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Paradigmas educacionais
O paradigma usado por um professor tem grande impacto no aluno, muitas vezes
determinando se ele vai aprender ou não aprender o conteúdo que é abordado.
A forma de aprendizagem das novas gerações é diferente das gerações anteriores, e por
isso um paradigma conservador não terá grande eficácia.
Conceito de avaliação
A avaliação faz parte da acção educativa, deve ser indissociável do processo de ensino-
aprendizagem, através da reflexão, da observação e do questionamento da própria
acção. Neste sentido, vale enfatizar o pensamento sempre atemporal de Paulo Freire
(1996) que argumenta que:
Origem da Avaliação
O termo avaliar provem do latim a + valere, que significa atribuir valor e mérito ao
objecto em estudo. Portanto, avaliar é atribuir um juízo de valor sobre a propriedade de
um processo para a aferição da qualidade do seu resultado, porém, a compreensão do
processo de avaliação no processo ensino-aprendizagem tem sido pautada pela lógica da
mensuração, isto é, associa-se o ato de “avaliar” ao de “medir” os conhecimentos
adquiridos pelos alunos. (Kraemer, 1995)
Função Somativa: tem como objectivo determinar o grau de domínio do aluno em uma
área de aprendizagem, o que permite outorgar uma qualificação que, por sua vez, pode
ser utilizada como um sinal de credibilidade da aprendizagem realizada. Pode ser
também denominada de função creditativa. Possui o propósito de classificar os alunos
ao final de um período de aprendizagem, de acordo com os níveis de aproveitamento. A
avaliação somativa pretende ajuizar do progresso realizado pelo aluno no final de uma
unidade de aprendizagem, no sentido de aferir resultados já colhidos por avaliações do
tipo formativas e obter indicadores que permitem aperfeiçoar o processo de ensino.
Corresponde a um balanço final, a uma visão de conjunto relativamente a um todo sobre
o qual, até aí, só haviam sido feitos juízos parciais.
Paradigmas de avaliação
A avaliação tradicional, tal como concebida e vivenciada na maioria das escolas , tem se
constituído no principal mecanismo de sustentação da lógica de organização do trabalho
escolar e, portanto, legitimador do fracasso, ocupando mesmo o papel central nas
relações que estabelecem entre si os profissionais da educação, alunos e pais. Esta
informação é necessária ao professor para procurar meios e estratégias que possam
ajudar os alunos a resolver essas dificuldades e essencial aos alunos para se
aperceberem delas (não podem os alunos identificar claramente as suas próprias
dificuldades num campo que desconhecem) e tentarem ultrapassá-las com a ajuda do
professor e com o próprio esforço. Por isso, a avaliação tem uma intenção formativa
(Kraemer, 1995).
Há uma busca, portanto, por uma avaliação formativa, a qual pode ser entendida como
toda prática de avaliação contínua que pretenda melhorar as aprendizagens em curso,
contribuindo para o acompanhamento e orientação dos alunos durante todo o seu
processo de formação. É formativa toda a avaliação que ajuda o aluno a aprender e a se
desenvolver, que participa da regulação das aprendizagens e do desenvolvimento no
sentido de um projecto educativo (Otsuka et al., 2002).Segundo Luckesi (1996)
argumenta que:
Através desses elementos constata-se que a avaliação não é um processo apenas técnico.
O educador deve reflectir acerca de algumas questões: Quem julga? Por que e para que
se julga? Quais os aspectos da realidade que devem ser julgados? Deve-se partir de que
critérios? Esses critérios se baseiam em quê? A partir dos resultados do julgamento,
quais são os tipos de decisões tomadas (Medel, 2010)? Como foi dito, a avaliação não é
um processo apenas técnico, é um procedimento que inclui opções, escolhas, ideologias,
crenças, percepções, posições políticas, vieses e representações, que informam os
critérios através dos quais será julgada uma realidade. A avaliação do aproveitamento
de alunos, por exemplo, pode basear-se em critérios reduzidos, apenas à memorização
de conteúdos, ou pode basear-se em critérios que visem ao crescimento pessoal dos
alunos, no que diz respeito as suas atitudes, liderança, conscientização crítica e cidadã.
Esses critérios se originam de opiniões acerca do que se entende por educação, e vão
direccionar o julgamento de valor acerca do desempenho daqueles alunos (medel,
2010).
O Mito da Avaliação
O mito da avaliação é decorrente de sua caminhada histórica, sendo que seus fantasmas
ainda se apresentam como forma de controle e de autoritarismo por diversas gerações.
Acreditar e efectivar um processo avaliativo mais eficaz é o mesmo que cumprir sua
função didáctico-pedagógica de auxiliar e melhorar o ensino-aprendizagem.
