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METODOLOGIA DO

TRABALHO CIENTÍFICO

Autoria: Elys Regina Zils


Jairo Martins

2ª Edição
Indaial - 2022
UNIASSELVI-PÓS
CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI
Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito
Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC
Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090

Reitor: Prof. Hermínio Kloch

Diretor UNIASSELVI-PÓS: Prof. Carlos Fabiano Fistarol

Equipe Multidisciplinar da Pós-Graduação EAD:


Carlos Fabiano Fistarol
Ilana Gunilda Gerber Cavichioli
Norberto Siegel
Julia dos Santos
Ariana Monique Dalri
Jairo Martins
Marcio Kisner
Marcelo Bucci

Revisão Gramatical: Desenvolvimento de Conteúdos EdTech

Diagramação e Capa:
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI

Ficha catalográfica elaborada pela equipe Conteúdos EdTech


UNIASSELVI

Copyright © UNIASSELVI 2022

Z69m

Zils, Elys Regina

Metodologia do trabalho científico. / Elys Regina Zils; Jairo


Martins. – Indaial: UNIASSELVI, 2022.

140 p.; il.

ISBN Digital 978-65-5646-549-4


1. Procedimentos metodológicos. – Brasil I. Martins, Jairo. II.
Centro Universitário Leonardo Da Vinci.

CDD 370

Impresso por:
Sumário

APRESENTAÇÃO.............................................................................5

CAPÍTULO 1
Ciência e a Produção do Conhecimento...................................... 7

CAPÍTULO 2
Procedimentos Metodológicos................................................. 53

CAPÍTULO 3
Apresentação, Organização e Formatação do Trabalho....... 95
APRESENTAÇÃO
Caro acadêmico(a), seja bem-vindo(a) à disciplina de Metodologia do Tra-
balho Científico. Nesta disciplina, queremos convidá-lo a adentrar no mundo da
metodologia científica. Afinal, a pesquisa científica é extremamente importante
nos estudos acadêmicos e é um dos conhecimentos base da nossa sociedade.
Porém, sabemos que inicialmente esse universo pode parecer difícil, com todas
suas exigências, métodos e estratégias. Por isso, desenvolvemos esse material
para você.

No Capítulo 1 deste livro iremos refletir justamente sobre a metodologia cien-


tífica. Nossa conversa terá como ponto de partida o que é ciência e o processo
de construção do conhecimento científico para elucidar a importância do método
científico. Assim, veremos os diferentes tipos de conhecimentos, destacando o
conhecimento científico, foco da nossa disciplina. Trataremos também da redação
científica, na qual abordaremos vários pontos que ajudarão você a escrever o seu
trabalho acadêmico.

No Capítulo 2 iremos nos aprofundar nas diferentes questões que permeiam


os procedimentos metodológicos. Conheceremos os diferentes tipos de pesqui-
sas e as etapas envolvidas. Nesse capítulo, você terá a base para a elaboração
da sua pesquisa científica, tal como a escolha do tema de pesquisa, problema,
objetivos, levantamento de dados e a respectiva análise.

No Capítulo 3 conversaremos sobre a apresentação, organização e formata-


ção do trabalho cientifico. Afinal, para o seu trabalho acadêmico será necessário
desenvolvê-lo de acordo com as normas de organização e formatação, seguindo
as orientações da ABNT.

Ao longo dessa caminhada, você perceberá o valor da Metodologia Cientí-


fica. Esperamos contribuir para ampliar seu horizonte de conhecimento e conse-
quentemente melhorar sua prática profissional. Aproveite esta oportunidade para
aperfeiçoar o seu conhecimento ainda mais!

Bons estudos!

Os autores
C APÍTULO 1
Ciência e a Produção do
Conhecimento
A partir da perspectiva do saber-fazer, são apresentados os seguintes
objetivos de aprendizagem:

� Perceber a importância do conhecimento científico.


