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ÍNDICE
INTRODUÇÃO....................................................................................................................3

Percurso Histórico da Linguística como Ciência...................................................................4

Estudos linguísticos do século XIX (Gramática Comparada e Linguística indo-europeu)........5

Os Neopragmáticos no caminho da Linguística...................................................................5

Saussure e o Estruturalismo................................................................................................6

Funcionalismo vs. Estruturalismo Saussureano....................................................................6

A língua mais antiga: objecto da Linguística........................................................................8

Gramática e sua composição...............................................................................................8

Competência linguística/comunicativa (arte de se expressar a todos em situações...............9

Linguagem humana e Animal (Diferenças).........................................................................10

CONCLUSÃO....................................................................................................................12

REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS.......................................................................................13
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INTRODUÇÃO
Este trabalho da cadeira de Linguística Geral, trata das seguintes temáticas: percurso
histórico da Linguística como ciência; a língua mais antiga que constituiu objecto da
Linguística; Gramática e sua composição; e as diferenças entre a linguagem humana e
animal.

Com estas temáticas pretende-se reflectir em torno do percurso da Linguística na


construção da sua cientificidade, da definição do seu objecto de estudo e na consolidação
dos métodos de investigação.

No percurso da Linguística pela cientificidade, começamos por referir o papel dos filósofos
da antiguidade na tentativa de explicação dos fenómenos linguísticos (retórica, aquisição e
similaridades), passando pelo século XIX (período que se assiste a grande revolução com as
visões de Saussure) até as oposições dos funcionalistas na contemporaneidade. Os estudos
pré-saussureano que lançaram as bases do que viria a se chamar Linguística, estavam
voltados a grande língua indo-europeu.

Em relação a Gramática, partimos do seu conceito e desaguamos nas partes que a compõe
na regulação do funcionamento de uma língua particular. Finalmente diferenciamos as
linguagens humana da animal.

Esta pesquisa tem uma abordagem qualitativa e de aporte teórico pelo que, a
fundamentação das suas conclusões graça das mais diversificadas fontes bibliográficas, e
dos métodos indutivo e dedutivo na lógica do raciocínio.
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Percurso Histórico da Linguística como Ciência


Toda disciplina que requer a cientificidade tem de identificar o seu objecto de estudo, seus
métodos próprios e estabelecer a relação com outras ciências, conferindo-lhe substância e
credibilidade nos seus estudos. Esta particularidade, também se verifica com a Linguística
enquanto ciência.

Linguística é o estudo científico da língua natural, mas que não se limita a uma língua
específica ou a uma família de línguas ou conjunto de línguas, contudo é com o
conhecimento cumulativo delas que compreende a língua na sua totalidade (Viotti, 2008).

E como fazíamos referência anteriormente, a cientificidade da Linguística exigem em parte


que esta se relacione com a Biologia, Neurofisiologia, Psicologia e Biologia. Por exemplo, a
teoria segundo a qual os homens nascem com um dispositivo genético que os permite falar
ou aprender qualquer língua, tem chamado atenção nos estudos da Linguística na
actualidade.

Segundo Viotti (2008), se a língua é parte da cognição humana, então è tarefa da Linguística
buscar estabelecer a relação a língua e pensamento, conexões com a capacidade motora,
com a capacidade visual e auditiva, e como essas conexões operam na construção de
significados.

Os estudos sobre a língua humana remota desde a Grécia Antiga, com as relações entre a
língua e pensamento, a gramática, a retórica e a poética, fundamentados nos estudos de
Aristóteles; na Idade Media a atenção dos estudos sobre a língua estava voltada ao âmbito
da Gramática Prescritiva ou Normativa (preservando o latim a interferência dos povos
orientais); e no Modernismo com as viagens exploratórias e a descoberta de novas línguas
nos continentes africano, americano e asiático (Viotti, 2008).

Assim na visão de Matoso (1975), citado em Cryanka (2014), a trilha dos estudos pré -
saussureanos da linguagem humana classificam-se em dois tipos importantes: os
paralinguísticos (que reflectiam a linguagem no sentido filosófico, enquanto expressão da
natureza biológica) e os pré-linguísticos (prescritivos, que distinguia a utilização da língua em
função dos estratos sociais). Por esta via, é ilusório afirmar que a Linguística Moderna é de
todo inovadora e a atribuição de várias temáticas a inventiva de Saussure e outros
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linguistas, quando as questões abordadas na actualidade já foram objectos de estudos


clássicos.

