Você está na página 1de 40

UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO

HOSPITAL UNIVERSITÁRIO

Tipo do
PROTOCOLO PRT.CMTN.001 – Página 1/38
Documento

Título do TERAPIA NUTRICIONAL ENTERAL E Emissão: 10/06/2021 Próxima revisão:


Documento PARENTERAL Versão: 01 10/06/2023

SUMÁRIO

1. SIGLAS E CONCEITOS .....................................................................................................3


2. OBJETIVOS......................................................................................................................4
3. JUSTIFICATIVAS ..............................................................................................................4
4. CRITÉRIOS DE INCLUSÃO E EXCLUSÃO ..........................................................................4
5. ATRIBUIÇÕES, COMPETÊNCIAS E RESPONSABILIDADES ..............................................5
5.1. Atribuições do coordenador técnico administrativo da CMTN ...............................5
5.2. Atribuições do coordenador clínico - Médico da CMTN...........................................6
5.3. Atribuições do médico assistencial ...........................................................................6
5.4. Atribuições do nutricionista CMTN ...........................................................................6
5.5. Atribuições do nutricionista assistencial ..................................................................7
5.6. Atribuições do enfermeiro da CMTN ........................................................................8
5.7. Atribuições do enfermeiro assistencial .....................................................................8
5.8. Atribuições do técnico em enfermagem ...................................................................9
5.9. Atribuições do farmacêutico CMTN ........................................................................10
5.10. Atribuições do fonoaudiólogo CMTN ..................................................................10
5.11. Atribuições do fonoaudiólogo assistencial .........................................................11
6. HISTÓRIA CLÍNICA E EXAME FÍSICO.............................................................................12
6.1. Antropometria .........................................................................................................13
7. EXAMES DIAGNÓSTICOS INDICADOS ..........................................................................14
8. TRATAMENTO INDICADO E PLANO TERAPÊUTICO .....................................................14
8.1. Determinação das Necessidades Energéticas .........................................................14
8.2. Determinação das necessidades de Proteína do Paciente .....................................15
8.3. Necessidade Hídrica .................................................................................................16
8.4. Terapia Nutricional Enteral (TNE)............................................................................16
8.4.1. Indicações da Nutrição Enteral .........................................................................16
8.4.2. Contraindicações da nutrição enteral...............................................................16
8.4.3. Vias de acesso da nutrição enteral ...................................................................17
UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO
HOSPITAL UNIVERSITÁRIO

Tipo do
PROTOCOLO PRT.CMTN.001 – Página 2/38
Documento

Título do TERAPIA NUTRICIONAL ENTERAL E Emissão: 10/06/2021 Próxima revisão:


Documento PARENTERAL Versão: 01 10/06/2023

8.4.4. Tipos de Fórmulas Enterais ...............................................................................18


8.4.5. Métodos e técnicas de administração da nutrição enteral .............................19
8.4.6. Monitorização da terapia nutricional enteral ..................................................19
8.4.7. Complicações e condutas ..................................................................................20
8.4.7.1. Complicações Gastrintestinais .......................................................................21
8.4.7.2. Complicações Mecânicas................................................................................23
8.4.7.3. Complicações metabólicas .............................................................................24
8.4.8. Condutas para transição da terapia nutricional enteral para oral ..................25
8.5. Terapia Nutricional Parenteral (TNP) ......................................................................26
8.5.1. Indicações ..........................................................................................................26
8.5.2. Contraindicações ...............................................................................................26
8.5.3. Vias de acesso ....................................................................................................26
8.5.4. Progressão de NPT .............................................................................................26
8.5.5. Necessidades de oligoelementos ......................................................................27
8.5.6. Necessidades de vitaminas ...............................................................................27
8.5.7. Glutamina ..........................................................................................................28
8.5.8. Necessidades de eletrólitos ..............................................................................28
8.5.9. Métodos e técnicas de administração ..............................................................29
8.5.10. Monitorização laboratorial e clínica ...............................................................29
8.5.11. Complicações do uso da nutrição parenteral .................................................30
8.5.12. Condutas para transição da terapia nutricional parenteral ..........................32
8.5.13. Síndrome de Realimentação ...........................................................................33
9. CRITÉRIOS DE INTERNAÇÃO ........................................................................................34
10. CRITÉRIOS DE MUDANÇA TERAPÊUTICA ....................................................................34
11. CRITÉRIOS DE ALTA OU TRANSFERÊNCIA ...................................................................34
12. FLUXO ...........................................................................................................................35
13. MONITORAMENTO ......................................................................................................36
14. REFERÊNCIAS................................................................................................................36
15. HISTÓRICO DE REVISÃO ...............................................................................................37
UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO
HOSPITAL UNIVERSITÁRIO

Tipo do
PROTOCOLO PRT.CMTN.001 – Página 3/38
Documento

Título do TERAPIA NUTRICIONAL ENTERAL E Emissão: 10/06/2021 Próxima revisão:


Documento PARENTERAL Versão: 01 10/06/2023

1. SIGLAS E CONCEITOS
• ANVISA - Agência Nacional de Vigilância Sanitária
• CMTN - Comissão Multiprofissional de Terapia Nutricional
• EBSERH - Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares
• HU-UFMA - Hospital Universitário da Universidade Federal do Maranhão
• MS - Ministério da Saúde
• NP - Nutrição Parenteral
• NE - Nutrição Enteral
• NPT - Nutrição Parenteral Total
• SNE - Sonda Naso Enteral
• TN - Terapia Nutricional
• TNE - Terapia de Nutrição Enteral
• TNP - Terapia de Nutrição Parenteral
• VET - Valor energético total
• VO - Via Oral
• VRG - Volume do resíduo gástrico
• Desnutrição: é uma condição de alteração funcional, estrutural e de desenvolvimento
orgânico em consequência de um desequilíbrio entre a ingestão e a utilização dos
nutrientes que resultam em aumento de morbimortalidade ou alterações na qualidade
de vida de um indivíduo.
• Síndrome de realimentação: é uma síndrome clínica decorrente da ingestão da
alimentação rápida em pacientes desnutridos com deficiência vitamínica e distúrbios
eletrolíticos.
• Terapia nutricional: oferta de nutrientes por via oral, enteral ou parenteral com
intenção terapêutica, para indivíduos que não podem, não conseguem ou não se
alimentam adequadamente por qualquer motivo, que estejam previamente desnutridos
ou em risco de desnutrição, com objetivo de melhorar seu estado nutricional e prevenir
complicações decorrentes da doença de base, do estado nutricional ou de ambos.
• Terapia de Nutrição enteral: é a terapia nutricional realizada por via sonda enteral.
• Terapia de Nutrição parenteral: é a terapia nutricional realizada por via acesso venoso
central.
UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO
HOSPITAL UNIVERSITÁRIO

Tipo do
PROTOCOLO PRT.CMTN.001 – Página 4/38
Documento

Título do TERAPIA NUTRICIONAL ENTERAL E Emissão: 10/06/2021 Próxima revisão:


Documento PARENTERAL Versão: 01 10/06/2023

• Terapia de Nutrição enteral: é a terapia nutricional realizada por via sonda enteral.
• Terapia de Nutrição parenteral: é a terapia nutricional realizada por via acesso venoso
central.
2. OBJETIVOS
• Manter monitorização multidisciplinar contínua para diagnóstico precoce de
desnutrição hospitalar e implementar terapia nutricional apropriada para evitar piora
do estado nutricional do usuário.
• Definir as ações a serem desenvolvidas a todos os pacientes em uso de terapia
nutricional visando a profilaxia de danos e a segurança do paciente;
• Oferecer suporte técnico da Comissão Multiprofissional de Terapia Nutricional (CMTN)
aos profissionais e aos usuários em terapia nutricional TN de toda unidade de internação
do HU-UFMA.

3. JUSTIFICATIVAS
A desnutrição é comum nos hospitais públicos e apresenta impacto negativo tanto ao
indivíduo quanto à instituição, pois eleva a morbimortalidade, aumento do risco de complicações
cirúrgicas, infecções, lesão por pressão, piora no sistema imunológico, demora no processo de
cicatrização com consequente aumento do tempo de internação e custos hospitalares.
No HU-UFMA a Comissão Multiprofissional de Terapia Nutricional (CMTN) formalmente
constituída por Portaria nº 380 publicada em 05 de setembro de 2019 no Boletim de Serviço da
EBSERH. É formada por profissionais médicos, nutricionistas, enfermeiros, farmacêuticos e
fonoaudiólogos.
A proposta de trabalho da CMTN visa nortear a equipe assistencial deste hospital quanto
às condutas relacionadas à avaliação e administração da Terapia Nutricional Enteral e Parenteral,
bem como realizar assessoria direta à Superintendência quanto aos indicadores monitorados da
terapia nutricional.

4. CRITÉRIOS DE INCLUSÃO E EXCLUSÃO


Estão incluídos todos os pacientes admitidos nas clínicas assistenciais do Hospital
Universitário da Universidade Federal do Maranhão (HU-UFMA) que estiverem com Nutrição
Enteral (NE), Nutrição Parenteral Total (NPT) ou mista (oral/enteral; enteral/parenteral;
oral/parenteral).
Estão excluídos os pacientes que estiverem com via oral exclusiva.
UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO
HOSPITAL UNIVERSITÁRIO

Tipo do
PROTOCOLO PRT.CMTN.001 – Página 5/38
Documento

Título do TERAPIA NUTRICIONAL ENTERAL E Emissão: 10/06/2021 Próxima revisão:


Documento PARENTERAL Versão: 01 10/06/2023

5. ATRIBUIÇÕES, COMPETÊNCIAS E RESPONSABILIDADES


Os requisitos mínimos, atribuições e competências dos profissionais exigidos para a
prática da terapia nutricional enteral e parenteral são estabelecidos pela ANVISA e pelo Ministério
da Saúde (MS), através da RDC Nº 63/2000 e portaria Nº 272/98, respectivamente.
O Hospital Universitário da Universidade Federal do Maranhão / EBSERH formalizou a
EMTN como Comissão Multiprofissional de Terapia Nutricional (CMTN).
Conforme as legislações vigentes já descritas, a CMTN/HU-UFMA possui um
coordenador técnico administrativo e um coordenador clínico, ambos membros integrantes da
equipe e escolhidos pelos seus componentes aprovados pela Superintendência. Cada um dos
membros da CMTN possui atribuições específicas.
Como atribuições gerais todos os profissionais devem:

• Atender as normas de biossegurança (Uso de EPI, higienização das mãos na técnica


correta e nos 5 momentos conforme Protocolo de Segurança do Paciente Meta 5 –
Higienização das mãos;
• Realizar procedimentos em conformidade com as normas de controle de infecção;
• Seguir rigorosamente as medidas de precaução.