� Entender o que é ciência e os critérios de cientificidade.
� Diferenciar os diferentes tipos de trabalhos acadêmicos.
� Caracterizar e diferenciar os tipos de conhecimento.
� Empregar a linguagem técnico-científica na elaboração do artigo científico.
Metodologia do Trabalho Científico

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Capítulo 1 Ciência e a Produção do Conhecimento

1 CONTEXTUALIZAÇÃO
Caro(a) acadêmico(a), seja bem-vindo(a) ao primeiro capítulo do livro da dis-
ciplina de Metodologia do Trabalho científico. Para chegar até aqui, ao longo da
sua vida acadêmica você já deve ter feito e se deparado com vários trabalhos de
cunho acadêmico.

Dessa forma, provavelmente tem certo conhecimento sobre esse tipo de tra-
balho e suas normas metodológicas. Mas na hora de elaborar o seu trabalho, a
pesquisa científica ainda poderá parecer assustadora. Não se preocupe, o papel
principal desse tipo de pesquisa é sanar dúvidas, propor novos estudos e desco-
bertas. Assim, se você já tem a curiosidade – a vontade de aprender, descobrir as
coisas e senso crítico, falta apenas conhecer melhor os procedimentos metodoló-
gicos que iremos discutir ao longo desse livro. Você verá que a ciência é um exer-
cício lógico e, para saber isso, fazemos aquilo, mas se fosse assim... o resultado
seria diferente?

Como iremos ver, o ato de pesquisar apresenta algumas características es-


pecíficas que, no universo científico, seguirá uma metodologia, estrutura e lin-
guagem própria que o diferenciará do seu uso no senso comum. Nesse sentido,
vamos começar refletindo sobre a metodologia científica partindo do que entende-
mos por ciência e conhecimento? Vamos lá!

2 METODOLOGIA CIENTÍFICA
Desde a Antiguidade, os primeiros hominídeos parecem já buscar respostas
para suas indagações sobre o mundo que os rodeava. Assim, o desejo de co-
nhecer e produzir conhecimento se torna inerente ao homem. Inclusive, a evolu-
ção humana se distingue pela evolução da inteligência da espécie. Num primeiro
momento, quando não entendiam os fenômenos naturais e tinham medo, como
com as tempestades e raios. Em um segundo momento, a partir de pensamentos
abstratos e associativos, o homem passa a buscar explicações no misticismo. As
tempestades poderiam ser fruto da ira divina.

Tais associações simbólicas de situações representam uma evolução na tra-


jetória da inteligência humana, pois nasce aí o pensamento especulativo. Se nos
primórdios, esse processo era desregrado, ao longo dos anos, esse conhecimen-
to foi sistematizado e repassado de um para outro, de grupo para grupo, de ge-
ração para geração. Aos poucos, o homem sistematiza suas ações e conforme
suas técnicas vão ganhando rigor, desenvolvendo-se o método científico (SILVA;
PORTO, 2016).

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Metodologia do Trabalho Científico

Dito isso, podemos pensar o que é ciência. Arriscaria um palpite? Ciência


“etimologicamente, [...] provém do verbo em latim Scire, que significa aprender,
conhecer” (PRODANOV; FREITAS, 2013, p. 14). Porém, isso é muito pouco para
entendermos o que é ciência. Acrescentamos que é “uma sistematização de co-
nhecimentos”, e mais, pode ser considerada “um conjunto de proposições logi-
camente correlacionadas sobre o comportamento de certos fenômenos que se
deseja estudar” (LAKATOS; MARCONI, 2007, p. 80).

Entre as diversas discussões sobre o conceito de ciência, Lakatos e Marconi


(1985 apud SILVA, 2015, p. 13) apresentam um apanhado geral. Vejamos:

• Acumulação de conhecimentos sistemáticos.


• Atividade que se propõe a demonstrar a verdade dos fatos experimentais
e suas aplicações práticas.
• Conhecimento racional, sistemático, exato, verificável e, por conseguin-
te, falível.
• Conhecimento certo do real pelas suas causas.
• Conhecimento sistemático dos fenômenos da natureza e das leis que o
regem, obtido por meio da investigação, do raciocínio e da experimenta-
ção intensiva.
• Conjunto de enunciados lógicos e dedutivamente justificados por outros
enunciados.
• Conjunto orgânico de conclusões certas e gerais, metodicamente de-
monstradas e relacionadas com o objeto determinado.
• Corpo de conhecimentos, consistindo-se em percepções, experiências,
fatos certos e seguros.
• Estudo de problemas solúveis, mediante método científico.
• Forma sistematicamente organizada de pensamento objetivo.

