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Poder Judiciário de Santa Catarina

Academia Judicial
Curso de Pós-Graduação em Gestão
Estratégica no Poder Judiciário

Metodologia Científica e da Pesquisa

Profa. Dra. Alessandra de Linhares Jacobsen


(CAD/UFSC)

Florianópolis (SC), agosto de 2015.


Curso de Pós-Graduação em Gestão Estratégica no Poder Judiciário
Metodologia Científica e da Pesquisa
Profa. Dra. Alessandra de Linhares Jacobsen (CAD/UFSC)
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APRESENTAÇÃO

Um dos principais desafios da academia é desenvolver no aluno a habilidade para a


pesquisa. Você já parou para pensar como é importante conhecer e dominar os
instrumentos capazes de torná-lo um verdadeiro pesquisador? E, neste contexto, ter
consciência a respeito do papel da ciência e da pesquisa no seu dia-a-dia? Pois, saiba
que somente a realização da pesquisa por meio de métodos científicos conduzirá à
construção do conhecimento notadamente científico. Produzir conhecimento significa
inovar e crescer, possibilitando a obtenção de saltos qualitativos seja qual for a sua
área de atuação. Essa é a nossa proposta! Nestes termos, esta disciplina pretende
concorrer para a formação do pesquisador por meio da compreensão da pesquisa
enquanto processo de aprendizagem sobre a produção do conhecimento e a
comunicação científica dos resultados. Para tanto, observamos que o conteúdo
trabalhado não será tratado como um fim em si, mas como um meio para que você
possa alcançar uma adequada formação na presente área de estudo. Por meio das
atividades propostas e do material instrucional disponíveis para o Curso, buscamos lhe
oferecer o estímulo e os instrumentos necessários para o seu aprendizado. A disciplina
consiste, assim, em quatro unidades principais. Inicialmente, desenvolvemos uma
reflexão acerca do papel da metodologia científica, permitindo a você conhecer um
pouco mais sobre os diferentes níveis de conhecimento, sobre as origens do método
científico e a respeito das possibilidades em termos de métodos de abordagem e
métodos de procedimentos. Na continuidade, abordaremos as técnicas e etapas
necessárias para elaborar projetos de trabalhos científicos. Nossa intenção, ainda, é
contribuir para que você possa identificar o meio ideal para a divulgação dos
resultados obtidos com a pesquisa, seja por meio de trabalhos científicos ou por meio
de publicações científicas. Lembre-se que o pré-requisito para que você obtenha o
título de Especialista em Gestão Estratégica no Judiciário é desenvolver um artigo
científico, baseado em um estudo de caso (ou até multicaso), que deverá ser entregue
à Coordenação do Curso até 90 dias após o seu término e que este artigo será avaliado
por uma banca formada por 3 professores, sem a participação do seu professor-
orientador. Portanto, é preciso caprichar, buscando-se todos os recursos para isso!
Neste sentido, queremos também familiarizá-lo com as principais normas da
Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) usadas para a elaboração e
apresentação de trabalhos científicos. Esse é o nosso desafio, dotá-lo de um espírito
científico e da vontade e habilidade de pesquisar.

Desejamos a você muito sucesso nessa caminhada!

Alessandra de Linhares Jacobsen


Curso de Pós-Graduação em Gestão Estratégica no Poder Judiciário
Metodologia Científica e da Pesquisa
Profa. Dra. Alessandra de Linhares Jacobsen (CAD/UFSC)
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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .......................................................................................... 3
1.1 Níveis de conhecimento .......................................................................... 3
1.2 As origens do método científico .............................................................. 8
1.3 Métodos de abordagem .......................................................................... 15
1.4 Métodos de procedimentos .................................................................... 24
2 DESENVOLVENDO PROJETOS DE TRABALHOS CIENTÍFICOS ...................... 29
2.1 Projeto de pesquisa ................................................................................ 29
2.1.1 Composição estrutural do projeto ............................................................ 30
3 TIPOS DE TRABALHOS CIENTÍFICOS E DE PUBLICAÇÕES ........................... 89
3.1 Trabalhos científicos ............................................................................... 89
3.2 Publicações científicas ............................................................................ 95
4 NORMAS GERAIS DA ABNT PARA ELABORAÇÃO DE REFERÊNCIAS ........... 99
REFERÊNCIAS .......................................................................................... 98
APÊNDICES .............................................................................................. 106
APÊNDICE A – Modelo de artigo .............................................................. 106
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1 INTRODUÇÃO

A adequada aplicação das técnicas e princípios da metodologia científica no


desenvolvimento de pesquisas exige, a priori, a plena compreensão do que seja
Ciência. Afinal, só se realiza ciência diante da pesquisa, sendo que o ser humano vive
constantemente buscando adquirir conhecimento. Neste âmbito, é particularmente
interessante que você internalize a importância do espírito científico conhecendo
conceitos fundamentais inerentes à área de estudo em questão, bem como a diferença
que existe entre ciência pura – ou básica - e ciência aplicada. Para completar, é preciso
também estudar as possibilidades em termos de técnicas de raciocínio baseadas nos
métodos de indução e de dedução, além do hipotético-dedutivo e o do dialético. Esta
unidade apresenta, portanto, uma ênfase mais teórica, em oposição aos demais. Você
está preparado para iniciá-la?

1.1 Níveis de conhecimento

Conforme alertam Cervo e Bervian (1983, p.5),


o homem não age diretamente sobre as coisas. Sempre há um
intermediário, um instrumento entre ele e seus atos. Isto também
acontece quando faz ciência, quando investiga cientificamente. Ora,
não é possível fazer um trabalho científico, sem conhecer os
instrumentos. E estes se constituem de uma série de termos e
conceitos que devem ser claramente distinguidos, de conhecimentos
a respeito das atividades cognoscitivas que nem sempre entram na
constituição da ciência, de processos metodológicos que devem ser
seguidos, a fim de chegar-se a resultados de cunho científico e,
finalmente, é preciso imbuir-se de espírito científico.

Vale destacar que o fazer ciência apresenta como finalidade maior a obtenção, o
tratamento e a disseminação do conhecimento. “A ciência tenta explicar o mundo que
realmente existe. [...] Os cientistas sociais, tais como psicólogos e sociólogos, tentam
descrever as realidades do comportamento humano individual e as interações dos
humanos na sociedade” (HAIR JR. et al, 2005, p.31).
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Mas, afinal de contas, como podemos definir conhecimento? O conhecimento pode


ser conceituado como um conjunto de informações contextualizadas e dotadas de
semânticas inerentes ao agente que o detém, e seu conteúdo semântico ocorrerá em
função do conjunto de informações que o compõem, de suas ligações com outras
unidades de conhecimento e do processo de contextualização (SANTANA; SANTOS
2002 apud FIALHO et al, 2006). O conhecimento possibilita ao ser humano reconstruir
a realidade, através de imagens (conhecimento sensível obtido através dos 5 sentidos
– visão, audição, tato, paladar e olfato aplicados à realidade) e de ideias
(conhecimento intelectual representado por juízos, raciocínios, princípios e leis).
Agora que já definimos o que é o conhecimento, saiba que o processo de conhecer
está relacionado à relação do indivíduo (sujeito cognoscente) com um objeto ou
fenômeno exterior a si (objeto conhecido). Ou seja, é por meio desse processo que o
indivíduo acessa a realidade e dela toma posse, apreendendo a natureza, a essência, e
a estrutura, função ou finalidade de um determinado objeto ou fenômeno. Sendo
assim, a busca do conhecimento pode ser justificada por 2 grandes razões:

a) Compreensão do objeto em estudo; e


b) Aplicabilidade do conhecimento obtido visando a solução de problemas do
quotidiano.

Com você, não é isso que acontece? Quando você está diante de um problema, por
exemplo, não busca inicialmente compreendê-lo para depois buscar a sua solução por
meio da alternativa identificada como a mais adequada?

O conhecimento nasce e se cria na mente humana, sendo totalmente dependente do


contexto em que é gerado e interpretado. Quanto ao tema, Cervo e Bervian (1983, p.6)
destacam que a complexidade da realidade determinará formas diferentes de
apreensão e apropriação do conhecimento por parte do sujeito cognoscente. Na
continuidade, os autores afirmam que “estas formas darão os diversos níveis de
conhecimento segundo o grau de penetração do conhecimento e consequente posse
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mais ou menos eficaz da realidade, levando ainda em conta a área ou estrutura


considerada”. Assim, constatamos os seguintes níveis de conhecimento (CERVO;
BERVIAN, 1983, p.7-13):

a) Conhecimento empírico: o conhecimento vulgar ou popular é resultante da


experiência do dia-a-dia, isto é, da observação e da vivência que as pessoas têm
com os fatos diários. Relaciona-se a crenças e mitos populares. Não segue nenhum
método para ser criado e obtido, não possuindo qualquer ordenação ou
sistematização. Por outro lado, constitui-se a base do saber popular, sendo
transferido de pai para filho. E, apesar de se caracterizar como sendo um
conhecimento subjetivo, inexato e superficial, muitos especialistas o consideram
importante para a ciência, pois às vezes o pesquisador tem de passar pela
observação dos fenômenos naturais antes de se chegar ao conhecimento
científico. Por exemplo, o saber sobre ervas medicinais possibilita a obtenção de
conhecimentos relacionados à farmacologia;

b) Conhecimento teológico: o conhecimento religioso está baseado em crenças e


valores religiosos, sendo indiscutível, infalível e não-verificável. Os objetos de
estudo são seres ou fatos sublimes, tais como Deus ou Buda. Consequentemente,
não podem ser medidos ou comparados. Tal conhecimento é representado por
dogmas (verdades absolutas) e, com isso, não pode ser constatado, nem
tampouco se discute a respeito dele;

c) Conhecimento científico: Dizemos que este é o conhecimento produzido em


laboratório, sendo do tipo racional, uma vez que resulta de uma investigação
científica. Este conhecimento é demonstrável, verificável e passível de se replicar,
sendo que suas variáveis devem ser conhecidas. Exige o uso de uma metodologia
para desenvolvê-lo. Em outras palavras, o método de apreensão desse
conhecimento é sistemático e controlado. O conhecimento científico, portanto,
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não se constitui em algo pronto e acabado. A sua origem está na aplicação de


procedimentos de verificação baseados na metodologia científica. Diante desse
quadro, concluímos que o conhecimento científico se refere ao conhecimento
racional, sistemático, exato e verificável da realidade. Por essas razões, distingue-
se do empírico, já que possibilita a sua verificação, não se limitando à percepção
dos fenômenos pelos órgãos dos sentidos ou através dos instrumentos
desenvolvidos pelo homem com o objetivo de alcançar uma maior acuidade,
dirigindo-se ao fulcro do problema, comprovando o mesmo através da
experimentação controlada. Resumidamente, esse tipo de conhecimento tem
como característica as que seguem:
 é racional e objetivo;
 atém-se aos fatos;
 transcende aos fatos;
 é analítico;
 requer exatidão e clareza;
 é comunicável;
 é verificável;
 depende de investigação metódica;
 busca e aplica leis;
 é explicativo;
 pode fazer predições;
 é aberto;
 é útil.

d) Conhecimento filosófico: De acordo com Cervo e Bervian (1983, p.11), o


conhecimento filosófico distingue-se do científico pelo objeto de investigação e
pelo método, já que
o objeto das ciências são os dados próximos, imediatos, perceptíveis
pelos sentidos ou por instrumentos, pois, sendo de ordem material e
física, são por isso suscetíveis de experimentação (método científico
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= experimental). O objeto da filosofia é constituído de realidades


imediatas, não perceptíveis pelos sentidos e que, por serem de
ordem suprassensíveis, ultrapassam a experiência (método
racional).

Desse modo, vale observar que a filosofia está voltada a objetos que não podem
ser medidos ou aferidos, tais como identificar o que seria felicidade, qual seria o
sentido da vida, além de outras questões que não permitem o uso de
instrumentos de medição ou observação para se gerar conhecimento. Para tanto,
o filósofo usa apenas a lógica e a razão. A filosofia trata, portanto, de questões
universais, não de um caso específico. Por outro lado, algumas questões que
inicialmente caracterizam-se como sendo filosóficas, tornam-se científicas a partir
do instante em que se desenvolvem instrumentos adequados para pesquisá-las, a
exemplo da origem do universo.

Mas, afinal como nos comportamos diante dos vários níveis de conhecimento? Na
sociedade moderna, atribuímos grande importância ao conhecimento científico, pois,
fora este tipo, os demais se caracterizam por serem subjetivos e não fidedignos. Fialho,
Otani e Souza (2007, p.21) destacam que esse tipo de conhecimento, o científico,

ultrapassa os limites do conhecimento empírico, na medida em que


procura evidenciar, além do próprio fenômeno, as causa e a lógica de
sua ocorrência. Procura-se, na verdade, estabelecer princípios,
conceitos e leis que permitam explicar as razões da ocorrência de um
determinado fenômeno. Assim, após serem repetidas várias vezes
pelo raciocínio humano, essas razões tornam-se verdades
provisórias, axiomáticas (FIALHO; OTANI; SOUZA, 2007, p.21).

Devemos concordar que no meio científico não há espaço para emissão de opiniões
sobre questões que não são plenamente compreendidas, exigindo a produção de
conhecimento científico para formulá-las e explicá-las adequadamente.
Isso tudo decorre das características que encerra o conhecimento, resumidas na figura
1, a seguir.
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Figura 1: Características do conhecimento científico

Fonte: Elaborada pela autora.

Apesar da importância do conhecimento científico para a sociedade, por outro lado,


notamos igualmente uma tendência à valorização crescente de outras formas de saber
menos objetivas e mais abstratas, especialmente àquelas em que a intuição é
componente fundamental. Afinal de contas, conforme argumentam Fialho, Otani e
Souza (2007, p.19), a ciência atual é menos pretensiosa em relação ao que se entende
por verdade, contentando-se com pressupostos que se mostrem consistentes ao
serem capazes de explicar aquilo que é observado e de fazerem previsões.

1.2 As origens do método científico

Agora que já conhecemos as diferenças que existem entre os vários tipos de


conhecimento, precisamos compreender o contexto da ciência, sua importância e
abrangência.

Então, o que se entende por ciência? Lakatos e Marconi (2006, p.80) apontam ciência
como “uma sistematização de conhecimentos, um conjunto de proposições
logicamente correlacionadas sobre o comportamento de certos fenômenos que se
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deseja estudar”. Neste âmbito, devemos entender a ciência como um sistema de


relações ou uma forma de aproximar fatos que aparentemente estão separados, mas
que têm uma ligação entre si. Mais especificamente, trata-se do conjunto de
informações sistematicamente organizadas e comprovadas verdadeiras sobre
determinado tema. Portanto, conforme lembram os autores (LAKATOS; MARCONI,
2006, p.80-81), as ciências possuem:

a) Objetivo ou finalidades: Refere-se à preocupação em distinguir a característica


comum ou as leis gerais que regem determinados eventos;

b) Função: Diz respeito ao aperfeiçoamento, obtido através do acervo crescente de


conhecimentos, da relação do homem com o seu mundo;

c) Objeto, que é subdividido em:


 Material: é aquilo que se pretende estudar, analisar, interpretar ou verificar,
de modo geral;
 Formal: é o enfoque especial, em face das diversas ciências que possuem o
mesmo objeto material.

Agora que você já entendeu o que é conhecimento e o que é ciência, já parou para
pensar em qual é a atividade básica da ciência? Sua atividade básica é a pesquisa! Com
isso, é possível afirmar que a ciência é autônoma em relação à fé e à filosofia, sendo
que seus fundamentos estão baseados em nunca constituir um conhecimento
absoluto ou final, o qual pode ser sempre modificado ou substituído. Ainda, a exatidão
nunca é obtida integralmente, mas sim através de modelos sucessivamente mais
próximos, referindo-se a um conhecimento válido até que novas observações e
experimentações o substituam. Quanto a este assunto, vale destacarmos o que dizem
os especialistas sobre o caráter da pesquisa:
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[...] que a pesquisa é cíclica, que nunca se completa, pois existem


várias formas de se pensar sobre um determinado tema. Os
resultados de uma pesquisa suscitam questões adicionais, que
originam novas pesquisas para ratificar, refutar ou completar as
visões construídas, possibilitando o acúmulo de experiências e o
avanço do conhecimento (SILVA; ROMAN NETO, 2010, p.83).

Apesar do consenso em torno do tema, a concepção sobre o que seja ciência e método
científico não é algo recente, foi sendo desenvolvida ao longo dos tempos,
apresentando momentos e atores de destaque diversos, como você pode verificar na
sequência. Entre os atores que mais se destacaram na elaboração das bases do
pensamento científico, apontamos René Descartes como sendo o fundador da
metodologia científica. Em meio ao Iluminismo (corrente filosófica do século XVII que
propôs a luz da razão sobre as trevas dos dogmas religiosos), desponta este filósofo
que queria criar um novo tipo de pensamento com capacidade de superar as
limitações da lógica medieval que só serviam para revelar aquilo que todos já sabiam.
Ou seja, Descartes pretendia chegar a uma nova forma de raciocínio que permitisse a
descoberta de novos conhecimentos, mostrando ser a razão a essência dos seres
humanos – lógica expressa pela máxima penso, logo existo.

Em sua principal obra, O Discurso do método, Descartes procurou demonstrar como


se pode conhecer a verdade e como colocar as crenças e ideias humanas à prova sem
se ter como referência autoridades e diretrizes exteriores, através de um método
rigoroso de procedimento. E como era esse método? Tal método era inspirado no rigor
matemático e pretendia fundamentar os princípios de todas as verdades que o espírito
humano tem capacidade de saber. O novo pensamento, criado por Descartes, seria
baseado em quatro princípios ou regras (DESCARTES, 2002, p.22), como podemos
visualizar a seguir:

a) Primeira regra: evidência. Nunca aceitar como verdadeira algo que não se conhece
evidentemente como tal. Isto é, trata-se de duvidar sempre, já que enquanto a
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religião (conhecimento teológico) prega o acreditar permanente, a ciência teria


como pressuposto básico a dúvida;

b) Segunda regra: da análise. Dividir cada uma das dificuldades que se devesse
examinar em tantas partes quanto fosse possível e necessário para resolvê-las. De
acordo com a lógica cartesiana, não se deve pesquisar o fenômeno no todo, mas
em partes. Tal princípio deu origem à especialização e divisão do saber,
característica presente até hoje nas instituições de ensino;

c) Terceira regra: da síntese. Conduzir em ordem os pensamentos, iniciando pelos


objetos mais simples e mais fáceis de serem conhecidos, para chegar, aos poucos,
ao conhecimento mais compostos e, supondo também uma ordem de
precedência de uns em relação aos outros. O entendimento é de que a solução de
um problema exige a priori a solução das partes mais simples para, finalmente,
chegar às mais complexas. Tal princípio conduz à ideia de que o complexo é na
verdade uma junção de partes simples (ideia que posteriormente passa a ser
criticada);

d) Quarta regra: enumerar para manter a ordem do pensamento. É preciso fazer,


para cada caso, enumerações tão complexas e revisões tão gerais para se ter a
certeza de que não se está omitindo nada. Ou seja, nunca se pode confiar no
primeiro resultado de uma experiência. Tal princípio resultou em determinadas
consequências para a ciência, fazendo-a aperfeiçoar cada vez mais os
instrumentos de pesquisa.

Então vamos entender melhor a proposta do filósofo. Como nos lembra Motta (2007),
ela tem como principal objetivo o bem encaminhar e a procura da verdade nas ciências
e de um conhecimento seguro de todas as coisas, de forma dedutiva. O universo era
considerado por ele o lugar onde toda a filosofia estava escrita em linguagem
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matemática, sendo que sua interpretação dependeria do fato do indivíduo estar


familiarizado com os caracteres em que esta linguagem está escrita. Neste contexto, a
resolução dos problemas e das dificuldades seria alcançada pelo contínuo raciocínio
ordenado, do tipo cartesiano.

Diante dessas razões, pelo fato de ter ressaltado o papel e a força da razão, colocando
a clareza e a distinção como critérios únicos para se chegar à verdade, e por ter
mostrado interesse pelas novas ciências da psicologia e da física, Descartes foi um dos
primeiros filósofos a valorizar o desenvolvimento dos princípios metodológicos que
caracterizam o pensamento científico-filosófico do mundo moderno e contemporâneo.

Além disso, sugere Motta (2007), o pensamento cartesiano influiu profundamente no


humanismo científico, pois foi um dos responsáveis pela inauguração de uma nova
ideia e uma nova concepção acerca do ser humano e da natureza, eminentemente
distintas daquelas que prevaleceram durante a Idade Média. Definitivamente, esse
modo de pensar influenciou cientistas e pensadores ao longo dos tempos.

A maior crítica a tal forma de raciocínio estava relacionada ao fato de que o homem
havia sido transformado em coisa e em compartimentação do saber. De outro modo,
não podemos ignorar aqui o esforço de Descartes em elaborar um meio de raciocínio
que permitisse a descoberta de novos conhecimentos dentro de bases científicas.

Em oposição a Descartes, outro filósofo e ícone da presente área de estudo, Francis


Bacon, entende que a ciência deve partir da observação e, só em seguida, pode
proceder cautelosamente, chegando às teorias. Tal princípio é claramente expresso
por meio das seguintes palavras:

resta-nos um único e simples método de emitirmos nossas opiniões:


levar os homens aos particulares e às suas séries e ordens regulares a
fim de que os homens se sintam obrigados a renunciar às suas
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noções e comecem a adquirir familiaridade com as coisas (BACON,


1979).

