivados vegetais também
exercem um papel valioso na descoberta de novos medicamentos, porquanto
servem de base estrutural para o desenvolvimento de fármacos.

1.2 A IMPLEMENTAÇÃO DA FITOTERAPIA NO BRASIL

Devido à grande extensão territorial que abrange diferentes zonas


climáticas, o Brasil detém a maior biodiversidade do mundo, e a enorme riqueza de
sua flora é um reflexo disso. Perante rica diversidade, europeus, no período da
colonização, interessaram-se pela flora brasileira e seu uso medicinal.

9
OMS - Organização Mundial da Saúde. Estratégia da OMS sobre medicina tradicional 2002-2005.
Disponível em: http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/op000023.pdf. Acesso em:
04/set/2020. (b)
18

10
ALVES relata que, percebendo a riqueza do território brasileiro,
os
portugueses, durante anos, proibiram a entrada de outros povos e permitiram
estudos sobre a flora do Brasil apenas por indivíduos designados por eles. Durante
esse período, viajantes, cronistas e jesuítas estabelecidos no Brasil absorveram e
transmitiram ensinamentos indígenas quanto ao uso medicinal das plantas nativas.

11
Segundo ALVES com a negligência de Portugal, naturalistas de
outras nações começaram a se estabelecer no Brasil para estudar sua fauna e flora.
Dentre aqueles que descreveram a biodiversidade brasileira, destacou-se Guilherme
Piso. Médico do Conde Mauricio de Nassau, ele testava as plantas que encontrava e
as descrevia.

12
Mais tarde, de acordo com CARNEIRO, Piso, juntamente com Jorge
Marcgrave, lançou a obra História Naturalis Brasiliae, que foi considerada o
levantamento mais completo da flora e fauna brasileira até o século XIX, que se
constituía em uma junção de quatro livros de medicina escritos por Piso, nos quais
ele deu atenção às práticas medicinais nativas e as pôs à prova.

Segundo o autor citado, no século XIX, com a chegada da família real


no Brasil, a biodiversidade começou a ser estudada de forma mais metódica e
precisa. Tal estudo despertou o interesse de cientistas durante esse período e no
século XX. Entretanto, tal interesse não foi suficiente para alavancar a promoção e a
integração da medicina tradicional e complementar nas práticas de saúde
brasileiras.

Foi apenas depois da OMS reconhecer e recomendar a medicina


tradicional e complementar como opção terapêutica que, nacionalmente, o assunto
começou a ser discutido. Assim, a partir de 1980, resoluções, portarias e programas

10
Lúcio F. Alves. Produção de Fitoterápicos no Brasil: História, Problemas e Perspectivas. Revista
Virtual de Química. Disponível em: http://rvq-sub.sbq.org.br/index.php/rvq/article/view/414. Acesso
em: 10/set/2020.
11
Lúcio F. Alves. Op. Cit. Disponível em: http://rvq-sub.sbq.org.br/index.php/rvq/article/view/414.
Acesso em: 10/set/2020.
12
Henrique Carneiro. O saber fitoterápico indígena e os naturalistas europeus. Fronteiras. Disponível
em: https://ojs.ufgd.edu.br/index.php/FRONTEIRAS/article/view/1418. Acesso em: 04/set/2020.
19

foram desenvolvidos a fim de incentivar o estudo de plantas medicinais e fortalecer a


fitoterapia no Brasil.

13
CARNEIRO relata detalhes que, dentre os programas
implantados,
destaca-se o Programa de Pesquisa de Plantas Medicinais da Central de
Medicamentos. Criado em 1982, tinha como escopo produzir terapêutica alternativa
à base de plantas medicinais e alicerce científico e introduzi-las na Relação Nacional
de Medicamentos Essenciais. Poucos anos depois, em 1986, foi programada e
realizada a 8ª Conferência Nacional de Saúde, que recomendava a inserção de
práticas alternativas nos serviços de saúde.

O Ministério da Saúde aborda que, para que essa recomendação fosse


viável, algumas normas tiveram que ser adotadas, como:

(...) a regulamentação da implantação da fitoterapia nos serviços de


saúde nas unidades federadas, por meio da resolução Comissão
Interministerial de Planejamento e Coordenação (Ciplan n.º 08, de 08
de março de 1988). 14

Nesse sentido, essa resolução foi importante por inserir e regulamentar


a Fitoterapia nos serviços de saúde. Além disso, foi responsável por formular as
estratégias e rotinas para que sua prática fosse possível.

Percebe-se, assim, que, desde a década de 1980, havia a vontade de


transformar esse conhecimento em uma prática reconhecida pela ciência no Brasil.
Muitas medidas ainda precisavam ser tomadas a fim de que a medicina tradicional
fosse, por fim, vista enquanto uma opção terapêutica. No entanto, cada passo
tomado nesse período contribuiu fortemente para que as conquistas futuras nesse
aspecto da saúde fossem alcançadas.

13
Idem. Ibidem. Disponível em: https://ojs.ufgd.edu.br/index.php/FRONTEIRAS/article/view/1418.
Acesso em: 04/set/2020.
14
Brasil. Ministério da Saúde. Linha do Tempo – Plantas Medicinais e Fitoterápicos. Disponível em:
https://www.saude.gov.br/acoes-e-programas/programa-nacional-de-plantas-medicinais-e-fitoterapico
s-ppnpmf/plantas-medicinais-e-fitoterapicos-no-sus/linha-do-tempo-plantas-medicinais-e-fitoterapicos.
Acesso em: 11/set/2020. (b)
20

15
O Ministério da Saúde complementa que, agindo de acordo com a
determinação e com as medidas tomadas para a integração da fitoterapia no SUS,
em 1991, o Conselho Federal de Medicina – CFM reconheceu as atividades
fitoterápicas contanto que elas fossem supervisionadas por profissionais médicos.
Ademais, em 1995, a Secretaria de Vigilância Sanitária do Ministério da Saúde
estabeleceu e formalizou o registro de fitoterápicos.

Essa foi uma grande mudança, visto que, a partir desse momento, os
fitoterápicos foram, de certa forma, sistematizados e começaram a ser encarados
como produtos mais confiáveis, pois seriam reconhecidos, registrados e distribuídos
de maneira segura.

Dessa forma, tais medidas acometeram impactos positivos que


resultaram em muitas mudanças significativas. Datando desse período, práticas
fitoterápicas, aos poucos, começaram a ser oferecidas gratuitamente, e a população
foi beneficiada por obter esse tipo de assistência sem custos.

Dentre os avanços realizados na década de 1990 na área da saúde em


relação aos fitoterápicos, está a aprovação da Política Nacional de Medicamentos,
16
com base no documento do Ministério da Saúde, sendo que tal política
determinava o apoio ao crescimento de pesquisas que focavam no aproveitamento
da capacidade e do potencial terapêutico da flora e fauna brasileira.

De acordo com ABRANCHES, o avanço da fitoterapia na saúde


pública ocorreu lentamente. A autora ainda relata que:

Em 1986, o relatório da 10ª Conferência Nacional de Saúde indicou


a incorporação de práticas no Sistema Único de Saúde (SUS),
inclusive a fitoterapia, e propôs que o Ministério da Saúde
incentivasse tratamentos com plantas medicinais na assistência

15
Idem. Op. Cit. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/praticas
_integrativas_complementares_plantas_medicinais_cab31.pdf. Acesso em: 04/set/2020. (d)
16
Brasil. Ministério da Saúde. Op. Cit. Disponível em:
https://www.saude.gov.br/acoes-e-programas/progra ma-nacional-de-plantas-medicinais-e-
fitoterapicos-ppnpmf/plantas-medicinais-e-fitoterapicos-no-sus/li nha-do-tempo-plantas-medicinais-e-
fitoterapicos. Acesso em: 11/set/2020. (b)
21

farmacêutica pública, bem como elaborasse normas para sua


utilização. 17

A teórica explica que, com essa ação, foi possível enxergar a


potencialidade do Brasil e de sua biodiversidade. Era, finalmente, incentivado pelos
órgãos governamentais o uso da fauna e flora brasileira para mais estudos,
investigações e descobertas. Isso foi uma boa oportunidade para expandir os
conhecimentos acerca dos fitoterápicos e refinar ainda mais o que já era sabido até
então.

18
Conforme o Ministério da Saúde, a Organização Mundial da Saúde
- OMS, tinha como objetivo a elaboração da Proposta de Política Nacional de
Plantas Medicinais e Fitoterápicos que buscava garantir acesso e uso racional das
plantas medicinais e dos fitoterápicos, com segurança, eficácia e qualidade,
contribuindo com o desenvolvimento desse setor no país. A proposta foi discutida
em 2001 por diversos profissionais na capital do país com a incumbência de firmar
as sugestões quanto às diretrizes. Originou-se, dessa forma, um documento final
que contribuiria de maneira relevante para o setor.

Nesse mesmo contexto, algumas das diretrizes presentes no


documento abrangem o incentivo e o desenvolvimento de pesquisas com plantas
medicinais de modo a priorizar e valorizar a biodiversidade do Brasil. Contemplam
também a regulamentação sanitária de plantas medicinais e medicamentos
fitoterápicos, além de encorajar o resgate, a valorização e a validação científica do
saber popular acerca de plantas medicinais. Assim, o saber popular sobre o uso de
plantas, que, durante muito tempo, foi marginalizado ou não reconhecido, começou
a ser preservado e restaurado.

A partir desse momento, foram realizados seminários, conferências e


outras ações tomadas pelo Ministério da Saúde para normatizar e desenvolver a
fitoterapia. Em 2004, por exemplo, a Resolução n.º 338/04 do Conselho Nacional

17
Monise Viana Abranches. Plantas Medicinais e Fitoterápicos – Abordagem teórica com ênfase em
nutrição. 2012, p. 26.
18
Brasil. Ministério da Saúde. A Fitoterapia no SUS e o Programa de Pesquisas de Plantas
Medicinais da Central de Medicamentos Fitoterapia no SUS. Disponível em:
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/ publicacoes/fitoterapia_no_sus.pdf. Acesso em: 11/set/2020. (a)
22

de Saúde aprovou a Política Nacional de Assistência Farmacêutica, em que


contemplou, dentre seus eixos, a:

(...) definição e pactuação de ações intersetoriais que visam à


utilização das plantas medicinais e de medicamentos fitoterápicos
no processo de atenção à saúde, com respeito aos conhecimentos
tradicionais incorporados, embasamento científico, adoção de
políticas de geração de emprego e renda, qualificação e fixação de
produtores, envolvimento dos trabalhadores em saúde no processo
de incorporação dessa opção terapêutica e baseada no incentivo à
produção nacional, com a utilização da biodiversidade existente no
país. 19

Nos anos posteriores, os eventos que eram realizados destacavam a


importância de pesquisas e da produção de medicamentos com base na flora
brasileira. As iniciativas e atividades no decorrer desses anos contribuíram para o
20
Ministério da Saúde formulasse a Política Nacional de Práticas Integrativas e
Complementares no SUS, documento este que apresentava dentre as suas
propostas a implantação de práticas relativas à fitoterapia nos sistemas de atenção
à saúde pelas Secretarias do Distrito Federal, Estaduais e Municipais.

