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Academia Judicial
Curso de Pós-Graduação em Gestão
Estratégica no Poder Judiciário
APRESENTAÇÃO
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO .......................................................................................... 3
1.1 Níveis de conhecimento .......................................................................... 3
1.2 As origens do método científico .............................................................. 8
1.3 Métodos de abordagem .......................................................................... 15
1.4 Métodos de procedimentos .................................................................... 24
2 DESENVOLVENDO PROJETOS DE TRABALHOS CIENTÍFICOS ...................... 29
2.1 Projeto de pesquisa ................................................................................ 29
2.1.1 Composição estrutural do projeto ............................................................ 30
3 TIPOS DE TRABALHOS CIENTÍFICOS E DE PUBLICAÇÕES ........................... 89
3.1 Trabalhos científicos ............................................................................... 89
3.2 Publicações científicas ............................................................................ 95
4 NORMAS GERAIS DA ABNT PARA ELABORAÇÃO DE REFERÊNCIAS ........... 99
REFERÊNCIAS .......................................................................................... 98
APÊNDICES .............................................................................................. 106
APÊNDICE A – Modelo de artigo .............................................................. 106
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Metodologia Científica e da Pesquisa
Profa. Dra. Alessandra de Linhares Jacobsen (CAD/UFSC)
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1 INTRODUÇÃO
Vale destacar que o fazer ciência apresenta como finalidade maior a obtenção, o
tratamento e a disseminação do conhecimento. “A ciência tenta explicar o mundo que
realmente existe. [...] Os cientistas sociais, tais como psicólogos e sociólogos, tentam
descrever as realidades do comportamento humano individual e as interações dos
humanos na sociedade” (HAIR JR. et al, 2005, p.31).
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Com você, não é isso que acontece? Quando você está diante de um problema, por
exemplo, não busca inicialmente compreendê-lo para depois buscar a sua solução por
meio da alternativa identificada como a mais adequada?
Desse modo, vale observar que a filosofia está voltada a objetos que não podem
ser medidos ou aferidos, tais como identificar o que seria felicidade, qual seria o
sentido da vida, além de outras questões que não permitem o uso de
instrumentos de medição ou observação para se gerar conhecimento. Para tanto,
o filósofo usa apenas a lógica e a razão. A filosofia trata, portanto, de questões
universais, não de um caso específico. Por outro lado, algumas questões que
inicialmente caracterizam-se como sendo filosóficas, tornam-se científicas a partir
do instante em que se desenvolvem instrumentos adequados para pesquisá-las, a
exemplo da origem do universo.
Mas, afinal como nos comportamos diante dos vários níveis de conhecimento? Na
sociedade moderna, atribuímos grande importância ao conhecimento científico, pois,
fora este tipo, os demais se caracterizam por serem subjetivos e não fidedignos. Fialho,
Otani e Souza (2007, p.21) destacam que esse tipo de conhecimento, o científico,
Devemos concordar que no meio científico não há espaço para emissão de opiniões
sobre questões que não são plenamente compreendidas, exigindo a produção de
conhecimento científico para formulá-las e explicá-las adequadamente.
Isso tudo decorre das características que encerra o conhecimento, resumidas na figura
1, a seguir.
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Então, o que se entende por ciência? Lakatos e Marconi (2006, p.80) apontam ciência
como “uma sistematização de conhecimentos, um conjunto de proposições
logicamente correlacionadas sobre o comportamento de certos fenômenos que se
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Agora que você já entendeu o que é conhecimento e o que é ciência, já parou para
pensar em qual é a atividade básica da ciência? Sua atividade básica é a pesquisa! Com
isso, é possível afirmar que a ciência é autônoma em relação à fé e à filosofia, sendo
que seus fundamentos estão baseados em nunca constituir um conhecimento
absoluto ou final, o qual pode ser sempre modificado ou substituído. Ainda, a exatidão
nunca é obtida integralmente, mas sim através de modelos sucessivamente mais
próximos, referindo-se a um conhecimento válido até que novas observações e
experimentações o substituam. Quanto a este assunto, vale destacarmos o que dizem
os especialistas sobre o caráter da pesquisa:
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Apesar do consenso em torno do tema, a concepção sobre o que seja ciência e método
científico não é algo recente, foi sendo desenvolvida ao longo dos tempos,
apresentando momentos e atores de destaque diversos, como você pode verificar na
sequência. Entre os atores que mais se destacaram na elaboração das bases do
pensamento científico, apontamos René Descartes como sendo o fundador da
metodologia científica. Em meio ao Iluminismo (corrente filosófica do século XVII que
propôs a luz da razão sobre as trevas dos dogmas religiosos), desponta este filósofo
que queria criar um novo tipo de pensamento com capacidade de superar as
limitações da lógica medieval que só serviam para revelar aquilo que todos já sabiam.
Ou seja, Descartes pretendia chegar a uma nova forma de raciocínio que permitisse a
descoberta de novos conhecimentos, mostrando ser a razão a essência dos seres
humanos – lógica expressa pela máxima penso, logo existo.
a) Primeira regra: evidência. Nunca aceitar como verdadeira algo que não se conhece
evidentemente como tal. Isto é, trata-se de duvidar sempre, já que enquanto a
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b) Segunda regra: da análise. Dividir cada uma das dificuldades que se devesse
examinar em tantas partes quanto fosse possível e necessário para resolvê-las. De
acordo com a lógica cartesiana, não se deve pesquisar o fenômeno no todo, mas
em partes. Tal princípio deu origem à especialização e divisão do saber,
característica presente até hoje nas instituições de ensino;
Então vamos entender melhor a proposta do filósofo. Como nos lembra Motta (2007),
ela tem como principal objetivo o bem encaminhar e a procura da verdade nas ciências
e de um conhecimento seguro de todas as coisas, de forma dedutiva. O universo era
considerado por ele o lugar onde toda a filosofia estava escrita em linguagem
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Diante dessas razões, pelo fato de ter ressaltado o papel e a força da razão, colocando
a clareza e a distinção como critérios únicos para se chegar à verdade, e por ter
mostrado interesse pelas novas ciências da psicologia e da física, Descartes foi um dos
primeiros filósofos a valorizar o desenvolvimento dos princípios metodológicos que
caracterizam o pensamento científico-filosófico do mundo moderno e contemporâneo.