Conforme observamos, Bacon (1979), ao escrever a obra Novum Organum (em 1620),
opõe-se à ciência dedutiva, já que sua lógica sai do universal para o particular. Para
ele, o método de Descartes, na realidade, não leva a nenhuma descoberta, apenas
esclarece o que já está implícito. Na opinião de Bacon, o raciocínio silogístico
(Raciocínio silogístico: tipo de raciocínio que encerra o silogismo. Isto é, refere-se à
dedução formal tal que, postas duas proposições, chamadas premissas, delas, por
inferência, tira-se uma terceira, chamada conclusão), proposto pela Lógica de
Aristóteles e utilizado por Descartes, essencialmente dedutivo, deveria ser substituído
por sua nova lógica, pois somente através da observação é que se torna possível
conhecer algo novo. Este princípio é o fundamento básico do método indutivo, que
privilegia a observação como processo para se chegar ao conhecimento. Partindo,
então, do princípio de que a experiência é fonte de todo o conhecimento, Bacon
identifica uma nova metodologia para a investigação científica conhecida como o
método experimental e indutivo.

Em quais etapas está baseado este método? Tal método está baseado em três etapas
fundamentais, que são:

a) observação dos fatos;


b) colocação de hipóteses por indução;
c) verificação experimental das hipóteses, através do maior número possível de
experiências.

A indução consiste em enumerar os enunciados sobre o fenômeno que se quer


pesquisar e, através da observação, procura-se encontrar algo que está presente nas
ocorrências desse fenômeno. Diante dessa lógica, o filósofo defendeu a ideia de que a
ciência era um instrumento de domínio da natureza a serviço da sociedade.
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Desse modo, Bacon apresentou a investigação como uma organização racional que
procura isolar as causas dos fenômenos naturais. Bacon estabeleceu também um
método de pesquisa paralelo ao da indução: o método do raciocínio analógico ou
raciocínio por classificação.

Assim, enquanto Bacon pregava o método indutivo como forma de se produzir o


conhecimento (resultado de experimentações contínuas e do aprofundamento do
conhecimento empírico), Descartes apontava o método dedutivo como aquele que
possibilitaria a aquisição do conhecimento através da elaboração lógica de hipóteses e
a busca da sua confirmação ou negação.

Mas, além de Descartes e Bacon, outros filósofos destacaram-se no desenvolvimento


dos postulados do método científico. Você sabe quem são? Entre eles, podemos citar
Popper e Kuhn. De modo geral, porém, o presente conteúdo revela que o método
científico surgiu, sobretudo, como uma tentativa de organizar o pensamento para se
atingir o meio adequado de conhecer e controlar a natureza.

E o que é preciso para que um conhecimento seja considerado científico? Devemos


identificar tanto as operações mentais como as técnicas. Em outras palavras, podemos
classificar os métodos em métodos de abordagem e métodos de procedimentos.
Vamos entender a diferença entre eles. Os métodos de procedimentos, de certo
modo, confundem-se com as técnicas. Já, os métodos de abordagem são referentes ao
plano geral do trabalho, a seus fundamentos lógicos e aos processos de raciocínio
adotados, enquanto os métodos de procedimentos relacionam-se com as etapas do
trabalho. Basicamente, a técnica é identificada com a parte prática da pesquisa. Na
sequência, você pode explorar mais profundamente cada um dos métodos científicos
que estão à disposição do pesquisador para fazer ciência.
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1.3 Métodos de abordagem

Precisamos lembrá-lo que a priori o método científico refere-se ao instrumento usado


pela ciência na análise da realidade, formado por um conjunto de procedimentos,
mediantes os quais os problemas científicos são examinados. Para Nagel (apud CERVO;
BERVIAN, 1983, p. 25), “método científico é a lógica geral, tácita ou explicitamente
empregada para apreciar os méritos de uma pesquisa”. Corroborando este
pensamento, Fialho, Otani e Souza (2007, p.24) conceituam o método científico como
sendo o conjunto de processos ou operações mentais que devem ser empregados em
uma investigação. Ou, ainda, Vergara (2007, p.12) diz que “método é um caminho,
uma forma, uma lógica de pensamento”. Isto é, refere-se à linha de raciocínio adotada
no processo de pesquisa.

Neste caso, temos o caminho essencial para se produzir conhecimento científico.


Afinal, “não há ciência sem o emprego de métodos científicos”, conforme destacam
Lakatos e Marconi (2006, p.83). Reside aí a importância em se estabelecer o método
que permita adequadamente o desenvolvimento da pesquisa pretendida.

Gil (1999) compreende que são quatro os métodos científicos principais, ou formas de
obtenção do saber, sobre os quais já comentamos anteriormente quando abordamos
as origens da ciência. Leia, em seguida, atentamente sobre cada um deles:

a) Método dedutivo. De acordo com Lakatos e Marconi (1995, p.106), este é o


método de abordagem que, partindo das teorias e leis, na maioria das vezes, prediz
a ocorrência dos fenômenos particulares (conexão descendente). De outro modo,
dizemos que
a dedução é a argumentação que torna explícitas verdades
particulares contidas em verdades universais. O ponto de partida é o
antecedente, que afirma uma verdade universal, e ponto de chegada
é o consequente, que afirma uma verdade menos geral ou particular
contida implicitamente no primeiro (CERVO; BERVIAN, 1983, p.40).
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Trata-se de um método lógico que pressupõe a existência de verdades gerais já


afirmadas que servem de premissa para se chegar, por meio dele, a novos
conhecimentos. Este método, proposto por racionalistas como Descartes, Spinosa
e Leibniz, pretende explicar, por meio de uma cadeia de raciocínio definida em
ordem descendente, o conteúdo das premissas colocadas. Ou seja, para os
racionalistas, só a razão pode levar ao conhecimento verdadeiro. Então, se as
premissas são verdadeiras, a conclusão será sempre verdadeira. Mas que tipo de
raciocínio é esse? Tal modo de raciocínio, denominado de silogismo, caracteriza-se
por ser uma construção lógica que a partir de duas premissas, retira uma terceira
logicamente decorrente das duas primeiras, denominada de conclusão. Podemos
verificar a aplicação do raciocínio dedutivo por meio do seguinte exemplo:

Todo homem é mortal (premissa maior - geral)


Pedro é homem (premissa menor - particular)
Logo, Pedro é mortal. (conclusão)

Segundo relatam Cervo e Bervian (1983, p.41), existem duas regras gerais em
relação à validade das conclusões do processo dedutivo, quais sejam:

 da verdade do antecedente, segue-se a verdade do consequente;


 da falsidade do antecedente, pode-se seguir-se a falsidade ou a
veracidade do consequente.

E qual é a relação entre este método e as ciências sociais? Em sintonia com ciências
como a Física e a Matemática, o método dedutivo apresenta restrições para as
ciências sociais diante da dificuldade para se obterem argumentos gerais cuja
veracidade não pode ser colocada em dúvida. Também, considerando os
esclarecimentos oferecidos por Escola... (2015), partir de uma afirmação geral
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significa supor um conhecimento prévio. Então, perguntamos: Mas, como é que se


pode afirmar que todo homem é mortal? Esse conhecimento não pode derivar da
observação repetida de casos particulares (o que caracterizaria a indução). A
afirmação de que todo homem é mortal foi previamente adotada e não pode ser
colocada em dúvida. Por isso, os críticos desse método argumentam que esse
raciocínio se assemelha ao adotado pelos teólogos, que partem de posições
dogmáticas. Lembre-se que um dogma representa um ponto fundamental e
indiscutível de uma doutrina religiosa, e, por extensão, de qualquer doutrina ou
sistema, como aponta Ferreira (1999, p.701);

b) Método indutivo. A indução percorre o caminho inverso ao da dedução, pois a


cadeia de raciocínios estabelece a conexão ascendente. Ou seja, partimos do
particular para o geral. Neste caso, as constatações particulares é que levam às leis
gerais. Lakatos e Marconi (2006, p.87) apontam a realização desse método em três
etapas, que são:

 observação dos fenômenos: nessa etapa são observados e analisados os fatos


ou fenômenos, na qual o pesquisador busca descobrir as causas de sua
manifestação;
 descoberta da relação entre eles: na segunda etapa, o pesquisador procura,
por intermédio da comparação, aproximar fatos ou fenômenos, na tentativa
de descobrir a relação constante existente entre eles. Isto é, procede-se ao
agrupamento dos fatos ou fenômenos da mesma espécie, de acordo com a
relação existente que se nota entre eles;
 generalização da relação: nesta terceira etapa, o pesquisador faz a
generalização da relação encontrada na etapa precedente, entre os
fenômenos ou fatos semelhantes, muitos dos quais ainda não foram
observados (ou não podem). Esta é, em verdade, a etapa de classificação,
resultante da generalização da relação observada.
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Os autores (LAKATOS; MARCONI, 2006, p.87) demonstram a aplicação do método


por meio do seguinte exemplo:

Observo que Pedro, José, João etc. são mortais; verifico a relação
entre ser homem e ser mortal; generalizo dizendo que todos os
homens são mortais:
Pedro, José, João ... são mortais.
Ora, Pedro, José, João, ... são homens.
Logo, (todos) os homens são mortais.
ou,
O homem Pedro é mortal.
O homem José é mortal.
O homem João é mortal.
...
(Todo) homem é mortal.

Conforme notamos no exemplo apresentado, este método – proposto por


empiristas como Bacon, Locke e Hume - coloca a generalização como um produto
das particularidades obtidas. Ou seja, a generalização não pode ser buscada
aprioristicamente, mas constatada a partir da observação de casos concretos
suficientemente confirmadores dessa realidade (ESCOLA..., 2015). Portanto, aqui,
não existem premissas preestabelecidas, mas somente a observação de fatos ou
fenômenos cujas causas desejam-se conhecer. Em seguida, o pesquisador procura
compará-los buscando descobrir as relações existentes entre eles. Finalmente, ele
faz a generalização, baseando-se na relação identificada. E, diferentemente do
método dedutivo, o indutivo apresenta conclusões como sendo verdades não
contidas nas premissas consideradas, por isso caracterizam-se como sendo apenas
prováveis. Você já deve ter concluído que tal método é particularmente
interessante para as ciências sociais, já que foi a partir dele que os estudiosos da
sociedade passaram a abandonar a postura especulativa, adotando a observação
como procedimento indispensável para atingir o conhecimento científico, não é
mesmo? Com base nele, é que se buscou o desenvolvimento de instrumentos de
coleta e de mensuração de dados;
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c) Método hipotético-dedutivo. Trata-se de um método considerado lógico, por


excelência. Acha-se historicamente relacionado com a experimentação, motivo pelo
qual é bastante usado no campo das pesquisas das ciências naturais. Não é fácil
estabelecer a distinção entre o método hipotético-dedutivo e o indutivo, uma vez
que ambos se fundamentam na observação. A diferença é que o método hipotético-
dedutivo não se limita à generalização empírica das observações realizadas,
podendo-se, através dele, chegar à construção de teorias e leis. Assim, conforme
Bunge (1974 apud LAKATOS; MARCONI, 2006, p.99), tal método pressupõe a
realização das seguintes etapas:

 1ª etapa: Colocação do problema (reconhecimento dos fatos; descoberta do


problema; formulação do problema);
 2ª etapa: Construção de um modelo teórico – Conjeturas (seleção dos fatores
pertinentes; invenção das hipóteses centrais e das suposições auxiliares);
 3ª etapa: Dedução de consequências observadas (procura de suportes
racionais; procura de suportes empíricos);
 4ª etapa: Teste de hipóteses – tentativa de falseamento (esboço da prova;
execução da prova; elaboração dos dados; inferência da conclusão); e
 5ª etapa: Adição ou introdução das conclusões na teoria – (quando não se
consegue demonstrar qualquer caso concreto capaz de falsear a hipótese,
tem-se a sua corroboração, que não excede o nível do provisório (comparação
dos resultados da prova com as consequências deduzidas do modelo teórico;
reajuste do modelo; sugestão para trabalhos posteriores).

Como você pode observar, o modelo hipotético-dedutivo inicia-se com a


identificação de uma lacuna de conhecimento, a partir da qual o pesquisador
formula hipóteses e, por meio do processo de inferência dedutiva, testa a predição
da ocorrência de fenômenos abrangidos pela hipótese (LAKATOS; MARCONI, 1995,
p. 106). E, já que enfatiza a relevância da técnica e da quantificação, tem nos
procedimentos estatísticos a sua grande força, conforme lembra Vergara (2007,
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p.13). A autora ainda ressalta que “questionários estruturados, testes e escalas são
seus principais instrumentos de coleta de dados”, posto que esses “permitem que
os dados coletados sejam codificados em categorias numéricas e visualizados em
gráficos e tabelas que revelam a fotografia de um momento específico, ou de um
período de tempo”. Assim, enquanto no método dedutivo procura-se a todo custo
confirmar a hipótese, no hipotético-dedutivo procuram-se evidências empíricas
para derrubá-la. Entretanto, o referido método tem merecido críticas. Karl Popper,
por exemplo, diz que a indução não se justifica, pois, o salto indutivo exigiria que a
observação de fatos isolados atingisse o infinito, o que nunca poderia ocorrer, por
maior que fosse a quantidade de fatos observados. Portanto, o método não é visto
com bons olhos às ciências sociais, mas é bastante aceitável em pesquisas no
campo das ciências naturais;

Saiba que o pesquisador pode escolher como caminho ou forma lógica de pensamento
entre adotar o método indutivo, ou o dedutivo, ou até o dialético ou o hipotético-
dedutivo. Nas ciências sociais aplicadas (como a Administração), porém, é mais comum
a adoção do Dedutivo ou do Indutivo. Neste âmbito, gostaríamos de destacar,
novamente, o propósito de cada um deles:

a) O método Dedutivo é o método de abordagem que, partindo das teorias e leis, na


maioria das vezes, prediz a ocorrência dos fenômenos particulares (conexão
descendente). Isto é, neste caso, o pesquisador parte de uma premissa geral (de um
pressuposto básico de pesquisa) que permite a ele pesquisar fenômenos (s)
particular (es). Já,

b) No método Indutivo, parte-se do particular para o geral. Neste caso, as


constatações particulares é que levam às leis gerais. Isto é, analisando uma
variedade de caso, ao final, é possível apresentar uma conclusão geral, como uma
lei geral.
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Desta forma, o método escolhido pelo pesquisador revela a sua postura diante da
pesquisa (ou melhor, da busca do conhecimento científico): Ou ele vai partir de um
pressuposto básico geral para analisar casos específicos (Dedutivo) ou ele vai observar
casos específicos para, então, poder formular uma lei geral sobre o objeto de estudo
(Indutivo), como se nota nas características resumidas dos 2 métodos, na figura 2.

Figura 2: Diferenças entre o método dedutivo e indutivo.

Fonte: Elaborada pela autora.

Por exemplo, um pesquisador resolve estudar "Como lidar com a resistência à


mudança nas leis tributárias dos contribuintes do Município X?". Isto significa que este
pesquisador, na sua pesquisa, está partindo do pressuposto de que os contribuintes do
Município X estão resistindo à mudança nas leis tributárias, o que revela uma postura
dedutiva diante do processo de pesquisa. De outro modo, se o pesquisador quisesse,
por meio da sua pesquisa, "conhecer qual é o comportamento dos contribuintes do
Município X em relação à mudança nas leis tributárias", ele estaria tendo uma postura
indutiva diante do processo de pesquisa, isto é, ele iria observar o comportamento de
cada um para, depois poder dizer se seria necessário ou não fazer algo em relação à
resistência à mudança. O fato é que, se a opção é pelo método Dedutivo, deve-se ter
cuidado com a premissa geral a partir da qual se inicia a pesquisa, pois esta deverá ser
bem consistente, para que o pesquisador não corra o risco de iniciar a sua pesquisa a
partir de uma afirmação falsa. Para evitar tal situação, pode-se buscar uma premissa
que foi gerada por outra pesquisa, ou uma afirmação que vem de algum especialista
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da área (como daquelas dispostas em fontes bibliográficas sobre o assunto estudado),


ou, até, da própria experiência do pesquisador/da sua vivência. Assim, não se pode
dizer qual o método mais usado, pois todas as 2 opções são bastante usadas nas
Ciências Sociais Aplicadas. É apenas questão de decidir o que o pesquisador realmente
pretende com a sua pesquisa: se é partir de um pressuposto geral para observar casos
particulares, ou se é partir de observações de casos particulares para gerar um
pressuposto geral de pesquisa.

d) Método dialético. Proposto por Hegel, no período do Renascimento1, esse método


parte do pressuposto de que no universo nada está isolado, tudo está em
movimento e mudança e tudo depende de tudo, inclusive, e principalmente, o
conhecimento. Para Engels (apud LAKATOS; MARCONI, 2006, p. 101), a dialética
está relacionada à

grande ideia fundamental segundo a qual o mundo não deve ser


considerado como um complexo de coisas acabadas, mas como um
complexo de processos em que as coisas, na aparência estáveis, do
mesmo modo que os seus reflexos intelectuais no nosso cérebro, as
ideias, passam por uma mudança ininterrupta de devir a decadência,
em que, finalmente, apesar de todos os insucessos aparentes e
retrocessos momentâneos, um desenvolvimento progressivo acaba
por se fazer hoje. Portanto, para a dialética, as coisas não são
analisadas na qualidade de objetos fixos, mas em movimento:
nenhuma coisa está acabada, encontrando-se sempre em vias de se
transformar, desenvolver; o fim de um processo é sempre o começo
de outro.

Nestes termos, segundo Gil (1999) e Lakatos e Marconi (2006, p.100-106), há


certos princípios comuns a toda a abordagem dialética. Observe quais princípios
são esses:

1
Renascimento é o nome que se dá a um grande movimento de mudanças culturais, que atingiu as
camadas urbanas da Europa Ocidental entre os séculos XIV e XVI, caracterizado pela retomada dos
valores da cultura greco-romana, ou seja, da cultura clássica. Esse momento é considerado como um
importante período de transição envolvendo as estruturas feudo capitalistas.
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 Princípio da unidade e luta dos contrários. Todos os objetos e fenômenos


apresentam aspectos contraditórios, que são organicamente unidos e
constituem a indissolúvel unidade dos opostos. Os opostos não se apresentam
lado a lado, mas num estado constante de luta entre si. A luta dos opostos
constitui a fonte do desenvolvimento da realidade;
 Princípio da transformação das mudanças quantitativas em qualitativas.
Quantidade e qualidade são características imanentes a todos os objetos e
fenômenos, e estão inter-relacionadas. No processo de desenvolvimento, as
mudanças quantitativas graduais geram mudanças qualitativas, e esta
transformação se opera por saltos;
 Princípio da interpenetração dos contrários. O desenvolvimento processa-se
em espiral, isto é, suas fases repetem-se, mas em nível superior de
conhecimento.

Compreendemos, dessa forma, que o método dialético se opõe a todo


conhecimento rígido. Isto é, tudo é visto em mudança constante, pois sempre há
algo que surge e se desenvolve e algo que se desagrega e se transforma. Mais
especificamente, a dialética fornece as bases para uma interpretação dinâmica e
totalizante da realidade, já que define que os fatos sociais não podem ser
entendidos quando considerados isoladamente, abstraídos das suas influências
políticas, econômicas, culturais, além de outras.

A comparação dos métodos aqui analisados permite chegar a algumas conclusões.


Especificamente em relação aos métodos dedutivo e indutivo, Lakatos e Marconi
(2006, p.86) afirmam que
uma característica que não pode deixar de ser assinalada é que o
argumento indutivo, da mesma forma que o dedutivo, fundamenta-
se em premissas. Mas, se nos dedutivos, premissas verdadeiras
levam inevitavelmente à conclusão verdadeira, nos indutivos
conduzem apenas a conclusões prováveis.
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Portanto, conforme identificamos anteriormente, ao contrário do método dedutivo, o


indutivo leva a resultados que provavelmente (apenas) são verdadeiras. Ou seja, em
oposição à dedução, a indução é um processo de estabelecer ou justificar teorias
através de observações ou experimentos repetidos partindo-se dos fatos concretos,
tais como ocorrem na experiência, ascende-se às formas gerais, que constituem suas
leis e causas.

Por sua vez, como o método dialético privilegia as mudanças quantitativas, opõe-se
naturalmente a qualquer modo de pensar. Já, Vergara (2007) alerta que

no dialético, o pesquisador obtém os dados de que necessita na


observação, em entrevistas e questionário não-estruturados, nas
histórias de vida, em conteúdos de textos, na história de países,
empresas, organizações em geral; enfim, em tudo aquilo que lhe
permita refletir sobre processos e interações (VERGARA, 2007, p.14).

De modo geral, porém, percebemos que cada um dos métodos de abordagem que
proporcionam as bases lógicas da investigação está vinculado a uma das correntes
filosóficas que se propõem a explicar como se processa o conhecimento da realidade.
Diante disso, concluímos que o método dedutivo está basicamente relacionado ao
racionalismo, o indutivo ao empirismo, o hipotético-dedutivo ao neopositivismo e o
dialético ao materialismo.

1.4 Métodos de procedimentos

Em oposição aos métodos de abordagem (explorados anteriormente), os de


procedimento têm caráter específico e se relacionam não com o plano geral do
trabalho, mas com suas etapas. Assim, citamos como tais métodos: o método
histórico, o comparativo, monográfico (ou estudo de caso), o estatístico, o tipológico, o
funcionalista, o estruturalista e o etnográfico.
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Os referidos métodos devem ser adequados a cada área de pesquisa. Dessa forma,
segundo Lakatos e Marconi (1995, p.106), os principais métodos de procedimentos
usados na área de estudos sociais, são: o histórico, o comparativo, o monográfico, o
estatístico, o funcionalista e o estruturalista.

