Você está na página 1de 27

Malisa Quietho Manuel

Licenciatura em Administração e Gestão da Educação

Implicações pedagógicas da progressão automática, dos alunos do 3º Ciclo (6ª a 7ª classe),


da Escola Primaria do 1º e 2º Grau de Macucune (2016-2018)

Universidade Unilicungo

Guruè, Novemvro de 2019


2

Malisa Quietho Manuel

Licenciatura em Administração e Gestão da Educação

Implicações pedagógicas da progressão automática, dos alunos do 3º Ciclo (6ª a 7ª


classe), da Escola Primaria do 1º e 2º Grau de Macucune (2016-2018).

Projecto de Pesquisa submetido ao Centro


de Ensino à Distancia de Guruè,
Departamento de Ciências de Educação e
Psicologia, como requisito parcial para
elaboração de Monografia, no Curso de
Administração e Gestão de Educação.

Orientado por: Dr. Nelson Patia

Universidade Unilicungo

Guruè, Novemvro de 2019


3

Índice
Capitulo I: Introdução............................................................................................................................4

Introdução..............................................................................................................................................4

1.2. Tema...............................................................................................................................................5

1.3. Delimitação do tema.......................................................................................................................5

1.4. Problema.........................................................................................................................................5

1.5. Justificativa.....................................................................................................................................6

1.6. Objectivos.......................................................................................................................................6

1.6.1. Geral............................................................................................................................................6

1.6.2. Específicos...................................................................................................................................6

1.7. Hipóteses........................................................................................................................................7

Capitulo 2: Fundamentação teórica.......................................................................................................8

2.1. Conceitos gerais..............................................................................................................................8

2.2. Tipos de avaliação..........................................................................................................................8

2.3. Ciclos de aprendizagem do ensino primário...................................................................................9

2.4. Condições determinantes na progressão automática.......................................................................9

2,5. Progressões automáticas: cumprimento de metas na Educação......................................................9

2.5. Repercussões da aplicação da progressão automática em situações de retenção...........................10

2.6. Fracasso no processo de ensino e aprendizagem...........................................................................11

Capitulo 3: Aspectos Metodológicos...................................................................................................12

3.1. Natureza da pesquisa....................................................................................................................12

3.2. Abordagem da pesquisa................................................................................................................12

3.3. Procedimento da pesquisa.............................................................................................................12

3.4. Objectivos da pesquisa.................................................................................................................13

3.5. Fontes de colecta de dados............................................................................................................13

3.6. Técnicas de colecta de dados........................................................................................................13

3.7. Delimitação Populacional.............................................................................................................14

3.8. Amostra........................................................................................................................................14
4

3.9. Análise e interpretação de dados...................................................................................................14

4. Cronograma.....................................................................................................................................15

5. Orçamentação..................................................................................................................................16

Bibliografia..........................................................................................................................................17

Apêndice..............................................................................................................................................18
5

Capitulo I: Introdução

Introdução
Nos últimos 15 anos, o sector da Educação, muito em particular o Subsistema do Ensino
Primário, tem vindo a testemunhar os resultados da Revisão Curricular de 2003, que entre
tantas inovações (disciplinas profissionalizantes, formação em exercício dos professores,
línguas nacionais e estrangeira, assim como a introdução das progressões automáticas nos
ciclos de aprendizagem), esta ultima, por sinal a principal de todas.

Embora as progressões tenham sido a grande inovação dessa revisão curricular, muitas são as
nuances resultantes da sua interpretação/implementação por parte dos professores,
consubstanciando em progressões arbitrárias e de certo modo depreciadoras do processo de
ensino e aprendizagem, que vem cumulativamente a certificar alunos graduados da do 3º
ciclo (7ª classe), com graves problemas de leitura, escrita, numeração.

Assim, reflectir sobre as implicações pedagógicas da progressão automática, dos alunos do


3º Ciclo (6ª a 7ª classe), da Escola Primaria do 1º e 2º Grau de Macucune (2016-2018),
proporcionará a percepção desta inovação de vários ângulos, permitindo dentro das
possibilidades, propor alternativas de uma aplicação sustentável desta.

