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Universidade Pedagógica
Xai-Xai
2016
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Universidade Pedagógica
Xai-Xai
2016
B
Índice
1. Introdução ........................................................................................................................................5
2. Objectivos ........................................................................................................................................6
2.1. Geral:...................................................................................................................................................6
3. Metodologias ...................................................................................................................................6
4. Moçambique ....................................................................................................................................7
5.3. A chegada dos portugueses a Moçambique e o declínio do Império dos Mwenemutapas .10
6. Conclusão.......................................................................................................................................28
7. Bibliografia ....................................................................................................................................29
IV
Índice de figuras
Figura. 1: Mapa de Moçambique ...................................................................................................................7
Figura. 2: Gravura da Ilha de Moçambique (1598)......................................................................................10
Figura. 3: Gungunhana, o último imperador de Gaza. .................................................................................14
Figura. 4: Brasão da anterior província ultramarina de Moçambique..........................................................16
Figura. 5: Proposta (não oficial) de bandeira para Moçambique enquanto colónia. ....................................20
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1. Introdução
O dado o presente trabalho com o tema “ A génese do estado moçambicano (origem do nome
Moçambique) ”, em primeiro faremos a descrição geral de Moçambique, no que diz respeito aos
limites e a sua situação geográfica. Numa segunda fase, abordaremos a cerca da origem do nome
Moçambique, onde e como surge o mesmo.
2. Objectivos
2.1. Geral:
3. Metodologias
4. Moçambique
Moçambique situa-se na faixa sul-oriental do continente africano, entre os paralelos 10º 27´ e 16º
52´ de latitude sul e entre o meridiano 30º 12´ e 40º 51´ longitude Este. Ao Norte limita com
Tanzânia, ao Oeste com Malawi, Zâmbia, Zimbabwe e Suazilândia; e ao Sul com África do Sul.
Toda a faixa Este, banhada pelo Oceano Índico numa extensão de 2,470 km, tem um significado
vital tanto para Moçambique como para os países vizinhos situados no interior que só tem ligação
com o oceano através dos portos moçambicanos. A superfície do seu território é de 799,380 km2.
O país está dividido em 11 Províncias: ao Norte Niassa, Cabo Delgado e Nampula; ao Centro,
Zambézia, Tete, Manica e Sofala, ao Sul, Inhambane, Gaza, Maputo e Maputo Cidade. O
território moçambicano, como toda região Austral do Continente Africano, não apresenta grande
variedade de paisagem. Da costa para o interior podem-se distinguir três tipos de relevos:
A planície litoral que ocupa a grande parte do território (40%). Esta é a região natural
onde se observa a maior concentração da população;
Os planaltos com altitude que varia de 200 a 1.000 metros;
Os grandes planaltos e montanhas que ocupam uma pequena parte do território
nacional, com altitudes superiores a 1.000 metros. Do ponto de vista da distribuição
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geográfica da população, já que não constituem uma superfície contínua, não oferecem
grandes obstáculos para assentamentos humanos.
Um emir árabe muçulmano de nome Mussa ibn Bique foi o primeiro governante conhecido de
Moçambique antes da invasão portuguesa de região, durante a década de 1550 e no período que
aconteceu à conquista colonial de grande parte da África.
Quando o Vasco de Gama chegou pela primeira vez a Moçambique, em 1497, já existiam
entrepostos comercias árabes e uma grande parte da população aderido ao Islã.
Nos séculos I a IV, a região começou a ser invadida pelos Bantu, que eram agricultores e já
conheciam a metalurgia do ferro. A base da economia dos Bantu era a agricultura, principalmente
de cereais locais, como a mapira e a mexoeira; a olaria, tecelagem e metalurgia encontravam-se
também desenvolvidas, mas naquela época a manufactura destinava-se a suprir as necessidades
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familiares e o comércio era efectuado por troca directa. Por essa razão, a estrutura social era
bastante simples - baseada na "família alargada" à qual era reconhecido um chefe. Os nomes
destas linhagens nas línguas locais são, entre outros: em eMakua, o Nlocko, em ciYao, Liwele,
em ciChewa, Pfuko e em chiTsonga, Ndangu.
Apesar da sociedade moçambicana se ter tornado muito mais complexa, muitas das regras
tradicionais de organização ainda se encontram baseadas na "linhagem".