Que tal entender um pouco mais sobre os métodos citados? Você já pesquisou sobre
eles? Então, tente descobrir os pontos principais de cada um deles e acompanhe a
descrição de cada um a seguir.

a) Histórico: o método histórico concentra-se na investigação dos acontecimentos,


processos e instituições do passado, para verificar a sua influência na sociedade de
hoje. Partindo do princípio de que as atuais formas de vida social, as instituições e
os costumes, têm origem no passado, é importante pesquisar as suas raízes, para
melhor compreender sua natureza e função. Assim, por exemplo, para
descobrirmos as causas de decadência da aristocracia cafeeira, devemos pesquisar
sobre os fatores socioeconômicos do passado.
b) Já, o método comparativo desenvolve análises comparativas com a finalidade de
verificar semelhanças e explicar divergências. Trata-se de um método usado tanto
para fazermos comparações de grupos no presente, no passado, ou entre os
existentes e os do passado, quanto entre sociedades de iguais ou de diferentes
estágios de desenvolvimento. Como exemplos, citamos: a pesquisa sobre as
classes sociais no Brasil, na época colonial e atualmente; a pesquisa sobre os
aspectos sociais da colonização portuguesa e da espanhola na América Latina.
c) Na continuidade, o método monográfico, ou estudo de caso, consiste na
observação de determinados indivíduos, profissões, condições, instituições,
grupos ou comunidades, com a finalidade de obter generalizações. Foi criado por
Le Play, que o empregou para estudar famílias operárias na Europa. O estudo
monográfico pode também abranger o conjunto das atividades de um grupo social
particular, como, por exemplo: as cooperativas, um grupo de indígenas, os
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delinquentes juvenis ou os idosos na sociedade atual. Como vantagem desse


método, podemos apontar o respeitar à totalidade solidária dos grupos, ao
estudar, em primeiro lugar, a vida do grupo em sua unidade concreta, evitando a
dissociação prematura dos seus elementos. Tal método parte, portanto, de uma
lógica dedutiva, posto que o caso estudado é compreendido como uma unidade
significativa do todo. Pressupõe, com isso, a execução de três fases, que são:

 1ª fase: Seleção e delimitação do caso. Exemplo: A aplicação do planejamento


estratégico no Tribunal de Justiça;
 2ª fase: Trabalho de campo. Trata-se do momento em que os dados são
coletados. Exemplo: observação do planejamento estratégico no Tribunal de
Justiça; entrevistas com os desenvolvedores dessa ferramenta na Instituição;
 3ª fase: Organização e redação do relatório.

São exemplos desse tipo de estudo: monografias organizacionais, regionais e até


as urbanas.

d) Quando ao método estatístico, dizemos que ele se fundamenta, sobretudo, na


utilização da teoria estatística das probabilidades. Suas conclusões apresentam
grande probabilidade de serem verdadeiras, embora admitam certa margem de
erro. A manipulação estatística permite comprovar as relações dos fenômenos
entre si, e obter generalizações sobre sua natureza, ocorrência ou significado.
Como exemplo da aplicação deste método, identificamos a pesquisa sobre a
correlação entre o nível de escolaridade e na produtividade dos trabalhadores;

e) O método funcionalista, por sua vez, é, em verdade, muito mais um método de


interpretação do que de investigação. O método funcionalista enfatiza as relações
e o ajustamento entre os diversos componentes de uma cultura ou sociedade, já
que pressupõe
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que a sociedade é formada por partes componentes, diferenciadas,


inter-relacionadas e interdependentes, satisfazendo, cada uma,
funções essenciais da vida social, e que as partes são mais bem
entendidas compreendendo-se as funções que desempenham no
todo (LAKATOS; MARCONI, 2006, p.110).

Este método visa ao estudo da sociedade do ponto de vista da função das suas
unidades, uma vez que considera toda a atividade social e cultural como funcional
ou como desempenho de funções, isto é, considera a sociedade como um sistema
organizado de atividades. Como exemplo, apontamos a averiguação da função dos
usos e costumes, como forma de assegurar a identidade cultural do grupo.

f) Por último, encontramos o método estruturalista, desenvolvido por Lévis-Strauss.


Este método parte da investigação de um fenômeno concreto, atinge o nível do
abstrato, através da constituição de um modelo que represente o objeto de
estudo, retornando ao concreto, dessa vez como uma realidade estruturada e
relacionada com a experiência do sujeito social (LAKATOS; MARCONI, 2006,
p.111). O método estruturalista caminha do concreto para o abstrato e vice-versa,
dispondo, na segunda etapa, de um modelo para analisar a realidade concreta dos
diversos fenômenos. O estudo das relações sociais e a posição que estas
determinam para os indivíduos e os grupos, com a finalidade de construir um
modelo que passa a retratar a estrutura social onde ocorrem tais relações seria
um exemplo da aplicação desse método. De acordo com Gil (1999, p.245), "o
termo estruturalismo é utilizado para designar as correntes de pensamento que
recorrem à noção de estrutura para explicar a realidade em todos os níveis".

É importante ressaltarmos o fato de que tanto o método histórico como o comparativo


e o estatístico podem ser empregados simultaneamente em um mesmo trabalho, se
estiverem adequados aos objetivos da pesquisa.
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Diante dos vários métodos existentes para o desenvolvimento da pesquisa, de modo


geral, verificamos que a pesquisa requer o desenvolvimento de um trabalho científico
que seja executado em várias fases, desde a formulação adequada do problema de
pesquisa, passando pela coleta e análise dos dados até a apresentação satisfatória dos
resultados obtidos pelo pesquisador.

Resumo: Nesta unidade, você pôde compreender como ocorre a construção do


conhecimento e o desenvolvimento da pesquisa partindo da identificação dos
diferentes níveis de conhecimento que estão ao nosso redor, que são: o conhecimento
empírico, o conhecimento teológico, o conhecimento científico e o conhecimento
filosófico. Além disso, você teve acesso a informações sobre as origens do método
científico, aprendendo que a atividade básica da ciência é a pesquisa. Neste âmbito,
você teve acesso aos principais responsáveis pelo desenvolvimento das bases do
pensamento científico, entre eles Descartes, Bacon e Aristóteles. Finalmente, você já
sabe que as possibilidades em termos de métodos de abordagem são: o método
dedutivo, o método indutivo, o método hipotético-dedutivo e o método dialético. Já,
quanto aos métodos de procedimentos, aprendeu que são constituídos pelo método
histórico, o método comparativo, o método monográfico (ou estudo de caso), o
método estatístico, o método funcionalista e, por fim, o método estruturalista.
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2 DESENVOLVENDO PROJETOS DE TRABALHOS CIENTÍFICOS

Você se lembra que na Unidade 1 aprendemos que toda atividade de pesquisa exige a
aplicação de um método para resultar em conhecimento científico? Então, antes de
começar o estudo desta segunda unidade, reflita sobre a afirmação de Pedro Demo,
conforme apresentado a seguir:

esse instrumento [o método] é indispensável sob vários motivos: de


um lado, para transmitir à atividade marcas de racionalidade,
ordenação, otimizando o esforço; de outro, para garantir contra
credulidades, generalizações apressadas, exigindo para tudo que se
digam os respectivos argumentos; ainda, para permitir criatividade,
ajudando a devassar novos horizontes (DEMO, 1995, p. 12).

Então, como podemos definir Metodologia? Podemos definir este termo como o
estudo dos métodos ou da forma, ou dos instrumentos necessários para a construção
de uma pesquisa científica, tratando-se de uma área de estudo e disciplina curricular a
serviço da Ciência. Demo (1995, p.5) alega que a “[...] proposta atual da metodologia
científica é a de introduzir na academia o gosto pela pesquisa”. Com isso, a
metodologia é vista como sendo fundamental para a produção de trabalhos científicos,
merecendo ênfase especial em qualquer curso que exija do aluno esforços dessa
natureza.

Como vimos, é de extrema importância conhecer detalhes sobre os métodos que


auxiliam na elaboração do trabalho científico, então, mãos à obra! Vamos iniciar nosso
estudo com a identificação da importância e composição estrutural de um projeto de
pesquisa, e, em seguida, partir para o estudo das possibilidades em termos de
trabalhos científicos.

2.1 Projeto de pesquisa

Você sabe o que é e qual o propósito da elaboração de um projeto de pesquisa? Em


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que momento e como este projeto deve ser realizado? Busque estas informações e
compare-as com as descrições que vai conhecer a seguir!

A elaboração de um projeto é uma fase particularmente importante no processo de


elaboração, execução e apresentação de toda pesquisa. Esta atividade refere-se ao
delineamento de um plano de ação que traz as pretensões do autor em relação à
pesquisa que será realizada. Quanto ao assunto, Roesch (2005, p.83) considera que o
projeto não deve ser entendido como uma exigência formal, mas como um guia de
ação para o autor e, sobretudo, para forçar o pesquisador a pensar e a planejar sua
ação - que no seu caso, é você aluno!

Como esta elaboração é estruturada? Por se configurar como uma relevante tomada
decisão, em geral, a sua elaboração apresenta-se de forma delicada e complexa e,
consequentemente, demorada. Afinal, se o plano for mal traçado, no processo de
execução da pesquisa, o destino do pesquisador pode não ser o melhor!

Nestes termos, Roesch (2005, p.83) entende que desenvolvimento de um projeto só se


torna possível se for realizado em etapas, com base em uma cronologia determinada,
“mas ao mesmo tempo, à medida que se avança no projeto, muitas vezes é preciso
retroceder e modificar as etapas anteriores”. Pressupomos, assim, a execução de
determinados elementos constituintes de um projeto, essenciais ao trabalho de
pesquisa. Então, qual é a composição da estrutura de um projeto de pesquisa?

2.1.1 Composição estrutural do projeto

Especialistas em metodologia da pesquisa, como Lakatos e Marconi (2006, p.157),


Vergara (2007), Cervo e Bervian (1983, p.71) e Roesch (2005, p.84-88), propõem o
desenvolvimento de um projeto de pesquisa baseado em seis passos principais
(quadro 4). Vamos conhecê-los? Os passos são, então, analisados em seguida:
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a) Seleção do problema ou oportunidade para a investigação

A formulação do problema de pesquisa exige a identificação do tema de pesquisa,


isto é, do assunto que se deseja provar ou desenvolver. O tema pode surgir de uma
dificuldade prática enfrentada pelo pesquisador, da sua curiosidade científica, de
desafios encontrados na teoria ou na prática ou pode até mesmo se originar de
uma encomenda ou solicitação de pesquisa. Mais especificamente, neste
momento, o tema identifica o assunto geral sobre o qual se deseja realizar a
pesquisa, por meio do qual se faz a delimitação que deve ser dotada de um sujeito
e um objeto. Por esse motivo, ao se apresentar o problema de pesquisa, busca-se
inicialmente introduzir o tema da pesquisa, identificando-se dados sobre o
contexto escolhido para ela. Para Roesch (2005, p.94), quando o trabalho pretende
estudar uma organização, a priori, é particularmente importante caracterizá-la,
com a devida apresentação das suas especificidades (como seu porte, ramo de
atuação, natureza jurídica e localização), história, antecedentes e contexto em que
está inserida, visando melhor compreender a situação problemática. Isso torna
possível o estabelecimento dos limites do projeto, sejam relativos ao sujeito ou ao
objeto de pesquisa. A partir daí o pesquisador tem condições de proceder à
formulação do problema, que precisa estar plenamente relacionado ao tema
proposto. Como se sabe, o tema esclarece uma dificuldade específica com a qual se
defronta e que se pretende resolver por intermédio da pesquisa. A formulação do
problema envolve, então, a formulação de perguntas. Cervo e Bervian (1983, p.76-
77) afirmam que é justamente nesta fase que o assunto escolhido será
questionado “pela mente do pesquisador, que o transformará em problema,
mediante seu esforço de reflexão, sua curiosidade ou talvez seu gênio”, e que, para
se obter sucesso no desenvolvimento da pesquisa, nunca se passa diretamente da
escolha do assunto à coleta de dados, considerando-se as inegáveis vantagens da
formulação do problema, que são:
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- Ao se formular uma pergunta, sabe-se com exatidão o tipo de resposta que


deve ser procurado;
- O pesquisador é levado a uma reflexão benéfica e proveitosa sobre o assunto;
- Um problema ou uma pergunta frequentemente fixa roteiros para o início do
levantamento bibliográfico e da coleta de dados;
- Auxilia, na prática, a escolha de cabeçalhos para o sistema de tomada de
apontamentos;
- Discrimina com precisão os apontamentos que serão tomados, isto é, todos e
tão-somente aqueles que respondem às perguntas formuladas.

Ainda, um problema é considerado inteligente quando apresenta uma possível


resposta e quando é capaz de delimitar a pesquisa, além de relacionar duas ou
mais variáveis. Note no exemplo a seguir uma pergunta que não se mostra
inteligente: Qual o impacto das novas tecnologias nas organizações? Como você
observa, o problema citado não delimita a pesquisa, nem tampouco faz relação
entre variáveis. Por isso, ele ficaria mais bem expresso da seguinte maneira: Qual
o impacto das novas tecnologias sobre o comportamento dos indivíduos na
organização X? Agora sim, a pergunta de pesquisa indica os caminhos a serem
percorridos para se obter o conhecimento desejado, bem como estabelece uma
relação entre uma variável independente (Variável independente é aquela cujo
valor depende de outras variáveis ou fatores e causa variações nos valores de
outras variáveis que dela dependem. São geralmente representadas do lado
direito da equação e podem ter seus valores alterados arbitrariamente para fins
de testes dos resultados) - uso do computador -, e uma variável dependente
(Variável dependente é aquela cujo valor varia em função ou de outra variável. É
geralmente representada no lado esquerdo da equação) - comportamento dos
indivíduos na organização X.
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Nesta etapa, é importante também que o pesquisador evidencie os pressupostos


da sua pesquisa, isto é, as premissas básicas a partir das quais sua proposta de
estudo será desenvolvida.

Assim, na administração e áreas afins, constantemente, o problema de pesquisa


estabelece relação entre duas ou mais variáveis, conforme você pode perceber
por meio de alguns dos exemplos relacionados em seguida:

- Quais são os componentes estratégicos para compor as categorias de análise


do sistema de gestão ambiental? (RIZZATTI JUNIOR, 2006, p.13).
- Como nortear o desenvolvimento de uma arquitetura de informações sendo
uma etapa de implantação de um Datamining de suporte à tomada de decisão
gerencial? (MAFRA, 2005. p.17);
- Qual a viabilidade técnica e econômica de implantação de uma escola
comunitária de informática e reforço pedagógico no bairro Tapera, em
Florianópolis? (JANUÁRIO; MORAIS, 2002, p.10).

Roesch (2005, p.94) recomenda, então, iniciar a redação desta seção pela
caracterização da organização, depois descrever a problemática a ser tratada e,
finalmente, estabelecer o foco do projeto, bem como seus limites, exatamente
conforme a sequência apresentada em seguida:

- Caracterizar a organização, historiando sua evolução e apresentando dados


sobre sua situação atual;
- Caracterizar o ambiente (mercado);
- Historiar os antecedentes do problema, referindo suas causas, se possível;
- Apresentar evidências sobre os efeitos do problema em relação aos aspectos
da organização;
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- Identificar para quem a situação representa um problema (direção da


organização, um ou mais departamentos ou seções);
- Estabelecer o foco do projeto e seus limites (de que ângulo, sob que
perspectiva o pesquisador deseja tratar o problema).

A definição do tema-problema responde, portanto, às perguntas O quê?; Como? e


Para quê?.

Partindo desse ponto, passamos à identificação dos objetivos do projeto,


decorrentes do problema formulado. O objetivo corresponde ao alvo que se
pretende atingir com a realização da pesquisa, sendo que sua definição possui
duas implicações importantes, que são:

A primeira é que, ao formular objetivos, o autor do projeto está


fixando padrões de sucesso pelos quais seu trabalho será avaliado; a
segunda é que a formulação de objetivos leva o autor do projeto a
perceber as etapas contidas em seu trabalho, isto é, os objetivos
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orientam a revisão da literatura e a metodologia do projeto


(LAKATOS; MARCONI, 2006, p.95).

Você precisa saber que os objetivos são vistos como padrões de sucesso na
medida em que se configuram como um dos critérios mais importantes na
avaliação do trabalho final. Afinal, é por meio deles que verificamos se o que foi
proposto de fato foi alcançado. Por essa razão, no projeto estruturamos as seções
onde constam a Revisão da Literatura e a Metodologia, e, no Relatório Final,
soma-se a tais seções a seção Apresentação e Análise dos Dados cujo conteúdo
deverá ser organizado conforme os objetivos específicos propostos no capítulo1.
Ou seja, a etapa de identificação dos objetivos do trabalho é de extrema
importância para a definição das etapas subsequentes do projeto e, também, do
relatório final de pesquisa. Para tanto, é preciso inicialmente obter o objetivo
geral e, depois, formular os objetivos específicos da pesquisa, ambos expressos
em verbos de ação. Basicamente, o objetivo geral apresenta o propósito do
trabalho, dentro de uma visão global e abrangente do tema. Em outras palavras,
podemos dizer que o objetivo geral é a própria pergunta de pesquisa expressa
sem o ponto de interrogação e que deve iniciar com um verbo no infinitivo,
conforme lista expressa a seguir. Já os objetivos específicos, de caráter mais
concreto, “operacionalizam – especificam o modo como se pretende atingir um
objetivo geral” (LAKATOS; MARCONI, 2006, p.98). Diante do exposto,
identificamos as seguintes possibilidades de verbos para os objetivos específicos,
quando a pesquisa tem o objetivo geral de:

- Conhecer: apontar, citar, classificar, conhecer, definir, descrever, identificar,


reconhecer e relatar;
- Compreender: compreender, concluir, deduzir, demonstrar, determinar,
diferenciar, discutir, interpretar, localizar e reafirmar;
- Aplicar: desenvolver, empregar, estruturar, operar, organizar, praticar,
selecionar, traçar, aperfeiçoar, melhorar;
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- Analisar: comparar, criticar, debater, diferenciar, discriminar, examinar,


investigar, provar, ensaiar, medir, testar, monitorar e experimentar;
- Sintetizar: compor, construir, documentar, especificar, esquematizar, formular,
produzir, propor, reunir e sintetizar;
- Avaliar: argumentar, avaliar, contrastar, decidir, escolher, estimar, julgar, medir
e selecionar.

Você já deve ter concluído que os objetivos específicos acabam por encerrar as
etapas de execução da pesquisa em si, devendo ser apresentados por meio de
sentenças curtas e claras e sempre com o verbo no infinitivo. Visando o seu
entendimento sobre o conteúdo, temos o exemplo a seguir:

- Problema: Como se apresenta o processo de recrutamento e seleção de


estagiários do Poder Judiciário de SC, tendo em vista a filosofia da Gestão para
a Qualidade Total?
- Objetivo geral: Avaliar como se apresenta o processo de recrutamento e seleção
de estagiários do Poder Judiciário de SC, tendo em vista a filosofia da Gestão
para a Qualidade Total (QT). Observe que, para a definição do objetivo geral, apenas
retiramos o (?) do Problema e incluímos, no começo do
- Objetivos específicos: próprio objetivo, um verbo no infinitivo (Avaliar) !!

o Descrever a filosofia de QT do Poder Judiciário de SC;


o Definir o perfil do funcionário de acordo com a filosofia de QT;
o Relatar as etapas de recrutamento e seleção;
o Identificar forma de acompanhamento do desempenho dos novos
estagiários do TJSC durante o período de experiência;
o Propor melhorias no processo de recrutamento e seleção de pessoal.
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Após serem definidos os objetivos da pesquisa, faz-se oportuno estabelecer a


delimitação do estudo. Esta se refere

à moldura que o autor coloca em seu estudo. É o momento em que


se explicitam para o leitor o que fica dentro do estudo e o que fica
fora. Já que a realidade é extremamente complexa, por um lado, e
histórica, por outro, não se pode analisá-la em seu todo; logo, cuida-
se apenas de parte dessa realidade. [...] Delimitação trata de
fronteiras concernentes a variáveis, aos pontos que serão abordados,
ao corte (transversal - estudos transversais coletam os dados em um
único ponto no tempo - ou longitudinal - Estudos longitudinais
oferecem uma descrição de uma amostra no decorrer do tempo
usando dados em uma série temporal, ou seja, a mesma unidade de
amostra é mensurada várias vezes -, ao período de tempo objeto de
investigação, como, por exemplo, séries históricas, períodos de
mudança planejada e outros (VERGARA, 2007, p.30).

Para ilustrar a delimitação do estudo, a autora dispõe do seguinte exemplo


oriundo de um trabalho de pesquisa:

- Problema: Até que ponto a complexa teia da conjuntura nacional desencadeou


as mudanças no padrão organizacional da Fundação Getúlio Vargas (FGV)
durante o período 1990-1998 e quais os impactos dessas mudanças no padrão
organizacional da Escola Brasileira de Administração Pública (EBAP)?
- Delimitação do estudo: O estudo, ora em projeto, pretende abordar, à luz da
Teoria dos Sistemas Dinâmicos (CAPRA, 1996), o processo de mudança
organizacional ocorrido na FGV no período 1990-1998. Para tanto, fixar-se-á
atenção no estabelecimento da configuração que determina as características
essenciais do sistema, antes e depois da reestruturação, bem como nas relações
processuais da mudança. A estrutura, embora apresentando caráter secundário
no estudo, também será necessariamente foco, uma vez que pode ser
entendida como a incorporação física do padrão do sistema. O estudo ficará
restrito às relações existentes em toda a FGV e, mais especificamente, às
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relações internas da Ebap, que formam um subsistema de dinâmica própria


que, no entanto, dependem das interações com o sistema maior, a FGV. Não
serão objeto do estudo os processos de reestruturação ocorridos no interior das
demais unidades constituintes da FGV. As possíveis alterações no clima e
cultura organizacional decorrentes do processo de mudança também não serão
alvo de estudo, pelo menos a princípio. No que concerne ao período de tempo
escolhido, a delimitação deve-se a dois motivos: a) 1990 foi o ano no qual se
desencadeou o processo de reestruturação da FGV; b) 1998 é o tempo-limite
para que se possam acessar dados e concluir o estudo no tempo previsto.

E, por fim, o pesquisador deve responder os por quês de fazer a pesquisa.


