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Universidade Federal do Rio Grande do Norte

SECRETARIA DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA – SEDIS


Fundamentos Linguísticos I

Sandra Cristina Barros (professora)


Elza Mª S. Alves(tutora)
Janima Bernardes (tutora)
 
 a) Para o estruturalista (Bloomfield) – “a língua é o
conjunto de enunciados que pode ser produzido por uma
comunidade de fala”.
 b) Para o gerativista (Chomsky) – “a língua do
estruturalista (a língua externalizada) é um
epifenômeno, não tem existência por si só, a única coisa
que tem existência é a gramática (a língua
internalizada). Essa língua é alguma coisa que vai ser
definida em outro nível que não o estritamente
lingüístico”.
c) Para a Sociolinguística (Borges Neto) – “o termo
língua é apenas uma abreviação útil para falarmos de um
conjunto de idioletos, que, de alguma forma, achamos
que se relacionam por semelhança. Idioleto como
manifestação do conhecimento que cada um de nós tem
sobre essa forma de organização mental de conteúdos, de
comunicação e de ação sobre os outros, de representação
de situações etc., que se convencionou chamar de
linguagem. [...] (BORGES NETO, 2003, p. 38-39).
 A linguagem, com certeza, permite aos seres
humanos criar realidades, criando mundos ao
evocar realidades não presentes (mundos e
realidades construídos pela linguagem). Então, a
língua, nessa visão, “é a concretização de uma
experiência histórica”; desse modo, se vincula à
sociedade, a língua sintetiza “todas as
experiências de uma dada comunidade humana”
(FIORIN, 2003, p. 72).
Francisco Gomes de Matos mapeia as três palavras-chave: linguagem,
língua e sociedade.
Linguagem: “um sistema cognitivo do qual pode resultar a aquisição de
uma ou mais línguas”.
Línguas: “são manifestações particulares socioculturais da linguagem”.

Sociedade: um “sistema de organização humana, compartilhado por


uma comunidade”.
Logo, é acertado asseverar que há “uma inter-relação de linguagem,
língua e sociedade, que possibilita aos usuários de línguas
manifestarem/realizarem sua identidade
neuropsicossociolinguística”(MATOS, 2003, p. 92).
 Na Grécia
 Em Roma
 Síntese do pensamento grego sobre a presença de dialetos de sua
língua?
Apesar da preocupação dos gregos ser apenas com sua língua, eles tinham
consciência de outras línguas e das próprias diferenças dialetais que os
habitantes viam apenas como uma variação da mesma língua que os mantinha
unidos num só povo.
 Síntese da relação entre as palavras e a realidade e entre o
significado e o significante para os naturalistas?
Defendiam que as palavras são representação da realidade, isto é, sua estruturação
fônica liga-se ao seu significado. Assim, todas as palavras seriam naturalmente
apropriadas para os elementos que elas representavam. A relação significado e
significante era natural. Segundo o que defende os naturalistas, o objeto
“cadeira” é representado pelo nome cadeira porque tem jeito de cadeira,
mesmo!
ANOMALISTAS ANALOGISTAS

- viam a língua como natural (relação - aceitavam a língua como resultado de


natural entre a língua e os objetos convenções, a língua em seu caráter artificial.
expressos); Ponto de vista vivenciado pelos gramáticos
de Alexandria, por exemplos, Dionísio da
- eles assumiam que as exceções
Trácia e Apolônio Díscolo.
prevaleciam. - Defendiam que a língua não
podia ficar a serviço da convenção de uma - Aristaco e seus discípulos da escola de
sociedade. Alexandria preocupavam-se em comprovar o
aspecto de regularidade da língua, destacando
- Os estoicos também faziam parte deste
a regularidade dos paradigmas de flexão, por
grupo e conseguiram avançar bastante nos
exemplo, apontando que as palavras de uma
estudos etimológicos.
mesma categoria gramatical apresentavam
terminações morfológicas similares e também
a mesma estrutura prosódica.

- Os analogistas também buscavam verificar


as regularidades entre forma e significado, ou
seja, as palavras que se assemelham na sua
morfologia deveriam apresentar significados
comparáveis.
 Etimologia: os estudos etimológicos foram baseados na controvérsia
natureza-convenção. Interesse em reconstruir as formas anteriores das
palavras.

