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ATUAÇÃO FISIOTERAPÊUTICA NO ESTÁGIO INICIAL DA DOENÇA DE

ALZHEIMER: revisão bibliográfica


Ana Carla do Nascimento Martins
Nayanne Resende Dias

RESUMO
As doenças neurodegenerativas consistem em patologias que afetam o sistema nervoso e causam a degeneração
progressiva dos neurônios, o que prejudica as funções necessárias para uma vida independente e autônoma, dentre
essas doenças está a doença de Alzheimer. Os sintomas inicialmente são caracterizados pelas falhas de memória,
alterações motoras, e dificuldades na realização das atividades diárias, fazendo necessária a intervenção por meio
da fisioterapia. O objetivo deste estudo foi identificar quais as técnicas fisioterapêuticas mais utilizadas no
tratamento inicial da doença de Alzheimer, a fim de melhorar a função motora e desacelerar seu processo
degenerativo. Foi realizada uma busca bibliográfica em torno da doença de Alzheimer e a atuação da fisioterapia
na mesma, nas bases de dados Scielo, Google Acadêmico e PubMed. Dos 12 estudos analisados sugerem que
exercícios que estimulam a cognição, mobilidade, força, resistência muscular, motricidade, alcance funcional,
como exercícios de alongamento, fortalecimento, coordenação motora, tarefas cognitivas, treino de equilíbrio,
treino de marcha são eficazes no tratamento inicial do paciente com Alzheimer trazendo benefícios no controle da
progressão da mesma. Conclui-se que a fisioterapia é capaz de intervir e contribuir de forma positiva na redução
dos danos cognitivos e na preservação da capacidade funcional, sendo considerada fundamental no tratamento da
doença de Alzheimer.
Palavras-chave: Alzheimer. Fisioterapia. Exercícios.

INTRODUÇÃO
As doenças neurodegenerativas consistem em patologias que afetam o sistema nervoso
e causam a degeneração progressiva dos neurônios, o que, consequentemente, pode provocar
demências, associadas a ataxias, caracterizadas por perda de equilíbrio e coordenação. Quando
um indivíduo é afetado por demências, sua capacidade mental é prejudicada, alterando as
funções necessárias para que tenha uma vida independente e autônoma, dentre essas doenças
está a doença de Alzheimer (DA) (FERREIRA et al., 2016).
A DA é uma neuropatologia degenerativa que leva a deterioração de células cerebrais e
não pode ser revertida, sendo caracterizada pela demência, perda de memória e perda das
funções cognitivas. Manifesta de forma silenciosa e inúmeros fatores de riscos podem estar
associados ao desenvolvimento da doença, os sintomas progridem de forma lenta apenas
aparecendo quando há alterações patológicas decorrentes da degeneração do tecido nervoso
(BITENCOURT et al., 2018).
Os sintomas são descritos em três estágios, sendo eles, inicial, intermediária e terminal,
que caracterizam a evolução da doença. Inicialmente ocorrem as falhas de memória, alterações
motoras, e dificuldades progressivas das atividades diárias, tornando-se necessária a
intervenção fisioterapêutica a fim de retardar a progressão da DA e a conservação da qualidade
de vida pelo maior tempo possível (MEDEIROS et al., 2015; FERREIRA et al., 2016;
GONÇALVES; SILVA; FERREIRA, 2017).
Trabalho de Curso apresentado a Faculdade UNA, como requisito parcial para a integralização do curso de
Fisioterapia, sob orientação da professora Esp. Ana Carolina Mesquita do Nascimento.
A fisioterapia é a ciência que estuda, diagnostica, previne e recupera pacientes com
distúrbios cinéticos funcionais, decorrentes dos sistemas do corpo humano. No processo da DA
ela tem como objetivo preservar as funções motoras e evitar deformidades, buscando a
independência do paciente, além de atuar juntamente com outros profissionais da saúde
prestando orientações à família (HERNANDEZ et al., 2010; MEDEIROS et al., 2015).
O tratamento fisioterapêutico é realizado através de exercícios de resistência e
fortalecimento para manter e aumentar a força muscular, melhora na amplitude de movimento
e equilíbrio, e melhora o metabolismo, e também promover a estimulação motora e cognitiva,
aumento da capacidade funcional e de aprendizagem (LIMA et al., 2016).
O exercício físico praticado regularmente é capaz de inibir boa parte das mudanças
cerebrais causadas pela DA, além de prevenir e controlar outras doenças crônico-degenerativas.
Pode ser realizado através da cinesioterapia associado ao padrão respiratório diafragmático,
trabalhos de coordenação e movimentos finos, e treinamento aeróbico benéfico para função
cardiorrespiratória (LIMA et al., 2016; GLISOI; SILVA; SANTOS - GALDUROZ, 2018).
Diante da abordagem da fisioterapia no estágio inicial da DA a pesquisa é relevante
visto analisar estudos sobre exercícios motores com pacientes de Alzheimer visando gerar
informações evidenciando os benefícios em indivíduos alvo para melhora da cognição e da
força muscular, prevenir danos motores, diminuir complicações e deformidades, melhorar
amplitudes de movimento, melhorar equilíbrio e consequentemente prevenir quedas.
Desta forma o objetivo deste trabalho foi realizar uma revisão de literatura no sentido
de mapear quais as técnicas fisioterapêuticas mais utilizadas no tratamento inicial da doença de
Alzheimer, capaz de promover a melhora da função motora, proporcionando melhor qualidade
de vida para os portadores da doença.

