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Módulo de

Planificação de
Educação
Curso de Licenciatura em Administração e Gestão da Educação

Universidade Pedagógica © 2015


Ensino à Distância
Direitos do autor (copyright)
Este módulo não pode ser reproduzido para fins comerciais. Caso haja necessidade de reprodução,
deverá ser mantida a referência à Universidade Pedagógica e aos seus Autores.

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Agradecimentos

À COMMONWEALTH of LEARNING (COL) pela disponibilização do Template usado na


produção dos Módulos.

Ao Instituto Nacional de Educação a Distância (INED) pela orientação e apoio prestados.

Ao Magnífico Reitor, Directores de Faculdade e Chefes de Departamento pelo apoio prestado


em todo o processo.
Ficha Tecnica

Autores: Eduardo Moisés Humbane

Revisão científica: Alípio Matangue

Revisão de engenharia de EaD e do Desenho Instrucional: Suzete Buque

Revisão Linguística: Paula Cruz

Maquetização e Edição: Valdinácio Florêncio Paulo

Ilustração: Valdinácio Florêncio Paulo


Planificação de Educação i

Índice
Visão geral 1
Bem-vindo ao módulo de Planificação de Educação........................................................ 1
Objectivos do Modulo ...................................................................................................... 2
Quem deve estudar este manual? ...................................................................................... 2
Como está estruturado este manual? ................................................................................. 3
Ícones de actividade .......................................................................................................... 4
Precisa de apoio? .............................................................................................................. 5

Unidade n° 01 7
A Planificação Estratégica na Educação ........................................................................... 7
Introdução ................................................................................................................ 7

Lição no 01 8
A Planificação na Educação ............................................................................................. 8
Introdução ......................................................................................................................... 8
Sumário ........................................................................................................................... 11
Auto-avaliação ................................................................................................................ 11
Comentários .................................................................................................................... 12

Lição no 02 13
A Planificação Tradicional ............................................................................................. 13
Introdução .............................................................................................................. 13
Sumário ........................................................................................................................... 16
Auto-avaliação ................................................................................................................ 17
Comentários .................................................................................................................... 18

Lição no 03 19
O Planeamento Estratégico ............................................................................................. 19
Introdução .............................................................................................................. 19
Sumário ........................................................................................................................... 22
Auto-avaliação ................................................................................................................ 22
Comentários .................................................................................................................... 22

Lição no 04 24
O Planeamento EstratégicoO Planeamento Estratégico como Factor Crítico do Sucesso
Escolar ............................................................................................................................ 24
Introdução .............................................................................................................. 24
ii

Sumário ........................................................................................................................... 29
Auto-avaliação ................................................................................................................ 30
Comentários .................................................................................................................... 31

Lição no 05 32
O Papel do Director de Escola na Construção do Plano Estratégico da Escola ............. 32
Introdução .............................................................................................................. 32
Sumário ........................................................................................................................... 37
Auto-avaliação ................................................................................................................ 38
Comentários .................................................................................................................... 39

Unidade n° 02 40
A Elaboração do Plano Estratégico da Escola ................................................................ 40
Introdução .............................................................................................................. 40

Lição no 01 41
Etapas de Elaboração do Plano Estratégico da Escola: a Pré-Planificação e o
Diagnóstico ..................................................................................................................... 41
Introdução .............................................................................................................. 41
ETAPA 01: A PRÉ-PLANIFICAÇÃO ........................................................ 41
ETAPA 02: O DIAGNÓSTICO .................................................................. 43
Sumário ........................................................................................................................... 47
Auto-avaliação ................................................................................................................ 48
Comentários .................................................................................................................... 48

Lição no 02 49
Etapas de Elaboração do Plano Estratégico da Escola: Formulação, Elaboração e
Implementação e Replanificação do Plano ..................................................................... 49
Introdução .............................................................................................................. 49
ETAPA 03: Formulação do plano................................................................ 50
ETAPA 04: Elaboração do plano ................................................................. 50
ETAPA 05: Implementação e execução do plano ....................................... 51
ETAPA 06: Avaliação, revisão e replanificação (reformulação) do plano . 52
Suamário ......................................................................................................................... 54
Auto-avaliação ................................................................................................................ 54
Comentários .................................................................................................................... 55

Lição no 03 56
A Elaboração do Plano Estratégico da Escola: Valores, Visão e Missão ....................... 56
Introdução .............................................................................................................. 56
I. Valores ................................................................................................. 57
II. Visão do futuro .................................................................................... 58
III. Missão ................................................................................................. 59
Planificação de Educação iii

Resumo ........................................................................................................................... 60
Auto-avaliação ................................................................................................................ 61
Comentários .................................................................................................................... 61

Lição no 04 62
A Elaboração do Plano Estratégico da Escola: Os Objectivos Estratégicos ................... 62
Introdução .............................................................................................................. 62
Sumário ........................................................................................................................... 65
Auto-avaliação ................................................................................................................ 65
Comentários .................................................................................................................... 65

Lição no 05 66
A Elaboração do Plano Estratégico da Escola: As Estratégias e Metas ......................... 66
Introdução .............................................................................................................. 66
Sumário ........................................................................................................................... 68
Auto-avaliação ................................................................................................................ 69
Comentários .................................................................................................................... 69

Lição no 06 70
A Elaboração do Plano Estratégico da Escola: O Plano de Acção ................................. 70
Introdução .............................................................................................................. 70
Sumário ........................................................................................................................... 73
Auto-avaliação ................................................................................................................ 73
Comentários .................................................................................................................... 73

Bibliografia 74
Planificação de Educação 1

Visão geral
Bem-vindo ao módulo de
Planificação de Educação
Caro estudante, bem-vindo ao módulo de Planificação de
Educação, em que você terá a oportunidade de aprofundar os seus
conhecimentos teóricos sobre a planificação de Educação mas
também será convidado para a aventura de construir um plano
estratégico de uma escola. Na verdade, um dos principais
problemas apontados à escola em Moçambique e que está por
detrás dos seus muito modestos resultados em termos de qualidade
de ensino, prende-se com a ausência de uma planificação
estratégica.

Por isso, neste módulo você vai aprender que a forma tradicional de
fazer planeamento, nas organizações, entrou em crise, porque se
mostrava incapaz, por causa das suas características, de ajudar as
organizações a desenvolverem-se nesta nossa sociedade cada vez
mais complexa. Assim, emergiu um outro paradigma de
planificação, a planificação estratégica.

E esta forma de planificação tornou-se a forma moderna de fazer


planificação, nas organizações em geral e na escola em particular e
tem-se mostrado insubstituível para a promoção do sucesso. Na
verdade ela permite que as organizações não só possam ter e
manter uma direção como também que se relacionem
convenientemente com o macro meio em que estão inseridas.

Mas neste módulo nós vamos ficar apenas nestas interessantes


discussões teóricas. Provavelmente para si, vamos fazer algo mais
interessante ainda: a elaboração de um plano estratégico de uma
escola. Deste modo, você, mais tarde, enquanto profissional da área
de gestão e planificação escolar, poderá contribuir para municiar as
2

nossas escolas de instrumentos que as tornem capazes de progredir,


o que, por sua vez, significa fazer progredir o nosso país. A tarefa é
aliciante!

Objectivos do Modulo
Quando terminar o estudo do módulo de Planificação de Educação,
você deverá ser capaz de:

 Explicar a planificação estratégica como factor crítico para


o sucesso da organização escolar;

Objectivos do módulo  Diferenciar a planificação tradicional da planificação


estratégica;

 Distinguir o plano da planificação;

 Explicar os ganhos que uma escola obtém com boas


práticas de planificação;

 Explicar o papel que o director da escola desempenha no


âmbito da construção de um plano estratégico da escola e

 Construir um plano estratégico da escola, com o respectivo


plano de suporte estratégico.

Quem deve estudar este manual?


Este módulo foi concebido para todos aqueles que estudam a
disciplina de Planificação de Educação do curso de Administração
e Gestão da Educação (AGE), em particular e aos que têm interesse
pela gestão e planificação educacional, em geral. Entretanto,
importa referir que estudantes de outros cursos que tenham o minor
de AGE também poderão usar o módulo.
Planificação de Educação 3

Como está estruturado este


manual?
Todos os módulos dos cursos produzidos pela Universidade Pedagógica
encontram-se estruturados da seguinte maneira:

Páginas introdutórias

Um índice completo.

Uma visão geral detalhada do módulo, resumindo os aspectos-chave


que você precisa conhecer para completar o estudo. Recomendamos
vivamente que leia esta secção com atenção antes de começar o seu
estudo.

Outros recursos

Para quem esteja interessado em aprender mais, apresentamos uma lista


de recursos adicionais que pode explorar. Estes recursos podem incluir
livros, artigos ou sites na internet.

Tarefas de avaliação e/ou Auto-avaliação

As tarefas de avaliação para este módulo encontram-se no final de cada


unidade. Sempre que necessário, dão-se folhas individuais para
desenvolver as tarefas, assim como instruções para as completar. Estes
elementos encontram-se no final do manual.

Comentários e sugestões

Esta é a sua oportunidade para nos dar sugestões e fazer comentários


sobre a estrutura e o conteúdo do módulo. Os seus comentários serão
úteis para nos ajudar a avaliar e melhorar este módulo emviando para o –
email: up.cead@gmail.com
4

Conteúdo do módulo

Unidades Lições

Unidade I: Licão N° 01: A Planificação na Educação

A Planificação Licão N° 02: A Planificação Tradicional


Estratégica Na
Licão N° 03: O Planeamento Estratégico
Educação
Licão N° 04: O Planeamento Estratégico como Factor Crítico do
Sucesso Escolar

Licão N° 05: O Papel do Director de Escola na construção do


Plano Estratégico da Escola

Unidade II : Licão N° 01: Etapas de Elaboração do Plano Estratégico Da


Escola: A Pré-Planificação e o Diagnóstico
A Elaboração Do
Plano Estratégico Licão N° 02: Etapas de Elaboração do Plano Estratégico da
Da Escola Escola: Formulação, Elaboração, Implementação e Replanificação
do Plano

Licão N° 03: A Elaboração do Plano Estratégico da Escola:


Valores, Visão E Missão

Licão N° 04: A Elaboração do Plano Estratégico da Escola: Os


Objetivos Estratégicos

Licão N° 05: A Elaboração do Plano Estratégico da Escola: As


Estratégias e Metas

Licão N° 06: A Elaboração do Plano Estratégico da Escola: O


Plano de Acção

Ícones de actividade
Ao longo deste manual irá encontrar uma série de ícones nas margens das
folhas. Estes ícones servem para identificar diferentes partes do processo
de aprendizagem. Podem indicar uma parcela específica de texto, uma
nova actividade ou tarefa, uma mudança de actividade, etc.
Planificação de Educação 5

No manual encontrará ícones que identificam as actividades, dicas,


sumárias e actividades de auto-avaliação.

Pode ver o conjunto completo de ícones deste manual já a seguir, cada


um com uma descrição do seu significado e da forma como nós
interpretámos esse significado para representar as várias actividades ao
longo deste módulo.

Resistência, “Qualidade do
Comprometimento/ perseverança “Aprender através
perseverança trabalho” da experiência”
Auto-avaliação
Actividade (excelência/ Exemplo /
autenticidade) Estudo de caso
Avaliação /
Teste

Paz/harmonia
Unidade/relações Vigilância / “Eu mudo ou
Debate humanas preocupação transformo a minha
vida”
Actividade de Tome Nota!
grupo Objectivos

“[Ajuda-me] deixa- “Pronto a enfrentar “Nó da sabedoria”


Apoio /
me ajudar-te” as vicissitudes da encorajamento
vida” Terminologia Dica
Leitura
(fortitude /
preparação)

Reflexão
Tabela 1: Ícones

Precisa de apoio?
Se você tiver dificuldades, tem o Centro de Recursos à sua disposição,
perto do local da sua residência. Não hesite em recorrer a esse centro,
pois ele foi criado para si. Com efeito, lá encontrará literatura e outros
materiais de consulta.
Planificação de Educação 7

Unidade n° 01
A Planificação Estratégica na
Educação

Introdução
Caro estudante, bem-vindo à primeira unidade do seu módulo de
Planificação de Educação, em que você terá a oportunidade de
aprofundar os seus conhecimentos teóricos sobre a Planificação de
Educação. Com efeito, você vai aprender que a crise do paradigma
tradicional de planificação, por causa das suas limitações, levou à
emergência de um outro paradigma de planificação, a planificação
estratégica. E esta, forma moderna de fazer planificação, nas
organizações em geral e na escola em particular, tem-se mostrado
indispensável para a promoção do sucesso. Na verdade ela permite
que as organizações não só possam ter e manter uma direcção
como também permite que se relacionem melhor com o macro
meio em que estão inseridas.

Esta unidade é composta por cinco lições, cada uma delas com 45
minutos de estudo. As lições desta unidade abordam os seguintes
tópicos: a planificação tradicional versus a planificação estratégica,
o planeamento estratégico como factor crítico do sucesso escolar e,
finalmente, o papel do director de escola na construção de um
plano estratégico da escola.

Ao completar esta unidade, você será capaz de:

 Diferenciar a planificação tradicional da planificação


estratégica;

 Distinguir o plano da planificação;


Objectivos da unidade
 Explicar os ganhos que uma escola obtém com boas práticas de
planificação e

 Explicar o papel que o director da escola desempenha no


âmbito da construção de um plano estratégico da escola.
8

Lição no 01
A Planificação na Educação

Introdução
Esta lição, basicamente, constitui revisão do módulo de
“Introdução à Planificação de Educação”, que vimos no período
anterior. Naquele módulo estudámos que o acto de planear faz
parte da nossa história e vida. Na verdade, nós, os seres humanos,
na nossa existência individual e colectiva, sempre manifestamos o
desejo de transformar sonhos em realidade o que nos leva à
actividade de planear. Assim, nesta lição vamos rever todo um
conjunto de conceitos que nos ajudarão a perceber as matérias que
abordaremos adiante, no módulo.