 Fonética: suas classificações e descrição apresentaram base


impressionística. Desenvolveram: “a ideia de sílaba; a distinção entre
vogal e consoante; a distinção entre fonema, forma escrita do fonema
e designação do fonema; sequências sonoras” (BRANDÃO, 2013,
extraído da internet).

 Gramática: tem por base a língua escrita, principalmente dos


escritores clássicos. Os gregos estabeleceram um conjunto de classes
de palavras aplicáveis a qualquer língua. Depreenderam as categorias
gramaticais e reuniram, em paradigmas, a análise morfológica dos
vocábulos.
A obra De Língua Latina de Varrão apresenta os estudos deste gramático. Ao
estudo que indicarmos abaixo, você vai apresentar a contribuição dada pelo
autor.
a) Os estudos linguísticos foram divididos em: etimologia, morfologia e
sintaxe.
b) A derivação é uma "variação facultativa" (declinatio voluntaria).
c) A flexão é uma variação natural (declinatio naturalis), portanto, obrigatória”
(BRANDÃO, 2013)
d) Ao processo concluído do verbo chamou de perfectum; e ao processo
inconcluso do verbo chamou de infectum.
Situou um sistema de classe de palavras baseado em quatro contrastes
flexionais, que são: palavras com flexão de caso (nomes, incluindo os
adjetivos), de tempo (verbos), de caso e tempo (particípios), de caso e tempo
(advérbios).
a) Seus estudos fonéticos?
A pronúncia e a estrutura da sílaba (divisão silábica) são tratadas na
descrição das letras. E também indica a letra como menor unidade
gráfica e fonológica.
b) Seus estudos morfológicos?
Orientou-se pela perspectiva da analogia para indicar a flexão regular
das palavras, considerando, estas como a unidade mínima da
estrutura da frase. Já a frase foi definida como a expressão do
pensamento completo. O verbo é visto como algo que se pratica ou
se exprime e se distingue nos tempos presente, passado e futuro. Nas
formas do passado verbal, reconheceu os valores semânticos do
imperfeito, perfeito, passado simples e mais-que-perfeito.
c) Seus estudos sintáticos?
Adotou que a função sintática primária dos
pronomes relativos (qui, quae, quod) é estabelecer
subordinação. E “manteve a mesma divisão grega
para os verbos: ativos (transitivos), passivos e
neutros (intransitivos)”, informa Brandão (2013,
extraído da internet).
 A Escolástica ministra estudos em Retórica, Lógica e
Gramática. Nessa fase, os interesses dos escritores se
voltavam para a semântica.
 A gramática se tornou a base da erudição medieval,
tanto como arte liberal e quanto como disciplina
indispensável para ler e escrever corretamente o latim
 Nessa época, também de destacam trabalhos sobre a
origem das palavras, ou seja, sua etimologia
 Mais uma contribuição da Idade Média foi dada pelo
clero irlandês.
 A controvérsia naturalista versus convencionalista
continuou e recebeu o nome de controvérsia realista
versus nominalista.
 Chamamos sua atenção para uma gramática, em
particular, que se desenvolveu
 nesta época: a gramática modista. Os modistas
introduziram a noção de uma gramática universal
comum a todas as línguas, queriam identificar os
universais linguísticos.
 Modi essendi: as coisas existem com suas
propriedades que são externas ao homem.
 Modi intelligendi: as coisas provocam o
entendimento delas por parte do serem humanos.
 Modi significandi: a compreensão da coisa pelos
serem humanos vem revestida de uma capa de
um signo.
 Por fim, apontamos a contribuição de Dante
Alighieri. Ele é mais conhecido no campo da
literatura. Mas em relação à Linguística,
pesquisou o conceito de dialeto (registrou
quatorze formas de dialeto na Península Itálica),
de língua literária e de língua vulgar em sua obra
Questioe della língua.
Saussure, ao afirmar que “a Linguística tem por único e verdadeiro
objeto a língua considerada em sim mesma, e por si mesma”, estava
dando origem ao estudo da língua sob um viés estruturalista. “A língua
é considerada uma estrutura constituída por uma rede de elementos, em
que cada elemento tem valor funcional determinado. A teoria de análise
linguística que se desenvolveram, herdeira das ideias de Saussure, foi
denominada estruturalismo” (PETER, 2004, p. 14, grifo do autor).
Estruturalismo - um conjunto de diferentes elaborações teóricas que
compartilham uma concepção imanentista da linguagem verbal (isto é,
a linguagem assumida como um objeto autônomo, definido por
relações puramente linguísticas, internas), concepção essa cujas
coordenadas básicas
 Na Europa, o estruturalismo teve origem múltipla, mas,
geralmente, seu nascimento é articulado, como já apontado,
com a publicação do “Cours de linguistique génerale”, de
Saussure, em 1916. Os estruturalistas procuram por em prática
a fórmula que encerra o Cour: “a Linguística tem por objeto a
língua considerada em si mesma, e por si mesma”; desse modo,
seus esforços são focados em explicar a língua por si mesma,
ou seja, explicar a língua segundo essa visão imanentista. Os
linguistas buscam, então, estudar um corpus (enunciados
realizados), tendo como objetivo definir sua estrutura.
  