Estudos linguísticos do século XIX (Gramática Comparada e Linguística indo-europeu)


De acordo com Cryanka (2014), a noção da língua como um sistema de signos
independentes e a Linguística como ciência da linguagem humana, è fruto do manancial
acumulados pelos estudos iniciados na Antiguidade e os contemporâneos iniciados por
William Jones nos seus estudos sobre as relações entre o sânscrito, o grego e o latim.

Os estudos da Linguística verdadeiramente começaram no século XIX, com as pesquisas


histórico-comparativas, como o estudo de Franz Bopp, fundador da Ciência Historio-
comparativo (com a comparação da conjugação verbal do sânscrito, latim, persa e
germânico), que revelaram profunda semelhança ou até mesmo algum grau de parentesco.
Em sua obra Gramática Comparativa, denominou de indo-europeia a família de línguas
inicialmente falada na Europa e Asia (Cryanka, 2014).

Assim a Linguística como ciência nasce com o Método Histórico – Comparativo criado por
Bopp, que deu o cunho científico os estudos linguísticos. E apesar dos opositores ao método
comparativo de Bopp, foi nele que se fortaleceram os estudos do biólogo Schleicher
segundo o qual “(…) as línguas nascem de uma língua-mãe, das línguas-ramo nascem ramos
menores e desses ramos menores surge uma bifurcação de dialetos. Finalmente, temos o
tronco da árvore – a Ursprache, ou a protolíngua indo-germânica” (Cãmara Jr., 1975, p. 52
citado em Cryanka, 2014).

Os Neopragmáticos no caminho da Linguística


Desde a Antiguidade com as tentativas de sistematização dos conhecimentos linguísticos
(Aristóteles e Santo Agostinho, entre outros), passando pelos métodos descritivos e
prescritivos, mais tarde e mais tarde decisivamente pelo método histórico-comparativo, e a
afirmação científica da Linguística, não se deve descorar os grandes contributos dos
negramáticos, a começar pela visão da qual a cientificidade da Linguística dependia do
método histórico (nos métodos e objectivos) (Cryanka, 2014).
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Para os neogramáticos o mais importante era a construção de uma teoria de mudança que
consistia na fundamentação de que as mudanças fonéticas resultavam de acções mecânicas
(fisiológicas e psíquicas) e não na simples reconstrução comparativa de línguas remotas
através dos vocábulos e estruturas, ou seja, as leias da fonética aplicavam-se de forma cega
e as mudanças de vocábulos, ocorriam em simultâneo em todos lugares de forma exacta,
sendo que os desvios eram resultados inesperados e matéria de investigação.

Segundo Cryanka (2014), os trajectos dos estudos linguísticos até o final do século XIX,
revelaram uma profunda busca de explicações sobre a natureza da linguagem humana, com
o fortalecimento dos métodos desde a gramática filosófica grega até ao fortalecimento do
método histórico-comparativo (a língua enquanto manifestação histórica da humanidade),
contudo a explicação do funcionamento da linguagem humana coube a Wilhelm Von
Humboldt, com a dedução segundo a qual, o estudo de todas línguas oferece subsídios da
noção gramatical (um passo tímido para o que viária a ser o generativismo).

Saussure e o Estruturalismo
Em vésperas do final do século XIX, a visão imposta pelos estudos linguísticos era apenas
fundamentada pelo método histórico-comparativo, mas do suíço Ferdinand Saussure, veio
uma reacção contraria, que concebia a língua como um conjunto relações,
consubstanciando um sistema que é o mais importante do que os elementos externos que a
constituem (Cryanka, 2014).

Saussure defendia que importava mais era a ideia de oposição colocada diante dos signos
linguísticos, constituído dentro do sistema, onde os aspectos externos a língua não
influencia, estabelecendo diferenças claras entre a língua e a fala, tendo-se dedicado
profundamente a língua. Deu mais importância a sincronia em relação a diacronia (recorrida
pelos comparatistas), distinguindo significante (som) e significado (sentido), Saussure
descobre uma construção legítima e estrutural nas línguas (Faraco, 2004 citado em
Cryanka, 2014).

Desta forma, foi com Saussure que a Linguistica solidificou suas bases enquanto verdadeira
ciência da linguagem, passando desta forma os estudos das mudanças linguísticas a ser
compreendidos do ponto de vista sincrónico a partir da estrutura interna do próprio sistema
linguístico.
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Funcionalismo vs. Estruturalismo Saussureano


Após o corte Sausseriano nos finais do século XIX, outros aspectos foram levantados como
na forma de conceber a língua, a sua origem, funcionamento ou até a visão instrumental da
linguagem de Whitney, que:

admite que os sons da linguagem foram produzidos pela imitação dos sons da
natureza, naquele estágio em que não constituíam a língua no seu verdadeiro
sentido. A língua foi criada somente quando o pensamento humano excogitou
empregar os sons vocais com propósito comunicativo (Camara, 1975, p. 59 citado
em Lucia, 2014).