5.1. Atribuições do coordenador técnico administrativo da CMTN


a) Assegurar condições para o cumprimento das atribuições gerais da equipe e dos
profissionais da mesma, visando, prioritariamente, a qualidade e eficácia da TN;
b) Representar a equipe em assuntos relacionados com as atividades da CMTN;
c) Promover e incentivar programas de educação continuada, para os profissionais
envolvidos na TN, devidamente registrados;
d) Padronizar indicadores de qualidade da TN para aplicação pela CMTN;
e) Gerenciar os aspectos técnicos e administrativos das atividades de TN;
f) Participar do processo de padronização da Nutrição Parenteral (NP);
g) Participar do processo de seleção, padronização, parecer técnico para licitação e
aquisição de fórmulas enterais.
h) Analisar o custo e o benefício da TN no âmbito hospitalar.
UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO
HOSPITAL UNIVERSITÁRIO

Tipo do
PROTOCOLO PRT.CMTN.001 – Página 6/38
Documento

Título do TERAPIA NUTRICIONAL ENTERAL E Emissão: 10/06/2021 Próxima revisão:


Documento PARENTERAL Versão: 01 10/06/2023

5.2. Atribuições do coordenador clínico - Médico da CMTN


a) Coordenar os protocolos de avaliação nutricional, indicação, prescrição e
acompanhamento da TN;
b) Zelar pelo cumprimento das diretrizes de qualidade estabelecidas nas Boas Práticas de
Preparação de Nutrição Enteral e Parenteral;
c) Assegurar a atualização dos conhecimentos técnicos e científicos relacionados à TN e
sua aplicação;
d) Participar do processo de padronização da NP;
e) Participar e promover atividades de treinamento operacional e de educação continuada,
garantindo a atualização dos seus colaboradores;
f) Garantir que a qualidade dos procedimentos de TN prevaleça sobre quaisquer outros
aspectos.

5.3. Atribuições do médico assistencial


a) Indicar a TN enteral e parenteral;
b) Realizar a prescrição médica da Terapia nutricional (TN) em consenso com a nutrição;
c) Assegurar o acesso ao trato gastrointestinal para a TNE e estabelecer a melhor via,
incluindo ostomias de nutrição por via cirúrgica, laparoscópica e endoscópica;
d) Estabelecer o acesso intravenoso para a administração da nutrição parenteral e
proceder o acesso intravenoso central, assegurando sua correta localização;
e) Orientar os pacientes e os familiares ou o responsável legal quanto aos riscos e
benefícios do procedimento;
f) Participar do desenvolvimento técnico e científico relacionado à TN;
g) Garantir os registros da evolução e dos procedimentos médicos referentes à TN;
h) Acompanhar o controle clínico e laboratorial do paciente em TNE contemplando
ingresso de nutrientes, interações fármaco-nutriente, sinais de intolerância à NE,
alterações bioquímicas, hematológicas e hemodinâmicas, assim como modificações em
órgãos, sistemas e suas funções;
i) Discutir casos clínicos com a equipe multidisciplinar.

5.4. Atribuições do nutricionista CMTN


a) Elaborar, implementar e supervisionar a aplicação de protocolos, normas e rotinas
técnico-operacionais de terapia nutricional referentes a equipe de nutrição;
UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO
HOSPITAL UNIVERSITÁRIO

Tipo do
PROTOCOLO PRT.CMTN.001 – Página 7/38
Documento

Título do TERAPIA NUTRICIONAL ENTERAL E Emissão: 10/06/2021 Próxima revisão:


Documento PARENTERAL Versão: 01 10/06/2023

b) Desenvolver ações de treinamento operacional e de educação permanente, de modo a


garantir a capacitação e atualização da equipe de nutrição que atua em TN;
c) Garantir as boas práticas da NP e da NE;
d) Garantir o registro claro e preciso de todas as informações relacionadas à evolução
nutricional do paciente.

5.5. Atribuições do nutricionista assistencial


a) Avaliar o estado nutricional do paciente, utilizando indicadores nutricionais subjetivos e
objetivos conforme protocolo clínico nutricional (PRT.UNC 001), de forma a identificar
o risco ou a deficiência nutricional e estimar, quantitativa e qualitativamente, as
necessidades de nutrientes;
b) Acompanhar a evolução nutricional dos pacientes em TN, independentemente da via de
administração;
c) Garantir o registro claro e preciso de todas as informações relacionadas à evolução
nutricional do paciente;
d) Discutir casos clínicos com a equipe multidisciplinar;
e) Elaborar a prescrição dietética, que consiste na determinação de nutrientes ou da
composição de nutrientes da NE, mais adequada às necessidades específicas do
paciente, de acordo com a prescrição médica;
f) Formular a NE estabelecendo a sua composição qualitativa e quantitativa, seu
fracionamento e formas de apresentação;
g) Acompanhar a evolução nutricional do paciente em TN, independente da via de
administração, até alta nutricional estabelecida pela CMTN;
h) Adequar a prescrição dietética, em consenso com o médico, conforme meta, evolução
nutricional e tolerância digestiva apresentadas pelo paciente;
i) Monitorar o controle clínico e laboratorial do paciente em TNE contemplando ingresso
de nutrientes, sinais de intolerância à NE, alterações antropométricas, bioquímicas e
hemodinâmicas, assim como modificações em órgãos, sistemas e suas funções;
j) Garantir o registro claro e preciso de todas as informações relacionadas à evolução
nutricional do paciente;
k) Orientar o paciente, a família ou o responsável legal, quanto à preparação e à utilização
da NE prescrita para o período após a alta hospitalar;
l) Monitorar que os rótulos da NE apresentem todas as informações necessárias.
UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO
HOSPITAL UNIVERSITÁRIO

Tipo do
PROTOCOLO PRT.CMTN.001 – Página 8/38
Documento

Título do TERAPIA NUTRICIONAL ENTERAL E Emissão: 10/06/2021 Próxima revisão:


Documento PARENTERAL Versão: 01 10/06/2023

5.6. Atribuições do enfermeiro da CMTN


a) Elaborar, implementar e supervisionar a aplicação de protocolos, normas e rotinas
técnico-operacionais de terapia nutricional referentes a equipe de enfermagem;
b) Orientar e monitorar os cuidados com os dispositivos invasivos utilizados em pacientes
com terapia nutricional;
c) Monitorar os cuidados de enfermagem ao paciente em terapia nutricional;
d) Instrumentalizar indicadores de qualidade referentes a assistência de enfermagem em
terapia nutricional;
e) Desenvolver ações de treinamento operacional e de educação permanente, de modo a
garantir a capacitação e atualização da equipe de enfermagem que atua em TN;
f) Garantir as boas práticas na administração da NP e da NE;
g) Participar, como membro da CMTN, do processo de seleção, padronização, parecer
técnico para licitação e aquisição de equipamentos e materiais utilizados na
administração e controle da TN.

5.7. Atribuições do enfermeiro assistencial


a) Orientar o paciente, a família ou o responsável legal quanto à utilização e controle da
TN;
b) Garantir os cuidados de enfermagem ao paciente em terapia nutricional desde o
recebimento da dieta até o término da infusão da nutrição;
c) Prescrever e sistematizar os cuidados enfermagem na TN buscando garantir a
administração do volume prescrito rigorosamente;
d) Implementar ações visando preparar e orientar o paciente e familiares quanto a Terapia
Nutricional, seus riscos e benefícios;
e) Proceder ou assegurar o acesso para terapia nutricional;
f) Estabelecer os cuidados específicos com a via de administração da TN;
g) Receber a nutrição enteral/parenteral proceder a inspeção visual atentando para a
integridade física da embalagem e condições organolépticas gerais e assegurar sua
administração e conservação até a completa infusão. Em casos de anormalidades
detectadas, não administrar a dieta, comunicar ao nutricionista ou farmacêutico
responsável e devolver a dieta. Quando for necessária a conservação na unidade de
enfermagem da NE preparada, esta deve ser mantida sob refrigeração, em geladeira
exclusiva para medicamentos, mantendo-se a temperatura de 2º C a 8 º C;
UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO
HOSPITAL UNIVERSITÁRIO

Tipo do
PROTOCOLO PRT.CMTN.001 – Página 9/38
Documento

Título do TERAPIA NUTRICIONAL ENTERAL E Emissão: 10/06/2021 Próxima revisão:


Documento PARENTERAL Versão: 01 10/06/2023

h) Administrar a NPT de forma contínua, cumprindo rigorosamente o prazo estabelecido


para infusão. É VETADO à equipe de enfermagem a compensação do volume ou
alteração da velocidade de infusão da NPT e NE fora da prescrição médica;
i) Assegurar que qualquer outra droga ou nutrientes prescritos NÃO sejam infundidos na
mesma via de administração da solução parenteral;
j) Avaliar e assegurar a administração da NE e NP observando as informações contidas no
rótulo, confrontando-as com a prescrição médica;
k) Proceder a correta armazenagem do frasco de nutrição visando sua conservação e sua
integridade nos casos de necessidade de postergar o horário da dieta;
l) Realizar a administração da nutrição PARENTERAL, conferindo: prescrição, rótulo do
frasco, dados do paciente, via de administração, volume e período de validade da dieta,
bem como os princípios da administração segura;
m) Registrar e comunicar à equipe Multiprofissional, as intercorrências relacionadas à
Terapia Nutricional, bem como as pausas da dieta;
n) Garantir o registro claro e preciso de informações relacionadas à inserção do dispositivo
para TN, à administração da terapia nutricional (horário de início de infusão e prazo de
validade da dieta, volume real infundido, as pausas, saídas e obstrução dos acessos para
TN) e à evolução do paciente quanto ao peso, sinais vitais, tolerância digestiva,
intercorrências durante a TN e outros que se fizerem necessários;
o) Garantir a troca do curativo e/ou fixação da sonda enteral, com base em procedimentos
preestabelecidos;
p) Efetuar e/ou supervisionar a troca do curativo do cateter venoso;
q) Participar e promover atividades de treinamento operacional e de educação continuada,
referentes às boas práticas da TN;
r) Zelar pelo perfeito funcionamento das bombas de infusão;
s) Discutir casos clínicos com a equipe multidisciplinar.

5.8. Atribuições do técnico em enfermagem


a) Participar de treinamentos operacional e de educação continuada referentes às boas
práticas da TN;
b) Receber NE proceder a inspeção visual atentando para a integridade física da
embalagem e condições organolépticas gerais e assegurar sua administração e
conservação até a completa infusão. Em casos de anormalidades detectadas, não
administrar a dieta, comunicar ao nutricionista ou farmacêutico responsável e devolver
UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO
HOSPITAL UNIVERSITÁRIO

Tipo do
PROTOCOLO PRT.CMTN.001 – Página 10/38
Documento

Título do TERAPIA NUTRICIONAL ENTERAL E Emissão: 10/06/2021 Próxima revisão:


Documento PARENTERAL Versão: 01 10/06/2023

a dieta;
c) Promover cuidados ao paciente em TN conforme prescrição médica e de enfermagem e
comunicar ao enfermeiro quaisquer intercorrências advindas da TN;
d) Registrar de forma clara e precisa as ações relacionadas à administração da terapia
nutricional (horário de início de infusão e prazo de validade da dieta, volume real
infundido, as pausas, saídas e obstrução dos acessos para TN) e à evolução do paciente
quanto ao peso, sinais vitais, tolerância digestiva, intercorrências durante a TN e outros
que se fizerem necessários;
e) É VETADO à equipe de enfermagem a compensação do volume ou alteração da
velocidade de infusão da NPT e NE fora da prescrição médica.