Particularmente, esta etapa, de justificativa, contribui de modo direto para a
aceitação e aprovação da pesquisa por parte de quem vai financiá-la. Trata-se, em
verdade, de uma exposição sucinta e completa das razões de ordem teórica e dos
motivos de ordem prática que tornam importante a realização do trabalho de
pesquisa. Para tanto, o pesquisador precisa enfatizar:

- O estágio em que se encontra a teoria respeitante ao tema;


- As contribuições teóricas que a pesquisa pode trazer: confirmação geral,
confirmação na sociedade particular em que se insere a pesquisa, especificação
para casos particulares, classificação da teoria, resolução de pontos obscuros;
- A importância do tema do ponto de vista geral;
- A importância do tema para casos particulares em questão;
- Possibilidade de sugerir modificações no âmbito da realidade abarcada pelo
tema proposto;
- Descoberta de soluções para casos gerais e/ou particulares.

Mais especificamente, já que “justificar é apresentar razões para a própria


existência do projeto”, alguns autores, a exemplo de Roesch (2005, p.99-100),
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compreendem ser fundamental justificar um projeto identificando-se a sua


importância, oportunidade e viabilidade. Veja do que se trata:

- Importância: Quanto à importância, partimos do pressuposto de que é sempre


importante melhorar uma prática ou política, o que é justamente o maior
sentido da administração. Você não concorda? Por isso, o autor considera que
um caminho válido para justificar a importância do projeto é “recorrer aos
objetivos-fins do plano ou ao programa que se está propondo implementar ou
avaliar”. Se, por exemplo, a proposta é elaborar um sistema de informações
financeira, a justificativa de sua importância pode ser definida em termos da
melhoria no processo de tomada de decisões e visando, ultimamente, à maior
eficiência para a organização e à identificação de novas oportunidades de
investimento. E, finaliza o autor,

Definir se um projeto é importante desperta a questão: importante


para quem? As razões podem estar relacionadas com os objetivos da
empresa, com o bem-estar dos empregados, com a sociedade, ou
com o ambiente. Métodos e instrumentos da Administração de
Empresas normalmente são concebidos para buscar atingir
primariamente objetivos empresariais, como a eficiência, a
produtividade, a qualidade do produto ou serviços, a lucratividade, a
sobrevivência ou liderança da empresa no mercado. [...]. Assim,
dependendo da natureza da proposta, pode haver várias justificativas
(ROESCH, 2005, p.100).

Nesse âmbito, cabe ao pesquisador também destacar os motivos que tornam o


estudo importante para a área na qual se busca a formação acadêmica ou para
a sociedade em geral, conforme comenta Vergara (2007, p.32);

- Oportunidade: Já que os objetivos-fins podem ser alcançados por vários meios,


é preciso justificar o quanto o estudo é apropriado para determinada
organização (ou setor dela) em determinado momento;
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- Viabilidade: A análise da viabilidade de desenvolvimento de um trabalho de


pesquisa ajuda a diminuir os riscos e aumentar as chances de sucesso, evitando
também futuras surpresas. Desse modo, a viabilidade relacionada ao custo e ao
tempo de implementação do trabalho e ao acesso às informações são questões
especificamente interessantes neste momento.

Diante do exposto, conclui-se que o primeiro capítulo do trabalho, denominado 1


INTRODUÇÃO, é constituído pelos elementos mostrados na figura 6.

Figura 6: Elementos constituintes do primeiro capítulo do trabalho.

Fonte: Elaborada pela autora.

b) Revisão da literatura

De particular importância, esta etapa do projeto permite ao pesquisador obter um


conhecimento mais consistente sobre o tema da sua pesquisa com vistas a apoiá-
lo na especificação dos instrumentos de coleta de dados, na análise dos dados e
na elaboração das conclusões. Roesch (2005, p.105) admite esta relevância
afirmando que a revisão da literatura permite, entre outros propósitos, levantar
soluções alternativas para tratar de uma problemática, já que, por exemplo,
concede: levantar dados e informações contextuais para dimensionar e qualificar
a problemática em estudo; e levantar métodos e instrumentos alternativos de
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análise e assegurar ao seu autor que o trabalho tem alguma originalidade. Pedro
Demo (1991) vai além, ao dizer que a revisão da literatura dá ao pesquisador não
só a oportunidade de conhecer quadros de referência alternativos, como também
de se atualizar na polêmica teórica, de elaborar precisão conceitual e de investir
na consciência crítica. Por essas razões, a construção do conteúdo desta seção
deve se concentrar na obtenção do conhecimento necessário para o atendimento
dos objetivos específicos da pesquisa. Igualmente, Hair Jr. et al (2005, p.77)
apontam o referencial teórico como sendo o combustível da pesquisa, posto que
as teorias - Segundo Hair Jr. et al (2005, p.77), “a teoria é um conjunto de
afirmações sistematicamente relacionadas, incluindo algumas generalizações
semelhantes a leis que podem ser testadas empiricamente”. - fornecem
percepções importantes para este processo. Afinal, a partir da teoria é possível
explicar e prever fenômenos, inclusive os relacionados à área da administração.
Devemos considerar, também, que muitas vezes as teorias são incompletas,
sugerindo investigações para completá-las. Por isso, de modo geral,

Na construção do referencial teórico, é interessante levantar o que já


foi publicado a respeito do que está sendo objeto de sua
investigação, apresentando várias posições teóricas. É bom lembrar
que tal apresentação não significa fazer o resumo de várias obras. As
várias posições teóricas não devem ser apenas relatadas de forma
resumida; antes, devem ser analisadas e confrontadas. Lacunas que
você tenha percebido nesses trabalhos, isto é, pontos frágeis ou não
discutidos, bem como conclusões com as quais você concorda ou
discorda, devem ser mencionadas e justificadas. [...] A argumentação
direcionada para o problema deve ser construída com profundidade,
coerência, clareza e elegância (VERGARA, 2007, p.36).

É neste sentido que alguns especialistas, como Cervo e Bervian (1983, p.78),
consideram a revisão da literatura uma fase exploratória da pesquisa, já que os
planos exploratórios se destinam justamente ao pesquisador que não sabe muito,
sendo, por isso, orientados à descoberta, como destacam Hair Jr. et al (2005,
p.84). Por outro lado, salientamos que esta fase é conhecida como leitura
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exploratória e não se caracteriza como sendo uma investigação exploratória (um


tipo específico de pesquisa).

Assim sendo, para realizá-la de maneira adequada, Vergara (2007, p.36-45)


fornece algumas dicas muito interessantes, tais como:

- Os insumos podem ser obtidos na mídia eletrônica, em livros, periódicos,


teses, dissertações, relatórios de pesquisa e outros materiais e com outras
pessoas;
- A presença de autores clássicos e o uso de bibliografia recente dão um
grande peso à referida seção;
- Entrevistar pessoas familiarizadas com o tema pode ser de extrema valia,
além de possibilitar o aprofundamento das discussões;
- É aconselhável o uso parcimonioso de metáforas, de histórias ou de poesias
para ilustrar determinada ideia;
- A utilização de adjetivos é dispensável;
- Se a transcrição de uma obra tiver até 3 linhas, fica esteticamente bonito
apresentá-la dentro do próprio parágrafo, mas não se pode esquecer de
colocar as aspas.
- Se a transcrição tiver mais de 3 linhas, é preciso mudar de linha e também
mudar de espaço (por exemplo de 2 para 1), começando-se a escrever com
recuo de 4 cm da margem esquerda, em letra menor que a texto e sem aspas;
- Caso a transcrição comece com letra minúscula, depois das aspas finais
coloca-se ponto; caso comece com maiúsculas, as aspas finais é que vêm
depois do ponto;
- Ao fazer a transcrição, deve-se citar o número da página da obra de onde o
trecho foi tirado;
- Caso alguma parte da transcrição tenha sido suprimida, é preciso colocar
colchete, pontinho e colchete – [...];
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- Se forem feitas citações parafraseadas ou transcritas de algo que se escutou


(de qualquer meio de comunicação oral), deve-se colocar entre parênteses a
expressão: (informação oral);
- Se o texto transcrito estiver em língua estrangeira, há 2 possibilidades: ou se
apresenta a tradução em português logo após ou se registra a tradução em
nota de rodapé. Ou, também, pode-se apresentar diretamente o texto em
português (já traduzido) e, em uma nota de rodapé, dizer que a tradução é do
próprio autor do trabalho;
- Se a menção a um conteúdo se referir a vários autores, devem-se colocar os
sobrenomes em ordem alfabética e o ano da obra;
- Se forem citados 2 ou mais autores que tenham o mesmo sobrenome, é
preciso acrescentar a inicial de seu prenome. Exemplo: Motta, P. (1989) e
Motta, F. (1992);
- Se um autor tiver 2 obras no mesmo ano, acrescente ao ano letras
minúsculas. Exemplo: Silva (1999a) e Silva (1999b);
- Quanto ao uso de siglas, alguns cuidados devem ser observados. Por
exemplo: na primeira vez que uma organização for citada, escreve-se seu
nome por extenso, ao final coloca-se a sigla entre parênteses. No restante do
texto, basta escrever a sigla;
- As ilustrações (figuras, quadros, fórmulas, gráficos e símbolos) e tabelas
devem vir o mais próximo possível da parte do texto na qual são citadas e
devem ter numeração arábica sequencial. A numeração de tabela, no
entanto, é uma; a de figura é outra, e assim por diante (para demais
ilustrações);
- Ilustrações, conforme a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT)
(NBR 10719) são imagens visuais, como mapas, fotografias, desenhos,
esquemas, diagramas. Tabelas são estruturas que combinam palavras e
números. Após a numeração da ilustração, segue o seu título e, após, a sua
fonte (se for uma ilustração de algum autor/obra e se o autor da ilustração
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for o próprio autor do trabalho, então não é preciso citar nada sobre a fonte
ou, simplesmente, identifique-a como: elaborado pelo autor). O título da
ilustração e da tabela deve ficar acima dela e, a sua fonte, abaixo dela (figura
7);
Figura 7: Exemplo de tabela.

Fonte: Elaborada pela autora.

- Talvez aconteça que uma tabela inteira não caiba em uma página. Nesse
caso, a tabela continua na página seguinte, porém, não se coloca nenhum
traço horizontal no local em que a tabela for interrompida, escrevendo-se a
palavra continua. Na página seguinte, coloca-se a palavra continuação,
repete-se o título e se dá continuidade à tabela;
- O trecho que antecede alíneas deve terminar com 2 pontos (:). Além disso,
elas devem ser ordenadas por letras minúsculas seguidas de parênteses; cada
alínea deve começar com letra minúscula e terminar com ponto-e-vírgula,
com exceção da última que ganha um ponto; a segunda linha (e seguintes) de
uma alínea deve começar em baixo da primeira letra do texto, como segue:
a) participar da elaboração do programa de integração dos novos
funcionários da organização que trabalharão no setor de compras;
b) acompanhar o desempenho dos novos funcionários da organização
durante o período de experiência.
- Nunca se usa a palavra acima ou abaixo, pois na hora de imprimir o texto o
conteúdo referenciado pode não mais estar no local inicial;
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- Toda palavra em estrangeiro deve ser escrita em itálico;


- Aspas só servem para fazer transcrições de citações;
- Números cardinais até nove devem vir escritos por extenso. A partir daí, em
algarismos;
- Jamais se inicia uma frase com um número, a não ser que esse seja escrito
por extenso;
- Palavras derivadas devem ser escritas com letras minúsculas. Por exemplo:
taylorismo;
- É interessante estabelecer os parágrafos em blocos, isto é, dar um espaço
maior entre a última linha de um parágrafo e a primeira de outro;
- É preciso evitar o uso da expressão etc, porque nela cabe tudo. Mas, se for
usada, não se coloca vírgula antes;
- Para abreviar hora, usa-se h e para minuto usa-se min. Então a representação
de um horário fica assim: 9h30 min.

Diante do exposto, fica fácil perceber que a revisão da literatura (equivalente ao


capítulo 2 do trabalho) caracteriza-se como sendo uma fase bastante longa e
trabalhosa. Afinal, exige desde a seleção, leitura e análise de textos relevantes ao
tema até o desenvolvimento de um relato escrito cuidadoso e atendo ao bom
senso e aos padrões exigidos por normas (como aquelas definidas pela ABNT).
Então, não deixe de atentar às dicas dadas para o bom desenvolvimento da sua
pesquisa!

c) Determinação da metodologia a ser aplicada

Mas, apesar de termos destacado a relevância das etapas anteriores, você deve
saber que a determinação da metodologia (capítulo 3 do trabalho) constitui-se
igualmente em tarefa delicada, posto que erros em especificações dessa ordem
podem causar desvios e inviabilizar o alcance dos resultados pretendidos. Sendo
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assim, um trabalho deve apresentar, em seu terceiro capítulo, os procedimentos


metodológicos necessários - e, portanto, escolhidos pelo pesquisador -, para a
realização da pesquisa, os quais merecem todo o cuidado na sua escolha e
formulação. Além disso, no texto, é preciso lembrar que cada uma das escolhas
metodológicas feitas pelo pesquisador virá acompanhada pelo seu conceito, com
base em pelo menos, um autor de metodologia, além de especificações quanto
ao modo como a escolha foi aplicada no caso da pesquisa, conforme o exemplo
do trecho de um TCC mostrado na figura 8, a seguir:
Figura 8: Trecho da metodologia de um TCC

A presente pesquisa é classificada como sendo descritiva.


Segundo Hair Jr. et al (2005), uma pesquisa descritiva é aquela
que tem por propósito descrever as características do objeto de
estudo. Neste contexto, a pesquisa atual descreve os
procedimentos adotados pela organização X para fazer seu
planejamento estratégico.
Fonte: Elaborada pela autora

Quanto à construção deste capítulo, Roesch (2005, p.126) dispõe que


em princípio não há um método mais apropriado para qualquer um
dos tipos de projetos sugeridos, mas espera-se que este seja
coerente com a maneira como o problema foi formulado, com os
objetivos do projeto e outras limitações práticas de tempo, custo e
disponibilidade dos dados.

Portanto, em um projeto, o capítulo que apresenta a metodologia trata de


descrever a maneira como a pesquisa será realizada. Partindo de alguns autores,
como Roesch (2005), Vergara (2007) e Fialho, Otani e Souza (2007), identificamos
aspectos metodológicos significativos para o delineamento de uma pesquisa.

Nesta questão, vale lembrar, também, que cada especialista (autor) possui uma
maneira particular para determinar a metodologia de uma pesquisa, isto é, a
partir da literatura, identificamos possibilidades de tipologias diferentes de
estruturas metodológicas para um trabalho (figura 9).
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Outro aspecto a ser assinalado é que conjunto de tipos de pesquisa, para cada
um dos autores, pode ser diferente, porém, os tipos de pesquisa, trazidos por
cada tipologia, tem o mesmo conceito no âmbito da literatura. Por exemplo,
tanto Vergara (1997) como Triviños (2010) atribuem, à pesquisa exploratória, o
mesmo conceito. Concluímos, daí, que, ao iniciar a montagem do capítulo sobre
Metodologia, o pesquisador pode fazer opção por qualquer tipologia, contudo, é
interessante que tal opção seja explicitada, para o leitor, logo no início do citado
capítulo, apresentando-se a respectiva fonte, a exemplo das que são trazidas por
meio da figura 9.
Figura 9: Tipologias de pesquisa, na visão de cada autor.

Fonte: Zanella (2007)


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Esclarecido este detalhe quanto às possibilidades de tipologias trazidas pelos


vários autores de metodologia, prepare-se, pois você, agora, conhecerá todo o
conteúdo que deve trazer o texto do referido capítulo!

Inicialmente, uma pesquisa deve ser caracterizada em função do método de


abordagem, que pode ser qualitativo ou quantitativo, incluindo os métodos
científicos e de procedimento que considera. É preciso também classificá-la,
especificando os tipos de pesquisa quanto aos meios e quanto aos fins. Por fim,
detalhes referentes à coleta e à análise dos dados não podem ser esquecidos. Na
sequência, preste atenção ao que se diz sobre cada uma das dimensões que
acabaram de ser citadas.

c.1) Caracterização da pesquisa

Roesch (2005, p.122) entende que a escolha do método depende de uma postura
filosófica sobre a possibilidade de investigar a realidade e que, nestes termos, há
duas tradições na ciência: o positivismo e a fenomenologia, ou o método
quantitativo e o qualitativo. Assim, considerando a perspectiva escolhida para a
abordagem do problema, temos:

- Abordagem quantitativa. Ela parte do pressuposto de que é possível traduzir


opiniões e informações em números, para que essas que possam ser classificadas
e analisadas. Para tanto, exige a utilização de técnicas estatísticas, tais como a
percentagem, a média, a moda, a mediana, o desvio-padrão, coeficientes de
correlação e análise de progressão, entre outras. Fialho, Otani e Souza (2007,
p.39) complementam, afirmando que este tipo de pesquisa se caracteriza pelo
“emprego da quantificação tanto no processo de coleta dos dados quanto na
utilização de técnicas estatísticas para o tratamento dos mesmos”. Na
continuidade, os autores apontam como principal vantagem do seu uso a
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precisão dos resultados, aspecto particularmente interessante em estudos


descritivos que procuram descobrir e classificar a relação de causalidade entre as
variáveis da hipótese estabelecida pelo pesquisador, e também naqueles em que
se deseja estabelecer a causalidade entre fenômenos. Já, Roesch (2005, p.130)
identifica como funções da pesquisa quantitativa, medir relações entre variáveis,
avaliar o resultado de algum sistema, obter informações quantitativas sobre
características de determinada população (como em pesquisas de atitude e de
mercado) e para explorar um tema pouco estudado. Nestes termos, os dados
quantitativos constituem-se a principal entrada para a realização desta pesquisa,
os quais correspondem, para Hair Jr. et al (2005, p.100), a mensurações em que
números são usados diretamente para representar as propriedades de algo.

- Abordagem qualitativa. Este tipo de abordagem busca estabelecer uma relação


dinâmica entre o mundo real e a subjetividade do sujeito que não pode ser
traduzida em números. E mais, para Roesch (2005, p.155), este é o tipo ideal de
pesquisa para se fazer uma

avaliação formativa, quando se trata de melhorar a efetividade de


um programa, ou plano, ou mesmo quando é o caso da proposição
de planos, ou seja, quando se trata de selecionar as metas de um
programa e construir uma intervenção, mas não é adequada para
avaliar resultados de programas ou planos.

Também, Godoi e Balsini (2010) lembram que

a ênfase da pesquisa qualitativa é nos processos e nos significados


(SALE; LOHFELD; BRAZIL, 2002). Dados qualitativos são
representações dos atos e das expressões humanas. O objetivo da
pesquisa qualitativa é interpretar os significados e as intenções dos
atores (SIVESIND, 1999). [...] A pesquisa qualitativa apresenta as
seguintes características: o ambiente natural como sua fonte direta
de dados; a preocupação-chave é a compreensão do fenômeno a
partir da perspectiva dos participantes, e não dos pesquisadores; o
pesquisador é um instrumento primário para a coleta e análise de
dados; supõe o contato direto e prolongado do pesquisador com o
ambiente e a situação que está sendo investigada. Focaliza
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processos, significados e compreensões; o produto do estudo


qualitativo é ricamente descritivo (MERRIAM, 2002).

Nestes termos, é importante proceder à interpretação dos fenômenos e à


atribuição de significados a eles. Portanto, esta abordagem não requer o uso de
métodos e técnicas estatísticas, tendo no pesquisador o instrumento chave e no
ambiente natural a fonte direta para coleta de dados, o que se constitui no
diferencial em relação à pesquisa quantitativa. Os dados são do tipo qualitativo,
os quais, segundo Hair Jr. et al (2005, p.100), representam descrições de coisas
sem a atribuição direta de números. Tais dados são, em geral, coletados usando-
se de algum tipo de entrevista não-estruturada. E continuam os autores,

em vez de coletar informações com a atribuição de números, os


dados são coletados por meio de registro de palavras e, às vezes, de
imagens. [...] Os componentes de pesquisa que são os pontos fortes
de um estudo quantitativo, tais como estrutura e representatividade,
não são típicos na pesquisa qualitativa. Os pesquisadores qualitativos
preferem uma entrevista não-estruturada como um modo de sondar
profundamente uma questão. Como os entrevistados são livres para
responder com suas próprias palavras, o pesquisador não pode
prever a direção específica da entrevista. A falta de uma estrutura
permite a identificação de questões que não seriam reveladas por um
questionário estruturado. De forma semelhante, o pesquisador
qualitativo muitas vezes pode preferir um entrevistado que é de
algum modo atípico. Entrevistados altamente envolvidos em uma
situação são especialmente desejáveis, já que novas descobertas são,
com frequência, relativamente extremas (HAIR JR. et al, 2005, p.100).

Trata-se de uma pesquisa descritiva (a pesquisa descritiva visa descrever as


características de determinada população ou fenômeno ou o estabelecimento de
relações entre variáveis) baseada na análise dos dados de forma indutiva.
Ademais, Roesch (2005, p.155) identifica que o Método de estudo de caso
corresponde a “um estudo aprofundado e exaustivo de um caso específico, que
seja relevante pelo potencial de abrangência, de forma a permitir, um amplo e
detalhado conhecimento do caso, fato ou fenômeno estudado, através do
processo de análise e interpretação” (FIALHO; OTANI; SOUZA, 2007, p.42) - e a
pesquisa-ação (método intervencionista que permite ao pesquisador testar
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hipóteses sobre o fenômeno de interesse implementando e acessando as


mudanças no cenário real) como estratégias de pesquisa adequadas ao método
qualitativo. Por isso, o processo e seu significado são os focos principais desse
tipo de abordagem.

Neste contexto, as pesquisas qualitativas apresentam um caráter mais subjetivo


e interpretativista, em que a objetividade dos fenômenos não pode ser
identificada de forma clara, utilizando-se outros critérios como credibilidade,
transferibilidade, confiança e conformabilidade, isto é, “a validade na pesquisa
qualitativa é fornecida pela correção dos critérios, e precisão na definição das
suas etapas, na condução do processo e consistência dos resultados obtidos”
(PINHEIRO, 2011, p.67).