Entre os séculos IX e XIII começaram a fixar-se na costa oriental de África populações oriundas
da região do Golfo Pérsico, que era naquele tempo um importante centro comercial. Estes povos
fundaram entrepostos na costa africana e muitos geógrafos daquela época referiram-se a um
activo comércio com as "terras de Sofala", incluindo a troca de tecidos da Índia por ferro, ouro e
outros metais.
De facto, o ferro era tão importante que se pensa que as "aspas" de ferro - em forma de X, com
cerca de 30 cm de comprimento, que formam abundantes achados arqueológicos nesta região,
eram utilizadas como moeda. Mais tarde, aparentemente esta "moeda" foi substituída por outra:
tubos de penas de aves cheias de ouro em pó “os meticais” cujo nome deu origem à actual moeda
de Moçambique.
No século XVI, o Império dos Mwenemutapas tinha estendido o seu domínio a uma região
limitada pelo rio Zambeze, a norte, o Oceano Índico, a leste, o rio Limpopo a sul e chegando a
sua influência quase ao deserto do Kalahari a sudoeste. Porém, esta última região poderia estar
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sobre a alçada de outros estados, como os reinos de Butua e Venda, que terão estabelecido com
os Mwenemutapas relações de boa vizinhança.
Ainda diz o CERRA (2000), que para além de esta ser uma região fértil e não estar afectada
pela mosca tsé-tsé, permitindo a criação de gado, o que contribuiu para a estabilidade e
crescimento das populações, as minas de ouro estavam principalmente localizadas no interior.
Por essa razão, o domínio das rotas comerciais que constituíam o Zambeze, por um lado, e de
Sofala, mais a sul, conferiu aos Mwenemutapas - era a aristocracia que controlava o comércio -
uma grande riqueza.
Foi o ouro que determinou a fixação na costa do Oceano Índico, primeiro dos mercadores e
colonos árabes oriundos da região do Golfo Pérsico, ainda no século XII, e depois
dos portugueses, no dealbar do século XVI.
Quando Vasco da Gama chegou pela primeira vez a Moçambique, em 1497, já existiam
entrepostos comerciais árabes e uma grande parte da população tinha aderido ao Islão.
Os mercadores portugueses, apoiados por exércitos privados, foram-se infiltrando no império dos
Mwenemutapas, umas vezes firmando acordos, noutras forçando-os. Em 1530 foi fundada a
povoação portuguesa de Sena, em 1537, de Tete, no rio Zambeze, e em 1544 deQuelimane, na
costa do Oceano Índico, assenhorando-se da rota entre as minas e o oceano. Em 1607 obtiveram
do rei a concessão de todas as minas de ouro do seu território. Em 1627, o
Mwenemutapa Capranzina, hostil aos portugueses, foi deposto e substituído pelo seu tio Mavura;
os portugueses baptizaram-no e este declarou-se vassalo de Portugal.
Os Mwenemutapas reinaram até finais do século XVII, altura em que foram substituídos pela
dinastia dos Changamira Dombos, outro grupo Shona que dominava o reino Butua, contribuindo
assim para a extensão territorial do império. As relações dos Changamiras com os portugueses
tiveram altos e baixos mas, em 1693, houve um levantamento armado em que os soldados
portugueses que residiam na capital foram escorraçados, várias igrejas destruídas e os
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portugueses impedidos, durante algum tempo, de ter acesso ao ouro e ao comércio com os reinos
indígenas. (SOUTHERN, 2010)
Por essa altura, no entanto, os portugueses controlavam o vale do Zambeze e começaram a
interessar-se mais pelo marfim, empreendimento que levavam a cabo por acordo com os estados
Marave (ver abaixo). O império dos Mwenemutapa, embora com menos poder económico,
manteve-se até meados do século XIX, altura em que foi desmembrado pelos Estados
Militares que se formaram como resistência dos prazeiros à administração portuguesa.
Finalmente, a administração colonial portuguesa e britânica em África terminou com o poder
político dos chefes então existentes.
5.4. O Império Marave
A origem do nome é desconhecida, mas aparece em textos antigos (séculos XVII e XVIII) e
ainda hoje está associada ao de um distrito da província de Tete, a Marávia. O nome foi utilizado
com referência à fixação nesta região, entre 1200 e 1400, de um povo, cujo clã dominante,
denominado Phiri, se tornou, por alianças com as linhagens dominantes locais, o clã dominante.