Ao completar esta lição, você será capaz de:

 Definir o planeamento;

 Explicar a importância do planeamento em geral e na educação


Objectivos da lição em particular;

 Explicar quais as circunstâncias que tornam a planificação


indispensável.

No módulo “Introdução à Planificação de Educação”1 aprendemos


que o acto de planear fazia parte da nossa história e vida. Você
ainda se recorda porque é que dissemos isso? Porque no nosso
quotidiano, sempre enfrentamos situações que necessitam de
planificação o que não quer dizer que o façamos sempre, pelo
menos de uma forma explícita. Efetivamente há actividades que já
pertencem ao contexto da nossa rotina, em que agimos
aparentemente sem um exercício prévio de planificação.

1
Reveja a Unidade 04 do Módulo Introdução à Planificação de Educação
Planificação de Educação 9

Na nossa vida, individual e colectiva, no entanto, há situações,


como estudámos no mudulo anterior, em que a planificação se
torna um imperativo, sob o risco de fracassarmos nos nossos
propósitos. São exemplo de algumas destas situações: a realização
de actividades que não nos são familiares ou então novas; a
realização de tarefas ou alcance de objectivos complexos; a
necessidade de nos adaptarmos a situações que estão envoltas num
ambiente crítico, envolvendo alto risco ou alto custo; a realização
de actividades em parceria com outros actores, etc.

O que é então a Planificação? Ela é o lado racional da acção.


Tratando-se portanto de um processo de reflexão, abstracto,
explícito que escolhe e organiza acções, antecipando os resultados
esperados. Esta reflexão busca alcançar, da melhor forma possível,
objectivos pré-definidos. PADILHA (2001) citado por Baffi (2002)
vê o Planeamento, no sentido amplo, como um processo que visa
dar respostas a um problema, estabelecendo fins e meios que
apontem para a sua superação, de modo a atingir objectivos antes
previstos, pensando e prevendo necessariamente o futuro, mas
considerando as condições do presente, as experiências do passado,
os aspectos contextuais e os pressupostos filosófico, cultural,
económico e político de quem planeja e com quem se planeja.

Logo, o autor citado percebe o planeamento como um processo de


busca de equilíbrio entre meios e fins, entre recursos e objectivos,
visando o melhor funcionamento de empresas, instituições, sectores
de trabalho, organizações grupais e outras actividades humanas. O
acto de planejar, ainda na perspectiva do autor referenciado, é
sempre um processo de reflexão, de tomada de decisão sobre a
acção; processo de previsão de necessidades e racionalização de
emprego de meios (materiais) e recursos (humanos) disponíveis,
visando a concretização de objectivos, em prazos determinados e
etapas definidas, a partir dos resultados das avaliações.

Então, quais serão os casos em que recorremos à planificação?


Recorremos à planificação nos casos em que a situação o exige,
10

isto é, quando lidamos com uma realidade complexa, sistémica,


dinâmica, de enorme importância social, que envolva avultados
recursos humanos, financeiros, materiais, etc. A educação, ou
organização escolar ou sistema educativo, como é evidente,
apresenta estas características, logo, a planificação é um
imperativo, sob o risco do sistema não responder às suas
obrigações, que são as de providenciar serviços de educação à
sociedade, para a promoção do desenvolvimento individual e social
dos países.

TEIXEIRA, (s/d), referindo-se à questão da planificação de


educação, explica que a educação é actualmente concebida como
factor de mudança, renovação e progresso e que, por isso, o seu
planeamento se impõe, como recurso de organização. É o
fundamento de toda a acção educacional. O autor considera,
igualmente, que a inovação ou mudança suscitam resistências e que
o planeamento é também a forma de gerenciar essas mudanças,
para que haja o mínimo de resistências. E, muito importante, o
Planeamento Educacional potencia o sector de Educação,
integrando-o, ao mesmo tempo, no progresso global do país. O que
é então o o Planeamento Educacional?

COARACY, J (1972) citado por TEIXEIRA (s/d) define como


sendo o processo contínuo que se preocupa com o “para onde ir” e
“quais as maneiras adequadas para chegar lá”, tendo em vista a
situação presente e possibilidades futuras, para que o
desenvolvimento da Educação atenda tanto às necessidades do
desenvolvimento da sociedade, quanto às do indivíduo”. A
planificação de educação é, portanto, um processo de abordagem
racional e científica dos problemas da Educação, incluindo
definição de prioridades e levando em conta a relação entre os
diversos níveis do contexto educacional.
Planificação de Educação 11

Sumário
Nesta lição estudámos que a planificação é um processo de
reflexão, abstracto, explícito que escolhe e organiza acções,
antecipando os resultados esperados. Esta reflexão busca alcançar,
da melhor forma possível, objectivos pré-definidos e à ela
recorremos nos casos em que a situação o exige, quer dizer, quando
lidamos com realidades complexas, sistémicas, dinâmicas, de
enorme importância social, que envolvam avultados recursos
humanos, financeiros, materiais, etc. Finalmente estudámos que a
educação ou organização escolar ou sistema educativo, apresenta
essas características e, por isso, nela, a planificação é um
imperativo, sob o risco do sistema não responder às suas
obrigações: providenciar serviços de educação à sociedade, para a
promoção do desenvolvimento individual e social dos países.

Auto-avaliação
Para a sua autoavaliação, responda, preferencialmente em grupo, às
questões que se seguem:

1. Porque é que se afirma que a planificação tem a ver com o


Exercícios “lado racional” da acção?

2. Explique porque é que a educação configura um dos casos


em que, sem planificação, as possibilidades de sucesso são
praticamente inexistentes.
12

Comentários
Confronte as suas respostas com os comentários que lhe
apresentamos abaixo. Se na sua resposta você teve em consideração
estes aspectos é porque ela está correcta, mas se não os teve, então,
continue a estudar o módulo e a discutir com os seus colegas.

1. A planificação tem a ver com o “lado racional” da acção


porque ela é um exercício mental, de “pensamento” em que
reflectimos de forma intencional sobre como fazer para
alcançar os nossos objectivos. Portanto, nesse processo
escolhemos e organizamos acções, antecipando os resultados
esperados, buscando alcançar, da melhor forma possível,
objectivos pré-definidos.

2. Uma escola ou um sistema educacional no seu todo, são


realidades complexas, sistémicas, dinâmicas, de enorme
importância social, que envolve avultados recursos humanos,
financeiros, materiais, etc. Sem boas práticas de planificação
não conseguiríamos conjugar todos estes elementos e
característica para conduzir ou orientar a escola ou um sistema
educacional rumo ao alcance de seus propósitos: providenciar
serviços de educação à sociedade, para a promoção do
desenvolvimento individual e social dos países.
Planificação de Educação 13

Lição no 02
A Planificação Tradicional
Introdução
Na sessão passada estudámos a planificação educacional e vimos
que ela é um processo de reflexão e tomada de decisão sobre a
acção a ser empregue, para o alcance de objectivos. Nesta sessão,
como forma de introduzir a planificação estratégica, a nossa
abordagem vai centrar-se particularmente na planificação
tradicional, onde teremos a oportunidade de abordarmos as
limitações que ela carrega consigo.

Ao completar esta lição, você será capaz de:

 Explicar o contexto de surgimento do planeamento tradicional;

 Caracterizar o planeamento tradicional e


Objectivos da lição
 Indicar as limitações do planeamento tradicional.

INA (s/d) explica que o conceito de planeamento estratégico vem


do meio militar e só na década de 60 é que foi adoptado pelas
empresas, com vista a reforçar a competitividade, “em
consequência das suas dificuldades de desenvolvimento, face à
evidência das limitações do planeamento tradicional” (INA,
s/d:29). Efectivamente, o paradigma de planeamento tradicional
caracteriza-se por possuir um elevado nível técnico e de se basear
em modelos matemáticos sofisticados. Ele parte do pressuposto de
que é possível fazer a previsão perfeita e quantificar os fenómenos
sociais, não tem em conta os actores sociais, ou seja, a
complexidade das relações sociais que se desenvolvem na
organização.
14

Segundo SILVA (s/d: 6), citando SANTANA et al (1986), este tipo


de planeamento, em termos de contexto de surgimento, emergiu
com a crescente secularização do conhecimento, a diversificação da
estrutura económica e racionalização do trabalho. Igualmente,
contribuiu para o seu surgimento a crescente burocratização das
entidades económicas, processo que foi acompanhado pela
“tecnificação”, isto é, pela crescente aplicação da ciência (com
carácter disciplinar ou especializado) no quotidiano.

O planeamento tradicional, ainda segundo explicação de SILVA


(s/d), tem um enfoque racional ou normativo, dado que subentende
que o homem necessita de prescrições e normas para regular as
suas acções. Assim, ela vai ser uma planificação muito prescritiva,
indicando minuciosamente aos actores organizacionais “o que” e
“como fazer”, independente de valores e da motivação deles.
Portanto, trata-se duma planificação com forte carácter burocrático,
no sentido em que ela se processa de “de cima para baixo” e se
baseia no método racional (linearidade das etapas). Enfim, trata-se
de uma planificação mecânica, marcado pela concepção
tecnocrática e economicista.

E como será que este paradigma de planificação olha para a figura


do planificador? Ele é visto técnico ou perito, cuja preparação
exige “objectividade” científica para a tomada de decisão e também
que ele possua conhecimento e domínio de estratégias e técnicas
específicas.

Como você já se deve ter apercebido, esta planificação é


“problemática”, no sentido em que possui limitações. Quais serão,
no seu ponto de vista, algumas dessas limitações? Entretanto
vejamos algumas.
Planificação de Educação 15

a) Limitações da planificação tradicional

Então, tendo em conta a caracterização acima, a planificação


tradicional, também conhecida como clássica, caracteriza-se por ser
praticada a partir de uma visão fraccionada ou parcial da realidade,
tornando-se, portanto, isolada, fragmentada. Noutros termos, é uma
planificação que não tem em consideração o todo organizacional,
mas partes específicas da organização e, também, não leva em
consideração a dinâmica social, quer dizer, não pondera
convenientemente o comportamento dos actores, influenciado por
variáveis de natureza cultural, psicológica, política, etc.

Esta planificação apresenta, por conseguinte, as seguintes


limitações:

1. É uma planificação rígida, inflexível. Ela não prevê


modalidades de ajustamentos, caso se mostrem necessários.
Portanto, é um tipo de planificação para funcionar num mundo
ideal, sem crises, sem contingências em que tudo acontece
como deveria acontecer. E nós sabemos que a realidade não é
bem assim! Por isso, é razoável afirmar que os planos que
resultam desta planificação servem mais para se dizer que há
planificação, legitimando assim as actividades realizadas do
que para, deveras, guiar os actores organizacionais.

2. Reflecte esta planificação, em geral, a realidade ou a visão dos


que planeiam (gestores, dirigentes) e não de todos os actores,
particularmente dos actores dos escalões mais baixos. Idem,
não tem em consideração o ambiente externo em que a
organização está inserida.

3. Relacionado com a anterior limitação, os planos que resultam


desta planificação são aplicados mecanicamente,
rotineiramente, sem um exercício de reflexão. São planos
16

relativamente fáceis de aplicar a curto prazo, mas vão-se


mostrando cada vez mais inadequados com o passar do tempo.

4. Estes planos até podem levar ao alcance dos objectivos, mas


não promovem a mudança qualitativa da organização; muitas
vezes, mesmo tendo sido alcançados os objectivos, verifica-se
mais tarde regressão ao estado anterior.

Sumário
Nesta lição estudámos que o planeamento tradicional tem um
carácter racional, prescritivo, burocrático portanto, sem a
necessária consideração dos aspectos socioculturais e surgiu nas
organizações com a burocratização das mesmas, o que foi
acompanhado pela “tecnificação”, isto é pela crescente aplicação
da ciência, cada vez mais com carácter disciplinar ou especializado.
Esta planificação, entre outras, apresenta como limitações o fato de
ser rígida, inflexível, dela resultarem planos para serem aplicados
mecanicamente, sem um exercício de reflexão e, finalmente,
reflecte mais a realidade ou a visão dos que planeiam e não dos
actores organizacionais e, como corolário, ela não promove
mudanças qualitativas na organização.
Planificação de Educação 17

Auto-avaliação
Para a sua autoavaliação, responda, preferencialmente em grupo, às
questões que se seguem:

Exercícios 1. Refira-se ao contexto de surgimento da planificação do


planeamento tradicional.

2. O planeamento tradicional tem poucas possibilidades de


promover mudanças qualitativas nas organizações. Explique
porquê.
18

Comentários
Confronte as suas respostas com os comentários que lhe
apresentamos abaixo. Se na sua resposta você teve em consideração
estes aspectos é porque ela está correcta, mas se não os teve, então,
continue a estudar o módulo e a discutir com os seus colegas.

1. Quanto ao contexto de surgimento, a planificação


tradicional apareceu com a burocratização das
organizações, processo que foi acompanhado pela crescente
secularização do conhecimento, que por sua vez pressupôs a
“tecnificação”, isto é, pela crescente aplicação da ciência,
com carácter disciplinar ou especializado.