Este desiderato será concretizado mediante um acervo de referências bibliográficas, e


documentais que constituem o suporte teórico deste projecto de pesquisa. E tratando-se de
uma abordagem qualitativa no estudo de caso, não deixaria de recorrer a triangulação na
colecta de dados (entrevistas, questionário e formulário), pela sua natureza aplicada,
exploratória, descritiva e explicativa.

Para um universo de 60 alunos (6ª e 7ª classe), assistidos por 3 professores, a nossa amostra
será constituída por 1/3 destes, ou seja, 20 alunos, 2 professores (director de turma e
professor de língua portuguesa), e o director adjunto pedagógico.
6

1.2. Tema
Implicações pedagógicas da progressão automática, caso de alunos do 3º Ciclo (6ª a 7ª
classe), da Escola Primaria do 1º e 2º Grau de Macucune (2016-2018).

1.3. Delimitação do tema


O projecto cinge-se sobre as reflexões atinentes as implicações resultantes da aplicação
indevida da progressão automática decorrente ao nível dos ciclos de aprendizagem, neste
caso, no 3º ciclo, na 6ª e 7ª classe, no período compreendido entre 2016 a 2018.

Por mais que as nossas atenções estejam voltadas para o caso dos alunos da 6ª classe, na
Escola Primaria do 1º e 2º Grau de Macucune, no Distrito de Ile, esta realidade pode estar na
ordem do dia de muitas escolas, pelo que é mister encontrar formas de superação deste
fracasso escolar.

1.4. Problema
De uma “pedagogia do oprimido1” para uma “pedagogia de emancipação” testemunhada na
virada do ano 2004, muitas foram as modificações verificadas no Subsistema de Ensino
Primário, a introdução de novas disciplinas 2, fusão de disciplinas (Geografia e História em
Ciencias Sociais), as progressões dentro dos ciclos de aprendizagem, esta ultima controversa
nos moldes da sua interpretação e aplicação na realidade do processo de ensino e
aprendizagem.

Muitas vezes, estas progressões visam responder apenas as aspirações estatísticas, e não
pedagógicas como tal, se não vejamos: vezes sem conta assiste-se a progressão de alunos até
o final de um ciclo, sem que para o efeito, as competências necessárias tenham sido
alcançadas, relegando-se esta concretização para a classe seguinte, e assim por diante, num
ciclo vicioso.

Se por um lado temos alunos desprovidos de competências necessárias na classe, do outro


temos um conjunto de profissionais, distantes do comprimento das suas responsabilidades

1
Pedagogia do Oprimido de Paulo Freire (1987), apregoa a necessidade de se ensinar atraves da conscientizaçao,
visando a libertaçao dos homens da dominaçao instigada pelas classes sociais dominantes.
2
Educação Moral e Cívica, Ofícios, Inglês e Educação Musical surgem no ambito das reforma curricular do
ensino primario em 2003.
7

(leccionação), ou se aproximam das suas obrigações de forma não eficaz e eficiente. Diante
desta realidade, incumbe-nos questionar:

Que implicações pedagógicas estão por detrás das progressões automáticas nos alunos do 3º
ciclo (6ª e 7ª classe), na Escola Primaria do 1º e 2º Grau de Macucune?

1.5. Justificativa
As progressões automáticas fazem parte do conjunto das inovações trazidas pelas reformas
curriculares havidas em 2004, em resposta por um lado, do acentuado índice de reprovações e
por outro, da redução do período de permanência do aluno até ao comprimento do ensino
primário, assegurando a motivação com a possibilidade deste alcançar as competências em
falta da classe anterior na classe seguinte (INDE/MINED, 2003).

Mais controversa do que consensual, tem sido a sua aplicação e os resultados que dela
emergem a médio e longo prazos no processo de ensino-aprendizagem, isto é, a adiamento da
reprovação deixa de ser acompanhada de uma forte dedicação por parte dos professores,
resultando no incumprimento das metas e na perpetuação das lacunas por parte dos alunos,
como são os casos de alunos com dificuldades de leitura, escrita e operações matemáticas.

Nalgum momento, a apreciação política e as expectativas dos relatórios trimestrais e anuais a


que as escolas estão sujeitas, forçam um modus operand incubador de alguma inércia
estatística, e por conseguinte um status quo que instiga o corpo docente a um fazer
automático do seu ofício, ciente de que até ao final do ano seja espectável a progressão
automática (em massa).