Uma característica importante é que todos os povos da região, embora apresentem hoje uma
grande diversidade de línguas (do grupo de Bantu sul-central, das famílias
ciNyanja, ciYao e eMakuwa) tem como forma de organização da sociedade a matrilineariedade,
ou seja, a transmissão dos poderes "mágicos" e da propriedade - do próprio "poder" - é feita por
casamento com a mulher da linhagem que o detém.
Os Phiri terão utilizado esse poder para expandir a sua dominação e, mais tarde,
os prazeiros portugueses fizeram o mesmo.
5.5. Os Prazos
Por volta de 1600, Portugal começou a enviar para Moçambique colonos, muitos de
origem indiana, que queriam fixar-se naquele território. Esses colonos, muitas vezes casavam
com as filhas de chefes locais e estabeleciam linhagens que, entre o comércio e a agricultura,
podiam tornar-se poderosas.
Em meados do século XVII, o governo português decide que as terras ocupadas por portugueses
em Moçambique pertenciam à coroa e estes passavam a ter o dever dearrendá-las a prazos que
eram definidos por 3 gerações e transmitidos por via feminina. Esta tentativa de assegurar a
soberania na colónia recente, não foi muito exitosa porque, de facto, os "muzungos" e as "donas"
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já tinham bastante poder, mesmo militar, com os seus exércitos de "xicundas", e muitas vezes se
opunham à administração colonial, que era obrigada a responder igualmente pela força das armas.
Não só estes senhores feudais não pagavam renda ao Estado português, como organizaram um
sistema de cobrar o "mussoco" (um imposto individual em espécie, devido por todos os homens
válidos, maiores de 16 anos) aos camponeses que cultivavam nas suas terras. Além disso,
mineravam ouro, marfim e escravos, que comerciavam em troca depanos e missangas que
recebiam da Índia e de Lisboa. Até 1850, Cuba foi o principal destino dos escravos provenientes
da Zambézia.
Em 1870, era apenas em Quelimane (sem conseguir penetrar no "Estado da Maganja da Costa")
onde Portugal exercia alguma autoridade, cobrando o "mussoco", instituído e cobrado pelos
prazeiros. Isto, apesar de, em 1854, o governo português ter "extinguido" os Prazos (pela segunda
vez, a primeira tinha sido em 1832). Outros decretos do mesmo ano extinguiam a escravatura
(oficialmente, uma vez que os "libertos" eram levados à força para as ilhas francesas do Oceano
Índico (Maurícia ou "ilha de França" eReunião ou "ilha Bourbon", com o estatuto de
"contratados") e o imposto individual, substituindo-o pelo imposto de palhota, uma espécie
de contribuição predial.
Na margem direita do rio Zambeze e na margem esquerda da actual província de Tete, os prazos
começaram a ser atacados, em 1830, pelos nguni que fugiam durante omfecane mas,
aparentemente, os prazos da Zambézia escaparam a essa sorte. Mas, apesar de "ressuscitados"
por António Enes, o grande ideólogo do colonialismo pós-escravatura, não resistiram ao capital
das grandes companhias. Depois de serem engolidos por estas, viram a administração colonial
organizar-se finalmente - já na segunda metade do século XIX - e utilizar a sua estrutura feudal,
depois de transformados os "xicundas" em sipaios, para submeterem os povos da região.
Em 1890, o futuro "Comissário Régio" António Enes decreta, numa revisão do Código de
Trabalho Rural de 1875 (que estabelecia apenas a obrigação "moral" dos colonos [leia-se
camponeses indígenas] de produzirem bens para comercialização), que o camponês já não tem a
opção de pagar o "mussoco" em géneros: "…O arrendatário [dos Prazos] fica obrigado a cobrar
dos colonos em trabalho rural, pelo menos metade da capitação de 800 réis, pagando esse
trabalho aos adultos na razão de 400 réis por semana e aos menores na de 200 réis."
Esse decreto impunha ainda aos prazeiros a ocupação efectiva das terras arrendadas e o
pagamento à autoridade colonial da respectiva renda. Mas os prazeiros não tinham conseguido
converter a sua actividade de simples fornecedores de escravos ou de pequenas quantidades de
produtos na de organização das plantações, não só por falta de preparação (ou de vocação), mas
também por falta de capital. O resultado foi terem sido obrigados a subarrendar ou vender os seus
prazos, terminando assim a fase feudaldesta porção de Moçambique.
