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Escola Superior de Ciências Náuticas

Departamento de engenharia de Máquinas

Engenharia de Máquinas Marítimas

Tema: Tipos de pesquisa. Fases e etapas da Pesquisa

Cadeira: Tese de defesa

Docentes: Carlos Alejandro

Discente:

Ailton Stélio Daniel Machango

Maputo, Novembro de 2022


Índice
Introdução .................................................................................................................................. 4
Pesquisa...................................................................................................................................... 5
Tipos de pesquisa ....................................................................................................................... 5
Quanto a natureza ...................................................................................................................... 5
Pesquisa Básica ...................................................................................................................... 5
Pesquisa Aplicada .................................................................................................................. 6
Quanto aos Objetivos ................................................................................................................. 6
Pesquisas exploratórias .......................................................................................................... 6
Pesquisas descritivas .............................................................................................................. 7
Pesquisa explicativa ............................................................................................................... 7
Quanto à abordagem .................................................................................................................. 8
Pesquisa qualitativa ................................................................................................................ 8
Pesquisa quantitativa .............................................................................................................. 9
Quanto aos Procedimentos ....................................................................................................... 10
Pesquisa bibliográfica .......................................................................................................... 10
Pesquisa documental ............................................................................................................ 10
Pesquisa experimental .......................................................................................................... 10
Pesquisa ex-post-facto .......................................................................................................... 11
Pesquisa de levantamento..................................................................................................... 12
Pesquisa com survey ............................................................................................................ 12
Estudo de caso ...................................................................................................................... 12
Pesquisa ação........................................................................................................................ 13
Pesquisa Participante ............................................................................................................ 13
Pesquisa de campo ............................................................................................................... 13
Pesquisa etnometodologia .................................................................................................... 14
Pesquisa etnográfica ............................................................................................................. 14
Fases da Pesquisa ..................................................................................................................... 15
c) Formulação do problema.................................................................................................. 16
d) Definição dos termos ....................................................................................................... 16
e) Construção de hipóteses ................................................................................................... 16
f) Indicação de variáveis ...................................................................................................... 17
g) Delimitação da pesquisa .................................................................................................. 17
h) Amostragem ..................................................................................................................... 18
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i) Seleção dos métodos e técnicas ........................................................................................ 18
j) Organização do instrumental de pesquisa ..................................................................... 18
k) Testes de instrumentos e procedimentos.......................................................................... 20
Etapas da pesquisa ................................................................................................................... 20
1ª Etapa: Questão inicial ...................................................................................................... 21
2ª Etapa: Exploração do tema............................................................................................... 21
3ª Etapa: A problemática ...................................................................................................... 21
4ª Etapa: a construção do modelo de análise: ...................................................................... 22
5ª Etapa: a coleta de dados ................................................................................................... 23
6ª Etapa: A análise das informações .................................................................................... 24
7ª Etapa: as conclusões ......................................................................................................... 24
Conclusão................................................................................................................................. 26
Referências bibliográficas ........................................................................................................ 27

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Introdução
O termo pesquisa é buscar com cuidado, informar-se de, pode ser entendida como “ação de
pesquisar, busca, investigação; trabalho científico que registra os resultados de uma
investigação”.

As pesquisas científicas são realizadas com rigor, ética, procedimentos metodológicos e


matrizes teóricas específicas, elas têm vários tipos e para sua realização passa de várias fases
e etapas que veremos já de seguida.

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Pesquisa
Geralmente uma pesquisa origina-se de um problema, de uma indagação, de uma dúvida.
Podemos dizer que a pesquisa constitui-se de um processo de questionamento e de busca de
respostas para diferentes temáticas. Porém, isso não é tudo. Ela consiste em um processo com
método específico de investigação, recorrendo a procedimentos científicos para identificar
respostas a um dado problema. É fundamental avaliar se o problema a ser pesquisado
apresenta interesse para a comunidade científica e se o trabalho irá gerar resultados novos,
relevantes e de interesse social e profissional.

As pesquisas científicas são realizadas com rigor, ética, procedimentos metodológicos e


matrizes teóricas específicas. Usualmente, quem as desenvolve são pesquisadores, cientistas,
profissionais de diferentes áreas do conhecimento, que têm interesse em investigar, de forma
mais profunda e sistemática, um tema específico e responder questionamentos que emergem,
na maioria das vezes, do contexto profissional. Cotta, Del-Masso & Santos (2007)

O planejamento, passo a passo, de todos os processos que serão utilizados, faz parte da
primeira fase da pesquisa científica, que envolve ainda a escolha do tema, a formulação do
problema, a especificação dos objetivos, a construção das hipóteses e a operacionalização dos
métodos.

Isso para dizer que a pesquisa é um processo complexo que compreende vários passos, fases
e etapas que devem ser seguidos a rigor conforme mencionado.

Tipos de pesquisa

Quanto a natureza
A pesquisa, quanto à natureza, pode ser diferenciada entre básica e aplicada.

Pesquisa Básica
De acordo com Zanella (2013) na pesquisa básica os pesquisadores trabalham para gerar
novas teorias. Visa, portanto a “criar novas questões num processo de incorporação e
superação daquilo que já se encontra produzido”

Procura melhorar o próprio conhecimento. Isso significa contribuir, entender e explicar os


fenômenos.

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Pesquisa Aplicada
Tem como finalidade gerar soluções aos problemas humanos, entender como lidar com um
problema, ela pode contribuir teoricamente com novos fatos para o planejamento de novas
pesquisas ou mesmo para a compreensão teórica de certos setores do conhecimento.
Zanella (2013)

Já Cotta et al (2007) diz que pesquisa aplicada, segundo é realizada com o intuito de
“resolver problemas ou necessidades concretas e imediatas”. Muitas vezes, nessa modalidade
de pesquisa, os problemas emergem do contexto profissional e podem ser sugeridos pela
instituição para que o pesquisador solucione uma situação-problema.