Podemos perceber assim que o conceito vai muito além da sua origem etimo-
lógica. Ciência pode ser vista como uma forma particular de conhecer o mundo:

[...] o saber produzido através do raciocínio lógico associado


à experimentação prática. Caracteriza-se por um conjunto de
modelos de observação, identificação, descrição, investigação
experimental e explanação teórica de fenômenos. O método
científico envolve técnicas exatas, objetivas e sistemáticas.
Regras fixas para a formação de conceitos, para a condução
de observações, para a realização de experimentos e para a
validação de hipóteses explicativas. O objetivo básico da ci-
ência não é o de descobrir verdades ou de se constituir como
uma compreensão plena da realidade. Deseja fornecer um
conhecimento provisório, que facilite a interação com o mun-
do, possibilitando previsões confiáveis sobre acontecimentos
futuros e indicar mecanismos de controle que possibilitem uma
intervenção sobre eles (FONSECA, 2002, p. 11-12).

10
Capítulo 1 Ciência e a Produção do Conhecimento

Destaca-se, assim, a ciência como forma privilegiada de conhecimento, atra-


vés do método científico. Contudo, como veremos adiante, não é a única forma de
conhecimento. Mas ela pode contribuir muito com nossas vidas. Nesse sentido,
podemos dizer que atualmente a ciência tem várias tarefas a cumprir, como:

[...] aumento e melhoria do conhecimento; descoberta de novos


fatos ou fenômenos; aproveitamento espiritual do conhecimen-
to na supressão de falsos milagres, mistérios e superstições;
aproveitamento material do conhecimento visando à melhoria
da condição de vida humana; estabelecimento de certo tipo de
controle sobre a natureza (TRUJILLO FERRARI, 1974 apud
PRODANIV; FREITAS, 2013, p. 15).

Então acho que estamos prontos para conversar sobre o que é Metodologia!
Metodologia “[...] é uma preocupação instrumental. Trata das formas de se fazer
ciência. Cuida dos procedimentos, das ferramentas, dos caminhos” (DEMO, 2003,
p. 19). A atividade principal da metodologia é a pesquisa (GERHARDT; SILVEIRA,
2009) e para isso não existe um único método, mas uma multiplicidade de méto-
dos para cada demanda.

Caso queira se aprofundar mais no estudo do método científico,


sugerimos a leitura do livro Discurso do Método (1637) de René
Descartes (1596-1650), considerado como o “pai da filosofia moder-
na”. Nesta obra estão as bases do pensamento científico e filosófico
relevantes ainda hoje em dia.

O filme “O Nome da Rosa” é baseado no livro, de mesmo nome,


de Umberto Eco. A história se passa no ano de 1327 e retrata a in-
vestigação de um monge franciscano baseada em evidências e na
lógica bem ao modo do método científico.

Por esse caminho, podemos entender a metodologia científica como método


e ciência. Para Tartuce (2006 apud GERHARDT; SILVEIRA, 2009, p. 11): “Método
(do grego methodos; met’hodos significa, literalmente, “caminho para chegar a um
fim”) é, portanto, o caminho em direção a um objetivo; metodologia é o estudo do

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Metodologia do Trabalho Científico

método, ou seja, é o corpo de regras e procedimentos estabelecidos para realizar


uma pesquisa”.

Destarte, metodologia científica é o estudo do método para se buscar deter-


minado conhecimento. Um estudo “sistemático e lógico dos métodos empregados
nas ciências, seus fundamentos, sua validade e sua relação com as teorias cientí-
ficas” (GERHARDT; SILVEIRA, 2009).

Para Aragão e Mendes Neta (2017), são alguns objetivos da Metodologia


Científica:

• distinguir a Ciência e as demais formas de obtenção do conhecimento.