No rico planalto do Niassa, fixaram-se os bantu ajaua (ou yao e também pronunciado jauá),
agricultores e caçadores, mas também comerciantes que, no século XVIII, já islamizados, muito
contribuíram para o tráfico de escravos. No século XIX, esta população expandiu-se para oeste
(incluindo o Malawi) e organizou estados poderosos no planalto, entre os quais, o Mataca, o
Mutarica, o Mukanjila e o Jalassi. Estes estados só foram dominados pelos portugueses através
da Companhia do Niassa.
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O Estado de Gaza foi fundado por Sochangane (também conhecido por Manicusse, 1821-1858)
como resultado do Mfecane, um grande conflito despoletado entre os Zulu por consequência do
assassinato de Chaca (ou Shaka) em 1828, que culminou com a invasão de grandes áreas
da África Austral por exércitos Nguni. O Império de Gaza, no seu apogeu, abrangia toda a área
costeira entre os riosZambeze e Maputo e tinha a sua capital em Manjacaze, na actual
província moçambicana de Gaza.
O rei de Gaza dominou os reis Tonga (possivelmente o mesmo que Tsonga, da língua chiTsonga,
a língua actualmente dominante na região sul de Moçambique) através dos membros da sua
linhagem, os Nguni, comerciando marfim, que recebia como tributo, com os portugueses,
estabelecidos na costa (principalmente em Lourenço Marques e Inhambane).
Com a sua morte, sucedeu-lhe o seu filho Mawewe que decidiu, em 1859, atacar os seus irmãos
para ganhar mais poder. Apenas um irmão, Mzila (ou Muzila) conseguiu fugir para o Transvaal,
onde organizou um exército para atacar o seu irmão. A guerra durou até 1864 e, entretanto, a
capital do reino mudou-se do vale do rio Limpopo para Mossurize, a norte do rio Save, na actual
província moçambicana de Manica.
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Foi em Mossurize que, em 1884, ascendeu ao trono Nguni, Gungunhana, filho de Muzila.
Gungunhana regressa a Manjacaze em 1889, aparentemente pressionado pelos exploradores
de ouro de Manica e falta de apoios locais. Em Gaza, Gungunhana prosseguiu a política de seu
pai de assimilação dos reinos locais, os "Tonga" e de resistência à dominação portuguesa, mas
essa resistência não durou mais de seis anos. Gungunhana foi preso e Gaza finalmente submetida
à administração colonial.
Como Portugal tinha sido obrigado a ilegalizar o comércio de escravos em 1842, apesar de fechar
os olhos ao comércio clandestino, e não tinha condições para administrar todo o território, deu a
estas companhias poderes para instituir e cobrar impostos. Foi nessa altura que foi introduzido o
"imposto de palhota", ou seja, a obrigatoriedade de cada família pagar um imposto em dinheiro;
como a população nativa não estava habituada às trocas por dinheiro (para além de produzir para
a própria sobrevivência), eram obrigados a trabalhar sob prisão - o trabalho forçado, chamado em
Moçambique "chibalo"; mais tarde, as famílias nativas foram obrigadas a cultivar produtos de
rendimento, como algodão ou tabaco, que eram comercializados por aquelas companhias.
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De acordo com HEDGES (1999), até finais do século XIX, a presença oficial portuguesa
em Moçambique limitava-se a umas poucas capitanias ao longo da costa. Portugal, bem
estabelecido em Goa, de onde vinham directamente as ordens relativas a Moçambique, contava
que os comerciantes que se iam estabelecendo no interior do território formassem o substrato
para uma administração efectiva. Naquela época, o fundamental era o controlo do comércio,
primeiro do ouro, nos séculos XVI e XVII, depois do marfim e dos escravos. No entanto, a
administração colonial não conseguia sequer cobrar os impostos relativos a esse comércio.
Só depois da visita do "Emissário Régio", António Enes, em 1895 e dos acordos com
o Transvaal para a edificação da linha férrea, decidiu o governo colonial mudar a capital da
"província" para Lourenço Marques e, com a debandada das companhias majestáticas, organizar
uma administração efectiva de Moçambique. Essa administração, que foi encetada no então
distrito de Lourenço Marques (que incluía as actuais províncias de Maputo e Gaza), tinha a
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Com a abolição da escravatura por decreto régio, em 1875, e o seu declínio real, uns dez anos
depois, o governo colonial viu-se obrigado a transformar Moçambique de uma colónia para
extracção de recursos naturais, num território que devia produzir bens para seu consumo e
para exportação para a "metrópole". Essa foi a motivação principal para o estabelecimento duma
administração efectiva, embora também pesassem as pressões internacionais decorrentes
da Conferência de Berlim e das pretensões territoriais dos britânicos e holandeses.
