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RESUMO
O presente trabalho é uma revisão bibliográfica de obras que demonstram como a Neuro-
metria Funcional, quando aplicada a dificuldades de aprendizagem, pode tornar-se uma ferramen-
ta eficaz, na atenuação dessas dificuldades e no auxílio da avaliação e intervenção psicopedagó-
gica, por fornecer instrumentos que permitem, ao indivíduo, controlar a ansiedade e melhorar o
desempenho escolar.
SUMMARY
The present work is a bibliographical review of works that demonstrate how Functional Neu-
rometry, when applied to learning difficulties, can become an effective tool, in the attenuation of
these difficulties and in the aid of evaluation and psychopedagogical intervention, by providing
instruments that allow the to control anxiety and improve school performance.
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idade cronológica do indivíduo, causando interferência os cientistas identificaram três padrões que
significativa no desempenho acadêmico ou profissio- ocorrem, com frequência, em indivíduos com
nal ou nas atividades cotidianas, confirmada por meio dificuldades acadêmicas: (SMITHT, 2001)
de medidas de desempenho padronizadas adminis-
1 - O hemisfério esquerdo é hipoativo/o hemisfério di-
tradas individualmente e por avaliação clínica abran-
reito é hiperativo. [...] a hiperatividade no hemisfério
gente. Para indivíduos com 17 anos ou mais, história
cerebral direito pode produzir atrasos na aprendiza-
documentada das dificuldades de aprendizagem com
gem da leitura, já que o lado direito do cérebro está
prejuízo pode ser substituída por uma avaliação pa-
fracamente adaptado à tarefa de decodificação de pa-
dronizada.
lavras por sua decomposição em sons e sílabas indi-
C - As dificuldades de aprendizagem iniciam-se duran- viduais.
te os anos escolares, mas podem não se manifestar
2 - O hemisfério direito é hipoativo/o hemisfério es-
completamente até que as exigências pelas habilida-
querdo é hiperativo. [...] Os indivíduos com deficiência
des acadêmicas excedam as capacidades limitadas
no córtex cerebral direito podem ter problemas com
do indivíduo (p.ex., em testes cronometrados, em leitu-
o senso do tempo, consciência corporal, orientação
ra ou escrita de textos complexos longos e com prazo
espacial, percepção e memória visual. Um hemisfério
curto, em alta sobrecarga de exigências acadêmicas).
esquerdo hiperativo geralmente acarreta uma aborda-
D - As dificuldades de aprendizagem não podem ser gem excessivamente analítica à solução dos proble-
explicadas por deficiências intelectuais, acuidade vi- mas [...]
sual ou auditiva não corrigida, outros transtornos men-
3 - Hipoatividade nos lobos frontais. Os lobos frontais
tais ou neurológicos, adversidade psicossocial, falta
do córtex cerebral governam o comportamento motor
de proficiência na língua de instrução acadêmica ou
e também incluem regiões envolvidas no planejamen-
instrução educacional inadequada. P 66-7.
to e no julgamento, no foco da atenção, na organiza-
Estudos mostram que o desenvolvimento ção e na avaliação das emoções. [,,,] Os indivíduos
das crianças é influenciado pela dinâmica fami- com erros em sua ativação cortical devem desenvolver
liar, ambiente acadêmico, sociedade, além dos trajetos neuronais alternativos para o processamento
fatores biológicos. de informações. Uma vez que esses trajetos nem sem-
pre são tão eficientes quanto os circuitos normais o
SMITHT, (2001) explica que os fatores
seriam, os alunos com dificuldades de aprendizagem
biológicos que contribuem para as dificuldades
tendem a processar as informações mais lentamente
de aprendizagem podem ser divididos em qua-
[...].(SMITHT, 2001). P.24-6.
tro categorias gerais: lesão cerebral, heredita-
riedade, desequilíbrio neuroquímicos e erros do
desenvolvimento cerebral. Um grupo crescente de evidência suge-
O desenvolvimento do cérebro humano re que os desequilíbrios neuroquímicos contri-
é contínuo, começa na concepção e continua buem para alguns transtornos de aprendiza-
na fase adulta. Se esse processo contínuo de gem, particularmente aquelas que envolvem
ativação neuronal for perturbado em qualquer dificuldade com a atenção e impulsividade.
ponto, parte do cérebro poderá não se desen- (BARKEY, 2008).