2. O planeamento tradicional tem poucas possibilidades de


promover mudanças qualitativas nas organizações na
medida em que ela é uma planificação muito matemática,
“idealizada”, ela tem a crença de que é possível fazer
previsões perfeitas e de que se podem quantificar os
fenómenos sociais. Quer dizer, não é uma planificação que
parta do princípio de que os sujeitos do plano são homens,
daí ser importante considerar os seus valores, crenças,
motivações, entenda-se a complexidade das relações sociais
que se desenvolvem na organização. Outrossim, é uma
planificação que não visualiza convenientemente o todo
organizacional e a relação da organização, como um todo,
com o macro meio onde a organização se insere. Em
síntese, esta planificação não alcança a complexidade da
organização!
Planificação de Educação 19

Lição no 03
O Planeamento Estratégico

Introdução
O planeamento tradicional, pelas suas características (limitações),
não constituía um instrumento capaz de levar as organizações ao
progresso. Ela, como estudámos na lição anterior, na verdade dava
muito poucas possibilidades às organizações de promoverem
mudanças qualitativas. Tal originou que, a partir dos anos 70,
surgisse uma crise com o planeamento tradicional, dai terem
emergido inúmeras teorias com vista a que a planificação
alcançasse a complexidade das organizações, transpondo-se desse
modo as limitações encontradas no paradigma tradicional de
planeamento. Nesta lição vamos estudar o paradigma do
planeamento estratégico, surgido como resposta à crise do
paradigma tradicional. A nossa abordagem irá enfatizar as escolas.

Ao completar esta lição, você será capaz de:

 Definir o planeamento estratégico;

 Diferenciar o planeamento estratégico do tradicional.


Objectivos da lição

A partir dos anos 70 surge a crise do planeamento tradicional, daí


terem surgido inúmeras teorias, “exigindo um pensamento voltado
para a complexidade, tentando ultrapassar as limitações
encontradas no paradigma racionalista de planeamento, e
anunciando a emergência de um novo paradigma – o planeamento
estratégico”. (INA s/d:04)

Na verdade, a planificação tradicional não se mostrava capaz de


municiar as organizações para responder aos desafios com que
20

estavam cada vez mais confrontadas: a crescente concorrência entre


elas, os utentes ou consumidores cada vez mais exigentes, o mundo
cada vez mais globalizado, etc.

Uma questão então se impõe: O que será então o planeamento


estratégico? Segundo ARGUIN (2000), citado por PERFEITO
(2007:56) o planeamento estratégico “é um processo de gestão que
apresenta, de maneira integrada, o aspecto futuro das decisões
institucionais, a partir da formulação da filosofia da instituição, sua
missão, sua orientação, seus objectivos, suas metas, seus programas
e as estratégias a serem utilizadas para assegurar a sua
implantação”.

Analisemos a definição acima. Nela, primeiro vemos que o


planeamento estratégico é diferente do tradicional que é
fraccionado ou isolado. O que quererá isto dizer? Ele apresenta-se
como integrado, quer dizer, visa o todo organizacional e não a
partes especificas. Nesta perspectiva, um plano estratégico de uma
escola, por exemplo, é um plano de toda a escola e não um plano só
da direcção ou da área pedagógica, da direcção administrativa ou
da secretaria. O plano estratégico é integrado, ele incorpora todas
as vertentes da escola, desde a curricular, à financeira, a infra-
estrutural, de recursos humanos, etc.

Vemos igualmente nesta definição que a planificação estratégica é


um esforço consistente, destinado a produzir decisões e
consequentes acções que guiem a organização escolar rumo ao
futuro desejado. Quer dizer, a planificação estratégica permite à
escola tomar decisões com base numa visão de futuro ou a partir de
uma ideia muito clara sobre onde se pretende chegar.

Mais ainda, percebemos que os resultados a obter, baseiam-se


numa visão de futuro, isto é, nesta planificação a motivação não é
apenas a gestão do quotidiano, do imediato mas também, há um
compromisso com a mudança para o melhor, com o
Planificação de Educação 21

desenvolvimento da escola. Portanto o planeamento estratégico está


projectado para um futuro qualitativamente melhor.

O planeamento estratégico é assim um processo gerencial que


permite estabelecer uma direcção a ser seguida pela escola, com o
fim de optimizar (tirar maiores benefícios ou proveito) dos recursos
disponíveis (professores, infra-estruturas, equipamentos, etc.) e, por
via disso, melhor servir a sociedade. Neste sentido, o planeamento
estratégico também pode ser vista como a forma pela qual a escola
define como se mobiliza (organização, disposição, motivação),
como um todo, com vista a alcançar os seus próprios objectivos.

Há ainda um outro aspecto de importância capital nesta definição.


O planeamento estratégico não é somente um exercício de análise e
tomada de decisões, ela não termina nestas decisões, ela inclui
planos operacionais de acção, que indicam as acções concretas que
cada uma das unidades (o director da escola, o sector pedagógico, a
secretaria, a contabilidade, etc.) deve implementar para o alcance
dos objectivos estratégicos.

Em jeito de síntese, as organizações incluindo as escolas, no âmbito


da planificação estratégica, procuram responder às seguintes
questões: Porque é que existimos? O que fazemos? Como fazemos?
Onde queremos chegar? Como devemos lá chegar? As respostas a
estas perguntas, no caso da escola, vão resultar no Plano
Estratégico da Escola, que será um guia ou referência para toda a
escola, uma espécie de bússola da escola. Entretanto, importa
referir que o Plano Estratégico da Escola também é conhecido
como Plano de Desenvolvimento da Escola, por isso, neste módulo,
doravante, iremos designar a este plano de “PEE/PDE”.
22

Sumário
O planeamento tradicional entrou em crise devido às suas
limitações. Em seu lugar surgiu o planeamento estratégico, que é
um processo de gestão que apresenta, de maneira integrada, o
aspecto futuro das decisões institucionais. Mais do que isso,
desembocam em planos operacionais, para assegurar a sua
implantação. Esta planificação, diferente da tradicional, é
integrada, quer dizer, refere-se ao todo organizacional e não a
partes específicas e procura articular o todo com o macro ambiente.

Auto-avaliação
Para a sua autoavaliação, responda, preferencialmente em grupo, às
questões que se seguem:

Exercícios 1. Diferencie (dois elementos) o planeamento estratégico do


tradicional, mostrando como o primeiro supera o segundo.

2. No texto, numa metáfora, o planeamento estratégico da


escola foi visto como uma bússola. Você concorda com essa
metáfora? Explique o seu ponto de vista.

Comentários
Confronte as suas respostas com os comentários que lhe
apresentamos abaixo. Se na sua resposta você teve em consideração
estes aspectos é porque ela está correcta, mas se não os teve, então,
continue a estudar o módulo e a discutir com os seus colegas.
Planificação de Educação 23

1. (i.) O planeamento estratégico, diferente do tradicional,


procura mobilizar toda a organização (recursos humanos,
matérias, organizacionais, etc.) com vista ao alcance dos
objectivos. Portanto, ela preocupa-se também com os
actores organizacionais, o que vale dizer com as suas
preocupações, motivações, etc. Noutros termos, é uma
planificação atenta à complexidade da organização, dando
também atenção às dinâmicas sociopsicológicas que
ocorrem na organização. (ii.) No planeamento estratégico,
diferente do tradicional, as decisões e acções e por isso os
resultados a obter, baseiam-se numa visão de futuro, quer
dizer, num estágio qualitativamente melhor. Portanto, nesta
planificação a motivação não é apenas a gestão do
quotidiano, do imediato mas há sim um compromisso com a
mudança para o melhor, logo com o desenvolvimento. Não
se trata, por conseguinte, de uma gestão mecânica, rotineira,
como no planeamento tradicional, mas de uma acção
norteada por uma ideia muito clara de um “ futuro melhor”,
que se pretende alcançar.
2. A bússola, como sabemos, é um instrumento de orientação
geográfica, que permite aos viajantes, particularmente
àqueles que conduzem embarcações, encontrar ou
determinar a direção correcta para se chegar ao destino ou
“bom porto”. É um instrumento indispensável para um
navegador. Tal como a bússola, o planeamento estratégico é
todo um exercício que tem em vista produzir um plano, que
irá orientar os esforços organizacionais, incluindo o uso dos
recursos disponíveis, com vista a chegar a “bom porto”, ou
seja alcance de objetivos predefinidos. Também é
indispensável para um gestor.
24

Lição no 04
O Planeamento EstratégicoO
Planeamento Estratégico como
Factor Crítico do Sucesso Escolar
Introdução
Na lição anterior, estudamos o planeamento estratégico e vimos
que ele tinha inúmeras vantagens por comparação com a
planificação tradicional, o que a leva a dar mais possibilidades às
organizações de se desenvolverem. Nesta lição vamos aprofundar
um pouco essa questão. Com efeito, você vai aprender que a
organização escolar, nas sociedades modernas, tem como grande
desafio e exigência formar cidadãos à altura dos desafios sociais
nas suas múltiplas dimensões e que, para que tal suceda, torna-se
indispensável que a escola conheça muito bem o seu ambiente
interior bem como o envolvente, e que se tenha as competências
necessárias para realizar os ajustes e mudanças, de acordo com as
necessidades e demandas emergentes, o que só pode ser feito com
boas práticas de planificação.

Ao completar esta lição, você será capaz de:

 Explicar porque o planeamento educacional é visto como factor


crítico do sucesso escolar;

 Explicar o princípio da flexibilidade no planeamento


Objectivos da lição estratégico;

 Diferenciar o “plano” da “planificação” e

 Referir-se à postura do gestor escolar, no contexto do


planeamento.

Iniciemos a nossa lição falando, de forma bem breve, sobre a


organização escolar, essa agência criada pela sociedade para
realizar a educação formal. Uma questão inicial seria a de sabermos
Planificação de Educação 25

qual o desafio com que actualmente a escola está confrontada. Ela,


, nas sociedades modernas, tem como grande desafio e exigência de
formar cidadãos à altura dos desafios sociais nas suas múltiplas
dimensões, por outras palavras, fazer dos alunos cidadãos
emancipados e qualificados para o trabalho.

Para que ela seja bem-sucedida, logicamente, “torna-se


imprescindível que se conheça a realidade e que se tenha as
competências necessárias para realizar os ajustes e mudanças nos
contextos educacionais, de acordo com as necessidades e demandas
emergentes no contexto da realidade externa e no interior da
escola”. LÜCK (2009:16)

A partir de LÜCK (2009), como você já deve ter depreendido,


vemos que as escolas lidam não só com um objecto (a educação)
que já é complexo, como também têm que atingir os seus
objectivos dentro de um contexto, a própria escola e a sociedade,
igualmente bastante complexa. Daqui decorre, como não poderia
deixar de ser, que a planificação educacional se mostra um
instrumento crítico para que a escola seja bem-sucedida, na medida
em que ela lida com uma realidade complexa e sistémica (realidade
composta por muitos elementos que se inter-relacionam), dinâmica
(sempre “em movimento”, algo vivo, que muda e se transforma),
de enorme importância social e que envolve avultados recursos
humanos, financeiros, materiais, etc.

o planeamento [escolar] tem por finalidade “


fazer algo vir à tona, fazer acontecer, concretizar,
e para isto é necessário „amarrar‟, „condicionar‟,
estabelecer as condições – objectivas e
subjectivas – prevendo o desenvolvimento da
acção no tempo (o que vem primeiro, o que vem
em seguida), no espaço (onde vai ser feita), as
condições materiais (que recursos, materiais,
equipamentos serão necessários) e políticas
(relações de poder, negociações, estruturas), bem
como a disposição interior (desejo, mobilização),
para que aconteça.” (VASCONCELLOS , 2000 )
citado por (SILVA, s/d: 11).
26

Que ilações poderemos tirar do extracto acima? Que o planeamento


se mostra extremamente útil para a escola, na medida em que ela
lhe dá unidade, fazendo emergir um ambiente psicológico de
coesão (e mesmo de motivação) dos actores escolares e também da
direcção. Por outras palavras, a planificação faz com que a escola,
como um todo, tenha uma direcção.

Entretanto vários autores chamam a atenção para que a planificação


que gere estes múltiplos ganhos à escola, o exercício de
planificação não deva ser uma actividade mecânica, ou então, os
planos produzidos não devam ser considerados uma “camisa-de-
força” que forçosamente deve servir a todos. Por exemplo, LÜCK
(2009: p.35), critica a ideia tão comum de que planear corresponde
à elaboração de um plano ou projeto, “com um valor em si
mesmo”.

E qual é a proposta da autora? Que planear vai para além disso, até
porque planos e projectos “constituem-se apenas em documentos
em que registam os resultados do processo de planeamento, de
modo a não se perder a sua riqueza de detalhes e variedade de
aspectos envolvidos, sua sequenciação, etc.” (idem). Planear, na
verdade, é um processo de reflexão, dado que quem o faz
”diagnostica e perspectiva, mediante o qual se pondera a realidade
educacional em seus desdobramentos e se propõe intervenções
necessárias” (ibidem).

SILVA (s/d), a propósito desta discussão, mostra-se contrária ao


planeamento normativo (tradicional), por ter caráter determinístico,
ao tender a prescrever as formas de acção dentro de uma
programação mais fechada e pro-activa e defende um planeamento
mais participativo, interactivo ou situacional. Segundo argumenta

as organizações são manejadas por pessoas, cuja


percepção do que é possível e desejável depende
da situação em que são colocadas.[...] o
planeamento é interativo no sentido de que a
organização (e as pessoas que nela atuam) é o
sujeito do plano e, na busca de seus objetivos, ela
própria se modifica e encoraja transformações
Planificação de Educação 27

(também das pessoas). (SANT‟ANNA et al


(1986), citados por SILVA, s/d: 3).

O planeamento mecânico, o plano “camisa-de-força” ou seja estas


práticas que se aproximam do planeamento tradicional, como você
já deve ter concluído, dificilmente levam a escola à alcançar os
seus propósitos, considerando o seu carácter sistémico, dinâmico e
de grande pluralidades de actores. Pelo contrário, o planeamento
participativo, considerado o seu carácter interactivo, quer dizer ao
estar de certo modo centrado nos actores organizacionais, o activo
principal da organização, e, ao procurar responder “em tempo real”
às dinâmicas organizacionais parece ser o mais adequado.