Quanto aos Objetivos


Quanto aos objetivos existem três tipos de pesquisas: exploratórias, descritivas e explicativas.

Pesquisas exploratórias
Estas pesquisas têm como objetivo proporcionar maior familiaridade com o problema, com
vistas a torná-lo mais explícito ou a constituir hipóteses. Pode-se dizer que estas pesquisas
têm como objetivo principal o aprimoramento de ideias ou a descoberta de intuições. Seu
planejamento é, portanto, bastante flexível, de modo que possibilite a consideração dos mais
variados aspectos relativos ao fato estudado. Gil (2002)

Segundo Selltiz et al. (1965) nem sempre há a necessidade de formulação de hipóteses nesses
estudos. Eles possibilitam aumentar o conhecimento do pesquisador sobre os fatos,
permitindo a formulação mais precisa de problemas, criar novas hipóteses e realizar novas
pesquisas mais estruturadas. Nesta situação, o planejamento da pesquisa necessita ser flexível
o bastante para permitir a análise dos vários aspectos relacionados com o fenômeno,
conforme citado em Oliveira (2011).

A pesquisa exploratória costuma envolver uma abordagem qualitativa, tal como o uso de
grupos de discussão; geralmente, caracteriza-se pela ausência de hipóteses, ou hipóteses
pouco definidas. Os métodos utilizados pela pesquisa exploratória são amplos e versáteis. Os
métodos empregados compreendem: levantamentos em fontes secundárias, levantamentos de
experiências, estudos de casos selecionados e observação informal.

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Pesquisas descritivas
As pesquisas descritivas têm como objetivo primordial a descrição das características de
determinada população ou fenômeno ou, então, o estabelecimento de relações entre variáveis.
São inúmeros os estudos que podem ser classificados sob este título e uma de suas
características mais significativas está na utilização de técnicas padronizadas de coleta de
dados, tais como o questionário e a observação sistemática. Entre as pesquisas descritivas,
salientam-se aquelas que têm por objetivo estudar as características de um grupo: sua
distribuição por idade, sexo, procedência, nível de escolaridade, estado de saúde física e
mental etc. Outras pesquisas deste tipo são as que se propõem a estudar o nível de
atendimento dos órgãos públicos de uma comunidade, as condições de habitação de seus
habitantes, o índice de criminalidade que aí se registra etc.

São incluídas neste grupo as pesquisas que têm por objetivo levantar as opiniões, atitudes e
crenças de uma população. Também são pesquisas descritivas aquelas que visam descobrir a
existência de associações entre variáveis, como, por exemplo, as pesquisas eleitorais que
indicam a relação entre preferência político-partidária e nível de rendimentos ou de
escolaridade. Algumas pesquisas descritivas vão além da simples identificação da existência
de relações entre variáveis, e pretendem determinar a natureza dessa relação. Nesse caso,
tem-se uma pesquisa descritiva que se aproxima da explicativa. Há, porém, pesquisas que,
embora definidas como descritivas com base em seus objetivos, acabam servindo mais para
proporcionar uma nova visão do problema, o que as aproxima das pesquisas exploratórias. As
pesquisas descritivas são, juntamente com as exploratórias, as que habitualmente realizam os
pesquisadores sociais preocupados com a atuação prática. São também as mais solicitadas por
organizações como instituições educacionais, empresas comerciais, partidos políticos etc. Gil
(2002)

Pesquisa explicativa
A pesquisa explicativa é aquela que aprofunda o conhecimento de uma dada realidade
buscando os métodos experimentais que explicam a razão e os motivos dos fenômenos. Além
disso, busca identificar suas causas, seja através da aplicação do método
experimental/matemático, seja através da interpretação possibilitada pelos métodos
qualitativos. Ou seja, este tipo de pesquisa explica o porquê das coisas através dos resultados
oferecidos Cotta et al (2007)

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Quanto à abordagem
Pesquisa qualitativa
A pesquisa qualitativa é entendida, por alguns autores, como uma “expressão genérica”. Isso
significa, por um lado, que ela compreende atividades ou investigação que podem ser
denominadas específicas. Segundo Triviños (1987), a abordagem de cunho qualitativo
trabalha os dados buscando seu significado, tendo como base a percepção do fenômeno
dentro do seu contexto. O uso da descrição qualitativa procura captar não só a aparência do
fenômeno como também suas essências, procurando explicar sua origem, relações e
mudanças, e tentando intuir as consequências.

Para Gil (1999), o uso dessa abordagem propicia o aprofundamento da investigação das
questões relacionadas ao fenômeno em estudo e das suas relações, mediante a máxima
valorização do contato direto com a situação estudada, buscando-se o que era comum, mas
permanecendo, entretanto, aberta para perceber a individualidade e os significados múltiplos
conforme referenciado em Oliveira (2011).

Bogdan & Biklen (2003), o conceito de pesquisa qualitativa envolve cinco características
básicas que configuram este tipo de estudo: ambiente natural, dados descritivos, preocupação
com o processo, preocupação com o significado e processo de análise indutivo. A pesquisa
qualitativa tem o ambiente natural como fonte direta de dados e o pesquisador como seu
principal instrumento. Segundo os autores, a pesquisa qualitativa supõe o contato direto e
prolongado do pesquisador com o ambiente e a situação que está sendo investigada via de
regra, por meio do trabalho intensivo de campo de acordo com Oliveira (2011).

