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Origem e Propósitos da Educaçao em Diferentes Momentos: Teorias da

Educaçao, Paradigmas e Sistematização

Universidade Católica de Moçambique – Extensão de Gurúè

Eusébio Bernardo Fortunato1

eusbernato@gmail.com

849162151/869903282

Resumo

As práticas pedagógicas, reflectem um ideal, uma visão, uma perspectiva sobre o passado, o
presente e o futuro que uma sociedade almeja sobre os seus, é nesse contexto que nascem as
Teorias da Educaçao, enquanto reflexão científica. Com esta síntese, pretende-se reflectir
sobre as origens e objectivos que nortearam a educaçao ao longo dos tempos alicerçados nas
suas respectivas teorias. Nosso foco está direccionado as origens e objectivos da Educação
em diferentes épocas (Primitivismo, Antiguidade Oriental, Antiguidade Clássica Grego-
Romana, Medievalismo, Modernismo e Contemporaneidade), contextualizando os
paradigmas, tendências e sistematização das Teorias da Educação. Esta é uma pesquisa
qualitativa de aporte teórico, suportada em fontes bibliográficas virtuais e métodos indutivo,
dedutivo e dialéctico. Quanto mais complexa se torna a sociedade, a desigualdade social
perdura, e a educaçao deixa de ser acessível a todos, o modelo de homem vai espelhar esse
quadro, dando a Teorias da Educaçao, um terreno fértil e complexo de actuação.

Palavras-Chave: Origem e Propósitos da Educaçao; Teorias da Educaçao; Paradigmas;


Sistematização

1. Introdução

A questão o que é Educaçao? Permite-nos, com clareza fazer um percurso histórico,


social, político e filosófica das ideias pedagógicas reflectidas em Teorias da Educaçao.

A Teoria da Educaçao é a ciência que reflecte, sistematiza e organiza as tendências


das práticas pedagógicas diante das persistentes mudanças sociais decorrentes no
curso da História da Humanidade. Esta tarefa passa necessariamente pela
compreensão, antes de mais do fenómeno Educaçao.

Deste modo a presente síntese, da Disciplina: Teorias da Educaçao, retrata de forma


breve as origens e objectivos da Educação em diferentes épocas (Primitivismo,
1Curso: Psicopedagogia
Antiguidade Oriental, Antiguidade Clássica Grego-Romana, Medievalismo,
Modernismo e Contemporaneidade), sem contudo, como se podia esperar, deixar de
contextualizar os paradigmas, tendências e sistematização das Teorias da Educação.

Assim, pretende-se com esta síntese reflectir sobre as origens e objectivos que
nortearam a educaçao ao longo dos tempos alicerçados nas suas respectivas teorias. E
esse desiderato, passa necessariamente por definir a educaçao; identificar as
principais características de cada época (lógica, pensadores e ideal); projectar os
conflitos sociais remanescentes ao longo dos tempos.

Metodologicamente, esta é uma pesquisa qualitativa de aporte teórico, suportada em


fontes bibliográficas virtuais e métodos indutivo, dedutivo e dialéctico no decurso da
abordagem.

2. Educação

Nos capítulos 2 e 3, Quando a Escola é uma Aldeia e Então, surge a Escola


respectivamente, na obra de Rodrigues Carlos Brandão, O que é Educação de 2007,
percebe-se que a Educação existe até onde a escola não existe, desde que existam
estruturas sociais que sirvam de canal de transferência de saberes de geração em
geração.

Por mais que, nesta fase embrionária não se possa se quer falar das sombras de um
modelo de ensino formal e centralizado, muito pela sua natureza social, a educação
caminha conjuntamente com o homem, na história das civilizações, e no transpasse
do seu legado continuamente. Deste modo segundo Brandão (2007):

(…) Educação. Do latim “educere”, que significa extrair, tirar, desenvolver.