A maior crítica a tal forma de raciocínio estava relacionada ao fato de que o homem
havia sido transformado em coisa e em compartimentação do saber. De outro modo,
não podemos ignorar aqui o esforço de Descartes em elaborar um meio de raciocínio
que permitisse a descoberta de novos conhecimentos dentro de bases científicas.
Conforme observamos, Bacon (1979), ao escrever a obra Novum Organum (em 1620),
opõe-se à ciência dedutiva, já que sua lógica sai do universal para o particular. Para
ele, o método de Descartes, na realidade, não leva a nenhuma descoberta, apenas
esclarece o que já está implícito. Na opinião de Bacon, o raciocínio silogístico
(Raciocínio silogístico: tipo de raciocínio que encerra o silogismo. Isto é, refere-se à
dedução formal tal que, postas duas proposições, chamadas premissas, delas, por
inferência, tira-se uma terceira, chamada conclusão), proposto pela Lógica de
Aristóteles e utilizado por Descartes, essencialmente dedutivo, deveria ser substituído
por sua nova lógica, pois somente através da observação é que se torna possível
conhecer algo novo. Este princípio é o fundamento básico do método indutivo, que
privilegia a observação como processo para se chegar ao conhecimento. Partindo,
então, do princípio de que a experiência é fonte de todo o conhecimento, Bacon
identifica uma nova metodologia para a investigação científica conhecida como o
método experimental e indutivo.
Em quais etapas está baseado este método? Tal método está baseado em três etapas
fundamentais, que são:
Desse modo, Bacon apresentou a investigação como uma organização racional que
procura isolar as causas dos fenômenos naturais. Bacon estabeleceu também um
método de pesquisa paralelo ao da indução: o método do raciocínio analógico ou
raciocínio por classificação.
Gil (1999) compreende que são quatro os métodos científicos principais, ou formas de
obtenção do saber, sobre os quais já comentamos anteriormente quando abordamos
as origens da ciência. Leia, em seguida, atentamente sobre cada um deles:
Segundo relatam Cervo e Bervian (1983, p.41), existem duas regras gerais em
relação à validade das conclusões do processo dedutivo, quais sejam:
E qual é a relação entre este método e as ciências sociais? Em sintonia com ciências
como a Física e a Matemática, o método dedutivo apresenta restrições para as
ciências sociais diante da dificuldade para se obterem argumentos gerais cuja
veracidade não pode ser colocada em dúvida. Também, considerando os
esclarecimentos oferecidos por Escola... (2015), partir de uma afirmação geral
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Observo que Pedro, José, João etc. são mortais; verifico a relação
entre ser homem e ser mortal; generalizo dizendo que todos os
homens são mortais:
Pedro, José, João ... são mortais.
Ora, Pedro, José, João, ... são homens.
Logo, (todos) os homens são mortais.
ou,
O homem Pedro é mortal.
O homem José é mortal.
O homem João é mortal.
...
(Todo) homem é mortal.
p.13). A autora ainda ressalta que “questionários estruturados, testes e escalas são
seus principais instrumentos de coleta de dados”, posto que esses “permitem que
os dados coletados sejam codificados em categorias numéricas e visualizados em
gráficos e tabelas que revelam a fotografia de um momento específico, ou de um
período de tempo”. Assim, enquanto no método dedutivo procura-se a todo custo
confirmar a hipótese, no hipotético-dedutivo procuram-se evidências empíricas
para derrubá-la. Entretanto, o referido método tem merecido críticas. Karl Popper,
por exemplo, diz que a indução não se justifica, pois, o salto indutivo exigiria que a
observação de fatos isolados atingisse o infinito, o que nunca poderia ocorrer, por
maior que fosse a quantidade de fatos observados. Portanto, o método não é visto
com bons olhos às ciências sociais, mas é bastante aceitável em pesquisas no
campo das ciências naturais;
Saiba que o pesquisador pode escolher como caminho ou forma lógica de pensamento
entre adotar o método indutivo, ou o dedutivo, ou até o dialético ou o hipotético-
dedutivo. Nas ciências sociais aplicadas (como a Administração), porém, é mais comum
a adoção do Dedutivo ou do Indutivo. Neste âmbito, gostaríamos de destacar,
novamente, o propósito de cada um deles:
Desta forma, o método escolhido pelo pesquisador revela a sua postura diante da
pesquisa (ou melhor, da busca do conhecimento científico): Ou ele vai partir de um
pressuposto básico geral para analisar casos específicos (Dedutivo) ou ele vai observar
casos específicos para, então, poder formular uma lei geral sobre o objeto de estudo
(Indutivo), como se nota nas características resumidas dos 2 métodos, na figura 2.
1
Renascimento é o nome que se dá a um grande movimento de mudanças culturais, que atingiu as
camadas urbanas da Europa Ocidental entre os séculos XIV e XVI, caracterizado pela retomada dos
valores da cultura greco-romana, ou seja, da cultura clássica. Esse momento é considerado como um
importante período de transição envolvendo as estruturas feudo capitalistas.
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Por sua vez, como o método dialético privilegia as mudanças quantitativas, opõe-se
naturalmente a qualquer modo de pensar. Já, Vergara (2007) alerta que
De modo geral, porém, percebemos que cada um dos métodos de abordagem que
proporcionam as bases lógicas da investigação está vinculado a uma das correntes
filosóficas que se propõem a explicar como se processa o conhecimento da realidade.
