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CAPA

ÍNDICE
1. INTRODUÇÃO........................................................................................................................1

1.1. OBJECTIVOS...................................................................................................................1

1.1.1. Objectivo Geral..........................................................................................................1

1.1.2. Objectivos específicos...............................................................................................1

1.2. METODOLOGIA.............................................................................................................1

1.3. ESTRUTURA DO TRABALHO......................................................................................2

2. VIDA E OBRA DE MIA COUTO...........................................................................................3

3. CONTEXTUALIZAÇÃO DO TEXTO O SONHO MORTO.................................................4

4. PERIODO LITERÁRIO DO TEXTO E O SEU ENQUADRAMENTO NAS


LITERATURAS MOCAMBICANA..............................................................................................5

4.1. Período Pós-Colonial........................................................................................................5

4.2. Identidade e Pós-Colonialismo.........................................................................................6

4.3. Cultura e Tradição.............................................................................................................6

4.4. Crítica Social e Política.....................................................................................................6

4.5. Hibridismo Cultural..........................................................................................................6

5. ANÁLISE CRITICA DO TEXTO O SONHO DO MORTO..................................................6

5.1. Estilo Literário e Linguagem............................................................................................7

5.2. Simbolismo.......................................................................................................................7

5.3. Temas Abordados.............................................................................................................7

5.4. Complexidade Narrativa...................................................................................................7

5.5. Crítica Social e Cultural....................................................................................................7

5.6. Final Aberto......................................................................................................................8

6. CONCLUSÃO..........................................................................................................................9

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...................................................................................10
1. INTRODUÇÃO
A literatura, como forma de expressão artística, desempenha um papel fundamental na reflexão
sobre a complexidade da experiência humana e na exploração de questões que permeiam nossa
sociedade e cultura. Nesse contexto, o escritor moçambicano Mia Couto emerge como uma voz
proeminente na literatura contemporânea, oferecendo-nos uma visão única do seu país de origem
e do continente africano em geral. Um dos trabalhos notáveis de Mia Couto, "A Varanda de
Frangipani", é uma obra que transcende a narrativa convencional, mergulhando profundamente
na cultura, na história e na espiritualidade de Moçambique. No âmago dessa obra, encontramos o
conto "O Sonho do Morto", que se destaca como uma narrativa particularmente rica e simbólica.

Este trabalho tem como objectivo principal a análise aprofundada do texto "O Sonho do Morto",
explorando seus elementos literários, suas conexões com a tradição cultural moçambicana e sua
relevância no contexto da literatura contemporânea.

1.1. OBJECTIVOS

1.1.1. Objectivo Geral


 Realizar uma análise crítica do conto "O Sonho do Morto" presente no livro "A Varanda
de Frangipani" de Mia Couto.

1.1.2. Objectivos específicos


 Descrever o contexto histórico e cultural de Moçambique no qual Mia Couto se baseou
para criar "A Varanda de Frangipani" e o conto "O Sonho do Morto".
 Analisar as principais características literárias presentes em "O Sonho do Morto;
 Investigar os temas e simbolismo que permeiam o conto;
 Explorar como Mia Couto utiliza a linguagem e a imaginação poética para criar uma
experiência de leitura única e envolvente.

1.2. METODOLOGIA
Para alcançar os objectivos propostos, este trabalho utilizará uma abordagem interdisciplinar que
combinará análise literária com estudos culturais. Será realizado um estudo minucioso do texto,
considerando elementos como estilo narrativo, uso de metáforas e símbolos, e estrutura da
narrativa. Além disso, serão explorados materiais de pesquisa relacionados à cultura
moçambicana e à história do país para contextualizar o conto de Mia Couto.

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1.3. ESTRUTURA DO TRABALHO
O presente trabalho está divido em três capítulos, onde no primeiro capitulo temos a Introdução,
aqui, é feita a contextualização do tema geral da literatura e da importância de Mia Couto como
autor moçambicano contemporâneo, é feita uma declaração dos objectivos gerais e específicos
do trabalho e são descritas as abordagens e métodos utilizados para alcançar os objectivos do
trabalho.

No segundo capitulo, do desenvolvimento é retratada a Vida e Obra de Mia Couto, destaque para
sua produção literária diversificada e influências literárias, contextualização do Texto "O Sonho
do Morto", descrição geral do enredo do conto "O Sonho do Morto", discussão sobre como o
conto se encaixa na literatura moçambicana pós-colonial, destacando características desse
período e a análise crítica do texto "O Sonho do Morto".