Depois de muitas tentativas, em 1905, os portugueses encetaram uma nova táctica, enviando
grandes colunas militares a partir da Ilha de Moçambique e Mossuril, que avançavam ao longo
dos rios, submetendo os chefes macuas. Nos locais onde conseguiam a colaboração destes,
organizaram "Circunscrições" com uma administração incipiente, mas efectiva; onde não o
conseguissem, instalavam "Capitanias-Mores" de base militar. Dessa forma, conseguiram dividir
o território e as suas populações, incentivando as rivalidades entre si e com os estados islâmicos,
que acabaram por entrar em declínio e foram finalmente subjugados à administração colonial.
populações desta região. Estas constituíam um mercado, não só para os produtos exportados de
Portugal (em particular as bebidas alcoólicas), mas também de mão-de-obra para as minas sul-
africanas, dificultando a sua mobilização para a construção do caminho-de-ferro que ligaria o
Transvaal ao porto de Lourenço Marques. NEWITT, (1997).
No ano seguinte, foi nomeado um Comissário-Residente para Gaza, que foi "promovido" a
Intendente Geral em 1889, com a transferência de Gungunhana de Mossurize paraManjacaze; em
1888, foi estabelecido um posto militar perto de Marracuene e, em 1890, foi nomeado um
Comissário-Residente para Lourenço Marques. Entretanto, em 1888, as autoridades coloniais
reavivaram os "Termos de Vassalagem" com os reinos da região.
Mas estas medidas não foram suficientes, nem para cobrar o "imposto de palhota" (contribuição
por família, expresso nos "Termos de Vassalagem", fixado naquela altura em 340 réis), nem para
assegurar o recrutamento de mão-de-obra, uma vez que o trabalho nas minas sul-africanas rendia
seis vezes mais do que os concessionários do caminho-de-ferro pagavam. Em 1892, o governo
de Lisboa enviou a Moçambique António Enes como Comissário Régio, para avaliar as
condições económicas da Província e, no mesmo ano, os portugueses conseguiram realizar uma
cobrança maciça do imposto, ameaçando os indígenas de verem as suas palhotas queimadas, se
não pagassem.
Em 1891, Gungunhana assinou com Cecil Rhodes um acordo relativo a direitos sobre a
exploração de minério nas suas terras, a favor da Companhia Britânica Sul-Africana, a troco dum
pagamento anual de cerca de 500 libras. Tornava-se claro para os portugueses que só uma
acção militar poderia forçar o estabelecimento da autoridade colonial na região. Esta acção,
conhecida na altura como "Campanha de Pacificação", foi despoletada pela recusa de Mahazula
Magaia, um chefe tradicional da região de Marracuene, em aceitar a decisão do Comissário
Residente sobre uma disputa de terras. A questão chegou a vias de facto, quando a guarnição
militar portuguesa foi forçada a fugir para Lourenço Marques, perseguida pelos exércitos de
Magaia, Zihlahla e Moamba, que cercaram a cidade entre Outubro e Novembro de 1894.
António Enes organizou as suas tropas e, no dia 2 de Fevereiro de 1895, perseguiu e derrotou
(embora com dificuldade e pesadas baixas) os atacantes em Marracuene. Este dia continua a ser
celebrado naquela vila com uma cerimónia chamada "Gwaza Muthine". Os chefes rebeldes
refugiaram-se em Gaza, sob a protecção de Gungunhana. Depois de várias tentativas de
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negociações com o rei de Gaza, pedindo a extradição daqueles chefes, os portugueses resolveram
atacar de novo. A 8 de Setembro, travou-se a batalha de Magul, onde se encontrava Zihlahla e,
a 7 de Novembro, uma outra coluna proveniente de Inhambane defrontou-se com o exército de
Gungunhana em Coolela, perto da sua capital. Em Dezembro, Mouzinho de
Albuquerque cercou Chaimite e prendeu o imperador, que ali se tinha refugiado, mandando-o
depois para os Açores, onde veio a morrer.