Diante disso, concluímos que o método dedutivo está basicamente relacionado ao
racionalismo, o indutivo ao empirismo, o hipotético-dedutivo ao neopositivismo e o
dialético ao materialismo.
Os referidos métodos devem ser adequados a cada área de pesquisa. Dessa forma,
segundo Lakatos e Marconi (1995, p.106), os principais métodos de procedimentos
usados na área de estudos sociais, são: o histórico, o comparativo, o monográfico, o
estatístico, o funcionalista e o estruturalista.
Que tal entender um pouco mais sobre os métodos citados? Você já pesquisou sobre
eles? Então, tente descobrir os pontos principais de cada um deles e acompanhe a
descrição de cada um a seguir.
Este método visa ao estudo da sociedade do ponto de vista da função das suas
unidades, uma vez que considera toda a atividade social e cultural como funcional
ou como desempenho de funções, isto é, considera a sociedade como um sistema
organizado de atividades. Como exemplo, apontamos a averiguação da função dos
usos e costumes, como forma de assegurar a identidade cultural do grupo.
Você se lembra que na Unidade 1 aprendemos que toda atividade de pesquisa exige a
aplicação de um método para resultar em conhecimento científico? Então, antes de
começar o estudo desta segunda unidade, reflita sobre a afirmação de Pedro Demo,
conforme apresentado a seguir:
Então, como podemos definir Metodologia? Podemos definir este termo como o
estudo dos métodos ou da forma, ou dos instrumentos necessários para a construção
de uma pesquisa científica, tratando-se de uma área de estudo e disciplina curricular a
serviço da Ciência. Demo (1995, p.5) alega que a “[...] proposta atual da metodologia
científica é a de introduzir na academia o gosto pela pesquisa”. Com isso, a
metodologia é vista como sendo fundamental para a produção de trabalhos científicos,
merecendo ênfase especial em qualquer curso que exija do aluno esforços dessa
natureza.
que momento e como este projeto deve ser realizado? Busque estas informações e
compare-as com as descrições que vai conhecer a seguir!
Como esta elaboração é estruturada? Por se configurar como uma relevante tomada
decisão, em geral, a sua elaboração apresenta-se de forma delicada e complexa e,
consequentemente, demorada. Afinal, se o plano for mal traçado, no processo de
execução da pesquisa, o destino do pesquisador pode não ser o melhor!
Roesch (2005, p.94) recomenda, então, iniciar a redação desta seção pela
caracterização da organização, depois descrever a problemática a ser tratada e,
finalmente, estabelecer o foco do projeto, bem como seus limites, exatamente
conforme a sequência apresentada em seguida:
Você precisa saber que os objetivos são vistos como padrões de sucesso na
medida em que se configuram como um dos critérios mais importantes na
avaliação do trabalho final. Afinal, é por meio deles que verificamos se o que foi
proposto de fato foi alcançado. Por essa razão, no projeto estruturamos as seções
onde constam a Revisão da Literatura e a Metodologia, e, no Relatório Final,
soma-se a tais seções a seção Apresentação e Análise dos Dados cujo conteúdo
deverá ser organizado conforme os objetivos específicos propostos no capítulo1.
Ou seja, a etapa de identificação dos objetivos do trabalho é de extrema
importância para a definição das etapas subsequentes do projeto e, também, do
relatório final de pesquisa. Para tanto, é preciso inicialmente obter o objetivo
geral e, depois, formular os objetivos específicos da pesquisa, ambos expressos
em verbos de ação. Basicamente, o objetivo geral apresenta o propósito do
trabalho, dentro de uma visão global e abrangente do tema. Em outras palavras,
podemos dizer que o objetivo geral é a própria pergunta de pesquisa expressa
sem o ponto de interrogação e que deve iniciar com um verbo no infinitivo,
conforme lista expressa a seguir. Já os objetivos específicos, de caráter mais
concreto, “operacionalizam – especificam o modo como se pretende atingir um
objetivo geral” (LAKATOS; MARCONI, 2006, p.98). Diante do exposto,
identificamos as seguintes possibilidades de verbos para os objetivos específicos,
quando a pesquisa tem o objetivo geral de:
Você já deve ter concluído que os objetivos específicos acabam por encerrar as
etapas de execução da pesquisa em si, devendo ser apresentados por meio de
sentenças curtas e claras e sempre com o verbo no infinitivo. Visando o seu
entendimento sobre o conteúdo, temos o exemplo a seguir:
b) Revisão da literatura
análise e assegurar ao seu autor que o trabalho tem alguma originalidade. Pedro
Demo (1991) vai além, ao dizer que a revisão da literatura dá ao pesquisador não
só a oportunidade de conhecer quadros de referência alternativos, como também
de se atualizar na polêmica teórica, de elaborar precisão conceitual e de investir
na consciência crítica. Por essas razões, a construção do conteúdo desta seção
deve se concentrar na obtenção do conhecimento necessário para o atendimento
dos objetivos específicos da pesquisa. Igualmente, Hair Jr. et al (2005, p.77)
apontam o referencial teórico como sendo o combustível da pesquisa, posto que
as teorias - Segundo Hair Jr. et al (2005, p.77), “a teoria é um conjunto de
afirmações sistematicamente relacionadas, incluindo algumas generalizações
semelhantes a leis que podem ser testadas empiricamente”. - fornecem
percepções importantes para este processo. Afinal, a partir da teoria é possível
explicar e prever fenômenos, inclusive os relacionados à área da administração.