volver normalmente. Segundo Smith, (2001), há uma varieda-
Uma vez que a aprendizagem e outros de de irregularidades nos cérebros de pessoas
comportamentos complexos dependem da ati- com dificuldades de aprendizagem, em espe-
vação de circuitos envolvendo diversas áreas cial nos indivíduos com transtorno de déficit de
do cérebro, o prejuízo em uma região cerebral atenção/hiperatividade.
pode afetar o crescimento e o desenvolvimento Smith (2001), esclarece que muitos in-
em outro ponto do sistema. (LENT, 2008). divíduos com o transtorno são deficientes em
Com o uso da tecnologia de imagens relação a uma classe de neurotransmissores
para o estudo da atividade no córtex cerebral, chamados catecolaminas. As catecolaminas
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controlam diversos sistemas neuronais, incluin- O estresse prolongado faz com que os neurô-
do os responsáveis pela atenção, comporta- nios dessa região percam dendritos e acabem
mento motor e motivação. “encolhendo”. (LENT, Roberto. – 2010).
4.2 Ansiedade A perda de células hipocampais decor-
rente do excesso de cortisol levaria ao déficit
São diversos fatores que predispõe, uma
de memória de curto prazo observado em situa-
pessoa aos transtornos de ansiedade: altera-
ções de ansiedade e estresse prolongado. As-
ções fisiológicas, carga genética, desequilíbrio
sim, lembranças traumáticas se tornariam mais
familiar, sobrecarga emocional em curto e longo
pronunciadas porque o hipocampo, responsá-
prazo e sistemas de crenças pessoais.
vel pela memória recente, é mais sensível aos
De acordo com Lent (2010) o termo an- efeitos nocivos do cortisol que a amídala, envol-
siedade é usado para se referir a um estado de vida na evocação das memórias de longo pra-
tensão ou apreensão devido a uma expectativa. zo. (LENT, Roberto. – 2010).
Esta manifestação é uma reação normal. Con-
Embora aparentemente simétricos, os
tudo, quando provoca sofrimento, passa a ser
hemisférios cerebrais apresentam funções e
considerada patológica, pois chega a provocar
especificações bastante distintas. (SPRINGER,
distúrbios orgânicos.
Sally P. – 1998).
Na ansiedade os ajustes fisiológicos ul-
A partir de experiências, onde foram im-
trapassam o âmbito do Sistema Nervoso Autô-
plantados eletrodos em diferentes regiões do
nomo (SNA) e atingem o sistema endócrino e
hipotálamo, Coube e Hess, (apud. Machado
imunitário. Devido a ativação do eixo simpático,
A.B.M. – 1993), demonstraram que os fenôme-
a adrenalina produzida pela medula das glându-
nos emocionais estão relacionados com áreas
las suprarrenais, entra na circulação sanguínea
específicas do cérebro.
e provoca taquicardia e constrição dos vasos
sanguíneos periféricos. A adrenalina estimula Alegria, tristeza, medo, prazer e raiva são
uma área do tronco cerebral —locus ceruleus exemplos do fenômeno da emoção. O compo-
— a produzir noradrenalina. Esta, ativa diver- nente periférico é a maneira como a emoção se
sas áreas do sistema límbico, entre elas o hipo- expressa e envolve padrões de atividade mo-
campo e a amígdala. (LENT, Roberto. – 2010). tora, somática e visceral, que são característi-
cos de cada tipo de emoção e de cada espécie.
Ainda segundo este autor, enquanto a
(MACHADO A.B.M. – 1993).
medula das suprarrenais libera adrenalina, o
córtex destas mesmas glândulas secreta cor- Atualmente os estudos mostram que as
tisol, também conhecido como hormônio do áreas como hipotálamo, área pré-frontal e o sis-
estresse. Quando produzido em quantidades tema límbico, estão relacionadas com os pro-
adequadas e secretado no momento certo, o cessos emocionais.
cortisol ajuda na adaptação às situações es-
Segundo Lundy-Ekman (2008), os pensa-
tressantes, além de regular o ciclo sono-vigília,
mentos e as emoções influenciam as funções
o estado de alerta e as funções imunológicas.
de todos os órgãos. Devido à comunicação bi-
Quando em excesso, passa a ser responsável
direcional entre o sistema nervoso e o sistema
por uma série de disfunções em todo o orga-
imunológico.