Um plano ou projeto educacional, por mais bem


delineado que seja, não consegue prever todas as
condições e situações da dinâmica educacional,
não deve ser considerado como uma camisa de
força que tolha iniciativas necessárias para fazer
face a situações não previstas e emergentes; deve
também prever a necessidade de adaptações, a
partir do princípio de flexibilidade […] essa
característica que exprime uma condição de
sucesso ao exercício do trabalho escolar, também
demanda do diretor um posicionamento claro,
porém flexível e compreensivo em relação aos
fenômenos e circunstâncias inerentes à dinâmica
social. (LÜCK, 2009, p. 34)

O princípio da flexibilidade, parece-nos central no planeamento


estratégico educacional. Como já bem sugere LÜCK (2009), exige-
se que os gestores (directores de escolas), aqueles a quem cabe
gerir a implementação dos planos adoptem este princípio, dado que
a realidade é dinâmica, mutável e deve-se estar permanentemente
atento a ela, ademais, as organizações é que se devem transformar
para acompanharem as novas exigências e não o inverso, o que
seria contraproducente.

Esta ideia é igualmente reforçada por SILVA (s/d, p. 12) ao sugerir


que “o planeamento escolar é também um processo reflexivo”.
Mais ainda, ela distingue o “plano” que é um produto e refere-se a
um determinado momento do planeamento, que é “processo
28

contínuo, dinâmico que incita uma determinada intervenção na


realidade”. Neste sentido, a autora chama-nos a atenção para não
confundir estes dois conceitos, “plano” e “planeamento”. O
primeiro não significa o esgotar de todo o processo de planificação,
ele não é mais do que a síntese (no papel) de uma reflexão feita
num determinado momento, contudo, esta reflexão (o planeamento)
deve ser contínua, porque a realidade na qual se vai fazer a
intervenção não é estática, mas dinâmica, cheia de variáveis
“movediças”, transformando-se sempre.

LÜCK (2009) tem uma análise muito próxima de SILVA (s/d).


Segundo desenvolve, quem planeia, examina e analisa dados,
comparando-os criteriosamente, estuda limitações, dificuldades e
identifica possibilidades de superação das mesmas. Esse processo
de análise, comparação, dentre outros processos mentais, fazem do
planeamento um processo de reflexão diagnóstica e prospectiva2,
mediante o qual se pondera a realidade educacional em seus
desdobramentos e se propõe intervenções necessárias. “O
planeamento será, portanto, tanto mais eficaz quanto mais cuidada
for a reflexão promovida: rigorosa, crítica, de conjunto e livre de
tendências e de ideias preconcebidas. LÜCK (2009:35

Em suma, a partir de LÜCK (2009) e SILVA (s/d), vemos que uma


boa prática de planificação necessariamente deve ser reflexiva. Mas
o que é que isto quer dizer? Que ela, a planificação, deve ser
baseada numa interacção ou diálogo entre os atores
organizacionais, dado que tal permitirá que continuamente (ou
sempre que necessário) se faça o redimensionamento ou
replaneamento, com vista a dar respostas adequadas e em tempo
útil às dinâmicas da escola. E, como foi bem vincado, todo este
processo só chegará a “bom porto” se se respeitar o princípio da
flexibilidade, quer dizer se se optar por um processo de análise de
tomada de decisões e implementação das mesmas, rigoroso, crítico,

2
Relaciona-se com análise do que será do “agora” para o futuro. É a estimação
do que irá acontecer no futuro face às intervenções realizadas no presente.
Planificação de Educação 29

sobretudo livre de tendências e de ideias preconcebidas, por


conseguinte com abertura para a construção e reconstrução do que
já terá sido postado no plano, num processo dialogado que envolve
todos os actores, independente dos seus escalões.

Sumário
Nesta lição estudámos que uma escola, dada a sua complexidade,
para que funcione a contento e atinja os seus objetivos, desse modo
se desenvolvendo, imperiosamente, deve ter boas práticas de
planificação. Na verdade, estas é que vão fazer com que a escola
tenha unidade e direcção, ao fazer emergir nela um ambiente
psicológico de coesão e de motivação de todos os segmentos ou
vertentes da escola. Entretanto, para que assim seja, o processo de
planificação estratégico, o que pressupõe ser situacional,
interactivo e dialogado e os planos dele resultantes não serem
encarados como uma “camisa-de-forças” que, forçosamente, deve
servir a todos, pelo contrário, embora a sua implementação deva ser
rigorosa mas também deve ser crítica e livre de tendências e de
ideias preconcebidas. Em última análise, no processo de
planificação deve imperar o princípio da reflexividade e
flexibilidade.
30

Auto-avaliação
Para a sua autoavaliação, responda, preferencialmente em grupo, às
questões que se seguem:

Exercícios 1. Explique a importância dos princípios da reflexividade e


flexibilidade.

2. Relacione o plano “camisa- de-forças” com o planeamento


tradicional.

3. Diferencie o “plano” da “planificação” .


Planificação de Educação 31

Comentários
Confronte as suas respostas com os comentários que lhe
apresentamos abaixo. Se na sua resposta você teve em consideração
estes aspectos é porque ela está correcta, mas se não os teve, então,
continue a estudar o módulo e a discutir com os seus colegas.

1. Um plano ou projeto educacional, por mais bem esboçado que


seja, não pode prever todas as condições e situações passíveis
de acontecer no ambiente escolar, pelo que se deve estar aberto
a iniciativas que levarão a ajustes, como forma de se fazer face
a estas situações não previstas e emergentes. Portanto, exige-se
dos implementadores do plano uma postura maleável e
compreensiva em relação aos fenómenos e circunstâncias
inerentes à dinâmica social.

2. O plano “camisa-de-forças” é aquele que não respeita os


princípios da reflexividade e flexibilidade, ou seja, pretende-se
que ele seja implementado independentemente do que sucede
na dinâmica organizacional, nas suas diferentes vertentes. Este
tipo de plano enquadra-se no planeamento tradicional, que se
caracteriza por ser burocrático, normativo, fechado, etc.

3. O “plano” é um documento no qual se regista a reflexão e as


decisões feitas no acto da planificação, logo ele é produto que
tem a ver com um determinado momento do planeamento. É
algo acabado na sua construção, num dado momento.
Diferentemente, o planeamento é processo contínuo, dinâmico.
Assim, plano não significa o esgotar de todo o processo de
planificação, ele não é mais do que a síntese (no papel) de uma
reflexão feita num determinado momento, sendo que esta
reflexão deve ser contínua, porque a realidade na qual se vai
fazer a intervenção não é estática, mas dinâmica.
32

Lição no 05
O Papel do Director de Escola na
Construção do Plano Estratégico
da Escola
Introdução
A escola é uma agência social especializada em providenciar
educação à sociedade e nela interagem uma pluralidade de actores,
como gestores, professores, alunos, pais e encarregados de
educação, comunidade e parceiros que, de forma organizada,
trabalham para alcançar objectivos. Nesta lição você vai estudar
quem são estes actores escolares, com destaque para o director da
escola (doravante neste módulo DE), enquanto gestor cimeiro da
escola, por conseguinte aquele a quem cabe, em última análise,
governar a escola e que, por isso, deve possuir competências no
campo do planeamento e organização da escola, sob o risco de
fracassar na sua função de levar a escola a atingir os seus
propósitos.

Ao completar esta lição, você será capaz de:

 Indicar os actores escolares

 Explicar o papel do DE gestor escolar enquanto gestor cimeiro


Objectivos da lição da escola

 Referir-se às competências do DE ao nível da planificação e


organização do trabalho escolar

A escola, como você já estudou, é uma agência social especializada


em providenciar educação à sociedade. Assim, nela interagem uma
pluralidade de actores que você certamente conhece como gestores,
professores, alunos, pais e encarregados de educação, comunidade
e parceiros, que trabalham de forma estruturada para alcançar
Planificação de Educação 33

objectivos. Estes actores têm cada um suas funções e


características.

1. Os actores escolares

Como afirmámos no parágrafo antecedente, na escola há actores


que interagem, com vista a que haja a “efectiva aprendizagem dos
alunos”. Quem são esses actores? Segundo LUCK (2009), são os
professores, os funcionários, comunidade e parceiros, os próprios
alunos e os gestores escolares. A partir das ideias de LUCK
(2009:21-22), passamos a sistematizar quem é cada um deles com
maior destaque para o DE.

a) Professor - é o profissional que actua directamente na formação


dos alunos. A partir de seu desempenho, que é baseado em
conhecimentos, habilidades e atitudes, sobretudo por seus
horizontes pessoais, profissionais e culturais, orienta de forma
competente os seus alunos, numa actuação aberta, com forte
liderança e perspectivas positivas orientadas para o sucesso.

b) Funcionários - são os colaboradores directos da construção do


ambiente educacional e na efectivação dos seus processos
educacionais. A qualidade da contribuição dos funcionários é
determinante para o trabalho educativo, dado que eles estão
presentes nos vários segmentos da escola. Um funcionário não
é um mero assalariado, ele é um dos fazedores do ambiente
educativo mas também, ele próprio, é um educador.

c) Gestores escolares - são os profissionais responsáveis pela


organização e orientação administrativa e pedagógica da escola,
da qual resulta a formação da cultura e ambiente escolar, que
devem ser mobilizadores e estimuladores do desenvolvimento
das aprendizagens e formação dos alunos. Na equipa de gestão
destaca-se o DE, responsável principal pelo direccionamento do
modo de ser e de fazer da escola e seus resultados. Fazem
34

também parte da equipa de gestão os directores adjuntos, os


coordenadores pedagógicos e os gestores administrativos.

d) Os alunos - constituem os protagonistas da finalidade da escola.


São a razão de ser da Escola. Estes contribuem com o seu saber
e constituem o centro da atenção por parte dos professores na
sua formação integral e desenvolvimento harmonioso das suas
capacidades diversas.

e) Pais, encarregados de educação e comunidade – são actores que


actuam dentro e fora da escola. A boa educação dos alunos
depende em grande medida da participação dos pais e
encarregados de educação e da comunidade na vida da escola.
Recordemo-nos, a educação e socialização primária ocorrem
em casa, numa certa comunidade que tem as suas características
culturais; assim, a participação destes actores, numa relação de
parceria com a escola, no processo educativo, mostra-se de
capital importância.

f) Parceiros - estes são todos stakeholders da escola. Na


elaboração dos PEE/PDE, deve-se dar espaço à participação
destes (podem ser antigos alunos, trabalhadores, professores da
escola, instituições do estado ou privadas que se encontrem ao
redor da escola ou aquelas com que a escola mantém acordos
de cooperação).

2. Funções do DE no âmbito do PEE/PDE

Acabamos de ver que na equipa de gestão da escola tem papel de


destaque o DE, que é o responsável principal pelo governo da
escola. A ele compete zelar pela realização dos objectivos
educacionais, pelo bom desempenho de todos os participantes da
comunidade escolar e alcance dos padrões de qualidade definidos
pelo sistema de ensino e legislação vigente.
Planificação de Educação 35

Para que a escola consiga realizar com sucesso as suas atribuições,


muitos desafios se colocam ao seu director. O DE deve, acima de
tudo, conseguir com que o ambiente escolar efectivamente leve ao
desenvolvimento de aprendizagens significativas, que possibilitem
o desenvolvimento dos alunos. Portanto, o foco principal da
actividade do DE deve ser o de os alunos terem sucesso na escola,
quer dizer que desenvolvam as saberes que era suposto
desenvolverem. Note bem, não estamos dizendo que “conseguir
com que o ambiente escolar efectivamente leve ao
desenvolvimento de aprendizagens significativas” signifique
necessariamente que o DE se concentre na sala de aulas, que ele vá
para a sala de aula. Ao DE , na verdade, cabe, agindo em toda a
estrutura da escola, criar este ambiente que propicie as
aprendizagens significativas dos alunos.

a) Competências do DE ao nível da planificação e organização


do trabalho escolar

Antes, comecemos por ver o que será uma competência. Segundo


LUCK (2009: 12) ela “constitui capacidade de executar uma acção
específica ou dar conta de uma responsabilidade específica em um
nível de execução suficiente para alcançar os efeitos pretendidos. A
competência envolve conhecimentos, habilidades e atitudes
referentes ao objecto”. No seu ponto de vista, a partir da sua
experiência ou como profissional de educação ou como utente das
escolas, quais seriam as competências de um DE?

Segundo o ponto de vista da autora que temos vindo a citar, para


um DE ser bem-sucedido, deve revelar várias competências, como,
por exemplo, de planificação e organização do trabalho escolar, de
monitoria e avaliação, de gestão de resultados educacionais, de
gestão democrática e participativa, de gestão de pessoas na escola,
entre outras.
36

Pelos nossos interesses didácticos, referir-nos-emos apenas à


competência de planificações e organização do trabalho escolar. O
DE, como já exposto, é o responsável máximo pela direcção que a
escola toma e para que ele saiba qual a direcção e como manter
essa mesma direcção, a escola deve ter boas práticas de
planificação. Sem plano, a acção dos actores escolares (professores,
funcionários, alunos e stakeholders) é descoordenada e a avaliação
das suas actividades mostra-se praticamente impossível.

Então, a questão que se coloca é: o que deve fazer o DE, no âmbito


da planificação e organização do trabalho escolar, para que a escola
tenha direcção e mantenha essa mesma direcção, por forma a
promover a coordenação e posterior avaliação das suas actividades?
Assim, o DE:

 Estabelece na escola a prática do planeamento como um


processo fundamental de gestão, organização e orientação
das acções em todas as áreas e segmentos escolares, de
modo a garantir a sua materialização e efectividade.