Os dados coletados são predominantemente descritivos. O material obtido nessas pesquisas é


rico em descrições de pessoas, situações, acontecimentos, fotografias, desenhos, documentos,
etc. Todos os dados da realidade são importantes. A preocupação com o processo é muito
maior que com o produto. O interesse do pesquisador ao estudar um determinado problema é
verificar como ele se manifesta nas atividades, nos procedimentos e nas interações cotidianas.
O “significado” que as pessoas dão às coisas e à sua vida é foco de atenção especial pelo
pesquisador. Nesses estudos há sempre uma tentativa de capturar a “perspectiva dos
participantes”, isto é, examinam-se como os informantes encaram as questões que estão
sendo focalizadas. A análise dos dados tende a seguir esse processo indutivo. Os
pesquisadores não se preocupam em buscar evidências que comprovem as hipóteses definidas

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antes do início dos estudos. As abstrações se formam ou se consolidam, basicamente, a partir
da inspeção dos dados em processo de baixo para cima.

Pesquisa quantitativa
Segundo Richardson (1999), a pesquisa quantitativa é caracterizada pelo emprego da
quantificação, tanto nas modalidades de coleta de informações quanto no tratamento delas
por meio de técnicas estatísticas.

Para Mattar (2001), a pesquisa quantitativa busca a validação das hipóteses mediante a
utilização de dados estruturados, estatísticos, com análise de um grande número de casos
representativos, recomendando um curso final da ação. Ela quantifica os dados e generaliza
os resultados da amostra para os interessados.

Segundo Malhotra (2001, p.155), “a pesquisa qualitativa proporciona uma melhor visão e
compreensão do contexto do problema, enquanto a pesquisa quantitativa procura quantificar
os dados e aplica alguma forma da análise estatística”. A pesquisa qualitativa pode ser usada,
também, para explicar os resultados obtidos pela pesquisa quantitativa. Na pesquisa
quantitativa, a determinação da composição e do tamanho da amostra é um processo no qual
a estatística tornou-se o meio principal. Como, na pesquisa quantitativa, as respostas de
alguns problemas podem ser inferidas para o todo, então, a amostra deve ser muito bem
definida; caso contrário, podem surgir problemas ao se utilizar a solução para o todo,
referenciado por Oliveira (2011).

Tabela de comparação. (Gerhardt & Silveira,2009)

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Quanto aos Procedimentos
Pesquisa bibliográfica
A pesquisa bibliográfica, ou de fontes secundárias, abrange toda bibliografia já tornada
pública em relação ao tema de estudo, desde publicações avulsas, boletins, jornais, revistas,
livros, pesquisas, monografias, teses, material cartográfico etc., até meios de comunicação
orais: rádio, gravações em fita magnética e audiovisuais: filmes e televisão. Sua finalidade é
colocar o pesquisador em contato direto com tudo o que foi escrito, dito ou filmado sobre
determinado assunto, inclusive conferencias seguidas de debates que tenham sido transcritos
por alguma forma, quer publicadas, quer gravadas. Lakatos & Marconi (2003)

Pesquisa documental
A pesquisa documental trilha os mesmos caminhos da pesquisa bibliográfica, não sendo fácil
por vezes distingui-las. A pesquisa bibliográfica utiliza fontes constituídas por material já
elaborado, constituído basicamente por livros e artigos científicos localizados em bibliotecas.
A pesquisa documental recorre a fontes mais diversificadas e dispersas, sem tratamento
analítico, tais como: tabelas estatísticas, jornais, revistas, relatórios, documentos oficiais,
cartas, filmes, fotografias, pinturas, tapeçarias, relatórios de empresas, vídeos de programas
de televisão, etc. Gerhardt & Silveira (2009)

Pesquisa experimental
Para Gil (2002) de modo geral, o experimento representa o melhor exemplo de pesquisa
científica. Essencialmente, a pesquisa experimental consiste em determinar um objeto de
estudo, selecionar as variáveis que seriam capazes de influenciá-lo, definir as formas de
controle e de observação dos efeitos que a variável produz no objeto.

experimentais se mostram adequados apenas a um reduzido número de situações. Todavia,


são cada vez mais freqüentes experimentos nas ciências humanas, sobretudo na Psicologia
(por exemplo: aprendizagem), na Psicologia Social (por exemplo: medição de atitudes,
estudo do comportamento de pequenos grupos, análise dos efeitos da propaganda etc.) e na
Sociologia do Trabalho (por exemplo: influência de fatores sociais na produtividade). A
pesquisa experimental constitui o delineamento mais prestigiado nos meios científicos.
Consiste essencialmente em determinar um objeto de estudo, selecionar as variáveis capazes
de influenciá-lo e definir as formas de controle e de observação dos efeitos que a variável
produz no objeto.

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Trata-se, portanto, de uma pesquisa em que o pesquisador é um agente ativo, e não um
observador passivo. A pesquisa experimental, ao contrário do que faz supor a concepção
popular, não precisa necessariamente ser realizada em laboratório. Pode ser desenvolvida em
qualquer lugar, desde que apresente as seguintes propriedades:

a) manipulação: o pesquisador precisa fazer alguma coisa para manipular pelo menos uma
das características dos elementos estudados;

b) controle: o pesquisador precisa introduzir um ou mais controles na situação experimental,


sobretudo criando um grupo de controle;

c) distribuição aleatória: a designação dos elementos para participar dos grupos


experimentais e de controle deve ser feita aleatoriamente.