Devemos considerar, também, que muitas vezes as teorias são incompletas,
sugerindo investigações para completá-las. Por isso, de modo geral,
É neste sentido que alguns especialistas, como Cervo e Bervian (1983, p.78),
consideram a revisão da literatura uma fase exploratória da pesquisa, já que os
planos exploratórios se destinam justamente ao pesquisador que não sabe muito,
sendo, por isso, orientados à descoberta, como destacam Hair Jr. et al (2005,
p.84). Por outro lado, salientamos que esta fase é conhecida como leitura
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for o próprio autor do trabalho, então não é preciso citar nada sobre a fonte
ou, simplesmente, identifique-a como: elaborado pelo autor). O título da
ilustração e da tabela deve ficar acima dela e, a sua fonte, abaixo dela (figura
7);
Figura 7: Exemplo de tabela.
- Talvez aconteça que uma tabela inteira não caiba em uma página. Nesse
caso, a tabela continua na página seguinte, porém, não se coloca nenhum
traço horizontal no local em que a tabela for interrompida, escrevendo-se a
palavra continua. Na página seguinte, coloca-se a palavra continuação,
repete-se o título e se dá continuidade à tabela;
- O trecho que antecede alíneas deve terminar com 2 pontos (:). Além disso,
elas devem ser ordenadas por letras minúsculas seguidas de parênteses; cada
alínea deve começar com letra minúscula e terminar com ponto-e-vírgula,
com exceção da última que ganha um ponto; a segunda linha (e seguintes) de
uma alínea deve começar em baixo da primeira letra do texto, como segue:
a) participar da elaboração do programa de integração dos novos
funcionários da organização que trabalharão no setor de compras;
b) acompanhar o desempenho dos novos funcionários da organização
durante o período de experiência.
- Nunca se usa a palavra acima ou abaixo, pois na hora de imprimir o texto o
conteúdo referenciado pode não mais estar no local inicial;
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Mas, apesar de termos destacado a relevância das etapas anteriores, você deve
saber que a determinação da metodologia (capítulo 3 do trabalho) constitui-se
igualmente em tarefa delicada, posto que erros em especificações dessa ordem
podem causar desvios e inviabilizar o alcance dos resultados pretendidos. Sendo
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Nesta questão, vale lembrar, também, que cada especialista (autor) possui uma
maneira particular para determinar a metodologia de uma pesquisa, isto é, a
partir da literatura, identificamos possibilidades de tipologias diferentes de
estruturas metodológicas para um trabalho (figura 9).
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Outro aspecto a ser assinalado é que conjunto de tipos de pesquisa, para cada
um dos autores, pode ser diferente, porém, os tipos de pesquisa, trazidos por
cada tipologia, tem o mesmo conceito no âmbito da literatura. Por exemplo,
tanto Vergara (1997) como Triviños (2010) atribuem, à pesquisa exploratória, o
mesmo conceito. Concluímos, daí, que, ao iniciar a montagem do capítulo sobre
Metodologia, o pesquisador pode fazer opção por qualquer tipologia, contudo, é
interessante que tal opção seja explicitada, para o leitor, logo no início do citado
capítulo, apresentando-se a respectiva fonte, a exemplo das que são trazidas por
meio da figura 9.
Figura 9: Tipologias de pesquisa, na visão de cada autor.
Roesch (2005, p.122) entende que a escolha do método depende de uma postura
filosófica sobre a possibilidade de investigar a realidade e que, nestes termos, há
duas tradições na ciência: o positivismo e a fenomenologia, ou o método
quantitativo e o qualitativo. Assim, considerando a perspectiva escolhida para a
abordagem do problema, temos:
NÃO SE ESQUEÇA!!!!!!
2
Variável é um valor que pode ser dado por quantidade, qualidade, característica, magnitude, variando
em cada caso individual. Assim, há 3 tipos de variáveis: a) Dependente: é influenciada ou determinada
pela variável independente. É, portanto, a consequência da variável independente; b) independente: é a
causa, que provoca, influencia ou determina outra variável; c) interveniente: é a que se coloca entre as
variáveis estudadas a fim de anular, diminuir ou ampliar o impacto da variável independente sobre a
dependente.
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Diante destas condições, Fialho, Otani e Souza (2007, p.42) dizem que esta
pesquisa é muito utilizada para a otimização de programas para a melhoria da
eficácia organizacional e de processos industriais;
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Sendo que:
n = [N*p*q*(V)2]/[p*q*(V)2+(N-1)*E2]
n = (4000*0,5*0,5*(1,645*1,645))/(0,5*0,5*(1,645*1,645)+(4000-1)*(0,05*0,05))
PORTANTO,
n é de aproximadamente 254 servidores a serem pesquisados.
n = [(V*)/p)**2
Sendo que:
n = [(V*)/p)2
n = [(2,32*4)/0,5)]2
PORTANTO,
n é de aproximadamente 347 usuários dos serviços do TJSC a serem pesquisados.
- Probabilísticas:
Aleatória simples: cada elemento da população tem uma chance
determinada de ser selecionado. Em geral, atribui-se a cada elemento da
população um número e depois se faz a seleção aleatoriamente,
casualmente;
Estratificada: em que é selecionada uma amostra de cada grupo da
população, por exemplo, em termos de sexo, idade, profissão e outras
variáveis. Sendo que é o pesquisador que cria os estratos para a sua
pesquisa. A amostragem estratificada pode ser proporcional ou não. A
proporcional define para a amostragem a mesma proporção observada na
população, com referência a uma propriedade. Por exemplo: imagine que
na população global de mestrandos 65% tenham entre 21 e 34 anos e
35% tenham entre 35 e 45 anos. A amostra deverá obedecer a essa
mesma proporção no que se refere à idade dos mestrandos;
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- Não-Probabilísticas:
Por acessibilidade: longe de qualquer procedimento estatístico, os
elementos da amostra são selecionados pela facilidade de acesso a eles;
Por tipicidade: constituída pela seleção de elementos que o pesquisador
considera representativos da população-alvo, o que requer profundo
conhecimento dessa população.