 O Círculo Linguístico de Praga (1925-1939)
Os linguistas desta escola aceitaram o texto do Cours de Saussure sem
questioná-lo profundamente. Apresentaram criticas, mas superficiais.
E, como o pensamento de Saussure desempenhou um papel de
iniciação à pesquisa, é correto situar suas investigações e contribuições
na herança saussuriana.
Vejamos uma das alterações que o grupo apontou em relação à Saussure.
Afirmaram que as mudanças da língua deveriam ser constatadas tendo
por base o sistema atingido por elas, defendendo, assim, que os estudos
diacrônicos incluíam os sincrônicos.
Além do mais, desenvolveram trabalhos no campo da langue (fonologia)
e da parole (fonética) e enfatizaram também os valores funcionais da
linguagem.
 A principal contribuição desta escola foi
aprofundar as características da langue.
 As línguas naturais deveriam ser tratadas como
entidades autônomas, logo, o que se considerava
era a noção de estrutura para o estudo das línguas,
“cada língua tem sua estrutura (daí o nome
estruturalismo), suas categorias, às quais não se
pode chegar senão pelo estabelecimento das
unidades no interior de cada sistema, e das relações
opositivas entre essas unidades” (SILVA, 2009, p.
84).
Alguns autores apontam Louis Hjelmslev como o fundador desta escola
que, no início, adotou o nome de “estruturalismo”, mas que,
posteriormente, se identificou com a Glossemática que Hjelmslev criou.
Os linguistas que pertenciam a esta Escola destacavam que “língua é
forma e não substância”. Hjelmslev buscou expandir a teoria do signo
apresentada pelo pai da Linguística, mas conservou, “do Cours,
sobretudo duas afirmações:
1) a língua não é substância, mas forma;
2) toda língua é ao mesmo tempo expressão e conteúdo” (DUCROT;
TODOROV, 1988, p. 31). Hjelmslev chama de forma, tudo aquilo que
uma determinada língua institui como unidades através da oposição; à
forma, ele opôs a substancia, definida como o suporte físico da forma,
que tem existência perceptiva, mas não necessariamente linguística.
 As bases do estruturalismo americano, também chamado de
descritivismo, estão fundadas em três princípios: o princípio do
indivíduo, o princípio da substância e o princípio da distribuição.
Trazemos cada um desses princípios a seguir:
 Princípio do indivíduo ou do atomismo lógico: os fenômenos em
evidências são os singulares, ou individuais. Assim, para se chegar às
generalizações ou à teoria, analisam-se aspectos particulares da língua e
como os indivíduos empregam sua língua.
 Princípio da substância: “Os fenômenos devem ser considerados
enquanto substância, enquanto materialidade, e não enquanto função.
Os fenômenos devem ser identificados pelas propriedades que
apresentam à nossa experiência imediata” (BORGES NETO, 2004, p.
106).
Princípio da distribuição: Indica que as relações distribucionais ou os
arranjos dos elementos ou unidades que constituem a língua sejam
suficientes para estabelecer as regularidades da estrutura. Observa-se, na
estrutura da língua, onde o elemento aparece e assim verifica a
regularidade da língua (PEDROSA, 2007, p. 114).
Acompanhemos a demonstração do último principio:

Exemplo: O suco está sobre a mesa.

Ele tomou o suco.

