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COMPLEMENTAR
FARMÁCIA
CLÍNICA
RESUMOS
SUMÁRIO
5. MÉTODO CLÍNICO E
CONSULTA FARMACÊUTICA..................................................................................... 18
5.1 Método Clínico do Cuidado Farmacêutico.....................................................................................18
5.2 Detecção de Falhas na Farmacoterapia.........................................................................................19
5.3 Consulta Farmacêutica.................................................................................................................20
5.3.1 Coleta de Dados e Investigação do Problema.................................................................................................................................................21
5.3.2 Ações e Soluções.......................................................................................................................................................................................................22
5.3.3 Fechamento da Consulta........................................................................................................................................................................................22
REFERÊNCIAS............................................................................................................... 33
farmácia clínica 4
1. ATRIBUIÇÕES CLÍNICAS DO
FARMACÊUTICO CFF 585/2013
Plano de cuidado:
Planejamento documentado para a gestão clínica das doenças, de outros problemas da saúde e da
terapia do paciente, delineado para atingir os objetivos do tratamento. Inclui as responsabilidades e ativi-
dades pactuadas com o farmacêutico, a definição das metas terapêuticas, as intervenções farmacêuticas,
as ações a serem realizadas pelo paciente e o agendamento para retorno e acompanhamento.
Consulta farmacêutica:
Atendimento realizado pelo farmacêutico ao paciente, respeitando os princípios éticos e profissionais,
com a finalidade de obter os melhores resultados com a farmacoterapia e promover o uso racional de me-
dicamentos e de outras tecnologias em saúde.
Consultório farmacêutico:
Lugar de trabalho do farmacêutico para atendimento de pacientes, familiares e cuidadores, onde se
realiza com privacidade a consulta farmacêutica. Pode funcionar de modo autônomo ou como dependên-
cia de hospitais, ambulatórios, farmácias comunitárias, unidades multiprofissionais de atenção à saúde,
instituições de longa permanência e demais serviços de saúde, no âmbito público e privado.
VIII – Fazer a anamnese farmacêutica, bem como verificar sinais e sintomas, com
o propósito de prover cuidado ao paciente;
IMPORTANTE!
Os parágrafos em negrito dizem respeito às atribuições mais cobradas.
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2. PROBLEMAS RELACIONADOS
AOS MEDICAMENTOS
O Consenso Brasileiro de Atenção Farmacêutica traz uma definição para Problemas
Relacionados a Medicamentos (PRM): “Um problema de saúde, relacionado ou suspeito
de estar relacionado a farmacoterapia, que interfere nos resultados terapêuticos e na qua-
lidade de vida do paciente”5.
O PRM é real, quando manifestado, ou potencial na possibilidade de sua ocorrên-
cia. Pode ser ocasionado por diferentes causas, tais como: as relacionadas ao sistema
de saúde, ao usuário e seus aspectos biopsicossociais, aos profissionais de saúde e ao
medicamento.
Segundo o consenso brasileiro, a identificação de PRM segue os princípios de neces-
sidade, efetividade e segurança, próprios da farmacoterapia.
Há também o III Consenso de Granada que propôs a substituição do termo “Proble-
mas relacionados a medicamentos” por “Resultados negativos da Medicação”, sendo estes
entendidos como “resultados de saúde não adequados ao objetivo da farmacoterapia e
associados ao uso ou falha no uso de medicamentos”.
Necessidade Necessidade
Efetividade Efetividade
Segurança Segurança
ADESÃO
3. PLANO DE CUIDADO E
INTERVENÇÕES FARMACÊUTICAS
Intervenções
voltadas aos
Metas problemas
Terapêuticas relacionados a
Farmacoterapia
Agendamento das
avaliações de
Seguimento
O prazo definido para alcance dos resultados. Esse prazo deve levar em consideração
o tempo esperado para que se produzam as primeiras evidências de efeitos e o tempo
necessário para obtenção de uma resposta completa da farmacoterapia.