Em virtude desta realidade, é crucial que se reflicta em torno da interpretação e prática da


progressões automáticas, e dentro das possibilidades, devolver algum poder decisório aos
professores.

1.6. Objectivos

1.6.1. Geral
Conhecer as diversas implicações pedagógicas resultantes da aplicação das progressões
automáticas.
8

1.6.2. Específicos
o Referir as várias acepções da interpretação e aplicação das progressões automáticas.
o Apresentar as repercussões negativas advindas da aplicação indevida da progressão
automática.
o Descrever o papel dos intervenientes no processo de ensino no contexto das
progressões automáticas.

1.7. Hipóteses
o As reflexões em torno da aplicação das progressões automáticas no seio dos
professores, asseguraria uma maior compreensão, e por conseguinte a sua eficiência.
o Aprimoramento e contextualização dos métodos de ensino dos professores,
repercutiria numa progressão automática espectável.
o A reformulação de alguns princípios que norteia as progressões/retenções, ajudaria na
utilização sustentável daquelas classificações.
9

Capitulo 2: Fundamentação teórica

2.1. Conceitos gerais


Progressão: é a transição do aluno de uma classe, ciclo ou grau em função da aquisição do
nível mínimo de competências necessárias para o período em causa, ou seja, espera-se que
este aluno que não tenha alcançado a globalidade das competências, venha o fazer no
próximo período, ciclo e/ou classe (INDE/MINED, 2003). Desta forma podemos deduzir da
seguinte maneira:

Progressão semi - automática: é transição do aluno decorrente do período final de cada ciclo
ou grau, onde o nível de exigência por parte daquele é relativamente maior, ou seja é passível
que ocorra a retenção (reprovação), mediante justificação do professor.

Progressão automática: é transição do aluno decorrente ao longo de cada ciclo de


aprendizagem, quer dizer, exige-se relativamente menos por parte daquele, diferentemente da
semi – automática.

2.2. Tipos de avaliação


De acordo com o Diploma Ministerial n.º 7/2019, que aprova o Regulamento Geral de
Avaliação, no seu artigo 7 são 4 as modalidades de avaliação a saber: diagnostica, formativa,
sumativa e aferida.

Avaliação formativa: aquela cuja realização é decorrente ao longo do percurso do processo de


ensino, e visa obter a visão alargada sobre o cumprimento dos objectivos, dificuldades e
progressos, com vista a adequa-lo à realidade.

Avaliação diagnostica: aquela cuja realização dá-se no início de uma aula, unidade temática,
do trimestre, do semestre ou do ano, com vista a aferir o nível de conhecimentos prévios por
parte dos alunos.

Avaliação sumativa: é a que busca aferir o nível de cumprimento de metas, circunscritas


dentro de uma ou mais unidades temática, e é de carácter quantitativo; e
10

Avaliação aferida: aquela cuja realização é dependente de um poder hierarquicamente


superior em relação a circunscrição para a qual se incide, visando avaliar a adequação
curricular em função dos resultados.

2.3. Ciclos de aprendizagem do ensino primário


Para o INDE/MINED (2003), “os ciclos de aprendizagem são unidades de aprendizagem que
visam desenvolver no aluno habilidades e competências específicas” (p.24).

O currículo do Ensino Primário tem 7 classes organizadas em 2 graus 3. Os ciclos de


aprendizagem ao todo constituem na sua totalidade um conjunto integrado de estágios que
perfazem o subsistema do ensino primário, onde no 1º ciclo (pretende-se desenvolver a
leitura, escrita, contagem, operações, saúde e convivência); no 2º ciclo (centra-se a
consolidação e adição de novos conteúdos); e o 3º (versa-se na consolidação dos ciclos
anteriores e adição de algum conteúdo).

2.4. Condições determinantes na progressão automática


De acordo com o INDE/MINED (2003), das inúmeras inovações trazidas na revisão
curricular (os ciclos de aprendizagem, ensino integrado, o currículo local, distribuição dos
professores, as lingas locais e estrangeira, as disciplinas profissionalizantes), a sua essência
reside na progressão por ciclos de aprendizagem (semi e automática), e por sinal um ponto de
controversas e ambiguidades de aplicação.