Observou que em Língua Portuguesa a sequência “o suco” pode vir no


início ou no final da frase? Isto é demonstrado pelo princípio do
distribucionalismo.
 Conforme a primeira citação que utilizei no tópico sobre o
estruturalismo americano (BORGES NETO, 2004, p. 104), o
estudo das línguas indígenas foi o ponto forte desse
estruturalismo, por isso, suas teorias e métodos foram
desenvolvidos a partir de um trabalho realizado sobre um material
puramente oral. Os linguistas e\ou antropólogos registravam a fala
indígena e depois a analisavam.
 Estes estudos que articulavam linguística e antropologia foram
muito importantes para o desenvolvimento da Linguística nos
Estados Unidos, que até denomina-se de Linguística
antropológica.
 Os estruturalistas americanos não se reconheciam filiados a
Saussure, sua referência era Leonard Bloomfield. “A teoria da
linguagem proposta por Bloomfield, dominante nos Estados
Unidos até aproximadamente 1950, é apresentada de maneira
independente no momento em que o pensamento de Saussure
começa a ser conhecido na Europa”, explica-nos Costa (2008, p.
123).
Duas correntes se destacaram no Estruturalismo americano,
 a mecanicista (Bloomfield) e

 a mentalista (Sapir, Chomsky).

 A corrente mecanicista fundamentava-se na psicologia behaviorista


(Skinner). Portanto, até mesmo um ato de fala ou um processo
verbal é visto como um tipo particular de comportamento.
 Na Linguística, o behaviorismo reduz o processo comunicativo ao
conhecido esquema:
E – R (estímulo – respostas)
Em que:
 Resposta ou reação – é todo e qualquer comportamento que
resulta do condicionamento.
 Estímulo – é um acontecimento ou uma situação que provoca uma
resposta ou reação (DUBOIS, 1978).
 De acordo com esta teoria, as pessoas falam porque receberam um
estímulo, linguístico ou não verbal.
 A escola mentalista tem como os mais fortes representantes Sapir
e Chomsky. Observamos que esta tendência se opõe abertamente
ao mecanicismo desenvolvido por Bloomfield e seus discípulos.
Demostramos que o mecanicismo trabalhava com um método
formal na análise linguística, enquanto o mentalismo “procura
tratar os dados da língua à luz da doutrina psicológica. A fala é,
assim, vista como um produto do pensamento, da vontade, da
reflexão, do sentimento” (RAMANZINE, 1990, p. 59).
 Os mentalistas aceitavam que “a aquisição e o uso da linguagem
não podem ser explicados sem se recorrer a princípios que
geralmente encontram-se além do escopo de qualquer relato
puramente fisiológico dos seres humanos” (LYONS, 1987, p.
223).
Ilari(2007, p. 53) nos informa que o estruturalismo teve um impacto
enorme no Brasil a partir da década de 1960, época que “coincidiu com
o reconhecimento da linguística como disciplina autônoma; assim,
muitos professores e pesquisadores [...] foram atraídos pela nova
orientação e a utilizaram para sistematizar suas doutrinas”.
Entre os nomes mais famosos se encontra o de Mattoso Câmara Jr
(observa em seus estudos fonológicos não só fortes influências da escola
de Praga, mas também do estruturalismo americano. A linguística, que
aqui no Brasil era vista praticamente como auxiliar da literatura, passou
a ter prioridade.
Na década de 1970, o estruturalismo passou a figurar como a orientação
mais importante nos estudos da linguagem em nossas universidades.
 Chomsky (ver aula 05) defendeu que toda pessoa tem uma
gramática internalizada que adquire (inconscientemente) em
interação social e verbal desde a infância. A criança em
contato com sua comunidade linguística vai construindo a
sua gramática tomando por base as regularidades observadas
nos uso de sua língua e, assim sendo, levanta hipótese quanto
ao uso de sua língua materna.
 Gramática Universal (GU) é o conjunto de princípios,
regras e condições que compartilhadas por todas as línguas.
Este conceito é o núcleo da teoria da gramática
transformacional generativa, com a qual N. Chomsky propôs
explicar o processo de aquisição e uso da linguagem.
 É a partir desse conceito de gramática internalizada que Chomsky
desenvolve os conceitos de gramaticalidade e agramaticalidade para
classificar as frases que são produzidas de acordo com as regras
internalizadas (não têm nada a ver com as regras da gramática
normativa). E agramaticalidade para indicar as frases que não seguem
tais regras. “Erro, nessa concepção de gramática, também é aquilo
que não ocorre sistematicamente na língua” (MENDONÇA, 2001, p.
239).
 Estamo feliz com seu sucesso. (Gramatical, segundo a gramática
internalizada).
 Sucesso com estamo feliz. (Agramatical, pois não segue as regras da
gramática internalizada, não existe este tipo de estrutura em nossa
língua).
 A gramática Gerativa, criada por Noam Chomsky na década de
1950 nos Estados Unidos. Ele procura destacar o componente
criativo da linguagem humana em oposição à visão mecanicista da
linguagem que se fundava na repetição como base da
aprendizagem (behaviorismo). Ao ressaltar esse componente
criativo, Chomsky chamava atenção para os processos mentais
que nos são próprios.
Competência e desempenho: De maneira similar a
Saussure, que diferencia língua de fala, Chomsky aponta a
distinção entre competência e desempenho.
Competência: É entendida como sendo o sistema de regras
que é interiorizado pelos falantes; vindo a se constituir em
seu saber linguístico. É devido a esse saber linguístico que
o indivíduo é capaz tanto de produzir ou quanto de
compreender um infinito número de frases inéditas.
.
 Para Chomsky, é tarefa de o linguista descrever a competência do
falante. Ele define competência como capacidade inata que o
indivíduo tem de produzir, compreender e de reconhecer a
estrutura de todas as frases de sua língua. Ele defende que língua é
conjunto de infinito de frases e que se define não só pelas frases
existentes, mas também pelas possíveis, aquelas que se podem
criar a partir interiorização das regras da língua, tornando os
falantes aptos a produzir frases que até mesmo nunca foram
ouvidas por ele.
 Competência universal – fundada nas regras que são comuns a todas as
línguas. Exemplos: as línguas precisam da negativa, da interrogativa para
estabelecer a comunicação entre seus usuários.
 Competência particular – fundada nas regras peculiares de cada idioma.
Exemplos: para fazer a negativa em língua portuguesa empregamos o
advérbio de negação “não”; em francês, se usa a expressão ne pas com o
verbo intercalado; em inglês, usamos o not para o verbo auxiliar to be e
usamos o not mais o auxiliar to do para os outros verbos.
Exemplos:
Did you buy the linguistic book?
Você comprou o livro de linguística?
 