 Promove a construção da visão, missão e valores com os


participantes da comunidade escolar e a sua tradução em
planos específicos de acção, de modo a integrá-los na
organização e modo de fazer das diferentes áreas de
actuação da escola.

 Reforça e orienta a prática de planeamento em diversos


níveis e âmbitos de acção como instrumento de orientação
do trabalho quotidiano, de modo a dar-lhe unidade,
organização, integração e operacionalidade.

 Promove e lidera a elaboração participativa, do PEE/PDE e


o seu Projeto Político-Pedagógico, com base em estudo e
adequada compreensão sobre o sentido da educação, suas
finalidades, o papel da escola, diagnóstico objectivo da
Planificação de Educação 37

realidade social e das necessidades educacionais dos alunos


e as condições educacionais para atendê-las.

 Promove a realização sistemática de diagnóstico da


realidade escolar, avaliação institucional e compreensão dos
seus desafios e oportunidades, como subsídios para a
elaboração de planos de melhoria.

Uma análise a estas competências, sinalizam, tal como estudado


nas lições anteriores, que o processo de planificação deve ser
situacional, interactivo e dialogado. Noutros termos, o DE deverá
ser capaz de trazer para a dinâmica de planificação todos os actores
escolares, dado que cada um, com as suas características e funções,
é que fazem o ambiente escolar, e sem eles a escola não existe ou
pelo menos seria problemática. Mais ainda, o DE deverá conseguir
que a prática de planificação, que inclui os princípios de
reflexividade e flexibilidade, passe a fazer parte da cultura de
trabalho de todas as secções da escola.

Sumário
Nesta lição estudámos que a escola é uma agência social
especializada em providenciar educação à sociedade, sendo que
interagem uma pluralidade de actores que, de forma organizada,
trabalham para alcançar objectivos. No conjunto destes actores
destaca-se o DE, enquanto gestor cimeiro da escola, por
conseguinte aquele a quem cabe em última análise governar a
escola e que por isso deve possuir competências no campo do
planeamento e organização da escola, sob o risco de fracassar na
sua função de levar a escola a atingir os seus propósitos. Fazem
parte dessas competências estabelecer na escola a prática do
planeamento como um processo fundamental de gestão, promover
e liderar a elaboração participativa dos diversos planos que existam
38

na escola, promover a realização sistemática de diagnóstico da


realidade escolar, que deverão servir de ponto de partida para
futuras actividades de planeamento, entre outras.

Auto-avaliação
Para a sua autoavaliação, responda, preferencialmente em grupo, às
questões que se seguem:

Exercícios

1. Os alunos são a razão de ser da escola, logo, conhecer as suas


expectativas, necessidades, avaliação mostra-se fundamental
para que a escola logre encontrar a direcção que a faça atingir
os seus propósitos. Considera importante que os alunos e
famílias sejam também incluídos? Justifique a sua resposta.

2. Para que uma escola tenha direcção e consiga mantê-la, deve ter
boas práticas de planificação. Explique a afirmação, se possível
com exemplos.

3. Procure uma escola e analise as suas práticas de planificação.


Procure ver de que forma elas se relacionam com o
sucesso/insucesso dessa mesma escola.
Planificação de Educação 39

Comentários
Confronte as suas respostas com os comentários que lhe
apresentamos abaixo. Se, na sua resposta, você teve em
consideração estes aspectos é porque ela está correcta, mas se não
os teve, então, continue a estudar o módulo e a discutir com os seus
colegas.

1. A escola, sob liderança do DE, deve acima de tudo conseguir


com que o ambiente escolar leve ao desenvolvimento de
aprendizagens significativas, que possibilitem o
desenvolvimento dos alunos. O foco principal da actividade do
DE deve ser o dos alunos aprenderem, com qualidade. Assim, é
indispensável que as expectativas, anseios, preocupações,
avaliações, etc. dos alunos venham sempre ao de cima quando
na escola se realizem acções de planificação. Em relação às
famílias, a escola, como você aprendeu, é um subsistema de um
sistema maior, a sociedade. A escola educa os alunos para
depois os “devolver” à sociedade, logo, mostra-se essencial que
a escola tenha em conta os saberes que os alunos já trazem da
sociedade (socialização primária) e os saberes que a sociedade
espera que eles adquiram na escola, sob o risco dela
desenvolver um ensino irrelevante.
2. Ao elaborar um PEE/PDE, a escola define uma visão e os
respectivos planos operacionais, para a concretizarem. Assim, a
visão será a direcção da escola e vai mantê-la a partir de todo
exercício de implementação do plano. No entanto, importa
referir que a implementação do plano, ou seja, da visão ou
direcção embora deva ser rigorosa, não deve ser mecânica mas
crítica, quer dizer reflexiva e flexível, pelo que
aperfeiçoamentos, ajustes, poderão ser realizados, sempre que
necessários.

3. O professor e o tutor deverão enquadrar melhor a actividade,


em função da realidade objectiva.
40

Unidade n° 02
A Elaboração do Plano
Estratégico da Escola
Introdução
Caro estudante, bem-vindo à segunda unidade do seu módulo. Ele
constitui continuidade das lições da unidade anterior, mas com uma
diferença: enquanto na unidade precedente o foco foi para questões
conceptuais ou teóricas à volta da planificação da Educação, com
realce para a planificação estratégica, nesta unidade a preocupação
estará centrada na produção do plano estratégico da escola. Assim,
fora questões conceptuais, estudaremos o como elaborar o plano.

Esta unidade é composta por seis lições, cada uma delas com 45
minutos de estudo. As lições desta unidade abordam os seguintes
tópicos: as etapas de elaboração do plano estratégico da escola e a
elaboração do plano estratégico da escola, que observa duas
grandes componentes, a visão estratégica e o plano de suporte
estratégico.

Ao completar esta unidade, você será capaz de:


 Indicar as etapas a serem seguidas na elaboração do plano
estratégico da escola;
 Fazer o diagnóstico de uma escola, baseando-se na metodologia
Objectivos da unidade
do FOFA;
 Mostrar a relação ou interdependência entre os ciclos de
planificação;
 Indicar a estrutura geral de um plano estratégico da escola;
 Construir uma visão estratégica no contexto do plano
estratégico da escola e

 Elaborar um plano de suporte estratégico no contexto do plano


estratégico da escola.
Planificação de Educação 41

Lição no 01
Etapas de Elaboração do Plano
Estratégico da Escola: a Pré-
Planificação e o Diagnóstico
Introdução
Nesta lição vamos ver como a escola se deve organizar e quais os
passos que ela deve dar para elaborar o seu PEE/PDE.
Concretamente, vamos estudar as etapas iniciais, a primeira a pré-
planificação, em que a escola se prepara para o exercício de
planificação e o Diagnóstico fase em que ela se preocupa em saber
qual o ponto de situação em que a escola se encontra, nos seus
diversos domínios.

Com efeito, ao completar esta lição, você será capaz de:

 Indicar as etapas de elaboração do PEE/PDE, a serem seguidas


pela escola;

 Explicar como a escola se deve organizar para elaborar o seu


Objectivos da lição PEE/PDE e

 Fazer o diagnóstico de uma escola, a partir da metodologia do


FOFA

Como a escola se organiza para realizar a planificação e quais os


passos que ela deve dar para elaborar o seu PEE/PDE. As etapas de
planificação foram retiradas de NHAVOTO (2005).

ETAPA 01: A PRÉ-PLANIFICAÇÃO


A expressão “pré-planificação” certamente remete-o para uma certa
ideia. Qual seria? Esta etapa consiste na criação de pressuposto,
condições para a atividade de planificação. Nela se faz a construção
da equipa técnica que vai ser o núcleo duro da construção do PEE.
42

O DE é quem orienta directamente o processo da construção desta


equipa. Fazem parte desta equipa, logicamente, os membros da
direcção da escola, mas não são só eles, já que o que se pretende é
a construção participativa ou inclusiva do PEE/PDE, o que
significa que a direcção da escola não deve construir sozinha o
plano, mas devem estar envolvidos outros segmentos ou
sensibilidades.

Assim, poderão estar representados na equipa do PEE/PDE um ou


dois professores, de preferência os que conhecem bem a escola (por
exemplo os mais antigos) ou aqueles que, na sua formação,
aprenderam a fazer planificação estratégica. Igualmente deve estar
representado um ou dois funcionários da escola para além de um ou
dois pais encarregados de educação. Os elementos de “fora da
escola” devem participar? Claro que sim, não se deve vedar a
participação de elementos de “fora da escola” que mostrem
interesse em colaborar com a escola.

É importante realçar que os membros desta equipa não são os


únicos a lidar com o plano. A eles cabe conceber o PEE que depois,
será implementado por todos os actores da escola.A escola deverá
decidir sobre quantos elementos no global terá a equipa técnica
(não se aconselha uma equipa enorme) e os procedimentos para a
escolha dos seus integrantes, fora os membros da direcção da
escola, que são membros por inerência de funções. Será
coordenador da equipa o director da escola.

Construída a equipa, ainda no âmbito da pré-planificação, deve ser


reunida3 e estudadas matérias básicas sobre a planificação
estratégica, a legislação nacional (regulamentos e outras normas),
os planos do sector de educação aos mais diversos níveis (Plano

3
Dentro das possibilidades de espaço da escola, poderia haver uma sala ou
gabinete da equipa do PEE, onde seriam guardados todo este material, o que
permitiria o seu fácil acesso e manuseio no âmbito da construção do PEE.
Planificação de Educação 43

Estratégica de Educação, plano da Direcção Distrital, plano da


Direcção Provincial, etc.).

Finalmente no âmbito da pré-planificação a equipa deve reunir


informação estatística (dados pedagógicos) sobre o funcionamento
da escola dos últimos três a cinco anos, para além de todo outro
tipo de avaliação que tenha sido feita à escola, quer internamente
quer por qualquer entidade externa. Estatísticas mais gerais,
atinentes ao sistema educativo nacional podem eventualmente ser
necessárias.

ETAPA 02: O DIAGNÓSTICO


Uma vez a equipa cumprida a etapa anterior, quer dizer, a equipa
ou o núcleo duro do do PEE formada e estando operacional, ela
deve proceder a uma avaliação da escola no seu todo, noutros
termos, deve realizar o diagnóstico ou a análise situacional da
escola. Dissemos acima que a equipa técnica é somente núcleo
duro, ou seja é o grupo que faz o levantamento da informação e a
sua sistematização e, mais tarde, a redacção do plano. Mas não
trabalha sozinha.

Para efeitos do diagnóstico, a equipa deve recolher informações


junto de outros actores escolares, podendo observar os seguintes
passos: i. definir que informação é necessária; ii. definir a
metodologia da colecta dessa informação (reuniões, questionários,
entrevistas, etc.) e iii. sistematizar a informação recolhida.

Actualmente nas organizações, para se fazer o diagnóstico ou a


análise situacional usa-se a metodologia FOFA ou SWOT em
inglês, que significa: strengths, as forças ou pontos fortes,
weakness as fraquezas ou pontos fracos, opportunities,
oportunidades e theats, as ameaças. Na construção de PEE/PDE
esta metodologia é também comumente usada. Trata-se de um
instrumento de análise que permite diagnosticar a situação interna
44

da escola bem como o ambiente externo que a envolve, com o


objectivo de, inicialmente, identificar, nomeadamente:

Forças ou pontos fortes: São as capacidades, habilidades e


conhecimentos que a escola possui. Também é o que vem sendo
feito muito bem pela escola. Igualmente, as forças, ou pontos
fortes, podem ser vistas como as vantagens da escola em relação ao
alcance dos seus objectivos.

 Fraquezas ou pontos fracos: São as áreas em que a escola


possui menores capacidades e habilidades. É o que não vem
sendo bem feito pela escola. Igualmente, podem ser vistas
como as desvantagens da organização em relação ao
alcance dos seus objectivos.

 Oportunidades: São actos ou possibilidades que ocorrem


no meio exterior à escola, que podem ser de natureza
política, económica, social, tecnológica, legal, etc. que
existem na comunidade, na sociedade e no mundo em geral
e que podem ser aproveitados pela escola em seu beneficio.
A escola, não tem controlo sobre estas ocorrências, as
oportunidades. São aspectos positivos do ambiente com
potencial para trazer vantagens à organização.

 Ameaças: São actos ou tendências externas à escola que lhe


podem causar prejuízos, impedir ou perturbar o seu
desenvolvimento e/ou crescimento. Igualmente, são
aspectos que estão fora do controlo da organização.
Ameaças, noutros termos, são aspectos negativos do
ambiente que envolve a escola com potencial para
comprometer as vantagens que ela possui. No entanto, se
conhecidas a tempo, pode-se minimizar o seu impacto.

Identificadas as FOFA, no segundo passo do processo de


diagnóstico ou análise situacional, deve-se identificar o potencial
Planificação de Educação 45

(capacidade) interna a preservar ou ressaltar, as fraquezas a corrigir


ou eliminar, as oportunidades a aproveitar e ameaças a considerar
ou minimizar ou prevenir. Mas vejamos cada um dos elementos:

Feito o exercício anterior, segue-se o cruzamento ou análise


conjugadas entre o ambiente interno (forças e fraquezas) com o
ambiente externo (oportunidades e ameaças), do qual resultam as
potencialidades (capacidades) internas a preservar; as fraquezas
internas a eliminar ou reduzir; as oportunidades externas a
aproveitar e as ameaças externas a considerar ou prevenir. Você
certamente tem ligação com uma ou várias escolas, ou como
servidor ou como utente. Imagine uma escola que lhe é familiar e
procure descortinar as suas forças, fraquezas, oportunidades e
ameaças.

Em seguida, entretanto, num exercício hipotético, veja um exemplo


de aplicação da FOFA numa escola.