Uma vez que todas as metas terapêuticas estão claras e definidas, são delineadas
as intervenções farmacêuticas necessárias. Entende-se como intervenção farmacêutica
o “ato planejado, documentado e realizado junto ao usuário e profissionais de saúde, que
visa resolver ou prevenir problemas relacionados à farmacoterapia e garantir o alcance
das metas terapêuticas”7. Cada intervenção deve ser individualizada de acordo com a con-
dição clínica do usuário, suas necessidades e problemas relacionados à farmacoterapia.
O delineamento de uma intervenção deve considerar as opções terapêuticas disponí-
veis e deve ser feito em colaboração com o usuário e, quando apropriado, com seu familiar,
cuidador ou médico responsável. Além disso, todas as intervenções devem ser documen-
tadas. Quando a intervenção envolve modificação de medicamentos prescritos será neces-
sário contatar o prescritor. Em princípio, a substituição, adição ou modificação do regime
posológico de medicamentos prescritos não deve ser feita sem anuência do prescritor.
Esse contato pode ocorrer, basicamente, de três maneiras:
importância do contato com o prescritor todas as vezes que o problema exigir modifica-
ções na prescrição.
O último passo na elaboração do plano de cuidado é definir o prazo necessário para
que o usuário volte à consulta farmacêutica e qual será a frequência dessas consultas, a
fim de se avaliar os resultados da farmacoterapia e das intervenções ao longo do tempo.
Esse passo corresponde ao agendamento para as avaliações de seguimento do usuário. O
tempo que deve transcorrer entre as consultas depende de muitos fatores, entre os quais
o prazo necessário para que se observem os resultados da farmacoterapia, em termos
de efetividade e segurança. Para usuários com quadros mais graves ou problemas rela-
cionados à farmacoterapia de maior complexidade, o seguimento deverá ser feito mais
amiúde. Para usuários que não apresentam problemas relacionados à farmacoterapia, o
seguimento deve ter por objetivo manter as condições de alcance das metas terapêuticas
e prover cuidado contínuo ao usuário.
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4. ATENÇÃO FARMACÊUTICA E
ACOMPANHAMENTO FARMACÊUTICO
Propõe uma filosofa profissional que pode ser incorporada por todos os profissionais,
independentemente do espaço físico onde atuam.
Educação
em Saúde
Registro Intervenções
voltadas aos
Orientação
Sistemático problemas
Metas Farmacêutica
das Atividades relacionados a
Terapêuticas
Farmacoterapia
Acompanhamento Atendimento
Farmacoterapêutico Farmacêutico
Agendamento das
Fonte: avaliações de 2020.
Autoria Própria,
Seguimento
Interpretação
Anamnese de dados
Farmacêutica
Processo de
Orientação
Para que essas atividades sejam realizadas, é necessário manter uma relação
terapêutica otimizada entre farmacêutico e usuário, bem como considerar o caráter
interativo do processo de cuidado do usuário. Seus principais componentes são:
y Análise de dados: É constituída por coleta de dados e caracterização de adequação,
efetividade e segurança da farmacoterapia em uso. Procura caracterizar se esta é
conveniente para as necessidades do usuário, com relação a fármacos, e identificar
problemas relacionados com medicamentos que interfiram ou possam interferir
nos objetivos terapêuticos.
y Plano de atenção: Levando em consideração os dados obtidos na análise, o
farmacêutico deve resolver os problemas relacionados com medicamentos,
estabelecendo objetivos terapêuticos e prevenindo outros possíveis problemas.
Os objetivos terapêuticos devem ser claros, passíveis de aferição e atingíveis pelo
usuário. Quando apropriado, o plano pode conter também informações sobre
terapêutica não farmacológica.
y Monitorização e avaliação: Quando da monitorização do plano de atenção, o
farmacêutico deve verificar em que nível estão os resultados farmacoterapêuticos
obtidos, reavaliando as necessidades do usuário perante estes e se novas
situações não estão em voga, como novos PRM ou novos problemas de saúde,
tratados ou não.
5. MÉTODO CLÍNICO E
CONSULTA FARMACÊUTICA
y Explicar ao paciente o que fazer caso tenha dificuldades em seguir o plano e com
quem pode entrar em contato.