5.9. Atribuições do farmacêutico CMTN


a) De acordo com os critérios estabelecidos pela CMTN, adquirir, armazenar e distribuir,
criteriosamente, a NP industrializada e ou manipulada;
b) Avaliar a formulação das prescrições médicas e dietéticas quanto a compatibilidade
físico-química e droga-nutriente em NE e NP;
c) Assegurar que os rótulos da NP apresentem de maneira clara e precisa, todas as
informações necessárias: nome completo do paciente, data de nascimento, nº do leito
e registro hospitalar, composição qualitativa de todos os componentes, osmolaridade,
volume total, velocidade de infusão, via de acesso, data e hora da manipulação (se for o
caso),data e hora do início da administração e prazo de validade, número sequencial de
controle e condições de temperatura para conservação e transporte, nome e o número
do Conselho Regional de Farmácia do farmacêutico responsável;
d) Participar de estudos de farmacovigilância com base em análise de reações adversas e
interações droga-nutriente, a partir do perfil farmacoterapêutico registrado em NP;
e) Organizar e operacionalizar as áreas e atividades da farmácia;
f) Discutir casos clínicos com a equipe multidisciplinar;
g) Participar, promover e registrar as atividades de treinamento operacional e de educação
continuada, garantindo a atualização dos seus colaboradores.

5.10. Atribuições do fonoaudiólogo CMTN


a) Orientar, supervisionar e monitorar a aplicação de protocolos, normas e rotinas técnico-
operacionais do cuidado fonoaudiológico aos pacientes em terapia nutricional;
b) Instrumentalizar indicadores de qualidade referentes ao cuidado fonoaudiológico em
UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO
HOSPITAL UNIVERSITÁRIO

Tipo do
PROTOCOLO PRT.CMTN.001 – Página 11/38
Documento

Título do TERAPIA NUTRICIONAL ENTERAL E Emissão: 10/06/2021 Próxima revisão:


Documento PARENTERAL Versão: 01 10/06/2023

pacientes em terapia nutricional;


c) Desenvolver ações de treinamento operacional e de educação permanente equipe de
fonoaudiologia que atua em TN.

5.11. Atribuições do fonoaudiólogo assistencial


a) Aplicar o instrumento para triagem a beira do leito com o objetivo de detectar riscos de
distúrbios da deglutição (disfagia) conforme procediemento da Fonoaudiologia;
b) Realizar a avaliação do mecanismo de alimentação do paciente de forma a identificar a
disfagia;
c) Classificar o tipo e o grau da disfagia e sugerir condutas compatíveis com estas
classificações;
d) Sugerir a introdução de vias alternativas de alimentação quando houver impossibilidade
de alimentação por via oral (VO) em curto prazo;
e) Sugerir a retirada das vias alternativas de alimentação quando o paciente não
apresentar o quadro disfágico ou quando se recuperar do mesmo, em acordo com o
nutricionista e o médico;
f) Realizar estimulação para promover a reabilitação da deglutição visando melhorar as
condições nutricionais e de hidratação, otimizando o processo de alimentação por VO;
g) Acompanhar o paciente com quadro disfágico, mesmo que a equipe opte por outra via
de alimentação, quando não se consegue qualidade e quantidade satisfatória da dieta
por VO;
h) Discutir com o nutricionista e/ou médico da equipe a adequação da consistência da dieta
por VO de acordo com o quadro de disfagia do paciente;
i) Orientar a equipe, a família, paciente e/ou responsável sobre as dificuldades do paciente
para alimentação por VO, bem como os riscos e cuidados com o mesmo;
j) Orientar a equipe e cuidadores sobre as estratégias que minimizam os riscos de
broncoaspiração durante a alimentação por VO;
k) Elaborar programa de reabilitação fonoaudiológica com o objetivo de promover maior
segurança ao paciente durante alimentação por VO minimizando complicações
decorrentes dos quadros disfágicos;
l) Discutir casos clínicos com a equipe multidisciplinar;
m) Garantir o registro claro e preciso de todas as informações relacionadas à evolução da
disfagia do paciente.
UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO
HOSPITAL UNIVERSITÁRIO

Tipo do
PROTOCOLO PRT.CMTN.001 – Página 12/38
Documento

Título do TERAPIA NUTRICIONAL ENTERAL E Emissão: 10/06/2021 Próxima revisão:


Documento PARENTERAL Versão: 01 10/06/2023

6. HISTÓRIA CLÍNICA E EXAME FÍSICO


A história clínica é fundamental para identificação de mecanismos envolvidos no
desequilíbrio nutricional que gera risco para desnutrição. Para tanto deve-se:

• Investigar ingestão inadequada;


• Investigar risco de disfagia;
• Perda de peso (quantificar e relacionar com o tempo);
• Defeitos na absorção;
• Presença de inflamação ou neoplasia;
• Declínio da utilização ou aumento de perdas de nutrientes;
• Investigar as medicações de uso frequente, pois alguns medicamentos podem interagir
com nutrientes, diminuindo sua absorção, comprometendo seu metabolismo e até
mesmo, diminuir o apetite.
Os sinais vitais podem sugerir a presença de inflamação, em situações de febre,
taquicardia, taquipnéia e hipotermia. No exame físico, as deficiências de macro e micronutrientes
devem ser pesquisadas, principalmente em áreas de pele, tecido celular subcutâneo, cabelos,
unhas, boca e língua (Quadro 1).
Quadro 1- Sinais clínicos sugestivos de deficiência nutricional

SINAL CLÍNICO PROVÁVEL DÉFICIT

Cabelos frágeis, fácil de arrancar Proteína


Linhas verticais nas unhas Proteína
Coiloníquia (unha em forma de colher) Ferro
Aparência de consumo muscular e de tecido gorduroso Calorias, proteínas ou ambas
Edema periférico Tiamina (ICC), Proteína (baixa pressão oncótica)
Petéquias Vitamina C
Purpuras Vitamina C e K
Folato, Vitamina B12, niacina, riboflavina,
Glossite
tiamina, ferro
Queilose, estomatite angular Riboflavina, niacina, folato, vitamina B12
Dermatite em área de exposição solar, diarreia,
Niacina
demência (Pelagra)
Neuropatia motora ou sensitiva simétricas, nistagmo, Tiamina
UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO
HOSPITAL UNIVERSITÁRIO

Tipo do
PROTOCOLO PRT.CMTN.001 – Página 13/38
Documento

Título do TERAPIA NUTRICIONAL ENTERAL E Emissão: 10/06/2021 Próxima revisão:


Documento PARENTERAL Versão: 01 10/06/2023

ataxia, insuficiência cardíaca congestiva, confusão


mental.
Perda do paladar, dermatite perinasal e perioral, queda
Zinco
do cabelo.
Dor muscular e insuficiência cardíaca congestiva Selênio
Neuropatia periférica, alteração no equilíbrio,
Cobre
fraqueza, fadiga
Demência Niacina, Vitamina B12, folato

6.1. Antropometria
Utiliza-se as medidas de peso, estatura, dobra tricipital e circunferência muscular do
braço (CMB).
• Índice de massa corporal (IMC)

O IMC é um indicador simples de estado nutricional.


IMC < 18,5/m²: baixo peso
IMC entre 18,5 e 24,9 kg/m²: peso normal
IMC entre 25 e 29,9 kg/m²: sobrepeso
IMC > 30: obesidade
Medidas das dobras útil para estimar a porcentagem de gordura corporal. A dobra do
tríceps é a mais fácil de medida.
A partir da avaliação clínico nutricional dos pacientes, estes serão classificados em sem
desnutrição, sem desnutrição, mas com alto risco para desenvolver e com desnutrição. E quanto ao
tipo e grau de desnutrição serão definidos segundo os critérios da AND-ASPEN:

• Desnutrição Não Grave Não Relacionada à Doença;


• Desnutrição Não Grave Relacionada à Doença Crônica;
• Desnutrição Não Grave Relacionada à Doença Aguda;
• Desnutrição Grave Não Relacionada à Doença;
• Desnutrição Grave Relacionada à Doença Crônica;
• Desnutrição Grave Relacionada à Doença Aguda.
UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO
HOSPITAL UNIVERSITÁRIO

Tipo do
PROTOCOLO PRT.CMTN.001 – Página 14/38
Documento

Título do TERAPIA NUTRICIONAL ENTERAL E Emissão: 10/06/2021 Próxima revisão:


Documento PARENTERAL Versão: 01 10/06/2023

7. EXAMES DIAGNÓSTICOS INDICADOS


A avaliação laboratorial deve considerar os dados obtidos na anamnese, no exame físico
e na antropometria. Não se deve pedir exames deliberadamente, de forma isolada.
As concentrações séricas de vitaminas e minerais devem ser solicitadas quando há
indícios de depleção desses micronutrientes (Vitaminas D, B12, C, tiamina, ácido fólico, sódio,
potássio, cálcio, fósforo, magnésio, cobre, zinco, selênio.

8. TRATAMENTO INDICADO E PLANO TERAPÊUTICO


A terapia nutricional deve ser indicada pela equipe assistencial conforme estabelecidos
nos itens 8.5.1 e 8.6.1 ficando a CMTN como órgão consultivo.
Antes de iniciar a terapia nutricional observar se:
• Paciente está hidratado;
• Sem distúrbios eletrolíticos;
• Hemodinamicamente estável (com ou sem droga vasoativa);
• Sem acidose grave;
• Sem hipertensão intraabdominal;
• E com perfusão tecidual adequada (lactato menor que 2mmol).

8.1. Determinação das Necessidades Energéticas


Embora a recomendação mais recente para obtenção do gasto energético seja através
da calorimetria indireta, principalmente nos doentes graves (ESPEN,2018); por indisponibilidade do
método neste e na grande maioria dos hospitais brasileiros, continuamos utilizando a fórmula de
bolso, sugerida pela ASPEN,2016 conforme Quadro 2.
Quadro 2 - Necessidades energéticas para adultos

Fase da doença Kcal/Kg/dia Consideração


Aguda (até 48 horas) 20-25 Na fase inicial (aguda), quantidades superiores
podem promover resultados desfavoráveis.