Ainda na mesma perspectiva, a consumação de uma progressão não pode, e nem deve
constituir uma acção pedagógica isolada, isto é, ela deve reflectir a combinação de factores
plasmados na “estratégia de implementação do currículo” a considerar: a formação dos
professores (inicial e em exercício), capacitações regulares através da difusão das principais
inovações do (INDE/MINED, 2003).

No processo avaliativo, a abordagem pedagógica progressista defende a predominância da


modalidade formativa, sem contudo marginalizar as diagnostica e sumativa, pelo facto de
aquela transcender a visão periódica e numérica que as outras versam.

3
O 1º grau, está dividido em 2 ciclos, sendo o 1º correspondente à 1ª e 2ª classes e o 2º, a 3ª, 4ª e 5ª classes. O 2º
grau compreende a 6ª e 7ª classes correspondentes ao 3º ciclo.
11

2,5. Progressões automáticas: cumprimento de metas na Educação


Na visão pedagogia progressista do Ensino Primário, a idade de ingresso é de 6 anos,
devendo para o efeito, o aluno concluir o ensino primário aos 12 anos de idade, assegurando
deste forma o pressuposto político estratégico do aumento do acesso às oportunidades
educativas para todos (MINED, 2003). E ainda garantir que as crianças, em idade mínima
adiram a escola, cumprindo as sete classes, com o envolvimento de todos os segmentos
sociais; família, autoridades (n.º 3, do artigo 5, da Lei n.º 6/92 de 6 de Maio).

Como não podia deixar de ser, este posicionamento político, estratégico - pedagógico, contra-
ataca seriamente as “retenções” (reprovações), ao longo e no final de cada classe, ciclo ou até
grau, por alegadamente trazer mais desvantagens do que vantagens, deduzindo-se que o
intuito das promoções nos ciclos de aprendizagem, priorizam as metas mais do que a
qualidade do graduado.

Se não vejamos, com o advento da “pedagogia do oprimido” logo após a independência do


país em 1975, e a consequente criação do SNE 4 através da lei n.º 4/83 de 23 de Marco e a sua
revisão em 1992, adequando ao Sistema Multipartidário, e pese embora houvesse alguma
intermitência da oferta da rede escolar, qualificações profissionais dos professores, condições
técnicas e materiais, quase pouco podia se queixar das competências básicas (leitura, escrita,
numeração) dos graduados do ensino primário da época.

Hoje, volvidos 15 anos após a revisão curricular do ensino primário em 2003 (com o aumento
da rede escolar, de profissionais qualificados, e das condições técnicas e materiais), as
dificuldades relativas a materialização da estratégia curricular por parte dos professores,
consubstanciada num modelo de ensino automático e pouco rigoroso, onde a baixa qualidade
do ensino, as revisões recorrentes que dominam o status quo são inconfundíveis.

Dai que é mister assegurar o rigor do ensino, e encarar as progressões e retenções dentro dos
ciclos de aprendizagem, como parte da mesma moeda, onde uma não se sobrepõe a outra,
devendo ambas serem equitativamente utilizadas, e que o professor tomasse dianteira no
destino dos seus alunos.

4
Sistema Nacional de Estatística: instrumento de lei, que regula a política de concepção, funcionamento,
estruturação.
12

2.5. Repercussões da aplicação da progressão automática em situações de retenção


Se por um lado nas palavras de Mário e Nandja (2006), as estatísticas apontam para a redução
do analfabetismo em Moçambique, em 53% em 2004, para 38% em 2019, segundo o Censo
Populacional de 2003 e 2017 respectivamente, este facto em grande medida deveu-se a
introdução da “progressão por ciclos de aprendizagem”. O mesmo não se pode afirmar do
ponto de vista da qualidade do ensino e do graduado no período em referência, muito pelo
facto de, assistir-se a graduação de alunos no ensino primário, sem ao mesmo dominar a
leitura, escrita e numeração.

A realidade educativa nos últimos anos é deveras preocupante, muito por conta das
interpretações inflamadas sobre a progressão automática, a perda de autoridade dos
professores na classificação final dos alunos, as batalhas estatísticas que ornamentam os
relatórios pedagógicos trimestrais.