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6. INTERAÇÕES E INTERVENÇÕES
FARMACÊUTICAS
A administração de dois ou mais fármacos simultaneamente, com alteração do efei-
to em comparação ao uso isolado do fármaco, é definida como interação medicamentosa.
EsSa associação de medicamentos frequentemente ocorre com o objetivo de melhorar
determinado efeito farmacológico, contudo, muitas interações não são previstas e podem
diminuir o efeito de um dos medicamentos ou provocar efeitos danosos.
Nos dias atuais, existem inúmeros programas computadorizados que conseguem
verificar as interações medicamentosas, porém é necessária a intervenção farmacêutica
para realizar a identificação das interações de maior importância clínica para o paciente.
As principais interações medicamentosas de importância clínica estão apresentadas no
quadro seguinte.
Risco aumentado de
O metabolismo da serotonina é síndrome serotonérgica
Linezolida + Fluoxetina
inibido pela monoaminoxidade. (confusão mental, hipertermia,
hipertensão, entre outros).
6.1 Classificação
Podem-se classificar as interações medicamentosas de acordo com o início de efei-
to, gravidade, documentação na literatura e mecanismo de ação.
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Efeito rápido
GRAVIDADE
GRAU DE EVIDÊNCIA
BOM
Bem SUSPEITO OU
IMPROVÁVEL
EXCELENTE documentadas RAZOÁVEL POBRE
e a literatura Requer uma
Muito bem Pouco Muito pouco
indica que existe maior base
documentadas documentadas, documentadas,
a interação, farmacológica
e estabelecidas ocorrendo apenas os estudos são
porém ainda para estabelecer
por estudos a suspeita relacionados a
são necessários a existência de
controlados. de interação relatos de caso
estudos para interação.
medicamentosa.
estabelecer a
evidência.
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6.2 Farmacodinâmica
y Acontecem entre dois ou mais fármacos, mediante seus próprios mecanismos de
ação ou competindo com receptores específicos;
y Podem produzir ações de antagonismo (quando um fármaco anula a ação do outro).
São de fácil detecção e usadas para impedir o efeito adverso de algum fármaco,
porém podem ocorrer efeitos desagradáveis quando as drogas apresentam o
mesmo perfil toxicológico, como a associação de vancomicina e gentamicina,
pois os dois antibióticos possuem potencial nefrotóxico;
y Podem produzir ações de sinergismo (quando um fármaco potencializa a ação de
outro). É possível ocorrer adição ou potencialização dos efeitos, além de prováveis
efeitos tóxicos;
y A associação de medicamentos para potencializar a eficácia é muito comum,
alguns exemplos são: sulfametoxazol + trimetroprima: melhora na eficácia
terapêutica devido à interferência em diferentes rotas metabólicas da bactéria;
penicilina G cristalina + procaína: aumento da duração de ação da penicilina.
6.3 Farmacocinética
y De acordo com o sítio de ação, podem estar relacionadas aos processos de
absorção, distribuição, metabolismo e eliminação;
y Podem reduzir o gradiente de concentração dos fármacos, afetando a
biodisponibilidade e a eficácia terapêutica.
6.3.1 Absorção
6.6.1 Distribuição
y Após o fármaco atingir a circulação sanguínea, sua chegada aos tecidos depende
de vários fatores, tais como características físico-químicas (tamanho molecular,
polaridade, solubilidade aquosa e lipídica) de seu princípio ativo e condições
fisiológicas do paciente. A ligação a proteínas plasmáticas e tissulares é o meio
pelo qual a maioria das interações relacionadas à distribuição ocorre, o processo
se caracteriza por rápido aumento do efeito farmacológico, seguido de redução
após alguns dias de tratamento, devido ao aumento da quantidade de fármaco
livre, disponível para ser excretado;
y Essas interações têm importância clínica principalmente em fármacos com baixo
índice terapêutico (fármacos que apresentam o valor da dose tóxica bastante
próximo do valor da dose eficaz).