Em relação aos dados, é preciso lembrar que, com base nas suas fontes, há duas
categorias: os dados primários e os secundários. De acordo com Hair Jr. et al
(2005, p.98), os dados primários são coletados com o propósito de completar o
projeto de pesquisa, já os secundários são aqueles que foram coletados para
algum outro propósito de pesquisa. É importante considerarmos esta
característica, pois o pesquisador precisa ter certa cautela em utilizar dados
secundários, já que em geral não são precisamente adequados aos fins da
pesquisa em curso. Ademais, podem existir vieses obtidos em função da maneira
como foram pesquisados.
Em outras palavras, assim como os pesquisadores devem verificar a
confiabilidade e validade de dados coletados especificamente para
um propósito de pesquisa, devem também averiguar a confiabilidade
e a validade dos dados secundários. Por essa razão, a precaução deve
ser aplicada no uso de dados de fontes desconhecidas (HAIR JR. et al,
2005, p.99).
Neste aspecto, fique atento, pois a identificação das técnicas e dos instrumentos
de coleta dos dados deve estar em plena consonância com os objetivos da
pesquisa, permitindo o seu alcance. Uma estratégia interessante para se adotar
neste instante é, a priori, fazer a definição das categorias de análise da pesquisa.
Trata-se de definirmos efetivamente e, portanto, operacionalmente, como se
quer estudar o objeto de estudo proposto. Para Kerlinger (1979), trata-se de
definir as variáveis relativas ao objeto de estudo, porém, chamando atenção
para o fato de que, a variáveis, são atribuídos especificamente valores
numéricos. Por este motivo, na continuidade, o autor lembra que
devemos observar que variáveis são também conceitos e
constructos. Um conceito é, naturalmente, um termo geral que
expressa a suposta ideia central por trás de objetos particulares
relacionados. Quando os cientistas falam sobre os conceitos usados
em seu trabalho, chamam-lhes frequentemente constructos.
Constructo é um termo útil porque indica a natureza sintética das
variáveis psicológicas e sociológicas. Expressa a ideia de que os
cientistas frequentemente usam termos de acordo com a
necessidade e exigências de suas teorias e pesquisas (KERLINGER,
1979, p.45-46).
Por tais razões, o termo variável é restrito a pesquisas quantitativas, enquanto o
termo construto, ou categoria de análise, cabe também a pesquisas de caráter
qualitativo, o que nos permite assumir, a partir de agora, o termo categorias de
análise como sendo o genérico para todas as situações. Porém,
independentemente da questão terminológica discutida, para a formulação do
instrumento de coleta de dados, o pesquisador precisa apresentar a definição
constitutiva e a definição operacional de cada uma das categorias de análise
(construtos) que serão estudadas por meio da sua pesquisa. Segundo Kerlinger
(1979),
uma definição constitutiva define palavras com outras palavras [...].
Definições constitutivas são definições de dicionário e, naturalmente,
são usadas por todo mundo, inclusive pelos cientistas. Entretanto são
insuficientes para propósitos científicos. [...]. Mas, os cientistas tem
que ir adiante. [...]. Fazem isto usando o que é conhecido como
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Assim, as categorias de análise propostas por Hékis (2012) acabaram por integrar
o roteiro de entrevista aplicado por ela junto aos gestores da organização em
estudo para que a pesquisadora pudesse concluir sobre a racionalidade
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tipo, mas às vezes isso é limitador (VERGARA, 2007, p.55). Mas, manter
juntas, em blocos, as questões de tipos similares;
Iniciar com questões simples e depois passar para as que implicam
opiniões e valores;
Reduzir o tamanho da cópia, se o questionário for muito extenso;
Diferenciar o tipo de letra para instruções e questões, escrevendo as
instruções no tipo itálico e as questões em Times New Roman, por
exemplo.
Para tanto, Vergara (2007, p.56) indica que o referido instrumento seja
previamente avaliado por cerca de 5 pessoas conhecedoras do assunto em
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estudo, sendo que o resultado dessa avaliação deve ser relatado no capítulo
sobre metodologia;
Contudo, Roesch (2005, p.150) salienta que o tipo de tratamento estatístico a ser
escolhido depende do tipo de dado coletado. Assim, se os dados se encontram
em uma escala, expressos em números, como por exemplo, salário, faturamento
da empresa, volume de peças produzidas, é possível usar técnicas como a média,
o desvio-padrão, a variância, análise de variância, coeficientes de correlação e a
maioria dos métodos multivariados (são métodos que permitem explorar o
padrão de relações entre as variáveis do estudo). De outro modo, se os dados
coletados são de natureza nominal ou categórica, eles não podem ser somados
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As entrevistas foram gravadas e posteriormente transcritas, para a operacionalização da análise, que foi
feita baseando-se nos pressupostos da análise de conteúdo. De acordo com Bardin (1979, p. 42), a análise
de conteúdo é “um conjunto de técnicas de análise de comunicação visando obter, por procedimentos
sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens, indicadores (quantitativos ou não) que
permitam a inferência de conhecimentos relativos às condições de produção/recepção destas mensagens”.