As pesquisas experimentais constituem o mais valioso procedimento disponível aos cientistas


para testar hipóteses que estabelecem relações de causa e efeito entre as variáveis. Em virtude
de suas possibilidades de controle, os experimentos oferecem garantia muito maior do que
qualquer outro delineamento de que a variável independente causa efeitos na variável
dependente. Gil (2002)

Pesquisa ex-post-facto
A tradução literal da expressão ex-postfacto é "a partir do fato passado". Isso significa que
neste tipo de pesquisa o estudo foi realizado após a ocorrência de variações na variável
dependente no curso natural dos acontecimentos. O propósito básico desta pesquisa é o
mesmo da pesquisa experimental: verificar a existência de relações entre variáveis. Seu
planejamento também ocorre de forma bastante semelhante. A diferença mais importante
entre as duas modalidades está em que na pesquisa ex-postfacto o pesquisador não dispõe de
controle sobre a variável independente, que constitui o fator presumível do fenômeno, porque
eleja ocorreu. O que o pesquisador procura fazer neste tipo de pesquisa é identificar situações
que se desenvolveram naturalmente e trabalhar sobre elas como se estivessem submetidas a
controles. Gil (2002)

Uma importante modalidade de pesquisa ex-postfacto, muito utilizada nas ciências da saúde,
é a pesquisa caso-controle. Esta é baseada na comparação entre duas amostras. A primeira é
constituída por pessoas que apresentam determinada característica - casos - e a segunda é
selecionada de forma tal que seja análoga à primeira em relação a todas as características,
exceto a que constitui objeto da pesquisa.

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Pesquisa de levantamento
Este tipo de pesquisa é utilizado em estudos exploratórios e descritivos, o levantamento pode
ser de dois tipos: levantamento de uma amostra ou levantamento de uma população (também
designado censo).

Entre as vantagens dos levantamentos, temos o conhecimento direto da realidade, economia e


rapidez, e obtenção de dados agrupados em tabelas que possibilitam uma riqueza na análise
estatística. Os estudos descritivos são os que mais se adéquam aos levantamentos. Exemplos
são os estudos de opiniões e atitudes. Gerhardt & Silveira (2009)

Pesquisa com survey


É a pesquisa que busca informação diretamente com um grupo de interesse a respeito dos
dados que se deseja obter. Trata-se de um procedimento útil, especialmente em pesquisas
exploratórias e descritivas. A pesquisa com survey pode ser referida como sendo a obtenção
de dados ou informações sobre as características ou as opiniões de determinado grupo de
pessoas, indicado como representante de uma população-alvo, utilizando um questionário
como instrumento de pesquisa. Nesse tipo de pesquisa, o respondente não é identificável,
portanto o sigilo é garantido. São exemplos desse tipo de estudo as pesquisas de opinião
sobre determinado atributo, a realização de um mapeamento geológico ou botânico.

Estudo de caso
Esta modalidade de pesquisa é amplamente usada nas ciências biomédicas e sociais.

Um estudo de caso pode ser caracterizado como um estudo de uma entidade bem definida
como um programa, uma instituição, um sistema educativo, uma pessoa, ou uma unidade
social. Visa conhecer em profundidade o como e o porquê de uma determinada situação que
se supõe ser única em muitos aspectos, procurando descobrir o que há nela de mais essencial
e característico. O pesquisador não pretende intervir sobre o objeto a ser estudado, mas
revelá-lo tal como ele o percebe. O estudo de caso pode decorrer de acordo com uma
perspectiva interpretativa, que procura compreender como é o mundo do ponto de vista dos
participantes, ou uma perspectiva pragmática, que visa simplesmente apresentar uma
perspectiva global, tanto quanto possível completa e coerente, do objeto de estudo do ponto
de vista do investigador. Gerhardt & Silveira (2009)

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Pesquisa ação
A pesquisa ação é um tipo de investigação social com base empírica que é concebida e
realizada em estreita associação com uma ação ou com a resolução de um problema coletivo
no qual os pesquisadores e os participantes representativos da situação ou do problema estão
envolvidos de modo cooperativo ou participativo. Gerhardt & Silveira (2009)A pesquisa-ação
pressupõe uma participação planejada do pesquisador na situação problemática a ser
investigada. O processo de pesquisa recorre a uma metodologia sistemática, no sentido de
transformar as realidades observadas, a partir da sua compreensão, conhecimento e
compromisso para a ação dos elementos envolvidos na pesquisa (p. 34). O objeto da
pesquisa-ação é uma situação social situada em conjunto e não um conjunto de variáveis
isoladas que se poderiam analisar independentemente do resto. Os dados recolhidos no
decurso do trabalho não têm valor significativo em si, interessando enquanto elementos de
um processo de mudança social. O investigador abandona o papel de observador em proveito
de uma atitude participativa e de uma relação sujeito a sujeito com os outros parceiros.

O pesquisador quando participa na ação traz consigo uma série de conhecimentos que serão o
substrato para a realização da sua análise reflexiva sobre a realidade e os elementos que a
integram. A reflexão sobre a prática implica em modificações no conhecimento do
pesquisador. Gerhardt & Silveira (2009)

Pesquisa Participante
Este tipo de pesquisa caracteriza-se pelo envolvimento e identificação do pesquisador com as
pessoas investigadas. A pesquisa participante foi criada por Bronislaw Malinowski: para
conhecer os nativos das ilhas Trobriand, ele foi se tornar um deles. Rompendo com a
sociedade ocidental, montava sua tenda nas aldeias que desejava estudar, aprendia suas
línguas e observava sua vida quotidiana. Exemplos de aplicação da pesquisa participante são
o estabelecimento de programas públicos ou plataformas políticas e a determinação de ações
básicas de grupos de trabalho. Gerhardt & Silveira (2009)

Pesquisa de campo
A pesquisa de campo caracteriza-se pelas investigações em que, além da pesquisa
bibliográfica e/ou documental, se realiza coleta de dados junto a pessoas, com o recurso de
diferentes tipos de pesquisa (pesquisa ex-post-facto, pesquisa-ação, pesquisa participante,
etc.)