Consiste, essencialmente, na formação do homem de carácter. A educação é
um processo vital, para o qual concorrem forças naturais e espirituais,
conjugadas pela acção consciente do educador e pela vontade livre do
educando. Não pode, pois, ser confundida com o simples desenvolvimento ou
crescimento dos seres vivos, nem com a mera adaptação do individuo ao meio
da actividade criadora, que visa a levar o ser humano a realizar as suas
potencialidades físicas, morais, espirituais e intelectuais” (p. 63).
A educação se encontra enraizada na vida humana, mas a sua consciência, prática
sistemática, vão conferindo a sociedade, os espaços, tempos, regras práticas,
envolvimento dos profissionais e categorias dos educandos envolvidos de forma
menos espontânea, todavia tudo isso só desencadeia quando o povo alcança um
estágio complexo de organização da sua sociedade e de sua cultura nasce a
problemática das formas organizadas de transmissão do saber (Brandão, 2007).

De acordo com Brandão (2007), a educação é uma fracção da experiência


endoculturativa (saberes, crenças, hábitos mediados no interior de uma cultura). Ela
aparece sempre que há relações entre pessoas e intenções de ensinar-e-aprender,
onde o ensino formal vincula-se à Pedagogia (a Teoria da Educação), gerando deste
modo situações, métodos, intervenientes, nascendo assim a Escola.

De acordo com Gadotti (2003), as práticas pedagógicas são anteriores ao pensamento


pedagógico, na medida em que é da necessidade mediatiza dessas práticas que o
pensamento impõe-se com a finalidade de sistematização e organização da execução
e dos seus fins diante das formas complexas de organização social (Teorias da
Educação).

Assim podemos transcorrer num ciclo de continuidade e descontinuidade das ideias


pedagógicas (pela natureza filosófica da educação), pelo que até as ideias da
Antiguidade, permanecem úteis aos nossos dias.

2.1. Educação Primitiva

De acordo com Aranha (2012), esta educação nas comunidades tribais é difusa, e
marcada por um período meramente de tradição oral e mítica, isenta de escrita, por
conseguinte a única forma de mediação de saberes (pré-história).

Apesar do leito mítico e sagrado que dá essência à vida dos homens e da natureza das
coisas boas e más, as acções das comunidades contextualizam-se na imitação daquilo
que os deuses fizeram, tal sucede na aprendizagem das crianças, imitando os gestos
dos adultos nos ofícios e rituais (Aranha, 2012). Esta educação é difusa, integral,
universal e mítica, isto é, dada por todos sem imposição de castigos (companheiros e
mais velhos); abrange todas dimensões da vida; todos podem deter do saber e
participar; o mito é anterior a história tribal, por isso muito poderoso.

Nas palavras de Aranha (2012), a prosperidade da agricultura marcou a virada da


Idade da Pedra Lascada (Paleolítico) à Idade da Pedra Polida (Neolítico) e trouce
excedentes, originando inúmeras profissões e a complexa estrutura social, por
conseguinte a escrita, como forma de superação dessa complexidade, surge o Estado a
legitimar a posse da terra e formas de dominação (homem-homem) e finalmente a escola
(discriminando os papéis sociais entre homens e mulheres, privilegiando todo
património do saber a uma classe, a dominante).

Aranha (2012), apresenta-nos alguns traços da educação primitiva:

Rito versus tortura (variam-se os modos e as práticas, mas a tortura é a essência


do ritual de iniciação, o fim, causar sofrimento provando algo). Tortura versus
memória (as incisões da iniciação deixadas no corpo, revelam a pertença do
individuo à tribo, mas superada a dor, o terror, fica para sempre a memoria).
Memória versus Lei (mais do que pertença, há uma Pedagogia de afirmação e
não dialógica, consentida no silencio do iniciado perante a tortura) (pp. 34-40).