A questão das “competências mínimas necessárias” por parte dos alunos, como condicionante
para a progressão dos alunos de uma classe, ciclo ou grau para outra classe, ciclo ou grau
seguinte, gera alguma ambiguidade, pelo que, em função da realidade adversa a que o ensino
está sujeito nos pais, de aluno para aluno. Se não vejamos, é recorrente assistir-se promoções
de uma classe para outra alcançarem a fasquia dos 70%, 80% até 90%, e a pergunta que se
coloca é: o que tais alunos progredidos aprenderam? Não lêem, não escrevem, não copiam e
muito menos operam, e ciclicamente o cenário se repete.

2.6. Fracasso no processo de ensino e aprendizagem


Em meio as inovações havidas na revisão curricular de 2003, muitas foram as constatações,
logo à partida da complexidade da implementação curricular por parte dos professores, tendo
por conseguinte resultado depreciação do graduado do ensino primário em virtude da
discrepância reforma vs capacitação/formação dos professores.

Nas palavras de Souza (1996), citado em Rossato (2013), a questão do fracasso escolar
depreende-se com 3 (três) variáveis interligadas: ambiental (a criança pode estar sujeita a
sentimento de inferioridade, frustração e perturbação emocional, tornando a sua imagem nula,
muito quando esta situação é originaria de casa), psicológica (quando muito se associa o
fracasso aos aspectos patológicos cognitivos) e metodológica (esta flectido na dimensão da
abordagem pedagógica do ensino).
13
14

Capitulo 3: Aspectos Metodológicos


Metodologia é o conjunto de procedimentos e meios recorridos pelo pesquisador para se
chegar a algum fim, neste caso as possíveis soluções que venham responder ao problema
previamente formulado.

No alinhamento de Marconi e Lakatos (2003), a selecção metodológica depende


fundamentalmente, da relação biunívoca entre o problema (a natureza do fenómeno, o objecto
de estudo, os recursos financeiros, os imprevistos no campo de estudo), as hipóteses e a
amostragem.

Desta feita, cingir-nos-emos na descrição da natureza da pesquisa, sua abordagem,


procedimento, finalidade, fonte de colecta de dados, e técnicas de recolha de dados:

3.1. Natureza da pesquisa


Este projecto de pesquisa, é de natureza aplicada, na medida em que será realizada com o
intuito de “resolver problemas ou necessidades concretas e imediatas” ( Appolinário, 2011, p.
146 citado em Del-Masso, Cotta & Santos, 2009).

3.2. Abordagem da pesquisa


Tal como Rodrigues e Limena (2006) e Appolinário (2011), destacados por Del-Masso, Cotta
e Santos (2009), a abordagem qualitativa, pese embora recorra do procedimento estatístico,
para aferir suas as constatações sobre um fenómeno, não chega a ser suficiente, porque o
pesquisador recorre da dialéctica através das interacções sociais, fazendo juízos subjectivos
com base nas fontes (dados, teorias, entre outas).

É nesta abordagem em que assentar-se-á a nossa pesquisa, sem contudo descorar os


raciocínios: indutivo, o dedutivo, o hipotético-dedutivo e o dialéctico (Marconi & Lakatos,
2003).

3.3. Procedimento da pesquisa


O estudo de caso ou monográfico a que se propõe, a presente pesquisa “ é caracterizado pela
pesquisa profunda e exaustiva de um ou de poucos objectos, de maneira a permitir o seu
15

conhecimento amplo e detalhado, tarefa praticamente impossível mediante os outros tipos de


delineamentos/procedimentos (Gil, 2008, p. 58).

3.4. Objectivos da pesquisa


Não descoramos portanto, a vertente exploratória (que cingiu-se no mapeamento do
fenómeno, e suas particularidades), descritiva (que se atenta na descrição do fenómeno e suas
particularidades), como também da explicativa (aprofundamento da relação causa-efeito do
fenómeno através da estatística e interpretações).

3.5. Fontes de colecta de dados


Nas palavras de Marconi e Lakatos (2003), do ponto de vista das fontes, a pesquisa pode-se
enquadrar em duas dimensões, com tal é o nosso caso: documentação directa: pesquisa de
campo (que não se trata apenas de colher dados, mas sim de observação de factos e
fenómenos no seu ambiente natural) e documentação indirecta: pesquisa documental (fontes
primarias, como por exemplo arquivos públicos, estatísticas, publicações legislativa, cartas, e
outros) e pesquisa bibliográfica (fontes secundarias, obtidas através de livros, teorias, revistas
livros, jornais, entre outros).