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Pesquisa etnometodologia
O termo etnometodologia designa uma corrente da Sociologia americana, que surgiu na
Califórnia no final da década de 1960, tendo como principal marco fundador a publicação do
livro de Harold Garfinkel Studies in Ethnomethodology (Estudos sobre Etnometodologia).
Para estudar as ações dos sujeitos na vida quotidiana, a pesquisa etnometodológica baseia-se
em uma multiplicidade de instrumentos, entre os quais podemos citar: a observação direta, a
observação participante, entrevistas, estudos de relatórios e documentos administrativos,
gravações em vídeo e áudio. Gerhardt & Silveira (2009)

Pesquisa etnográfica
A pesquisa etnográfica visa compreender os processos do cotidiano em suas diversas nuances
e modalidades.

A pesquisa etnográfica pode ser entendida como o estudo de um grupo ou povo. As


características específicas da pesquisa etnográfica são:

- o uso da observação participante, da entrevista intensiva e da análise de documentos;

- a interação entre pesquisador e objeto pesquisado;

- a flexibilidade para modificar os rumos da pesquisa;

- a ênfase no processo, e não nos resultados finais;

- a visão dos sujeitos pesquisados sobre suas experiências;

- a não intervenção do pesquisador sobre o ambiente pesquisado;

- a variação do período, que pode ser de semanas, de meses e até de anos;

- a coleta dos dados descritivos, transcritos literalmente para a utilização no relatório.


Exemplos desse tipo são as pesquisas realizadas sobre os processos educativos, que analisam
as relações entre escola, professor, aluno e sociedade, com o intuito de conhecer
profundamente os diferentes problemas que sua interação desperta.
Gerhardt & Silveira (2009)

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Fases da Pesquisa
a) Escolha do tema

De acordo com Lakatos & Marconi (2003) tema é o assunto que se deseja estudar e
pesquisar. O trabalho de definir adequadamente um tema pode, inclusive, perdurar por toda a
pesquisa. Nesse caso, deverá ser frequentemente revisto. Escolher o tema significa:

a) selecionar um assunto de acordo com as inclinações, as possibilidades, as aptidões e as


tendências de quem se propõe a elaborar um trabalho científico;

b) encontrar um objeto que mereça ser investigado cientificamente e tenha condições de ser
formulado e delimitado em função da pesquisa.

O assunto escolhido deve ser exequível e adequado em termos tanto dos fatores externos
quanto dos internos ou pessoais.

A disponibilidade de tempo, o interesse, a utilidade e a determinação para prosseguir o


estudo, apesar das dificuldades, e para terminá-lo devem ser levados em consideração; as
qualificações pessoais, em termos de background da formação universitária, também são
importantes.

A escolha de um assunto sobre o qual, recentemente, foram publicados estudos deve ser
evitada, pois uma nova abordagem toma-se mais difícil. O tema deve ser preciso, bem
determinado e específico.

b) Levantamento de dados

Para obtenção de dados podem ser utilizados três procedimentos: pesquisa documental,
pesquisa bibliográfica e contatos diretos. A pesquisa bibliográfica é um apanhado geral sobre
os principais trabalhos já realizados, revestidos de importância, por serem capazes de
fornecer dados atuais e relevantes relacionados com o tema. O estudo da literatura pertinente
pode ajudar a planificação do trabalho, evitar publicações e certos erros, e representa uma
fonte indispensável de informações, podendo até orientar as indagações.

Os principais tipos de documentos são:

a) Fontes Primárias - dados históricos, bibliográficos e estatísticos; informações, pesquisas e


material cartográfico; arquivos oficiais e particulares; registros em geral; documentação
pessoal (diários, memórias, autobiografias); correspondência pública ou privada etc.

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b) Fontes Secundárias - imprensa em geral e obras literárias. Os contatos diretos, pesquisa de
campo ou de laboratório são realizados com pessoas que podem fornecer dados ou sugerir
possíveis fontes de informações úteis. As duas tarefas, pesquisa bibliográfica e de campo,
podem ser executadas concomitantemente.

c) Formulação do problema
Problema é uma dificuldade, teórica ou prática, no conhecimento de alguma coisa de real
importância, para a qual se deve encontrar uma solução. Definir um problema significa
especificá-lo em detalhes precisos e exatos. Na formulação de um problema deve haver
clareza, concisão e objetividade. A colocação clara do problema pode facilitar a construção
da hipótese central. O problema deve ser levantado, formulado, de preferência em forma
interrogativa e delimitado com indicações das variáveis que intervêm no estudo de possíveis
relações entre si. É um processo contínuo de pensar reflexivo, cuja formulação requer
conhecimentos prévios do assunto (materiais informativos), ao lado de uma imaginação
criadora. (Lakatos & Marconi,2003)

d) Definição dos termos


O objetivo principal da definição dos termos é tomá-los claros, compreensivos e objetivos e
adequados. É importante definir todos os termos que possam dar margem a interpretações
errôneas. O uso de termos apropriados, de definições corretas, contribui para a melhor
compreensão da realidade observada. Alguns conceitos podem estar perfeitamente ajustados
aos objetivos ou aos fatos que eles representam. Outros, todavia, menos usados, podem
oferecer ambiguidade de intepretação e ainda há aqueles que precisam ser compreendidos
com um significado específico. Muitas vezes, as divergências de certas palavras ou
expressões são devidas às teorias ou áreas do conhecimento, que as enfocam sob diferentes
aspectos. Por isso, os termos devem ser definidos, esclarecidos, explicitados

e) Construção de hipóteses
Hipótese é uma proposição que se faz na tentativa de verificar a validade de resposta
existente para um problema. É uma suposição que antecede a constatação dos fatos e tem
como característica uma formulação provisória: deve ser testada para determinar sua
validade. Correta ou errada, de acordo ou contrária ao senso comum, a hipótese sempre
conduz a uma verificação empírica. A função da hipótese, na pesquisa científica, é propor
explicações para certos fatos e ao mesmo tempo orientar a busca de outras informações. A