Basicamente, podemos dizer que a diferença entre pesquisa qualitativa e


quantitativa é, sobretudo, que a última emprega as ferramentas estatísticas para
coletar e analisar os dados coletados na investigação do problema de pesquisa
(quadro 1). Mas, apesar do importante papel que ambas desempenham no
contexto científico, há controvérsias em torno delas. Hair Jr. et al (2005, p.102-
103), por exemplo, alertam que alguns pesquisadores apontam a superioridade
da pesquisa qualitativa em relação à quantitativa e vice-versa, mas que esta
discussão não cabe no meio científico, posto que a própria comparação entre as
duas abordagens sugere que elas se complementam muito bem. Afinal, dizem os
autores, “uma aliança muito importante entre as duas é a de que os estudos
qualitativos podem desenvolver ideias passíveis de serem testadas com algum
tipo de abordagem quantitativa” (HAIR JR. et al, 2005).

c.2) Classificação da pesquisa

O pesquisador encontra vários tipos de pesquisa à sua disposição. Diante disso,


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buscando oferecer ao pesquisador uma alternativa para proceder à classificação


da pesquisa, utiliza-se, aqui, a de Vergara (2007, p.46-50), que apresenta 2
critérios básicos de classificação: segundo os seus fins e os seus meios. Assim,
temos:

- Quanto aos fins (objetivos), as seguintes possibilidades:

 Exploratória. Conforme já foi comentado anteriormente, a pesquisa


exploratória é realizada em áreas em que se tem pouco conhecimento
acumulado e sistematizado. Serve basicamente para sondar determinado
assunto, sendo orientada para a descoberta, permitindo que se amplie o
conhecimento sobre determinado assunto pouco ou nada explorado até o
momento. De acordo com Hair Jr. et al (2005, p.84), este tipo de pesquisa é
especialmente interessante em organizações inovadoras, que passam a adotá-
la com vistas a descobrir novas ideias e tecnologias que atendam às suas reais
necessidades ou as do consumidor;
NÃO SE ESQUEÇA!!!

 Descritiva. Este tipo de pesquisa pretende descrever as características de uma


população ou fenômeno. Para Cervo e Bervian (1983, p.55), a pesquisa
descritiva é aquela que se limita a observar, registrar, analisar e correlacionar
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fatos ou fenômenos (variáveis) sem manipulá-los. Trata, em verdade, de


estudar e conhecer fatos e fenômenos do mundo físico e especialmente do
mundo humano, sem a interferência do pesquisador. Nestes termos, Hair Jr. et
al (2005, p.86) e Cervo e Bervian (1983, p.56) sugerem que os planos de
pesquisa descritiva, em geral, são estruturados e especificamente criados para
medir as características descritas em uma questão de pesquisa, já que os
dados, por ocorrerem em seu habitat natural, precisam ser coletados e
registrados ordenadamente para seu estudo propriamente dito. A pesquisa
descritiva pode, assim, assumir diversas formas, entre as quais destacamos os
estudos exploratórios, os estudos descritivos (como censos), a pesquisa de
opinião e de mercado, a pesquisa de motivação (de razões inconscientes), a
pesquisa de atitude (satisfação), o estudo de caso e a pesquisa documental. Por
todos esses motivos, Cervo e Bervian (1983, p.56) apontam este como sendo
um tipo de pesquisa bastante usado nas Ciências Humanas e Sociais, posto que
aborda dados e problemas que merecem ser estudados e cujo registro não
consta em documentos;

 Explicativa. Trata-se de uma pesquisa que possibilita identificar os fatores que


determinam ou contribuem para a ocorrência dos fenômenos. Este tipo
permite justificar os motivos de algum fato ou fenômeno. Permite, portanto, o
aprofundamento da realidade porque explica a razão - o porquê das coisas-, o
que pressupõe a realização de uma pesquisa descritiva como base para as suas
explicações. Vergara (2007, p.46) cita como exemplo: Identificar as razões de
sucesso de determinado empreendimento;

 Metodológica. Segundo Vergara (2007, p.47), este tipo de estudo refere-se à


elaboração de instrumentos de captação ou de manipulação da realidade. E
segue a autora afirmando que a pesquisa metodológica está associada a
“caminhos, formas, maneiras, procedimentos para atingir determinado fim.
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Construir um instrumento para avaliar o grau de descentralização decisória de


uma organização é exemplo de pesquisa metodológica”;

 Aplicada. Este tipo de pesquisa pretende gerar conhecimentos visando à


aplicação prática e que sejam dirigidos à solução de problemas específicos;

 Intervencionista. Por fim, considerando os fins, Vergara (2007, p.47) considera


que este tipo de pesquisa pretende interpor-se, interferir na realidade
estudada, para modificá-la, buscando resolver os problemas detectados.

NÃO SE ESQUEÇA!!!!!!

Você já deve ter deduzido que, na administração, entre as várias possibilidades de


se classificar a pesquisa quanto aos seus fins, a maior parte delas é do tipo
exploratório e descritivo. Contudo, isso não significa que não ocorram os outros
tipos. Já, na Academia, mais especificamente, o tipo descritivo é bastante comum.
A seguir, podemos encontrar os outros tipos de pesquisa existentes.
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- Quanto aos meios (procedimentos técnicos):

 Pesquisa de campo. Considerando a fonte das informações, esta consiste na


coleta de informações no local natural onde os fatos e fenômenos acontecem
(FIALHO; OTANI; SOUZA, 2007, p.40).

 Pesquisa de laboratório. Também com relação às fontes das informações, este


tipo de pesquisa caracteriza-se pela realização de uma experiência em um local
circunscrito, onde se reproduz de forma artificial e controlada determinado
fenômeno ou fato. A partir daí, coletam-se dados para posterior análise;

 Bibliográfica. Quando a fonte das informações pesquisadas se constitui em


material impresso ou publicado pela mídia, diz-se que a pesquisa é
bibliográfica;

 Documental. Trata-se da pesquisa que é elaborada a partir de materiais que


não receberam tratamento analítico. É, portanto, similar à pesquisa
bibliográfica, com a única diferença de que a fonte dos dados são documentos
(da organização e pessoais ou de arquivos públicos e privados), incluindo
fotografias, cartas, diários, gravações, ofícios, memorandos, relatório de
atividades, dados estatísticos, além de outros;

 Experimental. Segundo Vergara (2007, p.48), este tipo de pesquisa representa a


investigação empírica na qual “o pesquisador manipula e controla variáveis2
independentes e observa as variações que tais manipulação e controle

2
Variável é um valor que pode ser dado por quantidade, qualidade, característica, magnitude, variando
em cada caso individual. Assim, há 3 tipos de variáveis: a) Dependente: é influenciada ou determinada
pela variável independente. É, portanto, a consequência da variável independente; b) independente: é a
causa, que provoca, influencia ou determina outra variável; c) interveniente: é a que se coloca entre as
variáveis estudadas a fim de anular, diminuir ou ampliar o impacto da variável independente sobre a
dependente.
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produzem em variáveis dependentes”. Fialho, Otani e Souza (2007, p.41)


corroboram este entendimento, afirmando que esse tipo de pesquisa ocorre
por tentativa e erro, apresentando como principal finalidade testar hipóteses
que dizem respeito a relações de causa e efeito. Por isso, justificam os autores,
tal pesquisa emprega rigorosas técnicas de amostragem para aumentar a
possibilidade de generalização das descobertas realizadas com a experiência.
Ademais, essa forma de investigação, que dissocia um fenômeno/fato do seu
contexto, é típica das ciências naturais, pois deve permitir a previsão das
relações entre as variáveis como também o controle, o que, na maioria das
vezes, não é possível quando se trata de objetos sociais. No que se refere às
fontes de dados, é possível fazer investigação experimental tanto no
laboratório como no campo;
NÃO SE ESQUEÇA!!!!

 Ex-post facto. Essa configuração busca verificar a existência de relações entre


variáveis que o pesquisador não tem controle ou não pode manipular, pois a
pesquisa se dá após a ocorrência do fenômeno ou fato. Além disso, o
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fenômeno ocorre naturalmente, a exemplo de análises feitas sobre os efeitos


causados pelo desmatamento na Floresta Amazônia;

 Participante. Refere-se à pesquisa que se desenvolve a partir da interação entre


quem está pesquisando e aquele que integra o contexto pesquisado. Neste
âmbito, o pesquisador não possui uma proposta de ação pré-definida. Em
verdade, a intenção é obter um conhecimento mais profundo do grupo, que
tem plena consciência de que está sendo investigado. Conforme Gil (1999),
este tipo de pesquisa precisa de dados objetivos sobre a situação da população,
o que envolve a coleta de dados socioeconômicos e tecnológicos. Tais dados
podem ser agrupados por categorias, tais como: geográficas, demográficas,
econômicas, habitacionais, educacionais e outras;

 Pesquisa-ação. Segundo Roesch (2005, p.155) e Thiollent (2009), nesta a


postura do pesquisador é de captar a perspectiva dos entrevistados, sem partir
de um modelo preestabelecido. Para tanto, a pesquisa é concebida e realizada
em estreita associação com uma ação ou com a resolução de um problema
coletivo. Observamos que esta categoria é um tipo particular de pesquisa
participante, de pesquisa intervencionista e de pesquisa aplicada, que supõe
intervenção participativa na realidade social (VERGARA, 2007, p.49). Este tipo
de pesquisa implica no contato direto com o campo de estudo envolvendo o
reconhecimento visual do local, consulta a documentos diversos e, sobretudo,
a discussão com representantes das categorias sociais envolvidas na pesquisa.
Por tais razões, a pesquisa-ação deve acontecer em 4 fases distintas, como
revela a figura 10.
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Figura 10: Fases da pesquisa-ação.

Fonte: Adaptado de Thiollent (2009)

A primeira fase visa realizar o diagnóstico da situação problemática. Na


sequência, o pesquisador, juntamente com membros da organização, realiza o
planejamento da solução, que é implementada na fase seguinte – da Ação. E,
por fim, são coletados os resultados da ação para que se possa otimizar a
solução, iniciando-se novamente o ciclo Diagnóstico-Planejamento-Ação-
Avaliação.
NÃO SE ESQUEÇA!!!

Diante destas condições, Fialho, Otani e Souza (2007, p.42) dizem que esta
pesquisa é muito utilizada para a otimização de programas para a melhoria da
eficácia organizacional e de processos industriais;
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 Estudo de caso. Quando o pesquisador pretende estudar de maneira profunda


um caso, fenômeno ou fato específico deve optar por esse tipo de pesquisa.
Segundo Yin (1991, p.17), este é o tipo ideal quando se deseja responder como
e por que certos fenômenos acontecem - Exemplo: Como e por quê
organizações colaboram entre si para o fornecimento de serviços? (YIN, 1991,
p.30) -. Além disso, essa estratégia é interessante para estudar eventos do
presente e quando a possibilidade de controle sobre comportamentos é
reduzida. Certamente, como comenta Roesch (2005, p.155), o estudo de caso
difere dos delineamentos experimentais já que estes dissociam
deliberadamente o fenômeno em estudo do seu contexto e, também, do
método histórico, por se referir ao presente e não ao passado. Reside aí a sua
vantagem, ou seja, estudar pessoas em seu ambiente natural. Além disso,
Hartley (1994 apud ROESCH, 2005, p.197) compreende que o ponto forte dessa
estratégia está na sua capacidade de explorar processos sociais à medida que
eles se desenrolam nas organizações e de obter uma compreensão mais ampla
dos processos por meio de uma investigação em profundidade. Os estudos de
caso, segundo Stake (2011, p.37), pretendem entender bem algo como “uma
pracinha, uma coisa: uma pracinha, uma banda, um grupo de vigilantes do
Peso. Ou um fenômeno, [...]. Sempre haverá pequenas comparações no
caminho”, mas entender como as coisas funcionam depende, em grande parte,
de observar de maneira ampla. A descrição típica do estudo de caso conduzirá
à comparação quase que natural e interessante para a interpretação da
realidade, mas este não é o seu propósito maior, mesmo em estudos
multicasos. Contudo, uma das maiores dificuldades em aplicar o estudo de caso
concentra-se justamente na definição da sua unidade de análise. Yin (1991,
p.31-33) relata que este componente identifica o que corresponde o caso. Tem-
se, então, o local em que o caso ocorre e a unidade de análise que ele
considera. Para exemplificar, o autor, faz a seguinte reflexão:
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Por exemplo, no estudo de caso clássico, um caso pode ser um


indivíduo. Assim, você pode imaginar estudos de caso de pacientes,
de estudantes exemplares, ou de certos tipos de líderes. Em cada
situação, uma pessoa individual é o caso sendo estudado, e o
indivíduo é a primeira unidade de análise. Informação sobre cada
indivíduo relevante seria coletada e vários dos indivíduos ou casos
deveriam ser incluídos em um estudo de múltiplos-casos. [...]
Naturalmente, o caso também pode ser sobre determinado evento
ou entidade que é menos definido do que um indivíduo único.
Estudos de caso têm sido feito sobre decisões, sobre programas,
sobre o processo de implementação, e sobre mudança
organizacional. [...] Como um guia geral, a definição da unidade de
análise (e então do caso) está relacionada à forma como as perguntas
de pesquisa iniciais foram definidas. Suponha, por exemplo, que você
deseja estudar como as organizações tornaram-se mais produtivas
quando as taxas federais foram reduzidas [...]. A unidade de análise
primária é o tipo de organização que você deseja estudar, e seu
estudo deveria desenvolver proposições sobre os motivos pelos quais
se esperava que as organizações passassem ou não por mudanças
sob tais circunstâncias. Se a sua real intenção, contudo, era estudar
como cortes de taxas específicos produziram mudanças, a unidade de
análise poderia ser algo bem diferente. Nesta última situação, as leis
e legislação específica de impostos deveriam ser a unidade de
análise, e diferentes leis (mais do que organizações) seriam
consideradas como os sujeitos do caso estudado (YIN, 1991, p.31,
tradução nossa).

De modo geral, porém, vale destacarmos que as principais fontes de dados


para este tipo de pesquisa são a observação direta e a entrevista. Já, a
abordagem utilizada pode ser tanto a qualitativa quanto a quantitativa.
Ressaltamos, ainda, que este tipo de pesquisa pode ser usado de modo
exploratório (visando levantar questões e hipótese para futuros estudos, por
meio de dados qualitativos) ou, de modo descritivo (buscando associações
entre variáveis, normalmente com caráter quantitativo) ou, mesmo, de modo
explicativo – com a tradução precisa dos fatos do caso seguida da identificação
de explicações alternativas desses fatos e de uma conclusão baseada naquela
explicação que parece ser a mais congruente com os fatos - (YIN, 1991 apud
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ROESCH, 2005, p.156). Trata-se, portanto, de uma estratégia particularmente


interessante à área da administração.

- Quanto à natureza. Para completar, do ponto de vista da sua natureza, a pesquisa


ainda pode ser classificada como:

 Pesquisa básica ou pura. É desenvolvida para gerar conhecimentos novos úteis


para o avanço da ciência sem, no entanto, contar com uma previsão de
aplicação prática;

 Pesquisa aplicada. Conforme dito anteriormente, este tipo de pesquisa busca


obter solução para problemas concretos e imediatos.

- Quanto aos métodos de procedimentos. Finalizando a etapa de caracterização da


pesquisa, Lakatos e Marconi (2006, p.223-224) sugerem considerar, também, os
métodos de procedimento no seu delineamento. Estes, afirmam os autores,
“constituem em etapas mais concretas de investigação”, sendo que na área das
Ciências Sociais os mais usados são aqueles já citados na seção 1.4 do presente
documento, ou seja: o histórico, o comparativo, o monográfico (ou estudo de
caso), o estatístico, o funcionalista e o estruturalista.

c.3) Delimitação do universo da pesquisa

Nesta etapa, o pesquisador definirá o universo ou a população-alvo da


pesquisa. Vergara (2007, p.50) comenta que a população de uma pesquisa
corresponde ao conjunto de elementos (empresas, comarcas, produtos,
pessoas, por exemplo) que possuem as características que serão o objeto de
estudo. Nestes termos, Lakatos e Marconi (2006, p.225) apontam que na
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delimitação do universo deve-se explicitar que pessoas ou coisas ou fenômenos


serão pesquisados, enumerando-se suas características comuns, como por
exemplo, sexo, faixa etária, organização a que pertencem e comunidade onde
vivem.

Porém, muitas vezes é impossível ao pesquisador coletar dados junto a todos


os integrantes da população, seja em função do seu tamanho, do custo
envolvido ou do tempo insuficiente. Tal situação exige a definição de uma
amostra (em estatística, amostra é a parte representativa de um conjunto ou
população a ser estudada ou testada) – subconjunto da população.
Em pesquisas quantitativas, como em pesquisas de opinião, torna-se
fundamental calcular o tamanho da amostra. Para este cálculo, há dois
conjuntos possíveis de fórmulas: um que apresenta fórmulas para cálculo de
amostra para população finita e outro para população infinita. Em ambos os
casos, é preciso considerar as seguintes variáveis:
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O cálculo do tamanho de amostra (n) para população finita (N é um valor


conhecido), a fórmula mais usada é a seguinte:
n = [N*p*q*(V)2]/[p*q*(V)2+(N-1)*E2]

Sendo que:

a) N = total da população finita;


b) p e q = população a ser estudada e não ser estudada = 0,5 e 0,5, respectivamente;
c) Margem de confiança, por exemplo = 90%; e, portanto,
d) V ou Z = Valor crítico para 90% = 1,645;
e) E = margem de erro = 5% (0,05).

Assim, por exemplo, se N=4000 servidores do Tribunal de Justiça, o tamanho da


amostra a ser pesquisada será de:

n = [N*p*q*(V)2]/[p*q*(V)2+(N-1)*E2]
n = (4000*0,5*0,5*(1,645*1,645))/(0,5*0,5*(1,645*1,645)+(4000-1)*(0,05*0,05))
PORTANTO,
n é de aproximadamente 254 servidores a serem pesquisados.

Já, o cálculo do tamanho de amostra (n) para população finita (N é um valor


desconhecido), a fórmula mais comumente usada é a seguinte:

n = [(V*)/p)**2

Sendo que:

a) p e q = população a ser estudada e não ser estudada = 0,5 e 0,5, respectivamente;


b) Margem de confiança, por exemplo = 98%; e, portanto,
c) V ou Z = Valor crítico para 98% = 2,32;
d)  = desvio-padrão, por exemplo, de = 4.

Assim, por exemplo, se o pesquisador deseja colher a opinião dos usuários do


Poder Judiciário catarinense durante determinada semana do mês, ele não terá
condições de identificar o total desta população. Neste caso, terá que trabalhar
com a ideia de população infinita e, usando a fórmula anterior, conseguirá
determinar que:
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n = [(V*)/p)2
n = [(2,32*4)/0,5)]2
PORTANTO,
n é de aproximadamente 347 usuários dos serviços do TJSC a serem pesquisados.

A amostra é escolhida de acordo com algum critério de representatividade.


Saiba que existem duas grandes categorias de amostra: a probabilística, em
que cada membro da população tem a mesma chance estatística de ser incluído
na amostra, e a não-probabilística, que não faz uso de uma forma aleatória de
seleção dos membros da população que farão parte da amostra. Em sua obra,
Vergara (2007, p.50-51) assinala 3 tipos de amostras probabilísticas e 2 tipos de
não-probabilísticas, conforme listamos na sequência:

- Probabilísticas:
 Aleatória simples: cada elemento da população tem uma chance
determinada de ser selecionado. Em geral, atribui-se a cada elemento da
população um número e depois se faz a seleção aleatoriamente,
casualmente;
 Estratificada: em que é selecionada uma amostra de cada grupo da
população, por exemplo, em termos de sexo, idade, profissão e outras
variáveis. Sendo que é o pesquisador que cria os estratos para a sua
pesquisa. A amostragem estratificada pode ser proporcional ou não. A
proporcional define para a amostragem a mesma proporção observada na
população, com referência a uma propriedade. Por exemplo: imagine que
na população global de mestrandos 65% tenham entre 21 e 34 anos e
35% tenham entre 35 e 45 anos. A amostra deverá obedecer a essa
mesma proporção no que se refere à idade dos mestrandos;
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 Por conglomerados: são selecionados conglomerados, entendidos esses


como empresas, edifícios, famílias, quarteirões, universidades e outros
elementos. É interessante quando a identificação dos elementos da
amostra é difícil de ser feita, quando a lista de tais elementos é pouco
prática;
LEMBRE-SE!!!

- Não-Probabilísticas:
 Por acessibilidade: longe de qualquer procedimento estatístico, os
elementos da amostra são selecionados pela facilidade de acesso a eles;
 Por tipicidade: constituída pela seleção de elementos que o pesquisador
considera representativos da população-alvo, o que requer profundo
conhecimento dessa população.

Na continuidade, a autora destaca ainda a necessidade de especificar os


sujeitos da pesquisa, isto é, das pessoas que efetivamente fornecerão os dados
de que o pesquisador precisa. Em verdade, quando a população é formada por
pessoas, os sujeitos se confundem com ela. Então, por exemplo, se a população
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é formada por Comarcas do Poder Judiciário do Estado de Santa Catarina, os


sujeitos poderão ser aqueles servidores que fornecerão os dados para a
pesquisa.
c.4) Técnicas de coleta e de análise dos dados

Em relação aos dados, é preciso lembrar que, com base nas suas fontes, há duas
categorias: os dados primários e os secundários. De acordo com Hair Jr. et al
(2005, p.98), os dados primários são coletados com o propósito de completar o
projeto de pesquisa, já os secundários são aqueles que foram coletados para
algum outro propósito de pesquisa. É importante considerarmos esta
característica, pois o pesquisador precisa ter certa cautela em utilizar dados
secundários, já que em geral não são precisamente adequados aos fins da
pesquisa em curso. Ademais, podem existir vieses obtidos em função da maneira
como foram pesquisados.
Em outras palavras, assim como os pesquisadores devem verificar a
confiabilidade e validade de dados coletados especificamente para
um propósito de pesquisa, devem também averiguar a confiabilidade
e a validade dos dados secundários. Por essa razão, a precaução deve
ser aplicada no uso de dados de fontes desconhecidas (HAIR JR. et al,
2005, p.99).

