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Estrutura geral para todas as línguas Até o fim da Idade Média uma das explicações para as semelhanças entre as línguas era de que as línguas são o espelho do pensamento humano.
versus Desse modo, haveria uma estrutura geral comum a todas as línguas. Contudo, a partir do séc. XIX surgi a Linguística Histórico Comparativa que, 8
Contato entre as línguas diferente da visão anterior, vai atribuir tais semelhanças ao contato uma vez existente entre os povos que falam as línguas em questão.
Todas as línguas transformam-se ao longo do tempo
Com os estudos Históricos Comparatistas
Essas transformações nascem da oralidade, ou seja, do uso que as pessoas fazem efetivamente da língua em seu dia a dia - inclusive 10
duas coisas ficaram claras:
quando esse uso é considerado incorreto pelas gramáticas prescritivas.
Saussure Pai do Estruturalismo e da Linguística 11
Determinismo Linguistico; Hipotese Saphir Ideia de que a língua determina nossa maneira de ler a realidade a nossa volta e consequentemente nossa maneira de viver.
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– Whorf.
Dêiticos Em certa faculdade onde os alunos deixavam recados, em uma lousa, uns para os outros havia a seguinte mensagem: 19
Off-line: são experimentos desenvolvidos utilizando informações passadas por uma pessoa depois de ela ter lido ou ouvido uma frase ou
um texto específico. Nesse caso, as reações desse indivíduo são coletadas depois da experiência de ler ou ouvir o material em questão.
On-line: são os experimentos que pedem as respostas das pessoas participantes do processo durante a experiência de leitura ou de
audição do material oferecido. Essas informações são oferecidas ao mesmo tempo em que o indivíduo realiza o experimento.
Há um sistema geral, a língua.
Inserido nesse sistema há subsistemas, as variantes.
As variantes referem-se aos usos bem característicos que determinados grupos sociais fazem das línguas.
Sociolinguística O que determina tais grupos sociais são fatores como idade, profissão, origem geográfica, origem social e econômica, gênero etc. 33
A Sociolinguística estuda, portanto, a relação entre língua e sociedade, ou seja, a forma como a sociedade usa a língua.
Entre os principais nomes estão Eugenio Coseriu (precursor) e Willian Labov que foi o responsável por ter lhe proporcionado uma
metodologia bem definida.
A Filologia dedica-se basicamente a dois tipos de pesquisa:
Linguistica e História: Filologia Pode analisar o percurso histórico vivido por um único documento, como um livro ou um texto sagrado, investigando, por exemplo, as 33 - 34
alterações que ele sofreu de uma edição para outra.
Pode mapear as mudanças ocorridas na língua ao longo do tempo e, assim, inserir-se naquilo que estamos chamando nesta obra de
Linguística Histórica.
Externalismo: ideia de que não existe uma realidade anterior à linguagem. A linguagem é que constrói a realidade.
Internalismo: opondo-se ao externalismo, trata-se de uma abordagem segundo a qual existem sim conceitos universais, válidos para
qualquer indivíduo, de qualquer cultura e em qualquer época. A linguagem traduziria esses conceitos em signos, sendo estes variáveis,
mas aqueles estáveis.
Linguistica e Filosofia 34
Observações:
As concepções linguísticas de Aristóteles, a Gramática Especulativa e as Gramáticas Filosóficas e Gerais como a de Port-Royal, assim
como o Gerativismo de Chomsky, alinham-se ao internalismo.
Já a hipótese Sapir – Whorf, a Linguística da Enunciação e, principalmente a Pragmática e a Análise do Discurso, alinham-se, em
princípio, à hipótese externalista.
Surge no fim da Segunda Guerra e sua criação teve como objetivo aplicar as teorias linguísticas a problemas práticos da sociedade, como por
Linguistica Aplicada exemplo, o ensino de inglês para a sua disseminação pelo mundo. Atualmente, trata-se de uma área de investigação essencialmente interdisciplinar 36
que busca compreender problemas sociais nos quais a linguagem tem um papel central.
Segundo Saussure, os elementos do sistema linguístico se definem por oposição uns aos outros. Essa ideia está ligada a noção de valor dentro das
As diferenças definem os elementos da teorias saussurianas – o valor de um elemento dentro do sistema linguístico é determinado por aquilo que o diferencia dos demais.
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língua. Saussure explica a noção de valor usando a metáfora do jogo de xadrez: as peças são do mesmo tamanho, material e tem o mesmo peso, porém, tem
valores definidos pelas diferenças que guardam entre si.