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clareza da definição dos termos da hipótese é condição de importância fundamental para o
desenvolvimento da pesquisa. Lakatos & Marconi (2003)

Praticamente não há regras para a formulação de hipóteses de trabalho de pesquisa científica,


mas é necessário que haja embasamento teórico e que ela seja formulada de tal maneira que
possa servir de guia na tarefa da investigação.

f) Indicação de variáveis
Ao se colocar o problema e a hipótese, deve ser feita também a indicação das variáveis
dependentes e independentes. Elas devem ser definidas com clareza e objetividade e de forma
operacional. Todas as variáveis, que podem interferir ou afetar o objeto em estudo, devem ser
não só levadas em consideração, mas também devidamente controladas, para impedir
comprometimento ou risco de invalidar a pesquisa. Lakatos & Marconi (2003)

g) Delimitação da pesquisa
Delimitar a pesquisa é estabelecer limites para a investigação. A pesquisa pode ser limitada
em relação:

a) ao assunto - selecionando um tópico, a fim de impedir que se torne ou muito extenso ou


muito complexo;

b) à extensão - porque nem sempre se pode abranger todo o âmbito onde o fato se desenrola;

c) a uma série de fatores - meios humanos, econômicos e de exiguidade de prazo - que podem
restringir o seu campo de ação.

Nem sempre há necessidade de delimitação, pois o próprio assunto e seus objetivos podem
estabelecer limites.

Após a escolha do assunto, o pesquisador pode decidir ou pelo estudo de todo o universo da
pesquisa ou apenas sobre uma amostra. Neste caso, será aquele conjunto de informações que
lhe possibilitará a escolha da amostra, que deve ser representativa ou significativa.

Nem sempre há possibilidade de pesquisar todos os indivíduos do grupo ou da comunidade


que se deseja estudar, devido à escassez de recursos ou à premência do tempo. Nesse caso,
utiliza-se o método da amostragem, que consiste em obter um juízo sobre o total (universo),
mediante a compilação e exame de apenas uma parte, a amostra, selecionada por
procedimentos científicos. Lakatos & Marconi (2003)

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O valor desse sistema vai depender da amostra:

a) se ela for suficientemente representativa ou significativa;

b) se contiver todos os traços característicos numa proporção relativa ao total do universo.

h) Amostragem
A amostra é uma parcela convenientemente selecionada do universo (população); é um
subconjunto do universo. Os processos pelos quais se determina a amostragem são descritos
em detalhe no próximo capítulo. Lakatos & Marconi (2003)

i) Seleção dos métodos e técnicas


Os métodos e as técnicas a serem empregados na pesquisa científica podem ser selecionados
desde a proposição do problema, da formulação das hipóteses e da delimitação do universo
ou da amostra. A seleção do instrumental metodológico está, portanto, diretamente
relacionada com o problema a ser estudado; a escolha dependerá dos vários fatores
relacionados com a pesquisa, ou seja, a natureza dos fenômenos, o objeto da pesquisa. os
recursos. financeiros, a equipe humana e outros elementos que possam surgir no campo da
investigação.

Tanto os métodos quanto as técnicas devem adequar-se ao problema a ser estudado, às


hipóteses levantadas e que se queira confirmar, ao tipo de informantes com que se vai entrar
em contato.

Nas investigações, em geral, nunca se utiliza apenas um método ou uma técnica, e nem
somente aqueles que se conhece, mas todo os que forem necessários ou apropriados para
determinado caso. Na maioria das vezes, há uma combinação de dois ou mais deles, usados
concomitantemente.

j) Organização do instrumental de pesquisa


A elaboração ou organização dos instrumentos de investigação não é fácil, necessita de
tempo, mas é uma etapa importante no planejamento da pesquisa. Em geral, as obras sobre
pesquisa científica oferecem esboços práticos que servem de orientação na montagem dos
formulários, questionários, roteiros de entrevistas, escalas de opinião ou de atitudes e outros
aspectos, além de dar indicações sobre o tempo e o material necessários à realização de uma
pesquisa.

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Ao se falar em organização do material de pesquisa, dois aspectos devem ser apontados:

a) Organização do material para investigação, anteriormente referido.

b) Organização do material de investigação, que seria o arquivamento de ideias, reflexões e


fatos que o investigador vem acumulando no transcurso de sua vida.

Iniciadas as tarefas de investigação, é necessário preparar não só os instrumentos de


observação, mas também o dossier de documentação relativo à pesquisa: pastas, cadernos,
livretos, principalmente fichários.

Três tipos de fichários:

a) De pessoas. Visitadas ou entrevistadas ou que se pretende visitar, com alguns dados


essenciais;

b) De documentação. Em que aparecem os documentos já lidos ou a serem consultados, com


as devidas referências;

c) Dos "indivíduos" pesquisados. Ou objetos de pesquisa, vistos em sentido estatístico:


pessoas, famílias, classes sociais, indústrias, comércios, salários, transportes etc.

O arquivo deve conter, também, resumos de livros, recortes de periódicos, notas e outros
materiais necessários à ampliação de conhecimentos, mas cuidadosamente organizados.