Para Caregnato e Mutti (2006), esta é uma técnica de pesquisa que trabalha com a palavra, permitindo a
produção de inferências do conteúdo da comunicação de um texto replicáveis ao seu contexto social. A
análise de conteúdo ultrapassa os significados manifestos, vai de um primeiro plano para atingir um nível
mais aprofundado (MINAYO, 2000). Conforme a autora, este tipo de análise relaciona estruturas semânticas
(significantes) com estruturas sociológicas (significados) dos enunciados; busca articular a superfície dos
textos com os fatores que determinam suas características, tais como contexto cultural, contexto e processo
de produção da mensagem e variáveis psicossociais. Segundo Caregnato e Mutti (2006), a análise de
conteúdo trabalha com a materialidade linguística através das condições empíricas do texto, estabelecendo
categorias para sua interpretação. As autoras destacam ainda três etapas desta técnica, baseada nos estudos
de Bardin (1979). São elas: (1) a pré-análise, que é a fase de organização; (2) a exploração do material,
sendo a etapa de codificação dos dados a partir das unidades de registro e; (3) o tratamento dos resultados e
interpretação, sendo a fase de categorização, ou seja, classificação dos elementos segundo suas semelhanças
e diferenciação, com posterior reagrupamento, em função de características comuns. Assim, na presente
pesquisa, o processo de análise dos dados passou pelas seguintes etapas:
a) preparação do material: as entrevistas foram gravadas, com o auxílio de um gravador digital. Os
arquivos foram copiados para um computador e, assim, as entrevistas foram transcritas, segundo o
roteiro de perguntas;
b) pré-análise: nesta etapa, as entrevistas foram lidas e baseando-se nos objetivos da pesquisa, foram
escolhidos os documentos a serem analisados;
c) análise: nesta etapa, foram definidas as categorias que seriam utilizadas, de acordo com os objetivos
propostos no trabalho. Utilizou-se a categorização mista, ou seja, os temas foram pré-estabelecidos,
mas havia a possibilidade do surgimento de novos temas ao longo da leitura exaustiva das
entrevistas, o que de fato aconteceu. Os temas e subtemas a partir dos quais as análises foram
realizadas estão apresentados no quadro 2, a seguir.
- Bardin (2011), em sua obra sobre o tema, diz que a análise de conteúdo deve
ser desenvolvida em 3 fases distintas, quais sejam:
A definição dos limites de uma pesquisa, além de explicitar o que será trabalhado,
também evita vieses no seu desenvolvimento.
Para finalizar o conteúdo a respeito das etapas que devem ser definidas para a
metodologia a ser aplicada pelo pesquisador para o desenvolvimento da sua
pesquisa, mostramos no quadro 1 um resumo do assunto até aqui explorado, tendo
como base as abordagens qualitativa e quantitativa. O quadro 1 permite,
principalmente, concluir sobre as principais diferenças entre a abordagem qualitativa
e a quantitativa no que tange aos métodos e técnicas que ambas encerram. Assim,
enquanto a pesquisa quantitativa caracteriza-se por tentar enumerar ou medir
eventos, faz parte da abordagem qualitativa a obtenção de dados descritivos
mediante contato direto e interativo do pesquisador com a situação ou objeto de
estudo. Dessa forma, instrumentos mais estruturados para análise e coleta de dados
são os mais indicados à alternativa quantitativa, enquanto aquelas opções que
permitem maior interação do pesquisador com o objeto da pesquisa são mais
adequadas à abordagem qualitativa, a exemplo do estudo de caso, da pesquisa-ação
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Por fim, vale reforçarmos que os métodos qualitativos e quantitativos não se excluem.
Ao contrário, combiná-los torna uma pesquisa mais consistente e reduz os problemas
decorrentes da adoção exclusiva de um desses grupos. A essa combinação, dá-se o
nome de triangulação.
Esta etapa diz respeito ao planejamento da execução das fases que compõem uma
pesquisa ao longo de um espaço de tempo limitado. Está presente, portanto,
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apenas no projeto de pesquisa. Isso pode ser feito na forma de um quadro em que
as linhas são representadas pelas atividades a serem desenvolvidas e as colunas
pelos dias, semanas, meses ou anos que compõem o período de tempo total
estimado. Uma sequência de células de cada linha deverá ser marcada, conforme a
estimativa do tempo de duração de cada atividade. Lembre-se que a primeira
atividade será sempre a revisão da literatura, seguida pelas demais exploradas
nesta unidade. O exemplo a seguir (quadro 2) mostra como você poderá estruturar
o cronograma do seu projeto:
6 Revisão Texto X
7 Entrega Trabalho X
Fonte: elaborado pela autora.
2 REVISÃO DA LITERATURA
- Levantar conceitos teóricos, métodos e instrumentos de análise. Rever
trabalhos ou aplicações semelhantes em outros contextos. E, descrever,
comparar, criticar a literatura sobre o tema.
3 METODOLOGIA
3.1 Caracterização da pesquisa
- Métodos de abordagem e de Procedimentos
- Abordagem qualitativa e/ou Abordagem quantitativa
3.2 Classificação da pesquisa
- Quanto aos meios
- Quanto aos fins
3.3 Delimitação do universo da pesquisa
- Definição da área ou população-alvo
- Plano de amostragem (quando for aplicável)
3.4 Técnicas de coleta e de análise dos dados
3.5 Perspectiva do estudo
3.6 Limitações do método
- Técnicas, estatísticas
- de escopo (físico, temporal, geográfico)
4 CRONOGRAMA
5 ORÇAMENTO
Pós-textual REFERÊNCIAS
APÊNDICES
ANEXOS
Fonte: adaptado de Roesch (2005, p.87) e Vergara (2007, p.17-180).
A partir do instante em que tais elementos são identificados e formalizados (quadro 4),
o projeto passa por um processo de avaliação e, se houver concordância dos
avaliadores quanto à sua qualidade e condições de ser colocado em prática, inicia-se a
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Por meio do quadro 4, é possível observar que a numeração das seções do trabalho
deve seguir uma sequência progressiva numérica, conforme sugere a NBR 6024 (2003).
