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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ

CENTRO DE HUMANIDADES

CURSO DE LETRAS

Disciplina

TEORIAS LINGUÍSTICAS

ALUNA: MAYARA STEPHANY S. ALCINDO

Historicismo – Movimento em linguística que “nasceu” aproximadamente no final do século


XVIII, período caracterizado pelo grande material de estudos desenvolvidos por estudiosos
sobre as origens comuns e os desenvolvimentos históricos de diferentes idiomas. A partir do
surgimento da LINGUÍSTICA HISTÓRICA que se dá o início de uma reflexão sobre as
mudanças das línguas pelo viés científico. Corresponde a um período anterior de
pensamento linguístico, preparando o campo para o Estruturalismo. Esse termo
(historicismo) já pressupõe suas características, a linguística além de ser de caráter
científico, é também de caráter histórico: as línguas são como são agora, porque sofreram
mudanças temporais, portanto a historia das línguas não deve ser desprezada. Ver Lyons,
1981: Cap. 7; Faraco, 1991: p.82-98.

Filologia – A partir do significado etimológico da palavra “filólogo”: amigo da palavra; amante


do falar - seu campo semântico se amplia bastante, abrangendo o que se refere à
comunicação desde sua forma falada ou escrita. FILOLOGIA E LINGUÍSTICA (séc. XIX): a
Filologia tem caráter histórico e parte de línguas documentadas em textos originais. A
Filologia não pretende ser uma ciência que descreve os sistemas linguísticos, mas,
naturalmente, ela estuda com profundidade a língua(gem) para tomar atribuições da
fonologia, da morfologia, dos dialetos de uma determinada língua. Ver Silva, 2008.

Linguística sincrônica ou descritiva – No contexto de dinâmica versus estática, o objeto-


língua é estudado fora da dimensão dos efeitos do tempo, “implica que as considerações
históricas são irrelevantes para a investigação de determinados estados temporais da
língua”. (Lyons, p. 44). A linguística sincrônica vai se preocupar com a “investigação dos
diferentes estados da língua”. A linguagem estudada sincronicamente tomaria como objeto
de estudo um dado momento na evolução natural das línguas. Ver Lyons, 1981: Cap. 2;
Linhares, 2015.

Linguística diacrônica ou histórica – Tipo de estudo linguístico muito comum durante o


século XIX, quando muitos linguistas ocuparam-se de investigações históricas e formularam
teorias para as mudanças das línguas. Diacrônico/sincrônico são uma das DICOTOMIAS
SAUSSURIANAS. Uma descrição diacrônica considera o desenvolvimento histórico de uma
língua e as mudanças que ocorrem em pontos diferentes no tempo. Ver Lyons, 1981: Cap. 2.
Método comparativo – Procedimento fundamental da Linguística Histórica. A linguística
comparada interessa‐se por identificar a origem comum de um grupo de línguas. Através do
método comparativo é identificado, entre duas ou mais línguas, semelhanças e diferenças e
se elas têm parentesco, através de comparações em diferentes níveis gramaticais –
morfológico, semântico, sintático, fônico. A partir do trabalho de William Jones (1746-1794)
que destacava várias semelhanças entre o sânscrito, o latim e o grego, foram desenvolvidos
outros estudos sistemáticos da história dessas línguas. A linguística comparada tem como
um dos principais expoentes Franz Bopp que demonstrou, através da comparação
detalhada, que havia entre as línguas grega, latina, persa e germânica uma origem comum.
Ver Duchowny, 2012; Linhares, 2015; Brandão, Vitorino, 2012.

Linguística histórico-comparativa – Surge da união entre o estudo histórico e o estudo


comparativo. Enquanto que os fundamentos da linguística comparada foram preparados por
Franz Bopp, os fundamentos da linguística histórica só foram estabelecidos concretamente
por Jacob Grimm. Grimm não estava interessado apenas na demonstração do parentesco
entre línguas, mas ele foi o responsável por desenvolver um estudo propriamente histórico,
abordando o desenvolvimento da língua germânica durante quatorze séculos de dados
cronologicamente datáveis. Atento as mudanças cronologicamente datáveis e fazendo
comparações exaustivas, chegou-se a estabelecer normas e leis que possibilitaram a
reconstituição de uma língua não documentada. Ver Duchowny, 2012; Linhares, 2015;
Brandão, Vitorino, 2012.

Filologia românica – Caracteriza-se pelo estudo histórico-comparativo das línguas


originadas do latim. Friedrich Diez, autor de uma gramática histórico-comparativa e um
dicionário etimológico das línguas românicas, tornou-se o pai da Filologia Românica. Devido
a grande quantidade de documentos escritos em latim, foi possível fazer um estudo histórico-
comparativo com um maior grau de refinamento. Ver Silva, 2008; Silva, 2011.