De acordo com CECHINEL FILHO, a utilização de fitoterápicos no


Brasil avança a cada dia. Para justificar isso, o autor expõe os seguintes dados:

(...) a fitoterapia é praticada por 1.457 equipes de saúde, e a


Farmácia Viva está instalada em 80 municípios. No ano de 2017,
foram registrados 66.445 atendimentos de fitoterapia em
estabelecimentos de Atenção Básica, distribuídos em 1.145
municípios, segundo dados do Sistema de Informação em Saúde
para a Atenção Básica – SISAB. 21

Dando continuidade à evolução histórica da Fitoterapia, o Ministério


22
da Saúde informa que, em 2016, foi publicada a 1ª Edição do Memento de
Fitoterápicos da Farmacopeia Brasileira, um documento que visava a auxiliar os
19
Brasil. Ministério da Saúde. Op. Cit. Disponível em:
https://www.saude.gov.br/acoes-e-programas/progra ma-nacional-de-plantas-medicinais-e-
fitoterapicos-ppnpmf/plantas-medicinais-e-fitoterapicos-no-sus/linha-do-tempo-plantas-medicinais-e-
fitoterapicos. Acesso em: 11/set/2020. (b)
20
Idem. Op. Cit. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/praticas
_integrativas_complementares_plantas_medicinais_cab31.pdf. Acesso em: 04/set/2020. (d)
21
Valdir Cechinel Filho. Fitoterapia avançada: uma abordagem química, biológica e nutricional. 2020,
p. 145.
22
Brasil. Ministério da Saúde. Loc. Cit. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/prati
cas_integrativas_complementares_plantas_medicinais_cab31.pdf. Acesso em: 04/set/2020. (d)
23

profissionais prescritores. Além disso, durante o processo de inserção da


Fitoterapia no Brasil, é possível observar que, gradativamente, os fitoterápicos
foram incluídos na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais – RENAME e
que foram criados projetos para o apoio à assistência farmacêutica em plantas
medicinais, e ainda foram aprovados diversos repasses de investimento para essa
área.
Desse modo, os serviços fitoterápicos puderam ser criados e
estabelecidos em programas estaduais e municipais. Aos poucos, a fitoterapia era
implementada e vista enquanto uma área de pesquisa para o desenvolvimento de
novos produtos e foi instalada de maneira mais abrangente e a nível nacional.

Considerando o que foi exposto, ainda existem brechas nas práticas


fitoterápicas no Brasil, e o explanado anteriormente dimensiona esforços dos
órgãos da saúde que foram envolvidos no processo de mudança que buscaram
impulsionar a viabilização e a utilização racional de plantas medicinais e
fitoterápicos.

De acordo com o referido conteúdo abordado, percebe-se a


importância da implementação das legislações que resultou em mudanças
positivas para o bom uso e a aplicação terapêutica de plantas medicinais e
medicamentos fitoterápicos.
24

CAPÍTULO II. REGISTRO DE MEDICAMENTOS FITOTERÁPICOS

A regulamentação dos medicamentos fitoterápicos é uma etapa crucial


na área da produção medicamentosa, e isso garante a entrada de produtos que
possuem eficácia, segurança e qualidade no mercado nacional brasileiro. O aumento
do conhecimento técnico-científico tem sido um fator-chave para o aprimoramento da
legislação vigente para o registro desses produtos, e é necessário, então, que o
profissional farmacêutico esteja sempre atualizado quanto às normas envolvidas.

Nesse âmbito, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA é o


principal órgão responsável pela autorização da comercialização de medicamentos.
Os requisitos exigidos em todas as etapas de produção são publicados em
resoluções, costumeiramente denominadas de Resolução da Diretoria Colegiada –
RDC.

2.1 DOCUMENTAÇÃO

As empresas que estejam devidamente licenciadas e autorizadas para


23
a produção de medicamentos fitoterápicos devem encaminhar à ANVISA uma lista
de documentações exigidas em conformidade com a Instrução Normativa n.º 4, de 18
de junho de 2014. São elas:

 Formulário de Petição.
 Taxa de Fiscalização Sanitária.
 Cópia que conste a autorização de funcionamento da
empresa.
 Cópia do certificado de responsabilidade técnica.
 Cópia do Certificado de Boas Práticas de Fabricação e
Controle.

23
ANVISA – Agência Nacional da Vigilância Sanitária. Guia de Orientação para Registro de
Medicamento Fitoterápico e Registro e Notificação de Produto Tradicional Fitoterápico. Disponível
em: http://portal.anvisa.gov.br/documents/33836/2501251/Guia%2Bfinal%2Bdicol%2B180614+
%282%29.pdf/f400c535-e803-4911-9ef8-100c0c2bb 3c6. Acesso em: 11/set/2020. (a)
25

 Relatório técnico. (grifo original)


24
Na RDC n.º 14/2010 da ANVISA, é estabelecido que, no relatório
técnico, devem constar:

 Nomenclatura botânica completa.


 Parte da planta utilizada.
 Layout de bula, rótulo e embalagem.
 Documentação referente a cada local de fabricação.
 Relatório de produção.
 Relatório de controle de qualidade e
 Relatório de segurança e eficácia. (grifo original)

Averígua-se, então, que, no que tange à documentação, seu objetivo


visa a garantir a confiabilidade das empresas que se propõem a trabalhar na
produção de fitoterápicos, garantindo, assim, que estejam devidamente habilitadas e
certificadas. O relatório técnico trata especificamente da identificação e do controle
de qualidade da planta medicinal utilizada na produção do fitoterápico, o que auxilia
no sucesso da segurança e eficácia do produto final.

2.2 CONTROLE DE QUALIDADE

O controle de qualidade na produção de medicamentos é uma das


etapas mais importantes de todo o processo de fabricação, haja vista que a qualidade
do material produzido está diretamente relacionada à sua eficácia e segurança,
características estas que são parte do relatório técnico a ser enviado para aprovação
do medicamento.

Nesse sentido, a qualidade do medicamento fitoterápico, diferentemente


dos sintéticos, começa a partir da obtenção do principal material: a espécie vegetal.
Assim, os processos envolvidos, como plantação, coleta e colheita, são essenciais.

24
ANVISA – Agência Nacional da Vigilância Sanitária. Resolução da Diretoria Colegiada – RDC n.º
24. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/ bvs/saudelegis/anvisa/2011/res0024_14_06_2011.html.
Acesso em: 12/set/2020. (b)
26

2.2.1 Preparação da Droga de Origem Vegetal


O processo de preparação da droga de origem vegetal conta com
processos e técnicas especiais que visam à obtenção de uma droga vegetal de
qualidade a ser empregada na produção do medicamento fitoterápico, assim explica
25
BANDEIRA características como qualidade das sementes, idade da planta na
época da coleta, umidade, luminosidade, temperatura, altitude, latitude e, até mesmo,
a hora do dia em que a coleta é feita, influenciam na qualidade e quantidade de
princípios ativos presentes no fitocomplexo a ser extraído posteriormente.

Em vista disso, desde a primeira etapa da produção, o profissional


farmacêutico é essencial para assegurar a aplicação do emprego das melhores
técnicas e processos em cada caso.

2.2.2 Preservação da Droga de Origem Vegetal

26
BANDEIRA relata que, após a coleta, a planta deve ser submetida a
processos que garantam a sua estabilidade para posterior uso na produção dos
medicamentos fitoterápicos. Essas etapas incluem processos de estabilização,
secagem e conservação. Quanto ao processo de estabilização, este objetiva
assegurar a integridade dos princípios ativos ao destruir enzimas que seriam
responsáveis pela sua degradação por oxidação, hidrólise e flora microbiológica.

27
Segundo a ANVISA, a secagem da planta pode ser feita de modo
natural, quando exposta ao sol livremente ou abrigada na sombra, ou artificial,
quando usado o auxílio de secagem com ar seco, secadores simples ou estufas
elétricas. O processo de conservação inclui a estocagem, a embalagem e as
condições de armazenamento necessária.

A secagem é uma importante etapa para o processo de


conservação,
25
Mary Anne Medeiros Bandeira. Preparação da droga de origem vegetal: beneficiamento primário.
2016. p. 2.
26
Idem. Ibidem. p. 23.
27
ANVISA – Agência Nacional da Vigilância da Sanitária. Op. Cit. Disponível em:
http://portal.anvisa.gov.br/documents/33836/2501251/Guia%2Bfinal%2Bdicol%2B180614+
%282%29.pdf/f400c535-e803-4911-9ef8-100c0c2bb3c6. Acesso em: 11/set/2020. (a)
27

pois tem por finalidade retirar a umidade da planta medicinal, impedindo o


desenvolvimento de microrganismos que podem degradar componentes químicos
importantes e comprometendo o princípio ativo da planta.

2.2.3 Testes de Autenticidade

Os testes de autenticidade auxiliam o analista a efetuar a correta


identificação da droga vegetal, a fim de garantir, inicialmente, que se está
28
trabalhando com o material correto. LIMA argumenta que a primeira etapa de
autenticidade consiste na análise macroscópica e microscópica da droga vegetal. As
características macroscópicas incluem tamanho, cor, forma, superfície, textura,
dentre outras. Microscopicamente, é possível analisar características próprias das
espécies por meio de preparações histoquímicas.

29
A ANVISA esclarece que, além das análises macroscópicas e
microscópicas, é possível realizar a identificação por meio da química. O perfil
cromatográfico das moléculas constituintes no preparado pode ser analisado
isoladamente para comprovar a presença de um composto que seja característico da
espécie desejada. A Farmacopeia Brasileira e as de outros países são muito úteis
nas comparações entre amostras analisadas com um perfil padrão
comprovadamente verdadeiro. O analista poderá usar dessas referências a fim de
confirmar seus estudos.

A realização das análises é importante para a correta descrição das


características que identificam a droga vegetal, sendo indispensável para a
Farmacopéia, pois é necessária para entender sua aplicabilidade e métodos de
preparação do material.

2.2.4 Testes de Pureza e Integridade

Os testes de pureza e integridade são importantes para verificar a


28
Michelle Limonge Lima. Registro de medicamentos fitoterápicos no Brasil. Disponível em:
https://www.arca.fiocruz.br/bitstream/icict/25627/2/michelle_limonge.pdf. Acesso em: 11/set/2020.
29
ANVISA – Agência Nacional da Vigilância Sanitária. Op. Cit. Disponível em:
http://portal.anvisa.gov.br/documents/33836/2501251/Guia%2Bfinal%2Bdicol%2B180614+
%282%29.pdf/f400c535-e803-4911-9ef8-100c0c2bb3c6. Acesso em: 11/set/2020. (a)
28

presença de materiais contaminantes sem ação biológica, muitas vezes presentes


30
em produtos fraudados. A ANVISA lista os seguintes principais testes de pureza
necessários a serem aplicados de acordo com a RDC n.º 14/2010:

 Cinzas totais ou cinzas insolúveis em ácido clorídrico.


 Umidade e perda por dessecação.
 Pesquisa de materiais estranhos.
 Pesquisa de contaminantes microbiológicos.
 Pesquisa de metais pesados. (grifo original)

Desse modo, os testes para determinação de cinzas totais e pesquisa


de matérias estranhos são essenciais para verificar a presença de materiais de
origem não biológica, levando em conta que estes não sofreram o processo de
carbonização e que, muitas vezes, podem ser visualizados a nível ocular.

Nesse contexto, os testes de umidade garantem que o material não


possua níveis de umidade propício ao crescimento microbiológico, que, a depender
do tempo de armazenamento, poderia levar ao desperdício da matéria-prima.

2.2.5 Análise Quantitativa

A análise quantitativa é feita a partir de marcadores. Este elemento,


31
conforme a ANVISA, é a substância ou classe de substâncias utilizada como
referência no controle de qualidade da matéria-prima vegetal e dos fitoterápicos.
Mediante o perfil cromatográfico do marcador, é possível avaliar qualitativa e
quantitativamente a amostra em análise.

De acordo com a produção de um medicamento fitoterápico, a análise


quantitativa também possui relevância considerável, pois, mesmo se atentando à
qualidade da droga vegetal utilizada, também é necessária a garantia de que os
30
ANVISA – Agência Nacional da Vigilância Sanitária. Op. Cit. Disponível em:
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/anvisa/2011/res0024_14_ 06_2011.html. Acesso em:
12/set/2020. (b)
31
Idem. Op. Cit. Disponível em: http://portal.anvisa.gov.br/documents/33836/2501251/Guia%2Bfinal%
2Bdicol%2B180614+%282%29.pdf/f400c535-e803-4911-9ef8-100c0c2bb3c6. Acesso em:
11/set/2020. (a)
29

ativos estejam presentes na quantidade suficiente para a produção do fitoterápico.