O funcionalismo deve ser encarado como a abordagem da Linguística que reivindica a


participação do falante na construção, na interferência da gramaticalização dos elementos
discursivos ou até na variação linguística, ou seja, o exame dos recursos utilizado pelo
falante para exercer a competência comunicativa, apoiando-se nas estruturas linguísticas
(Cryanka, 2014).

Dois focos podem ser identificados na abordagem funcionalista, o primeiro concebe a


linguagem como instrumento de comunicação e de interacção social, e o segundo como
consequência do primeiro, não separa a linguagem como objecto de estudo e o seu uso, ou
seja, a linguagem adapta-se as funções e deve ser esclarecida nessa base, que no final de
contas, é comunicativa.

O fundamento do Givon ao funcionalismo, dependia da quebra de 3 (três) dogmas de


Saussure (a arbitrariedade do signo linguístico, a oposição sincronia e diacronia e a
idealização da língua em detrimento da fala). Em relação ao primeiro aspecto, Saussure
reconhece haver algumas poucas excepções, por isso as tomou em consideração; no
segundo aspecto o funcionalismo demonstrou as interferências da fala no sistema
linguístico a nível lexical, morfossintáctico e semânticas resultantes das necessidades
específicas de comunicação (Martelotta, 2003 citado em Cryanka, 2014).

Esta justificação das mudanças da língua em função das necessidades contextuais dos
falantes, os funcionalistas chamarão de iconicidade (forma e função), que se opem
fortemente a arbitrariedade do signo linguístico. Outro dogma saussureano, foi a
valorização da língua em detrimento da fala, algo negado pelo facto de estar provado que o
falante tem o poder de mudar o funcionamento do sistema linguístico através da iconicidade.
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Há segundo Cryanka (2014), outros aspectos subjacentes da visão funcionalista, entre eles a
informatividade (codificação da mensagem do mundo exterior e pessoal para transita-la
para o seu interlocutor) e transitividade (possibilidade do verbo ou sentença ser transferida
de um …

Origem do termo linguística

O termo Linguística foi utilizado primeiramente em contexto científico na obra


Sprachwissenschaft de 1833, que incidia o estudo da língua dentro do seu sistema, e não
pela retórica ou pelo paralelismo diacrónico que dominaram os estudos no campo das
línguas até o século XVIII. Mas como fizemos referência, este campo de saber consolida-se
através da arrancada de Ferdinand Saussure nos finais do século XIX com a sua obra-prima
Cours de la Linguistique generale de 1972.

A língua mais antiga: objecto da Linguística


Partindo do pressuposto de que as tentativas da explicação do fenómeno linguístico têm o
seu início na antiguidade grega através de Aristóteles, era espectável que os seus
contemporâneos até a modernidade, levantassem preocupações em torno do um ancestral
linguístico comum, no qual todas as línguas românicas ou novilativas tivessem origem. Esta
preocupação esteve na origem da glória dos neogramticos (predecessores de Saussure).

Pinto, Lopes e Neves (2001):

o indo-europeu era uma língua muitíssimo antiga, que espalhou os seus ramos pelas
vastas regiões da Asia e por quase toda a Europa, dando origem a outras línguas
como o hitita, o arménio, o grego, o albanês, o eslavo, o germânico, o céltico e o
itálico (que por sua vez deu origem ao latim, osco, imbrico e venetico) (p. 75).

Foi com os neogramáticos que os estudos sobre a língua indo-europeu, ganhou um novo
impulso, provando similaridades das línguas novilatinas em relação ao ancestral comum (o
latim, protolíngua da família românica), tendo ficado provado que terá sido o latim vulgar
(maior abrangência) e não o clássico (menor abrangência), de onde teria originado uma
variedade de dialectos ou línguas (Cryanka, 2014; Pinto, Lopes & Neves, 2001).
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Gramática e sua composição


Com as ideias de Noam Chomsky e a sua Gramática Generativa (inata, universal, projectada
na mente de cada ser humano), a Gramática ganha dois sentidos: como conhecimento
linguístico dos falantes e como descrição desse conhecimento pelos linguistas (encarando a
gramática na dimensão cognitiva) (Brito, 2010).