METODOLOGIA
O presente estudo teve caráter de revisão bibliográfica. Inicialmente, buscou
ferramentas teóricas para estabelecer conceitos em torno da doença de Alzheimer e atuação da
fisioterapia na mesma.
Posteriormente foi realizada uma busca nas bases de dados: Scielo, Google Acadêmico
e PubMed.
Para a busca dos artigos foram utilizadas as seguintes palavras-chave: Alzheimer,
fisioterapia, exercícios.
O fluxograma abaixo representa o processo de busca bibliográfica.
Fluxograma 1 – Apresentação da busca bibliográfica.

Publicações localizadas nas bases


IDENTIFICAÇÃO Google Acadêmico n = 11 Total: 20 registros encontrados
Scielo n= 7
Pubmed = 2

TRIAGEM
Produções excluídos (teses,
dissertações, trabalhos de conclusão n=8
de curso)

ELEGIBILIDADE Revisões n = 7
Estudos Clínicos n = 4 n = 12
Relato de Caso n = 1

PRODUÇÕES INCLUÍDAS NO Temática que contemplava a abordagem dos benefícios da atividade física no
ARTIGO estágio inicial da doença de Alzheimer

Fonte: os autores.

RESULTADO E DISCUSSÃO

O quadro abaixo apresenta os artigos de revisão bibliográfica selecionados para esta produção.

Quadro 1. Mapeamento de resultados da busca de artigos científicos de revisão literária.


AUTOR/ANO/ TÍTULO OBJETIVO METODOLOGIA RESULTADO
REVISTA DE
PUBLICAÇÃO

Coelho et al., Atividade física Realizar uma Revisão sistemática da Os estudos encontrados
2009 sistematizada e revisão sistemática literatura orientada pela busca mostraram que a atividade
Rev Bras desempenho dos estudos que bibliográfica nas seguintes física sistematizada contribuiu
Psiquiatr. cognitivo em analisaram o efeito bases de dados: PsycINFO, para melhorar pelo menos
idosos com da atividade física Biological Abstracts, Medline, temporariamente as funções
demência de sistematizada no Web of Science, Physical cognitivas em pacientes com
Alzheimer: uma desempenho Education Index e doença de Alzheimer,
revisão cognitivo em SPORTDiscus. A seleção dos particularmente, atenção,
sistemática idosos com doença artigos baseou-se em estudos funções executivas e
de Alzheimer contendo funções cognitivas linguagem.
como variável dependente,
programas de atividade
sistematizada, indivíduos
acima de 60 anos com
diagnóstico clínico de DA.