2.2. Educação Oriental

Foi por volta dos 5 mil anos atrás que nas planícies desérticas entre África e Ásia
(Oriente Médio, Oriente Próximo, Médio Oriente), nasceram as primeiras civilizações
(civilizações fluviais) numa espécie Cidade-Estado, como são os casos da
Mesopotâmia (Tigre e Eufrates), Egipto (Nilo), Índia (Indo e Ganges) e China
(Yangtsé e Huang-Ho) (Aranha, 2012; Gadotti, 2003). Assim, estas civilizações
primavam a educação nos valores da iniciação, animista (tudo possui alma), totemismo
(o clã concebe qualquer alma como sobrenatural) e religiosa (taoismo, budismo,
hinduísmo, judaísmo).

Taoismo (tao significa razão universal), foi segundo Gadotti (2003), fundado por
Confucio (551-479 a.C), e o seu Confucionismo (sistema moral que cultuava os mortos,
e concedia poderes ilimitados ao pai sobre os filhos), numa visao á obediência,
subserviência ao poder dos mandarins.
A educação hinduísta era discriminatória, exaltava o espírito, menosprezando o corpo,
contemplando as classes hereditárias altas, em detrimento dos párias e as mulheres.
Educação hebraica fundamentava-se nos valores religiosos, através do catecismo
(revisão e repetição), reforçada, como se refere Costa e Navaes (s.d), pelo código civil
judaico que negava Messias (Talmude).

Deve-se dizer, que a educação primitiva (aberta, espontânea, colectiva), foi perdendo
força, com a presença cada vez mais complexa da colonização, agora por via de
dogmas, rigor, temor e terror na apropriação desse saber antes igualitária.

Lao Tsé (jovem sábio, traduzido do chinês) e a sua obra Tao Té King (O Livro que
Revela Deus), influencia sem dúvidas o pensamento filosófico e pedagógico
acumulado durante a sua vida na corte imperial, através do poder da não-violência para
dominar (Gadotti, 2003). Outra figura incontornável no pensamento pedagógico, é
sem dúvidas, Mao Tsé-Tsung (revolucionário chinês).

2.3. Educação Clássica: Grécia e Roma

Foi com a “situação geográfica da Grécia sustentada por colónias, desenvolvida


numa situação geográfica favorável ao interposto do comercio entre o Oriente e o
Ocidente, que ela sérvio de Berço da cultura, da civilização e da educação ocidental”
(Gadotti, 2003, p. 29).

A visão universal do homem divergia entre as velhas cidades rivais numa sociedade
de homens livres e escravos, os espartanos primando pela performance física, os
atenienses primando pela performance intelectual, logo a educação destinava-se aos
primeiros, buscando estimular a competição, as virtudes guerreiras, e superioridade
militar aos dominados. Nas palavras de Gadotti (2003), em meio a esta
descriminação, os gregos, alcançaram a educação integral, estabelecendo um diálogo
entre a cultura social e individual (prova disso está na transversalidade dos idolatrados
poemas de Homero).

Muitas podem ser as influências deixadas pelos pensadores gregos, marcadas por
Sócrates (A virtude pode ser ensinada, se as ideias são inatas?), Platão (A Educação
contra a Alienação na Alegoria da Caverna) e Aristóteles (A Virtude está no Meio
Termo). A educação patriótica espartana (submissão da vida ao sacrifício supremo) e
política ateniense, tem exercido influência até os nossos dias, até mesmo pelo seu tom
humanismo (busca pela verdade, bem e belo).

Dada a depreciação do trabalho mecânico e a primazia às actividades intelectuais,


flectindo a sua dimensão humanista, talvez o poder do Cristianismo tenha ajudado
Roma na materialização do seu sonho (universalização da educação). Este interesse,
reflecte alguma sistematização a muito verificada no então Grande Imperio Romano,
havendo educação primária (ludi-magester), secundária (gramática), e superior
(Gadotti, 2003).

Não se pode falar desse percurso da educação em Roma, sem referenciar nomes
como Catão (234-149 a. C): o antigo, que primava pela formação do carácter; Marco
Terêncio Varrão (116-27 a.C): apologista da cultura romano-helénica; Marco Túlio
Cícero (106-43 a.C): pai da pátria, idealizava a educação na formação integral com a
dialéctica, filosofia, poesia, direito e cinema; Marco Fábio Quintiliano (mestre do
brinquedo), idealizador da escola (scbola), enquanto local privilegiado para o estudo.