Desempenho
Quando o usuário de uma língua se utiliza da
competência que tem em sua língua nos seus
variados atos de interação verbal, atendendo as
diferentes situações comunicativas; afirmamos que
esta manifestação é seu desempenho, performance
ou atuação. Logo, só temos acesso à competência
de um falante através de sua performance.
Conceitos Saussure Chomsky
Língua / competência Língua: sistema de signos/signos Competência: sistema de
organizados. regras.
Fala/ Fala: ato individual de vontade e Desempenho: maneira pessoal
Desempenho inteligência/maneira particular de do locutor utilizar as regras, ou
usar a língua. a competência.

Criatividade A criatividade localiza-se na fala, Há dois tipos de criatividade.


pois apresenta um aspecto criador O primeiro tipo refere-se à
e livre. competência, pois é governado
por regras. O segundo tipo
consiste nos variados desvios
individuais, liga-se ao
desempenho.

Memória Permite o armazenamento dos Um dos fatores que condiciona


signos da língua. o bom funcionamento da
performance.

Frase Está no domínio da fala, é uma Está no domínio da


criação livre. competência.

Quadro 1 – Quadro comparativo entre os conceitos saussurianos e chomskyanos.


 O gerativismo é uma corrente linguística que surge nos Estados
Unidos no final da década de 1950, a partir dos trabalhos de Noam
Chomsky.
 Esse modelo surgiu em uma reação clara contra a teoria
behaviorista apropriada pela linguística nos moldes do
estruturalismo bloomfieldiano que dominava os estudos da
linguagem na época. Contudo, com a crítica ferrenha de Chomsky
do livro Verbal Behaviour (comportamento verbal), essa teoria
sofre declínio, abrindo campo para o gerativismo que defendia a
existência de uma Gramática Gerativa (BARBOSA, 2013).
 Segundo essa gramática, a linguagem é entendida como um
conjunto (finito ou infinito) de sentenças, construída a partir de
um conjunto finito de regras.
A representação da gramática gerativa costuma ser de forma arbórea:

(O homem recebe o livro do (de +o) menino)


O estudo da linguagem sempre foi foco de estudos, não só moderno,
mas desde a antiguidade. Contudo estes estudos não eram
sistematizados. Foi com Saussure que a Linguística recebeu status de
ciência (mas você já acompanhou que este reconhecimento não é ponto
pacífico entre os linguistas da atualidade).
Mas, para ser considerada ciência, a Linguística desenvolveu princípios
metodológicos que serviram para sustentar suas análises e descrições
das línguas; assim, a Linguística passou a considerar que (aula 02):
 todas as línguas e suas variedades são relevantes a seu estudo;

 a língua falada tem características que a distingue da língua escrita,

por isso deve ser estudada em sua peculiaridade.