Anabólica 25-30 Não há


UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO
HOSPITAL UNIVERSITÁRIO

Tipo do
PROTOCOLO PRT.CMTN.001 – Página 15/38
Documento

Título do TERAPIA NUTRICIONAL ENTERAL E Emissão: 10/06/2021 Próxima revisão:


Documento PARENTERAL Versão: 01 10/06/2023

Obeso IMC > 30 Não deve exceder de 60-70% Não há


(dieta hipocalórica) da meta estabelecida;
Ou utilizar 11-14 kcal/kg de
peso atual p/ IMC entre 30 e
50 kg/m2) e
22-25 kcal/kg de peso ideal
p/ IMC > 50 kg/m2

Recomenda-se o mesmo cálculo das necessidades energéticas para prescrição do plano


nutricional independente da via de administração (enteral ou parenteral).
Para nutrição parenteral (na ausência da Calorimetria indireta), ter como meta 25
kcal/kg/dia (evoluindo a partir do 3º dia).
a) Primeira meta: (20 a 25 Kcal/Kg/dia) nos primeiros 3 dias;
b) Segunda meta: (25 a 30 Kcal/Kg/dia) entre o 5º e 7º dia;
c) Pacientes estáveis nas clínicas: 30 a 45 kcal/kg/dia.
Em pacientes hipercatabólicos recomenda-se iniciar com uma oferta energética mais
baixa, cerca de 15 a 20 Kcal/Kg/dia e progredir para 25 a 30 Kcal/Kg/dia após o quarto dia de
recuperação do estresse metabólico. Alcançando a meta ao final de 7 dias.
8.2. Determinação das necessidades de Proteína do Paciente
A necessidade proteica deve ser estimada conforme IMC (Quadro 3) e ser
individualizada considerando o grau de catabolismo/estresse metabólico do paciente.
Quadro 3 - Necessidades de proteína para adulto

IMC g/kg de peso/ dia


<30 1,2 – 2 (peso atual)
30 -40 ≥ 2 (peso ideal)
> 40 ≥ 2,5 (peso ideal)

a) Doentes renais em hemodiálise


Meta calórica: 25 a 30kcal/kg/dia
Meta proteica: 1,5 a 2g/kg/dia
Nos pacientes em hemodiálise contínua a meta proteica pode ser aumentada para
2,5g/kg/dia; considerando que esses indivíduos perdem de 9 a 15g de proteínas em cada sessão de
hemodiálise.
UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO
HOSPITAL UNIVERSITÁRIO

Tipo do
PROTOCOLO PRT.CMTN.001 – Página 16/38
Documento

Título do TERAPIA NUTRICIONAL ENTERAL E Emissão: 10/06/2021 Próxima revisão:


Documento PARENTERAL Versão: 01 10/06/2023

Recomenda-se restrição proteica somente em doentes renais crônicos, em tratamento


conservador com taxa de filtração glomerular menor que 40ml/kg/min e na ausência de stress
catabólico.
b) Doença hepática
As recomendações seguem de acordo com os demais pacientes críticos. Não restringir
proteínas; usar o peso habitual em vez do peso atual se possível, se não, usar o peso estimado.
Recomenda-se que doentes críticos recebam entre 1,5 e 2 g/Kg/dia.
8.3. Necessidade Hídrica
Para obter a quantidade de água oferecida pela dieta, multiplique a quantidade em “ml”
por 0,8 quando a concentração da dieta for 0,9 a 1,2Kcal/ml; 0,7 se 1,5 Kcal/ml e 0,6 se 2,0 Kcal/ml.
No quadro 4 encontram-se as recomendações de água necessária por faixa etária.

Quadro 4 - Recomendação diária de água

Idade (anos) Água (ml/kg/dia)


18 – 55 35
55 – 65 30
> 65 25

8.4. Terapia Nutricional Enteral (TNE)


8.4.1. Indicações da Nutrição Enteral
• Pacientes que não podem se alimentar: Inconsciência, anorexia, lesões orais,
acidentes vasculares encefálicos, neoplasias, doenças desmielinizantes;
• Pacientes com ingestão oral insuficiente: Trauma, sepse, alcoolismo crônico,
depressão grave, queimaduras, intubação;
• Pacientes nos quais a alimentação comum produz dor e/ ou desconforto: Doença
de Crohn, colite ulcerativa, carcinoma do trato gastrointestinal, pancreatite,
quimioterapia, radioterapia;
• Pacientes com disfunção do trato gastrointestinal: Síndrome de má absorção,
fístula, Síndrome do Intestino Curto.

8.4.2. Contraindicações da nutrição enteral


• Disfunção do trato gastrointestinal;
UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO
HOSPITAL UNIVERSITÁRIO

Tipo do
PROTOCOLO PRT.CMTN.001 – Página 17/38
Documento

Título do TERAPIA NUTRICIONAL ENTERAL E Emissão: 10/06/2021 Próxima revisão:


Documento PARENTERAL Versão: 01 10/06/2023

• Obstrução mecânica do trato gastrointestinal;


• Refluxo gastroesofágico intenso;
• Íleo paralítico;
• Hemorragia gastrointestinal;
• Vômitos e diarreia graves;
• Fístula no TGI de alto débito (500 ml/dia);
• Enterocolite Grave;
• Pancreatite aguda grave;
• Terminalidade com considerações de cada caso.

8.4.3. Vias de acesso da nutrição enteral


A escolha do acesso enteral depende do tempo previsto da terapia, do grau de risco de
deslocamento da sonda ou risco de broncoaspiração, do estado clínico do paciente, das condições
do trato gastrointestinal e alterações anatômicas individuais. Quanto a duração prevista da TNE as
vias de acesso podem ser:
a) Acesso enteral de curta duração (até 6 semanas): via nasogástrica e via
nasoentérica (duodenal e jejunal).
b) Acesso enteral de longa duração (por mais de 6 semanas): gastrostomia e
jejunostomia.

No quadro 5 encontram-se as principais vias de acesso, suas indicações, vantagens e


desvantagens.

Quadro 5 - Vias de acesso para Terapia Nutricional

ACESSO INDICAÇÕES VANTAGENS DESVANTAGENS


Via nasogástrica TGI funcionante e
Mais fisiológico; Risco de broncoaspiração;
presença de reflexo
Permite alimentação em
protetor de vias
bollus;
aéreas. Progressão mais rápida do
aporte;
Maior tolerância de
fórmulas hiperosmóticas
Via naso duodenal ou Pacientes com baixa Reduz a saída acidental de Requer inserção por via
nasojejunal tolerância a sonda; endoscópica podendo
UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO
HOSPITAL UNIVERSITÁRIO

Tipo do
PROTOCOLO PRT.CMTN.001 – Página 18/38
Documento

Título do TERAPIA NUTRICIONAL ENTERAL E Emissão: 10/06/2021 Próxima revisão:


Documento PARENTERAL Versão: 01 10/06/2023

alimentação gástrica, Reduz o risco de atrasar o início da dieta;


broncoaspiração, broncoaspiração; Necessário infusão
gastroparesia e Melhora da tolerância e contínua da dieta;
esvaziamento permite nutrição precoce Requer dietas
gástrico diminuído. nos pacientes com hipoosmolares.
pancreatite aguda grave.
Gastrostomia Requer Permite alimentação em Risco de broncoaspiração;
funcionamento do bollus; Exige cuidados com a
estômago e presença Maior calibre das sondas ostomia.
de reflexo protetor reduz o risco de obstrução
de vias aéreas. das mesmas.
Jejunostomia Utilizada quando o Permite nutrição precoce Cuidados com ostomas;
acesso ou no pós operatório Requer infusão contínua
funcionamento do da dieta.
estômago estão
prejudicados ou
possui alto risco de
broncoaspiração.

8.4.4. Tipos de Fórmulas Enterais


As fórmulas enterais podem ser classificadas quanto à complexidade dos nutrientes em:
• Fórmulas poliméricas: as proteínas estão na forma intacta. São indicadas para
pacientes com capacidade digestiva e absortiva normais do trato gastrointestinal.
Também promovem maior estímulo de liberação dos fatores de crescimento e
hormônios intestinais.
• Fórmulas oligoméricas ou semielementares: as proteínas estão parcialmente
hidrolizadas. São indicadas para pacientes com redução na capacidade digestiva e
absortiva do trato gastro intestinal.

Em relação a densidade calórica são definidas como:

• Hipocalóricas – 0,6 a 0,8 kcal/ml


• Normocalóricas – 0,9 a 1,2 kcal/ml
• Hipercalóricas - >1,3 kcal/ml
Quanto a densidade proteica as fórmulas classificam-se em:

• Hipoproteicas – quantidade de proteínas inferior a 10% do valor energético total


• Normoproteicas – quantidade de proteínas maior ou igual a 10% e menor que 20%
do valor energético total.
UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO
HOSPITAL UNIVERSITÁRIO

Tipo do
PROTOCOLO PRT.CMTN.001 – Página 19/38
Documento

Título do TERAPIA NUTRICIONAL ENTERAL E Emissão: 10/06/2021 Próxima revisão:


Documento PARENTERAL Versão: 01 10/06/2023

• Hiperproteicas – quantidade de proteínas maior ou igual a 20% do valor energético


total.

8.4.5. Métodos e técnicas de administração da nutrição enteral


Sistema de infusão contínuo em 18 horas, das 9 às 3 h, preferencialmente sistema
fechado, em bomba de infusão, com pausa noturna de 6 horas. Se necessário, será utilizado
gotejamento individualizado de acordo com a situação clínica. Quando houver interrupções da dieta
devido a exames e/ou procedimentos o nutricionista deverá realizar compensação do volume a ser
administrado para que o paciente receba todo o volume programado no tempo previsto, bem como
comunicar e orientar a enfermagem quanto a alteração de velocidade de infusão.
A administração de água filtrada deverá ser individualizada para manter a hidratação do
paciente.
O posicionamento do paciente deve ser em decúbito elevado (acima de 30°) durante
toda administração da NE, permanecendo nesta posição até uma hora após o término da mesma.
Não fazer compensação de volume nas seguintes situações:
• Intercorrências do TGI (vômito, diarreia, resíduo gástrico elevado e distensão
abdominal);
• Hiperglicemia;
• Em cirurgias do trato gastrointestinal alto;
• Sepse grave e choque séptico.