Medeiros et A influência da Descrever os Revisão bibliográfica sobre Visto que as dificuldades


al., 2015 fisioterapia na efeitos da a influência da fisioterapia motoras dos pacientes
Revista cognição de Fisioterapia na DA com uma busca decorrem de alterações na
UNILUS idosos com como um através do Lilacs, Scielo, função cognitiva, uma
Ensino e doença de tratamento Medline e Bireme com 9 intervenção terapêutica que
Pesquisa Alzheimer paliativo na artigos incluídos. envolva estes dois
cognição dos contextos se faz necessária
idosos com DA na prevenção e tratamento
Lima et al., O papel da Realizar uma Estudo de revisão literária, A intervenção
2016 fisioterapia no revisão de onde se realizou uma fisioterapêutica é
Boletim tratamento da literatura sobre o pesquisa sobre o tema fundamental na prevenção
Informativo doença de papel do abordado em artigos e no tratamento de DA, ela
Alzheimer: uma
Unimotrisaud revisão de
fisioterapeuta no publicados no período de pode contribuir em
e em literatura tratamento da 2006 a 2015 nas bases de qualquer fase da doença de
Sociogeronto doença de dados LILACS, SciELO e Alzheimer ao atuar tanto na
logia Alzheimer. Google Acadêmico manutenção quanto na
melhora do desempenho
funcional do indivíduo,
ajudando na motricidade,
força e resistência muscular
e no bem estar do paciente.

Ferreira et al., Doença de Fazer uma Trata-se de uma pesquisa O trabalho apresenta a
2016 Alzheimer revisão da feita a partir do realidade da maioria dos
Mostra literatura sobre levantamento de pacientes e da família que
Interdisciplina acerca da referências teóricas não tem acesso ao
r do curso de conduta analisadas e publicadas por conhecimento da doença,
Enfermagem terapêutica na meio de artigos. das unidades de saúde que
doença de não disponibiliza materiais
Alzheimer informativos, a proposta
identificando os desse estudo é auxiliar a
principais família como cuidar de um
grupos paciente com DA,
farmacológicos repassando as informações
e efeitos necessárias para a busca de
colaterais. tratamento adequado para o
idoso com demência.

Gonçalves, Tratamento Relatar através da Trata-se de uma pesquisa Percebeu-se a necessidade de


Silva, Ferreira, fisioterapêutico revisão da bibliográfica, disponibilizando reabilitação global, não apenas
2017 na doença de literatura a auxílio teórico através de motora, como também ao
Open Journal Alzheimer no relevância do fontes seguras e teorias retorno das relações pessoais e
Systems estágio inicial: tratamento fundamentadas de vários interpessoais, na manutenção
Seção: Ciências revisão da fisioterapêutico na autores. da independência e do bem-
da Saúde literatura DA na fase inicial. estar, durante um maior tempo
possível. A utilização da
cinesioterapia através de
programas de alongamentos,
mobilizações, exercícios
isotônicos, isométricos,
isocinéticos e exercícios
aeróbios são necessários para
prevenção de problemas
osteoarticulares e
cardiovasculares, além da
hidroterapia, as atividades
lúdicas, de circuito,
envolvendo jogos, músicas,
brincadeiras, são essenciais
para estimulação cognitiva.
Glisoi, Silva e Efeito do Analisar o efeito Revisão sistemática da Após análise dos estudos o
Santos- exercício físico do exercício físico literatura, orientada por busca resultado obtido entre a
Galduróz, nas funções nos aspectos nas seguintes bases de dados: comparação de um grupo em
2018 cognitivas e cognitivos e PubMed, MEDLINE, tratamento e outro não, o de
motoras de motores de idosos LILACS, Periódico CAPES e tratamento apresentou melhora
Rev Soc Bras idosos com com doença de Web of Science. Os estudos nas funções físicas com maior
Clin Med. doença de Alzheimer. selecionados abordavam a alcance funcional, melhora na
Alzheimer: uma intervenção apenas com mobilidade e aumento na
revisão exercício físico sem resistência corporal, ou seja,
estimulação cognitiva e um programa desenvolvido
estudos com desfechos especificamente para pessoas
motores e cognitivos. No com demência é eficaz na
período de 2011 a 2016. melhoria de domínios
cognitivos e físicos,
impactando na funcionalidade
e qualidade de vida dos
mesmos.