A Companhia do Niassa foi formada por alvará régio de 1890, com poderes para administrar as
actuais províncias de Cabo Delgado e Niassa, desde o rio Rovuma ao rio Lúrio e do Oceano
Índico ao Lago Niassa, numa extensão de mais de 160 mil km². Com o apoio dum
pequeno exército fornecido pela administração colonial, formado por 300 "soldados regulares"
(leia-se portugueses) e 2800 "sipaios" (indígenas recrutados noutras regiões de Moçambique), a
Companhia tentou ocupar militarmente o território a partir de 1899. Teve imediato êxito na
conquista das terras do Chefe Mataca (ver Os Estados Ajaua, acima), que tinha abandonado a sua
sede, e assegurar uma posição militar em Metarica, no Niassa. Em 1900 e 1902, tomou
Messumba e Metangula, nas margens do Lago Niassa. (CERRA, 2000).
Durante a Primeira Guerra Mundial, o território da Companhia foi palco de várias operações de
resistência por parte dos chefes locais e invadido pelos alemães (ver Triângulo de Quionga). Para
resistir a essa invasão, foi aberta uma estrada de mais de 300 km, entre Mocímboa do Rovuma e
Porto Amélia (actual Pemba), o que significou a ocupação efectiva do planalto de Mueda; no
entanto, só em 1920 a Companhia conseguiu assegurar essa ocupação, depois de várias operações
militares contra os macondes, fortemente armados. Como se verá mais tarde, esta tribo foi um
dos primeiros e principais suportes da Luta Armada de Libertação Nacional.
regulados, asseguradas por agentes do Estado, já tinham sido implantadas em grande parte do
território.
LAMBERT (2001), afirma que com a derrota militar dos chefes locais, o governo da Província
pode finalmente organizar a administração do território, com a instituição do Regulado. O
governo recrutava membros da aristocracia indígena como Régulos, encarregados da colecta do
imposto de palhota, do recrutamento de trabalhadores para a administração e da proibição da
venda de quaisquer bebidas alcoólicas que não fossem provenientes da Metrópole.
Para além disso e, na impossibilidade de impedir a migração de trabalhadores para as minas sul-
africanas, firmou um acordo, primeiro com a República Sul-Africana e, quando esta foi
submetida pelos britânicos, com a respectiva autoridade, regulamentando o trabalho migratório e
assegurando o tráfico através do porto de Lourenço Marques. No primeiro acordo, o governo da
Província recebia uma taxa por cada trabalhador recrutado; mais tarde, o acordo incluía a
retenção de metade do salário dos mineiros, que era pago à colónia em ouro, sendo o montante
respectivo entregue aos mineiros no seu regresso, em moeda local.
Com a "eleição" de Óscar Carmona, em 1928, que chamou Salazar para seu ministro das
finanças, a administração das colónias como fonte de matérias primas para a indústria da
"metrópole" tornou-se mais eficiente. Em 1930 foi publicado o Acto Colonial, legislação que
organizava o papel do Estado nas colónias portuguesas:
Depois, com a nova constituição portuguesa em 1933, Salazar e os seus braços nas colónias
transportaram para África (e Índia) a repressão mais brutal sobre os indígenas, ao mesmo tempo
em que incentivavam os seus cidadãos mais pobres a emigrarem para essas terras.
Na década de 1950, o governo colonial lançou os Planos de Fomento para as colónias, incluindo
o financiamento à construção de infra-estruturas (principalmente as que estavam relacionadas
com o comércio regional, como os portos e caminhos de ferro) e à fixação de colonos. O I Plano
de Fomento, relativo aos anos 1953-1958, previa um investimento em Moçambique de 1.848.500
contos, com 63% destinados às infra-estrutura e 34% ao "aproveitamento de recursos
e povoamento". Ao abrigo deste investimento, em 1960 já tinham sido instaladas
no colonato do Limpopo 1400 famílias.
Diz a FRELIMO (1971). “Para além das várias acções de resistência ao domínio colonial, a
última das quais culminou com a prisão e deportação do imperador Gungunhana, a fase final da
luta de libertação de Moçambique começou com a independência das
colónias francesas e inglesas de África. Em 1959-1960, formaram-se três movimentos formais de
resistência à dominação portuguesa de Moçambique”:
Estes três movimentos tinham sede em países diferentes e uma base social e étnicas também
diferentes mas, em 1962, sob os auspícios de Julius Nyerere, primeiro presidente da Tanzânia,
estes movimentos uniram-se para darem origem à FRELIMO - Frente de Libertação de
Moçambique - oficialmente fundada em 25 de Junho de 1962.