2.2.6 Validação dos Métodos Analíticos

Para validação de um método analítico, é possível utilizar técnicas


como cromatografia gasosa, cromatografia líquida de alta eficiência ou
32
espectrofotometria. Segundo a ANVISA, há os seguintes parâmetros para a
validação de um método analítico, em conformidade com a Instrução Normativa n.º 4,
de 18 de junho de 2014:

 Seletividade: demonstra a capacidade do teste de identificar exatamente o


composto desejado em meio a outros componentes.
 Linearidade: demonstra se o método analítico consegue detectar o aumento
da concentração do composto em títulos aumentados.
 Intervalo de aplicação: determina os limites de quantificação, mínimos e
máximos, do teste selecionado.
 Precisão: determina a proximidade dos resultados dos testes em meio de
testagens repetidas.
 Exatidão: verifica se há concordância entre os resultados experimentais e os
verdadeiros, estando estes devidamente padronizados.
 Robustez: estabelece a capacidade do teste de manter os resultados
aproximados mesmo diante de pequenas variações.

As análises qualitativa e quantitativa mencionadas devem ser


devidamente validadas. Isso implica que, quando as mesmas técnicas forem
aplicadas por laboratórios diferentes, os resultados não poderão passar de uma
discrepância permitida pela legislação. A validação busca esclarecer que os métodos
utilizados são confiáveis e esclarecedores a fim de serem aplicados em longa escala.

2.3 SEGURANÇA E EFICÁCIA

32
ANVISA – Agência Nacional da Vigilância Sanitária. Op. Cit. Disponível em:
http://portal.anvisa.gov.br/documents/33836/2501251/Guia%2Bfinal%2Bdicol%2B180614+
%282%29.pdf/f400c535-e803-4911-9ef8-100c0c2bb 3c6. Acesso em: 11/set/2020. (a)
30

Ao dar continuidade no processo de registro de um medicamento


fitoterápico, é imprescindível a comprovação de sua segurança e eficácia. Tal
comprovação deve ser feita por intermédio de ensaios clínicos e não clínicos ou de
registro simplificado.

33
A ANVISA estabelece que os ensaios de segurança e eficácia não
clínicos e clínicos precisam seguir parâmetros especificados na RDC n.º 26, de
2014, que são os seguintes:

 Quando não existirem ensaios não clínicos que comprovem sua segurança,
eles devem ser feitos segundo a última versão do guia publicado pela ANVISA para
a condução de estudos não clínicos de toxicologia e segurança farmacológica;
 Os ensaios clínicos devem ser realizados seguindo as Boas Práticas Clínicas
– BPC, a norma vigente para a realização de pesquisa clínica, a RDC n.º 39 de
2008, o guia publicado pela OMS/MS em 2008 sobre a condução de ensaios clínicos
com fitoterápicos e as determinações do Conselho Nacional de Saúde – CNS.

34
LIMA atesta que os ensaios clínicos devem seguir algumas
orientações, como: determinar o tempo apropriado de estudo no caso de medicação
indicada no tratamento de doenças crônicas; adotar durante os ensaios a posologia
equivalente ao da bula; e demonstrar diferenças detectáveis entre os grupos.

A autora referenciada ainda explana que, caso haja documentações


técnico-científicas de ensaios não clínicos e clínicos publicados, esses devem ser
apresentados à ANVISA para avaliação. Se a documentação apresentar resultados
positivos e se for comprovada a qualidade do estudo, não é necessário novo ensaio.
Entretanto, para tal registro, é preciso que os ensaios apresentados tenham sido
executados com a mesma droga vegetal ou derivados semelhantes ao que se
pretende registrar, além da mesma indicação terapêutica e posologia.

33
ANVISA – Agência Nacional da Vigilância Sanitária. Resolução da Diretoria Colegiada – RDC n.º
26. Disponível em: https://bvsms.saude. gov.br/bvs/saudelegis/anvisa/2014/rdc0026_13_05_2014.pdf.
Acesso em: 11/set/2020. (c)
34
Michelle Limonge Lima. Op. Cit. Disponível em: https://www.arca.fiocruz.br/bitstream/icict/25627/
2/michelle_limonge.pdf. Acesso em: 11/set/2020.
31

Ademais, quando se trata de fitoterápicos compostos, os dados


de
segurança e eficácia deverão ser apresentados por completo. Não são aprovadas
informações para cada espécie vegetal separada, pois, ao associar as plantas, sua
eficácia e toxicidade não são garantidas de se manterem as mesmas ou
melhoradas.

35
Conforme a ANVISA existe outra forma de comprovar segurança e
eficácia de um medicamento fitoterápico é por meio do registro simplificado, que
pode ser feita de duas maneiras: mediante a Lista de medicamentos fitoterápicos de
registro simplificado, publicada pela ANVISA ou por monografias de fitoterápicos de
uso bem estabelecido da Comunidade Europeia que tenham sido elaboradas pelo
Comitê de Produtos Medicinais Fitoterápicos da European Medicines Agency –
EMA.

36
Por conseguinte, LIMA informa que a Lista de medicamentos
fitoterápicos de registro simplificado é uma relação com diversas espécies vegetais
que não precisam de comprovação de eficácia e segurança, tendo em vista a vasta
quantidade de estudos já publicados sobre essas espécies. O solicitante deve seguir
as orientações contidas na lista, como a parte da planta usada, a padronização, as
formas de uso, a dose diária, dentre outras especificações. É também permitido que
o solicitante do registro desenvolva diferentes formas farmacêuticas, caso opte por
usar tal lista. Contudo, deve haver equivalência de doses nas formas farmacêuticas
propostas com as extrativas.

A autora em questão ainda testifica que, se a droga ou derivado que se


intenciona registrar estiver nos documentos mencionados pertencente a Lista de
medicamentos fitoterápicos de registro simplificado e monografias de fitoterápicos da
EMA, deve ser seguido o que for especificado na referida lista.

35
ANVISA. Op. Cit. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/anvisa/2014/rdc0026_
13_05_2014.pdf. Acesso em: 11/set/2020. (c)
36
Michelle Limonge Lima. Op. Cit. Disponível em: https://www.arca.fiocruz.br/bitstream/icict/25627/
2/michellelimonge.pdf. Acesso em: 11/set/2020.
32

37
LIMA argumenta, quanto à segurança e à efetividade de produtos
tradicionais fitoterápicos, é necessária uma profunda busca na literatura para
encontrar evidências acerca do produto, incluindo dados positivos ou mesmo
negativos. Deve ser comprovado seu uso seguro e efetivo por, pelo menos, 30 anos
ou deverá ser corroborado por registro simplificado. De acordo com a RDC n.º
38
26/2014, a fim de que um produto tenha a possibilidade de ser registrado como
tradicional, devem ser seguidos estes critérios:

 O produto deve ser concebido para ser utilizado sem a vigilância de um


médico para fins de diagnóstico, de prescrição ou de monitorização.
 A alegação de que não envolve via de administração injetável e oftálmica.
 A alegação de que não se refire a parâmetros clínicos e ações amplas.
 A coerência das informações de uso propostas com as relatadas em
documentação técnico-científica.
 A ausência de IFAV de risco tóxico conhecido ou grupos ou substâncias
químicas tóxicas em concentração superior aos limites comprovadamente seguros.
 A comprovação de continuidade de uso seguro por período igual ou superior a
30 anos para as alegações de uso propostas.

Essas normas e exigências quanto ao registro de fitoterápicos são


relevantes para que a população seja beneficiada com esses medicamentos que
devem produzir o resultado desejado com o mínimo de efeitos adversos possível.

2.4 O PAPEL DO FARMACÊUTICO NA PRODUÇÃO E PRESCRIÇÃO DE


FITOTERÁPICOS

A Fitoterapia é uma prática multidisciplinar e, por conta disso, recebe a


atuação de diversos profissionais das mais diversas áreas. Nesse âmbito, o
farmacêutico desempenha um papel de muita relevância, visto que detém o
conhecimento dos metabólitos das plantas e sabe como eles atuam no organismo,
além de possuir a compreensão que engloba tanto o processamento quanto a
37
Idem. Ibidem. Disponível em:
https://www.arca.fiocruz.br/bitstream/icict/25627/2/michellelimonge.pdf. Acesso em: 11/set/2020.
38
ANVISA. Op. Cit. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/anvisa/2014/rdc0026_
13_05_2014.pdf. Acesso em: 11/set/2020. (c)
33

utilização das plantas medicinais. Dessa forma, o papel do farmacêutico no campo


da Fitoterapia pode ser desempenhado de diversas maneiras.

Partindo desse princípio, juntamente a essas atribuições, existe o


comprometimento natural da profissão com o uso racional de medicamentos, o que
inclui os fitoterápicos. Com o uso indiscriminado desses produtos, o farmacêutico
surge como o profissional ideal para auxiliar a população quanto ao uso racional de
fitoterápicos.

39
Assim, nos últimos anos, o Conselho Federal de Farmácia – CFF tem
atribuído, regulamentado e consolidado as competências e atribuições dos
farmacêuticos nessa área. A Resolução n.º 459 de 2007 atribuiu ao farmacêutico as
atividades de: participar do processo de implantação dos serviços de fitoterapia;
divulgar o uso racional dos fitoterápicos por intermédio da criação de materiais
informativos e campanhas, com o fito de contribuir para o desenvolvimento e
fortalecimento dessa prática; e monitorar, registrar e avaliar os resultados obtidos a
partir do acompanhamento do uso das plantas medicinais e fitoterápicos.

Conforme o referido órgão de saúde, analisa-se que a resolução


mencionada também atribuiu ao farmacêutico a supervisão da aquisição,
manipulação, dispensação e atenção farmacêutica para a promoção do acesso a
plantas medicinais e fitoterápicos de qualidade. Competiu igualmente ao
farmacêutico a orientação e participação nos processos de seleção e cultivo das
plantas medicinais e a possibilidade de compor a Comissão de Farmácia e
Terapêutica – CFT, na qual pode estabelecer critérios para inclusão e exclusão de
plantas medicinais e de fitoterápicos nas relações nacionais, estaduais e municipais.
Além disso, foi também imputado ao profissional em Farmácia a participação na
elaboração e atualização de normas e marcos regulatórios quanto aos fitoterápicos.

Verifica-se também que, na farmácia magistral, são responsabilidades


do farmacêutico participar do processo de qualificação dos fornecedores, garantir a
disponibilidade de plantas medicinais e fitoterápicos em conformidade com a
39
CFF - Conselho Federal de Farmácia. Resolução 459.2007. Disponível em:
https://www.diariodasleis. com.br/busca/exibelink.php?numlink=1-176-34-2007-02-2. Acesso em:
12/set/2020.
34

legislação vigente e manter o local apropriado para a conservação de plantas


medicinais e fitoterápicos. Na dispensação de plantas medicinais e fitoterápicos, é
responsabilidade do farmacêutico informar sobre o modo correto de sua utilização e
o uso racional.

Ainda em conformidade com a referida Resolução, na farmácia


comunitária, cabe ao profissional da área de Farmácia: dispensar plantas medicinais
e fitoterápicos de acordo com as normas das boas práticas de dispensação; manter
o armazenamento das plantas medicinais e fitoterápicos em condições adequadas
de conservação, a fim de assegurar sua qualidade; promover educação em saúde à
comunidade relacionada ao uso seguro de plantas medicinais e fitoterápicos; e
implementar ações de atenção farmacêutica, auxiliando, assim, os pacientes
usuários de plantas medicinais e fitoterápicos.

40
CIMBLERIS expõe que outras regulamentações foram publicadas,
como a Resolução CFF n.º 586/2013, que regulamentou a prescrição farmacêutica e
possibilitou, assim, que o farmacêutico pudesse prescrever diversos produtos de
venda livre. Dessa forma, tal profissional pode prescrever fitoterápicos e plantas
medicinais que tenham eficácia comprovada e prestar atenção farmacêutica,
impedindo que a comunidade use de maneira não racional tais produtos.