Bitencourt et Doença de Compreender os Trata-se de uma revisão de Os estudos analisados sugerem


al., 2018 Alzheimer: aspectos literatura, que busca abordar a eficácia da Fisioterapia, na
Revista Inova aspectos fisiopatológicos da os aspectos fisiopatológicos e melhora da função motora,
Saúde fisiopatológicos, doença de o tratamento relacionado a
para manter o equilíbrio, a
qualidade de Alzheimer e a pratica fisioterapêutica e a
vida, estratégias atuação do participação da biomedicina. força e a cognição em
terapêuticas da fisioterapeuta e do Foram usadas em bases pacientes com DA, e a
fisioterapia e biomédico para nacionais e internacionais, biomedicina se faz importante
biomedicina. minimizar as sugerindo suas respectivas para auxiliar nas áreas avaliam
dificuldades e traduções. Em bases de dados a qualidade de vida do
retardar a como: Scielo, LILACS e paciente, criar estratégias
progressão da PubMed.
educativas, de prevenção,
doença.
promoção e intervenção na
busca de uma velhice bem-
sucedida junto aos familiares e
cuidadores.

Fonte: os autores.

O quadro abaixo apresenta os artigos originais selecionados para esta produção.

Quadro 2. Mapeamento de resultados da busca de artigos científicos de produção original.


AUTOR/ANO/ TÍTULO OBJETIVO METODOLOGIA RESULTADO
REVISTA DE
PUBLICAÇÃO

Hernandez et al., Efeitos de um Analisar os efeitos Dezesseis idosos com idade Houve interação significativa
2010 programa de de um programa média de 78,5±6,8 anos entre os grupos e momentos
Revista Brasileira de atividade de atividade física foram alocados em dois para o teste AGILEQ. O teste U
Fisioterapia física nas regular, grupos: grupo intervenção Mann Whitney apontou
funções sistematizado e (GI; n=9) e grupo rotina diferenças significativas
cognitivas, supervisionado (GR; n=7). O GI praticou intergrupos. Na análise
equilíbrio e sobre as funções seis meses de atividade intragrupo, o teste de Wilcoxon
risco de cognitivas, física sistematizada, e mostrou piora significativa no
quedas em equilíbrio e risco ambos os grupos foram MEEM, TUG e EEFB do GR,
idosos com de quedas de avaliados por meio dos mas não do GI. O coeficiente de
demência de idosos com seguintes testes: Mini Spearman mostrou correlação
Alzheimer demência de Exame do Estado Mental significativa entre os resultados
Alzheimer (MEEM), Escala de do MEEM e AGILEQ.
Equilíbrio Funcional de Chegando a conclusão que a
Berg (EEFB), Timed Up and atividade física representa uma
Go (TUG) e de Agilidade e importante abordagem não
Equilíbrio Dinâmico farmacológica, beneficiando as
(AGILEQ) da bateria da funções cognitivas e o
American Alliance for equilíbrio com diminuição do
Health Recreation and risco de quedas, e também a
Dance (AAHPERD). agilidade e o equilíbrio que
estão associados com funções
cognitivas em idosos com DA.