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k) Testes de instrumentos e procedimentos
Elaborados os instrumentos de pesquisa, o procedimento mais utilizado para averiguar a sua
validade é o teste-preliminar ou pré-teste. Consiste em testar os instrumentos da pesquisa
sobre uma pequena parte da população do "universo" ou da amostra, antes de ser aplicado
definitivamente, a fim de evitar que a pesquisa chegue a um resultado falso. Seu objetivo,
portanto, é verificar até que ponto esses instrumentos têm, realmente, condições de garantir
resultados isentos de erros. Em geral, é suficiente realizar a mensuração em 5 ou 10% do
tamanho da amostra, dependendo, é claro, do número absoluto dos processos mensurados.
Deve ser aplicado por investigadores experientes, capazes de determinar a validez dos
métodos e dos procedimentos utilizados. Nem sempre é possível prever todas as dificuldades
e problemas decorrentes de uma pesquisa que envolva coleta de dados. Questionários podem
não funcionar; as perguntas serem subjetivas, mal formuladas, ambíguas, de linguagem
inacessível; reagirem os respondentes ou se mostrarem equívocos; a amostra ser inviável
(grande ou demorada demais). Assim a aplicação do pr6-teste poderá evidenciar possíveis
erros permitindo a reformulação da falha no questionário definitivo. Para que o estudo
ofereça boas perspectivas científicas, certas exigências devem ser levadas em consideração:
fidelidade de aparelhagem, precisão e consciência dos testes; objetividade e validez das
entrevistas e dos questionários ou formulários; critérios de seleção da amostra. O pré-teste
pode ser aplicado a uma amostra aleatória representativa ou intencional. Quando aplicado
com muito rigor, dá origem ao que se designa por pesquisa-piloto.

Etapas da pesquisa
Segundo Gerhardt & Silveira (2009) as etapas da pesquisa são as seguintes:

1. Questão inicial;
2. Exploração do tema;
3. A problemática;
4. Construção do modelo de análise;
5. Coleta de dados;
6. Análise das informações;
7. Conclusões.

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1ª Etapa: Questão inicial
A melhor forma de começar um trabalho de pesquisa consiste em formular um projeto a
partir de uma questão inicial:

(...) através desta questão, o pesquisador tentará expressar o mais precisamente possível o que
ele busca conhecer, elucidar, compreender melhor. A questão inicial servirá de fio condutor
da pesquisa.

Para preencher corretamente essa função, a questão inicial deve apresentar qualidades de
clareza, exequibilidade e pertinência:

- Qualidades de clareza: - Ser precisa - Ser concisa e unívoca

- Qualidades de exequibilidade: - Ser realista

- Qualidades de pertinência - Ser uma questão verdadeira - Abordar o que já existe sobre o
tema e fundamentar as transformações do novo estudo sobre o tema - Ter a intenção de
compreensão dos fenômenos estudados

2ª Etapa: Exploração do tema


A exploração do tema consiste em realizar leituras, entrevistas exploratórias e em utilizar
outros métodos complementares de exploração do tema, caso seja necessário e indispensável.

3ª Etapa: A problemática
A problemática é a abordagem ou a perspectiva teórica que decidimos adotar para tratar o
problema colocado pela questão inicial. Ela é uma forma de interrogar os objetos estudados.
Construir uma problemática significa responder a questão: como vou abordar tal objeto? A
concepção de uma problemática, pode ser feita em dois momentos:

Num primeiro momento, fazemos um levantamento das problemáticas possíveis,


evidenciamos suas características e as comparamos. Para isso, utilizamos os resultados do
trabalho exploratório. Com ajuda de referenciais (esquemas inteligíveis, modelos
explicativos) fornecidos pelas aulas teóricas ou pelos livros de referência sobre o tema,
tentamos elucidar as perspectivas teóricas que estão por trás das diferentes abordagens
encontradas.

Num segundo momento, escolhemos e explicitamos nossa própria problemática com


conhecimento de causa. Escolher é adotar um quadro teórico que convém e se adapta ao
problema e que temos a capacidade de dominar o suficiente. Para explicitar sua problemática,

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redefine-se o melhor possível o objeto da pesquisa, precisando qual o ângulo em que
decidimos abordá-lo e reformulando a questão inicial de forma que ela se torne a questão
central da pesquisa. Paralelamente, expõe-se a orientação teórica escolhida, ajustando-a em
função do objeto de pesquisa, de forma a obter um “sistema conceitual organizado”
apropriado ao que se está procurando pesquisar.

Essa segunda etapa nunca se desvinculará da primeira, uma vez que devemos a todo o
momento voltar à questão inicial questionando-nos sobre sua pertinência. Da mesma forma, a
exploração do tema conduzirá à elaboração da problemática, que nos reportará às leituras e à
coleta de dados efetuados, a fim de verificarmos a pertinência e adequação do problema
elaborado. Ao longo dessas três primeiras etapas, as flechas de retroação na figura 2 indicam
esse vai-e-vem, as interações entre a questão inicial e o problema formulado e correspondem
ao eixo da ruptura (como vimos anteriormente), ou seja, o da necessidade de romper, ao
longo dessas etapas, com as ideias preconcebidas e com as falsas evidências.

4ª Etapa: a construção do modelo de análise:


Uma vez construída a problemática, é preciso partir para a elaboração de um modelo de
análise, ou seja, elaborar as hipóteses ou questões de estudo que surgiram da problemática e
que deverão ser respondidas, ou não, a partir de conceitos, modelos teóricos, etc.

O modelo de análise constitui o prolongamento natural da problemática, articulando de forma


operacional os referenciais e as pistas que serão finalmente escolhidos para guiar o trabalho
de coleta de dados e a análise. Ele é composto de conceitos e hipóteses que estão interligados
para formar conjuntamente um quadro de análise coerente. A conceitualização, ou a
construção de conceitos, constitui uma construção abstrata que tenta dar conta do real. Nesse
sentido, ela não dá conta de todas as dimensões e aspectos do real, mas somente o que
expressa o essencial segundo o ponto de vista do pesquisador. Trata-se, portanto, de uma
construção-seleção.

A construção de um conceito consiste em designar dimensões que o constituem e em precisar


os indicadores graças aos quais essas dimensões poderão ser mensuradas.

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5ª Etapa: a coleta de dados
A coleta de dados compreende o conjunto de operações por meio das quais o modelo de
análise é confrontado aos dados coletados. Ao longo dessa etapa, várias informações são,
portanto, coletadas.