Nesse sentindo, apesar de todas as suas atribuições, certamente ainda


há muito campo para se explorar, como o farmacêutico pode atuar de forma mais
consistente na área da Fitoterapia. Estas lacunas, à medida que são preenchidas,
vão beneficiando a população, que vai adquirindo mais acesso aos profissionais
capacitados para ajudá-la a não se medicarem de forma indiscriminada.

Além disso, cada etapa do processo de produção de fitoterápicos


almeja garantir não apenas a qualidade da empresa responsável, mas também de
todos os materiais utilizados durante a produção. O controle de qualidade não se
resume a uma etapa única no produto final, e sim a um extenso processo que

40
Ana Cimbleris. Prescrição farmacêutica de fitoterápicos. Farmácia Revista. Disponível em:
https://www.crfmg.org.br/farmaciarevista/55/Prescricao-farmaceutica-de-fitoterapicos. Acesso em:
12/set/2020.
35

envolve supervisionar o preparo da matéria-prima, a sua correta identificação e a


avaliação da segurança e eficácia do produto final.

Considerando o que foi exposto, pode-se perceber a utilidade do


profissional farmacêutico em cada uma dessas etapas, haja vista os seus
conhecimentos na área de farmacognosia e controle de qualidade de medicamentos.
É possível também a sua atuação quanto ao aumento da confiança da população
para consumir fitoterápicos ao fazê-la compreender que o produto final é resultado
de um extenso processo que objetiva garantir que o medicamento fitoterápico
produza o efeito desejado.
36

CAPÍTULO III. APLICAÇÕES DAS PLANTAS MEDICINAIS E DOS


FITOTERÁPICOS

Com o avanço da ciência nas áreas da saúde e tecnologia, o


conhecimento a respeito da aplicação de diferentes plantas medicinais e fitoterápicos
se tornou mais abundante. Pesquisadores, até os dias de hoje, almejam descobrir
novas aplicações para princípios ativos ou fitocomplexos nos diferentes sistemas
biológicos.

Para o profissional farmacêutico, é crucial estar a par das aplicações


dos diversos fitoterápicos disponíveis no mercado e também das formas de preparo
das plantas medicinais, visto que, atualmente, elas podem ser de prescrição médica.

ANDRADE et. al. afirmam que:

(...) a fitoterapia se concretiza como uma opção de terapia


complementar à medicina tradicional. A Relação Nacional de
Medicamentos Essenciais – RENAME no Sistema Único de Saúde –
SUS, publicada em 2014, traz em seu elenco 12 fitoterápicos, os
quais, por falta de informações claras e científicas, ainda não são
conhecidos e prescritos pelos profissionais de saúde. 41

Desse modo, o farmacêutico, como profissional da saúde, pode atuar


prescrevendo fitoterápicos isentos de prescrição de médica e, principalmente, no que
tange à assistência farmacêutica ao orientar a população sobre o uso correto delas. A
seguir, serão abordadas as utilizações de oito plantas medicinais, presentes na
Relação Nacional de Medicamentos Essenciais – RENAME e que, muitas vezes, são
utilizadas em preparações fitoterápicas, com o fito de disseminar o seu
conhecimento.

3.1 ALCACHOFRA

As folhas de Cynara scolymus L. são reconhecidas, principalmente,


41
Suzana Aparecida Lara de Andrade et. al. Fitoterápicos da relação nacional de medicamentos
essenciais no Brasil. Revista Cubana de Plantas Medicinais. Disponível em: http://scielo.
sld.cu/pdf/pla/v22n1/pla14117.pdf. Acesso em: 09/out/2020.
37

pelas suas propriedades no tratamento de dislipidemias e doenças hepáticas. A


planta é facilmente identificada de forma macroscópica pelas suas flores azuis com
grandes capítulos.

Dentre seus constituintes, a alcachofra apresenta uma grande


quantidade de fibras alimentares, como a inulina. De acordo com BERNAUD e
42
RODRIGUES, esse constituinte é importante para o tratamento da obesidade e
manter os níveis de glicose no sangue adequados.

Os autores citados explicam que as fibras alimentares possuem a


capacidade de complexar colesteróis e glicose e impedir sua absorção no intestino.
Promovem também o aumento quantitativo e da velocidade de fluxo da bile,
principalmente pela presença da cinarina, o que explica o seu uso no tratamento de
dislipidemias.

FIGURA 1. REPRESENTAÇÃO QUÍMICA DA MOLÉCULA CINARINA

Fonte: Alessandros Botsaris; Luana Alves. Cynara scolymus L. (Alcachofra). Revista Fitos.
Disponível em: https://www.arca.fiocruz.br/bitstream/icict/19152/2/4.pdf. Acesso em:
19/out/2020.

Para BOTSARIS e ALVES, o preparo da droga pode ser feito por meio
de “(...) infusão obtida a partir de 30 g/L durante 15 minutos”. 43 O fácil preparo e suas
desejáveis ações terapêuticas tornam a alcachofra popular dentre os fitoterápicos
utilizados popularmente.

3.2 AROEIRA

42
Fernanda Sarmento Bernaud; Ticiana Rodrigues. Fibra Alimentar: ingestão adequada e efeitos
sobre a saúde do metabolismo. 2013. Disponível em: https://www.scielo.br/pdf/abem/v57n6/01.pdf.
Acesso em: 09/out/2020.
43
Alessandros Botsaris; Luana Alves. Cynara Scolymus L. (Alcachofra). Revista Fitos. Disponível em:
https:// www.arca.fiocruz.br/bitstream/icict/19152/2/4.pdf. Acesso em: 19/out/2020.
38

A aroeira, Schinus terebinthifolius Raddi, é comercializada atualmente


na forma de creme e possui propriedades anti-inflamatórias e cicatrizantes. Por causa
delas, sua indicação, muitas vezes, está relacionado ao tratamento de vaginites nas
mulheres. A respeito da produção dessa planta, BAGGIO relata que:

A aroeira (Schinus terebinthifolius Raddi), apesar de ser conhecida


no meio rural, não é ainda utilizada em sistemas integrados de
produção, principalmente pelos pequenos e médios produtores. Esta
essência florestal possui atributos importantes para usos múltiplos
como os de muitas outras espécies conhecidas mundialmente. 44

O referido autor argumenta que o fato de muitas plantas medicinais não


possuírem sistemas de produção em massa é uma grande problemática a ser
resolvida pelo sistema de saúde. O plantio e a coleta de tais plantas é uma
importante etapa no processo de controle de qualidade.

Ainda conforme o autor em questão, o baixo interesse dos produtores


rurais em produzir sistemas especializados na produção de plantas medicinais leva,
na maioria dos casos, a população a buscar fazer isso por conta própria, de modo
que a qualidade do preparado, muitas vezes, não é a melhor.

O extrato da casca da aroeira pode ser preparado mediante a


decocção para o uso tópico, com o objetivo de realizar a assepsia e desinfecção
45
vaginal. Consoante GIBERT e FAVORETO, os extratos de suas folhas também
demonstraram ter propriedades antibacterianas, antifúngicas e anti-inflamatórias.
Tais características tornam seu uso popular bastante disseminado.

3.3 BABOSA

A Aloe vera (L.) Burm. f. é plantada e utilizada amplamente pela


população, e a maior parcela dela tem ciência de que a região correta a ser utilizada
é o gel mucilaginoso presente na parte interna da folha fresca. É popularmente

44
Amilton João Baggio. Aroeira como potencial para usos múltiplos na propriedade rural. Boletim de
Pesquisa Florestal. Disponível em: https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/CNPF-2009-
09/4860/1/baggio.pdf. Acesso em 11out/2020.
45
Benjamin Gilbert; Rita Favoreto. Schinus terebinthifolius Raddi. Revista Fitos. Disponível em:
https://www.arca.fiocruz.br/bitstream/icict/15842/2/34.pdf. Acesso em: 11/out/2020.
39

utilizada como produto cosmético para os cabelos, porquanto favorece a hidratação


capilar, embora seu uso terapêutico seja bem mais extenso.

46
Dentre todas as suas atividades, FREITAS, RODRIGUES E GASPI
destacam as indicações anti-inflamatória e cicatrizante. Alegam que, em estudos
realizados in vivo, houve a estimulação de macrófagos no sistema imune para liberar
suas citocinas pró-inflamatórias, potencializando, assim, os sinais feedback
negativo, para posterior supressão do sistema.

Quanto à sua atividade anti-inflamatória, os FREITAS, RODRIGUES E


47
GASPI relatam que a acemanana, um polissacarídeo encontrado em grande
quantidade no gel da planta, “(...) aumentou de maneira significativa a proliferação
de fibroblastos gengivais e estimulou a secreção do fator de crescimento de
queratinócitos – 1 e do fator de crescimento vascular endotelial, além de colágeno
do tipo I”.

FIGURA 2. REPRESENTAÇÃO QUÍMICA DA ACEMANANA

Fonte: E. A. O. Sousa; E. A. Neves; C. R. Alves. Potencial terapêutico de Aloe Vera (Aloe


Barbadensis): Uma Breve Revisão. Revista Virtual de Química. Disponível em:
http://static.sites.sbq.org.br/ rvq.sbq.org.br/pdf/v12n2a09.pdf. Acesso em: 19/out/2020.

Graças ao seu intenso potencial cicatrizante associado à sua


capacidade anti-inflamatória, sua indicação é essencialmente para a ocorrência de
queimaduras, pois promove a formação de um novo tecido epitelial e a
revascularização local.

3.4 ESPINHEIRA-SANTA
46
V.S. Freitas; R.A.F. Rodrigues; F.O.G. Gaspi. Propriedades Farmacológicas da Aloe vera (L.) Burm
f. Revista Brasileira de Plantas Medicinais. Disponível em:
https://www.scielo.br/pdf/rbpm/v16n2/20.pdf. Acesso em: 11/out/2020.
47
Idem. Ibidem. Disponível em: https://www.scielo.br/pdf/rbpm/v16n2/20.pdf. Acesso em: 11/out/2020.
40

A Maytennus officinalis é conhecida mundialmente pela sua atividade


gastroprotetora. Inúmeros fármacos com atividade de inibição dos receptores de
liberação do ácido clorídrico e receptores de histaminérgicos são listados para o
tratamento de gastrites e úlceras gástricas. No entanto, seu uso sempre está
relacionado a efeitos adversos, que, algumas vezes, até potencializam os sintomas
das doenças gástricas.

Em vista disso, o uso da espinheira-santa, devido à sua eficácia no


tratamento de úlceras e gastrites, é uma alternativa adotada. Deve-se salientar que
sua atividade é potencializada como fitocomplexo por causa da ação conjunta de
triterpenos, taninos e flavonoides, e a infusão de suas folhas tem atividade sinérgica.

CALOU et. al. asseveram que sua atividade acontece por:

(...) habilidade na estimulação da síntese de muco ou manutenção do


conteúdo de prostaglandina. Dois triterpenos já relatados na
literatura, o friedelan-3-ol e o friedelan-3-on, foram identificados em
extrato de M. ilicifolia, sendo sugeridos como substâncias bioativas
no tratamento das enfermidades estomacais. 48

Associada à sua capacidade de redução da liberação do ácido


estomacal e de estimulação da atividade muco protetora, está a sua atividade
49
antibacteriana. MORAES JESUS e CUNHA revelam em seus estudos que a
espinheira-santa é capaz de evitar a proliferação da bactéria Helicobacter pylori.

Logo, pode-se atestar que essas atividades conjuntas das plantas


medicinais é outro ponto importante a ser destacado sobre a superioridade dos
fitoterápicos quanto aos tratamentos convencionais com princípios ativos isolados. A
presença de fitocomplexo favorece uma atividade sinérgica que permite o tratamento
de diversas patologias simultaneamente.