Groppo et al., 2012 Efeitos de um Analisar os efeitos Seis idosas realizaram um Os resultados mostraram que o
Revista brasileira de programa de de um programa programa de exercícios programa proposto pode
educação física e atividade de exercícios físicos durante seis meses, auxiliar na redução dos
esporte física sobre os físicos sobre os outras seis compuseram o sintomas depressivos de
sintomas sintomas grupo controle. O Mini- pacientes com DA, mas não
depressivos e depressivos e a Exame do Estado Mental, a promoveu melhoras
a qualidade percepção da Escala de Qualidade de Vida significativas na percepção da
de vida de Qualidade de vida e a Escala de Depressão em QV destes pacientes e nem de
idosos com (QV) de pacientes Geriatria foram aplicados seus cuidadores. Entretanto,
demência de com Doença de para avaliação das variáveis. menores comprometimentos da
Alzheimer Alzheimer (DA) e Os dados foram analisados percepção da qualidade de vida
de seus através de uma ANOVA foram observados em pacientes
cuidadores. "two-way" e correlação de e cuidadores que eram
Pearson, com nível de fisicamente ativos.
significância de 5% (p <
0,05).

Ferretti et al., 2014 Efeitos de um Analisar os efeitos A pesquisa foi realizada com O GE apresentou melhora nas
Revista Fisioterapia programa de de um programa 12 indivíduos com idade variáveis equilíbrio e
Brasil exercícios na de exercícios de entre 65 e 85 anos, divididos mobilidade e o GC apresentou
mobilidade, força e equilíbrio em Grupo Controle (GC) e declínio em ambas as variáveis.
equilíbrio e na mobilidade, Grupo Experimental (GE).
cognição de equilíbrio e Ambos os grupos foram
idosos com cognitivo de avaliados no início e ao final
doença de idosos com das seis semanas de
Alzheimer Alzheimer. intervenção. O GE
desenvolveu um protocolo
de exercícios de força e
equilíbrio, e o GC recebeu
orientações domiciliares.

Castilho Júnior et al., Um programa Avaliar o impacto Trata-se de um estudo de Os resultados indicaram
2019 de exercícios de um programa abordagem quantitativa do melhora na funcionalidade
Open Journal físicos fisioterapêutico de tipo intervencionista com entre o pré e o pós-teste.
Systems influencia na exercícios físicos idosos portadores da Doença Conclusão: com este estudo
funcionalidad na independência de Alzheimer. O método de demonstrou-se que a
e de idosos de idosos com avaliação baseou-se no fisioterapia pode intervir e
institucionali Doença de Índice de Barthel que contribuir de forma positiva no
zados com Alzheimer consiste em um questionário tratamento para melhora do
doença de institucionalizado que avalia o grau de nível de independência dos
Alzheimer? s independência do idoso, pacientes acometidos com
com perguntas que variam Alzheimer.
de 0 a 100. Foi realizada
uma intervenção
fisioterapêutica com
exercícios de alongamento e
fortalecimento muscular e
treino de marcha e
equilíbrio. Após a
intervenção, compararam-se
os dados iniciais e finais por
meio da estatística descritiva
através de tabelas.