Neogramáticos – Nova geração de linguistas que surgem no final do século XIX. Essa nova
escola esteve sob influencia das ciências naturais e do darwinismo, e criticavam certos
pressupostos tradicionais. Os neogramáticos recomendavam que, ao invés de tentarem
encontrar a língua original indo-europeia, os pesquisadores deveriam voltar sua atenção para
as línguas vivas e fizessem dela seu objeto de estudo, onde pudessem investigar os
mecanismos da mudança das línguas. Faraco, 1991: p.82-98; Yamamoto, 2014.

Analogia – Para os neogramáticos, a analogia é uma força psicológica capaz de fazer com
que a lei da evolução fonética não ocorra da maneira regular. Com o conceito de analogia,
os neogramáticos explicaram as anomalias causas pelas mudanças sonoras que até então
não tinham explicação. Trazendo para os dias de hoje, podemos encontrar esse fenômeno
na fala das crianças, em erros como boti e fazi (contrariando a gramática normativa do fiz e
botei). Ver Silva, 2008.

Estruturalismo – Em linguística, é convencional datar o nascimento do estruturalismo com a


data de publicação do Cours de linguistique générale de Saussure em 1916. A linguística
histórica nos 1900 vai tomar um rumo diferente, a reflexão linguística vai ser trazida para a
dimensão estática dos fenômenos, diferente do foco das preocupações centrais de cunho
dinâmico da linguística histórica nos anos 1800. Língua (como sistema) vai ser estudada de
forma independente de sua realidade histórica. Ver Lyons, 1981: Cap. 7; Paixão de Sousa,
2006.
Bibliografia básica:

FARACO, Carlos Alberto. Lingüística Histórica. São Paulo: Ática. 1991. p.82-98

LYONS, John. Linguagem. Linguagem e linguística: uma introdução. Rio de Janeiro:


Guanabara Koogan, 1981. p.15-64; 201-218. Tradução:Marilda Averbug, Clarisse Sieckenius
de Souza.

Bibliografia extra:

BRANDÃO, Jacyntho Lins; VITORINO, Júlio César. O método histórico comparativo. In:
Fundamentos de Linguística Comparada. Belo Horizonte: UFMG 2012. p.41-51. Disponível
em:<https://dspaceprod01.grude.ufmg.br/dspace/bitstream/handle/OAUFMG/794/
APOSTILA10mar12.pdf?sequence=1>. Acesso em: 1 dez. 2015.

DUCHOWNY, Aléxia Teles. Definindo Linguística comparada. In: FUNDAMENTOS DE


LINGUÍSTICA COMPARADA. Belo Horizonte: UFMG, 2012. p.8-17. Disponível em:
<https://dspaceprod01.grude.ufmg.br/dspace/bitstream/handle/OAUFMG/794/
APOSTILA10mar12.pdf?sequence=1>. Acesso em: 1 dez. 2015.

YAMAMOTO, M. I. . Da Etimologia à Linguística Histórica: Considerações Diacrônicas Sobre


o Estudo da Lingua(gem). In: IV Congresso Internacional de História, 2014, JATAÍ. Anais
Congresso 2014. JATAÍ: Universidade Federal de Goiás/Campus Jataí, 2014. p. 1-14.
Disponível em: <http://www.congressohistoriajatai.org/anais2014/Link%20(171).pdf> Acesso
em: 2 dez. 2015

LINHARES, A. A. . Gramática Histórico-Comparativa: Contribuições para a formação de


Línguas Modernas. VERBUM - Cadernos de Pós Graduação , v. 7, p. 34-46, 2015.
Disponível em: <http://revistas.pucsp.br/index.php/verbum/article/view/22647> Acesso em: 2
dez. 2015

PAIXÃO DE SOUSA, M. C. ; Lingüística Histórica. In: Claudia Pfeiffer; José Horta Nunes.
(Org.). Introdução às Ciências das Linguagem: Língua, Sociedade e Conhecimento.
1ed.Campinas: Pontes, 2006, v. 3, p. 11-48. Disponível em: <
http://www.tycho.iel.unicamp.br/~tycho/pesquisa/caps/PAIXAODESOUZA_MC-2006a.pdf>
Acesso em 3 dez. 2015

PEIXOTO, M. S. ; A Linguística antes de Ferdinand de Saussure Uma Retomada Histórica.


Página de Debate: Questões de Linguistica e de Linguagem , v. 09, p. 58-69, 2009.
Disponível em<http://www.cepad.net.br/linguisticaelinguagem/EDICOES/09/Arquivos/07.pdf>
Acesso em: 2 dez. 2015

SILVA, João Bosco da. Estudo das origens da linguística românica: o método histórico-
comparativo de Rodolf Elari e Silvio Elia. Bahia: 2008. p.1-10. Disponível em:
<http://static.recantodasletras.com.br/arquivos/4875731.pdf>. Acesso em: 1 dez. 2015.

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Disponível em:<http://www.epublicacoes.uerj.br/index.php/soletras/article/viewFile/
3883/2712> Acesso em: 3 dez. 2015

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