3.6. Técnicas de colecta de dados


Como não podia deixar de ser, numa pesquisa de campo, como deixa antever o nosso
projecto de pesquisa, algumas técnicas se impõe pelas necessidades, tais são os casos da
observação directa intensiva (observação sistemática e entrevista) e observação directa
extensiva (questionário e formulário).

Observação de acordo com Marconi e Lakatos (2003), é a técnica de colecta de dados que se
socorre dos sentidos (ver e ouvir) no acto da averiguação dos factos ou fenómenos que se
desejam estudar, ou até a utilização de sentidos para adquirir conhecimentos necessários (Gil,
2008). Ela pode ser sistemática, na medida em que for concebida na base de objectivos
preciso, guião específico, e o consequente registo e utilização das informações.

Nas palavras de Gil (2008), entrevista é “técnica em que o investigador se apresenta frente ao
investigado e lhe formula perguntas, com o objectivo de obtenção dos dados que interessam à
investigação” (p. 109). Não distante desta ideia, está Goode e Hatt (1969, p. 237 citado em
16

Marconi & Lakatos, 2003, p. 196), a entrevista "consiste no desenvolvimento de precisão,


focalização, fidedignidade e validade decerto acto social como a conversação".

Questionário “é a técnica de investigação composta por um conjunto de questões que são


submetidas a pessoas com o propósito de obter informações sobre conhecimentos, crenças,
sentimentos, valores, interesses, expectativas, aspirações, temores, comportamento presente
ou passado etc.” (Gil, 2008, p. 121).

E ainda concordamos, que em geral, o pesquisador envia o questionário ao informante, pelo


correio ou por um portador; depois de preenchido, o pesquisado devolve-o do mesmo modo,
ou até o pesquisador, pode havendo possibilidades, se encarregar de tê-los de volta (Marconi
& Lakatos, 2003).

3.7. Delimitação Populacional


A população é o conjunto de seres animados ou inanimados que apresentam pelo menos uma
característica em comum (Marconi & Lakatos, 2003; Gil, 2008).

Cientes do facto de que o estudo tipo-censo é deveras dispendioso, muitas vezes os


pesquisadores têm recorrido a representações parciais da população (amostra), tal e qual se
perspectiva que seja o caso desta pesquisa. Neste caso a população é de 60 alunos, da 6ª
Classe, turma A e 7ª classe, turma A, do curso diurno, assistidos por 3 professores.

3.8. Amostra
Amostra é a parte representativa de uma população, o que representará 1/3 do universo, neste
caso 20 alunos, 3 professores, 1 director adjunto pedagógico. E do ponto de vista selectivo,
adoptar-se-á a amostra aleatória simples (consiste em atribuir a cada elemento da população
um número único para depois seleccionar alguns desses elementos de forma casual)

3.9. Análise e interpretação de dados


Socorrendo-se de Gil (2008), a análise e interpretação de dados, é a fase que se segue logo
após a colecta de dados, e pese embora sejam termos distintos, são interdependentes, na
medida em que a analise consiste na organização e sumarização dos dados de forma que
respondam ao problema para o qual se propõem, e já a interpretação visa significar as
respostas obtidas, acrescendo-lhes valor com a fundamentação teórica.
17

Nesta linha, as informações que se propõem trabalhar nesta pesquisa, dispor-se-ão no estilo
triangulado (categorização, tabulação, analise estatística, generalização, relação casuística):

Categorização é o processo que consiste na classificação ou agrupação das possíveis


respostas que venham surgir na colecta de dados, tendo em vista a sintetização e
simplificação da interpretação.

Tabulação é o agrupamento e contagem de diversas categorias em análise, ou seja, contando


as frequências que ocorrem em dois ou mais conjuntos.

Análise estatística dos dados é uma técnica indispensável, na medida em que permite maior
síntese dos dados, relação entre as variantes e a possível alargamento das conclusões
amostrais (generalização).