Segundo Gadotti (2003), é nesta época, que pela primeira vez, o Estado forma
quadros (supervisores e professores) na guarda da escola e do seu funcionamento.

2.4. A Educação na Idade Média

Com o declínio do Imperio Romano pelos grupos invasores, um novo figurino nasce
com rótula da Igreja Católica, mas alicerçada na tradição antiga. Aqui, Gadotti (2003),
lembra que Cristo foi um grande educador, através de parábolas, com recurso a
linguagem erudita e humilde.

No século v, Constantino transforma o cristianismo em religião do Estado e a escola


como aparelho ideológico do Estado. Alguns nomes subsistem neste percurso:
Clemente de Alexandria, Origénes, São Gregorio, São Tomás de Aquino, primando uma
educação para clérigos e humildes (escolas paroquiais). Outra figura incontornável, na
fé islâmica, na literatura universal e na educação religiosa oriental é, sem dúvidas,
Maomé e as suas incursões pelo oriente e seu legado profético e educacional deixado.

2.5. A Educação na Idade Moderna

Antes que se avance ao Modernismo propriamente dito, profundas convulsões sociais


abalaram os ditames da Autoridade Religiosa e da fé Cristã que dominavam nos
séculos anteriores (o Renascimento, apadrinhado por Martinho Lutero:1483-1546). De
acordo com Gadotti (2003), o pensamento pedagógico renascentista, influenciado
pelos avanços técnicos e científicos havidos na Europa no século XIV, ostentava a
beleza da cultura grego-romana, cultuava o corpo, revelava elitismo, aristocratismo, e
individualismo liberal (servia apenas o clero, a nobreza, e a burguesia).

Gadotti (2003), apresenta-nos alguns nomes incontornáveis nessa caminhada


renascentista:

Vitorino da Feltre (1378-1446): italiano, humanista e cristão, propunha a educação


individualizada, o autogoverno dos alunos, competição com a sua Casa Giocosa
(Casa-Escola-Alegre).

Erasmo Decidério de Roterdã (1467-1536): rebelou-se da igreja, levando uma vida livre
difundido suas ideias humanista (a razão e o livre arbítrio como fonte da
moralidade) plasmadas em suas obras, como em sua sátira viés ao obscurantismo
conservador pseudo - religioso e da cultura medial Elogio da Loucura de 1509.

Juan Luís Vives (1492-1540): espanhol que reconheceu as vantagens do método


indutivo, observação rigorosa, experiencia, o concreto, do brinquedo, impondo a
remuneração dos professores e a selecção criteriosa do que importa realmente aprender
para a vida.

François Rabelais (1483-1553): medico e critico da formação livresca, defensor da


natureza, valorizando as ciências exactas, do homem e dos clássicos
(enciclopedismo).
Michel de Montaigner (1533-1592): crítico do enciclopedismo, e defensor da
aprendizagem útil e futurista para as crianças, onde o professor deveria ter a cabeça
antes melhor que provida de ciência.

Nesse percurso do pensamento pedagógico renascentista, terá havido apenas “a


transferência parcial da escola para o controle do Estado, o que não era ainda uma
escola pública, leiga, obrigatória, universal e gratuita, mas sim escola publica
religiosa”(Gadotti, 2003, p.64).

Os jesuítas com a suposta missão de conversão dos hereges e alimentação dos cristãos
vacilantes, Ratio atque Institutio Studiorum de 1599, contendo planos, métodos
(prelecção, contenda. Memorização, expressão e imitação), programas de educação
católica), desprezavam a educação popular, surgindo assim a formação burguesa dos
dirigentes e a formação catequética dos indígenas.

Modernidade vislumbra-se entre os séculos XVI a XVII, após a poeira transitória


deixada pelo Renascimento, que galvanizou o desenvolvimento da Ciência, antes
monopolizada nas mãos do clero.