• desenvolver no pesquisador uma atitude investigativa.
• estabelecer relações entre o conhecimento estudado atualmente com os
existentes.
• promover possibilidades para leitura crítica da realidade.
• sistematizar atividades de estudos.
• integrar conhecimentos.
• desenvolver postura holística, na superação da fragmentação dos co-
nhecimentos.
• orientar na elaboração de trabalhos científicos.
• desenvolver o espírito crítico.

Mas o que isso tem a ver com seus estudos – você não quer ser um cientis-
ta, são perguntas que você pode estar se fazendo. Calma! A proposta não é que
você seja um cientista, mas que consiga realizar uma pesquisa científica dentro
da metodologia científica. Até o final do livro isso tudo ficará mais claro e você terá
o conhecimento necessário para elaborar o seu trabalho de conclusão. Por falar
em conhecimento, você conseguiria definir o que é conhecimento?

1 Agora é a sua vez! Escreva com suas próprias palavras o seu


conceito de ciência. Vamos lá.

Para dar continuidade a nossa jornada, e refletir o que é o conhecimento.


Continue conosco!

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Capítulo 1 Ciência e a Produção do Conhecimento

2.1 CONHECIMENTO E SUA


CONSTRUÇÃO
Nesse tópico, vamos conversar sobre conhecimento. Mas o que é conheci-
mento? Convidamos a refletir sobre o conceito de conhecimento a partir do pen-
samento de Tartuce (2006 apud GERHARDT; SILVEIRA, 2009, p. 17):

[...] o conhecimento pode ser definido como sendo a manifes-


tação da consciência de conhecer. Ao viver, o ser humano tem
experiências progressivas, da dor e do prazer, da fome e sa-
ciedade, do quente e do frio, entre muitas outras. É o conheci-
mento que se dá pela vivência circunstancial e estrutural das
propriedades necessárias à adaptação, interpretação e assimi-
lação do meio interior e exterior do ser. Dessa maneira, ocor-
rem, então, as relações entre sensação, percepção e conhe-
cimento, sendo que a percepção tem uma função mediadora
entre o mundo caótico dos sentidos e o mundo mais ou menos
organizado da atividade cognitiva. É importante frisar que o
conhecimento, como também o ato de conhecer, existe como
forma de solução de problemas próprios e comuns à vida. [...]
O conhecimento é um processo dinâmico e inacabado, serve
como referencial para a pesquisa tanto qualitativa como quan-
titativa das relações sociais, como forma de busca de conheci-
mentos próprios das ciências exatas e experimentais. Portan-
to, o conhecimento e o saber são essenciais e existenciais no
homem, ocorre entre todos os povos, independentemente de
raça, crença, porquanto no homem o desejo de saber é inato.

Como vimos no começo do capítulo, o homem é curioso por natureza, intera-


ge com os objetos a sua volta, interpreta o universo a partir das suas referências
e então elabora representações. Mesmo essas representações não constituindo
o objeto real ou o homem conhecendo-o ou não. Assim, “O conhecimento huma-
no é na sua essência um esforço para resolver contradições, entre as represen-
tações do objeto e a realidade do mesmo” (TARTUCE, 2006 apud GERHARDT;
SILVEIRA, 2009). Baseado nisso, dependendo da forma como se chega a essa
representação, o conhecimento pode ser classificado de diferentes tipos.

2.2 TIPOS DE CONHECIMENTO


Na antiguidade, o homem encontrou explica para a sua realidade na mito-
logia e misticismo. Na Idade Média, destaca-se o conhecimento religioso a par-
tir modelo teocêntrico de organização social. Depois, temos o racionalismo e na
Modernidade a ênfase recai na ciência como forma de conhecimento. Ou seja, o
conhecimento humano se manifesta de várias formas. (SILVA; PORTO, 2016)

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Metodologia do Trabalho Científico

FIGURA 1 – CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO NA IDADE MÉDIA

FONTE: <https://brasilescola.uol.com.br/historiag/aigreja.htm>. Acesso em: 3 nov. 2021

Nesta disciplina, destacamos o conhecimento científico, pois ela integra o


seu curso de formação superior. Porém, esse conhecimento não é o único e nem
o melhor. Por isso, vamos abordar brevemente outras formas de conhecimento
também para ilustrar.