 A Linguística, com o objetivo de descrever a língua, desenvolveu,
“uma metodologia que visa analisar as frases efetivamente
realizadas reunidas num corpus representativo (conjunto de dados
organizados com uma finalidade de investigação).
 O corpus não é constituído apenas pelas frases “corretas” (como a
gramática normativa), também inclui as expressões consideradas
“erradas” (pela gramática normativa), desde que apareçam na fala
dos locutores nativos da língua. A descrição dos fatos assim
organizados não tem nenhuma intenção normativa ou histórica,
pretende-se tão-somente depreender a estrutura das frases, dos
morfemas, dos fonemas e as regras que permitem a combinação
destes” (PETER, 2004, p. 21).
 Educação Linguística (EL) tem a ver com situações formais e
informais de uso da língua em contextos significativos tanto para nós
como para nossos interlocutores, em outras palavras, relaciona-se com
a competência comunicativa. Ainda podemos acrescentar que EL
ressalva a necessidade de respeitar o conhecimento de cada um e assim
garantir-lhe a intercomunicação social (VASCONCELOS, 2009).
 A educação linguística nas palavras de Travaglia deve ser entendida
como o conjunto de atividades de ensino/aprendizagem, formais ou
informais, que levam uma pessoa a conhecer o maior número de
recursos da sua língua e ser capaz de usar tais recursos de maneira
adequada para produzir textos a serem usados em situações especificas
de interação comunicativa para produzir efeito(s) de sentido
pretendido(s).
O QUE É POLÍTICA LINGUÍSTICA?
 Os países, de modo geral, têm sua própria política
linguística, alguns para promover o idioma oficial,
outros, em busca da valorização de seus muitos
falares, respeitando-se as minorias linguísticas. No
Brasil, vivenciamos e ainda vivemos o sério caso
de nossas línguas indígenas bem como uma
questão político-econômica em relação aos falares
de suas regiões mais pobres e ainda a inclusão ou
não de línguas estrangeiras nas escolas.
 A relação de Linguística e ensino não é fechada,
muito ainda se tem por dizer. Muitos linguistas
defendem que a Linguística tem um papel para a
democratização do ensino, especialmente, no que
concerne ao respeito linguístico aos diversos
falares que constituem essa heterogeneidade que
é o uso da Língua Portuguesa por nós brasileiros.
 Na atualidade do mundo globalizado, vemos, pelo menos em
contexto mais próximo a nós, que a política oficial de troca de
favores entre os países membros do Mercosul envolve o ensino de
Português e Espanhol na rede pública desses países. Essa é uma
estratégia de fomento e gerenciamento desses mercados
linguísticos, visando à circulação de bens de consumo e de
pessoas. Entre os frutos desse relacionamento linguístico e
econômico estão a criação de banco de dados terminológicos,
permitindo a interligação entre as línguas envolvidas diretamente
e também outras línguas. Os equivalentes terminológicos em redes
multilíngues promovem a interconectividade horizontal de
recursos linguísticos em prol do mercado.
 Outra contribuição dentro desse quadro é a criação
da Associação Internacional de Linguística do
Português (AILP).
 Os bancos transnacionais de dados orais e escritos
são de grande interesse acadêmico, pois
incrementam vários projetos científicos sobre as
línguas envolvidas, no caso da Língua Portuguesa,
pode, por exemplo, promover o conhecimento
sobre as variedades europeia, brasileira e africana.
Material da disciplina Fundamentos Linguísticos I
disponibilizado no moodle.

PEDROSA, Cleide Faye. Material da disciplina


Fundamentos Linguísticos I. 2013. Disponível
em<
http://mdl.sedis.ufrn.br/moodle/course/view.php?id
=345
>. Acesso em 14 ago 2013.
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