nismo, tais como aumento da pressão arterial,
doenças cardíacas, enxaquecas, déficit de me- Quando um indivíduo se sente ameaça-
mória e baixa imunidade. do, a resposta ao estresse aumenta a força e
a energia para lidar com a situação. Três siste-
O hipocampo, é responsável pela asso-
mas criam a resposta ao estresse:
ciação de conceitos e recuperação de memória,
e também pela inibição da liberação do cortisol. • Sistema nervoso somático: a atividade do neurô-
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está em exaustão gerando comportamento de- pessoa, a identificação dos problemas, ou seja,
pressivo. Na Neurometria, vemos o distresse observa apenas o que a está incomodando no
como exaustão da suprarrenal, que leva à de- momento e não percebe que há associação a
pressão nervosa ou depressão reacional (dife- vários comportamentos inadequados). Nestes
rente da depressão endógena), embora os sin- casos se faz necessário todo um processo de
tomas sejam muito parecidos. reorganização autonômica, tratamento primário
neurofisiológico da Neurometria, para dar su-
Através do estudo da Neurometria Fun-
porte e aporte ao sistema nervoso autonômico
cional, observa-se que o aprendizado e a me-
para, só depois, entrar na “reeducação com-
mória não estão confinados a um único local no
portamental” — engramas de memória. Ao se
encéfalo. No aprendizado ocorre, basicamente,
criar um engrama mais “forte” através dos trei-
uma modificação estrutural do sistema nervo-
namentos, os engramas em paralelo começam
so, formando o que se denomina de engrama.
a enfraquecer.
Tudo o que começamos a fazer, a treinar, esta-
mos criando engramas (complexo proteico que, Depois de consolidada, a memória de
em resposta a um estímulo externo, ou mudan- procedimento é muito sólida, o que possibilita o
ças biofísicas ou bioquímicas, cria a memória resgate quando houver necessidade.
celular). Modificando o comportamento, muda-
Os treinamentos buscam a homeostase
se a memória celular. O stress pós-traumático,
(o equilíbrio do sistema nervoso) ou seja, ba-
por exemplo, gera, rapidamente, um engrama.
lanço autonômico (equilíbrio entre a atividade
O cérebro guarda vários arquivos de memória:
simpática e parassimpática). Que gera a mu-
imagem, cheiro, disparo adrenérgico, enfim,
dança de comportamento independentemente
tudo o que foi necessário para a pessoa, na-
da técnica aplicada.
quele momento, lutar para vencer ou fugir.
Através do exame do D.L.O, sigla que ca-
Para que o engrama seja modificado, pri-
racteriza a manobra de posições D – decúbito,
meiro inicia-se com alterações celulares, isto
L – levantar, O – Ortostático, é possível definir
é, nível de oxigenação mitocondrial. A partir do
um protocolo de atendimento para cada tipo de
treinamento da respiração haverá a modulação
necessidade apresentada pelo cliente, pois du-
de neurotransmissores, modulação do sistema
rante o exame é realizada a análise funcional
simpático e parassimpático, ou seja, prepara-se
do Sistema Nervoso Autônomo, através da ava-
o corpo para o processo de ressignificação, isto
liação: do controle de ansiedade, variabilidade
é, para uma nova formação de engrama.
emocional, resposta fisiológica, variabilidade e
O primeiro passo para o processo de coerência cardíaca, atividade simpática e pa-
aprendizagem, precisa observar a via de aces- rassimpática, fluxo sanguíneo e hemodinâmica,
so ao engrama negativo. Por vezes é neces- índice barorreflexo/oxigênio funcional.
sário iniciar primeiro pelas vias de acesso de
A análise dos eixos Vertical e Horizontal,
outros engramas e, a partir dessa modificação,
possibilita uma visualização de como o cérebro
consegue-se chegar ao engrama que se pre-
se comporta durante a manobra.
tende ressignificar.