Em relação aos dados secundários, encontramos uma variedade de fontes


agrupadas em:
- Fontes internas (à organização): relatórios, faturas, registros financeiros,
reclamações de clientes, registros de pagamentos, bancos de dados, livros
razão e planos;
- Fontes externas (à organização): documentos (livros, trabalhos acadêmicos e
científicos, artigos, dados estatísticos, periódicos) presentes em bibliotecas
virtuais ou reais, fornecedores de base de dados (como de empresas de
cartão de crédito).
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c.4.1) Técnicas de coleta de dados

Neste aspecto, fique atento, pois a identificação das técnicas e dos instrumentos
de coleta dos dados deve estar em plena consonância com os objetivos da
pesquisa, permitindo o seu alcance. Uma estratégia interessante para se adotar
neste instante é, a priori, fazer a definição das categorias de análise da pesquisa.
Trata-se de definirmos efetivamente e, portanto, operacionalmente, como se
quer estudar o objeto de estudo proposto. Para Kerlinger (1979), trata-se de
definir as variáveis relativas ao objeto de estudo, porém, chamando atenção
para o fato de que, a variáveis, são atribuídos especificamente valores
numéricos. Por este motivo, na continuidade, o autor lembra que
devemos observar que variáveis são também conceitos e
constructos. Um conceito é, naturalmente, um termo geral que
expressa a suposta ideia central por trás de objetos particulares
relacionados. Quando os cientistas falam sobre os conceitos usados
em seu trabalho, chamam-lhes frequentemente constructos.
Constructo é um termo útil porque indica a natureza sintética das
variáveis psicológicas e sociológicas. Expressa a ideia de que os
cientistas frequentemente usam termos de acordo com a
necessidade e exigências de suas teorias e pesquisas (KERLINGER,
1979, p.45-46).
Por tais razões, o termo variável é restrito a pesquisas quantitativas, enquanto o
termo construto, ou categoria de análise, cabe também a pesquisas de caráter
qualitativo, o que nos permite assumir, a partir de agora, o termo categorias de
análise como sendo o genérico para todas as situações. Porém,
independentemente da questão terminológica discutida, para a formulação do
instrumento de coleta de dados, o pesquisador precisa apresentar a definição
constitutiva e a definição operacional de cada uma das categorias de análise
(construtos) que serão estudadas por meio da sua pesquisa. Segundo Kerlinger
(1979),
uma definição constitutiva define palavras com outras palavras [...].
Definições constitutivas são definições de dicionário e, naturalmente,
são usadas por todo mundo, inclusive pelos cientistas. Entretanto são
insuficientes para propósitos científicos. [...]. Mas, os cientistas tem
que ir adiante. [...]. Fazem isto usando o que é conhecido como
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definição operacional. [...] Uma definição operacional é uma ponte


entre os conceitos e as observações. [...]. Uma definição operacional
atribui significado a um constructo ou variável especificando as
atividades ou operações necessárias para medi-lo ou manipulá-lo.
Uma definição operacional, alternativamente, especifica as
atividades do pesquisador para medir ou manipular uma variável. É
como um manual de instruções para o pesquisador: Diz, com efeito,
‘faça assim e assado, desta e daquela maneira’. [...] Ela mostra ao
pesquisador como medir (e observar) uma variável (KERLINGER,
1979, p.45-46).

Nestes termos, o que se deseja estudar é especificado por meio da definição


operacional das variáveis (categorias de análise) de interesse da pesquisa. Sendo
que tal definição é obtida, em geral, a partir de pesquisa bibliográfica. Em
resumo, temos que (figura 11):

Figura 11: Identificação das categorias de análise (variáveis) de uma pesquisa.

Fonte: Elaborada pela autora.

A partir deste momento, feita a definição operacional de cada uma das


categorias de análise, esta deverá compor o instrumento de coleta de dados, seja
na forma de uma afirmativa ou pergunta a ser feita para um entrevistado. Em
termos bem práticos, podemos até considerar que cada uma das categorias de
análise corresponderá a uma parte do instrumento de coleta de dados e sua
definição operacional será o que efetivamente se pretende pesquisar sobre ela.
Vejamos, como exemplo, o que foi realizado, neste âmbito, no trabalho de
conclusão de curso de Hékis (2012), denominado “A racionalidade predominante
no processo decisório do planejamento estratégico do HU-UFSC: o caso do plano
2012”. Observe, na figura 12, que há 3 categorias de análise de interesse na
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pesquisa de Hékis (2012): Racionalidade, Tomada de decisão e Planejamento


estratégico. Para cada uma delas, é trazida a sua definição operacional (fatores
de análise), conforme a literatura pesquisada pela autora e disponível no
capítulo 2 do seu trabalho. Portanto, por exemplo, segundo Hékis (2012), a
categoria Racionalidade será estudada considerando-se as tipologias de
racionalidade sugeridas por Max Weber. Já, para estudar a tomada de decisão no
HU/UFSC, Hékis (2012) toma como base a “natureza da decisão”, o “nível de
participação dos atores envolvidos” e a “influência do nível de hierarquia”. Por
fim, o planejamento estratégico será pesquisado considerando-se “os objetivos
pretendidos de cada ação” e os “motivos que levaram o HU a escolher os
referidos cursos de ação” (HÉKIS, 2012).
Figura 11: Definição das categorias de análise de Hékis (2012).

Fonte: Adaptada de Hékis (2012).

Assim, as categorias de análise propostas por Hékis (2012) acabaram por integrar
o roteiro de entrevista aplicado por ela junto aos gestores da organização em
estudo para que a pesquisadora pudesse concluir sobre a racionalidade
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predominante entre eles no desenvolvimento do processo de planejamento


estratégico no HU.

Agora, já podemos, então, falar mais especificamente sobre as possibilidades


existentes em termos de instrumentos e técnicas de coleta de dados.
Inicialmente, em se optando pela abordagem quantitativa, contamos com as
técnicas a seguir:

- Observação sistemática. O observador, munido com uma listagem de


comportamentos, registra a ocorrência deles durante um período de tempo;
- Questionário. O questionário corresponde a uma série de perguntas que são
apresentadas ao respondente por escrito e deve ser respondido por escrito.
Tais instrumentos são entregues ao pesquisado em mãos, ou por meio ou por
correio, ou pela Internet, e são geralmente respondidos sem a presença do
pesquisador. Vergara (2007, p.55) ressalta que o questionário pode ser
aberto, não-estruturado ou fechado (estruturado). E, continua a autora: “no
questionário aberto, as respostas livres são dadas pelos respondentes; no
fechado, o respondente faz escolhas, ou pondera, diante de alternativas
apresentadas” (VERGARA, 2007, p.55). Entre outras características, o
questionário precisa, sobretudo, seguir uma estrutura lógica, devendo
apresentar-se de forma progressiva, isto é, do menor ao maior grau de
dificuldade em respondê-lo e, também, ter uma linguagem clara. Sobre o
layout do questionário, Roesch (2005, p.143) oferece as seguintes dicas:

 Iniciar o questionário com uma breve instrução sobre como completá-lo;


 Variar o tipo de questão. Note que um questionário não deve ter mais do
que 3 tipos de questões, para não confundir o respondente. Por exemplo:
um grupo de perguntas que o leve a atribuir grau, outro que o leve a
marcar sim ou não, outro que o leve a ordenar tópicos. O ideal é um único
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tipo, mas às vezes isso é limitador (VERGARA, 2007, p.55). Mas, manter
juntas, em blocos, as questões de tipos similares;
 Iniciar com questões simples e depois passar para as que implicam
opiniões e valores;
 Reduzir o tamanho da cópia, se o questionário for muito extenso;
 Diferenciar o tipo de letra para instruções e questões, escrevendo as
instruções no tipo itálico e as questões em Times New Roman, por
exemplo.

O autor ainda entende ser extremante importante realizar um pré-teste com


o instrumento antes de aplicá-lo definitivamente (Pré-teste refere-se à
avaliação da probabilidade de precisão e coerência de respostas a um
questionário usando-se uma pequena amostra de respondentes com
características semelhantes à da população-alvo). Pois, só assim o
pesquisador poderá validá-lo e identificar a necessidade de ajustá-lo. Os
sinais que indicam de que há algo errado com o instrumento de coleta de
dados são:

 Ausência de ordem nas respostas;


 Respostas "tudo-nada”;
 Grande proporção de respostas do tipo "não sei" ou "não compreendo”;
 Grande número de qualificações ou comentários adicionais;
 Variação substancial de respostas quando se muda a ordem das questões;
 Alta proporção de respostas recusadas: Aconselha-se rever com cuidado
cada questão cujas recusas ultrapassem cinco por cento.

Para tanto, Vergara (2007, p.56) indica que o referido instrumento seja
previamente avaliado por cerca de 5 pessoas conhecedoras do assunto em
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estudo, sendo que o resultado dessa avaliação deve ser relatado no capítulo
sobre metodologia;

- Formulário. Também é apresentado por escrito, mas é o pesquisador quem


assinala as respostas que o respondente fornece oralmente;

- Entrevista. Por meio dessa técnica, são feitas perguntas ao entrevistado de


maneira oral, que também fornece oralmente as respostas. Pode conter
perguntas abertas ou fechadas;

Já, em relação à abordagem qualitativa, Roesch (2005, p.158-168) destaca os


tipos a seguir:

- Observação participante. Os dados são obtidos por meio do contato direto do


pesquisador com o fenômeno observado;

- Entrevista em profundidade. Típica de pesquisas exploratórias, esta é


uma técnica demorada e requer muita habilidade do entrevistador, pois
seu objetivo primário é entender o significado que os entrevistados
atribuem a questões e situações do pesquisador. Tem-se 2 tipos de
entrevistas em profundidade: semi ou não estruturada. Em entrevistas
semiestruturadas, faz-se uso de um roteiro de entrevista. Já, naquela
não estruturada, há apenas uma conversa livre entre o sujeito e o
pesquisador. Cabe destacar que, no seu registro, as Entrevistas podem
e devem ser editadas, após sua transcrição, pois, um texto com
problemas gramaticais e ortográficos e de difícil entendimento, podem
prejudicar o processo de comunicação da realidade pesquisada. Assim,
falas incompletas, cheias de vícios de linguagem e com erros de
português precisam ser corrigidas, permitindo o pleno entendimento
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do seu significado pelo leitor do relatório de pesquisa. O registro de


uma fala que contém erros e vícios de linguagem só tem valor quando o
pesquisador pretende usar a técnica análise de discurso para analisar as
entrevistas;

- Entrevistas em grupo. O objetivo primordial dessa técnica é observar a reação


dos integrantes de um grupo às questões colocadas pelo pesquisador. Este
tipo de entrevista é bastante usado em pesquisas de marketing, quando se
deseja avaliar a reação dos consumidores a um novo produto a ser lançado;

- Diários. O pesquisador fornece diários aos integrantes da amostra e pede a


eles que registrem fatos e impressões durante certo período de tempo,
baseado em uma estrutura de itens definida previamente;

- Documentos. Importante fonte de dados secundários, os documentos devem


ser acessados e analisados a partir da seguinte sequência de passos:
 Acesso. Trata-se de localizá-los e obter autorização para pesquisá-los;
 Verificação da autenticidade. É preciso validar a autenticidade dos
documentos junto àqueles que os produziram;
 Compreensão dos documentos. Neste instante, são identificados os
temas que estão pressentes dentro do documento;
 Análise dos dados. Refere-se a um processo complexo, pelo qual se busca:
- Identificar um tema central que englobe os diferentes subtemas, e
também grupos de temas com significados comuns; - Os temas são, a
seguir, testados por meio da comparação com outros textos do mesmo
autor, com outras fontes de dados (entrevistas, por exemplo) e com
documentos de outros autores; - Num passo seguinte, os dados são
comparados com as questões de pesquisa; - Finalizando a análise, os
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pesquisadores procuram compreender tais temas dentro do seu


contexto;
 Utilização dos dados. O pesquisador elabora um relatório final a quem
forneceu o documento. Alguns cuidados são necessários, tais como obter
autorização dos entrevistados para serem citados, despersonalizar
informantes, obter autorização da companhia para publicar os resultados
da pesquisa;

- Histórias da vida. Por meio desta técnica, o pesquisador busca compreender


determinado papel ao construir a história de vida de ocupantes de papel. A
técnica permite estudar o impacto da interação social como um todo pleno
de significados. Denzin (1978 apud ROESCH, 2005, p.168) apresenta 9 passos
para utilizar esta técnica, que são:

 Inicialmente, o pesquisador define a problemática da pesquisa e as


questões de pesquisa;
 Após, são selecionados os sujeitos da investigação;
 É realizado o registro dos eventos e das experiências na vida do sujeito
que dizem respeito ao problema em estudo;
 É obtida a interpretação dos sujeitos a respeito de tais eventos, como eles
ocorreram em sua ordem cronológica, natural;
 É feita a análise preliminar das informações obtidas;
 É realizada a crítica das informações obtidas;
 São testadas as hipóteses que emergiram dos dados;
 É organizado o relato, submetendo-o aos sujeitos da investigação, quando
são obtidas as suas reações;
 O relato é retrabalhado em sua sequência natural à luz das reações dos
sujeitos. São, então, apresentadas as hipóteses e proposições que foram
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apoiadas no estudo, concluindo-se sobre a relevância do relatório para a


teoria e para pesquisas subsequentes.

Após definir detalhes sobre o design da pesquisa, o pesquisador precisa inserir,


em seu projeto, as técnicas que deseja usar para analisar os dados coletados.
Preste atenção, pois as respectivas opções são exploradas na sequência.

c.4.2) Técnicas de análise de dados

Novamente, registramos que a identificação das técnicas de análise dos dados


deve considerar os objetivos da pesquisa e, sobretudo, tem a sua escolha
baseada nos instrumentos usados para coletar os dados.

Quando a pesquisa se desenvolve a partir da abordagem quantitativa, os dados


devem ser tratados e analisados por meio de procedimentos estatísticos. A partir
destes, conforme afirma Oppenheim (1992 apud ROESCH, 2005, p.151),

[...] podem-se calcular médias, computar percentagens, examinar os


dados para verificar se possuem significância estatística, podem-se
calcular correlações, ou tentar várias formas de análise multivariada,
como a regressão múltipla ou a análise fatorial. Estas análises
permitem extrair sentido dos dados, ou seja, testar hipóteses,
comparar os resultados para vários subgrupos, e assim por diante.

Contudo, Roesch (2005, p.150) salienta que o tipo de tratamento estatístico a ser
escolhido depende do tipo de dado coletado. Assim, se os dados se encontram
em uma escala, expressos em números, como por exemplo, salário, faturamento
da empresa, volume de peças produzidas, é possível usar técnicas como a média,
o desvio-padrão, a variância, análise de variância, coeficientes de correlação e a
maioria dos métodos multivariados (são métodos que permitem explorar o
padrão de relações entre as variáveis do estudo). De outro modo, se os dados
coletados são de natureza nominal ou categórica, eles não podem ser somados
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ou multiplicados, como por exemplo, a natureza jurídica da empresa (estatal ou


privada). Tudo o que se pode fazer com esse tipo de dado, diz o autor, é verificar
a frequência e calcular a percentagem de cada categoria ou subgrupo em relação
ao total (por exemplo, descrever quantas entre as empresas pesquisadas são
estatais).
Já, se for considerada a abordagem qualitativa, é natural que o pesquisador se
defronte com uma quantidade significativa de texto cujo conteúdo merece uma
análise mais aprofundada. Para tanto, contamos com as seguintes técnicas:

- Modelo interpretativo de análise (TRIVIÑOS, 2010): apoia-se em 3 aspectos


fundamentais:
 nos resultados alcançados;
 na fundamentação teórica; e
 na experiência pessoal do investigador.

- Pattern Matching (Emparelhamento de Padrões): é uma técnica usada para


comparar 2 padrões com o objetivo de determinar se eles são compatíveis ou
não. Trata-se, portanto, do procedimento central de testes de teoria com
casos. Estes testes consistem em emparelhar um padrão observado (um
padrão obtido de valores medidos) com um padrão esperado (uma hipótese)
e decidir se tais padrões combinam (resultando em uma confirmação de
hipótese) ou não combinam (resultando em uma não-confirmação);

- Análise de conteúdo: Dados obtidos por meio de entrevistas, questionários e


de documentos através de um processo sistemático e de observação em que
o pesquisador examina a frequência com que as palavras e temas principais
ocorrem, identificando o conteúdo e as características de informações
presentes no texto (HAIR JR. et al, 2005, p.154). Segundo os autores, o
resultado final é, muitas vezes, usado para quantificar os dados qualitativos.
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Vejamos, na sequência, um exemplo de aplicação da análise de conteúdo do


TCC de Lilian Barros (http://www.ufsj.edu.br/portal2-
repositorio/File/incluir/Pcds_do_Brasil_e_EUA_-_Liliam_Barros.pdf), fig. 13:
Figura 13: Exemplo de aplicação da análise de conteúdo.

As entrevistas foram gravadas e posteriormente transcritas, para a operacionalização da análise, que foi
feita baseando-se nos pressupostos da análise de conteúdo. De acordo com Bardin (1979, p. 42), a análise
de conteúdo é “um conjunto de técnicas de análise de comunicação visando obter, por procedimentos
sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens, indicadores (quantitativos ou não) que
permitam a inferência de conhecimentos relativos às condições de produção/recepção destas mensagens”.
Para Caregnato e Mutti (2006), esta é uma técnica de pesquisa que trabalha com a palavra, permitindo a
produção de inferências do conteúdo da comunicação de um texto replicáveis ao seu contexto social. A
análise de conteúdo ultrapassa os significados manifestos, vai de um primeiro plano para atingir um nível
mais aprofundado (MINAYO, 2000). Conforme a autora, este tipo de análise relaciona estruturas semânticas
(significantes) com estruturas sociológicas (significados) dos enunciados; busca articular a superfície dos
textos com os fatores que determinam suas características, tais como contexto cultural, contexto e processo
de produção da mensagem e variáveis psicossociais. Segundo Caregnato e Mutti (2006), a análise de
conteúdo trabalha com a materialidade linguística através das condições empíricas do texto, estabelecendo
categorias para sua interpretação. As autoras destacam ainda três etapas desta técnica, baseada nos estudos
de Bardin (1979). São elas: (1) a pré-análise, que é a fase de organização; (2) a exploração do material,
sendo a etapa de codificação dos dados a partir das unidades de registro e; (3) o tratamento dos resultados e
interpretação, sendo a fase de categorização, ou seja, classificação dos elementos segundo suas semelhanças
e diferenciação, com posterior reagrupamento, em função de características comuns. Assim, na presente
pesquisa, o processo de análise dos dados passou pelas seguintes etapas:
a) preparação do material: as entrevistas foram gravadas, com o auxílio de um gravador digital. Os
arquivos foram copiados para um computador e, assim, as entrevistas foram transcritas, segundo o
roteiro de perguntas;
b) pré-análise: nesta etapa, as entrevistas foram lidas e baseando-se nos objetivos da pesquisa, foram
escolhidos os documentos a serem analisados;
c) análise: nesta etapa, foram definidas as categorias que seriam utilizadas, de acordo com os objetivos
propostos no trabalho. Utilizou-se a categorização mista, ou seja, os temas foram pré-estabelecidos,
mas havia a possibilidade do surgimento de novos temas ao longo da leitura exaustiva das
entrevistas, o que de fato aconteceu. Os temas e subtemas a partir dos quais as análises foram
realizadas estão apresentados no quadro 2, a seguir.

Fonte: Adaptado de (http://www.ufsj.edu.br/portal2-repositorio/File/incluir/Pcds_do_Brasil_e_EUA_-


_Liliam_Barros.pdf, 2015).
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- Bardin (2011), em sua obra sobre o tema, diz que a análise de conteúdo deve
ser desenvolvida em 3 fases distintas, quais sejam:

 Pré-análise: escolha dos documentos à formulação de hipóteses e


preparação do material para análise. No caso de entrevistas gravadas,
esta corresponde à transcrição delas;
 Exploração do material: recorte (escolha das unidades de análise – os
temas), enumeração (escolha das regras de contagem dos temas) e a
classificação;
 Tratamento dos dados, inferência e interpretação: descrição -
comunicar os resultados obtidos com o processo de categorização
(quais foram os significados captados nas mensagens analisadas?);
Interpretação (com base na teoria trabalhada a priori ou gerando-se
teoria nova/generalizações).
Sobre a análise de conteúdo, Triviños (2010, p.160) afirma que “a
classificação dos conceitos, a codificação dos mesmos, a categorização são
procedimentos indispensáveis na utilização deste método [...]. Mas, todos
esses suportes materiais serão francamente inúteis no emprego da análise do
conteúdo se o pesquisador não possuir amplo campo de clareza teórica”.