2.2.1 Conhecimento popular ou empírico


É o conhecimento que obtemos na vida cotidiana, das nossas experiências
vivenciadas e transmitidas de geração em geração. Sua transmissão faz parte da
cultura dos povos, integrando suas tradições (LOSE; MAGALHÃES, 2019).

Tartuce (2006 apud GERHARDT; SILVEIRA, 2009, p. 18-19) apresenta al-


guns elementos relacionados a esse tipo de conhecimento que nos ajudarão a
compreendê-lo melhor:

É o conhecimento obtido ao acaso, após inúmeras tentativas,


ou seja, o conhecimento adquirido através de ações não pla-
nejadas. É o conhecimento do dia a dia, que se obtém pela
experiência cotidiana. É espontâneo, focalista, sendo por isso
considerado incompleto, carente de objetividade. Ocorre por
meio do relacionamento diário do homem com as coisas. Não
há a intenção e a preocupação de atingir o que o objeto contém
além das aparências. Fundamentado apenas na experiência,

14
Capítulo 1 Ciência e a Produção do Conhecimento

doutrina ou atitude, que admite quanto à origem do conheci-


mento de que este provenha apenas da experiência. Dentre
suas características destacamos:
- Conjunto de opiniões geralmente aceitas em épocas deter-
minadas, e que as opiniões contrárias aparecem como aber-
rações individuais.
- É valorativo por excelência, pois se fundamenta numa opera-
ção operada com base em estados de ânimo e emoções.
- É também reflexivo.
- É verificável.
- É falível e inexato.
O principal mérito do método empírico é o de assinalar com
vigor a importância da experiência na origem dos nossos co-
nhecimentos.

Assim, o conhecimento empírico tende a ser mais sensitivo e subjetivo, sem


a necessidade de comprovações ou sistema para tal. Porém não deixa de ser
uma forma de conhecer o mundo. Pode ser chamado de senso comum. Frisamos
que esse tipo de conhecimento, popular, não se diferencia do conhecimento cien-
tífico pela veracidade ou pela natureza do objeto conhecido, mas sim pela forma
ou método e os instrumentos do “conhecer”. (LAKATOS; MARCONI, 2007).

2.2.2 Conhecimento teológico


O conhecimento teológico ou religioso é fundamentado na fé divina ou cren-
ça religiosa. Assim, sua validade deriva da formação moral e espiritual de cada
um, o que nos leva a destacar sua irrefutabilidade. Sua validade não pode ser
confirmada ou negada (SILVA; PORTO, 2016).

Segundo Gaarder (2005 apud SILVA; PORTO, 2016, p. 12):

A religião sempre teve um aspecto intelectual. O crente tem


ideias bem definidas sobre como a humanidade e o mundo
vieram a existir, sobre a divindade e o sentido da vida. Esse é o
repertório de ideias da religião, que se expressam por cerimô-
nias religiosas (ritos) e pela arte, mas em primeiro lugar pela
linguagem. Tais expressões linguísticas podem ser escrituras
sagradas, credos, doutrinas ou mitos.

Esse tipo de conhecimento sempre esteve presente na história da humani-


dade. Podemos pensar em exemplos como: reencarnação, espírito, vida após a
morte, curas por milagre.

15
Metodologia do Trabalho Científico

2.2.3 Conhecimento filosófico


O conhecimento filosófico deriva de uma atividade da razão humana que se
ocupa em conhecer e explicar a realidade, de forma profunda. Parte dessa neces-
sidade de buscar conhecimento, que o filósofo Sócrates já enunciava: “Só sei que
nada sei” (LOSE; MAGALHÃES, 2019).

FIGURA 2 – SÓCRATES

FONTE: <https://brasilescola.uol.com.br/biografia/socrates-
biografia.htm#>. Acesso em: 3 nov. 2021.

A palavra filosofia é composta, em grego, de philos, “amigo”, e sophia, “sabe-


doria”. Quanto ao conceito de filosofia, Tartuce (2006 apud GERHARDT; SILVEI-
RA, 2009, p. 19) afirma:

A Filosofia é a fonte de todas as áreas do conhecimento hu-


mano, e todas as ciências não só dependem dela, como nela
se incluem. É a ciência das primeiras causas e princípios. A
Filosofia é destituída de objeto particular, mas assume o papel
orientador de cada ciência na solução de problemas univer-
sais. Progressivamente, constata-se que cada área do conhe-
cimento se desvincula da Filosofia em função da forma como
trata o objeto, que é para a mesma, a matéria.