8.4.6. Monitorização da terapia nutricional enteral


A monitorização da TNE deverá incluir avaliação nutricional, clínica e tolerância da dieta.
a) Avaliação antropométrica (ver Protocolo Clínico Nutricional da Unidade de
Nutrição Clínica);
b) Exame físico (incluindo sinais vitais e excesso ou deficiência de nutrientes);
c) Ingestão atual de alimentos e líquidos (oral, enteral e parenteral);
d) Volume urinário, perdas gastrointestinais, etc;
e) Dados laboratoriais (hemograma, glicemia, uréia, creatinina, Na, K, Ca, Mg, P, TGO,
TGP, bilirrubinas, triglicérides, proteinograma completo);
f) Checar medicamentos utilizados, assim como interação fármaco-nutriente;
UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO
HOSPITAL UNIVERSITÁRIO

Tipo do
PROTOCOLO PRT.CMTN.001 – Página 20/38
Documento

Título do TERAPIA NUTRICIONAL ENTERAL E Emissão: 10/06/2021 Próxima revisão:


Documento PARENTERAL Versão: 01 10/06/2023

g) Avaliar risco de disfagia e broncoaspiração;


h) Checar tolerância gastrointestinal: distensão abdominal, diarreia, constipação e
vômitos.
No quadro 6 é apresentada a rotina de exames e a periodicidade necessária para o
monitoramento da terapia nutricional.
Quadro 6 - Rotina de exames laboratoriais em pacientes em terapia nutricional enteral

Periodicidade Exames

Hemograma completo
Gasometria arterial
Glicemia
Eletrólitos: Na, K, Mg, Cl, P, Ca iônico
Proteína C Reativa
Marcadores da função renal: uréia e creatinina
Antes do início da Proteínas totais e frações
NE Perfil Lipídico
Amilase, Lipase
Coagulograma
Marcadores da função hepática: aspartato, aminotransferase (AST), alanina
aminotransferase (ALT), gamaglutamil transferase (GGT), fosfatase alcalina,
bilirrubina total e frações

Hemograma completo
Diário Eletrólitos: Na, K, Mg, Cl, P, Ca iônico
Marcadores da função renal: ureia e creatinina

Proteína C Reativa
Albumina
Perfil Lipídico
Semanal Amilase, Lipase
Marcadores da função hepática: AST, ALT, GGT, fosfatase alcalina, bilirrubina total e
frações
Quinzenal Balanço nitrogenado

8.4.7. Complicações e condutas


Diversas são as complicações decorrentes da utilização da terapia nutricional enteral,
dentre elas estão as complicações gastrointestinais, mecânicas e metabólicas.
UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO
HOSPITAL UNIVERSITÁRIO

Tipo do
PROTOCOLO PRT.CMTN.001 – Página 21/38
Documento

Título do TERAPIA NUTRICIONAL ENTERAL E Emissão: 10/06/2021 Próxima revisão:


Documento PARENTERAL Versão: 01 10/06/2023

8.4.7.1. Complicações Gastrintestinais


No quadro 7, enumera-se as principais complicações gastrointestinais relacionadas a
terapia, bem como suas possíveis causas e condutas.
Quadro 7 - Causas e condutas das complicações gastrointestinais em terapia nutricional

Complicações
Possíveis causas Condutas
gastrointestinais

Intolerância gástrica -Rápida infusão da Avaliar causas não relacionadas à TNE;


dieta. Parar dieta por 2 horas; reavaliar retorno com menor
Náuseas e vômitos -Fórmula hiperosmolar volume prescrito em 50%;
-Fórmula hiperlipidica Usar fórmula enteral isotônica, normolipídica e sem
-Intolerância à lactose lactose;
Atentar para volume, velocidade de infusão e
-Distúrbios temperatura da dieta;
Gastroparesia hidroeletrolíticos Checar posição da sonda, considerar posição pós
(VRG >250ml) - Hiperglicemias pilórica;
Corrigir distúrbios hidroeletrolíticos;
-Drogas Manter controle glicêmico adequado;
Checar drogas em uso e suspender possíveis causadoras;
Evitar medicamentos que interfiram na motilidade;
Manter cabeceira elevada acima de 30°;
Usar drogas procinéticas: metoclopramida, bromoprida,
domperidona, eritromicina.

-Infusão rápida da dieta Avaliar causas não relacionadas à TNE;


Parar a dieta por 2 horas e reavaliar retorno com menor
Distensão -Temperatura da dieta volume prescrito em 50%;
abdominal muito baixa Infundir dieta em temperatura ambiente sob infusão
-Má absorção da dieta contínua e lenta;
-Rápida infusão de Infundir fórmula hidrolisada;
triglicerídeos de cadeia Usar fórmula enteral isotônica, normolipídica, sem fibras
média e sem lactose;
-Constipação Corrigir constipação ou obstrução intestinal;
/obstrução intestinal Evitar medicamentos que interfiram na motilidade;
-Drogas Usar drogas procinéticas: metoclopramida, bromoprida,
domperidona, eritromicina.
UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO
HOSPITAL UNIVERSITÁRIO

Tipo do
PROTOCOLO PRT.CMTN.001 – Página 22/38
Documento

Título do TERAPIA NUTRICIONAL ENTERAL E Emissão: 10/06/2021 Próxima revisão:


Documento PARENTERAL Versão: 01 10/06/2023

-Desidratação Avaliar causas não relacionadas à TNE;


Inadequada ingestão de Avaliar o estado de hidratação e suplementar mais água
Constipação fibras -Fazer toque retal para descartar fecaloma e obstrução;
intestinal -Imobilidade Individualizar a administração de fibras;
-Drogas que diminuem Mobilização com atividades físicas;
o peristaltismo Avaliar suspensão de drogas;
Usar laxativos: lactulose, fleet enema, clister glicerinado
e procinéticos. Obs: não recomendamos uso de óleo
mineral em pacientes com alteração do estado mental
em TNE pelo risco de broncoaspiração;
Se persistir constipação, suspender dieta, avaliar
obstrução intestinal. Fazer tomografia de abdome e/ou
colonoscopia. Considerar NPT
Diarreia relacionada Dieta:
a dieta -Infusão rápida Avaliar causas não relacionadas à TNE;
-Baixa temperatura Não suspender a dieta antes de investigar a causa;
-Contaminação Confirmar diarreia: mais de 3 evacuações líquidas nas
-Má absorção 24h;
-Rápida infusão de Avaliar a composição e a osmolaridade da dieta;
triglicerídeos de cadeia Evitar dietas hipertônicas;
média Avaliar posição da sonda e velocidade de infusão da
dieta;
Avaliar escape fecal por fecaloma;
Avaliar prescrição com medicamentos que aumentam o
trânsito intestinal ou modificam a flora intestinal, como
antiácidos, antibióticos e laxativos
(neomicina,eritromicina, piperacilina/tazobactan,
lactulose ou enemas.);
Considerar o uso de fibras em pacientes
hemodinamicamente estáveis. Preferir o uso de
módulos de fibras solúveis 10 a 20 gramas em doses
divididas nas 24horas;
Considerar o uso de probióticos, em pacientes clínicos,
estáveis e imunocompetentes;
Considerar hipoalbuminemia;
Usar loperamida na dose de 4mg iniciais e 2mg após
cada evacuação diarreica, não ultrapassar 16mg nas
24h, na ausência de infecção ou isquemia intestinal;
Na suspeita de diarreia infecciosa por Clostridium
difficile, deve-se contactar a SCIRAS/CCIH, manter o
paciente em precaução de contato e proceder a
investigação com a pesquisa da toxina ou DNA do
Clostridium difficile nas fezes. Iniciar antibioticoterapia
empírica com metronidazol e/ou vancomicina por sonda
UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO
HOSPITAL UNIVERSITÁRIO

Tipo do
PROTOCOLO PRT.CMTN.001 – Página 23/38
Documento

Título do TERAPIA NUTRICIONAL ENTERAL E Emissão: 10/06/2021 Próxima revisão:


Documento PARENTERAL Versão: 01 10/06/2023

nasoenteral;
Na ausência de melhora da diarreia nas 48h após as
intervenções, suspender TNE e iniciar Nutrição
parenteral até resolução do quadro;
Considerar diarreia grave se: Febre ≥38,5ºC,
Instabilidade hemodinâmica, Leucocitose≥ 15.000
cel/mm³, Creatinina ≥1,5 X o valor basal, Lactato
>2mmol/L, Albumina <3mg/dl, Sinais de irritação
peritoneal, Megacólon, distensão de cólon ou
afilamento de parede em tomografia de abdome,
Pseudomembranas em colonoscopia.
-Drogas e Rever prescrição e considerar suspensão ou trocas de
antibioticoterapia de medicamentos suspeitos de aumentar o trânsito
Diarreia não amplo espectro. intestinal;
relacionada a dieta Reduzir velocidade de infusão em 50% do prescrito;
-Disfunção pancreática Avaliar o uso de enzimas pancreáticas, nas insuficiências
pancreáticas;
-Diabetes Controle glicêmico adequado;
descompensado Probióticos, se pacientes imunocompetentes;
Usar antidiarréicos, na ausência de infecção ou
-Hipoalbuminemia isquemia;
Loperamida 4 a 16mg por dia;
-Infecção Suspender dieta enteral e iniciar NPT se meta calorico-
proteica não for atingida em 72h;
Investigar diarreia por clostridium. Solicitar leucócitos
fecais e coprocultura específica para pesquisa de
clostridium;
Tratar com metronidazol 500 mg por SNE de 8/8h por
10 a 14 dias. Nos casos graves e persistentes,
administrar vancomicina 125mg por SNE de 6/6h por 10
a 14 dias. Contactar a CCIH.

8.4.7.2. Complicações Mecânicas


a) Complicações relacionadas à sonda
• Sangramento e perfuração da traqueia, do parênquima e do trato gastrointestinal;
• Migração ou retirada espontânea;
• Lesões isquêmicas da asa do nariz;
• Esofagite de refluxo como posterior estenose esofágica;
UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO
HOSPITAL UNIVERSITÁRIO

Tipo do
PROTOCOLO PRT.CMTN.001 – Página 24/38
Documento

Título do TERAPIA NUTRICIONAL ENTERAL E Emissão: 10/06/2021 Próxima revisão:


Documento PARENTERAL Versão: 01 10/06/2023

• Fístula traqueoesofágica;
• Erosões, ulcerações, infecção de ferida;
• Formação de abscesso nasofaríngeo, esofagiano, gástrico e duodenal;
• Otite média e/ou sinusite;
• Varizes esofágicas;
• Em ostomias: vazamentos, irritação cutânea, infecção e tamanho incorreto do
estoma.
• As complicações podem ser minimizadas/reduzidas através de:
• Treinamento periódico com a equipe e adequada monitorização após a inserção
da sonda;
• Uso de sondas maleáveis e de pequeno calibre;
• Instalação de sonda de gastrostomia e/ou jejunostomia quando houver previsão
do uso prolongado da sonda (superior a 6 semanas);
• Troca da Sonda naso enteral (SNE), rotineiramente, entre as narinas em intervalos
não superiores a 4 ou 6 semanas;
• Confirmação do posicionamento da sonda através de radiografia antes do início
da alimentação ou quando a sonda deslocar;
• Não recolocar o fio guia em uma SNE ainda dentro do paciente;
• Em caso de ostomias: manutenção do local sempre limpo e seco, substituição ou
remoção da sonda e uso de medicação apropriada.

b) Aspiração pulmonar
• Verificar periodicamente o VRG associado ao uso de fármacos procinéticos e
manter a cabeceira da cama elevada (posição de decúbito acima de 30 º).
• Obstrução da sonda
• Enxaguar a sonda com água filtrada usando uma leve pressão e sucção com uma
seringa de 20 a 30 ml. Se não ocorrer a desobstrução imediata, utilizar o enxague
da sonda com água morna.

8.4.7.3. Complicações metabólicas


a) Hiperglicemia
UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO
HOSPITAL UNIVERSITÁRIO

Tipo do
PROTOCOLO PRT.CMTN.001 – Página 25/38
Documento

Título do TERAPIA NUTRICIONAL ENTERAL E Emissão: 10/06/2021 Próxima revisão:


Documento PARENTERAL Versão: 01 10/06/2023

• Manter os níveis de glicemia entre 140 e 180 mg/dl;


• Iniciar fórmulas enterais específicas para controle glicêmico após 24 horas de
hiperglicemia não responsiva ao tratamento médico como adjuvante;
• Pacientes que recebem terapia insulínica por infusão contínua endovenosa e
nutrição enteral como a principal fonte calórica, a infusão de dieta deve se manter
também contínua, por 24 horas ao dia.

b) Síndrome da Realimentação
• Descrita no item 8.5.13.