48
Iana Bantin Felício Calou et. al. A atividade gastroprotetora da Maytenus ilicifolia e Maytenus
aquifolium. Revista Saúde & Ciência. Disponível em:
http://repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/10249/1/2014_art_gscerquei ra.pdf. Acesso em: 16/out/2020.
49
Wilker Marlon de Moraes Jesus; Tarcísio Neves da Cunha. Estudos das propriedades
farmacológicas da espinheira-santa e duas espécies adulterantes. Revista Saúde e Desenvolvimento.
Disponível em: https://www.uninter.com/
revistasaude/index.php/saudeDesenvolvimento/article/view/67. Acesso em: 16/out/2020.
41

3.5 GUACO

A Mikania glomerata Sprengel, conhecida popularmente como guaco, é


uma espécie nativa de lugares tropicais na América, Ásia e África. Comumente, é
utilizada no tratamento de afecções respiratórias ao agir como expectorante e
promover a dilatação dos brônquios. É igualmente conhecida por sua ação anti-
inflamatória.

Além disso, é uma planta trepadeira com ramos abundantes e lisos.


Tem bom desenvolvimento em solos com profundidade e boa drenagem e cresce
em climas tropicais ou temperados amenos.

A cumarina e o ácido caurenoico são alguns dos princípios ativos


encontrados no guaco. Um dos principais responsáveis pelas atividades
farmacológicas é a cumarina, que é a causadora do odor dessa planta. SANTOS
explica que “o doseamento desta substância é muito utilizado no controle da
qualidade de preparações extrativas contendo guaco”. 50

Muitos estudos têm sido realizados a fim de analisar toda contribuição


advinda da cumarina. Por intermédio dessas avaliações, percebeu-se que:

(...) apresentam atividade citotóxica, anti-HIV1 pela inibição da


transcriptase reversa, antifúngica, inseticida, vasodilatadora,
coronariana através da inibição da cAMP-fosfodiesterase e
anticoagulante, inibindo a formação de tromboxana nas plaquetas. 51

Assim, além do uso comumente conhecido de prevenção e tratamento


de asma e bronquite, em que o guaco é usado na forma de infusão ou xarope, é
também reconhecida a sua interação com anticoagulantes.
3.6 HORTELÃ

50
Sheila Cristina dos Santos. Caracterização cromatográfica de extratos medicinais de guaco:
Mikania laevigata Schulyz Bip. ex Baker e M. glomerata Sprengel e ação de M. laevigata na
inflamação alérgica pulmonar. Disponível em: http://siaibib01.univali.br/pdf/Sheila%20Cristina%20dos
%20Santos.pdf. Acesso em: 09/abr/2021.
51
K. E. Czelusniak et. al. Farmacobotânica, fitoquímica e farmacologia do guaco: revisão
considerando Mikania glomerata Sprengel e Mikania laevigata Schulyz Bip. ex Baker. Revista
Brasileira de Plantas Medicinais. Disponível em: https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1516-
05722012000200022&script= sci_arttext#nt*. Acesso em: 16/set/2020.
42

A hortelã pimenta pertence ao gênero Mentha, que é mundialmente


conhecido pelo seu principal constituinte, o mentol. As folhas da planta de hortelã
armazenam uma grande variedade de constituintes responsáveis por diversos
efeitos farmacológicos. De acordo com LEMOS JUNIOR e LEMOS, a hortelã é:

(...) utilizada como tempero em inúmeros pratos, como planta


medicinal em infusão e também fornece óleos essenciais que podem
ser extraídos da planta. Na fitoterapia, é indicada informalmente
como estimulante gástrico nas atonias digestivas, flatulências,
vômitos, vermífugo, cólicas uterinas, expectorante, antisséptico
bucal, aftas, infecções da boca (bochechos) e garganta (gargarejos),
tremores nervosos e calmante. 52

Os autores citados expõem que seu preparo é normalmente realizado


para a obtenção do chá de hortelã mediante a infusão das folhas da planta. Outra
apresentação mundialmente comercializada é o óleo essencial de hortelã que
fornece um aroma agradável ao ambiente e possui efeito calmante.

CARMONA 53 ensina que a hortelã e o alecrim, quando associados, são


poderosos protetores do sistema digestório e hepatobiliar. Pesquisas em animais
indicam a atividade da hortelã antiespasmódico do sistema digestório pelo fato de
que o mentol tem a capacidade de bloquear receptores de cálcio no sistema
muscular liso, impedindo, dessa forma, a contração muscular e contribuindo para o
tratamento de cólicas digestivas.

3.7 SALGUEIRO

A Salix alba L., conhecida popularmente como salgueiro, possui


características muito peculiares quando comparada às demais plantas medicinais
utilizadas na preparação de fitoterápicos. Suas características são muito
semelhantes aos demais fármacos que possuem atividade anti-inflamatória.

54
SOUZA et al. testificam que o salgueiro possui capacidade de inibir a
52
Hernani Pinto de Lemos Junior; André Luis Alves de Lemos. Hortelã. Revista Diagnóstico e
Tratamento. Disponível em: http://files. bvs.br/upload/S/1413-9979/2012/v17n3/a3102. Acesso em:
19/out/2020.
53
Fábio Carmona. Op. Cit. p. 11.
54
Raphael Souza et al. Biological effects of an aqueous extract of Salix alba on the survival of
43

enzima ciclooxigenase, responsável pela geração de prostaglandinas que atuam


favorecendo a formação da resposta imune, cuja consequência são os sintomas
típicos de febre e dor.

FIGURA 3. ESTRUTURA DOS COMPONENTES MAJORITÁRIOS DO


SALGUEIRO

Fonte: Brasil. Ministério da Saúde. Monografia da espécie Salix alba. Disponível em:
http://portalarquivos2.saude.gov.br/images/pdf/2017/setembro/11/Monografia-Salix-alba.pdf.
Acesso em: 19/out/2020. (c)

Os autores referenciados ainda informam que as contraindicações do


uso da planta medicinal também são relevantes para serem consideradas. As
prostaglandinas atuam protegendo o estômago da ação do suco gástrico de modo
que seu uso pode representar um perigo em pacientes que apresentam gastrite ou
úlceras gástricas.

3.8 UNHA-DE-GATO

A unha-de-gato, cientificamente chamada de Uncaria tomentosa, é


uma planta indígena da floresta Amazônica, mas também é encontrada em outras
regiões tropicais da América do Sul e Central. Ela pertence à família Rubiaceae e é
uma planta peruana.

Escherichia coli AB1157 cultures submitted to the action of stannous chloride. Biological Research.
Disponível em:
https://www.researchgate.net/publication/26804520_Biological_effects_of_an_aqueous
_extract_of_Salix_alba_on_the_survival_of_Escherichia_coli_AB1157_cultures_submitted_to_the_acti
on_of_stannous_chloride. Acesso em: 18/out/2020.
44

55
SIGRIST informa que da planta unha-de-gato são utilizadas as
folhas, a raiz e a casca dela. Popularmente, é conhecida por ser utilizada para tratar
gastrite, câncer, processos virais, desordens imunológicas, úlcera, artrite e
alterações no ciclo menstrual. Por conta de tanta aplicabilidade, a Uncaria
tomentosa é uma das plantas mais utilizadas medicinalmente. Dentre seus princípios
ativos, os alcaloides oxindólicos são os de maior interesse, visto que estudos
revelam que “têm o poder de estimular o sistema imunológico em até 50%,
induzindo, em todo o mundo, o amplo uso no tratamento da AIDS, do câncer e de
outras doenças que afetam o sistema imunológico”.

LIMA 56 afirma que as formas de uso e a aplicação mais comuns são as


cápsulas, o cozimento da casca e tintura ou extratos alcoólicos. A espécie começou
a ganhar destaque na década de 1970, quando diversas pesquisas feitas na Europa
comprovaram sua eficácia terapêutica. Outras pesquisas também foram
desenvolvidas em diversos pontos do globo, o que possibilitou que, na década de
1990, a unha-de-gato já começasse a ser utilizada como um tratamento auxiliar para
câncer, AIDS e outras doenças que acometem o sistema imunológico.

57
Conforme SIGRIST, diversas pesquisas têm se concentrado no
estudo das propriedades anti-inflamatórias da unha-de-gato, visto que ela apresenta
esteroides, princípios ativos antioxidantes e glicosídeos do ácido quinóvico. Tais
estudos legitimam o seu uso pelos indígenas para tratar reumatismo, inflamação
estomacal, dentre outras desordens.

No mundo inteiro, a unha-de-gato é empregada em diferentes


situações para tratar diversos casos. Atualmente, são reconhecidas cientificamente
suas propriedades analgésica, antioxidante, anti-inflamatória, antitumoral, antiviral,
antiproliferativa, citotóxica, diurética, dentre outras.

Em suma, discutiu-se sobre as propriedades terapêuticas de algumas

55
Sergio Sigrist. Unha-de-gato. Disponível em: https://www.ppmac.org/content/unha-de-gato. Acesso
em: 18/out/2020.
56
Ângela Lima. Índice Terapêutico Fitoterápico. 2013, p. 423.
57
Sergio Sigrist. Loc. Cit. Disponível em: https://www.ppmac.org/content/unha-de-gato. Acesso em:
18/out/2020.
45

espécies de plantas medicinais que são conhecidas por seu uso popular, esse
conhecimento é de extrema importância para o farmacêutico, tendo em vista que
esse profissional realiza o processo de fabricação de medicamentos fitoterápicos, a
prescrição e a orientação com base nesses conhecimentos.
46

CAPÍTULO IV. PESQUISA DE CAMPO

58
MARCONI e LAKATOS definem a pesquisa como um procedimento
formal e crítico cujos objetivos são responder a uma problemática específica,
descobrir novos fatos, conhecer um determinado fênomeno ou produzir novos
conhecimentos sobre uma área.

A partir da análise deste núcleo de pensamento das autoras, constata-


se que, por meio da realização de uma pesquisa, é possível atingir certo
conhecimento sobre uma área científica e responder a questões levantadas pelo
pesquisador de modo que a ciência possa avançar.

59
Conforme TARTUCE, uma pesquisa de campo é realizada com base
em procedimentos. Também denominada de estudo de campo neste estudo, é
precedida pelo referencial teórico. São realizados os processos de coleta de dados
de um determinado fênomeno, a fim de que seja feita a análise e respondida a
questão inicial.

A respeito da pesquisa de campo, entende-se que é realizada para que


a problemática seja respondida e os objetivos estabelecidos atingidos. Nesta fase do
estudo, é feita a coleta de dados por intermédio de observação, entrevistas ou
questionários. Os dados obtidos serão, então, interpretados e a pergunta inicial
respondida. Este tipo de pesquisa permite a compreensão dos fenômenos em seu
ambiente natural.

Em relação aos objetivos, a pesquisa se classifica como descritiva e,


quanto à abordagem, elaborou-se uma pesquisa qualitativa e quantitativa. De
acordo com TARTUCE:

Tem como intenção, em relação ao objeto relacionado à


problemática, observar, registrar, descrever, analisar e correlacionar
fatos sem a interferência do pesquisador. Visa descrever as
58
Marina de Andrade Marconi; Eva Maria Lakatos. Técnicas de pesquisa. 2003, p. 11.
59
Terezinha de Jesus Afonso Tartuce. Normas técnicas para trabalhos acadêmicos. 2019, p. 71.
47

características de uma determinada população ou fênomeno ou,


ainda, estabelecer relações entre as variáveis, recorrendo a técnicas
padronizadas de coleta como o questionário ou a observação
sistemática. 60

Abordando esse assunto, a pesquisa descritiva tem como finalidade a


descrição de características de uma realidade de modo que seja possível estabecer
uma relação entre a problemática com o fênomeno pesquisado por meio da
aplicação de instrumentos de coleta de dados padronizados.

4.1 MÉTODO DA PESQUISA

TARTUCE 61 ensina que o método é uma forma segura inventada pelos


pesquisadores para obter controle sobre os fatos que envolvem um fato ou
fênomeno e, assim, adequar o processo de análise e interpretação deles.

Ainda nessa perspectiva, salienta-se que o método envolve a aplicação


de um conjunto de procedimentos sistemáticos e racionais na pesquisa para que
seja possível a obtenção da resposta da problemática.

A aplicação do método científico tem o propósito de garantir que a


pesquisa ocorra da maneira mais segura e confiável possível, seguindo todos os
preceitos éticos e economizando o tempo do pesquisador.