E, por fim, no terceiro capítulo, da conclusão é feita uma síntese das principais conclusões do
trabalho, destacando a reafirmação da importância de "O Sonho do Morto" como uma obra rica e
simbólica na literatura moçambicana e no cenário literário global.

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2. VIDA E OBRA DE MIA COUTO
Nascido na cidade de Beira (Moçambique) e filho de uma família de portugueses, Mia Couto é
considerado um dos principais autores do continente africano na actualidade

Sua carreira começou cedo, aos 14 anos, quando publicou seus primeiros poemas em um jornal
local. A partir da independência do país, em 1975, ingressou na actividade jornalística, chegando
a exercer os cargos de director da Agência de Informação de Moçambique e de coordenador da
revista semanal Tempo e do jornal Notícias de Maputo. (VENTURA, 2014).

Em meados da década de 1980, regressou à universidade para se formar em Biologia pela


Universidade Eduardo Mondlane, em seu país natal, especializando-se na área de Ecologia.
Desde então, concilia as actividades de biólogo, professor e escritor. (VENTURA, 2014).

Sua estreia na literatura ocorreu em 1983, com o livro de poesia Raiz de orvalho. Sua obra é
extensa e diversificada, incluindo poemas, contos, romances e crónicas, e seus livros já foram
traduzidos em diversos idiomas. Seu romance Terra sonâmbula é considerado um dos dez
melhores livros africanos no século XX. (VENTURA, 2014).

Sua publicação mais recente é A confissão da leoa, lançado em 2012. Admirador da literatura
brasileira, Mia Couto cita entre suas preferências os autores João Guimarães Rosa, Carlos
Drummond de Andrade, João Cabral de Melo Neto, Adélia Prado e Hilda Hilst. (VENTURA,
2014).

Em 2013, Couto foi agraciado com o Prémio Camões pelo conjunto da obra. A premiação foi
instituída em 1988 pelos governos do Brasil e de Portugal e é considerada uma das mais
importantes no âmbito da língua portuguesa. No mesmo ano, também recebeu o Prémio Literário
Internacional Neustadt, concedido pela Universidade de Oklahoma nos Estados Unidos e pela
World Literature Today desde 1969. (VENTURA, 2014).

Ventura (2014), destaca que a literatura do escritor moçambicano é exaltada não só pela forma
como ele descreve e trata a vida cotidiana em seu país, mas, principalmente, pela inventiva
poética da sua escrita, que mescla o português “culto” com palavras de dialectos da população
local. Mia Couto também demonstra muita preocupação com os problemas do país africano,

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como, por exemplo, quando denunciou o crescente número de sequestros em Moçambique no
ano passado.

Alguns de seus livros foram adaptados para o cinema, caso de O último voo do flamingo, Terra
sonâmbula e Um rio chamado tempo, uma casa chamada terra.

Na área da Biologia, Mia Couto dirige uma empresa que faz estudos de impacto ambiental em
seu país, concentrando-se na gestão de zonas costeiras, além de desenvolver trabalhos de
pesquisa sobre mitos, lendas e crenças que intervêm na gestão tradicional dos recursos humanos.

3. CONTEXTUALIZAÇÃO DO TEXTO O SONHO MORTO


"O Sonho do Morto" é um conto intrincado e profundamente simbólico que faz parte do livro "A
Varanda de Frangipani" de Mia Couto. Este conto é uma peça-chave na obra do autor, pois toca
em temas universais e atemporais, como a vida, a morte, a memória e a identidade, enquanto
mergulha profundamente na cultura e nas tradições moçambicanas. (FONSECA, 2008).

O texto "O Sonho do Morto" narra a história de Ermelindo Mucanga, um homem que já faleceu e
que se vê em uma situação peculiar após a sua morte. Ele se descreve como um morto solitário,
não devidamente enterrado de acordo com as tradições de sua cultura. Ermelindo se vê em uma
espécie de limbo entre a vida e a morte, e relata sua experiência e dilemas. (FONSECA, 2008).

Couto (2007), destaca numa das passagens o seguinte: “Ele não teve um enterro adequado, não
foi lembrado pelos vivos e acabou enterrado junto com ferramentas de trabalho, o que é
considerado um desrespeito aos mortos.” Ermelindo se questiona sobre sua falta de cerimónia
fúnebre e tradição.

O protagonista também menciona que ele morreu longe de sua vila natal, enquanto trabalhava na
restauração de uma fortaleza colonial. Ele reflecte sobre como sua morte coincidiu com a
véspera da libertação de sua terra, evitando que testemunhasse guerras e desgraças.