Forças ou pontos fortes Fraquezas ou pontos fracos

 A escola dispõe de Internet de boa  Os alunos não adquirem as


qualidade, que pode ser utilizada competências que deveriam adquirir
quer para a gestão quer para PEA
 A maior parte dos docentes tem
 Existência de alguns professores baixo nível académico e não tem
com muita experiência de trabalho formação psicopedagógica
Análise do
 
4
ambiente Existência do ADE Más práticas de planificação: não há
metas para ninguém e não se
 Existência de um corpo docente exigem resultados
interno
jovem, que pode progredir
da escola  A comunidade não participa na vida
 Existência da legislação que cria o da escola
Conselho da Escola
 Mau ambiente de trabalho,
caracterizado pela desconfiança e
intriga

4
Programa Apoio Directo às Escolas
46

Oportunidades Ameaças

 Existência de várias instituições de  Altos níveis de pobreza na sociedade


ensino superior que dão cursos de
formação de professores e técnicos  Altos níveis de infecção pelo

de educação; HIV/SIDA, levando ao surgimento de


muitas crianças órfãs
 Existência de várias instituições
Análise nacionais e estrangeiras, que  Baixo nível de desenvolvimento

poderiam dar apoio financeiro e cognitivo e relacional das crianças


do técnico, interessadas em que ingressam na escola

estabelecer parcerias com escolas


ambinte  Escola situada bastante distante das

 Existência de grande dinâmica ao zonas de residência dos alunos o


envolvente que se alia à falta de transporte
nível de desenvolvimento de
tecnologias educativas específicas
da escola  Não valorização da escolarização da
para o ensino primário
rapariga pela sociedade

 Novo quadro legal, que prevê uma


maior autonomia das escolas

Feita a análise e cruzamento das FOFA, a escola definiu:

Potencialidade (capacidades) internas a preservar ou tirar


máximo partido:

a) Os Conselhos da Escola
b) A existência de alguns professores com muita experiência
de trabalho
c) A existência de um corpo docente jovem, que pode
progredir

Fraquezas internas a eliminar ou reduzir:

a) Os alunos não adquirem as competências que deveriam


adquirir
b) O facto da maior parte dos docentes ter baixo nível
académico e não ter formação psicopedagógica
c) A comunidade não participar na vida da escola
Planificação de Educação 47

Oportunidades externas a aproveitar:

a) A existência de várias instituições de ensino superior que


dão cursos de formação de professores e técnicos de
educação;
b) A existência de várias instituições nacionais e estrangeiras
potencialmente parceiras e que, por isso, possam cooperar
(apoiar) com a escola
c) O novo quadro político legal, que prevê uma maior
autonomia das escolas

Ameaças externas a considerar ou prevenir:

a) Os altos níveis de pobreza na sociedade


b) Os altos níveis de infecção pelo HIV/SIDA
c) O baixo nível de desenvolvimento cognitivo e relacional
das crianças que ingressam na escola
d) A não valorização da escolarização da rapariga pela
sociedade

Sumário
Nesta lição estudamos a primeira e segunda etapa que a escola deve
observar para elaborar o seu PEE/PDE. Nesta perspectiva, vimos
que, primeiro, a escola deve fazer a pré-planificação, quer dizer
preparar-se para o exercício de planificação, construindo a equipa
que vai elaborar o plano, sendo que esta deve inicialmente estudar
documentos e dados que mais tarde serão importantes para a
própria elaboração do plano. A segunda etapa consiste no
diagnóstico situacional da escola, em que através do FOFA, se vai
procurar definir quais as potencialidade ou capacidades internas se
deve preservar ou tirar o máximo partido, quais as ameaças
48

externas a considerar ou prevenir, quais as oportunidades externas a


aproveitar e, finalmente, fraquezas internas a eliminar ou reduzir.

Auto-avaliação
Para a sua autoavaliação, responda, preferencialmente em grupo, às
questões que se seguem:

Exercícios 1. Procure uma instituição educativa, preferencialmente uma


escola do nível primário, e recolha informação sobre a
mesma que permita fazer um diagnóstico situacional,
usando a metodologia FOFA.

Comentários
Confronte as suas respostas com os comentários que lhe
apresentamos abaixo. Se, na sua resposta, você teve em
consideração estes aspectos é porque ela está correcta, mas se não
os teve, então, continue a estudar o módulo e a discutir com os seus
colegas.

1. O professor e o tutor deverão enquadrar melhor a


actividade, em função da realidade objectiva. No entanto, os
estudantes deverão chegar a indicar, a partir do FOFA,
potencialidades ou capacidades internas que se devem
preservar ou tirar o máximo partido, quais as ameaças
externas a considerar ou prevenir, quais as oportunidades
externas a aproveitar e, finalmente, fraquezas internas a
eliminar ou reduzir.
Planificação de Educação 49

Lição no 02
Etapas de Elaboração do Plano Estratégico
da Escola: Formulação, Elaboração e
Implementação e Replanificação do Plano
Introdução
Na lição anterior estudámos a primeira e segunda etapa com vista a
elaboração do PEE/PDE que a escola deve observar. Nesta aula
vamos dar seguimento às etapas. Neste sentido, feita a pré-
planificação, quer dizer, construída a equipa que vai elaborar o
plano, é feito o diagnóstico situacional da escola e seguem-se
outras etapas, nomeadamente a formulação do plano, elaboração do
plano, a implementação e execução do plano e, por fim, a
avaliação, revisão e replanificação (reformulação) do plano.

Ao completar esta lição, você será capaz de:

 Indicar as etapas de elaborar o seu PEE/PDE a serem seguidas


pela escola

Objectivos da lição  Referir-se ao papel da equipa técnica em todo o ciclo de


planificação

 Mostrar a relação ou interdependência entre os ciclos de


planificação

Na lição anterior estudámos a primeira e segunda etapa com vista à


elaboração do PEE/PDE que a escola deve observar. Nesta aula
vamos dar seguimento às etapas. Neste sentido, nesta perspectiva,
feita a pré-planificação, quer dizer, construída a equipa que vai
elaborar o plano e feito o diagnóstico situacional da escola, em que
através do FOFA ficamos a saber o ponto de situação da escola, no
que tange ao que que ela faz muito bem, aos seus fracassos e às
50

ameaças e oportunidades presentes no meio social onde ela se


insere, seguem-se outras etapas,Vejamos:

ETAPA 03: Formulação do plano


Nesta etapa, depois do diagnóstico e tendo em conta o que este
apurou, particularmente após a análise e cruzamento do FOFA, faz-
se a planificação propriamente dita. Mas porque é que se afirma
que se faz a planificação propriamente dita? Pelo facto ser neste o
momento em que se faz a reflexão e se tomam decisões sobre
como, da melhor forma possível, alcançar os objetivos. Esta é a
fase crucial do processo, nela a equipa técnica do PEE/PDE
constrói a visão estratégica e o plano de suporte estratégico. Nesta
fase, como seria de esperar, mostra-se imprescindível o recurso
àqueles conhecimentos básicos sobre a planificação estratégica. Por
isso, caso se mostre necessário, a escola ou o grupo técnico pode
demandar apoio técnico.5

ETAPA 04: Elaboração do plano

Formulado o plano, passa-se à sua elaboração. Pode ser que você se


esteja a interrogar se não se trata do mesmo. Não, trata-se de etapas
diferentes. É a etapa da escrita ou redacção do plano, já concebido
na fase anterior. E o plano, como discutimos nas lições anteriores, é
o documento no qual será plasmada toda a reflexão e decisões
tomadas na fase anterior.

Mas como deve ser um plano em termos de forma? Ele deve ser
breve e bastante compreensível. A sua estrutura deve ser lógica.

5
Por exemplo à Direcção distrital e/ou Provincial de Educação ou de outras
Instituições, como por exemplo instituições de ensino superior, institutos de
pesquisa educacional, etc.
Planificação de Educação 51

Este aspecto é muito importante dado que a Planificação


estratégica, diferente da tradicional, como também estudamos, é
feita para verdadeiramente orientar os actores escolares e não para
simplesmente legitimar acções. É fundamental que o plano esteja,
em termos de compreensibilidade, ao alcance de todos os actores
escolares, incluindo as famílias e comunidades.

Neste sentido, no gabinete do DE, na secretaria, na sala dos


professores, etc. deve estar um exemplar do PEE/PDE ou, ao
menos, os planos de acção concernentes ao sector. Mais ainda,
porque o PEE/PDE deve ser uma espécie de cartão-de-visita da
escola, ele deve estar disponível para os pais e encarregados de
educação e a todos aqueles que tiverem interesse em consultá-lo.

ETAPA 05: Implementação e execução do plano


O PEE/PDE, depois de aprovado6, passa à sua implementação. Esta
etapa confunde-se com a gestão e administração da escola. Os
gestores devem encontrar inspiração e orientação no PEE/PDE para
as suas decisões. Os colaboradores que não sejam gestores,
igualmente, devem encontrar no PEE/PDE uma orientação. Na
verdade, eles devem fazer os seus planos de actividades tendo
como referência o PEE/PDE, que é o plano hierarquicamente
superior da escola.

Há um aspecto a considerar nesta etapa. Não se trata de uma nova


discussão, mas sim de algo que foi tratado nas lições anteriores.
Um plano ou projeto educacional, por mais bem esboçado que seja,
não pode prever todas as condições e situações passíveis de
acontecer no ambiente escolar, por isso, nesta fase deve-se estar
aberto a iniciativas que levem a ajustes, como forma de se fazer
face a estas situações não previstas e emergentes.
52

Por conseguinte, exige-se dos implementadores o respeito pelos


princípios da reflexividade e flexibilidade, o que vale dizer que se
espera deles uma postura maleável e compreensiva em relação aos
fenômenos e circunstâncias inerentes à dinâmica social e não a
compressão do plano como “camisa-de-forças”, ou seja, pretender-
se que ele seja implementado independentemente do que sucede na
dinâmica organizacional, nas suas diferentes vertentes. Este tipo de
plano enquadra-se no planeamento tradicional, que se caracteriza
por ser burocrático, normativo, fechado, etc.

Possivelmente você deve estar-se interrogando sobre a tarefa do


planificador (os membros da equipa técnica do PEE): será que ele
some, desaparece porque a sua tarefa chegou ao fim? A resposta é
negativa. A sua tarefa não cessa quando o plano é aprovado e passa
à implementação. A membros da equipa técnica, nesta etapa, cabe
divulgar, explicar o seu conteúdo e acompanhar, monitorar e
mesmo apoiar a implementação do plano, segundo mecanismos já
nele previstos.

ETAPA 06: Avaliação, revisão e replanificação


(reformulação) do plano

A avaliação (os seus mecanismos) também devem estar definidos


no PEE/PDE. Ela ocorre em certos períodos determinados nos
planos de acção (bimestral, semestral, etc.). Ela consiste em aferir o
grau de implementação do plano. Consiste no controlo, quer para
detectar desvios de implementação quer para concluir se as razões
que determinaram certas decisões, no acto da formulação do plano,
se mantêm válidas ou não. São portanto fins da avaliação encontrar

6
Em geral a lesgislação que rege o funcionamento das escola sindica a quem
cabe aprovar.
Planificação de Educação 53

aspectos não consistentes no plano (metas irrealistas, cálculo errado


de recursos, faseamento inadequado, etc).

Um bom método para fazer o balanço consiste na resposta às


seguintes questões: O que foi feito correctamente? E o que é que
não foi? O que aprendemos neste exercício da concessão e
implementação do PEE? O que deve ser melhorado? A esta fase
também se designa de replanificação porque o PEE/PDE é
dinâmico e não rígido, ele pode ser ajustado em função dos
acontecimentos. Mais ainda, as ilações e ajustamentos que se
fazem, vão mais tarde alimentar a elaboração do PEE/PDE do ciclo
seguinte7. Na verdade, esta etapa deve ser ao mesmo tempo vista
como o fim mas também o início dos ciclos ou etapas de
planificação.

7
Os PDE/PDE em geral são planos de médio e/ou longo prazo, quer dizer de
tres ou cinco anos.
54

Suamário
Nesta lição discutimos o processo de elaboração do PEE, com
realce para as suas três últimas etapas. Depois de termos estudados
que, primeiro, que era preciso preparar a equipa e as condições para
o trabalho e em segundo fazer o diagnóstico da escola, passa-se à
elaboração do plano propriamente dita, fase crucial do processo em
que a equipa técnica do PEE/PDE constrói a visão estratégica, o
plano de suporte estratégico e os planos operacionais. Advém, a
seguir, a etapa da implementação, em que os gestores escolares
ganham proeminência, dados que eles, por excelência
implementam e coordenam a implementação e, por fim, abordamos
a etapa da avaliação e a replanificação, em que se afere o grau de
implementação do plano. Nesta fase de controlo, procura-se
detectar os aspectos não consistentes no plano, como metas
irrealistas, cálculos errados de recursos, faseamento inadequado,
etc. o que não só serve para fazer ajustes ao plano em
implementação, como também para alimentar o ciclo seguinte do
planeamento.

Auto-avaliação

Para a sua autoavaliação, responda, preferencialmente em grupo, às


questões que se seguem:

Exercícios 1. Explique o papel que cabe aos membros da equipa técnica, na


fase da implementação do plano

2. A última etapa, pode ser vista como a primeira parte da


primeira etapa do ciclo seguinte. Explique a afirmação.
Planificação de Educação 55

Comentários

Confronte as suas respostas com os comentários que lhe


apresentamos abaixo. Se na sua resposta você teve em consideração
estes aspectos é porque ela está correcta, mas se não os teve, então,
continue a estudar o módulo e a discutir com os seus colegas.