8.4.8. Condutas para transição da terapia nutricional enteral para oral


• O desmame deve ser realizado em consenso com a equipe, avaliando a capacidade
neurológica, gastrointestinal e respiratória do paciente, levando em conta as suas
necessidades nutricionais.
• Inicia-se o desmame na presença de deglutição efetiva e segura, após avaliação
fonoaudiológica prévia da capacidade de deglutição do paciente, com evolução do
volume da ingesta oral e redução gradativa da terapia nutricional enteral,
conforme fluxograma.
• Após avaliação das competências, fonoaudiólogo indica reintrodução da dieta oral
e define a consistência para início de transição de vias de alimentação.
Inicialmente, em consenso com a Nutrição, solicita-se a redução da Terapia
Nutricional Enteral para 75% das necessidades diárias do paciente. Havendo
aceitação maior que 60% da dieta oral pelo período de 24 horas, ocorre nova
redução da Terapia Nutricional Enteral para 50% das necessidades diárias. Após
avaliação de aceitação da dieta oral por mais 24 horas, sendo observada aceitação
superior a 70% da dieta oral ofertada, realiza-se a indicação da suspensão da
Terapia Nutricional Enteral e retirada da via alternativa de alimentação.
• A equipe de Nutrição avalia a necessidade de manutenção de Terapia Nutricional
por via oral.
• O desmame é contraindicado para pacientes com disfagia orofaríngea moderada
e grave e pacientes com risco de penetração e ou aspiração laringotraqueal.
• Nos casos de impossibilidade de progressão da dieta via oral por período superior
a 30 dias e/ou prognóstico clínico reservado, ocorre a indicação de via alternativa
de alimentação de longa permanência (gastrostomia/jejunostomia).
UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO
HOSPITAL UNIVERSITÁRIO

Tipo do
PROTOCOLO PRT.CMTN.001 – Página 26/38
Documento

Título do TERAPIA NUTRICIONAL ENTERAL E Emissão: 10/06/2021 Próxima revisão:


Documento PARENTERAL Versão: 01 10/06/2023

8.5. Terapia Nutricional Parenteral (TNP)


8.5.1. Indicações
• Incapacidade de alimentação por NE;
• Síndrome do Intestino Curto;
• Fístulas digestivas de alto débito;
• Doenças Inflamatórias Intestinais;
• Obstrução intestinal sem indicação imediata de cirurgia;
• Íleo prolongado;
• Vômitos de difícil controle;
• Pancreatite aguda grave com intolerância a NE;
• Pré-operatório de pacientes desnutridos graves, quando há incapacidade de
receber nutrição total ou parcial pela via digestiva;
• Lactentes prematuros e de baixo peso;
• Diarreia de difícil controle.

8.5.2. Contraindicações
• Instabilidade hemodinâmica
• Choque descompensado (lactato acima de 2 mmol/l)
• Fase aguda do trauma
• Distúrbios metabólicos e hidroeletrolíticos não corrigidos
• Pacientes que não toleram sobrecarga hídrica

8.5.3. Vias de acesso


O cateter deve ser central de uso exclusivo para administração da nutrição parenteral.
Em casos de cateter multilúmen eleger a via distal como exclusiva.

8.5.4. Progressão de NPT


• A nutrição parenteral deve ser iniciada de forma gradual para atingir a necessidade
calórico proteica estimada levando-se em consideração o risco de síndrome de
realimentação e tolerância clínico metabólico do paciente. Estes pacientes devem
UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO
HOSPITAL UNIVERSITÁRIO

Tipo do
PROTOCOLO PRT.CMTN.001 – Página 27/38
Documento

Título do TERAPIA NUTRICIONAL ENTERAL E Emissão: 10/06/2021 Próxima revisão:


Documento PARENTERAL Versão: 01 10/06/2023

receber uma monitorização rigorosa durante todo período de utilização;


• Coletar os exames laboratoriais antes do início da NPT e conforme a rotina de
exames laboratoriais descritas no item 9.6.10; No 1° dia, iniciar com 30 a 40% do
VET com vazão de acordo com caloria e volume programados; No 2° dia, progredir
para 75% do VET, ajustando vazão de acordo com caloria e volume programados;
Se houver suspeita de síndrome de realimentação e/ou distúrbios metabólicos
graves é contraindicada a progressão da NPT antes da correção eletrolítica; No 3°
dia, progredir para 100% do VET, ajustando vazão de acordo com caloria e volume
programados;
• Individualizar a progressão da NPT conforme evolução do paciente.

8.5.5. Necessidades de oligoelementos


Os oligoelementos essenciais são elementos químicos que quando deficientes podem
produzir anormalidades fisiológicas e estruturais que prejudicam a terapia nutricional. Assim as
recomendações diárias de oligoelementos são listadas no quadro 8.
Quadro 8 - Recomendações diárias de oligoelementos

Elementos-traço Recomendação
Zinco 2,5-5 mg/dia
Cobre 0,3-0,5 mg/dia
Cromo 10-15 µg/dia
Manganês 60-100 µg/dia
Selênio 20-60 µg/dia
Ferro Não adicionado de rotina

Na prática clínica deve ser prescrito 1 ampola (2 ml) de oligoelementos/dia.

8.5.6. Necessidades de vitaminas


As vitaminas são necessárias em vários processos metabólicos. São importantes no
aproveitamento de outros nutrientes, têm função importante na regulação da resposta imune e na
participação do processo de cicatrização. No quadro 9, encontram-se as recomendações diárias de
vitaminas.
UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO
HOSPITAL UNIVERSITÁRIO

Tipo do
PROTOCOLO PRT.CMTN.001 – Página 28/38
Documento

Título do TERAPIA NUTRICIONAL ENTERAL E Emissão: 10/06/2021 Próxima revisão:


Documento PARENTERAL Versão: 01 10/06/2023

Quadro 9 - Recomendações diárias de vitaminas

Vitamina Recomendação ( FDA 2000)


A 3300 UI
D ( Ergocalciferol ou Colecalciferol) 200 UI
E ( Alfatocoferol) 10 UI
B1 (Tiamina) 6 mg
B2 (Riboflavina) 3,6 mg
B3 ( Niacina) 40 mg
B5 ( Dexpantenol) 15 mg
B6 ( Piridoxina) 6 mg
B12 ( Cianocobalamina) 5 µg
C ( ácido ascórbico) 200 mg
Biotina 60 µg
Ácido fólico 600 µg
K 150 µG

Na prática clínica deve ser prescrito 1 ampola (10 ml) de multivitaminas/dia.

8.5.7. Glutamina
a. Indicações
• Pacientes queimados na dose de 0,2 a 0,5 g/kg dia por via enteral por 15 dias;
• Politraumatismo 0,2 a 0,3 g/kg dia por via enteral por 15 dias;
• Pode ser usado pacientes cirúrgicos estáveis na suplementação da nutrição
parenteral.
Não ultrapassar a dose de 0,5g/kg/dia.
b. Contraindicações
O uso da glutamina está contraindicado para pacientes graves instáveis, com choque
séptico, com disfunção orgânica múltipla, disfunção hepática, nefropatia ou instabilidade
hemodinâmica.

8.5.8. Necessidades de eletrólitos


O balanço eletrolítico é dependente da função renal, do equilíbrio acidobásico, das
perdas gastrointestinais e dos medicamentos utilizados na terapia. Dessa forma a oferta de
eletrólitos deve ser individualizada para cada paciente. No quadro 10 estão as recomendações
diárias de eletrólitos para pacientes saudáveis com perdas normais.
UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO
HOSPITAL UNIVERSITÁRIO

Tipo do
PROTOCOLO PRT.CMTN.001 – Página 29/38
Documento

Título do TERAPIA NUTRICIONAL ENTERAL E Emissão: 10/06/2021 Próxima revisão:


Documento PARENTERAL Versão: 01 10/06/2023

Quadro 10 - Recomendações diárias de eletrólitos

Eletrólitos Recomendação/dia*
Cálcio 10-15 mEq
Magnésio 8-20 mEq
Fosfato 20-40 mmol
Sódio 1-2 mEq/Kg + Reposição se necessário
Potássio 1-2 mEq/Kg
Acetato Conforme necessário para manter o balanço ácido-básico
Cloreto Conforme necessário para manter o balanço ácido-básico

8.5.9. Métodos e técnicas de administração


• A administração da NP será do tipo contínua, via bomba de infusão, no período
máximo de 24 horas, com fluxo constante, sem interrupção. Quando houver a
interrupção não programada da infusão, ou atraso do recebimento da próxima
solução, faz-se necessário instalar soro glicosado para evitar alterações na
glicemia;
• A via utilizada para a administração da NPT deve ser de uso exclusivo;
• O equipo deve ser trocado a cada bolsa a ser infundida;
• Após a abertura do sistema (ruptura do lacre e conexão do equipo), a solução
passa a ter validade de 24 horas, após esse período a solução deve ser substituída;
• Manter a bolsa de NPT protegida da incidência direta de luz e fontes geradoras de
calor (como bombas de infusão e foco de luz), pois podem alterar as suas
propriedades;
• Proceder à correta higienização da bomba de infusão conforme instrução de
trabalho institucional.

8.5.10. Monitorização laboratorial e clínica


• Monitorização do peso semanalmente;
• Fazer diariamente o balanço hídrico;
• Realizar balanço nitrogenado a cada 15 dias quando o paciente estiver em aporte
calórico proteico pleno;
• Monitoração rigorosa de eletrólitos e distúrbios metabólicos.
UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO
HOSPITAL UNIVERSITÁRIO

Tipo do
PROTOCOLO PRT.CMTN.001 – Página 30/38
Documento

Título do TERAPIA NUTRICIONAL ENTERAL E Emissão: 10/06/2021 Próxima revisão:


Documento PARENTERAL Versão: 01 10/06/2023

No quadro 11 são enumerados os exames de rotina para o monitoramento dos


pacinetes em terapia nutricional parenteral.

Quadro 11 - Rotina de exames laboratoriais em pacientes em terapia nutricional parenteral

Periodicidade Exames
Hemograma completo
Gasometria arterial
Glicemia
Eletrólitos: Na, K, Mg, Cl, P, Ca iônico
Proteína C Reativa
Marcadores da função renal: uréia e creatinina
Antes do início da NPT Proteínas totais e frações
Perfil Lipídico
Amilase, Lipase
Coagulograma
Marcadores da função hepática: aspartato, aminotransferase (AST), alanina
aminotransferase (ALT),gamaglutamil transferase (GGT), fosfatase alcalina,
bilirrubina total e frações
Hemograma completo
Diário Eletrólitos: Na, K, Mg, Cl, P, Ca iônico
Marcadores da função renal: ureia e creatinina

Proteína C Reativa
Albumina
Perfil Lipídico
Semanal Amilase, Lipase
Marcadores da função hepática: AST, ALT, GGT, fosfatase alcalina, bilirrubina
total e frações

Quinzenal Balanço nitrogenado

O uso do balanço nitrogenado é interessante para estimar a perda proteica do paciente


para tentar repô-la dentro das possibilidades. A urina deve ser coletada por um período de 24 horas,
sob refrigeração ou com adição de ácido acético a 5%, 5 ml por litro, para impedir crescimento
bacteriano exagerado. Fatores limitantes: função renal, diarreia, fístula e drenos.