No decorrer do texto, Ermelindo é confrontado com a possibilidade de ser transformado em um


herói nacional, após seu corpo ser desenterrado para esse propósito. Ele expressa sua relutância
em aceitar essa condição póstuma, já que nunca foi amado enquanto vivo e não deseja ser usado
para fins políticos ou de promoção étnica.

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Ermelindo também menciona seu desejo de lembrar das mulheres que amou em vida, e seu
pangolim, um animal de estimação, sugere que ele queime sementes de abóbora para recuperar
essas memórias.

No entanto, Ermelindo decide recusar a oportunidade de retornar à vida, preocupado com as


incertezas e desafios que isso poderia trazer. Ele prefere permanecer no estado de "xipoco", um
espírito vagante, junto à árvore frangipani que o cobre com suas flores perfumadas.

De acordo com Fonseca (2008), afirma que texto aborda temas como morte, identidade,
memória, tradições culturais, política e a relação entre os vivos e os mortos, usando a voz de
Ermelindo para explorar as complexidades de sua existência após a morte.

O Sonho do Morto é um conto emblemático que encapsula muitos dos temas e motivos
recorrentes na obra de Mia Couto. Através da interacção entre os vivos e os mortos, a exploração
da memória e da identidade, e a incorporação de elementos mágicos e culturais, Mia Couto
oferece aos leitores uma experiência literária rica e profundamente enraizada na cultura
moçambicana. Este conto é uma reflexão profunda sobre a vida e a morte, a tradição e a
modernidade, e a complexa teia de relações que moldam a sociedade moçambicana. (FONSECA,
2008)

4. PERIODO LITERÁRIO DO TEXTO E O SEU ENQUADRAMENTO NAS


LITERATURAS MOCAMBICANA
O texto "O Sonho do Morto" é representativo da literatura moçambicana pós-colonial, que lida
com questões de identidade, cultura, tradição, política e as complexidades da vida após a
independência colonial. Ele faz parte de um corpo de literatura rica e diversificado que contribui
para a compreensão da história e da sociedade de Moçambique após a independência. (SILVA,
2012)

O "O Sonho do Morto" faz parte da literatura moçambicana contemporânea e reflecte


características do período pós-colonial. Algumas características desse período são:

4.1. Período Pós-Colonial


O texto pertence ao período pós-colonial, que começou com a independência de Moçambique em
1975. Este é um momento significativo na história do país, marcado por mudanças políticas,

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sociais e culturais decorrentes da luta pela independência e do estabelecimento de um governo
soberano.

4.2. Identidade e Pós-Colonialismo


O texto aborda a questão da identidade em um contexto pós-colonial. Ermelindo Mucanga, o
narrador, está lutando para encontrar seu lugar entre os vivos e os mortos e também lida com a
questão de sua identidade étnica e cultural. Isso reflecte a preocupação com a construção da
identidade nacional em Moçambique após a independência.

4.3. Cultura e Tradição


O texto faz referência a elementos culturais e tradições moçambicanas, como os rituais de
sepultamento e as crenças em relação aos mortos. Esses elementos culturais são uma parte
importante da literatura moçambicana pós-colonial, que muitas vezes busca explorar e preservar
as tradições culturais em meio às mudanças sociais e políticas.

4.4. Crítica Social e Política


A recusa de Ermelindo em ser transformado em um herói nacional pode ser interpretada como
uma crítica à instrumentalização política dos mortos para fins de propaganda. Isso reflecte as
complexidades e desafios enfrentados por Moçambique em sua jornada pós-colonial, incluindo
questões políticas e a luta pelo poder.

4.5. Hibridismo Cultural


O texto também sugere um hibridismo cultural, com elementos da tradição moçambicana e
influências culturais coloniais (como a menção aos portugueses e à fortaleza colonial). Isso é
característico da literatura pós-colonial, que muitas vezes explora a interacção entre culturas e a
herança colonial.

5. ANÁLISE CRITICA DO TEXTO O SONHO DO MORTO


O texto "O Sonho do Morto" apresenta uma narrativa complexa e poética que se desenrola em
um mundo pós-morte, onde o protagonista, Ermelindo Mucanga, reflecte sobre sua condição de
falecido e sua possível transformação em um herói nacional, os pontos-chave da crítica a este
texto estão descritos a seguir.

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5.1. Estilo Literário e Linguagem
O autor utiliza um estilo literário altamente simbólico e poético. O texto é caracterizado por
frases curtas e concisas, que criam um ritmo rápido, mas ao mesmo tempo, repleto de imagens e
metáforas. O uso de metáforas, como "xipoco," "passa-noite," e "pangolim," acrescenta
profundidade ao texto, mas também pode dificultar a compreensão para alguns leitores.