1. O plano é um documento para dar direcção a todos os


esforços realizados na escola, logo, a sua compreensão
mostra-se fundamental por parte de todos os actores
escolares, sob o risco do plano não alcançar a sua função.
Porque os planos se revestem de alguma complexidade
técnica (por exemplo, possuir termos desconhecidos,
possuir uma estruturação não comum a muitos documentos,
trazer alguns cálculos eventualmente difíceis de perceber
imediatamente, etc.) aos membros da equipa técnica do
PEE, cabe divulgar, explicar o seu conteúdo e acompanhar,
monitorar e também apoiar a implementação do plano.
2. A última etapa, designada Avaliação, revisão e
replanificação (reformulação) do plano tem em vista o
controlo ou monitoria da implementação do plano, processo
em que se procura detectar os aspectos não consistentes no
plano, como metas irrealistas, cálculos errados de recursos,
faseamento inadequado, etc. Detectados estes aspetos, ou
servirão para fazer ajustes ao plano em implementação ou
para servir de subsídio no ciclo seguinte de planeamento.
56

Lição no 03
A Elaboração do Plano Estratégico
da Escola: Valores, Visão e Missão
Introdução
A partir desta lição vamos iniciar a aprendizagem da elaboração do
PEE/PDE. Assim, fora questões conceptuais, teremos uma
perspectiva mais prática, para que você aprenda efectivamente a
elaborar um PEE/PDE. Segundo o MEC (2006), o PEE/PDE está
estruturado em duas partes: a visão estratégica e o plano de suporte
estratégico. Nesta aula vamos iniciar a abordagem da visão
estratégica, em que a escola elabora os seus valores, a sua visão de
futuro e a sua missão.

Ao completar esta lição, você será capaz de:

 Indicar a estrutura geral de um PEE/PDE;

 Definir os valores, a visão de futuro e missão de um PEE/PDE;


Objectivos da lição
 Explicar a importância dos valores, da visão de futuro e da
missão de um PEE/PDE e

 Elaborar valores, visão de futuro e missão num PEE/PDE

O PEE/PDE, segundo o MEC (2006:24) está estruturado em 2


partes: a visão estratégica e o plano de suporte estratégico. Nesta
aula vamos iniciar a abordagem da visão estratégica, em que a
escola identifica os valores que defende; a sua visão de futuro ou o
perfil de sucesso que deseja alcançar no futuro; a sua missão, que
constitui a sua razão de ser; e seus objectivos estratégicos, isto é, os
grandes alvos a serem alcançados num período de dois a cinco
anos. Estes últimos serão abordados na lição que se segue. Então,
vejamos com certo detalhe, baseados na obra citada, em que
consiste cada um destes elementos.
Planificação de Educação 57

I. Valores

Os valores definem-se como as convicções, as crenças, que a


maioria dos actores escolares têm e que vão fazer-se sentir em
todas as actividades e relações entre eles. Noutros termos, valores
são os princípios éticos que guiam as acções dos actores escolares,
desde o topo à base, quer dizer, do director da escola até ao
colaborador do mais baixo escalão da escola.

Os valores, sendo uma fonte de orientação e inspiração dos actores,


têm a função de contribuir para a coerência e unidade da escola.
Como você já deve ter percebido, para que os valores
desempenhem esta função de trazer a unidade na acção na escola,
eles devem ser vivenciados, o que por sua vez requer que eles
sejam aceites e interiorizados por todos, o que sucede se o processo
de planeamento é interactivo, participativo. Se não for assim, os
valores não passarão de palavras bonitas que servem para “inglês
ver”

a) Como elaborar valores?

Os valores, como vimos, definem os comportamentos e atitudes


dos actores. Assim, uma boa forma de elaborá-los é respondendo à
algumas perguntas, entre as quais: como os funcionários se devem
comportar perante os utentes da escola? Como eles se devem
relacionar entre si? Que responsabilidades a escola tem para com a
comunidade e/ou sociedade?

Em geral, numa escola não se defende um só valor, mas vários e na


sua redacção é importante identificar uma ou duas palavras-chave
que o definam e em seguida defini-lo. Vejamos alguns exemplos de
dois valores:
58

 Exemplo 01: Respeito pela pessoa humana: respeitamos a


dignidade e os direitos de todas as pessoas, quer sejam
alunos, funcionários ou utentes da escola.

 Exemplo 02: Excelência: Valorizamos os nossos utentes


oferecendo serviços educativos de qualidade.

II. Visão do futuro

A visão do futuro revela o que a organização pretende ser no


futuro. Ela incorpora a ambição da organização, isto é onde ela
quer chegar. A visão, por ser o que se pretende ser no futuro, dá
forma e direcção à escola. A visão assume particular importância
no PEE/PDE, na medida em que identifica as aspirações da escola,
fazendo com que haja um ambiente de envolvimento e
comprometimento dos actores organizacionais, noutros termos, a
visão une e impulsiona os actores.

a) Como elaborar a visão?

A visão é normalmente redigida num único parágrafo e deve


esclarecer a qualquer pessoa (quer aos actores escolares quer aos
seus utentes e à sociedade em geral) o que a escola pretende vir a
ser. Ela deve ser redigida de forma clara, objectiva, positiva
(optimista e não conter dúvida) e inspiradora. Em geral, ela
apresenta-se com um verbo no futuro e não deve ser
demasiadamente genérica, mas possuir identidade própria.

 Exemplo 01: Pretendemos tornar-nos numa escola


reconhecida pela alta qualidade de serviços educativos que
prestamos à comunidade.

 Exemplo 02: Queremos ser uma escola de referência na


cidade pela qualidade do ensino que ministra, pela forma
Planificação de Educação 59

como acompanhamos nossos alunos e pela competência


profissional dos nossos professores.

III. Missão

Missão é a declaração sobre o que a escola é, sobre a sua razão de


ser, seus utentes e os serviços que presta. Missão define não só o
que a escola presentemente é como também o seu propósito e a
forma como pretende actuar quotidianamente.

Você provavelmente deve estar a interrogar-se sobre a diferença


entre a missão e a visão de futuro. O que as difere é que a visão
aponta para o que a organização pretende vir a ser no futuro
enquanto a missão enfoca o presente, o que a escola é, o que a
escola faz. Assim, a definição da missão deve ter como ponto de
partida fundamental, e, factor mais importante, as necessidades
presentes dos utentes da escola e da sociedade em geral. Há uma
relação hierárquica entre ambas. A missão, dir-se-ia, subordina-se à
visão, ela existe para objectivar aquela.

a) Como elaborar a missão?

Tal como a visão, a missão deve ser clara, sucinta e objectiva.


Também não deve ser demasiadamente genérica para prestar-se a
qualquer ou viárias escolas, o que não quer dizer ela deva ser muito
específica, o que poderia fazer com que facilmente perdesse
actualidade.

A cada escola corresponde uma única missão. Uma boa forma de


redigir uma missão é formulá-la iniciando por Nossa missão é... ou
então Nossa escola (indicá-la) tem por missão...
60

Nossa missão é contribuir para a formação de crianças com


habilidades e capacidades relacionais e cognitivas, fazendo-as,
assim, preparadas para obterem excelente desempenho na sua vida
Exemplo 1
escolar.

A EPC 10 de Outubro tem por missão oferecer um ensino de


qualidade, garantindo a participação activa e efectiva da
comunidade escolar, contribuindo para a formação integral dos
Exemplo 2
alunos, para que eles se possam integrar facilmente na comunidade.

Resumo
Nesta aula iniciámos a abordagem da visão estratégica, parte
iniciam do PEE/PDE em que a escola identifica os valores que
defende; a sua visão de futuro ou o perfil de sucesso que deseja
alcançar no futuro; a sua missão, que constitui a sua razão de ser; e
seus objectivos estratégicos. Para cada um destes elementos foi
explicado como eles são elaborados e foram dados alguns
exemplos.
Planificação de Educação 61

Auto-avaliação
Para a sua autoavaliação, responda, preferencialmente em grupo, às
questões que se seguem:

Exercícios 1. Explique, por palavras próprias, em que consiste, a


importância e dê quatro exemplos de valores que uma
escola pode defender no seu PEE/PDE

2. Explique, por palavras próprias, em que consiste, a


importância e dê dois exemplos de visão de futuro que uma
escola pode ter no seu PEE/PDE

3. Explique, por palavras próprias, em que consiste, a


importância e dê dois exemplos de missão a que uma escola
se pode propor no contexto do seu PEE/PDE.

Observação: articule os valores, a visão e a missão. Dito de outro


modo, você vai trabalhar com duas escolas diferentes e para cada
uma elaborará os valores, a visão e a missão.

Comentários
Confronte as suas respostas com os comentários que lhe
apresentamos abaixo. Se na sua resposta você teve em consideração
estes aspectos é porque ela está correcta, mas se não os teve, então,
continue a estudar o módulo e a discutir com os seus colegas.

1. Resposta livre, contudo, o estudante deverá inspirar-se nos


conceitos e exemplos constantes da lição.
62

Lição no 04
A Elaboração do Plano Estratégico da
Escola: Os Objectivos Estratégicos
Introdução
Na lição passada aprendemos que o PEE/PDE está estruturado em
três partes: a visão estratégica, o plano de suporte estratégico e os
planos operacionais e iniciámos a abordagem da visão estratégica,
tendo faltado o estudo dos objectivos estratégicos, que serão
estudados nesta lição.

Assim, ao completar esta lição, você será capaz de:

 Definir objectivos estratégicos de um PEE/PDE;

 Explicar a importância dos objectivos estratégicos de um


Objectivos da lição PEE/PDE e

 Elaborar objectivos estratégicos num PEE/PDE

Objectivos estratégicos são os alvos a serem perseguidos pela


escola. Também podem ser vistos como situação que a escola
pretende atingir num determinado período de tempo. Os objectivos
estratégicos, diferentes da visão, que também se referem ao que se
pretende atingir no futuro, referem-se a poucas áreas (normalmente
três ou quatro) em que a escola se vai concentrar ou direccionar os
seus esforços, para atingir um desempenho de excelência. Como
esperamos estarem a perceber, eles são as prioridades que
merecerão enfoque da escola.

Os objectivos estratégicos também podem ser definidos como


linhas através das quais se pretende que a escola caminhe para,
cada vez mais, se ir aproximando da missão que assumiu e, desta
forma, concretizar a sua visão. Eles são designados por
Planificação de Educação 63

estratégicos, não só porque são importantes dado seu grande efeito


reprodutor (provocarem um impacto positivo maior) mas também
porque envolvem toda a organização e devem reflectir o seu
relacionamento com o ambiente que a rodeia. Portanto, os
objectivos estratégicos funcionam como parâmetro para a actuação
da escola e dão a garantia de que o andamento da escola não terá
turbulências e não estará sujeito a alterações, mas que haverá
segurança, disciplina, ordem, etc.

Vejamos algumas características dos objectivos estratégicos: são


consistentes, são mensuráveis (podem ser medidos); são
calendarizáveis (a partir deles é possível escalonar acções a serem
realizadas numa sequência temporal) e, finalmente, são
desafiadores mas realísticos ou alcançáveis.

O PEE/PDE não termina na elaboração dos objectivos estratégicos.


Ele objectiva, em última analise, levar a organização a agir numa
determinada direcção. Assim, para que eles levem às acções, eles
devem ser operacionalizados, o que quer dizer que eles devem ser
acompanhados de estratégias, metas, indicadores e resultados
esperados. Mas isso será abordado nas lições seguintes.

a) Como elaborar e redigir objectivos estratégicos?

Os objectivos estratégicos devem ser claros e concretos, passíveis


de serem expressos em acções. Eles devem ser redigidos com um
verbo de acção no modo infinitivo, ex: expandir, elevar, fortalecer,
etc. Com vista a tornar claro o seu alcance no tempo, a sua
formulação deve ser complementada por uma explicação (1
parágrafo) sobre a sua essência ou razão de ser.
64

Objectivo estratégico 01: Elevar a participação dos pais e


encarregados de educação na vida da escola.
Exemplo 1
Um dos maiores constrangimentos na nossa escola prende-se com a
ausência dos pais e/ou encarregados de educação, quer nos
processos de decisão nas diversas áreas da escola quer no
acompanhamento da vida escolar dos seus educandos. Este quadro
relaciona-se com o facto de os pais não estarem convenientemente
informados sobre o seu papel na escola e também ao facto de,
devido às difíceis condições de vida, eles estarem bastante
ocupados em actividades de geração de rendimento para
sustentarem as suas famílias. Assim, propomo-nos realizar todo um
esforço com vista a elevar os níveis de participação dos pais e/ou
encarregados de educação, o que trará enormes benefícios à escola,
particularmente na melhoria da qualidade e relevância do nosso
ensino.

Objectivo estratégico 02: Aumentar a competência profissional dos


professores
Exemplo 2
Os professores são actores fundamentais para a excelência do
ensino. Na nossa escola a grande maioria dos docentes apresenta
“baixos” níveis de desempenho profissional e, como consequência,
não leva os alunos a uma aprendizagem significativa. Este baixo
desempenho profissional dos professores está relacionado por um
lado com as suas baixas qualificações académicas e, por outro, com
o facto de grande parte deles não possuir formação
psicopedagógica. Neste sentido, propomo-nos elevar a competência
profissional dos professores, através da aposta na sua formação.
Planificação de Educação 65

Sumário

Aprendemos que os objectivos estratégicos são os alvos a serem


perseguidos pela escola ou por outra o estágio que a escola
pretende atingir num determinado período de tempo, sendo por isso
prioridades que merecerão o seu enfoque. Eles devem ser claros e
concretos, passíveis de serem expressos em acções, consistentes,
mensuráveis, são calendarizáveis e, também desafiadores mas
realísticos ou alcançáveis.