(Kraemer,1995).
O professor entra na sala de aula e anuncia: “- Hoje é dia de prova!” Pode-se observar a
ansiedade em todos os alunos. Uns, têm um ar pensativo, outros tentam encontrar uma
inspiração e⁄ou reflectem profundamente. Mas, o principal pensamento de todos em
relação à prova é a nota (Barbosa, 2008).
Assim, o termo avaliar tem sido constantemente associado a expressões como: fazer
prova, fazer exame, atribuir nota, repetir ou passar de ano. Essa associação, tão presente
ainda em nossas escolas, é resultante de uma concepção pedagógica ultrapassada, mas
tradicionalmente dominante. Nela, a educação é concebida como mera transmissão e
memorização de informações prontas, e o aluno é visto como um ser passivo e
receptivo. Em consequência, a avaliação se restringe a medir a quantidade de
informações retidas. Nessa abordagem, em que educar se confunde com informar, a
avaliação assume um carácter selectivo e competitivo (Otsuka et al., 2002).
Na avaliação mediadora o professor deve interpretar a prova não para saber o que o
aluno não sabe, mas para pensar nas estratégias pedagógicas que ele deverá utilizar para
interagir com esse discente. Para que isso aconteça, o desenvolvimento dessa prática
avaliativa deverá decodificar a trajectória de vida do aluno durante a qual ocorrem
mudanças em múltiplas dimensões, e isso é muito mais que conhecer o educando. Em
um processo de aprendizagem toda resposta do aluno é ponto de partida para novas
interrogações ou desafios do professor. Devem-se ofertar aos alunos muitas
oportunidades de emitir ideias sobre um assunto, para ressaltar as hipóteses em
construção, ou as que já foram elaboradas. Sem tais atitudes, não se idealiza, de fato, um
processo de avaliação contínua e mediadora (Hamze, 2010).
A avaliação deve ser a “reflexão transformada em acção”. Acção essa que nos
impulsione às novas reflexões. Reflexão permanente do educador sobre sua realidade e
acompanhamento, passo a passo, do educando na sua trajectória de construção do
conhecimento. Um processo interactivo, através do qual educando e educadores
aprendem sobre si mesmos e sobre a realidade escolar no ato próprio da avaliação. Não
se deseja uma avaliação autoritária que assuma a responsabilidade pelo diagnóstico do
desempenho do aluno e a partir daí, tomam-se decisões fora do alcance que a própria
avaliação oferece (Otsuka et al., 2002).
Chegados a este momento do trabalho, pode-se aclarar que nos dias de hoje, a avaliação
da aprendizagem não é algo meramente técnico. Envolve auto-estima, respeito à
vivência e cultura própria do indivíduo, filosofia de vida, sentimentos e posicionamento
político. Embora essas dimensões não sejam perceptíveis a todos os professores,
observa-se, por exemplo, que um professor que usa o erro do aluno como ponto inicial
para compreender o raciocínio deste educando e rever sua prática docente, e, se
necessário, reformulá-la, possui uma posição bem diversa daquele que apenas atribui
zero àquela questão e continua dando suas aulas da mesma maneira. Do mesmo modo, o
educador que faz uso de instrumentos de avaliação diversos para, ao longo de um
período, acompanhar o ensino-aprendizagem, é diferenciado daquele que se restringe a
dar uma prova ao final do período. Entende-se que a avaliação não pode morrer. Ela se
faz necessária para que possamos reflectir, questionar e transformar nossas acções. Os
novos paradigmas em educação devem contemplar o qualitativo, descobrindo a essência
e a totalidade do processo educativo, pois esta sociedade reserva às instituições
escolares o poder de conferir notas e certificados que supostamente atestam o
conhecimento ou capacidade do indivíduo, o que torna imensa a responsabilidade de
quem avalia. Pensando a avaliação como aprovação ou reprovação, a nota torna-se um
fim em si mesmo, ficando distanciada e sem relação com as situações de aprendizagem
Mudar a nossa concepção se faz urgente e necessário. Basta romper com padrões
estabelecidos pela própria história de uma sociedade elitista e desigual. Neste sentido,
mudar a avaliação significa provavelmente mudar a escola. Automaticamente, mudar a
prática da avaliação nos leva a alterar práticas habituais, criando inseguranças e
angústias e este é um obstáculo que não pode ser negado, pois envolverá toda a
comunidade escolar. Se as nossas metas são educação e transformação, não nos resta
alternativa senão juntos pensar uma nova forma de avaliação. Romper paradigmas,
mudar nossa concepção, mudar a prática, é construir uma nova escola.