Para a realização deste estudo, foram aplicados os métodos


quantitativo e qualitativo para a coleta e análise dos dados. Conforme a referida
teórica, esses métodos não são opostos um ao outro, mas complementares.

62
TARTUCE define que o método quantitativo utiliza técnicas
estatísticas a fim de mensuar opiniões e informações, enquanto o método qualitativo
possibilita ao pesquisador a interpretação do objeto de pesquisa por diversas
perspectivas, tratando com a subjetividade que envolve o fênomeno e permitindo
que o pesquisador tenha uma aproximação do fato pesquisado.

60
Terezinha de Jesus Afonso Tartuce. Op. Cit. p. 62.
61
Idem. Ibidem. p. 34.
62
Idem. Ibidem. p. 59-60.
48

O método quantitativo foi aplicado por meio da aplicação de


questionário com clientes de farmácias que fazem uso de medicamentos
63
fitoterápicos ou plantas medicinais. MARCONI e LAKATOS conceituam que as
funções do questionário são descrever as características e mensurar algumas
variáveis de uma população.

O questionário aplicado contém oito perguntas abertas e fechadas, e


esse método foi escolhido porque, conforme as autoras mencionadas, possibilita ao
pesquisador colher mais informações sobre o assunto.

Em relação a aplicação da pesquisa qualitativa, MARCONI e LAKATOS


64
destacam que a entrevista é a técnica de excelência utilizada para esse método.
As entrevistas foram aplicadas com farmacêuticos com o propósito de determinar o
conhecimento deles sobre a atuação dos fitoterápicos.

65
Corroborando as colocações das autoras, TARTUCE explica que a
técnica da entrevista não se assemelha a do questionário, principalmente por ter
como base o contato pessoal com os entrevistados. Esse tipo de instrumento trata
dos dados que não são mensuráveis.

66
Ainda sobre a entrevista, TARTUCE enfatiza que a aplicação dessa
técnica precisa que alguns requisitos sejam cumpridos, como a apresentação do
Termo de Consentimento Livre Esclarecido. Este documento é utilizado para garantir
ao participante a confidencialidade das suas respostas e é apresentado
integralmente para todos os entrevistados. Sua função também é atuar como um
convite para a participação na pesquisa, além de assegurar o anonimato das
respostas.

Dessa forma, compreende-se que a entrevista é utilizada para obter


informações sobre a subjetividade dos sujeitos, o que eles sabem, desejam, creem e
sentem. Por meio desse contato mais próximo, o pesquisador consegue obter
63
Marina de Andrade Marconi; Eva Maria Lakatos. Op. Cit. p. 98.
64
Terezinha de Jesus Afonso Tartuce. Op. Cit. p. 93.
65
Idem. Ibidem. p. 143.
66
Idem. Ibidem. p. 143.
49

informações que vão além daquelas obtidas nas respostas dos participantes.

4.2 UNIVERSO DA PESQUISA

A pesquisa quantitativa foi realizada entre os dias 10 a 25 de março de


2021, no munícipio de Fortaleza, por meio da elaboração de um formulário online
pertencente a a plataforma Google, os quais foram enviados aos participantes por e-
mail e comunidades em redes sociais, tais como Facebook, Whatsapp.

Para a pesquisa qualitativa foram realizadas entrevistas com um


roteiro que consiste em sete questões relativas às experiências e aos
conhecimentos sobre a orientação e dispensação de fitoterápicos e plantas
medicinais. Foi aplicada com farmacêuticos de farmácias comerciais no
município de Fortaleza. As entrevistas foram realizadas de acordo com todos os
protocolos de segurança estabelecidos para evitar a contaminação do COVID-
19.

4.3 PERFIL DO SUJEITO

As entrevistas foram realizadas com cinco farmacêuticos que


trabalham em farmácia comercial e atendem pacientes ou clientes compradores
de fitoterápicos. Todos os entrevistados atuam há, pelo menos, um ano no
mercado de trabalho, três deles possuem especialização, e todos estão
associados ao conselho de classe.

O questionário contém oito questões, das quais quatro são


sociodemográficas, para a construção do perfil do sujeito, e quatro referem-se ao
uso de plantas medicinais e fitoterápicos, foi respondido por 100 participantes,
dos quais 75 afirmaram já ter feito uso de plantas medicinais e fitoterápicos.

Além disso, 68% desse total são do gênero feminino, e 47% dos
participantes pertencem à faixa etária de 20 a 29 anos. Em relação ao nível de
escolaridade, 67% indicaram possuir o ensino superior.
50

4.4 APRESENTAÇÃO DOS DADOS – QUESTIONÁRIO


GRÁFICO 1. FITOTERÁPICOS JÁ UTILIZADOS

Eucalipto 5%
Alfavaca 3%
Camomila 5%
Hedera Helix 20%
Guaco 12%
Capim Santo 3%
Cidreira 2%
Valeriana 5%
Mastruz 30%
Hortelã 5%
Babosa/Aloe Vera 10%
0% 5% 10% 15% 20% 25% 30% 35%

O Gráfico 1. apresenta os fitoterápicos e as plantas mais utilizados


pelos pacientes. É importante perceber a variação de plantas citadas, dentre as
quais se destacam o fitoterápico à base de Hedera Helix, indicado por 20% dos
respondentes, feito com a planta popularmente conhecida como hera e por ser
um expectorante. A maior porcentagem (30%) ficou com o mastruz, uma planta
popularmente conhecida para o tratamento de inflamações e problemas
intestinais. Das plantas medicinais apresentadas no Capítulo 3, foram indicadas
pelos respondentes 3 espécies: o guaco (12%), a aloe vera (10%) e a hortelã
(5%).

GRÁFICO 2. DOENÇA PARA QUAL USOU O FITOTERÁPICO


51

30%
37%

10%

10% 13%

Gripe/Tosse/Crise Alérgica Dores no Estômago/Gastrite Ansiedade Cicatrização Inflamação

Ao serem questionados sobre o que motivou o uso do fitoterápicos


ou plantas medicinais, os respondentes indicaram alguns sintomas ou doenças,
dos quais 30% mencionaram inflamação, o que, de certa forma, é esperado, já
que a planta medicinal de maior porcentagem foi o mastruz, que é conhecida
principalmente por tratar de inflamações.

A maior porcentagem (37%) corresponde à gripe, tosse ou crise


alérgica, problemas respiratórios em geral, que pode ter sido indicado pelos
questionados que utilizaram Hedera helix, guaco, eucalipto ou hortelã, pois são
plantas conhecidas no tratamento de problemas respiratórios.

GRÁFICO 3. RESPONSÁVEL PELA INDICAÇÃO


52

8%

16%

4%

72%

Clínico-geral Farmacêutico Enfermeiro Familiares/Amigos

O Gráfico 3. demonstra quem foram os responsáveis pela indicação


do fitoterápico ou planta medicinal. Assim, 72% citaram familiares e amigos, um
dado de certa forma esperado, haja vista que o uso de plantas medicinais para o
tratamento de doenças é típico da cultura brasileira, e 16% marcaram que o
farmacêutico foi o responsável pela indicação, algo que não surpreende, porque
esse é o profissional detentor do conhecimento sobre os estudos da fitoterapia e,
segundo a legislação, aquele com capacidade para a dispensação.

GRÁFICO 4. ONDE COMPRA OU ADQUIRE O FITOTERÁPICO


53

16% 16%

16%

28%

24%

Horta Casa de Produtos Naturais Em casa Farmácia Mercado de Plantas Medicinais

O Gráfico 4. revela que os principais locais onde os questionados


adquirem os fitoterápicos e plantas medicinais. O mais mencionado foi a
farmácia (28%). Em seguida, 24% indicaram que conseguem as plantas em
casa, o que não surpreende, visto que muitos fazem uso delas por indicação de
familiares.

GRÁFICO 5. RECEBEU ORIENTAÇÃO DO FARMACÊUTICO

28%

72%

Sim Não
54

Ao serem questionados sobre receberem orientação quanto ao uso


dos fitoterápicos, o Gráfico 5. indica que apenas 28% que adquiriram o
medicamento na farmácia obtiveram orientação dos farmacêuticos. O restante,
por utilizarem sem indicações de profissionais da área da saúde e obterem o
fitoterápico e plantas medicinais em outros locais, não tiveram essa orientação.

4.5 ANÁLISE DOS DADOS

Com base nos dados coletados, foi possível observar que os pacientes
citaram uma grande variedade de plantas medicinais que utilizam para o tratamento
de doenças ou para tratar alguns sinais e sintomas específicos, no total foram
citadas 10 plantas medicinais e 3 medicamentos fitoterápicos, sendo eles: a
Valeriana, o Xarope de Hedera Helix e o Xarope de Guaco.

A maioria dos participantes que utilizam as plantas medicinais e os


medicamentos fitoterápicos, o fazem para tratar problemas no trato respiratório,
como: gripe, tosse e crise alérgica. Outros problemas frequentemente citados foi
inflamação, indicado principalmente pelas pessoas que fazem uso de mastruz, e
problemas no trato gastrointestinal, que podem ser tratados com diversas plantas
citadas pelos questionados.

Foi possível notar, por intermédio dos dados, que a maioria dos
participantes (72%) utilizava o medicamento por indicação de familiares e amigos. É
de conhecimento geral, que o uso das plantas medicinais como forma de tratamento
de algumas doenças, é em sua maioria fruto da cultura e da tradição de um povo,
assim, as informações sobre as plantas acabam por serem transmitidas de geração
a geração dentro das famílias, ou em uma conversa com amigos.

Outro dado importante é que o farmacêutico foi o segundo mais


indicado como responsável pela indicação, essa atuação do profissional é
importante, pois pela legislação esse profissional é quem detém o conhecimento
sobre as pesquisas com plantas medicinais, a fabricação de fitoterápicos, bem como
todo o processo de registro.
55

Com relação ao local de compra do medicamento fitoterápico ou da


planta medicinal, a maioria dos questionados indicaram a farmácia como local de
compra (28%), seguido de pessoas tem acesso as plantas em casa mesmo (24%). É
importante ressaltar que a quantidade de questionados que tem plantas medicinais
em casa não surpreende, tendo em vista que é uma prática cultural comum.

Dentre os participantes, apenas aqueles que compraram o


medicamento fitoterápico na farmácia (28%), indicaram terem recebido algum tipo de
orientação farmacêutica sobre o uso correto e racional do fitoterápico.

4.6 APRESENTAÇÃO DAS ENTREVISTAS

Primeira Entrevista
Nome: Karine Queiroz de Almeida.
Formação: Pós-graduação em Análises Clínicas e Toxicológicas.
CRF: 6937.
Data da Entrevista: 15/03/2021

Jonhes: Na sua concepção, como tem ocorrido a orientação farmacêutica quanto ao


uso de fitoterápicos e plantas medicinais?

Karine: A assistência farmacêutica sempre busca terapêuticas adequadas para


cada patologia, e dentre as melhores opções estão os fitoterápicos, os quais tem
baixos riscos de reações adversas e são medicamentos naturais e com eficácia
comprovada.

Jonhes: Na maioria das vezes, o que tem sido feito para uma dispensação
responsável de fitoterápicos e plantas medicinais?

Karine: Anamnese adequada do paciente, observando seu quadro clínico e


adequando a melhor terapêutica.

Jonhes: Em relação aos pacientes que fazem uso de fitoterápicos e plantas


medicinais, eles já relataram alguma reação adversa relacionada ao uso do
56

medicamento sem orientação farmacêutica?


Karine: Como são medicamentos à base de extratos plantas medicinais, os riscos
são bem menores, raramente apresentam reações.

Jonhes: Com base na sua experiência, quais os problemas mais frequentemente


relatados quanto ao uso de fitoterápicos e plantas medicinais?

Karine: Geralmente, precisam de doses maiores e maior tempo de tratamento.

Jonhes: No seu entendimento, o profissional farmacêutico está preparado para a


orientação farmacêutica voltada para o uso racional de fitoterápicos e plantas
medicinais?