As dicotomias saussurianas são pares de conceitos que se completam e se opõem ao mesmo tempo. São eles:
Língua e Fala
Dicotomias saussurianas Sincronia e Diacronia 39
Significante e Significado
Sintagma e Paradigma
Unidade II: O Signo Linguístico na Estrutura da Língua
Para o linguista genebrino, as línguas são conjuntos de signos linguísticos, e cada signo linguístico é uma entidade formada por um conceito – ao
Língua segundo Saussure 47
qual Saussure deu o nome de significado – e uma imagem acústica – denominada significante.
O signo linguístico é formado pela associação de um conceito (significado) e uma imagem acústica (significante). É como se fosse uma moeda de
duas faces. É importante destacar que signo linguístico não é o mesmo que palavra (p.51). Um signo linguístico é uma união entre conceito e
imagem acústica e que só existe dentro do sistema de determinada língua. Por exemplo, na língua húngara, há quatro signos diferentes formados
pelos significantes bátya, occes, nenê e hug e por seus respectivos significados “irmão mais velho, irmão mais novo, irmã mais velha e irmã mais
Signo = significado + significante 48
nova”. (p. 51). Outro motivo pelo qual signo linguístico não se confunde com palavra é que a própria palavra também é formada por signos – são os
morfemas, que são as menores unidades com significado dentro de uma língua. Ex.: as palavras “cantor, cantora, cantar e cantávamos”. Essas
palavras são formadas por uma partícula comum, cant, associada a diferentes morfemas (or, ora, ar e ávamos, respectivamente)) que são
responsáveis pelos variados significados que cada uma vai assumir (p.52).
O significante não é simplesmente uma entidade acústica (uma sequencia de sons) porque não precisamos pronunciá-lo para que ele exista. Mesmo
Imagem Acústica que A não dissesse em voz alta a palavra fogo – ou seja, se ele não produzisse a sequencia de sons [fogu] -, essa sequencia viria a sua mente 48
associada ao conceito de fogo. Portanto, o significante não é o som material, coisa puramente física, mas a impressão psíquica desse som.
Atualmente boa parte dos linguistas não vê os signos linguísticos como algo que traz, em sua essência, um resquício de uma realidade superior,
Signo Linguístico e Percepção de Mundo universal e atemporal, como queria o personagem Sócrates em Crátilo, e sim como elementos que recortam a realidade de um modo que varia de 54
uma língua para outra e que resulta, assim, em diferentes construções dessa realidade.
Diferença Básica entre Signo linguístico e Para Saussure, há duas características básicas que diferenciam os signos linguísticos dos demais: Linearidade do Significante e arbitrariedade do
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os demais: signo.
Arbitrariedade do Signo: O Curso de Linguistica Geral oferece uma resposta contundente aquela polemica travada entre as hipóteses naturalista e convencionalista da origem
Hipóteses dos signos linguísticos: segundo Saussure, o signo é, definitivamente uma convenção social. O signo é imotivado ou arbitrário, não no sentido de que
o usuário da língua pode associar a certo conceito o significante que quiser (afinal, o signo é uma convenção social e não pode ser determinado por 55
um único indivíduo), mas sim no sentido de que não existe nenhuma relação natural entre o conceito e o significante. Ou seja, a comunidade que usa
Naturalista X Convencionalista determinada língua atribui significantes arbitrariamente aos conceitos que quer nomear.
1 – Onomatopeias: Saussure argumenta q as onomatopeias representam apenas uma pequena parte dos signos que compõem qualquer idioma. Além
Objeções levantadas contra a hipótese da
disso, elas variam de língua pra língua. 56
arbitrariedade do signo linguístico
2 – Interjeições: os argumentos usados por Saussure foram os mesmos usados contra as onomatopeias.
É um signo formado pela junção de dois signos absolutamente arbitrários (imotivados). Isso pode ocorre pelos processos de derivação (prefixal e
Signos relativamente Arbitrários (motivado) sufixal) e justaposição. Ex.: imoral (i + moral); refazer (re + fazer); limoeiro (limão + eiro); guarda-roupa (guarda + roupa); aguardente (água + 56 - 57
ardente). Como se percebe , os signos relativamente arbitrários constituem a maioria do repertorio de qualquer língua.