Gramática é a componente funcional do sistema linguístico particular, passível de análise e


intervenções no campo dos estudos linguísticos dessa mesma língua, ou por outra, uma
seria de procedimentos normativos do funcionamento de um determinada língua
(competência e performance). Assim, podemos referenciar como parte da gramática, as
seguintes:

 Lexicologia

É a parte da Gramática que se ocupa do estudo das palavras em seus variados aspectos
(origem, processo de importação de vocábulos, influencias de outras línguas, etimologias,
entre outros) (Pinto, Lopes & Neves, 2001).

 Fonética e Fonologia

Fonética é a parte da Gramática que estuda a substância constituída de sons e gestos, a fim
se compreender as características físicas dos sons das línguas orais e dos gestos das línguas
de sinais (aspectos articulatórios e acústicos/ópticos), ao passo que, a Fonologia é o conjunto
de sons organizados (significantes), que são representações mentais acústicas e ópticas.

 Morfologia

Parte da Gramática que estuda a palavra (sua estrutura interna e externa, classificação,
categorias, formação, entre outras) e sua unidade mínima, portadora de significado
(morfema) (Viotti, 2008).

 Sintaxe

Segundo Viotti (2008), é a área da Gramática que estuda a estrutura da sentença (relação
entre elas, posições, grupos, tipos natureza entre outros).

 Semântica e Pragmática
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Semântica trata da significação linguística independentemente do uso que se faz da língua.


A Pragmática, por outro lado, teria como objecto o estudo da significação construída a
partir do momento em que a língua é posta em uso, ou seja, em uma determinada situação
de fala. E importante compreender que, a semântica não pode ser tida de forma isolada ou
descontextualizada, o valor das sentenças e discursivos devem ser encarados na totalidade
(Viotti, 2008).
Competência linguística/comunicativa (arte de se expressar em situações diferentes)

A questão da competência linguística remete-nos imediatamente a ideia da relação entre a


linguagem e pensamento não nova nos estudos da Linguística, pelo que vem sendo discutida
desde a Antiga Grécia.

É segundo Viotii (2008), com Noam Chomsky a partir de 1957 que esta dimensão da
Linguística ganha ímpeto, através da visão segundo a qual, todos seres humanos são
dotados de um dispositivo mental (Language Acquisition Divice) responsável pela formação
e compreensão das expressões linguísticas, que não se limita uma língua apenas, ou seja,
uma Gramática Gerativa. Assim nesta Gramática Gerativa, tem a língua como seu objecto,
encarada como o conhecimento que um falante tem da sua própria língua (competência).

Competência “é o conhecimento mental que um falante tem de sua língua em resultado do


desenvolvimento do conhecimento linguístico inato, a partir de sua interacção com dados
de uma determinada língua” (Viotti, 2008, p. 35). Nesta dimensão Chomskyana, podemos
retrata-la como competência linguista, na medida em que trata-se de um conhecimento
involuntário que cada falante detém em sua mente.

Performance diferentemente da competência, e a realização concreta da língua numa


situação comunicativa, incluindo as questões socioculturais. Assim, nesta performance
podemos em função, não apenas devidas a Gramática Gerativa ou Universal, mas também
sociais e individual, podemos identificar a competência comunicativa.

A competência comunicativa “é a capacidade de o sujeito circular na língua-alvo, de modo


adequado/apropriado, de acordo com os diversos contextos de comunicação humana
(Hymes, 1995 citado em Padilha, s.d). Esta competência descontrole a visão limitada
defendida por Chomsky, na medida em que agrega não só a competente inata, como
também a criatividade e juízos de valor relacionado com as vivências sociais.
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Por outra a competência comunicativa equipara-se a competência gramática (não universal),


mas ampla na dimensão individual da realização de uma língua pelo seu falante, exigindo
deste um esforço acrescido para a inovação e mudança contextualizadas as necessidades
comunicativas, já preditas pelos funcionalistas em oposição as pregações saussureanas.

A competência comunicativa alcança a plena realização quando seduzida em competência


gramatical (domínio do código linguístico e habilidade de utilização adequada),
competência sociolinguística (regras socioculturais de uso discursivo e de interpretação
contextualizados), competência discursiva (combinação gramática e semântica
contextualizada), e competência estratégica (domínio das estratégias de comunicação)
(Canale, 1995 citado em Padilha, s.d).

Linguagem humana e Animal (Diferenças)


Antes de mais, importa diferenciar a língua da linguagem, e a partir desse ponto
destrinçarmos a linguagem humana e a linguagem animal.