Neste sentido, a hierarquização das seções é revelada não somente pela sua
numeração, como também pelo padrão de fonte adotado para cada nível. Com isso, de
acordo com a citada norma, pode-se adotar a seguinte sequência de padrões (figura
16), que deve ser igualmente aplicada no Sumário e dentro do texto:
De outro modo, no que concerne à sua formalização, dizemos que a pesquisa possui
uma fase antecedente e outra consolidadora. A fase antecedente corresponde ao
projeto. Já, a consolidadora mostra-se por meio do relatório da pesquisa, podendo
configurar-se como sendo um entre os vários tipos de trabalhos científicos. Porém, não
se esqueça que todos os elementos até aqui estudados – desde a definição do tema-
problema até os apêndices - estarão novamente presentes no relatório da pesquisa,
relatados na maneira como foram efetivamente trabalhados e intitulados, mas agora
não mais usando o verbo no futuro e nem tampouco fazendo referência a pretensões
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Já, em termos de estrutura, verificamos que, de modo geral, a estrutura dos trabalhos
e publicações científicas é muito similar, concentrando-se na apresentação de uma
introdução, do seu desenvolvimento e de uma conclusão.
A introdução abrange basicamente o problema de pesquisa, seus objetivos, a
delimitação do estudo e a metodologia adotada.
Na parte do desenvolvimento, o autor tem mais liberdade para abordar o tema, porém
não pode se esquecer de apresentar e analisar os resultados obtidos.
Finalmente, o autor tem condições de apresentar sua conclusão sobre a análise
realizada, cotejando os resultados com os objetivos planejados.
Em relação aos trabalhos científicos, Lakatos e Marconi (2006, p.236) lembram que
estes devem
ser elaborados de acordo com normas preestabelecidas e com os fins
a que se destinam. Serem inéditos ou originais e contribuírem não só
para a ampliação de conhecimentos ou a compreensão de certos
problemas, mas também servirem de modelo ou oferecer subsídios
para outros trabalhos.
Nestes termos, não esqueça que, tanto observações ou descrições originais, como
trabalhos experimentais e teóricos, podem ser considerados trabalhos científicos,
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desde que realizados dentro do rigor metodológico exigido para esta categoria.
Ademais, eles podem estar baseados em dados primários ou secundários.
Nesta categoria, encontram-se os trabalhos acadêmicos que, segundo a Associação
Brasileira de Normas Técnicas (ABNT, 2011) são:
A prática revela, porém, que este termo – monografia – é utilizado de modo geral para
os trabalhos finais de cursos de Graduação e de Especialização. Contudo, em nível de
graduação e de especialização não se exige tanto rigor científico na aplicação dos
procedimentos metodológico se comparado a trabalhos de pós-graduação strictu-
senso. Desse modo, o termo é mais indicado a trabalhos de conclusão de cursos de
graduação e especialização, como já foi mencionado antes.
De qualquer maneira, monografia é entendida por Fialho, Otani e Souza (2007, p.63)
como sendo um texto de primeira mão resultante de pesquisa científica e que deve
conter a identificação, o posicionamento, o tratamento e o fechamento dos
componentes de um tema/problema. Então, o que não é monografia? Para responder
a esta questão, veja o que uma monografia não é:
2 REVISÃO DA LITERATURA
- Levantar conceitos teóricos, métodos e instrumentos de análise. Rever trabalhos ou
aplicações semelhantes em outros contextos. E, descrever, comparar, criticar a
literatura sobre o tema.
3 METODOLOGIA
3.1 Caracterização da pesquisa
- Métodos de abordagem e de Procedimentos
- Abordagem qualitativa e/ou Abordagem quantitativa
3.2 Classificação da pesquisa
- Quanto aos meios
- Quanto aos fins
3.3 Delimitação do universo da pesquisa
- Definição da área ou população-alvo
- Plano de amostragem (quando for aplicável)
3.4 Técnicas de coleta e de análise dos dados
3.5 Perspectiva do estudo
3.6 Limitações do método
- Técnicas, estatísticas
- de escopo (físico, temporal, geográfico)
5 CONCLUSÃO
Pós-textual REFERÊNCIAS
APÊNDICES
ANEXOS
Fonte: adaptado de Roesch (2005, p.87) e Vergara (2007, p.17-180).
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c) Comunicação científica (ou Paper). Por meio desta publicação científica, são
transmitidos fatos, ideias e opiniões. Para Harlow e Compton (apud LAKATOS;
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Resumo: Nesta unidade, você aprendeu que após realizar a pesquisa o pesquisador
deverá identificar o meio ideal para divulgar seus resultados. Diante disso, foi
mostrado a você que, em termos de trabalhos acadêmicos, o pesquisador pode contar
com a tese de doutorado, a dissertação de mestrado e o trabalho de conclusão de
curso. Já, no que se refere às publicações científicas, você aprendeu que existem várias
alternativas, entre elas destacamos: informe científico; artigos científicos;
comunicação científica e resenha crítica. Agora, você também já tem consciência de
que cada uma das opções apresentadas possui as suas características, destinando-se
ao alcance de objetivos bem específicos.
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Você deve saber que as normas trazidas pela ABNT tratam de determinar como devem
se apresentar os trabalhos científicos. Não se constituindo, portanto, na metodologia
em si, cujos detalhes já foram analisados em unidade anterior.
A Norma ABNT NBR 6023 (2004, p.1) serve para “orientar a preparação e compilação
de referências de material utilizado para a produção de documentos e para inclusão
em bibliografias, resumos, resenhas, recensões e outros”.
