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Resumo
As práticas pedagógicas, reflectem um ideal, uma visão, uma perspectiva sobre o passado, o
presente e o futuro que uma sociedade almeja sobre os seus, é nesse contexto que nascem as
Teorias da Educaçao, enquanto reflexão científica. Com esta síntese, pretende-se reflectir
sobre as origens e objectivos que nortearam a educaçao ao longo dos tempos alicerçados nas
suas respectivas teorias. Nosso foco está direccionado as origens e objectivos da Educação
em diferentes épocas (Primitivismo, Antiguidade Oriental, Antiguidade Clássica Grego-
Romana, Medievalismo, Modernismo e Contemporaneidade), contextualizando os
paradigmas, tendências e sistematização das Teorias da Educação. Esta é uma pesquisa
qualitativa de aporte teórico, suportada em fontes bibliográficas virtuais e métodos indutivo,
dedutivo e dialéctico. Quanto mais complexa se torna a sociedade, a desigualdade social
perdura, e a educaçao deixa de ser acessível a todos, o modelo de homem vai espelhar esse
quadro, dando a Teorias da Educaçao, um terreno fértil e complexo de actuação.
1. Introdução
Assim, pretende-se com esta síntese reflectir sobre as origens e objectivos que
nortearam a educaçao ao longo dos tempos alicerçados nas suas respectivas teorias. E
esse desiderato, passa necessariamente por definir a educaçao; identificar as
principais características de cada época (lógica, pensadores e ideal); projectar os
conflitos sociais remanescentes ao longo dos tempos.
2. Educação
Por mais que, nesta fase embrionária não se possa se quer falar das sombras de um
modelo de ensino formal e centralizado, muito pela sua natureza social, a educação
caminha conjuntamente com o homem, na história das civilizações, e no transpasse
do seu legado continuamente. Deste modo segundo Brandão (2007):
De acordo com Aranha (2012), esta educação nas comunidades tribais é difusa, e
marcada por um período meramente de tradição oral e mítica, isenta de escrita, por
conseguinte a única forma de mediação de saberes (pré-história).
Apesar do leito mítico e sagrado que dá essência à vida dos homens e da natureza das
coisas boas e más, as acções das comunidades contextualizam-se na imitação daquilo
que os deuses fizeram, tal sucede na aprendizagem das crianças, imitando os gestos
dos adultos nos ofícios e rituais (Aranha, 2012). Esta educação é difusa, integral,
universal e mítica, isto é, dada por todos sem imposição de castigos (companheiros e
mais velhos); abrange todas dimensões da vida; todos podem deter do saber e
participar; o mito é anterior a história tribal, por isso muito poderoso.
Foi por volta dos 5 mil anos atrás que nas planícies desérticas entre África e Ásia
(Oriente Médio, Oriente Próximo, Médio Oriente), nasceram as primeiras civilizações
(civilizações fluviais) numa espécie Cidade-Estado, como são os casos da
Mesopotâmia (Tigre e Eufrates), Egipto (Nilo), Índia (Indo e Ganges) e China
(Yangtsé e Huang-Ho) (Aranha, 2012; Gadotti, 2003). Assim, estas civilizações
primavam a educação nos valores da iniciação, animista (tudo possui alma), totemismo
(o clã concebe qualquer alma como sobrenatural) e religiosa (taoismo, budismo,
hinduísmo, judaísmo).
Taoismo (tao significa razão universal), foi segundo Gadotti (2003), fundado por
Confucio (551-479 a.C), e o seu Confucionismo (sistema moral que cultuava os mortos,
e concedia poderes ilimitados ao pai sobre os filhos), numa visao á obediência,
subserviência ao poder dos mandarins.
A educação hinduísta era discriminatória, exaltava o espírito, menosprezando o corpo,
contemplando as classes hereditárias altas, em detrimento dos párias e as mulheres.
Educação hebraica fundamentava-se nos valores religiosos, através do catecismo
(revisão e repetição), reforçada, como se refere Costa e Navaes (s.d), pelo código civil
judaico que negava Messias (Talmude).
Deve-se dizer, que a educação primitiva (aberta, espontânea, colectiva), foi perdendo
força, com a presença cada vez mais complexa da colonização, agora por via de
dogmas, rigor, temor e terror na apropriação desse saber antes igualitária.
Lao Tsé (jovem sábio, traduzido do chinês) e a sua obra Tao Té King (O Livro que
Revela Deus), influencia sem dúvidas o pensamento filosófico e pedagógico
acumulado durante a sua vida na corte imperial, através do poder da não-violência para
dominar (Gadotti, 2003). Outra figura incontornável no pensamento pedagógico, é
sem dúvidas, Mao Tsé-Tsung (revolucionário chinês).
A visão universal do homem divergia entre as velhas cidades rivais numa sociedade
de homens livres e escravos, os espartanos primando pela performance física, os
atenienses primando pela performance intelectual, logo a educação destinava-se aos
primeiros, buscando estimular a competição, as virtudes guerreiras, e superioridade
militar aos dominados. Nas palavras de Gadotti (2003), em meio a esta
descriminação, os gregos, alcançaram a educação integral, estabelecendo um diálogo
entre a cultura social e individual (prova disso está na transversalidade dos idolatrados
poemas de Homero).
Muitas podem ser as influências deixadas pelos pensadores gregos, marcadas por
Sócrates (A virtude pode ser ensinada, se as ideias são inatas?), Platão (A Educação
contra a Alienação na Alegoria da Caverna) e Aristóteles (A Virtude está no Meio
Termo). A educação patriótica espartana (submissão da vida ao sacrifício supremo) e
política ateniense, tem exercido influência até os nossos dias, até mesmo pelo seu tom
humanismo (busca pela verdade, bem e belo).