Dias et al., 2020 Protocolo de Verificar o efeito Foi realizado um estudo Foram realizadas
Revista Pesquisa em exercícios de um programa longitudinal, em idosos com 28 sessões com 11 idosas, com
Fisioterapia - terapêuticos de exercícios DA frequentadores de um idade média de 88 anos,
Bahiana em fisioterapêuticos Centro-Dia. Os participantes frequência semanal no Centro
grupo para sobre a saúde dos foram selecionados por Dia de 4 vezes e pontuação
pessoas com idosos com DA. meio de características média no MEEM de 12.
doença de demográficas e condições de Obtiveram significância
Alzheimer saúde. Para análise das estatística no teste Alcance
variáveis de desfecho foram Sentado
avaliados pré e pós pré 22,3 e pós 28,2 com p =
intervenção com os testes: 0,003 e, no teste de TUG pré
Timed Up and Go (TUG), 16,9 e pós 2,5, com p = 0,009.
Caixa e Blocos, Escala de Além disso, o teste Berg e TUG
Berg e Alcance funcional apresentaram correlação
em pé e sentado. Em seguida negativa. O protocolo proposto
foram submetidos a um contribuiu para melhora na
protocolo de intervenção em saúde funcional observadas no
grupo. Utilizou-se para aumento do alcance funcional e
análise estatística o Teste T- da mobilidade das idosas.
Student Pareado e a
correlação de Pearson.
Fonte: os autores.
Diante dos artigos encontrados foi verificado que a intervenção por meio de atividades
proporciona ao idoso portador da DA melhora da cognição e da função motora, melhora do
equilíbrio e da capacidade funcional, além de contribuir na qualidade de vida dos pacientes e
retardar a progressão da doença, abaixo destaca-se as condutas fisioterapêuticas utilizadas nos
achados.
No estudo de Hernandez et al. (2010), que objetivou analisar os efeitos de um programa
de atividade física regular, sistematizado e supervisionado sobre as funções cognitivas,
equilíbrio e risco de quedas em idosos com Alzheimer, utilizaram um protocolo de exercícios
com atividades de alongamento, treinamento com pesos, circuitos, jogos pré-desportivos,
sequências de dança, atividades lúdicas e relaxamento, também foram utilizados aparelhos
auxiliares como pesos, caneleiras, bastões, medicine ball, theraband e gymnastics ball, visando
o desenvolvimento da capacidade funcional, coordenação, agilidade, equilíbrio, flexibilidade,
força e capacidade aeróbia.
Em geral, foi observado que houve redução no tempo de execução no protocolo de
exercícios no grupo intervenção, já no grupo que não realizava atividade física observou
declínio significativo em todas as variáveis analisadas na pesquisa.
Groppo et al. (2012), realizaram um estudo com o objetivo de analisar os efeitos de um
programa de exercícios físicos sobre os sintomas depressivos e a percepção da qualidade de
vida de pacientes com Alzheimer e de seus cuidadores, foram submetidos a um programa de
exercícios físicos onde enfatizavam a capacidade funcional, agilidade, equilíbrio, resistência de
força e capacidade aeróbia, associados às tarefas cognitivas, como contagem regressiva,
reconhecimentos de formas, cores, tarefas de fluência verbal, etc. A agilidade foi desenvolvida
com exercícios que envolviam mudança de direção e mobilidade, o equilíbrio foi trabalhado
por meio de circuitos com estimulações nos sistemas somatossensorial, vestibular e visual com
materiais de diferentes densidades e dimensões para realizar as tarefas motoras, para resistência
de força o protocolo envolvia exercícios com grandes grupos musculares de longas séries e
baixa sobrecarga, e atividades de marcha que estimulassem a mobilidade e deambulação.
Foi observado que os pacientes do grupo de treinamento tiveram uma redução nos
sintomas depressivos e melhora na qualidade de vida, enquanto o outro grupo apresentou um
declínio acentuado (GROPPO et al., 2012).
Ferreti et al. (2014), ao analisarem os efeitos de um programa de exercícios de força,
mobilidade, equilíbrio e cognição em idosos com Alzheimer, formaram dois grupos, um de
controle que recebeu orientações domiciliares, e um experimental que realizou um programa
de exercícios constituído por um circuito de equilíbrio e força. Trabalharam a marcha hálux-
calcanhar em solo estável, flexão do joelho mantendo a extensão dos quadris na posição em pé,
com tornozeleira de 0,5 kg em ambos os MMII, equilíbrio também em solo estável, subir e
descer degraus (step 15cm), marcha lateral em solo estável, adução de quadris na posição