Relação casuística é técnica que possibilita o estabelecimento de conexões casuais


antecipadas pelas hipóteses, visto que esta depende fundamentalmente da analise lógica dos
resultados da pesquisa do que os testes estatísticos (Gil, 2003).
18

Capitulo 4: Apresentação e análise de dados

Esta analise e apresentação de dados não foge de longe, as propostas atrás referidas no
capítulo metodológico, contudo importa realçar alguns aspectos que julgamos reforçarem
ainda mais a compreensão dos dados ora em destaque…

Formulário aos alunos 6ª e 7ª classe

16

3
0.8 0.15 1 0.05

Fonte: A Autora, 2019

Formulário aos alunos da 6ª e 7ª classe

9 9

0.1 0.45 0.45


19

Fonte: A Autora, 2019

Formulário aos alunos da 6ª e 7ª Classe

11

4
3
2
0.1 0.55 0.15 0.2

Fonte: A Autora, 2019

Formulaário aos alunos 6ª e 7ª classe

14

0.7 1
0.05 0.25

Fonte: A Autor, 2019

Questionário dirigido aos docentes da 6ª e /a classe


20

Or. Questão Prof. Resposta literal Obs.


A
Qual é o número de alunos não repetentes B 33 alunos.
01
(progredidos de 6ª para 7ª classe)? C 25 alunos
D 10 alunos
A
B Há cumprimentos dos objectivos

Qual significado pedagógico assume as apesar dos constrangimentos

02 estatísticas dessa situação em relação ao próprios do processo.


C Plena assimilação dos conteúdos
cumprimento dos objectivos?
programáticos do 3º grau.
D Comprimento dos objectivos do
grau.
A
Dos 53, apenas 33 alunos lêem e
B
escrevem.
Quantos alunos sabem ler e escrever na
03 C Dos 53, apenas 22 alunos lêem e
classe?
escrevem.
D 95% (50) do total sabe ler e
escrever
A
B Comprimento de matas
estatísticas,
O que justifica a progressão em massa
04 C Obtenção de % positivas do
dentro dos ciclos?
aproveitamento pedagógico.
D Disposição em aprender da
parte dos alunos.
05 Vantagem e desvantagens da progressão A
B Continuidade das turmas, e
automática
materialização do subsistema em
tempo recorde.
Baixa qualidade de ensino, e
pouca entrega dos alunos.
C Realização deste e dos
subsequentes níveis de
escolaridade em tempo record.
Incompetência dos alunos em
matéria de leitura/escrita e
numeração.
21

D O ensino é gradual. Baixa


qualidade do ensino e do que se
aprende.
06 Quais medidas de superação das lacunas em A
B Planificação constante.
leitura, escrita e numeração no 3º ciclo?
C Submissão de exercícios de
leitura, copias e numeração aos
alunos.
D Copias e exercícios diversos, e
acompanhamento do professor.
07 Quais causas podem ser elencadas diante da A
B Currículo desajustado a
situação descrita no nº anterior?
realidade. Porque os professores
fazem o que lhes compete, porem
a praxis não favorece.
C Currículo desajustado a
realidade. Os professores estão
preparados, a ponto de
mediarem os conteúdos
programáticos.
D
08 Em que instrumento podemos encontrar as A
B Programas de ensino.
orientações curriculares do ensino primário?
C -------------------------------------------
D Alguns estão preparados, porque
revelam domínio dos conteúdos.
22

Bibliografia
Assembleia da República (1992). Lei n.ͦ 6/92 de 6 de Maio, Sistema Nacional de Educação.

De-Masso, M.C.S & Cotta, M.A.C, Santos, M.A.P (2009). Ética em pesquisa científica:
conceito e finalidades.

Gil, A. Carlos (2008). Métodos e técnicas de pesquisa social (6ª ed.). São Paulo, Brasil:
Editora Atlas S.A.

INDE/MINED (2008). Programa do ensino básico, 3º ciclo (6ª e 7ª classe). Maputo,


Moçambique.

INDE/MINED (2003). Plano curricular do ensino básico: objectivos, política, estrutura,


planao de estudos e estratégias de implementação. Maputo, Moçambique

Marconi, M. A. &Lakatos, E. M (2003). Fundamentos de metodologia científica (5ª ed.). São


Paulo, Brasil: Editora Atlas S.A.

Mário, M. & Nandja, D. (2006). A alfabetização em Moçambique: desafio da educação para


todos. Faculdade de Educação da Universidade Eduardo Mondlane, Maputo, Moçambique.