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O primeiro presidente da FRELIMO foi o Dr. Eduardo Chivambo Mondlane, um antropólogo que
trabalhava na ONU e que já tinha tido contactos com um governante português, Adriano Moreira.
Nesta altura, ainda se pensava que seria possível conseguir a independência das colónias
portuguesas sem recorrer à luta armada.
A guerra de libertação, uma luta de guerrilha, expandiu-se para as províncias de Niassa e Tete e
durou cerca de 10 anos. Durante esse período, foram organizadas várias áreas onde a
administração colonial já não tinha controlo - as Zonas Libertadas - e onde a FRELIMO instituiu
um sistema de governo baseado na sua necessidade em ter bases seguras, abastecimento em
víveres e vias de comunicação com as suas bases recuadas na Tanzânia e com as frentes de
combate.
5.17.1. As nacionalizações
Estas nacionalizações foram a causa próxima para uma vaga de abandono do país de muitos
indivíduos que eram proprietários daqueles serviços sociais ou simplesmente se encontravam
habituados aos serviços de determinados especialistas ou ao atendimento exclusivo; como esses
indivíduos, na maioria portugueses, eram muitas vezes igualmente proprietários de fábricas,
barcos de pesca ou outros meios de produção, o governo viu-se obrigado a assumir a gestão
dessas unidades de produção. Numa primeira fase, organizou-se, para as unidades mais pequenas,
um sistema de auto-gestão em que comités de trabalhadores, normalmente organizados
pelas células da FRELIMO, também chamadas Grupos Dinamizadores, assumiam a gestão de
facto.
As primeiras Empresas Estatais (EE) foram formadas ainda dentro do mesmo espírito de que o
Estado deveria assegurar ao Povo os bens de primeira necessidade "livres" da
exploração mercantilista. Uma destas empresas foi uma "importação" das zonas libertadas: a EE
das Lojas do Povo, uma empresa de grandes supermercados de comércio geral.
24
Um dos pilares da estratégia de desenvolvimento desenhada pela FRELIMO nos primeiros anos a
seguir à Independência foi a socialização do campo. Com esta política, o governo pretendia
promover o aumento da produção agrícola, uma vez que mais de 80% da população vivia nas
zonas rurais, ao mesmo tempo que melhorava as suas condições de vida.
O novo governo de Moçambique decidiu que o desenvolvimento agrícola deveria ter como base
as cooperativas agrícolas - às quais o governo deveria assegurar o aprovisionamento em sementes
e outros insumos e, ao mesmo tempo, a compra da produção de rendimento - com os camponeses
organizados em aldeias comunais, que eram agregados populacionais, onde o governo iria apoiar
na construção de infra-estruturas sociais, como escolas, centros de saúde e rede viária, mas tendo
como base o poder económico das cooperativas e a mão-de-obra rural.
A organização das cooperativas e mesmo das aldeias comunais não foi difícil, dado o clima de
euforia e de organização que se vivia naqueles primeiros anos da independência, mas a acção do
estado em termos de aprovisionamento e de compra da produção, e mesmo da organização das
infra-estruturas sociais, não conseguiu acompanhar o esforço dos camponeses.
Então, no início dos anos 1980 - quando o Presidente Samora "decretou" a década de 1981-1990
como a "década da vitória sobre o subdesenvolvimento" - o estado mudou a sua estratégia para a
organização de grandes empresas estatais no campo, essa organização tomava a formas
de machambas estatais. Pretendia-se com essa estratégia que os camponeses continuassem a
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produzir a sua base alimentar (dentro da forma de organização dos Bantu é a Mulher que
assegura a alimentação da família), enquanto as terras dos antigos colonatos passavam a ser
geridas centralmente e a sua produção assegurada com base na mão-de-obra local.
Apesar da transição para a independência ter sido pacífica, Moçambique não conheceu a Paz
durante muitos anos. Imediatamente a seguir à independência, alguns militares (ou ex-militares)
portugueses e dissidentes da FRELIMO instalaram-se na Rodésia, que vivia uma situação de
"independência unilateral" não reconhecida pela maior parte dos países do mundo. O regime
de Ian Smith, já a braços com um movimento interno de resistência que aparentemente tinha
algumas bases em Moçambique, aproveitou esses dissidentes para atacar essas bases.