No Eixo Horizontal os padrões e intensi-
À medida que a pessoa vai criando
dade de cores no cérebro (para cada posição)
comportamentos que vão gerando engramas
favorece uma ressignificação, por parte do
negativos estes, aos poucos, sobrepor-se-ão
cliente, sobre suas atitudes emocionais e com-
(estresse, hipertensão...). O sistema nervo-
portamentais das quais muitas vezes ele não se
so, como modo de preservar a vida, vai como
apercebe. Através da imagem é possível que o
que “criando” vários tipos de distúrbios – gera
cliente tenha insights sobre seu funcionamento.
muitos engramas cruzados, dificultando ainda
Este primeiro contato é denominado Conscien-
mais a intervenção. (Dificultando para a própria
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apresenta um relatório por escrito mostrando o O quadrante é formado por 2 eixos que
desempenho durante o treinamento. tem a seguinte nomenclatura: Eixo horizontal =
Reação Neuroemocional e Eixo vertical = Res-
O objetivo deste treinamento é: controlar
posta Neuroemocional.
pensamentos ansiosos e invasivos; melhorar a
memória e o aprendizado; proceder ao trata- Um marcador que é representado por
mento de Hiperatividade e Déficit de Atenção; uma bolinha azul-claro permitirá uma visuali-
aumentar o desempenho da criatividade e do zação do resultado. Quando o marcador está
intelecto e complementar para tratamento de no verde, significa que o controle de ansieda-
distúrbios alimentares. de tem uma boa Reação Emocional associada
a uma boa Resposta. Se estiver no vermelho
Controle de Ansiedade Visual: o cliente
significa que tanto a Reação quanto a Resposta
realizará todo o treinamento de olhos abertos,
estão comprometidas.
sentado. O objetivo deste treinamento é: forta-
lecer a atenção e o foco; melhorar a percepção Outro aspecto observado está relaciona-
dos estímulos que geram ansiedade; aumentar do com o tempo que a pessoa leva para con-
a performance pessoal e profissional; aprender seguir controlar a ansiedade. Quanto maior o
a lidar com estímulos externos, sons, barulhos, tempo, maior a dificuldade que a pessoa encon-
imagens e outros. Para que a porcentagem au- trou para conseguir superar seus próprios obs-
mente, o cliente terá de aprender a controlar táculos e controlar a sua ansiedade. Por fim, a
suas emoções, seus pensamentos e saber lidar tela de resultado mostra a média do controle de
com a respiração. À medida que for dominando ansiedade em cada exercício.
esses controles, ele verá a porcentagem au-
O gráfico linear descreve (segundo a se-
mentar cada vez mais na tela do computador.
gundo) a trajetória durante todo o treinamento.
Para que o cliente saiba que está contro-
O resultado final apresenta 3 parâmetros
lando a ansiedade, uma música irá tocar cada
diferentes a serem analisados:
vez que a sua porcentagem (verde) ultrapassar
o nível de dificuldade (lilás). O treino consiste Primeiro: Este parâmetro vai identificar
em fazer a música tocar por 1 minuto para ga- em qual dos 3 quadrantes a pessoa apresen-
rantir o aprendizado do cérebro. Caso ele apre- tou o menor índice da Reação Neuroemocional
sente alguma dificuldade em controlar a ansie- como, também, da Resposta Neuroemocional.
dade, durante o treinamento, o próprio sistema Esta análise possibilita uma melhor interpre-
irá reajustar o objetivo até que ele consiga ter- tação dos fatos ocorridos durante todo o trei-
minar o treinamento. Tocará uma música dife- namento, pois torna perceptível o quanto um
rente em cada exercício. pensamento, uma distração, um exercício res-
piratório inadequado, ou até mesmo o excesso
Ao terminar aparecerá uma tela com to-
de preocupações e/ou qualquer estímulo exter-
dos os resultados, mesmo que ele não alcance
no podem ter influenciado, gerando dificuldade
o índice ideal (90%), o cliente sempre consegui-
no controle de ansiedade.
rá trazer para sua percepção um novo aprendi-
zado (nova sinapse), que será fortalecido atra- Segundo: Este parâmetro refere-se aos
vés da gravação do Indutor de Onda Cerebral Estímulos: Interno e Externo. Esta análise pos-
(I.O.C. - arquivo sonoro, usado para treinamen- sibilita a visualização de qual dos dois estímu-
to cerebral). los gera maior vulnerabilidade: estímulos exter-
nos como sons, barulhos, excesso de trabalho
O resultado de cada exercício será apre-
físico, cheiro, trânsito, isto é, tudo aquilo que
sentado em um quadrante com a seguinte clas-
vem de fora para dentro, apresentando maior
sificação: Verde (ótimo) - Amarelo (regular) -
probabilidade de desencadear ansiedade; es-
Vermelho (ruim)
tímulos internos, como pensamentos invasivos
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