Auto-avaliação

Para a sua autoavaliação, responda, preferencialmente em grupo, às


questões que se seguem:

Exercícios 1. Explique, por palavras próprias, em que consiste, a


importância, as características e dê dois exemplos de
objectivos estratégicos a que uma escola se pode propor no
contexto do seu PEE/PDE.

PS: articule esta actividade com a da lição anterior.

Comentários

Confronte as suas respostas com os comentários que lhe


apresentamos abaixo. Se na sua resposta você teve em consideração
estes aspectos é porque ela está correcta, mas se não os teve, então,
continue a estudar o módulo e a discutir com os seus colegas.

1. Resposta livre, contudo, o estudante deverá inspirar-se nos


conceitos e exemplos constantes da lição.
66

Lição no 05
A Elaboração do Plano Estratégico da
Escola: As Estratégias e Metas
Introdução
O PEE/PDE, como o afirmamos antes, não é um documento em
que simplesmente se escreve um conjunto de reflexões. Quer dizer,
ele não termina na formulação de valores, visão, missão e
objectivos estratégicos, mas procura igualmente indicar os
procedimentos ou acções a serem realizadas exactamente para
materializar a reflexão feita. Nesta lição iniciaremos a abordagem
do plano de suporte estratégico, a segunda parte de um PEE/PDE
que, a partir dos objectivos estratégicos, indica o conjunto de
estratégias, metas e planos de acção que visarão transformar a visão
estratégica em realidade.

Ao completar esta lição, você será capaz de:

 Mostrar a relação entre a visão estratégica e o plano de suporte


estratégico;

 Indicar os elementos do plano de suporte estratégico;


Objectivos da lição
 Elaborar estratégias, no âmbito do plano de suporte estratégico e

 Elaborar metas, no âmbito do plano de suporte estratégico.

O PEE/PDE, como o afirmamos antes, não se resume a um mero


exercício de reflexão. Ele não termina na formulação de valores,
visão, missão e objectivos estratégicos. Ele vai mais longe, indica
os procedimentos ou acções a realizar com vista a materializar os
aspectos constantes da visão estratégica. Assim, consta do
PEE/PDE o plano de suporte estratégico que, tendo como base os
objectivos estratégicos, indica o conjunto de estratégias, metas e
planos de acção que transformarão a visão estratégica em realidade.
Planificação de Educação 67

Vejamos cada um dos aspectos que comportam o plano de suporte


estratégico:

I. Estratégias

O que é que deve ser feito para o alcance dos objectivos


estratégicos? Ou, então, como chegaremos aonde queremos chegar
(objectivos estratégicos)? A resposta a estas é a estratégia. Neste
sentido, elas são os caminhos que serão seguidos para o alcance dos
objectivos estratégicos.

a) Como elaborar ou redigir estratégias?

O enunciado das estratégias deve ser simples, conciso e objectivo,


começando com verbos no infinitivo. Nas estratégias, tenha atenção
a isso, não quantificamos, simplesmente apontamos acções.

II. Metas

As metas descrevem os resultados que devem ser atingidos, ou seja,


indicam as acções específicas quantificadas a realizar, para que os
objectivos estratégicos sejam alcançados. A partir daqui vemos que
elas devem estar em coerência com uma estratégia, que, por sua
vez, o está com um objectivo estratégico. Para cada estratégia, pode
haver mais de uma meta e todas elas representam um conjunto
articulado de resultados, cujo fim é alcançar uma situação
estratégica desejada, definida nos objectivos estratégicos.

a) Como elaborar ou redigir metas?

As metas têm um carácter operacional (devem poder levar à


elaboração de um plano de acção) e respondem à pergunta: o que
deve ser feito, em curto prazo, para o alcance de um objectivo
estratégico? A meta tem um conteúdo quantitativo e mensurável e
deve ser anunciada evidenciando claramente o resultado que se
espera alcançar. Dito de outra forma, ela deve salientar o que a
68

escola espera obter após a implementação das acções. Veja em


seguida um exemplo de uma matriz de objectivos estratégicos,
estratégia e meta.

Objectivo estratégico Estratégia Meta

1. Aumentar a 1.1 Atribuir bolsas de estudo para 1.1.1 Atribuir bolsas de estudo a 70%

competência os docentes elevarem a sua dos professores com nível de N5 e a

profissional dos formação académico-pedagógica 100% aos que não possuem formação

professores em instituições vocacionadas. psicopedagógica.

1.2 Reforçar a supervisão 1.2.1 Todos os professores da escola


pedagógica interna. devem ser supervisionados pelo menos
uma vez por trimestre.

1.3 Estimular o intercâmbio 1.3.1 Garantir que todos os professores


profissional dos professores na da escola participem em 80% das
escola e na Zip. actividades programadas da zip.

1.4 Equipar a biblioteca da escola 1.4.1 Equipar a biblioteca com pelo


com obras de didáctica e/ou menos 1(uma) obra de didáctica e
metodologias de ensino metodologias de ensino específicas de
específicas. cada área do ensino básico.

Sumário

Nesta lição aprendemos que O PEE/PDE, não se resume a um mero


exercício de reflexão. Com efeito ele não termina na formulação de
valores, visão, missão e objectivos estratégicos mas igualmente
indica os procedimentos ou acções a realizar, com vista a
materializar os aspectos constantes da visão estratégica. Assim,
consta do PEE/PDE o plano de suporte estratégico que, a partir dos
objectivos estratégicos, indica o conjunto de estratégias e metas que
transformarão a visão estratégica em realidade.
Planificação de Educação 69

Auto-avaliação

Para a sua autoavaliação, responda, preferencialmente em grupo, às


questões que se seguem:

1. Explique, por palavras próprias, em que consiste a


Exercícios
estratégia e indique algumas das suas características.
2. Explique, por palavras próprias, em que consiste a meta e
indique algumas das suas características.
3. Faça uma matriz em que, a partir de um dos objetivos
estratégicos que você formulou na lição anterior, indique
estratégias e metas.

Comentários
Confronte as suas respostas com os comentários que lhe
apresentamos abaixo. Se na sua resposta você teve em consideração
estes aspectos é porque ela está correcta, mas se não os teve, então,
continue a estudar o módulo e a discutir com os seus colegas.

1. São os caminhos, as acções, as vias que serão seguidos para


o alcance dos objectivos estratégicos. Caracterizam-se por
serem simples, concisos e objectivos e não quantificadas.

2. Descrevem os resultados a ser atingidos, noutros termos,


representam um conjunto articulado de resultados, cujo fim
é alcançar uma situação estratégica desejada, definida nos
objectivos estratégicos. Salientam o que a escola espera
obter após a implementação das acções ou estratégias.

3. Resposta livre, contudo, o estudante deverá inspirar-se nos


conceitos e exemplos constantes da lição.
70

Lição no 06

A Elaboração do Plano Estratégico


da Escola: O Plano de Acção
Introdução
Na aula passada iniciámos a abordagem do plano de suporte
estratégico e estudámos as estratégias e as metas. Nesta lição
vamos finalizar o plano de suporte estratégico, estudando a parte
em falta: os planos de acção, que visam transformar a visão
estratégica em realidade.

Ao completar esta lição, você será capaz de:

 Definir um plano de acção no contexto de um PEE/PDE

 Elaborar um plano de acção no contexto de um PEE/PDE


Objectivos da lição

O plano de acção é o desdobramento das metas em acções. A cada


meta corresponde um plano de acção. Assim, se num dado
objectivo estratégico houver duas metas, dois planos de acção,
deverão ser elaborados, sendo um para cada meta. Pode ser que
você já se tenha interrogado, “ o que compõe o plano de acção?”.
Faz parte dele as acções, e, para cada uma delas indica-se: o
período de realização, o responsável, o resultado esperado, o
indicador e uma estimativa de seu custo e finalmente a fonte de
financiamento.

a) Como elaborar um plano de acção?

As acções do plano de acção devem ter um encadeamento lógico.


Assim, deve-se perguntar: o que devemos fazer em primeiro lugar
para que tal meta seja atingida? E em segundo lugar? E em terceiro
lugar? E assim por diante. No plano de acção aconselha-se que
Planificação de Educação 71

sejam colocadas apenas as acções consideradas críticas8 para o


alcance das metas. Terminado o plano de acção, ele deve ser
implementado, monitorado e avaliado.

Exemplo de um plano de acção

Nome da escola: Escola Primária completa 10 de Outubro


Exemplo
Objectivo estratégico: 1. Aumentar a competência profissional
dos professores

Estratégia: 1.2 reforçar a supervisão pedagógica interna

Meta: 1.2.1.todos os professores da escola devem ser


supervisionados pelo menos uma vez por trimestre

Indicador9 da meta: todos os docentes, pelo menos uma vez por


trimestre, tiveram aulas assistidas por um supervisor ou vários
supervisores

Revisão10: trimestral

8
Uma acção é considerada crítica para uma meta quando ela é indispensável
para o alcance dessa meta e quando tem que ser realizada num dado momento, e,
só nesse momento, sem o que o cumprimento da meta ficaria inviabilizado.

9
Refere-se à medida utilizada para verificar o cumprimento, pode ser uma
percentagem, um número absoluto.

10
Refere-se à periodicidade da verificação da realização do previsto, enquadra-
se no âmbito da monitoria ou acompanhamento ao planificado.
72

11 12 15
Acção Período Respon- Resultado Indicador Custo Fonte de
13 14 16
sável esperado financiam
inic fim

formar a 01/2 15/02 DE formada equipa equipa de


equipa de de supervisores supervisores
supervisores da escola
da escola

elaborar 15/02 20/2 supervisor elaborado plano plano de


plano de chefe de supervisão supervisão da
supervisão da escola escola

supervisionar 01/03 30/07 supervisor realizada n° de


às aulas chefe e assistência às professores
outros aulas cujas aulas
supervisores foram assistidas
1 vez/trimestre

produzir 30/07 10/10 supervisor produzido relatório dos


relatório dos chefe e relatório dos supervisores
supervisores outros supervisores
supervisores

divulgar as 10/10 20/10 director divulgadas as n° de


recomendaçõ pedago. e recomendações professores que
es do supervisor do relatório dos conhece as
relatório dos chefe supervisores recomendações
supervisores do relatório dos
supervisores

11
São as acções críticas. Elas devem ser realizadas para o alcance da meta.
Devem ser enunciadas com verbos no infinitivo e ser quantitativa (indicar
quantidade).

12
Refere-se à data de início e de fim das actividades para o alcance da meta.

13
É a pessoa que responde pelo sucesso da acção. Deve-se indicar o seu nome.
Atenção, ele não é necessariamente o executor directo da acção (embora também
o possa ser).

14
É a informação do que se espera com a acção. Ela deve ser enunciada com
verbos no particípio passado e ter um conteúdo quantitativo.

15
Refere-se ao quanto custa realizar a acção.

16
Indica de onde virão os fundos, se do orçamento da escola, se do ADE, dos
fundos gerados na escola, de um doador, etc.
Planificação de Educação 73

Sumário

Nesta lição estudámos que o plano de acção era o desdobramento


das metas em acções e que por isso, a cada meta, correspondia um
plano de acção. Para cada acção, deve-se indicar, num plano de
acção, o período de realização, o responsável, o resultado esperado,
o indicador e uma estimativa de seu custo e, finalmente, a fonte de
financiamento.

Auto-avaliação

Para a sua autoavaliação, responda, preferencialmente em grupo, às


questões que se seguem:

Exercícios 1. No exercício da aula passada, você formulou estratégias e


metas. Faça dois planos de acção para duas metas diferentes,
de estratégias diferentes.

Comentários

Confronte as suas respostas com os comentários que lhe


apresentamos abaixo. Se na sua resposta você teve em consideração
estes aspectos é porque ela está correcta, mas se não os teve, então,
continue a estudar o módulo e a discutir com os seus colegas.

1. Resposta livre, contudo, o estudante deverá inspirar-se nos


conceitos e exemplos constantes desta e de lições anteriores.
74

Bibliografia
- BAFFI, Maria Adelia Teixeira. “O planejamento em educação: revisando
conceitos para mudar concepções e práticas”. In.: BELLO, José Luiz de
Paiva. Pedagogia em Foco, Petrópolis, 2002. Disponível em:
<http://www.pedagogiaemfoco.pro.br/fundam02.htm>. Acesso em 01 de
Julho de 2010

- INA. Manual de Técnicas de Planeamento, Curso de Formação de


Formadores. Programa Pir PALOP II, Projecto Consolidação das
Capacidades da Administração Pública

- LÜCK, Heloísa. Dimensões da Gestão Escolar e Suas


Competências. Curitiba: Editora Positivo, 2009

- MEC. Como elaborar o Plano de Desenvolvimento da Escola;


aumentando o desempenho da escola por meio do planejamento eficaz.
3 ed. Brasília: FUNDESCOLA/ DIPRO/FNDE/ 2006.

- NHAVOTO, Arnaldo. Modulo 1. Planificação. Maputo, UP: 1999 (não


publicado)

- PERFEITO Cátia D. F. Planejamento Estratégico como Instrumento de


Gestão Escolar. Educ. Bras., Brasília, v. 29, nos. 58 e 59, p. 49-61,
jan./dez. 2007

- SILVA, Marta. Planejamento Escolar na Perspectiva Democrática.


Disponível em
http://www.ufpe.br/ceadmoodle/file.php/1/coord_ped/sala_3/arquivos/Plane
jamento_Escolar_na_perspectiva_democratica.pdf, acesso em 01 de
Outubro de 2013

- TEIXEIRA Gilberto, “Planejamento Educacional e Planejamento do


Ensino”, Disponivel em
http://www.ebah.com.br/content/ABAAABRNAAF/didatica-planejamento-
educacional-planejamento-ensino. Acesso em 25 de Fevereiro de 2013

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