De acordo com Gadotti (2003), foi na base do pensamento pedagógico realista na


Modernidade, com que João Amos Comênio (1502-1670), concebeu Didáctica Magna
de1657, tida como método pedagógico eficaz para ensinar sem fadiga, insurgindo-se
contra o formalismo humanista, valorizando o mundo exterior, a paixão pela razão, e
pela natureza e a utilidade do seu conhecimento.

O Iluminismo mais tarde (século XVII), assumiu o protagonismo nas lutas pelo acesso
a educação para todos, são os casos das Escolas Dominicais (disseminando a fé por um
lado, e a acesso à escola das classes desfavorecidas). Alguns nomes: Jean-Jacques
Rousseau (!712-1782), percursor da escola nova no século XIX, numa alusão ao retorno
às origens do estado natural do homem, patente em suas obras: Sobre a desigualdade
entre pós homens, O Contrato social e Emílio, tendo influenciado educadores como
Pestalozzi, Herbart e Froebel (Gadotti, 2003).
É preciso notar que, apesar das inúmeras mudanças ocorridas, desde a humanização
da educação infantil, a igualdade entre os homens, a fraternidade, a liberdade, o ideal
iluminista da educação, transferiu o poder da igreja à burguesia, que não tardou com
o tom discriminatório entre as classes.

O Positivismo

De acordo com Gadotti (2003), o tom discriminatório deixado pelo iluminismo


através da burguesia, fez emergir duas correntes antagónicas, o Positivismo de
Auguste Comte (1798-1857) e o Marxismo de Karl Marx (1818-1883). O ideal de Comte
de que todo saber podia ser traduzido em lei científica, o fez crer de que o fracasso
do iluminismo devera-se a falta de cientificidade da Política; de outro modo, Marx
condenava as promessas não cumpridas da burguesia sobre a igualdade e liberdade,
e que a solução passava pela mudança do sistema económico.

O criticismo positivista, encabeçado pela Sociologia Educacional de Émile Durkheim


(1858-1917), supera de longe a visão pessimista sobre o homem (que nasce
egocêntrico), cabendo a educação pelos adultos às crianças, estabelecer a
solidariedade, ordem e progresso.

O Socialismo desenvolvido por Tomas Mouro (1478-1535), defendia a educação laica e


coeducação; Graco Bebeuf (1760-1796) defendia e uma escola pública e única para todos;
Etiene Cabet (1788-1856) defendia a escola como fonte de alimentação política
igualitária à comunidade (Gadotti, 2003). Muitos nomes podem ser citados nesta
corrente (Pierre Joseph Proudhon, Victor Considerant, Robert Owen, Henry de Saint-
Simon), é preciso sublinhar que, embora de forma fragmentada e pouco sistemática,
os princípios da educação socialista foram enunciados por Marx (1818-1883) e Engels
(1820-1895): educação pública, gratuita, para todos, omnidireccional, indissociada da
política.

2.6. A Educação na Idade Contemporânea

Esta era, que por vezes confunde-se com a Modernidade, está mais para a
actualidade do que para lá dos primórdios da Modernidade, e por isso não deixa de
trazer à semelhança do período anterior, inúmeras correntes do pensamento
pedagógico, a destacar:

O Escolanovismo nascido no século XX, pelas influências da Escola Alegre de


Victorino de Feltre, do romancismo e naturalismo de Rousseau e pelas influências da
Sociologia e Psicologia da Educação, defendia que a educação fosse promotora das
mudanças numa sociedade em permanente transformação (Gadotti, 2003). Alguns
nomes a destacar: Adolphe Ferriére (1870-1960), suíço difusor da escola activa, nova e
espiritualista como fonte de vida; John Dewey (1859-1852), norte-americano, concebeu
o ideal pedagógico do ensino pela prática numa experiencia concreta, activa,
produtiva. Ouros nomes Kilpatric J. Stevenson e Ellworf Colling (sistematizadores do
método de projectos); William H. Kilpatric (idealizador de projectos manuais, de
descoberta, comunicativos e competitivos); Jean Piaget (construtivismo) Maria
Montessori (projectos jogos e objectos pedagógicos em Casa das Crianças).