6.6.2 Biotransformação
6.6.3 Eliminação
A ingestão de alimentos,
Deve-se utilizar o fármaco 1 hora
Captopril principalmente os ricos em potássio,
antes ou 2 horas após as refeições.
reduz a absorção em 10 a 50%.
6.8 Farmacoterapia
Seguimento farmacoterapêutico é definido como o serviço profissional que visa de-
tectar problemas relacionados com medicamentos (PRM), para evitar e resolver os resul-
tados negativos associados à medicação (RNM). Este serviço requer comprometimento e
deve ser oferecido de um modo contínuo, sistemático e documentado, com a participação
do paciente e dos profissionais do sistema de saúde, com o objetivo de atingir resultados
concretos que melhorem a qualidade de vida do usuário.
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Avaliação e
Acolhimento Delineamento de
identificação Seguimento
do usuário, coleta um plano de cuidado
de problemas individual do
e organização em conjunto com
relacionados com usuário.
de dados. o usuário.
a farmacoterapia.
O cuidado farmacêutico inicia-se com a coleta de dados do usuário, que é feita por
meio de uma anamnese farmacológica em que o usuário é a principal fonte das informa-
ções. O paciente deve relatar como está sua saúde, seus problemas médicos e tratamen-
tos em curso. Além desse relato, outras informações podem ser obtidas de familiares e
cuidadores ou até mesmo de outros profissionais da saúde. Outra fonte de informação
indispensável são os dados provenientes de exames clínicos, laboratoriais, prescrições
médicas, entre outros documentos pertencentes ao histórico clínico do usuário. Se for
possível, é de grande ajuda que o usuário leve seus medicamentos, suas receitas médicas
e exames.
O foco da entrevista clínica é o paciente, sua história clínica (motivo da consulta,
histórico médico e história social) e medicamentosa (medicamentos utilizados, plantas,
alergias).
O farmacêutico deve buscar conhecer todos os medicamentos utilizados pelo pacien-
te, sabendo suas indicações, dose, via de administração, frequência e duração, além de
avaliar a resposta (efetividade e segurança). Este processo deve valorizar o conhecimento
do usuário, bem como sua cultura, condição social e sua relação com os medicamentos.
Nessa etapa o farmacêutico já deve ter estudado todos os aspectos clínicos relevan-
tes e coletado todas as informações necessárias, de modo que provavelmente haverá uma
lista de problemas a serem resolvidos.
O próximo passo é construir um plano de cuidado, que tem como objetivo estabele-
cer com o paciente a maneira de manejar seus problemas de saúde, considerando o uso da
farmacoterapia e todas as medidas necessárias para que as metas sejam atingidas. Para
isso deve-se definir metas claras para toda a farmacoterapia e incluir o paciente nesse
planejamento.
Normalmente o farmacêutico precisa considerar dois componentes essenciais para
definir as metas, são eles: os parâmetros clínicos/laboratoriais mensuráveis e o prazo
estipulado para o alcance dos resultados.
Após definir as metas terapêuticas deve-se estabelecer as intervenções farmacêuti-
cas necessárias. Uma intervenção farmacêutica é um ato planejado, documentado e rea-
lizado com o paciente e os profissionais de saúde, tendo como objetivo solucionar os
problemas relacionados ao uso de medicamentos e garantir que as metas terapêuticas
sejam alcançadas. Essas intervenções devem ser individualizadas para cada paciente e
eventuais modificações na posologia e alterações ou adições da prescrição devem passar
pelo consentimento do prescritor.
A última etapa na elaboração do plano de cuidado é definir o prazo necessário para
que o paciente retorne à consulta farmacêutica e qual será a frequência dessas consultas,
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Essa etapa é considerada a mais importante, sendo composta de três atividades es-
senciais:
y Avaliação dos resultados terapêuticos e evolução clínica do usuário;
y Avaliação do alcance das metas terapêuticas;
y Identificação de novos problemas.
Nas consultas de retorno o farmacêutico terá a possibilidade de avaliar as mudan-
ças de comportamento do usuário, da prescrição médica, dos exames laboratoriais e
dos sintomas.
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REFERÊNCIAS
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