MINED (2019). Diploma Ministerial n.ͦ 7/2019: Regulamento Geral de avaliação do ensino
primário, alfabetização, ensino de jovens e adultos, e ensino secundário geral. Boletim da
República.

Rossatto, Márcia (2013). A gestão escolar diante das dificuldades de aprendizagem.


Universidade Federal de Santa Maria: monografia de especialização para obtenção do grau de
especialista. Sarandi, RS, Brasil.

.
23

Apêndice
24

Entrevista dirigido a secção pedagógica

Esta Entrevista, pretende compreender as taxas de progressão dos alunos (6ª/7ª classe) em
função do nível de assimilação dos conteúdos programáticos do 3º ciclo. Agradecemos
antecipadamente sua participação.

1. Nos últimos dois anos (2017/2018/2019), qual foi a percentagem de progressão de 5ª/6ª/7ª
classe?
________________________________________________________________________
_____________________________________________________________
2. Em termos de aprendizagem dos alunos, estas estatísticas, o que significam?
a) Os alunos sabem ler, escrever, operar ( )
b) Os alunos não sabem ler, escrever, operar ( )
c) Os alunos estão a caminho de ler, escrever, operar ( )
3. O ideal da revisão curricular de 2003 do ensino primário foi: “que o aluno fizesse as 7
classes em 7 anos”. Esta medida eleva a qualidade de ensino? ______ Porquê?
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
4. A seu ver, o que seria uma progressão automática?
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
“Um aproveitamento pedagógico abaixo de 70%, não é comum e muito menos aceitável
na vida escolar”. Este imperativo reflecte a realidade dos alunos?_______Porquê?
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
____________________________________________________
5. Ter alunos no 3º ciclo sem domínio de leitura, escrita e numeração ê no mínimo
controverso! Como gestor pedagógico, quais medidas propõe para superar esse facto?
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
___________________________________________________________________
6. Em que livro podemos encontrar as orientações do currículo?
________________________________________________________________________
25

Fim

Questionário dirigido ao docente do 3º ciclo

Este questionário, pretende compreender as taxas de progressão dos alunos (5ª/6ª/7ª classe)
em função do nível de assimilação dos conteúdos programáticos do 3º ciclo.

1. Qual é o número de alunos não repetentes (progredidos de 6ª/7ª)? __________


2. Que significado pedagógico tem em função do cumprimento dos objectivos do grau?
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
__________________________________________________________________
3. Quantos alunos sabem ler e escrever na classe?
__________________________________________________________________
4. O que esta por detrás das progressões em massa de alunos dentro/entre os ciclos?
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
5. A seu ver, apresente 2 (duas) vantagens e 2 (duas) desvantagens da progressão automática
no ensino
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
6. Diante a problemática da leitura, escrita, numeração em pleno 3º ciclo (6ª classe e 7ª
classe), diga 3 (três) medidas de superação:
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
7. Em sua opinião, estará o currículo desajustado a realidade ou os professores
despreparados para os desafios impostos por este currículo?
__________________________________________________________________
Justifique-se
________________________________________________________________________
__________________________________________________________________
8. Em que livro podemos encontrar as orientações curriculares?
________________________________________________________________________
26

Fim

Formulário dirigido aos alunos

Este formulário, pretende compreender as taxas de progressão dos alunos (5ª/6ª/7ª classe) em
função do nível de assimilação dos conteúdos programáticos do 3º ciclo.

Marque x entre parentes, apenas em uma opção para cada pergunta:

1. DE 1ª CLASSE A 7ª CLASSE, QUANTAS VEZES REPETIU DE CLASSE?

Uma vez ( )

Duas vezes ( )

Nunca ( )

2. COMPLETAÇÃO:

Diga 2 palavras com 10 letras cada: _____________________ ________________________

¿¿ × ¿ ¿¿ 500000=2

3. ATÉ A CLASSE EM QUE TE ENCONTRAS, O QUE JÁ APRENDEU?

Leitura e escrita ( )

Contagem e operações de números ( )

Leitura, escrita, contagem e operação ( )

Nenhuma das opções ( )

4. ALGUMA VEZ, PENSOU QUE IRIA REPROVAR, MAS APROVASTE DE CLASSE?

Uma vez ( )

Duas vezes ( )

Três vezes ( )

Nunca ( )
27

Fim

Você também pode gostar