O significante é de natureza auditiva e, portanto e por isso se desenvolve no tempo. Ou seja, é impossível pronunciar dois fonemas ou duas palavras
Linearidade do Significante 58
ao mesmo tempo. Um som ou uma palavra precisam suceder o outro e formar uma sequencia linear.
Alguns usam os casos dos diacríticos para refutar a teoria da linearidade dos significante afirmando que há superposição de significantes. Contudo,
Objeções a teoria da Linearidade do
tudo o que os diacríticos fazem é tentar reproduzir na escrita as diferenças da fala. Não há superposição de significantes; apenas uma marcação 58 - 59
Significante
gráfica que tenta indicar, na escrita, as diferenças da fala.
A língua é um sistema de signos linguísticos que se definem uns em função dos outros – um signo só tem lugar no sistema porque se diferencia de
Definição de língua 59
outro e assim permite alguma distinção de sentido.
Os sentidos dos signos podem variar de língua para língua. Lembramos do caso da diferença da palavra carneiro no inglês e português. Portanto, ao
O sentido dos signos só existe dentro da
por-se aos demais, cada signo adquire seu próprio valor dentro do sistema da língua. O sentido dos signos só existe dentro da língua em que se 61
língua em que se encontra
encontra.
É o mesmo que variante só que foneticamente falando. Ex.: o fonema t na palavra tia pode ser pronunciada tanto [tSia] como [t]. Cada forma de
Alofone 61
pronuncia desse fonema constitui um alofone ou variante.
Embora língua e fala sejam elementos distintos, são indissociáveis e um influencia o outro. Pensemos na forma como uma criança adquire a língua,
Língua e Fala: influencia mútua ou seja, por meio dos contatos individuais com os atos de fala das pessoas mais próximas. Além disso, pense nas mudanças linguísticas ocorridas em 62
todos o sistema da língua que na maioria das vezes ocorrem a partir da fala.
Diacronia É o estudo da língua ao longo do tempo. 63
Sincronia É o estudo da língua junto do nosso tempo, ou seja, em um único momento histórico. 63
Áreas de concentração da Linguistica
Linguagem verbal > Língua > Sincronia 66
segundo Saussure
Áreas de concentração da Linguistica na Além das áreas apontadas por Saussure, acrescenta-se a linguística da enunciação, a pragmática, a Sociolinguistica e a análise do discurso.
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contemporaneidade
Unidade III: Linguística e Gramática
Relações Paradigmáticas – são relações de seleção observadas em toda língua e que estão representadas pelo eixo vertical onde o falante
faz a seleção de palavras para formar os enunciados.
Relações Sintagmáticas – são relações representadas pelo eixo horizontal onde o falante faz as devidas associações entre os
significantes.
Relações Sintagmáticas
e 74
Paradigmáticas: palavras
Relações Sintagmáticas Além das palavras, as relações sintagmáticas e paradigmáticas também podem ser observadas a nível de morfemas. Os morfemas dividem-se entre 78 - 79
e lexicais e gramaticais.
Paradigmáticas: morfemas
Morfemas Lexicais – entram na composição de palavras lexicais e podem, sozinhos, constituir a palavra. Ex.: Capim, feliz.
Morfemas Gramaticais – entram na composição das palavras agregando-se a morfemas lexicais para indicar suas flexões e derivações.
Ex.: Capinar, felicidade.
Obs.:
I - No centro do esquema encontram-se os esquemas lexicais – os radicais “pedr”, “aquec”, “sent”, que concentram o significado básico de cada
palavra. A eles se juntam diversos morfemas gramaticais: à esquerda do radical os prefixos “dês”, “em” ou “re”; à direita, as vogais temáticas “a”,
“e” ou “i”, as desinência verbais “r”, “ido” ou “mos” e a desinência nominal “eiro”.
II – Observando esse esquema chegamos a três conclusões:
a) Todas são unidades dotadas de sentido.
b) Os morfemas são elementos recorrentes de grande produtividade na língua.
c) Diferente do que ocorre no caso das palavras na oração, a linearidade dos significantes morfológicos é absolutamente rígida. Ou seja, não é
possível colocar o prefixo depois do radical, ou a desinência antes da vogal temática. No caso das palavras, a ordem Sujeito + verbo + objeto pode
variar admitindo a forma verbo + objeto + sujeito etc.