Nesta coerente, de acordo com Gadotti (2003), se bem que primava a centralização do
ensino no aluno, e nas actividades práticas, isso favorecia os projectos da nova
burguesia.

O Fenomenologismo - Existencialista surge na clara necessidade de afirmação da


criança, enquanto ser humano, em permanente transformação (decidindo-se,
comprometendo-se, escolhendo, encontrando-se com outro), que em conjunto com a
essência, alcança a dimensão espiritual do homem.

É razoável admitir que “a pedagogia da essencial propõe um programa para levar a


criança a conhecer sistematicamente as etapas da humanidade; a pedagogia da
existência, a organização e satisfação das necessidades actuais da criança através do
conhecimento e da acção” (Gadotti, 2003, p. 159). Alguns fenomenologistas-
existencialistas, Martin Buber, Jean P. Sartre, Emanuel Morner, e outros.

O Criticismo uma tendência profundamente desiludida com o palco bélico em que as


duas grandes guerras impuseram aos mundo, assumiam um modelo reprodutivista.
Embora não tenha deixado um modelo pedagógico propriamente dito, pode-se dizer,
que ela defende que a escola não é a causa, menos ainda o instrumento, se não a
consequência da divisão social de classes (Jesus Plácidos, citado em Gadotti, 2003).

O Antiautoritarismo afigura-se como oposição a visão tradicionalista e autoritária da


educação, com suporte do Marxismo, apregoava a liberdade, modelação de valores diante
dos princípios do prazer. Sigmund Freud (1856-1939), foi um dos percursores.

3. Teorias da Educação

Se repararmos o caminho percorrido pela educaçao ao longo dos tempos, deixa-nos


antever que sempre existiu uma sistematização, que foi evoluindo lentamente, assim a
Teoria da Educação é “a ciência que pesquisa o valor e os limites da educação como
processo de edificação e de libertação do ser humano, deseja explicar o verdadeiro
sentido e sua dimensão, conceitual e fidedigno do processo educativo do indivíduo”
(Costa & Fonseca, 2016).

3.1. Teorias, Paradigmas, Tendências e Filosofias

Nessa perspectiva histórica, de que são forjadas as teorias educacionais em meio aos
conflitos permanentes entre as classes sociais, podemos referir 3 concepções das teorias
educacionais (Cabanas, 2002 citado em Costa & Fonseca, 2016): nível filosófico (reflecte
finalidade, valores que espalham o Homem, a Sociedade e o Mundo); nível sociológico
(definir o papel da educaçao na sociedade); nível pedagógico (projecta a organização e
realização através das varias concepções).

É preciso reiterar que, os paradigmas expressam tendências pedagógicas imbuídas nas


convulsões sócias emergentes alicerçadas no pensamento pedagógico, deste modo
pode-se dizer

3.2. Proposta de uma classificação e sistematização

Dependendo do foco que se pretenda dar, podemos afirmar que a classificação ou


sistematização das teorias educacionais varia bastante, embora exista grande
proximidade entre elas. Consta e Fonseca (2016), chama atenção a este despeito, ao se
referir que “foram discutidas algumas considerações relevantes das diferentes
abordagens teóricas do processo de ensino e aprendizagem” sem desfecho, devido à
“complexidade do tema e à necessidade de uma maior profundidade em pesquisas
teóricas e investigações empíricas sobre as controvérsias existentes” (p. 43).