8.5.11. Complicações do uso da nutrição parenteral


• Complicações associadas ao acesso venoso central: Pneumotórax, hemotórax,
punção arterial, arritmias, quilotórax, embolia gasosa, obstrução do cateter,
UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO
HOSPITAL UNIVERSITÁRIO

Tipo do
PROTOCOLO PRT.CMTN.001 – Página 31/38
Documento

Título do TERAPIA NUTRICIONAL ENTERAL E Emissão: 10/06/2021 Próxima revisão:


Documento PARENTERAL Versão: 01 10/06/2023

trombose venosa e infecção de corrente sanguínea relacionada ao cateter;


• Complicações infecciosas: infecção do óstio de inserção do cateter e de corrente
sanguínea associada ao cateter venoso central.
• Complicações metabólicas: disglicemias, hipervolemia, hipertrigliceridemia,
uremia, complicações associadas c/ emulsão lipídica, deficiências de ácidos graxos
essenciais, hipercarpnia, esteatose, colestase e colecistite.
No quadro 12 são apresentadas as complicações metabólicas relacionadas a NPT, suas
causas e manejo.
Quadro 12 - Conduta nas complicações metabólicas relacionadas a NPT

Complicações
Causas Manejo
metabólicas
Hiperglicemia Pode ocorrer em pacientes Uso de insulina;
graves com sepse, disfunção Avaliar a quantidade de carboidratos ofertado
hepática e pancreática, pela fórmula e outras fontes alternativas de
diabetes mellitus, deficiência glicose ofertada por outros meios (p. ex., soro,
de cromo, estresse pós medicações, nutrição enteral suplementar).
operatório, uso de Atentar para velocidade de infusão da glicose
corticosteroides e infusão de que não deve ultrapassar 3 mg/Kg/min (paciente
soluções ricas em glicose. crítico) e 5 mg/Kg/min (paciente estável).
Manter a glicemia abaixo de 180 mg/dl.

Hipoglicemia Pode ser causada por Evitar suspensão súbita da NPT e atrasos na
suspensão súbita da infusão administração da mesma;
de glicose, ou por elevação Caso ocorra, deve-se manter solução de glicose e
da taxa de insulina circulante monitoramento da glicemia.
na corrente sanguínea.
Complicações Alergia a componentes da Suspender a NPT
associadas c/ emulsão emulsão lipídica em
lipídica pacientes com história de
alergia ao ovo
Deficiência de ácidos - Uso prolongado de NPT Ofertar 250 ml de emulsão lipídica de óleo de
graxos essenciais sem emulsão lipídica de soja a 20% duas vezes por semana.
ácidos graxos essenciais
Hipertrigliceridemia São fatores de risco: Reduzir tempo de infusão contínua;
disfunção renal, Limitar a quantidade de lipídio infundido a 1,0
hiperglicemia (180 mg/dl), g/Kg/dia;
dose de corticóide > 0,5 Em caso de uso de sedação com propofol,
mg/kg/dia, pancreatite, descontar a quantidade de lipídio fornecida
sepse. Níveis séricos de (0,1g/ml) da dose total calculada na formulação
UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO
HOSPITAL UNIVERSITÁRIO

Tipo do
PROTOCOLO PRT.CMTN.001 – Página 32/38
Documento

Título do TERAPIA NUTRICIONAL ENTERAL E Emissão: 10/06/2021 Próxima revisão:


Documento PARENTERAL Versão: 01 10/06/2023

triglicerídios devem ser da NPT;


mantidos abaixo de 400 Reduzir carga de dextrose;
mg/dl durante a infusão de Suspender a infusão lipídica se triglicerídios
NPT. séricos ≥ 400 mg/dl;
Monitorar os níveis séricos de triglicerídios
semanalmente.
Uremia Carga proteica total elevada; Avaliar grau de hidratação, balanço hídrico diário
desidratação e disfunção e função renal prévia;
renal prévia. Suspender uso de diuréticos;
Avaliar a carga protéica ofertada.
Hipercapnia Hiperalimentação em Avaliar a quantidade de carboidrato ofertado e
pacientes com disfunção hipervolemia;
pulmonar prévia Utilizar fórmulas hipergraxas e hipoglicídicas;
Adequação ventilatória.
Esteatose Superalimentação e Oferta calórico proteica balanceada não
fórmulas sem lipídio ou ultrapassar mais de 70% de calorias não
excesso de carboidratos e proteicas;
infusão contínua da NPT nas Evitar superalimentação;
24 horas. Reduzir o tempo de infusão da NPT;
Limitar a oferta nutrientes não proteicos:
carboidratos 7g/kg/dia e lipídios até 1g/kg/dia.
Colestase e colecistite Complicação tardia que pode Retorno da dieta enteral ou oral tão logo seja
estar associada com altas possível, mesmo que em pequenas quantidades;
doses de lipídios a longo Procinéticos.
prazo e a não utilização do
trato gastrointestinal - A
estase biliar pode levar ao
desenvolvimento de cálculos
biliares, lama biliar e
consequente colecistite.

8.5.12. Condutas para transição da terapia nutricional parenteral


A transição da terapia nutricional parenteral para enteral ou oral deve ser seguida de
ajustes e cautela para que seja evitado hiperalimentação ou hipoalimentação. Nessa transição a NPT
deve ser continuada até evolução da meta calórica proteica de mais 60% das necessidades
nutricionais do paciente pela via escolhida (enteral, oral ou ambas). Esse período de transição não
deverá ultrapassar 5 dias.
UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO
HOSPITAL UNIVERSITÁRIO

Tipo do
PROTOCOLO PRT.CMTN.001 – Página 33/38
Documento

Título do TERAPIA NUTRICIONAL ENTERAL E Emissão: 10/06/2021 Próxima revisão:


Documento PARENTERAL Versão: 01 10/06/2023

À medida em que haja tolerância à NE, a quantidade de energia da NPT deve ser
reduzida para 50% da meta calórica quando as necessidades energéticas fornecidas via enteral
equivalerem a um percentual ≥ 60% das calorias necessárias estimadas.
Em relação a transição para a dieta oral, se mantida aceitação alimentar adequada, o
desmame da NPT deverá ser feito conforme Quadro 13.
Quadro 13 - Transição da nutrição parenteral para dieta oral

Dieta Vo Parenteral
Líquida restrita ou completa Manter o mesmo volume da NPT
Líquida-pastosa/Liquidificada Reduzir 50% da fórmula da NPT
Pastosa Retirar NPT

8.5.13. Síndrome de Realimentação


Ocorre muito mais frequentemente associada à realimentação parenteral de pacientes
com grau avançado de desnutrição, principalmente proteica, mas também está associada à Nutrição
Enteral no mesmo tipo de pacientes.
Esta síndrome pode se apresentar com disfunção de múltiplos órgãos e sistemas tais
como: arritmias cardíacas; insuficiência cardíaca; insuficiência respiratória; alteração do estado
mental; anemia; trombocitopenia; acidose lática; diurese osmótica; fraqueza muscular; mialgia
náuseas e vômitos.
Fatores de risco: desnutrição grave, baixa ingesta alimentar, doenças disabsortiva,
alcoolismo, anorexia nervosa, pós-operatório tardio de cirurgias bariátricas com técnica cirúrgica
restritiva e disabsortiva, realimentação muito rápida e altas cargas de carboidratos na vigência de
distúrbios eletrolíticos (hipofosfatemia, hipopotassemia, hipomagnesemia) e uso crônico de
medicamentos como diuréticos e insulina conforme descrito no Quadro 14.
Quadro 14 - Critérios de risco para desenvolver síndrome da realimentação

Ao menos 1 critério Ao menos 2 critérios

IMC < 16kg/altura² IMC < 18,5 kg/altura²


Perda não intencional de peso >15% em 3 a 6 Perda não intencional de peso >10% em 3 a 6 meses
meses
Nenhuma ou pouca ingestão de nutrientes nos Nenhuma ou pouca ingestão de nutrientes nos
últimos 10 dias últimos 5 dias
Níveis baixos de potássio, fosforo e magnésio Uso crônico de medicamentos (insulina, diuréticos e
antes de iniciar a terapia nutricional antiácidos) e álcool
UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO
HOSPITAL UNIVERSITÁRIO

Tipo do
PROTOCOLO PRT.CMTN.001 – Página 34/38
Documento

Título do TERAPIA NUTRICIONAL ENTERAL E Emissão: 10/06/2021 Próxima revisão:


Documento PARENTERAL Versão: 01 10/06/2023

Como conduta preventiva enumeramos as seguintes estratégias:


• Identificar pacientes com critérios de risco para síndrome de realimentação;
• Monitorização diária de eletrólitos ( Na, K, Ca, P e Mg) plasmáticos e repleção dos
níveis séricos (P, K e Mg) antes de inciar o suporte nutricional até que se estabilize;
• Limitar a infusão inicial da dieta a 1/3 das necessidades calóricas calculadas, com
a oferta de glicose a 150 g por 2 a 3 dias;
• Aumentar a oferta calórica em 200 kcal/dia até atingir a meta nutricional desejada;
• É necessário que antes do início do suporte nutricional nos pacientes de risco haja
suplementação de 100 a 300 mg tiamina por dia mesmo sem comprovação
laboratorial e manter por no mínimo 5 dias.

9. CRITÉRIOS DE INTERNAÇÃO
Não se aplica.

10. CRITÉRIOS DE MUDANÇA TERAPÊUTICA


A conduta nutricional deve considerar fatores como necessidade calórica e/ou proteica
aumentada, déficit calórico e/ou proteico e a resposta nutricional à terapia nutricional instituída.
Em caso de impossibilidade de recuperação por meio da suplementação ou
impossibilidade de via oral será indicado o uso de dieta por Via Enteral. Pacientes com evolução
desfavorável e sem possibilidade de recuperação somente pela via oral, mesmo com o acréscimo
de suplementos orais ou dieta enteral serão sinalizados para avaliação da Comissão
Multiprofissional de Terapia Nutricional (CMTN).