5.2. Simbolismo
O texto é rico em simbolismo. A árvore frangipani representa a ligação entre os vivos e os
mortos, enquanto o pangolim funciona como um intermediário entre os dois mundos. A
insistência dos governantes em transformar Ermelindo em um herói nacional simboliza a
exploração política dos heróis e da história nacional. Os elementos naturais, como a chuva e a
terra, também são usados de forma simbólica para representar a vida e a morte.

5.3. Temas Abordados


 Identidade e Memória: Ermelindo expressa um desejo profundo de lembrar suas
experiências de vida, especialmente seus relacionamentos amorosos. Isso reflecte o
desejo humano universal de preservar a identidade e a memória após a morte.
 Política e Manipulação: A tentativa dos governantes de transformar Ermelindo em um
herói nacional mostra como a política pode distorcer a história e explorar figuras públicas
para seus próprios fins.
 Vida e Morte: O texto explora a fronteira entre a vida e a morte, com Ermelindo sendo
convidado a retornar à vida por um breve período. Isso levanta questões sobre a natureza
da existência após a morte e a relação entre os vivos e os mortos.

5.4. Complexidade Narrativa


O texto pode ser desafiador para alguns leitores devido à sua estrutura narrativa não linear e ao
uso de linguagem poética. A história de Ermelindo é apresentada de maneira fragmentada, o que
pode exigir uma leitura atenta e reflexiva para captar todos os detalhes.

5.5. Crítica Social e Cultural


O autor parece fazer críticas subtis à cultura e à sociedade moçambicana, especialmente em
relação à forma como os mortos são tratados e como a política pode distorcer a história.

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5.6. Final Aberto
O texto termina com Ermelindo considerando sua possível volta à vida, deixando a narrativa em
aberto. Essa ambiguidade permite que os leitores reflictam sobre o que acontecerá a seguir e
sobre os temas e questões levantados ao longo do texto.

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6. CONCLUSÃO
O conto "O Sonho do Morto" de Mia Couto é uma obra literária profundamente simbólica que se
insere na rica tradição da literatura moçambicana pós-colonial. Este texto apresenta uma
narrativa que transcende as fronteiras entre a vida e a morte, a identidade e a memória, a política
e a cultura, utilizando uma linguagem poética e simbólica que desafia o leitor a reflectir sobre
temas universais e complexos.

Mia Couto, como autor, demonstra sua habilidade em fundir elementos da cultura moçambicana
com influências coloniais, criando um hibridismo cultural que ecoa as complexidades da
sociedade moçambicana pós-independência. O protagonista, Ermelindo Mucanga, torna-se um
símbolo da busca pela identidade em um contexto pós-colonial, enquanto sua relutância em ser
transformado em herói nacional reflecte as manipulações políticas que frequentemente distorcem
a história.

O estilo literário de Mia Couto, repleto de metáforas e simbolismo, cria uma experiência de
leitura única, embora desafiadora para alguns leitores devido à sua estrutura narrativa
fragmentada. No entanto, essa complexidade narrativa enriquece a obra, convidando os leitores a
explorar profundamente os temas e questões apresentados.

Em última análise, "O Sonho do Morto" é um conto que transcende fronteiras geográficas e
culturais, oferecendo uma reflexão profunda sobre a vida e a morte, a identidade e a memória, e a
relação complexa entre os vivos e os mortos. Mia Couto, como um dos principais autores da
literatura moçambicana contemporânea, continua a enriquecer o cenário literário global com suas
obras que unem a imaginação poética à realidade cultural de Moçambique. Este conto é uma
prova da capacidade da literatura de nos desafiar a pensar de forma mais profunda e crítica sobre
o mundo que nos rodeia.

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7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
COUTO, Mia. A varanda do frangipani. São Paulo: Companhia das Letras, 2007.

FONSECA, Maria Nazareth Soares ; CURY, Maria Zilda Ferreira. Mia Couto: espaços
ficcionais. Belo Horizonte: Autêntica, 2008.

SILVA, Luciana Morais da. Novas insólitas veredas: leitura de A varanda do frangipani, de Mia
Couto, pelas sendas do fantástico. 2012. Dissertação (Mestrado em Literatura Portuguesa) –
Instituto de Letras, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2012.

VENTURA, Suzana R. Mia Couto: Libreto Preparatório. Fronteiras do Pensamento, 2014.

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