Tudo o que foi visto até agora sobre relações sintagmáticas e paradigmáticas vale também para os fonemas. Os fonemas não são tão significativos
Relações Sintagmáticas como os morfemas, mas são distintivos porque, pela oposição entre uns e outros, permite-se a distinção entre os morfemas e consequentemente
e entre as palavras. Os sons /p/, /l/ e /m/, por exemplo, são fonemas da língua portuguesa porque permitem a distinção entre os radicais “Pat, “lat” e 80
Paradigmáticas: fonemas “mat”, que estão na base das palavras pata, lata e mata. Nesse nível linguístico, o fonético, o paradigma dentro do qual o falante da língua
portuguesa pode realizar suas escolhas contém aproximadamente 35 fonemas.
Pelo q foi visto até aqui percebe-se que a língua possui duas características aparentemente opostas que a torna um sistema eficientíssimo de
Relações Sintagmáticas comunicação. Por um lado, ela é tremendamente previsível: há apenas poucas dezenas de fonemas que se arranjam em disposições específicas, os
e morfemas agregam-se sempre na mesma ordem, as palavras seguem também padrões de escolha e combinação relativamente estáveis. Por outro 82
Paradigmáticas: comentários finais. lado, a língua permite ao falante um uso extraordinariamente criativo. Somo capazes de criar milhares de enunciados que nunca ouvimos antes e,
igualmente, de usar a linguagem com os mais diversos propósitos.
Essa forma de analisar a língua foi concebida por André Martinet e estrutura-se da seguinte forma:
A Dupla Articulação da Linguagem Primeira Articulação: refere-se à decomposição de dado conteúdo em unidades significativas: morfemas. 83 - 84
A explicação para isso é que todas as línguas estão sujeitas a duas forças contrárias que acabam se equilibrando (pelo menos durante algum tempo).
De um lado está a força da inovação, representada pela variação linguística. Essa força exercida pela diversidade dos falantes e pela própria evolução
Diante da força da variação, como a língua da sociedade puxa a língua para longe de suas origens. Do outro lado está a força da conservação, que reprime a primeira, empurrando a língua de
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consegue manter sua integridade? volta para as suas origens. Essa força conservadora é exercida por instituições como escola, imprensa, emissoras de TV, editoras, governos e órgãos
públicos. Todas essas instituições produzem textos dirigidos à população de maneira geral, por isso precisam evitar as variações e zelar pela
padronização da língua.
Em uma dada sociedade e considerando Vamos usar o caso do português como exemplo para explicar essa questão. 120 - 121
uma determinada língua, por que surge a
necessidade de se instituir uma norma Na língua portuguesa essa necessidade surgiu no séc. XV. Nesse período, os portugueses haviam acabado de expulsar os árabes que ocupavam a
padrão de uma determinada língua? Península Ibérica desde o séc. VIII e conseguido finalmente formar um Estado propriamente dito. Em um momento tão importante, vários fatores
tornavam necessário o estabelecimento da norma.
Era preciso uniformizar a língua já que os elaboradores das leis e da burocracia do novo reino necessitavam de uma referencia para
escrever esses textos. Não pegaria bem escrever praça em um documento e placa em outro, por exemplo.
Era preciso construir uma identidade para o idioma português, sobretudo para diferenciá-lo de seu irmão mais próximo, o espanhol.
Era preciso valorizar a língua, mostrando que havia regras para usá-la, pois isso, traria prestígio para seus escritores, intelectuais e, em
última instancia, para o reino português como um todo.
Portanto, uniformização, construção da identidade e valorização da língua são os principais motivos que levam ao estabelecimento da norma padrão
em uma língua.
Para responder essa questão, devemos lembrar que toda língua é um feixe de variedades. Logo, entre tantas variedades, é preciso escolher apenas
Como é decidida a norma padrão de uma
uma para ser a norma padrão. É fácil concluir que a variedade escolhida sempre será aquela falada pelas camadas de prestígio e que detém maior 121
língua?
poder econômico. Na prática, isso ocorre por meio da publicação de gramáticas normativas, dicionários e outras obras de referencia.
O português europeu é muito diferente do português brasileiro.
Abismo entre Norma Culta e Norma Padrão
Em Portugal, norma culta e Norma Padrão estão “próximas” porque a Norma Padrão foi inspirada na Norma Culta daquele país. 123
no Brasil
No Brasil ocorre diferente: Norma Padrão e Norma Culta estão muito distantes uma da outra porque a Norma Padrão é a mesma de Portugal.
Portanto não temos uma Norma Padrão inspirada na nossa Norma Culta.
A