- Construção da teoria (grounded theory): Trata-se de construir uma teoria a


partir de dados baseados na realidade, ou melhor, significa fazer a
interpretação teórica dos dados coletados. Com esta técnica, afirma Roesch
(2005, p.171), é possível criar uma versão teórica da realidade que pode ser
usada não apenas para explicá-la, mas também provê um esquema de
referência para a ação. Portanto, refere-se a um procedimento exclusivo
daquelas pessoas que possuem uma larga experiência no tema em estudo.
Quanto ao assunto, Roesch (2005, p.171) compreende que, muito embora
existam restrições, alguns elementos dessa abordagem podem ser
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aproveitados para enriquecer a análise dos dados qualitativos, indo além de


uma simples narrativa do que foi coletado ou observado. Para tanto, o autor
aponta o seguinte roteiro:
 Ler com atenção os depoimentos, as notas provenientes de observação,
ou o texto impresso que se pretende interpretar;
 Analisar a entrevista, ou texto, linha por linha (sentenças ou mesmo
palavras) ou destacar elementos do texto, por exemplo, parágrafos;
 Formular conceitos que representem tais unidades;
 Elaborar uma categorização dos conceitos que representam o mesmo
fenômeno, atribuindo um nome para cada categoria;
 Identificar algumas propriedades destas categorias, por exemplo, a
frequência com que o fenômeno ocorre, extensão, intensidade ou sua
duração;
 Identificar as dimensões de cada propriedade ao longo de um continuum
como, por exemplo, a frequência pode variar de sempre a nunca; a
extensão de mais a menos; a intensidade, de alta a baixa; a duração de
longa a curta;
 Buscar padrões nos casos analisados (semelhanças e diferenças);
 Procurar levantar algumas hipóteses para futuros estudos;
Finalmente, precisamos especificar a perspectiva do estudo, objeto do próximo
tópico.

c.5) Perspectiva do estudo

Quando o assunto é determinar a característica da pesquisa em relação ao espaço de


tempo em que ela foi desenvolvida, há 2 possibilidades de estudos: transversais e
longitudinais. Sobre tais tipologias, Hair Jr. et al (2005, p.87-88) identificam as
seguintes características:
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- Estudos transversais. Estes fornecem um panorama ou uma descrição dos


elementos estudados em um dado ponto no tempo, já que os dados são
coletados em um único ponto no tempo;
- Estudos Longitudinais. Os dados longitudinais descrevem eventos ao longo do
tempo. Assim, diferentemente dos estudos transversais, os longitudinais exigem
que os dados sejam coletados das mesmas unidades de amostra em diversos
pontos no tempo, possibilitando uma visão evolutiva desses dados ao longo de
um período de tempo (figura 14).
Figura 14: Exemplo da visualização de dados de um estudo longitudinal.

Fonte: Elaborada pela autora.

No projeto de pesquisa, o capítulo sobre a metodologia completa-se quando são


apresentadas as limitações do método, conforme observamos a seguir.

c.6) Limitações do método

Cabe ressaltar, ainda, a necessidade de apresentar as limitações técnicas e


estatísticas relacionadas ao método escolhido. Neste âmbito, é preciso também
deixar claro o escopo da pesquisa, delimitando-se seu assunto em função da parte a
ser focalizada, fornecendo maiores subsídios à compreensão da delimitação do
estudo. Para tanto, indicam-se dados relativos ao período de tempo e ao espaço
abordado, bem como a perspectiva teórica e prática usada para focalizar o assunto.
Ander-Egg (1987 apud LAKATOS; MARCONI, 2006, p.164-165) apresenta três níveis
de limites, quais sejam:
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- ao objeto (escopo teórico): que consiste na escolha de maior ou menor número


de variáveis que intervêm no fenômeno a ser estudado. Selecionado o objeto e
seus objetivos, estes podem condicionar o grau de precisão e especialização do
objeto;
- ao campo de investigação (escopo temporal e físico): abrange dois aspectos, o
limite no tempo, quando o fato deve ser estudado em determinado momento, e
o limite no espaço, quando deve ser analisado em certo lugar. Trata-se da
indicação do quadro histórico e geográfico em cujo âmbito se localiza o assunto;
- ao nível de investigação (limites técnicos): que engloba três estágios -
exploratórios, de investigação e de comprovação de hipóteses.

A definição dos limites de uma pesquisa, além de explicitar o que será trabalhado,
também evita vieses no seu desenvolvimento.

Para finalizar o conteúdo a respeito das etapas que devem ser definidas para a
metodologia a ser aplicada pelo pesquisador para o desenvolvimento da sua
pesquisa, mostramos no quadro 1 um resumo do assunto até aqui explorado, tendo
como base as abordagens qualitativa e quantitativa. O quadro 1 permite,
principalmente, concluir sobre as principais diferenças entre a abordagem qualitativa
e a quantitativa no que tange aos métodos e técnicas que ambas encerram. Assim,
enquanto a pesquisa quantitativa caracteriza-se por tentar enumerar ou medir
eventos, faz parte da abordagem qualitativa a obtenção de dados descritivos
mediante contato direto e interativo do pesquisador com a situação ou objeto de
estudo. Dessa forma, instrumentos mais estruturados para análise e coleta de dados
são os mais indicados à alternativa quantitativa, enquanto aquelas opções que
permitem maior interação do pesquisador com o objeto da pesquisa são mais
adequadas à abordagem qualitativa, a exemplo do estudo de caso, da pesquisa-ação
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e da pesquisa-participante. Observamos o mesmo em relação aos instrumentos de


coleta e de análise dos dados.

Quadro 1: tipos de projetos, métodos e técnicas.


Propósitos do Método (delineamento) Técnicas de Coleta Técnicas de Análise
projeto
Pesquisa aplicada PESQUISA QUANTITATIVA
(gerar soluções
- Experimento de campo - Entrevistas - Métodos estatísticos
potenciais para os
- Pesquisa descritiva - Questionários (frequência, correlação,
problemas
- Pesquisa exploratória - Formulário associação, ...)
humanos)
- Observação
- Testes
Avaliação de
- Índices e relatórios
resultados (julgar a
escritos
efetividade de um
plano ou PESQUISA QUALITATIVA
programa)
- Estudo de caso - Entrevistas em - Análise do conteúdo
Avaliação - Pesquisa-Ação profundidade - Construção de teoria
formativa - Pesquisa participante - Uso de diários
(Melhorar um - Observação
programa ou participante
plano; acompanhar - Entrevistas em
sua grupo
implementação) - Documentos
- Histórias de vida
Proposição de
planos (Apresentar
soluções para
problemas já
diagnosticados)
Fonte: Adaptado de Roesch (2005, p. 127).

Por fim, vale reforçarmos que os métodos qualitativos e quantitativos não se excluem.
Ao contrário, combiná-los torna uma pesquisa mais consistente e reduz os problemas
decorrentes da adoção exclusiva de um desses grupos. A essa combinação, dá-se o
nome de triangulação.

d) Definição do cronograma de execução

Esta etapa diz respeito ao planejamento da execução das fases que compõem uma
pesquisa ao longo de um espaço de tempo limitado. Está presente, portanto,
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apenas no projeto de pesquisa. Isso pode ser feito na forma de um quadro em que
as linhas são representadas pelas atividades a serem desenvolvidas e as colunas
pelos dias, semanas, meses ou anos que compõem o período de tempo total
estimado. Uma sequência de células de cada linha deverá ser marcada, conforme a
estimativa do tempo de duração de cada atividade. Lembre-se que a primeira
atividade será sempre a revisão da literatura, seguida pelas demais exploradas
nesta unidade. O exemplo a seguir (quadro 2) mostra como você poderá estruturar
o cronograma do seu projeto:

Quadro 2: Exemplo de cronograma.


PERÍODOS (MESES: JAN/16 até SET/16)
ATIVIDADES Jan Fev Mar Abr Maio
1 Revisão Literatura X
2 Montagem Projeto X X
3 Coleta Dados X
4 Tratamento Dados X
5 Redação do X
relatório final

6 Revisão Texto X
7 Entrega Trabalho X
Fonte: elaborado pela autora.

Conforme você observa, o quadro 2 revela que o conjunto de etapas necessário


para a elaboração e conclusão do trabalho de pesquisa será iniciado pelo
respectivo pesquisador em janeiro de 2016 e finalizado em setembro de 2016,
sendo distribuído ao longo dos meses que integram o referido período.
Naturalmente, trata-se apenas de uma previsão para o desenvolvimento da
pesquisa, mas que pode ser usado como parâmetro de tempo para a alocação dos
recursos necessários.
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e) Elaboração do orçamento necessário para executar a pesquisa

Apresentar uma previsão em relação aos recursos necessários para o


desenvolvimento da pesquisa também é interessante, especialmente quando o
projeto tiver que ser apresentado para uma instituição financiadora de projetos de
pesquisa. Neste âmbito, os recursos financeiros podem estar divididos em material
permanente, material de consumo e pessoal. Ainda, dependendo da instituição,
maiores detalhes podem ser incluídos.

f) Apresentação das Referências, dos Anexos e dos Apêndices

Finalmente, o pesquisador termina o projeto com a apresentação da lista das


fontes que foram citadas ao longo do trabalho, isto é, das suas Referências.
Lembre-se que, nesta lista, somente podem ser incluídas as fontes que foram
efetivamente citadas ao longo do trabalho, o que exclui aquelas que você
consultou, mas acabou não usando nele. Para auxiliá-lo na montagem da lista de
REFERÊNCIAS, a norma ABNT NBR 6023 estabelece os elementos a serem incluídos,
fixando a ordem desses elementos e estabelecendo convenções para transcrição e
apresentação da informação originada do documento e/ou outras fontes de
informações (ABNT, 2002, p.1).
Após a lista de referências, são mostrados os anexos (Anexo refere-se ao material
extra, de fontes diversas, que dá esclarecimentos ao texto) e os apêndices
(Apêndice corresponde ao material elaborado pelo próprio pesquisador para
complementar a sua argumentação, sem prejuízo da unidade nuclear do trabalho,
como um roteiro de entrevista, por exemplo) do trabalho. A sequência de
apêndices e de anexos é estabelecida usando-se a sequência de letras do alfabeto
(A, B, C, ..), sendo que seu título deve ser digitado em caixa alta e negrito e
centralizado no parágrafo. Observe o exemplo mostrado na figura 15:
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Figura 15: Exemplo de apêndice.


APÊNDICES

APÊNDICE A – ROTEIRO DE ENTREVISTA

1) Qual a racionalidade empregada no processo decisório?


2) Como se caracteriza a tomada de decisão?
3) Como se caracteriza o planejamento estratégico?

Fonte: Elaborada pela autora.

Portanto, um projeto de pesquisa pretende responder algumas questões fundamentais


para o desenvolvimento da pesquisa, conforme você confere no quadro 3 a seguir:

Quadro 3: Questões fundamentais do projeto.


Tópico Questão Parte da estrutura
Assunto – tema O quê? Título
Objetivo Para que? Objetivo geral
Objetivos específicos
Justificativa Por quê? Justificativa
Formulação do problema O quê? Formulação do problema
Método Como? Metodologia
(Métodos de abordagem, de
procedimentos e técnicas)
Local Onde? Delimitação da pesquisa – onde
a pesquisa será realizada
Sequência Quando? Cronograma
Custo Quanto? Orçamento –
Valor total do orçamento
Fonte: adaptado de Roesch (2005).

Diante desse cenário, considerando tanto os elementos preliminares, como os textuais


e pós-textuais, a estrutura geral de um projeto de pesquisa deve se apresentar da
seguinte maneira (quadro 4), como sugerem Roesch (2005, p.87) e Vergara (2007,
p.17-180):
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Quadro 4: Estrutura do projeto de pesquisa.


Preliminares Folha de rosto
(este conteúdo Folha de Aprovação
não entra em LISTAS (de símbolos e abreviaturas e de ilustrações)
artigos) SUMÁRIO
Texto 1 INTRODUÇÃO: APRESENTAÇÃO DO TEMA-PROBLEMA
- Inserir dados e/ou informações que dimensionam a problemática e
considerar os limites do projeto (do sujeito e objeto)
- Caracterizar a organização (ou contexto analisado)
- Finalizar a seção com a apresentação da pergunta de pesquisa,
destacando-a
1.1 Objetivos
1.1.1 Objetivo geral
1.1.2 Objetivos específicos
1.2 Justificativa (Oportunidade; Viabilidade e Importância)
1.3 Organização do estudo

2 REVISÃO DA LITERATURA
- Levantar conceitos teóricos, métodos e instrumentos de análise. Rever
trabalhos ou aplicações semelhantes em outros contextos. E, descrever,
comparar, criticar a literatura sobre o tema.

3 METODOLOGIA
3.1 Caracterização da pesquisa
- Métodos de abordagem e de Procedimentos
- Abordagem qualitativa e/ou Abordagem quantitativa
3.2 Classificação da pesquisa
- Quanto aos meios
- Quanto aos fins
3.3 Delimitação do universo da pesquisa
- Definição da área ou população-alvo
- Plano de amostragem (quando for aplicável)
3.4 Técnicas de coleta e de análise dos dados
3.5 Perspectiva do estudo
3.6 Limitações do método
- Técnicas, estatísticas
- de escopo (físico, temporal, geográfico)

4 CRONOGRAMA

5 ORÇAMENTO
Pós-textual REFERÊNCIAS
APÊNDICES
ANEXOS
Fonte: adaptado de Roesch (2005, p.87) e Vergara (2007, p.17-180).

A partir do instante em que tais elementos são identificados e formalizados (quadro 4),
o projeto passa por um processo de avaliação e, se houver concordância dos
avaliadores quanto à sua qualidade e condições de ser colocado em prática, inicia-se a
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sua execução ou o desenvolvimento da pesquisa propriamente dita. Em cursos de


mestrado e doutorado, esta etapa do processo é denominada Qualificação do Projeto
de Pesquisa.

Por meio do quadro 4, é possível observar que a numeração das seções do trabalho
deve seguir uma sequência progressiva numérica, conforme sugere a NBR 6024 (2003).
Neste sentido, a hierarquização das seções é revelada não somente pela sua
numeração, como também pelo padrão de fonte adotado para cada nível. Com isso, de
acordo com a citada norma, pode-se adotar a seguinte sequência de padrões (figura
16), que deve ser igualmente aplicada no Sumário e dentro do texto:

Figura 16: Padrão a ser aplicado para a hierarquização de seções.

Fonte: Adaptado de NBR 6024 (2003).

De outro modo, no que concerne à sua formalização, dizemos que a pesquisa possui
uma fase antecedente e outra consolidadora. A fase antecedente corresponde ao
projeto. Já, a consolidadora mostra-se por meio do relatório da pesquisa, podendo
configurar-se como sendo um entre os vários tipos de trabalhos científicos. Porém, não
se esqueça que todos os elementos até aqui estudados – desde a definição do tema-
problema até os apêndices - estarão novamente presentes no relatório da pesquisa,
relatados na maneira como foram efetivamente trabalhados e intitulados, mas agora
não mais usando o verbo no futuro e nem tampouco fazendo referência a pretensões
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do pesquisador (VERGARA, 2007, p.16)! Naturalmente, a apresentação dos elementos


do projeto dependerá do tipo de texto científico escolhido para relatar os resultados
obtidos. É por isso que na próxima seção você tem a oportunidade de analisar os
distintos tipos de publicações e de trabalhos científicos.

Resumo: Nesta unidade, aprendemos que a metodologia científica oferece os


instrumentos necessários para a construção de uma pesquisa e que, para realizá-la, é
fundamental iniciar pelo desenvolvimento de um projeto, que representa o plano de
ação dessa pesquisa. Na sequência, conhecemos a respeito das seis etapas que
formam um projeto de pesquisa, que são: a) Seleção do problema ou oportunidade
para a investigação; Revisão da literatura; c) Determinação dos procedimentos
metodológicos a serem aplicados; d) Definição do cronograma de execução; e)
Elaboração do orçamento necessário para executar a pesquisa; e f) Apresentação das
referências, anexos e apêndices. Por fim, também visualizamos um quadro tanto com
os elementos preliminares, como os textuais e pós-textuais que integram a estrutura
geral de um projeto de pesquisa.
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3 TIPOS DE TRABALHOS CIENTÍFICOS E DE PUBLICAÇÕES

Agora que o projeto de pesquisa foi formulado e aceito e a pesquisa efetivamente


executada, é preciso relatar seus resultados. Entretanto, existe uma variedade de
possibilidades, devendo-se escolher aquela que melhor se ajusta aos objetivos
pretendidos com a divulgação dos resultados da pesquisa. Ainda, é interessante
assinalar que cada alternativa contém características próprias.

Já, em termos de estrutura, verificamos que, de modo geral, a estrutura dos trabalhos
e publicações científicas é muito similar, concentrando-se na apresentação de uma
introdução, do seu desenvolvimento e de uma conclusão.
A introdução abrange basicamente o problema de pesquisa, seus objetivos, a
delimitação do estudo e a metodologia adotada.
Na parte do desenvolvimento, o autor tem mais liberdade para abordar o tema, porém
não pode se esquecer de apresentar e analisar os resultados obtidos.
Finalmente, o autor tem condições de apresentar sua conclusão sobre a análise
realizada, cotejando os resultados com os objetivos planejados.

3.1 Trabalhos científicos

Em relação aos trabalhos científicos, Lakatos e Marconi (2006, p.236) lembram que
estes devem
ser elaborados de acordo com normas preestabelecidas e com os fins
a que se destinam. Serem inéditos ou originais e contribuírem não só
para a ampliação de conhecimentos ou a compreensão de certos
problemas, mas também servirem de modelo ou oferecer subsídios
para outros trabalhos.

Nestes termos, não esqueça que, tanto observações ou descrições originais, como
trabalhos experimentais e teóricos, podem ser considerados trabalhos científicos,
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desde que realizados dentro do rigor metodológico exigido para esta categoria.
Ademais, eles podem estar baseados em dados primários ou secundários.
Nesta categoria, encontram-se os trabalhos acadêmicos que, segundo a Associação
Brasileira de Normas Técnicas (ABNT, 2011) são:

a) Tese. Trata-se de um trabalho de conclusão de pós-graduação stricto sensu (em


nível de doutorado), caracterizado pelo avanço significativo que oferece na área
de conhecimento em estudo. Por isso, deve apresentar algo novo e original e uma
contribuição real à ciência;

b) Dissertação. É o trabalho típico de cursos de pós-graduação stricto sensu (em nível


de mestrado) que busca, sobretudo, a reflexão sobre determinado tema ou
problema expondo as ideias de maneira ordenada e fundamentada. Para a ABNT
(2011, p.2), a dissertação é o “documento que representa o resultado de um
trabalho experimental ou exposição de um estudo científico retrospectivo, de
tema único e bem delimitado em sua extensão, com o objetivo de reunir, analisar
e interpretar informações”. Dessa forma, uma das partes mais importantes da
dissertação é a fundamentação teórica, que procura traduzir o domínio do autor
sobre o tema abordado e a sua perspicácia de buscar tópicos não desenvolvidos;

c) Trabalho de Conclusão de Curso. É compreendido como uma monografia sobre


um assunto específico. Este tipo pretende conduzir o aluno a refletir sobre temas
determinados e transpor suas ideias para o papel na forma de uma pesquisa ou na
forma de um relatório. E, a ABNT (2011, p.3) vai além, ao reforçar que o referido
documento, resultado de um estudo, “deve ser obrigatoriamente emanado da
disciplina, módulo, estudo independente, curso, programa e outros ministrados”.
Assim, para o caso da graduação, por ser mais um requisito para a
complementação do curso, o estudo não necessita ser desenvolvido com tanta
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profundidade, se comparado àqueles destinados à pós-graduação. Muito embora


sejam igualmente exigidos do aluno clareza, objetividade e seriedade na pesquisa.

No que tange à estrutura de trabalhos acadêmicos, de acordo com a NBR 14724


(ABNT, 2011), devem ser consideradas 3 partes fundamentais, que são:

a) Elementos pré-textuais. Parte composta por elementos que antecedem o texto


principal do trabalho: capa, folha de rosto, ficha catalográfica, termo de
aprovação, agradecimentos, citação, dedicatória, epígrafe (epígrafe refere-se à
Folha onde o autor apresenta uma citação, seguida de indicação de autoria,
relacionada com a matéria tratada no corpo do trabalho), resumo (exemplo na
figura 17) e palavras-chave, abstract, sumário (Sumário refere-se à enumeração
das principais divisões, seções e outras partes do trabalho, na mesma ordem e
grafia em que a matéria nele se sucede), listas (de símbolos e abreviaturas e de
ilustrações);
OBSERVE: todas as fontes do resumo, incluindo o título
RESUMO, devem ter o mesmo tamanho de fonte, que é igual
ao tamanho de fonte adotado para o restante do texto (ex.:
tamanho 12), mas o espaço entrelinhas é Simples!

Figura 17: Exemplo de resumo de artigo.

Fonte: Elaborada pela autora.

É preciso, ainda, observar que, no caso de monografia, dissertação ou tese,


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como trabalho de conclusão de curso, após o título RESUMO, deve-se


apresentar as Referências do trabalho (nome do aluno, título do trabalho, ano
da sua aprovação, número de folhas, natureza do trabalho, programa e
instituição de ensino em que o trabalho foi realizado, local e data da sua
publicação) especificando-se a natureza do curso (Graduação, Especialização,
Mestrado ou Doutorado), como mostrado na figura 18, a seguir.

Figura 18: Exemplo de resumo para monografia, dissertação ou tese.

Fonte: Elaborada pela autora.

b) Elementos textuais. Corresponde ao texto principal da monografia, dissertação


ou tese, composto por: apresentação, introdução, desenvolvimento – Revisão
da literatura, Metodologia – Análise e apresentação dos dados -, Conclusão e
recomendações;

c) Elementos pós-textuais. Esta parte é formada pelas referências, glossário. Isto


é, a relação de palavras ou expressões técnicas de uso restrito ou de sentido
obscuro, utilizadas no texto, acompanhadas das respectivas definições,
conforme a ABNT NBR 14724 (ABNT, 2011), anexos, apêndices e índice.
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Ainda, vale ressaltarmos o entendimento acerca do tipo monografia. Em verdade,


monografia é o tipo mais completo de texto científico, pois pretende estudar
minuciosamente um único tema específico, bem delimitado. O termo é usado de modo
bem amplo. Conforme alertam Lakatos e Marconi (2006, p.239), “alguns autores,
apesar de darem o nome genérico de monografia a todos os trabalhos científicos,
diferenciam uns dos outros de acordo com o nível de pesquisa, a profundidade e a
finalidade do estudo, a metodologia utilizada e a originalidade do tema”.