Antes de tudo, porém, você precisa conhecer as regras gerais de apresentação de uma
referência, conforme preconiza a própria Norma ABNT NBR 6023 (2002, p.1-3):
c) Parte de monografia - inclui capítulo, fragmento e outras partes de uma obra, com
autor(es) e/ou título próprios:
ROMANO, Giovanni. Imagens da juventude na era moderna. In: LEVI, G.; SCHMIDT,
J. (Org.). História dos jovens. São Paulo: Companhia das Letras, 1996, p.7-16.
Por fim, não esqueça que os sistemas mais utilizados para a ordenação das referências
são o alfabético (ordem alfabética crescente de entrada) e o numérico (ordem de
citação no texto). Assim, de acordo com a Norma ABNT NBR 6023 (2002, p.22), se você
optar pelo sistema alfabético, as referências devem ser reunidas no final do trabalho,
do artigo ou do capítulo, em uma única ordem alfabética. Sendo que as chamadas de
texto devem obedecer à forma adotada na referência, com relação à escolha da
entrada, mas não necessariamente quanto à grafia. Já, se você usar o sistema
numérico no texto, a lista de referências deve seguir a mesma ordem numérica
crescente. Para conhecer detalhadamente a Norma ABNT NBR 6023:2002, além de
outras usadas para a elaboração e apresentação de trabalhos científicos, acesse a
página da Biblioteca Universitária da UFSC, por meio do endereço
http://www.bu.ufsc.br/modules/conteudo/index.php?id=14 .
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Sobre a definição de citações ao longo do texto, você deve saber que elas seguem a
Norma NBR10520, da ABNT e que, segundo esta norma:
REFERÊNCIAS
CAPRA, Fritjof. A teia da vida: uma nova compreensão científica dos sistemas vivos.
São Paulo, SP: Cultrix, 1996
CERVO, Amado Luiz; BERVIAN, Pedro Alcino. Metodologia científica: para uso dos
estudantes universitários. São Paulo: McGraw-Hill do Brasil, 1983.
DESCARTES, René. Discurso do método e regras para a direção do espírito. São Paulo:
Martin Claret, 2002.
DEMO, Pedro. Metodologia científica em ciências sociais. São Paulo: Atlas, 1995.
FIALHO, Francisco Antônio Pereira; OTANI, Nilo; SOUZA, Antônio Carlos de. TCC:
métodos e técnicas. Florianópolis: Visual Books, 2007.
GIL, Antônio C. Métodos e técnicas em pesquisa social. São Paulo: Atlas, 1999.
YIN, Robert. Estudo de caso: planejamento e métodos. Porto Alegre: Bookman, 1991.
APÊNDICES
Abstract
Escrever o mesmo texto do Resumo, mas em inglês xxxx xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx
xxxxxxx xxxxxxxxxxxxxxxxxxxx xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx
xxxxxxxxxxxxxxxxxxxx.
1 INTRODUÇÃO
Este documento está escrito de acordo com o modelo indicado para o artigo, assim, serve de referência, ao
mesmo tempo em que comenta os diversos aspectos da formatação. Observe as instruções e formate seu artigo de acordo
com este padrão.
O artigo completo não deve exceder 8 (oito) páginas, podendo conter no mínimo 5 (cinco) páginas. As
margens devem ter: superior 3cm, inferior 2cm, lateral esquerda 3cm, e lateral direita 2cm. O tamanho de página deve
ser A4. O tipo de fonte deve ser Times New Roman, tamanho 12. Título: deve estar centralizado, em negrito, com letras
maiúsculas e não deve ultrapassar duas linhas. A Introdução inicia-se a três espaços após o Resumo.
Os títulos das sessões do trabalho devem ser posicionados à esquerda, em negrito, numerados com algarismos
arábicos (1, 2, 3, etc.). Deve-se utilizar texto com fonte Times New Roman, tamanho 12, em negrito. Não coloque ponto
final nos títulos.
Observe-se o cabeçalho na primeira página e a inserção da numeração a partir da segunda página, no alto à
direita.
2 REVISÃO DA LITERATURA
Um artigo deve conter partes pré-textuais (título, autoria, resumo, palavras-chaves), partes textuais
(introdução, desenvolvimento desdobrado em subitens, e considerações finais apresentando a conclusão do estudo) e as
partes pós-textuais, que neste formato restringe-se às referências bibliográficas (de obras citadas durante o texto) e à
bibliografia consultada (obras lidas, mas não citadas).
3 METODOLOGIA
Um artigo deve apresentar os procedimentos metodológicos adotados para a realização da pesquisa, o que
inclui: a caracterização da pesquisa – vide slides –, a classificação da pesquisa, instrumentos e técnica de coleta e de
análise dos dados, delimitação da população, da amostra e sujeitos da pesquisa, limitações do método (APPOLINÁRIO,
2006; BARBETA, 1998). Para cada uma das escolhas metodológicas feitas pelo pesquisador, é preciso, também,
apresentar o conceito de, pelo menos, um autor sobre ela, além de especificações quanto ao modo como a escolha foi
aplicada no caso da pesquisa.
Exemplo: A presente pesquisa é do tipo descritiva. Segundo Gil (1999), uma pesquisa descritiva é aquela que
tem por propósito descrever o objeto de estudo. No caso da pesquisa atual, descrevem-se os procedimentos adotados pela
organização X para fazer seu planejamento estratégico.
No artigo, o capítulo 4 deve apresentar os resultados obtidos para cada um dos objetivos da pesquisa (geral e
específicos). Isto é, é neste capitulo onde são apresentados os dados coletados por ocasião da realização da pesquisa,
devendo-se, também aqui, analisá-los com a teoria trabalhada no capítulo 2.
5 CONCLUSÃO
Aqui, deve-se trazer a resposta obtida com a realização da pesquisa para seus objetivos (geral e específicos).
REFERÊNCIAS
(Observação: Aqui são listadas somente as fontes citadas ao longo do texto do trabalho.)
APPOLINÁRIO, F.. Metodologia da ciência: filosofia e prática da pesquisa. São Paulo: Pioneira Thomson Learning,
2006.
BARBETA, P. A.. Estatística aplicada às ciências sociais. Florianópolis: Editora da UFSC, 1998.