sentada com bola de borracha entre os joelhos, equilíbrio bipodal na prancha retangular como
apoio na parede e mini-agachamento deslizando a coluna na parede, foram realizados ainda
marcha hálux-calcanhar sobre espuma de média densidade, flexão do joelho mantendo a
extensão dos quadris na posição em pé, com tornozeleira de 01 kg em ambos os MMII,
equilíbrio tandem sobre espuma de média densidade, subir e descer degraus (step 30cm),
marcha lateral em solo instável, adução de quadris na posição sentada com Magic-circle entre
os joelhos, equilíbrio bipodal na prancha retangular realizando flexão plantar e dorsiflexão, e
mini-agachamento deslizando a coluna na parede com bola.
Evidenciou que os idosos representantes do grupo experimental melhoraram os escores
dos testes de mobilidade e equilíbrio, o outro grupo apresentou aumento no tempo para
realização dos mesmos testes colaborando para o aumento do risco de quedas (FERRETI et al.,
2014).
Castilho Junior et al. (2019), realizaram um estudo a fim avaliar o impacto de um
programa fisioterapêutico de exercícios físicos na independência de idosos com Alzheimer
institucionalizados, onde foi aplicado um protocolo de atendimento com 30 sessões de 40
minutos, 3 vezes na semana para 4 idosos entre 60 e 70 anos na fase leve da DA. O protocolo
contou com atividades de alongamento e fortalecimento muscular, treino de equilíbrio e treino
de marcha. Os idosos quando comparados a pré e pós intervenção com a fisioterapia
demonstraram melhora na mobilidade, nas atividades e no uso do toilet, além de manter os
idosos mais ativos e independentes.
Dias et al. (2020), com o objetivo de verificar o efeito de um programa de exercícios
fisioterapêuticos sobre a saúde dos idosos com DA realizaram um estudo aplicando um
protocolo de exercícios fisioterapêuticos dividido em três fases: preparatória, ativa e de
desaquecimento. A fase preparatória continha exercícios de alongamento de cabeça, membros
superiores e membros inferiores, exercícios de mobilidade e flexibilidade articular. A fase ativa
iniciava com circuito funcional que envolviam equilíbrio, alcance funcional, coordenação
motora global e fina, duplas tarefas para cognição, exercícios de mobilidade de tronco e
membro superior, e força muscular. Na fase de desaquecimento eram realizados exercícios de
relaxamento muscular em braços, pernas, glúteos, coluna e pés, exercícios de expressão facial,
automassagem facial e exercícios respiratórios. Nos resultados, todas as variáveis avaliadas
apresentaram modificações tanto na função psicomotora quanto no desempenho motor,
evidenciando que o protocolo de exercícios proposto foi efetivo para manutenção da saúde
funcional dos idosos, mobilidade e diminuição do risco de quedas.
Após a análise dos artigos foi possível identificar que exercícios de alongamento e,
fortalecimento muscular, circuitos visando a capacidade funcional, coordenação motora, tarefas
cognitivas, agilidade, mobilidade e flexibilidade, capacidade aeróbia, treino de equilíbrio e
treino de marcha são eficazes no tratamento inicial do paciente com Alzheimer.
Nos artigos de revisão bibliográfica já realizados anteriormente a este estudo foi
possível identificar que exercícios, tais como os que estimulam a cognição, mobilidade, força,
resistência muscular, motricidade, alcance funcional realizados na fase precoce da doença
trazem benefícios no controle da progressão da mesma. Sendo assim, a fisioterapia é
considerada fundamental na prevenção e no tratamento da Doença de Alzheimer.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente estudo demonstrou que a fisioterapia é capaz de intervir e contribuir de forma


positiva na redução dos danos cognitivos e na preservação da capacidade funcional, auxiliando
por meio de exercícios na melhora do equilíbrio, da amplitude de movimento, da mobilidade e
da coordenação, promovendo estimulação motora, fortalecimento muscular, a fim de prevenir
e retardar distúrbios cinéticos funcionais, diminuindo assim o risco de complicações e
deformidades. Se destacam atividades que envolvam percepção, agilidade, força, resistência,
motricidade e deambulação, contribuindo significativamente na melhora física, psicológica,
social e na manutenção da qualidade de vida.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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