Não se pode falar desse percurso da educação em Roma, sem referenciar nomes
como Catão (234-149 a. C): o antigo, que primava pela formação do carácter; Marco
Terêncio Varrão (116-27 a.C): apologista da cultura romano-helénica; Marco Túlio
Cícero (106-43 a.C): pai da pátria, idealizava a educação na formação integral com a
dialéctica, filosofia, poesia, direito e cinema; Marco Fábio Quintiliano (mestre do
brinquedo), idealizador da escola (scbola), enquanto local privilegiado para o estudo.
Segundo Gadotti (2003), é nesta época, que pela primeira vez, o Estado forma
quadros (supervisores e professores) na guarda da escola e do seu funcionamento.
Com o declínio do Imperio Romano pelos grupos invasores, um novo figurino nasce
com rótula da Igreja Católica, mas alicerçada na tradição antiga. Aqui, Gadotti (2003),
lembra que Cristo foi um grande educador, através de parábolas, com recurso a
linguagem erudita e humilde.
Erasmo Decidério de Roterdã (1467-1536): rebelou-se da igreja, levando uma vida livre
difundido suas ideias humanista (a razão e o livre arbítrio como fonte da
moralidade) plasmadas em suas obras, como em sua sátira viés ao obscurantismo
conservador pseudo - religioso e da cultura medial Elogio da Loucura de 1509.
Os jesuítas com a suposta missão de conversão dos hereges e alimentação dos cristãos
vacilantes, Ratio atque Institutio Studiorum de 1599, contendo planos, métodos
(prelecção, contenda. Memorização, expressão e imitação), programas de educação
católica), desprezavam a educação popular, surgindo assim a formação burguesa dos
dirigentes e a formação catequética dos indígenas.
O Iluminismo mais tarde (século XVII), assumiu o protagonismo nas lutas pelo acesso
a educação para todos, são os casos das Escolas Dominicais (disseminando a fé por um
lado, e a acesso à escola das classes desfavorecidas). Alguns nomes: Jean-Jacques
Rousseau (!712-1782), percursor da escola nova no século XIX, numa alusão ao retorno
às origens do estado natural do homem, patente em suas obras: Sobre a desigualdade
entre pós homens, O Contrato social e Emílio, tendo influenciado educadores como
Pestalozzi, Herbart e Froebel (Gadotti, 2003).
É preciso notar que, apesar das inúmeras mudanças ocorridas, desde a humanização
da educação infantil, a igualdade entre os homens, a fraternidade, a liberdade, o ideal
iluminista da educação, transferiu o poder da igreja à burguesia, que não tardou com
o tom discriminatório entre as classes.
O Positivismo
Esta era, que por vezes confunde-se com a Modernidade, está mais para a
actualidade do que para lá dos primórdios da Modernidade, e por isso não deixa de
trazer à semelhança do período anterior, inúmeras correntes do pensamento
pedagógico, a destacar:
Nesta coerente, de acordo com Gadotti (2003), se bem que primava a centralização do
ensino no aluno, e nas actividades práticas, isso favorecia os projectos da nova
burguesia.
3. Teorias da Educação
Nessa perspectiva histórica, de que são forjadas as teorias educacionais em meio aos
conflitos permanentes entre as classes sociais, podemos referir 3 concepções das teorias
educacionais (Cabanas, 2002 citado em Costa & Fonseca, 2016): nível filosófico (reflecte
finalidade, valores que espalham o Homem, a Sociedade e o Mundo); nível sociológico
(definir o papel da educaçao na sociedade); nível pedagógico (projecta a organização e
realização através das varias concepções).
Autoria vs.
Estágios das Teorias Foco
Classificação
Pedagogia de Pedagogia da Pedagogia
Bordenave (1983) Conteudísta
Transmissão Moldagem Problematizadora
Não criticas Critico-Reprodutiva
AIE e
Saviani (1984) Pedagogia Pedagogia Pedagogia Exclusão Criticista
Escola
Tradicional Nova Tecnicista Simbólica
Dualista
Abordagem Abordagem Abordagem Abordage
Tradicional Comportam Humanista m Comportame
Mizukami (1986)
entalista Cognitivist ntalista
a
Pedagogia
Pedagogia Liberal
Progressista
J. Libânio (1982) Liber Progressista
Conserva Renovada Renovada não Liber Conte
tador
dora Progressista Directiva tária udísta
a
4. Considerações Finais
Em todas estas fases, ficou claro que a herança primitiva foi-se perdendo, abrindo
caminho para a segregação social pela luta de classes, para o monopólio do sistema
educativo nas mãos de grupos dominantes (o Clero e a Burguesia mais tarde) e do
canonização dos conteúdos, ora o conhecimento religioso, filosofia e direito, ora a
cultura, artes, e língua. Os jesuítas no Medievalismo, os Renascentistas, Humanistas,
Iluministas, Positivistas, Escolanovistas, são o testemunho de um ideal educativo que
tarda em chegar até os dias de hoje, o que nutri o terreno propício de actuação da
Pedagogia enquanto Ciência da Educaçao, pese embora subsista a complexidade da
sistematização das Teorias Educacionais.
Referências bibliográficas
Brandão, C. R. (2007). O que é educação. [Versão electrónica PDF]. Recuperado em
http://www.editorabrasiliense.com.br.
Costa, R. C. M. & Fonseca, S. (2016). As teorias da educação II. [Versão electrónica PDF].
Recuperadoem:<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S010
17330200208100017>.
Gadotti, M. (2003). História das ideias pedagógicas. [Versão electrónica PDF].
Recuperado em http://www.paulofreire.org.
Costa, R. C. M. & Novaes, M. A. B. (s. d). Teorias da educação I. [Versão electrónica
PDF]. Recuperado em: <http://www. md.uninta.edu.br.