3.3. Grau de Sistematização

Autoria vs.
Estágios das Teorias Foco
Classificação
Pedagogia de Pedagogia da Pedagogia
Bordenave (1983) Conteudísta
Transmissão Moldagem Problematizadora
Não criticas Critico-Reprodutiva
AIE e
Saviani (1984) Pedagogia Pedagogia Pedagogia Exclusão Criticista
Escola
Tradicional Nova Tecnicista Simbólica
Dualista
Abordagem Abordagem Abordagem Abordage
Tradicional Comportam Humanista m Comportame
Mizukami (1986)
entalista Cognitivist ntalista
a
Pedagogia
Pedagogia Liberal
Progressista
J. Libânio (1982) Liber Progressista
Conserva Renovada Renovada não Liber Conte
tador
dora Progressista Directiva tária udísta
a

No concernente as Teorias da Educaçao Contemporâneas, Costa e Fonseca (2016),


simplificam da seguinte forma:
Racional-tecnológica: Ensino tecnológico; Neocognivistas: Construtivismo
pós-piagetiano, ciências cognitivas, evidência na inteligência; Sociocríticas:
Sociologia crítica do currículo; Teoria histórico-cultural; Teoria sociocultural;
Teoria sociocognitiva; Teoria da acção comunicativa; Holísticas: Holismo
Teoria da Complexidade; Teoria naturalista do conhecimento; Eco-pedagogia;
Conhecimento em rede; Pós-modernas: Pós-estruturalismo; Neo-
pragmatismo. (p. 57).
A dimensão filosófica do processo educativo não é linear, muito menos continua,
submergir formas diversificadas de sistematização das teorias da educação, tornando
as teorias da educaçao, uma área da Pedagogia cada vez mais desafiadora.

4. Considerações Finais

Se bem que a práticas pedagógicas são anterior às ideias pedagógicas, ao pensamento


pedagógico ou mesmo às Teorias da Educaçao, é prudente que antes de mais, se
percorra a longa estrada da hominização que se confunde mesmo com a história da
própria Educaçao, muito pela natureza social do Homem.

Émile Durkheim (1858-1917), sociólogo educacional e positivista radical, entende educação


como sendo:

A acção exercida pelas gerações adultas sobre as gerações que não se


encontram ainda preparadas para a vida social; tem por objecto suscitar e
desenvolver na criança certo número de estados físicos, intelectuais e morais
reclamados pela sociedade política no seu conjunto e pelo meio especial a que
a criança, particamente precisa (Brandão, 2007, p. 71).

Esta acção regista-se desta as comunidades primitivas (Paleolítico), quando a escola


romana ainda não existia como tal, mas como uma aldeia coesa, caracterizando-se
como mimica, difusa, espontânea, integral e violenta. Mas as verdadeiras mudanças,
chegam no Neolítico, com a prosperidade economia, especialização e complexa
estrutura social (Antiguidade Oriental, Grego-Romana, Medieval, Moderna e
Contemporânea).

Em todas estas fases, ficou claro que a herança primitiva foi-se perdendo, abrindo
caminho para a segregação social pela luta de classes, para o monopólio do sistema
educativo nas mãos de grupos dominantes (o Clero e a Burguesia mais tarde) e do
canonização dos conteúdos, ora o conhecimento religioso, filosofia e direito, ora a
cultura, artes, e língua. Os jesuítas no Medievalismo, os Renascentistas, Humanistas,
Iluministas, Positivistas, Escolanovistas, são o testemunho de um ideal educativo que
tarda em chegar até os dias de hoje, o que nutri o terreno propício de actuação da
Pedagogia enquanto Ciência da Educaçao, pese embora subsista a complexidade da
sistematização das Teorias Educacionais.
Referências bibliográficas
Brandão, C. R. (2007). O que é educação. [Versão electrónica PDF]. Recuperado em
http://www.editorabrasiliense.com.br.
Costa, R. C. M. & Fonseca, S. (2016). As teorias da educação II. [Versão electrónica PDF].
Recuperadoem:<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S010
17330200208100017>.
Gadotti, M. (2003). História das ideias pedagógicas. [Versão electrónica PDF].
Recuperado em http://www.paulofreire.org.
Costa, R. C. M. & Novaes, M. A. B. (s. d). Teorias da educação I. [Versão electrónica
PDF]. Recuperado em: <http://www. md.uninta.edu.br.

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