11. CRITÉRIOS DE ALTA OU TRANSFERÊNCIA


Os critérios de alta serão individualizados para cada paciente conforme alcance meta
clínico-nutricional estabelecida.
UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO
HOSPITAL UNIVERSITÁRIO

Tipo do
PROTOCOLO PRT.CMTN.001 – Página 35/38
Documento

Título do TERAPIA NUTRICIONAL ENTERAL E Emissão: 10/06/2021 Próxima revisão:


Documento PARENTERAL Versão: 01 10/06/2023

12. FLUXO
UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO
HOSPITAL UNIVERSITÁRIO

Tipo do
PROTOCOLO PRT.CMTN.001 – Página 36/38
Documento

Título do TERAPIA NUTRICIONAL ENTERAL E Emissão: 10/06/2021 Próxima revisão:


Documento PARENTERAL Versão: 01 10/06/2023

13. MONITORAMENTO
O monitoramento será realizado mensalmente por meio de indicadores de qualidade da
terapia nutricional definidos por esta Comissão, quais sejam: percentual de triagem nutricional
realizadas em até 48 horas, percentual de avaliação nutricional realizadas em até 48 horas,
percentual de pacientes que atingiram a meta energética e proteica em até 72 horas, percentual de
pacientes que receberam 80% do volume prescrito, percentual de hiperglicemia, percentual de
diarreia, percentual de constipação e percentual de infecção de cateter venoso central em uso de
NPT.
OBS 1 : Notificação de Eventos Adversos - As não conformidades que possam acarretar
eventos adversos relacionados à Terapia Nutricional deverão ser notificadas no VIGIHOSP.
Para acessar a página do VIGIHOSP acesse o portal de aplicações HU-UFMA
(https://portal.huufma.br/). Selecione o ícone VIGIHOSP. Em seguida será aberta a tela para
notificação de incidente/queixa técnica.

14. REFERÊNCIAS
BRASIL. Secretaria de Vigilância Sanitária do Ministério da Saúde. Regulamento técnico para
terapia de nutrição parenteral. Portaria nº272, de 8 de abril de 1998. Diário oficial da União;
Poder executivo, Brasília, 1998.

BRASIL. Secretaria de Vigilância Sanitária do Ministério da Saúde. Regulamento técnico para


terapia de nutrição enteral. RDC nº63, de 6 de julho de 2000. Diário oficial da União; Poder
executivo, Brasília, 2000.

CARVALHO, A.P.P.F. et al. Protocolo de atendimento nutricional do paciente hospitalizado.


Goiânia: Gráfica UFG, 2016.

DUARTE, A.C. Avaliação nutricional: aspectos clínicos e laboratoriais. São Paulo: Atheneu;
2007.

JANE V. W. et al. Consensus Statement: Academy of Nutrition and Dietetics and American
Society for Parenteral and Enteral Nutrition: Characteristics Recommended for the
Identification and Documentation of Adult Malnutrition (Undernutrition). American Society
for Parenteral and Enteral Nutrition (A.S.P.E.N.). JPEN J Parenter Enteral Nutr. 2012.
UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO
HOSPITAL UNIVERSITÁRIO

Tipo do
PROTOCOLO PRT.CMTN.001 – Página 37/38
Documento

Título do TERAPIA NUTRICIONAL ENTERAL E Emissão: 10/06/2021 Próxima revisão:


Documento PARENTERAL Versão: 01 10/06/2023

MANUAL ORIENTATIVO: Sistematização do Cuidado de Nutrição / [organizado pela] Associação


Brasileira de Nutrição; organizadora: Marcia Samia Pinheiro Fidelix. – São Paulo: Associação
Brasileira de Nutrição, 2014.

MCCLAVE S. et al; Society of Critical Care Medicine; American Society for Parenteral and Enteral
Nutrition. Guidelines for the Provision and Assessment of Nutrition Support Therapy in the
Adult Critically Ill Patient: Society of Critical Care Medicine (SCCM) and American Society for
Parenteral and Enteral Nutrition (A.S.P.E.N.). JPEN J Parenter Enteral Nutr. 2016 Feb;40(2):159-
211.

PIOVACARI, SMF; BARRERE, APN. Nutrição Clínica na Oncologia. 1° edição. São Paulo: Atheneu,
2019.

PIOVACARI, SMF. et al. Equipe Multiprofissional de Terapia Nutricional: EMTN em prática. São
Paulo: Atheneu, 2017.

SINGER, P; BLASER, AR; BERGER, MM; et al. ESPEN guideline on clinical nutrition in the
intensive care unit. Clinical Nutrition, 2019.

TOLEDO, D.; CASTRO, M. Terapia Nutricional em UTI. Rio de Janeiro. Rubio, 2020.

TOLETO, DO; PIOVACARI, SMF; HORIE LM ET AL. Diretrizes Brasileiras de Terapia Nutricional.
BRASPEN J., 2018.

WAITZBERG, DL. et al. Manual de Boas Práticas em Terapia Nutricional Enteral e Parenteral. 2°
edição. São Paulo: Atheneu,2015.

15. HISTÓRICO DE REVISÃO

VERSÃO DATA DESCRIÇÃO DA ALTERAÇÃO

01 10/06/2021 Emissão inicial


UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO
HOSPITAL UNIVERSITÁRIO

Tipo do
PROTOCOLO PRT.CMTN.001 – Página 38/38
Documento

Título do TERAPIA NUTRICIONAL ENTERAL E Emissão: 10/06/2021 Próxima revisão:


Documento PARENTERAL Versão: 01 10/06/2023

Elaboração / Revisão Data:


Adriana de Jesus Macau / Enfermeira / CMTN 10/06/2021
Assinado eletronicamente
Giancarlos de Lima Bezerra / Diretor técnico / CMTN
Joelma Souza Pereira / Enfermeira / CMTN

Análise Data:
Elza Cristina Batista Barbosa / Nutricionista / Chefe da Unidade de Nutrição Clínica / CMTN 10/06/2021
Assinado eletronicamente

Validação Data:
Helone Eloísa Frazão Guimarães Faray / Enfermeira / Assessora da Unidade de Gestão da 10/06/2021
Qualidade Assinado eletronicamente
Glauce O. Lima Gonçalves / Enfermeira / Coordenadora do Serviço de Controle de Infecção
Relacionada à Assistência à Saúde / SCIRAS
Maria José Rodrigues / Analista de Tecnologia da Informação - Processos

Aprovação Data
Rosemarie Morais Salazar / Diretora Clínica / CMTN 10/06/2021
Assinado eletronicamente

Permitir a reprodução parcial ou total, desde que indicada a fonte.


17/02/2022 14:23 SEI/SEDE - 14087409 - Termo - SEI

HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO


Rua Barão de Itapary, nº 227 - Bairro Centro
São Luís-MA, CEP 65020-070
- http://huufma.ebserh.gov.br

Termo - SEI nº 2/2021/CMTN/SUPRIN/HU-UFMA-EBSERH

São Luís, data da assinatura eletrônica.

Assunto: PROTOCOLO DE TERAPIA NUTRICIONAL ENTERAL E PARENTERAL/HUUFMA

Certificamos, para os devidos fins, que Protocolo de Terapia Nutricional Enteral e Parenteral –
PRT.CMTN.001, é autêntico e apto para ser implantado e/ou implementado nesta instituição, conforme assinaturas
eletrônicas dos responsáveis pela Elaboração/Revisão, Análise, Validação e Aprovação, relacionados na página XX.

Tipo de Documento: Protocolo

Título do Documento: Protocolo de Terapia Nutricional Enteral e Parenteral/HUUFMA

Registro: PRT.CMTN.001

Emissão: 10/06/2021

Versão: 01

Elaboração / Revisão
Data:
Adriana de Jesus Macau / Enfermeira / CMTN
10/06/2021
Giancarlos de Lima Bezerra / Diretor técnico / CMTN
Assinado eletronicamente
Joelma Souza Pereira / Enfermeira / CMTN

Análise Data:

Elza Cristina Batista Barbosa/ Nutricionista/Chefe da Unidade de Nutrição 10/06/2021


Clínica/CMTN
Assinado eletronicamente

Validação Data:

Helone Eloísa Frazão Guimarães Faray / Enfermeira / Assessora da Unidade de 10/06/2021


Gestão da Qualidade
Assinado eletronicamente
Glauce O. Lima Gonçalves / Enfermeira / Coordenadora do Serviço de Controle de
Infecção Relacionada à Assistência à Saúde / SCIRAS

https://sei.ebserh.gov.br/sei/controlador.php?acao=documento_imprimir_web&acao_origem=arvore_visualizar&id_documento=26916291&infra_s… 1/2
17/02/2022 14:24 SEI/SEDE - 14087409 - Termo - SEI

Maria José Rodrigues / Analista de Tecnologia da Informação - Processos

Data
Aprovação
10/06/2021
Rosemarie Morais Salazar / Diretora Clínica / CMTN
Assinado eletronicamente

Documento assinado eletronicamente por Adriana de Jesus Macau, Enfermeiro(a), em 08/06/2021,


às 09:00, conforme horário oficial de Brasília, com fundamento no art. 6º, § 1º, do Decreto nº 8.539,
de 8 de outubro de 2015.

Documento assinado eletronicamente por Maria Jose Rodrigues, Analista de Tecnologia da


Informação, em 08/06/2021, às 09:22, conforme horário oficial de Brasília, com fundamento no art.
6º, § 1º, do Decreto nº 8.539, de 8 de outubro de 2015.

Documento assinado eletronicamente por Helone Eloisa Frazao Guimaraes Faray, Enfermeiro(a), em
08/06/2021, às 10:13, conforme horário oficial de Brasília, com fundamento no art. 6º, § 1º, do
Decreto nº 8.539, de 8 de outubro de 2015.

Documento assinado eletronicamente por Glauce Oliveira Lima Gon+ºalves, Enfermeiro(a), em


08/06/2021, às 15:31, conforme horário oficial de Brasília, com fundamento no art. 6º, § 1º, do
Decreto nº 8.539, de 8 de outubro de 2015.

Documento assinado eletronicamente por Joelma Souza Pereira, Enfermeiro(a), em 08/06/2021, às


17:16, conforme horário oficial de Brasília, com fundamento no art. 6º, § 1º, do Decreto nº 8.539, de
8 de outubro de 2015.

Documento assinado eletronicamente por Elza Cristina Batista Barbosa, Nutricionista, em


08/06/2021, às 17:17, conforme horário oficial de Brasília, com fundamento no art. 6º, § 1º, do
Decreto nº 8.539, de 8 de outubro de 2015.

Documento assinado eletronicamente por Giancarlos de Lima Bezerra, Nutricionista, em


08/06/2021, às 17:23, conforme horário oficial de Brasília, com fundamento no art. 6º, § 1º, do
Decreto nº 8.539, de 8 de outubro de 2015.

Documento assinado eletronicamente por Rosimarie Morais Salazar, Médico(a), em 09/06/2021, às


09:49, conforme horário oficial de Brasília, com fundamento no art. 6º, § 1º, do Decreto nº 8.539, de
8 de outubro de 2015.

A autenticidade deste documento pode ser conferida no site


https://sei.ebserh.gov.br/sei/controlador_externo.php?
acao=documento_conferir&id_orgao_acesso_externo=0, informando o código verificador 14087409
e o código CRC D6182DD3.

Referência: Processo nº 23523.022187/2021-31 SEI nº 14087409

https://sei.ebserh.gov.br/sei/controlador.php?acao=documento_imprimir_web&acao_origem=arvore_visualizar&id_documento=26916291&infra_s… 2/2

Você também pode gostar