A língua para Saussure é um “produto social da faculdade da linguagem e um conjunto de


convenções necessárias estabelecidas e adoptadas por um grupo social para o exercício da
faculdade da linguagem” (Viotti, 2008, p. 2008).

Linguagem é a manifestação das mais variadas formas de comunicação, que podem ser a
linguagem animal, falada, escrita, das artes e dos gestos (Link & Goulart, 2011).

Na visão de Saussure, a “linguagem é uma faculdade humana, uma capacidade que os


homens têm para produzir, desenvolver, compreender a língua e outras manifestações
simbólicas semelhantes à língua” (Viotti, 2008, p. 15).

A linguagem humana expressa vários sentidos em função dos diferentes contextos,


situações e experiencia, na medida em que o homem aprende a língua, e em função dos
códigos limitados desse sistema, pode recriar novas formas na sua utilização (variação e
mudança linguística).

Segundo Link e Goulart (2011), o homem tem a capacidade de captar, organizar e emitir
sons a partir de uma mensagem com recurso aos símbolos de um determinado sistema
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linguístico. Assim, a língua natural traduzida na linguagem humana, é um constructo social,


fruto da civilização de um determinado grupo.

A linguagem animal por seu turno, manifesta-se através de códigos gestuais (sinais), que
pode ser percebida visualmente ou auditivamente, porem esta não pode ser recriada (tem
forma estática), por exemplo, a descoberta do pólen e néctar das flores por uma abelha, que
queira comunicar-se a um enxame, vai se manifestar através da dança do oito (presença do
pólen) e dança circular (presença do néctar) (Link & Goulart, 2011).

A forma automática como se processa a linguagem animal, e a particularidade irracional das


suas comunidades, não permite a variação e mudança dos códigos em função dos
diferentes contextos em que vivem, ou seja, esta linguagem gestual das abelhas vai se
manter estática por tempos, como vem sendo desde os primórdios.
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CONCLUSÃO
Os estudos sobre a língua datam da Antiguidade nas mãos dos filósofos gregos como Platão
e Aristóteles (sobre como se aprendia a língua, a retórica e estilística, familiaridades
linguística, entre outros), mas o termo Linguística é citado pela primeira vez na obra
Sprachwissenschaft em alemão, de 1833, contudo a cientificidade da Linguística é a soma de
todo esse acervo gnosiológico, a contribuição dos estudos medievais através do método
histórico-comparativo da língua indo-europeu e o toque final de Saussure em Cours de la
Linguistique generale de 1972.

Foi com Saussure que a Linguística finalmente concebe na linguagem humana como
manifestação da língua, no seu objecto de estudo, desta feita não fundamentado nos
estudos histórico-comparativos, mas a abordagem da língua na sua singularidade num
contexto sincrónico (a língua é tida como um património sociocultural marcada pela
dicotomia significante e significado).

As visões de Saussure encontraram em parte uma grande simpatia no seio dos


Neopragmáticos, que defendiam que a variação linguística não dependia das meras
abordagens histórico-comparativas, mas sim da articulação fonética. Já os Funcionalistas,
atacaram ferozmente os postulados de Saussure por ignorar o papel dos falantes na
variação do fenómeno linguístico (a língua justifica-se pelos diferentes contextos
comunicativos).

A Gramática é o conjunto de conhecimento prescritivo de uma língua, passível de


construção na convivência social vivida por cada falante dentro da comunidade discursiva, e
o falante pode a desenvolver através da sua performance em função dos imputs oferecidos
por diferentes contextos comunicativos. Esta particularidade da linguagem humana, não se
verifica na linguagem animal, que é estática e gestual.
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REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Brito, A. M. (Org.) (2010). Gramática: história, teorias e aplicações. Porto: FUP-FL.

Cryanka, L. F. M. (2014). Evolução dos estudos linguísticos. Revista Pratica de Linguagem,


vol. 4, n.º 2. Recuperado em http//:www. www.ufjf.br›praticasdelinguagem›files.

Link, I. M. D & Goulart, M. M. (2011). Algumas considerações sobre a linguagem humana e a


linguagem animal. Recuperado em http//:www.unicruz.edu.br/seminário.

Padilha, E. C. (s. d). Reflexões sobre a competência comunicativa e a formação de professores


de língua estrangeira e suas competências. Recuperado em http//:www.
periodicos.ufsm.br›.

Pinto, J. M. C, Neves, M. & Lopes, M. C. V. (2001). Gramática do português moderno (8ª ed.).
Lisboa: Plátano Editora, S.A.

Viotti, E, C. (2008). Introdução aos estudos linguísticos. Florianópolis, Brasil: USP.

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