Podemos classificar em dois tipos a filosofia: uma presente no dia a dia, que
nos ajuda a entender as contradições da realidade; e outra formada por sistemas
filosóficos, elaborada por grandes filósofos. Os dois tipos podem se complemen-
tar ou não, pois uma atitude filosófica perante a sua realidade não é exclusividade

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Capítulo 1 Ciência e a Produção do Conhecimento

de quem tem formação acadêmica em filosofia. Contudo, cabe frisar que o objeto
de conhecimento da filosofia pertence ao campo da abstração, fugindo da reali-
dade imediata que nos chega facilmente pelos sentidos (SILVA; PORTO, 2016).

Dentre suas características destacamos:

- É valorativo, pois seu ponto de partida consiste em hipóteses,


que não poderão ser submetidas à observação.
- Não é verificável.
- Tem a característica de sistemático.
- É infalível e exato. Portanto, o conhecimento filosófico é ca-
racterizado pelo esforço da razão para questionar os problemas
humanos e poder discernir entre o certo e o errado, unicamen-
te recorrendo às luzes da própria razão humana (TARTUCE,
2006 apud GERHARDT; SILVEIRA, 2009, p. 20).

Entre as várias contribuições que o conhecimento filosófico apresenta, des-


tacamos a construção de uma consciência crítica sobre a realidade (SILVA; POR-
TO, 2016).

2.2.4 Conhecimento científico


Por fim, vamos conversar sobre o conhecimento científico. Mas o que é co-
nhecimento científico? Para Fonseca (2002, p. 11):

O conhecimento científico é produzido pela investigação cien-


tífica, através de seus métodos. Resultante do aprimoramento
do senso comum, o conhecimento científico tem sua origem
nos seus procedimentos de verificação baseados na metodolo-
gia científica. É um conhecimento objetivo, metódico, passível
de demonstração e comprovação. O método científico permite
a elaboração conceitual da realidade que se deseja verdadeira
e impessoal, passível de ser submetida a testes de falseabili-
dade. Contudo, o conhecimento científico apresenta um cará-
ter provisório, uma vez que pode ser continuamente testado,
enriquecido e reformulado. Para que tal possa acontecer, deve
ser de domínio público.

O conhecimento científico caracteriza-se pela sistematicidade, como esta-


mos vendo nesta disciplina de Metodologia do trabalho científico. Podemos afir-
mar que a Ciência é uma forma de conhecimento objetivo, racional, sistemático,
geral, dinâmico, verificável e falível. Assim, algumas características desse conhe-
cimento são (GERHARDT; SILVEIRA, 2009):

- É real (factual), porque lida com ocorrências ou fatos.


- Constitui um conhecimento contingente, pois suas proposi-
ções ou hipóteses têm sua veracidade ou falsidade conhecida

17
Metodologia do Trabalho Científico

por intermédio da experiência e não apenas razão, como ocor-


re no conhecimento filosófico.
- É sistemático.
- Possui características de verificabilidade.
- É falível, em virtude de não ser definitivo, absoluto ou final e,
por este motivo, é aproximadamente exato (TARTUCE, 2006
apud GERHARDT; SILVEIRA, 2009, p. 24).

Destacamos que o conhecimento científico exige demonstração, subme-


tendo-se a comprovações. Ou seja, as descobertas científicas são passíveis de
comprovação, sendo que cada área do conhecimento científico tenha suas parti-
cularidades. Essa verificação pode ser em um laboratório, trabalho de campo ou
apenas pesquisa bibliográfica. Mas o importante que tenha uma lógica argumen-
tativa com coerência e validade dos resultados, de forma objetiva e sistemática
(SILVA; PORTO, 2016).