Karine: Sem dúvidas, estamos cientes de todos os benefícios do uso desses


medicamentos. Os farmacêuticos são profissionais capacitados para fazer a
dispensação e a orientação quanto à posologia adequada para cada patologia ou
quadro clínico.

Jonhes: Na sua concepção, como o profissional farmacêutico pode atuar a fim de


contribuir para o uso racional de plantas medicinais e fitoterápicos?

Karine: Buscando acompanhar de perto a terapêutica dos seus pacientes, visando a


melhores resultados, orientando quanto ao uso racional e dosagem para que a
eficácia seja comprovada.

Jonhes: Conforme o seu entendimento, existe diferença entre fitoterápicos e plantas


medicinais?

Karine: Sim. Medicamentos fitoterápicos são feitos de extratos de plantas


medicinais, são processados e preparados para consumo. Já as plantas medicinais
são insumos utilizados de forma menos elaborada, sem dosagens específicas, como
os chás, por exemplo, diferentemente de xaropes e comprimidos fitoterápicos.

Segunda Entrevista
57

Nome: Marcílio dos Santos Araújo.


Formação: Especialista em Atenção Farmacêutica e Farmácia Clínica.
CRF: 4806.
Data da Entrevista: 17/03/2021

Jonhes: Na sua concepção, como tem ocorrido a orientação farmacêutica quanto ao


uso de fitoterápicos e plantas medicinais?

Marcílio: A orientação farmacêutica vem crescendo a cada dia. Esta deve ser
pautada em princípios éticos e legais, para que possa ser responsável e racional. Na
maioria das vezes, essa orientação é feita de maneira muito rápida, ali mesmo no
balcão, onde o profissional não garante privacidade para o paciente. Sabemos que
isso está longe de ser o ideal, mas as grandes redes de farmácia já possuem um
consultório próprio para o farmacêutico fazer uma consulta farmacêutica adequada
bem como prestar uma orientação com mais atenção, de forma individual.

Jonhes: Na maioria das vezes, o que tem sido feito para uma dispensação
responsável de fitoterápicos e plantas medicinais?

Marcílio: A capacitação frequente e contínua do profissional farmacêutico tem sido


um dos pilares para fomentar a dispensação e orientação ao usuário de fitoterápicos
e plantas medicinais.

Jonhes: Em relação aos pacientes que fazem uso de fitoterápicos e plantas


medicinais, eles já relataram alguma reação adversa relacionada ao uso do
medicamento sem orientação farmacêutica?

Marcílio: Sim, uma paciente me relatou que fez uso de Gingko biloba por indicação
de conhecidos e, com pouco tempo de uso, em uma consulta de rotina, percebeu
um aumento significativo da pressão arterial. Os níveis pressóricos normalizaram
quando ela parou de tomar o Ginkgo biloba.

Jonhes: Com base na sua experiência, quais os problemas mais frequentemente


relatados quanto ao uso de fitoterápicos e plantas medicinais?
58

Marcílio: Os problemas mais comuns são as reações adversas. Por exemplo, no


uso de Castanha-da-Índia, sobretudo para hemorroida, o surgimento de distúrbios
gastrointestinais tem sido relatado com frequência. Outro exemplo comum foi o que
citei acima, o uso do Ginkgo biloba. Essa reação adversa tem sido bem mais comum
do que a gente imagina.

Jonhes: No seu entendimento, o profissional farmacêutico está preparado para a


orientação farmacêutica voltada para o uso racional de fitoterápicos e plantas
medicinais?

Marcílio: Sim, o farmacêutico tem propriedade para fazer uma orientação adequada
e racional de fitoterápicos e plantas medicinais.

Jonhes: Na sua concepção, como o profissional farmacêutico pode atuar a fim de


contribuir para o uso racional de plantas medicinais e fitoterápicos?

Marcílio: O farmacêutico deve sempre buscar crescimento profissional, com pós-


graduações, cursos e seminários, a fim de ter bagagem para desenvolver uma
orientação adequada e segura para o paciente. Além disso, é necessário que se
faça, antes de qualquer indicação, uma anamnese para ver se o uso realmente é
necessário. Assim, o farmacêutico deve passar informações claras e objetivas para
que o paciente faça o uso seguro e racional.

Jonhes: Conforme o seu entendimento, existe diferença entre fitoterápicos e plantas


medicinais?

Marcílio: Sim, o fitoterápico é o produto final, medicamento preparado


exclusivamente com matéria-prima ativa vegetal, e a planta medicinal é uma espécie
vegetal que apresenta propriedades terapêuticas que podem ser utilizadas nas
formas de chás (infusão e decocção), in natura, tinturas, unguentos, cataplasmas,
dentre outras.

Terceira Entrevista
59

Nome: Ana Carolina Caminha Fiuza Silveira


Formação: Bacharel em Farmácia
CRF: 4205
Data da Entrevista: 17/03/2021

Jonhes: Na sua concepção, como tem ocorrido a orientação farmacêutica quanto ao


uso de fitoterápicos e plantas medicinais?

Ana: A orientação tem ocorrido de maneira incompleta, sem registro ou orientação


formal/escrita. Esse fato expõe o paciente ao mau uso dos fitoterápicos e plantas
medicinais.

Jonhes: Na maioria das vezes, o que tem sido feito para uma dispensação
responsável de fitoterápicos e plantas medicinais?

Ana: Na maioria das vezes, não há uma dispensação ideal. A orientação


responsável deve conter uma boa anamnese, correlação com os sintomas e sinais
coletados e uma orientação formal, prescrita.

Jonhes: Em relação aos pacientes que fazem uso de fitoterápicos e plantas


medicinais, eles já relataram alguma reação adversa relacionada ao uso do
medicamento sem orientação farmacêutica?

Ana: Não há casos relevantes para descrever em minha rotina. Houve casos
pontuais de paciente fazendo uso de canela e gengibre na dieta que obtiveram
aumento na pressão arterial. Consegui identificar e sugerir mudanças.

Jonhes: Com base na sua experiência, quais os problemas mais frequentemente


relatados quanto ao uso de fitoterápicos e plantas medicinais?

Ana: A falta de padronização de plantas medicinais configura um grande problema,


visto que o paciente não tem orientação quanto à quantidade segura de planta ou
partes da planta que se pode utilizar. Outro problema é a crença de que fitoterápico
não tem efeito ruim porque tem origem natural. Ambos os comportamentos
60

oferecem risco à saúde.

Jonhes: No seu entendimento, o profissional farmacêutico está preparado para a


orientação farmacêutica voltada para o uso racional de fitoterápicos e plantas
medicinais?

Ana: Infelizmente, não. É necessário difundir e incentivar essa prática. Acredito que
a modalidade alopática prevalece nas prescrições devido a questões comerciais.
Falta também um foco maior na grade curricular quanto ao uso desses
medicamentos.

Jonhes: Na sua concepção, como o profissional farmacêutico pode atuar a fim de


contribuir para o uso racional de plantas medicinais e fitoterápicos?

Ana: Cabe ao farmacêutico promover o uso racional deles. O uso racional consiste
em fazer a orientação de uso seguro após a anamnese. Somente após o
levantamento de condições de risco associadas e os medicamentos em uso do
paciente, é possível formular a orientação. Deve-se levar em conta a interação dos
princípios ativos dos fitoterápicos e/ou plantas medicinais com as condições do
cliente e orientá-lo quanto ao risco de superdosagem caso opte pelo uso da planta
bruta para o seu tratamento. Em caso de uso da planta medicinal, é interessante o
farmacêutico especificar a quantidade e a forma a ser utilizada detalhadamente por
escrito.

Jonhes: Conforme o seu entendimento, existe diferença entre fitoterápicos e plantas


medicinais?

Ana: Sim. Entendo que fitoterápico seja o medicamento produzido a partir de uma
planta medicinal. Isso significa dizer que ele possui padronização de ativos, dose e
posologia estabelecida. Enquanto a planta medicinal é o insumo bruto obtido da
natureza, cujo teor de princípios ativos pode variar conforme diversos fatores, como
clima, solo, cultivo, etc.

Quarta Entrevista
61

Nome: Luana Èrika Tavares Mororó.


Formação: Bacharel em Farmácia.
CRF: 8190.
Data da Entrevista: 23/03/2021
Jonhes: Na sua concepção, como tem ocorrido a orientação farmacêutica quanto ao
uso de fitoterápicos e plantas medicinais?

Luana: Vem sendo cada vez mais presente, tendo em vista o seu melhor
custo/benefício e sua eficácia comprovada.

Jonhes: Na maioria das vezes, o que tem sido feito para uma dispensação
responsável de fitoterápicos e plantas medicinais?

Luana: Orientação farmacêutica. É de grande importância que haja uma orientação


farmacêutica nesses casos, pois sabemos que fitoterápicos também possuem
toxicidade que podem variar de moderada a grave, além de possíveis interações
com outros fármacos.

Jonhes: Em relação aos pacientes que fazem uso de fitoterápicos e plantas


medicinais, eles já relataram alguma reação adversa relacionada ao uso do
medicamento sem orientação farmacêutica?

Luana: Sim. É comum relatos sobre efeitos adversos após o uso indiscriminado de
fitoterápicos.

Jonhes: Com base na sua experiência, quais os problemas mais frequentemente


relatados quanto ao uso de fitoterápicos e plantas medicinais?

Luana: Espasmos musculares, desconfortos gástricos, arritmias cardíacas.

Jonhes: No seu entendimento, o profissional farmacêutico está preparado para a


orientação farmacêutica voltada para o uso racional de fitoterápicos e plantas
medicinais?
62

Luana: Sim, porém é muito importante a constante atualização de seus


conhecimentos.

Jonhes: Na sua concepção, como o profissional farmacêutico pode atuar a fim de


contribuir para o uso racional de plantas medicinais e fitoterápicos?

Luana: Através da orientação e assistência farmacêutica, diminuindo, assim, os


possíveis danos que esses insumos podem causar quando utilizados de forma
errada.

Jonhes: Conforme o seu entendimento, existe diferença entre fitoterápicos e plantas


medicinais?

Luana: Existe. O fitoterápico é feito a partir de plantas com algum efeito medicinal
por meio de um processo industrial. Já as plantas medicinais são utilizadas como
medicamentos sem esse processo industrializado, por meio de preparações mais
simples, como uma infusão.

Quinta Entrevista
Nome: Rafael Barreira Pinheiro.
Formação: Especialização em Farmácia Clínica e Prescrição Farmacêutica.
CRF: 3633.
Data da Entrevista: 23/03/2021

Jonhes: Na sua concepção, como tem ocorrido a orientação farmacêutica quanto ao


uso de fitoterápicos e plantas medicinais?

Rafael: Acredito que ainda possa melhorar e aumentar bastante, devido ao aumento
dos mercados de produtos naturais e fitoterápicos.

Jonhes: Na maioria das vezes, o que tem sido feito para uma dispensação
responsável de fitoterápicos e plantas medicinais?

Rafael: Constante atualização e estudo dos profissionais em relação aos


63

medicamentos fitoterápicos; tendo o cuidado na dispensação ao paciente em


relação às contraindicações, interações medicamentosas e doses terapêuticas
seguras.

Jonhes: Em relação aos pacientes que fazem uso de fitoterápicos e plantas


medicinais, eles já relataram alguma reação adversa relacionada ao uso do
medicamento sem orientação farmacêutica?

Rafael: Sim.

Jonhes: Com base na sua experiência, quais os problemas mais frequentemente


relatados quanto ao uso de fitoterápicos e plantas medicinais?

Rafael: Desconforto abdominal, diarreia, alterações hepáticas e, até mesmo,


inefetividade no tratamento dos problemas de saúde, principalmente quando o
paciente recorre a tais produtos em feiras livres, onde não tem como se atestar a
qualidade e autenticidade dos fitoterápicos.

Jonhes: No seu entendimento, o profissional farmacêutico está preparado para a


orientação farmacêutica voltada para o uso racional de fitoterápicos e plantas
medicinais?

Rafael: Em sua grande maioria, não.