Elas serão sistematicamente analisadas na etapa posterior. Conceber essa etapa de coleta de
dados deve levar em conta três questões a serem respondidas: O que coletar? Com quem
coletar? Como coletar?

* O que coletar?

Os dados a serem coletados são aqueles úteis para testar as hipóteses. Eles são determinados
pelas variáveis e pelos indicadores. Podemos chamá-los de dados pertinentes.

* Com quem coletar? Trata-se a seguir de recortar o campo das análises empíricas em um
espaço geográfico e social, bem como num espaço de tempo. De acordo com o caso, o
pesquisador poderá estudar a população total ou somente uma amostra representativa
(quantitativamente) ou ilustrativa (qualitativamente) dessa população.

* Como coletar? Esta terceira questão refere-se aos instrumentos de coleta de dados, que
comporta três operações:

- Conceber um instrumento capaz de fornecer informações adequadas e necessárias para


testar as hipóteses; por exemplo, um questionário ou um roteiro de entrevistas ou de
observações.

- Testar o instrumento antes de utilizá-lo sistematicamente para se assegurar de seu grau de


adequação e de precisão.

- Colocá-lo sistematicamente em prática e proceder assim à coleta de dados pertinentes.

Na coleta de dados, o importante não é somente coletar informações que deem conta dos
conceitos (através dos indicadores), mas também obter essas informações de forma que se
possa aplicar posteriormente o tratamento necessário para testar as hipóteses. Portanto, é
necessário antecipar, ou seja, preocupar-se, desde a concepção do instrumento, com o tipo de
informação que ele permitirá fornecer e com o tipo de análise que deverá e poderá ser feito
posteriormente.

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6ª Etapa: A análise das informações
O objetivo de uma pesquisa, é responder à questão inicial (etapa 1); para isso, o pesquisador
elabora hipóteses ou questões de pesquisa e desenvolve a coleta de dados necessários. Uma
vez que os dados foram coletados, trata-se de verificar se essas informações correspondem às
hipóteses, ou seja, se os resultados observados correspondem aos resultados esperados pelas
hipóteses ou questões da pesquisa. Assim, o primeiro passo da análise das informações é a
verificação empírica. Mas a realidade é sempre mais complexa do que as hipóteses e questões
elaboradas pelo pesquisador, e uma coleta de dados rigorosa sempre traz à tona outros
elementos ou outras relações não cogitados inicialmente. Nesse sentido, a análise das
informações tem uma segunda função, a de interpretar os fatos não cogitados, rever ou afinar
as hipóteses, para que, ao final, o pesquisador seja capaz de propor modificações e pistas de
reflexão e de pesquisa para o futuro.

7ª Etapa: as conclusões
A conclusão de um trabalho de pesquisa comportará três partes, conforme:

1 – Síntese das grandes linhas da pesquisa:

 Preparar a produção do texto, que deve:

- apresentar a questão da pesquisa, ou seja, a questão inicial em sua formulação final;

- apresentar as principais características do modelo de análise, particularmente as hipóteses;

- apresentar o campo de coleta de dados, os métodos escolhidos e a coleta de informações


realizada;

- comparar os resultados esperados pela hipótese com os resultados obtidos, bem como fazer
uma breve descrição das principais distâncias encontradas entre ambos.

2 – Novos aportes do conhecimento produzido, que são de dois tipos:

 Novos conhecimentos relativos ao objeto de análise Os novos conhecimentos


produzidos relativos ao objeto são aqueles que podemos evidenciar respondendo a
duas questões:

- O que sei a mais sobre o objeto de análise?

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- O que sei além do objeto de análise?

Quanto mais o pesquisador se distanciar das ideias preconcebidas do conhecimento corrente e


se preocupar com sua problemática, mais terá chances de que o novo conhecimento
produzido relativos ao objeto de estudo traga contribuições.

 Novos conhecimentos teóricos

Para aprofundar o conhecimento sobre um domínio concreto da realidade, o pesquisador


definiu uma problemática e elaborou um modelo de análise composto de conceitos e de
hipóteses.

Ao longo de seu trabalho, não somente esse domínio concreto foi explicitado, como também
a pertinência da problemática e do modelo de análise foi testada. Assim, um trabalho de
pesquisa deve permitir igualmente a avaliação da problemática e do modelo de análise. Não
se trata, para o pesquisador iniciante, de fazer grandes descobertas teóricas inéditas e de
grande interesse para a comunidade científica, mas, sim, de ele próprio descobrir novas
perspectivas teóricas, mesmo que elas sejam amplamente conhecidas. Nossa ótica aqui é a da
formação.

3 – Perspectivas práticas:

Todo pesquisador deseja que seu trabalho sirva para alguma coisa. O problema é que as
conclusões de uma pesquisa conduzem raramente a uma aplicação prática clara e indiscutível.
Trata-se de consequências práticas que certos elementos de análise implicam claramente? Se
sim, por quais elementos de análise e em que a implicação é indiscutível? Trata-se mais de
pistas de ação que as análises sugerem, sem induzi-las de forma automática e incontestável?

Vários pesquisadores esperam de seus trabalhos resultados práticos e que constituam guias de
intervenção para as decisões e ações. Isso é possível em estudos de caráter mais técnico,
como, por exemplo, os estudos de mercado. Mas, por via de regra, as relações entre pesquisa
e ação não são assim tão diretas.

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Conclusão
A pesquisa é conjunto de procedimentos intelectuais e técnicos utilizados para atingir o
conhecimento. Ela compreende uma variedade de tipos, é necessário seguir uma série de
passos, etapas e fases para uma correcta realizacao da pesquisa sem esquecer da escolha da
metodologia que será usada.

É impossível fazer uma pesquisa sem seguir estes procedimentos, não se pode esquecer de se
perguntar sobre a relevância do tema de pesquisa para a sociedade.

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