A prática revela, porém, que este termo – monografia – é utilizado de modo geral para
os trabalhos finais de cursos de Graduação e de Especialização. Contudo, em nível de
graduação e de especialização não se exige tanto rigor científico na aplicação dos
procedimentos metodológico se comparado a trabalhos de pós-graduação strictu-
senso. Desse modo, o termo é mais indicado a trabalhos de conclusão de cursos de
graduação e especialização, como já foi mencionado antes.

De qualquer maneira, monografia é entendida por Fialho, Otani e Souza (2007, p.63)
como sendo um texto de primeira mão resultante de pesquisa científica e que deve
conter a identificação, o posicionamento, o tratamento e o fechamento dos
componentes de um tema/problema. Então, o que não é monografia? Para responder
a esta questão, veja o que uma monografia não é:

a) Uma simples especulação ou manifestação de opiniões pessoais sobre um


determinado assunto, já que as conclusões apresentadas em uma monografia
resultam de uma pesquisa que segue uma estrutura metodológica;
b) Uma repetição do que já foi escrito por outro autor, posto que a monografia
pressupõe uma pesquisa bibliográfica em diversos autores;
c) Uma exposição de ideias puramente abstratas, uma vez que o trabalho científico
está apoiado em dados empíricos;
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d) Um questionário, já que desenvolver uma monografia não significa simplesmente


responder a uma série de perguntas.

Finalmente, assinalamos que em termos de estrutura, seja a monografia, assim como a


dissertação de mestrado e a tese de doutorado, todos esses tipos de trabalho devem
seguir aquela sugerida anteriormente, para trabalhos acadêmicos, que é mostrada por
meio do quadro 5 a seguir:
Quadro 5: Estrutura para trabalhos acadêmico-científicos.
Preliminares Folha de rosto
(este conteúdo Folha de Aprovação
não é usado em LISTAS (de símbolos e abreviaturas e de ilustrações)
artigos) SUMÁRIO
Texto 1 INTRODUÇÃO: APRESENTAÇÃO DO TEMA-PROBLEMA
- Inserir dados e/ou informações que dimensionam a problemática e considerar os
limites do projeto (do sujeito e objeto)
- Caracterizar a organização (ou contexto analisado)
- Finalizar a seção com a apresentação da pergunta de pesquisa, destacando-a
1.1 Objetivos
1.1.1 Objetivo geral
1.1.2 Objetivos específicos
1.2 Justificativa (Oportunidade; Viabilidade e Importância)
1.3 Organização do estudo

2 REVISÃO DA LITERATURA
- Levantar conceitos teóricos, métodos e instrumentos de análise. Rever trabalhos ou
aplicações semelhantes em outros contextos. E, descrever, comparar, criticar a
literatura sobre o tema.

3 METODOLOGIA
3.1 Caracterização da pesquisa
- Métodos de abordagem e de Procedimentos
- Abordagem qualitativa e/ou Abordagem quantitativa
3.2 Classificação da pesquisa
- Quanto aos meios
- Quanto aos fins
3.3 Delimitação do universo da pesquisa
- Definição da área ou população-alvo
- Plano de amostragem (quando for aplicável)
3.4 Técnicas de coleta e de análise dos dados
3.5 Perspectiva do estudo
3.6 Limitações do método
- Técnicas, estatísticas
- de escopo (físico, temporal, geográfico)

4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS

5 CONCLUSÃO
Pós-textual REFERÊNCIAS
APÊNDICES
ANEXOS
Fonte: adaptado de Roesch (2005, p.87) e Vergara (2007, p.17-180).
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Observe que o conteúdo do quadro 5 é muito similar àquele apresentado no quadro 4,


que especifica os elementos que devem integrar um projeto de pesquisa. A diferença é
que, para o relatório final de uma pesquisa (seja na forma de uma monografia, de uma
dissertação de mestrado ou de uma tese de doutorado), já não é mais preciso
apresentar o Cronograma formulado para o desenvolvimento da pesquisa, nem
tampouco o Orçamento necessário para efetivá-la. Assim, estes dois capítulos são
eliminados no relatório final, devendo-se acrescentar à sua estrutura o capítulo que faz
a Apresentação e a Análise dos Dados (capítulo 4) e o capítulo 5 que traz a Conclusão
da pesquisa, conforme mostrado no quadro 5.

3.2 Publicações científicas

Quando o objetivo do pesquisador é divulgar os resultados da sua pesquisa de forma


mais ampla, ele buscará publicá-los em meios tais como revistas especializadas, anais
de congresso, periódicos, simpósios e outros eventos. Assim, dependendo dos
objetivos e do público que se desejam atingir, é possível optarmos por uma das
alternativas seguintes:

a) Informe científico. Usado para divulgar resultados parciais de uma pesquisa em


elaboração, o informe deve apresentar tal conteúdo de forma sintética, a partir da
seguinte estrutura (FIALHO; OTANI; SOUZA, 2007, p.58):
- Título;
- Período de realização da pesquisa;
- Autor(es);
- Credenciais do autor(es);
- Resumo;
- Introdução (há que se ressaltar o tema e ligeira referência a trabalhos
anteriores relacionados ao tema, além dos objetivos, justificativa, delimitação e
ângulo de abordagem da ideia central);
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- Corpo (pode ser monográfico, de acordo com o contexto do trabalho a ser


divulgado);
- Conclusão (parciais, se já forem disponíveis).
Por fim, Lakatos e Marconi (1995, p.89) são enfáticos ao citarem que este tipo de
publicação científica, pelo seu caráter, deve estar redigido de maneira que a
comprovação dos procedimentos, técnicas e resultados obtidos possa ser repetida;

b) Artigos científicos. Segundo Lakatos e Marconi (2006, p.261), os artigos são


“pequenos estudos, porém completos, que tratam de uma questão
verdadeiramente científica, mas que não se constituem em matéria de um livro”.
Em verdade, o artigo é resultante da conclusão de um trabalho de pesquisa, seja
ele do tipo documental, bibliográfico ou de campo – cujos resultados serão
publicados para que sejam conhecidos. Destinam-se, portanto, à publicação em
revistas ou periódicos especializados. Os autores ainda comentam que “os artigos
científicos, por serem completos, permitem ao leitor, mediante a descrição da
metodologia empregada, do processamento utilizado e resultados obtidos, repetir
a experiência”. Apesar de que cada revista ou periódico dispõe de regras próprias
para a publicação do seu conteúdo, deve-se considerar a seguinte estrutura geral
para a elaboração de um artigo:

- 1ª parte: Preliminares. Segue a sequência formada por Cabeçalho (título e


subtítulo do trabalho); Autor(es); Credenciais do(s) autor(es); Local de
atividades;
- 2ª parte: Resumo na língua do texto, com palavras-chave (modelo na figura 18);
- 3ª parte: Corpo do artigo. Traz inicialmente uma introdução (apresentação do
assunto, objetivo, metodologia, limitações e proposição), seguida do texto
(exposição e demonstração do material; avaliação dos resultados e comparação
com obras anteriores); Comentários e conclusões (dedução lógica, baseada e
fundamentada no texto, de forma resumida);
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- 4ª parte: Parte referencial. Apresentam-se: o resumo em língua estrangeira,


precedido do título e subtítulo do artigo (em língua estrangeira) e sucedido da
versão das palavras-chave (keywords) para a língua estrangeira, as notas
explicativas, as referências, o glossário, os apêndices ou anexos; os
agradecimentos; e a data.

No Apêndice A, você encontra um modelo de artigo científico. Porém, precisamos


destacar, ainda, que existem diversos tipos de artigos científicos, conforme
apontam Lakatos e Marconi (1995, p.87), quais sejam:
- Argumento teórico. Este apresenta argumentos favoráveis ou contrários a uma
opinião. Ao final, o desenrolar da argumentação leva a uma tomada de posição.
Assim, deve observar a seguinte sequência de passos: Exposição da teoria
(argumento); Fatos apresentados (para provar ou refutar o argumento); Síntese
dos fatos; Conclusão;
- Artigo de análise. Trata-se de um artigo em que o autor faz análise de cada
elemento constitutivo do assunto e sua relação com o todo, entrando em
detalhes e apresentando exemplos. Por meio desse documento, raro na
literatura moderna, Siqueira (apud LAKATOS; MARCONI, 2006, p.263) afirma
que “o técnico ou cientista procura descobrir e provar a verdadeira natureza do
assunto e das relações entre suas partes”. Para tanto, usa-se o roteiro a seguir:
Definição do assunto; Aspectos principais e secundários; As partes; Relações
existentes;
- Artigo classificatório. Neste tipo, o autor procura classificar os aspectos de um
determinado assunto e explicar as suas partes. Para tanto, inicialmente o
pesquisador faz a divisão do tema em classes, com suas características
principais. Em seguida, apresenta: definição, descrição objetiva e análise;

c) Comunicação científica (ou Paper). Por meio desta publicação científica, são
transmitidos fatos, ideias e opiniões. Para Harlow e Compton (apud LAKATOS;
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MARCONI, 2006, p.254); a comunicação visa compartilhar conhecimentos e, talvez,


convencer outros a pensarem como o autor. Ainda, Salvador (apud LAKATOS;
MARCONI, 2006, p.254) adverte que “um texto pertence a esta categoria quando
traz informações científicas novas, mas não permite, devido à sua redação, que os
leitores possam verificar informações”. Neste contexto, por buscar o
desenvolvimento do conhecimento, a comunicação pode trazer o estudo de um
tema novo ou a revisão crítica dos estudos realizados de forma clara, precisa,
rápida e exata, sem fazer uso de aspectos analíticos abundantes. Portanto, não
precisa expressar o resultado de uma pesquisa, podendo ser, inclusive um relato
de experiência, como sustentam Fialho, Otani e Souza (2007, p.56);

d) Resenha crítica. Esta consiste na leitura, resumo e comentário crítico de um livro


ou texto com base em detalhes sobre o conteúdo da obra, o seu propósito e o
método que segue (FIALHO; OTANI; SOUZA, 2007, p.55). Para tanto, é preciso
responder as seguintes perguntas: Qual é a importância da obra?; Que
contribuição ela traz para o seu campo de estudo?; Como é a linguagem do autor,
é simples, clara, complexa ou rebuscada? e; A obra aprofunda os assuntos
estudados? Nesse sentido, indicamos a seguinte estrutura para uma resenha:
Identificação da obra; Conteúdo resumido; Crítica e; Conclusões.
Agora que você já conhece os principais tipos de publicações e de trabalhos científicos,
na próxima unidade, passamos a explorar normas disponibilizadas pela Associação
Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) para a elaboração de tais documentos.

Resumo: Nesta unidade, você aprendeu que após realizar a pesquisa o pesquisador
deverá identificar o meio ideal para divulgar seus resultados. Diante disso, foi
mostrado a você que, em termos de trabalhos acadêmicos, o pesquisador pode contar
com a tese de doutorado, a dissertação de mestrado e o trabalho de conclusão de
curso. Já, no que se refere às publicações científicas, você aprendeu que existem várias
alternativas, entre elas destacamos: informe científico; artigos científicos;
comunicação científica e resenha crítica. Agora, você também já tem consciência de
que cada uma das opções apresentadas possui as suas características, destinando-se
ao alcance de objetivos bem específicos.
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4 NORMAS GERAIS DA ABNT PARA ELABORAÇÃO DE REFERÊNCIAS

Você deve saber que as normas trazidas pela ABNT tratam de determinar como devem
se apresentar os trabalhos científicos. Não se constituindo, portanto, na metodologia
em si, cujos detalhes já foram analisados em unidade anterior.

A Norma ABNT NBR 6023 (2004, p.1) serve para “orientar a preparação e compilação
de referências de material utilizado para a produção de documentos e para inclusão
em bibliografias, resumos, resenhas, recensões e outros”.

Antes de tudo, porém, você precisa conhecer as regras gerais de apresentação de uma
referência, conforme preconiza a própria Norma ABNT NBR 6023 (2002, p.1-3):

a) As referências são alinhadas somente à margem esquerda do texto e de forma a se


identificar individualmente cada documento, em espaço simples e separadas entre
si por espaço duplo. Quando a aparecem em notas de rodapé, serão alinhadas, a
partir da segunda linha da mesma referência, abaixo da primeira letra da primeira
palavra, de forma a destacar o expoente e sem espaço entre elas;

b) O recurso tipográfico (negrito, grifo ou itálico) utilizado para destacar o elemento


título deve ser uniforme em todas as referências de um mesmo documento. Isto
não se aplica às obras sem indicação de autoria, ou de responsabilidade, cujo
elemento de entrada é o próprio título, já destacado pelo uso de letras maiúsculas
na primeira palavra, com exclusão de artigos (definidos e indefinidos) e palavras
monossilábicas.

Em seguida, apresentamos os principais modelos de referências a partir de exemplos


ilustrativos, de acordo com a Norma ABNT NBR 6023 (2002, p.3-24):
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a) Monografia no todo - inclui livro e/ou folheto (manual, guia, catálogo,


enciclopédia, dicionário etc) e trabalhos acadêmicos (teses, dissertações, entre
outros):
DEMO, Pedro. Metodologia científica em ciências sociais. São Paulo: Atlas, 1995.

b) Monografia no todo em meio eletrônico (disquetes, CD-ROM, online etc):


ANDRES, Rafael. O Método da Pesquisa-Ação: um estudo em uma empresa de
coleta e análise de dados. Disponível em: <http://www.quantiquali.com.br>.
Acesso em: 2 jun. 2015.

c) Parte de monografia - inclui capítulo, fragmento e outras partes de uma obra, com
autor(es) e/ou título próprios:
ROMANO, Giovanni. Imagens da juventude na era moderna. In: LEVI, G.; SCHMIDT,
J. (Org.). História dos jovens. São Paulo: Companhia das Letras, 1996, p.7-16.

d) Publicação periódica como um todo - inclui a coleção como um todo, fascículo ou


número de revista, número de jornal, caderno etc. na íntegra, e a matéria existente
em um número, volume ou fascículo de periódico (artigos científicos de revistas,
editoriais, matérias jornalísticas, seções, reportagens etc):
REVISTA BRASILEIRA DE GEOGRAFIA. Rio de Janeiro: IBGE, 1939.

e) Artigo e/ou matéria de revista, boletim etc:


AS 500 maiores empresas do Brasil. Conjuntura econômica, Rio de Janeiro, v.38,
n.9, set. 1984. Edição especial.

COSTA, V. R. À margem da lei. Em Pauta, Rio de Janeiro, n. 12, p. 131-148, 1998.

f) Artigo e/ou matéria de jornal - inclui comunicações, editorial, entrevistas,


recensões, reportagens, resenhas e outros:
LEAL, L. N. MP fiscaliza com autonomia total. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, p. 3,
25 abr. 1999.
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g) Trabalho apresentado em evento – inclui trabalhos apresentados em evento (parte


do evento):
BRAYNER, A. R. A.; MEDEIROS, C. B. Incorporação do tempo em SGBD orientado a
objetos. In: SIMPÓSIO BRASILEIRO DE BANCO DE DADOS, 9, 1994, São Paulo.
Anais... São Paulo: USP, 1994. p. 16-29.

h) Documento jurídico – inclui legislação, jurisprudência (decisões judiciais) e doutrina


(interpretação dos textos legais):
BRASIL. Decreto-lei no 5.452, de 1 de maio de 1943. Lex: coletânea de legislação:
edição federal, São Paulo, v. 7, 1943. Suplemento.

i) Tese (Doutorado), Dissertação (Mestrado) ou Trabalho de Conclusão de Curso


(Graduação ou Especialização):

JACOBSEN, Alessandra de Linhares. Interação aluno-aluno em ambientes de


educação convencional e a distância: um estudo de caso no programa de pós-
graduação em engenharia civil da UFSC. 2004. 274 f. Tese (Doutorado em
Engenharia de Produção) – Curso de Pós-graduação em Engenharia de Produção,
Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2004.

Por fim, não esqueça que os sistemas mais utilizados para a ordenação das referências
são o alfabético (ordem alfabética crescente de entrada) e o numérico (ordem de
citação no texto). Assim, de acordo com a Norma ABNT NBR 6023 (2002, p.22), se você
optar pelo sistema alfabético, as referências devem ser reunidas no final do trabalho,
do artigo ou do capítulo, em uma única ordem alfabética. Sendo que as chamadas de
texto devem obedecer à forma adotada na referência, com relação à escolha da
entrada, mas não necessariamente quanto à grafia. Já, se você usar o sistema
numérico no texto, a lista de referências deve seguir a mesma ordem numérica
crescente. Para conhecer detalhadamente a Norma ABNT NBR 6023:2002, além de
outras usadas para a elaboração e apresentação de trabalhos científicos, acesse a
página da Biblioteca Universitária da UFSC, por meio do endereço
http://www.bu.ufsc.br/modules/conteudo/index.php?id=14 .
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Sobre a definição de citações ao longo do texto, você deve saber que elas seguem a
Norma NBR10520, da ABNT e que, segundo esta norma:

Resumo: Nesta unidade, você aprendeu como apresentar as referências de fontes


citadas em um trabalho científico, observando os modelos apresentados na Norma
ABNT NBR 6023. Também, você ficou sabendo que existem convenções gerais que
precisam ser observadas quando da definição da lista de referências.
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REFERÊNCIAS

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documentação. Trabalhos acadêmicos: apresentação. Rio de Janeiro: ABNT, 2011.

ABNT– Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 6023: Informação e


documentação – referências. Rio de Janeiro: ABNT, 2002.

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APÊNDICES

APÊNDICE A – Modelo de artigo


MODELO PARA ELABORAÇÃO E FORMATAÇÃO DE ARTIGOS CIENTÍFICOS

Nome(s) do(s) autor(es)


E-mail(s)
Resumo
Este documento apresenta o modelo de formatação a ser utilizado nos artigos. Para este resumo não se deve ultrapassar
250 palavras sintetizando o objetivo do estudo, a metodologia, os resultados obtidos com a realização da pesquisa e a
conclusão. Deve-se fazer o texto em um único parágrafo, evitar frases longas e não se recorre a citações ou uso de
qualquer tipo de ilustração (gráfico, tabela, fórmulas).

Palavras-chave: Artigo Científico. Metodologia. Normas.

Abstract
Escrever o mesmo texto do Resumo, mas em inglês xxxx xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx
xxxxxxx xxxxxxxxxxxxxxxxxxxx xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx
xxxxxxxxxxxxxxxxxxxx.

Keywords: Paper. Methodology. Rules.

1 INTRODUÇÃO

Este documento está escrito de acordo com o modelo indicado para o artigo, assim, serve de referência, ao
mesmo tempo em que comenta os diversos aspectos da formatação. Observe as instruções e formate seu artigo de acordo
com este padrão.
O artigo completo não deve exceder 8 (oito) páginas, podendo conter no mínimo 5 (cinco) páginas. As
margens devem ter: superior 3cm, inferior 2cm, lateral esquerda 3cm, e lateral direita 2cm. O tamanho de página deve
ser A4. O tipo de fonte deve ser Times New Roman, tamanho 12. Título: deve estar centralizado, em negrito, com letras
maiúsculas e não deve ultrapassar duas linhas. A Introdução inicia-se a três espaços após o Resumo.
Os títulos das sessões do trabalho devem ser posicionados à esquerda, em negrito, numerados com algarismos
arábicos (1, 2, 3, etc.). Deve-se utilizar texto com fonte Times New Roman, tamanho 12, em negrito. Não coloque ponto
final nos títulos.
Observe-se o cabeçalho na primeira página e a inserção da numeração a partir da segunda página, no alto à
direita.

2 REVISÃO DA LITERATURA

Um artigo deve conter partes pré-textuais (título, autoria, resumo, palavras-chaves), partes textuais
(introdução, desenvolvimento desdobrado em subitens, e considerações finais apresentando a conclusão do estudo) e as
partes pós-textuais, que neste formato restringe-se às referências bibliográficas (de obras citadas durante o texto) e à
bibliografia consultada (obras lidas, mas não citadas).

3 METODOLOGIA

Um artigo deve apresentar os procedimentos metodológicos adotados para a realização da pesquisa, o que
inclui: a caracterização da pesquisa – vide slides –, a classificação da pesquisa, instrumentos e técnica de coleta e de
análise dos dados, delimitação da população, da amostra e sujeitos da pesquisa, limitações do método (APPOLINÁRIO,
2006; BARBETA, 1998). Para cada uma das escolhas metodológicas feitas pelo pesquisador, é preciso, também,
apresentar o conceito de, pelo menos, um autor sobre ela, além de especificações quanto ao modo como a escolha foi
aplicada no caso da pesquisa.
Exemplo: A presente pesquisa é do tipo descritiva. Segundo Gil (1999), uma pesquisa descritiva é aquela que
tem por propósito descrever o objeto de estudo. No caso da pesquisa atual, descrevem-se os procedimentos adotados pela
organização X para fazer seu planejamento estratégico.

4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS

No artigo, o capítulo 4 deve apresentar os resultados obtidos para cada um dos objetivos da pesquisa (geral e
específicos). Isto é, é neste capitulo onde são apresentados os dados coletados por ocasião da realização da pesquisa,
devendo-se, também aqui, analisá-los com a teoria trabalhada no capítulo 2.

5 CONCLUSÃO

Aqui, deve-se trazer a resposta obtida com a realização da pesquisa para seus objetivos (geral e específicos).

REFERÊNCIAS
(Observação: Aqui são listadas somente as fontes citadas ao longo do texto do trabalho.)

APPOLINÁRIO, F.. Metodologia da ciência: filosofia e prática da pesquisa. São Paulo: Pioneira Thomson Learning,
2006.
BARBETA, P. A.. Estatística aplicada às ciências sociais. Florianópolis: Editora da UFSC, 1998.

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