Jonhes: Na sua concepção, como o profissional farmacêutico pode atuar a fim de


contribuir para o uso racional de plantas medicinais e fitoterápicos?

Rafael: Constante atualização do profissional, que o habilite ao treinamento e


orientação às equipes de vendas.

Jonhes: Conforme o seu entendimento, existe diferença entre fitoterápicos e plantas


medicinais?

Rafael: Fitoterápicos são medicamentos obtidos com emprego exclusivo de


64

matérias-primas ativas vegetais, enquanto plantas medicinais se tratam de uma


espécie vegetal utilizada com propósito terapêutico.

4.7 ANÁLISE DOS RESULTADOS

Com os dados obtidos pelas entrevistas, foi possível perceber que é


comum o tratamento de alguns sintomas e doenças com o uso de plantas medicinais
e fitoterápicos, mesmo sem a indicação médica ou farmacêutica.

Em relação à forma como a orientação ocorre, os entrevistados


destacaram que ela tem acontecido, porém ainda há necessidade de evolução, pois
ocorre de maneira incompleta, rápida e sem registros escritos, o que pode fazer com
que o paciente não absorva ou tenha acesso a todas as informações necessárias
para consumir seguramente os fitoterápicos ou as plantas medicinais.

A dispensação ainda não ocorre de maneira ideal, segundo os relatos


dos profissionais. Entretanto, tem-se buscado realizar uma anamnese farmacêutica,
a fim de efetuar a correlação entre os sintomas e o medicamento prescrito e adequar
a terapêutica, caso necessário.

Sobre os relatos de reações adversas com o uso de fitoterápicos sem


orientação, todos os farmacêuticos presenciaram tais casos, porém alguns alegaram
que, em sua maioria, não eram tão relevantes, apenas casos pontuais relacionados
ao uso de canela, gengibre e Gingko biloba.

Os problemas frequentemente relatados são espasmos musculares,


distúrbios gastrointestinais, arritmias cardíacas e aumento de pressão arterial.
Alguns dos pontos destacados como problemas por uma das farmacêuticas são a
falta de padronização no uso de plantas medicinais e a crença de que, por serem
derivados de plantas, não apresentam riscos à saúde.

No que tange ao preparo do farmacêutico para a orientação do uso de


fitoterápicos, dois entrevistados responderam negativamente, pois acreditam ainda
ser necessário mais incentivo para o estudo dessa prática e ser precisa a
65

atualização dos estudos dos farmacêuticos. Os outros três afirmaram que esse
profissional está sim preparado, porém precisam estudar mais sobre a dispensação
e a orientação farmacêutica voltada a esses medicamentos.

Referente ao modo de como o profissional deve promover o uso


racional de fitoterápicos e plantas medicinais, os profissionais devem acompanhar a
terapêutica dos pacientes, atuar na orientação sobre a dosagem e realizar a
anamnese adequada. Assim, eles contribuem para diminuir possíveis efeitos ou
reações adversas decorrentes do uso desses produtos.

Um ponto importante destacado pelos farmacêuticos é a necessidade


de atualização profissional por meio de especializações, cursos e seminários
voltados para a temática que podem contribuir para a atuação profissional.

Os entrevistados afirmaram que há diferença entre fitoterápicos e


plantas medicinais e explicaram que as plantas são o insumo para a elaboração e a
fabricação do fitoterápico.
66

CONCLUSÃO

O uso de plantas medicinais para o tratamento de enfermidades


sempre existiu na história da humanidade, e o surgimento da fitoterapia tem como
base essa tradição. Os fitoterápicos são medicamentos cuja base são as plantas
medicinais e são utilizados por conta do conhecimento sobre os benefícios delas
para o tratamento e a cura de algumas doenças.

Atualmente, ainda é comum o uso de plantas para o tratamento de


enfermidades. No entanto, com o surgimento dos fitoterápicos, houve a necessidade
de regularização dessa prática e a da atuação do profissional mais adequado para
gerir esses medicamentos, que é o farmacêutico.

De acordo com a pesquisa, identificou-se que o uso de medicamentos


fitoterápicos e plantas medicinais são bastante comuns no tratamento de sintomas
ou doenças respiratórias.

Por esse motivo, é fundamental a interferência do farmacêutico para


assegurar o uso correto dessas substâncias, especialmente considerando que a
maioria faz uso de tais plantas sem orientação, apenas com a indicação de
familiares.

Em relação à problemática, considera-se que ela está de acordo com


os dados de pesquisa de que o farmacêutico deve atuar na dispensação desses
medicamentos com o foco na realização de uma boa anamnese e orientação
farmacêutica de modo que seja possível informar ao paciente sobre os possíveis
67

problemas decorrentes do uso de fitoterápicos e plantas medicinais e efetuar ajustes


necessários à terapêutica.

Apesar disso, os entrevistados relataram que a atuação precisa


melhorar consideravelmente, haja vista que ela é breve e, muitas vezes, ocorre sem
que haja registros de dados a fim de que seja possível correlacionar sinais e
sintomas que o paciente apresenta com o uso dos medicamentos.
Ademais, devido à brevidade dessa orientação, é comum que o
paciente não absorva todas as informações necessárias, principalmente por
considerar que o medicamento fitoterápico, por ser derivado de plantas medicinais,
não representa um risco à saúde.

Para combater esse problema, os entrevistados destacaram que os


farmacêuticos devem investir em especializações que ofereçam subsídios para
garantir que a dispensação de fitoterápicos ocorra adequadamente.

Quanto ao objetivo, considera-se que foi atingido, uma vez que foi
possível extrair das explanções dos entrevistados que a atuação do farmacêutico é
essencial para garantir o uso seguro e racional de fitoterápicos e plantas medicinais,
porque esse profissional detém o conhecimento e as informações acerca dos efeitos
e problemas decorrentes desses produtos.

Conclui-se, então, que o uso correto dos fitoterápicos e das plantas


medicinais é alcançado quando ocorre a dispensação correta do medicamento com
a realização de uma anamnese farmacêutica e uma orientação adequada.
68

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LEMOS JUNIOR, Hernani Pinto de; LEMOS, André Luis Alves de. Hortelã. Revista
Diagnóstico e Tratamento. Disponível em: http://files. bvs.br/upload/S/1413-
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LIMA, Michelle Limonge. Registro de medicamentos fitoterápicos no Brasil.


Disponível em:
https://www.arca.fiocruz.br/bitstream/icict/25627/2/michelle_limonge.pdf. Acesso em:
11/set/2020.

MORAES JESUS, Wilker Marlon de Moraes; CUNHA, Tarcísio Neves da. Estudos
das propriedades farmacológicas da espinheira-santa e duas espécies adulterantes.
Revista Saúde e Desenvolvimento. Disponível em: https://www.uninter.com/
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16/out/2020.

OMS - Organização Mundial da Saúde. Alma Ata: Cuidados Primários de Saúde.


Disponível em:
https://apps.who.int/iris/bitstream/handle/10665/39228/9241800011_p
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em: 04/set/2020. (a)

______. Estratégia da OMS sobre medicina tradicional 2002-2005. Disponível em:


http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/op000023.pdf. Acesso em:
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de guaco: Mikania laevigata Schulyz Bip. ex Baker e M. glomerata Sprengel e ação
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http://siaibib01.univali.br/pdf/Sheila%20Cristina%20dos%20Santos.pdf. Acesso em:
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TEIXEIRA, João Batista Picinni Teixeira et al. A Fitoterapia no Brasil: da Medicina


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https://www.ufjf.br/proplamed/files/2012/04/A-Fitoterapia-no-Brasil-da-Medicina-
Popular.pdf. Acesso em: 04/set/2020.

APÊNDICE I. CARTA DE APRESENTAÇÃO DO QUESTIONÁRIO

Prezado(a) Senhor(a),

Estou lhe convidando a participar da pesquisa intitulada: Orientação


Farmacêutica Quanto ao Uso Racional de Fitoterápicos e Plantas Medicinais. Esse
estudo está sendo desenvolvido por mim, Jonhes Conrado Nobre, graduando em
Farmácia do Instituto de Ensino Superior de Fortaleza – IESF, sob orientação do
Prof. Esp. Daniel Rodrigues dos Santos Filho.

Suas respostas serão utilizadas exclusivamente para fins científicos.


Asseguro manter a integridade e o sigilo quanto às informações prestadas. Garanto
que os dados serão anonimizados e não serão divulgadas informações que estejam
relacionadas à sua intimidade. Caso aceite participar, não haverá qualquer prejuízo
em face das informações fornecidas.

Sua participação e colaboração são imprescindíveis, além de permitir


ampliar a compreensão sobre o tema em estudo.

Atenciosamente,
73

___________________________________

Jonhes Conrado Nobre


74

APÊNDICE II. QUESTIONÁRIO

1. Sexo:
( ) Masculino. ( ) Feminino.

2. Faixa etária:
( ) 20 a 29 anos.
( ) 30 a 39 anos.
( ) 40 a 49 anos.
( ) 50 a 59 anos.
( ) Acima de 59 anos.

3. Grau de instrução:
( ) Ensino fundamental.
( ) Ensino médio.
( ) Graduação.

4. Já fez ou faz uso de algum tipo de fitoterápico ou planta medicinal para tratar
alguma doença?
( ) Sim.
( ) Não.

Se sim, indique qual: _____________________________________.

5. Para que tipo de doença usou esse fitoterápico ou planta medicinal??


______________________________________________________________.

6. Quem foi o responsável pela prescrição ou indicação do fitoterápico ou planta


medicinal?
( ) Clínico geral.
( ) Farmacêutico.
( ) Enfermeiro.
( ) Amigos ou familiares.
75

7. Onde compra ou adquire o fitoterápico ou planta medicinal?

______________________________________________________________.

8. Recebeu alguma orientação do farmacêutico sobre o uso de fitoterápicos ou


plantas medicinais?

( ) Sim. ( ) Não.
76

APÊNDICE III. TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E


ESCLARECIDO

Eu, _______________________________________, declaro, para os devidos fins,


ter sido informado verbalmente e por escrito, de forma suficiente, a respeito da
pesquisa: Orientação Farmacêutica Quanto ao Uso Racional de Fitoterápicos e
Plantas Medicinais. A pesquisa será conduzida por Jonhes Conrado Nobre, aluno do
Curso de Bacharelado em Farmácia do Instituto de Ensino Superior de Fortaleza –
IESF, orientado pelo Prof. Esp. Daniel Rodrigues dos Santos Filho. Estou ciente de
que minhas respostas serão utilizadas apenas para fins científicos, observando os
princípios éticos da pesquisa científica e seguindo os procedimentos de sigilo e
discrição. Fui esclarecido sobre os propósitos da pesquisa, os procedimentos que
serão utilizados e a garantia do anonimato e de esclarecimentos constantes, além
de ter o meu direito assegurado de interromper a minha participação no momento
que achar necessário.

Fortaleza, ___ de março de 2021.

_____________________________________________
Assinatura do participante
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APÊNDICE IV. ROTEIRO DAS ENTREVISTAS COM OS


FARMACÊUTICOS

Nome:
Formação:
CRF:

1. Na sua concepção, como tem ocorrido a orientação farmacêutica quanto ao


uso de fitoterápicos e plantas medicinais?
2. Na maioria das vezes, o que tem sido feito para uma dispensação
responsável de fitoterápicos e plantas medicinais?
3. Em relação aos pacientes que fazem uso de fitoterápicos e plantas
medicinais, eles já relataram alguma reação adversa relacionada ao uso do
medicamento sem orientação farmacêutica?
4. Com base na sua experiência, quais os problemas mais frequentemente
relatados quanto ao uso de fitoterápicos e plantas medicinais?
5. No seu entendimento, o profissional farmacêutico está preparado para a
orientação farmacêutica voltada para o uso racional de fitoterápicos e plantas
medicinais?
6. Na sua concepção, como o profissional farmacêutico pode atuar a fim de
contribuir para o uso racional de plantas medicinais e fitoterápicos?
7. Conforme o seu entendimento, existe diferença entre fitoterápicos e plantas
medicinais?
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