NEWITT (1987-1988), diz que pouco tempo depois, para além de intensificarem os ataques
contra estradas, pontes e colunas de abastecimento dentro de Moçambique, os rodesianos
ofereceram aos dissidentes moçambicanos espaço para formarem um movimento de resistência -
a "REsistência NAcional MOçambicana" ou RENAMO - e criarem uma estação de rádio usada
para propaganda antigovernamental.
Até 1980, data da independência do Zimbabwe, a RENAMO continuou os seus ataques a aldeias
e infra-estruturas sociais em Moçambique, semeando minas terrestres em várias estradas,
principalmente nas regiões mais próximas das fronteiras com a Rodésia. Estas acções tiveram um
enorme papel desestabilizador da economia, uma vez que não só obrigaram o governo a
concentrar importantes recursos numa máquina de guerra, mas principalmente porque levaram ao
êxodo de muitos milhares de pessoas do campo para as cidades e para os países vizinhos,
diminuindo assim a produção agrícola.
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Com a independência do Zimbabwe, a RENAMO foi obrigada a mudar a sua base de apoio para
a África do Sul, o que conseguiu com muito sucesso, tendo tido amplo apoio das forças armadas
sul-africanas. Para além disso, estas forças realizaram vários "raids" terrestres e aéreos
contra Maputo, alegadamente para destruírem "bases" do ANC. No entanto, o governo de
Moçambique, que já tinha secretamente encetado negociações com o governo sul-africano e com
a própria RENAMO, assinou em 1983 um acordo de "boa vizinhança" com aquele governo, que
ficou conhecido como o Acordo de Nkomati, segundo o qual o governo sul-africano se
comprometia a abandonar o apoio militar à RENAMO, enquanto que o governo moçambicano se
comprometia a deixar de apoiar os militantes do ANC que se encontravam em Moçambique.
(NEWITT, 1987-1988).
Em vista dos problemas económicos que Moçambique atravessava, o governo assinou um acordo
com o Banco Mundial e FMI em 1987, que o obrigaram a abandonar completamente a política
"socialista". A guerra, porém, só terminou em 1992 com o Acordo Geral de Paz, assinado
em Roma a 4 de Outubro, pelo Presidente da República, Joaquim Chissano e pelo presidente da
RENAMO, Afonso Dhlakama, depois de cerca de dois anos de conversações mediadas
pela Comunidade de Santo Egídio, uma organização da igreja católica, com apoio do
governo italiano.
Com o objectivo de proteger o poder de compra da maioria da população, o estado tinha fixado
os preços dos produtos de primeira necessidade e as taxas de câmbio. Como os termos de troca se
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5.18.2. O Multipartidarismo
6. Conclusão
O grupo da elaboração do trabalho, concluiu que o estudo da nossa História é necessário para
compreendermos o presente.
Ele mostra-nos as fases que o povo moçambicano atravessou no desenvolvimento da sua vida
social e de que maneira todas essas fases representam sempre um combate violento entre o novo
e o velho, entre oprimidos e opressores, entre explorados e exploradores. Não é possível
compreender o que representa a fundação da FRELIMO em 1962 nem o que foi o
desencadeamento da insurreição geral armada em 1964 contra o colonial-fascismo e o
imperialismo, se não conhecermos a forma como a experiência popular de luta contra a ocupação
colonial e a exploração influiu decisivamente na definição da nossa linha política.
É o estudo da nossa História que nos fornece a verdadeira dimensão e significado da luta armada
de libertação nacional, da proclamação da nossa independência e da fase de construção do
socialismo que hoje vivemos sob a direcção do Partido de vanguarda. É através dele que
podemos compreender claramente como a unidade nacional mergulha as suas raízes ao longo dos
séculos na luta contra uma mesma opressão, e como a nossa escolha popular, democrática e
socialista representa hoje a síntese das mais profundas aspirações históricas do nosso povo. É a
História que nos demonstra que a construção do socialismo é uma fase superior do nosso
desenvolvimento político, económico e social, porque só ele garante o princípio do fim da
exploração sob todas as suas formas.
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7. Bibliografia