FIGURA 3 – CIENTISTA USANDO MICROSCÓPIO

FONTE: <https://www.pexels.com/pt-br/foto/adulto-analise-
analisando-biologia-5726794/>. Acesso em: 3 nov. 2021

O método científico é infalível? Por quê?

A partir disso, podemos afirmar que os gregos já no século VII a. C. a distin-


guiam entre conhecimento que hoje podemos chamar de científico do conheci-

18
Capítulo 1 Ciência e a Produção do Conhecimento

mento mítico, sem a preocupação com as comprovações dos fatos. Para elucidar
ainda mais o que é conhecimento cientifico, vamos analisá-lo em comparação
com o conhecimento popular:

QUADRO 1 – CONHECIMENTO CIENTÍFICO X CONHECIMENTO POPULAR

conhecimento científico conhecimento popular


Valorativo: baseado nos valores de quem pro-
Real: lida com fatos
move o estudo.
Assistemático: não possui sistematização das
Sistemático: forma um sistema de ideias
ideias, é baseado na organização pessoal
Verificável ou demonstrável: o que não pode ser Verificável: verificável dentro do âmbito pessoal
verificado ou demonstrado não é incorporado. e cotidiano do observador.
Falível e aproximadamente exato: não é defini- Falível e inexato: se limita à aparência ou ao que
tivo, novas técnicas e descobertas podem refor- foi ouvido a respeito. Não permite ir além das
mular a teoria existente. percepções objetivas.
FONTE: Adaptado de Lakatos e Marconi (2007)

Assim, para que o conhecimento seja considerado científico, ele precisa es-
tar baseado em um método científico que dê veracidade aos fatos.

Para concluir, frisamos as inúmeras contribuições da ciência para as nossas


sociedades, proporcionando grandes avanços. Basta pensarmos nos avanços na
cura de doenças, nas conquistas tecnológicas, descobertas sobre o nosso plane-
ta e espaço, entre tantas outras.

2.3 O ESPÍRITO CIENTÍFICO E A


NEUTRALIDADE
Como estamos vendo, o método científico pode ser visto como um conjunto
de procedimentos a fim de alcançar o conhecimento cientifico. Porém, realizar um
trabalho científico é mais do que só aplicar o instrumental metodológico. O pes-
quisador precisa ser tomado pelo espírito científico. Esse espírito científico nada
mais é do que uma postura objetiva, racional e impessoal de modo que o sujeito
pesquisador não tenha influência nos resultados apresentados. Ademais, é uma
vontade de buscar soluções sérias, com métodos adequados para o seu proble-
ma de pesquisa. (SILVA, 2014).

Segundo Silva (2014, p. 13) e nas concepções de Cervo e Bervian (2002) e


Ruiz (2006), a expressão de uma mente é:
19
Metodologia do Trabalho Científico

• Crítica: Criticar é julgar, distinguir, discernir, analisar para melhor poder


avaliar os elementos componentes da questão.
• Objetiva: A objetividade é a condição básica da ciência. O que vale não
é o que algum cientista imagina ou pensa, mas aquilo que realmente é.
• Racional: A racionalidade justifica-se pelo fato de que as únicas razões
explicativas de uma questão só podem ser intelectuais ou racionais.

E entre as qualidades do espírito científico, de acordo com Cervo e Bervian


(2002 apud SILVA, 2014, p. 13), estão:

• Senso de observação.
• Gosto pela precisão e pelas ideias claras.
• Imaginação ousada regida pela necessidade de prova.
• Curiosidade.
• Humildade para reconhecer limitações.
• Imparcial.
• Honestidade para evitar plágio.
• Coragem para enfrentar obstáculos.
• Não reconhecer fronteiras.

Todas essas características são importantes para a pesquisa científica e para


a sua credibilidade. Mas gostaria de reforçar a necessidade da neutralidade nessa
área. O pesquisador precisa ter disposição para se manter neutro de julgamentos e
opiniões pessoais no seu trabalho, mesmo quando a temática é próxima a ele. Isso
nem sempre é fácil. Para Demo (2000 apud PRODANOV; FREITAS, 2013, p. 17),

[...] refere-se ao esforço – sempre incompleto – de tratar a rea-


lidade assim como ela é; não se trata de ‘objetividade’, porque
impossível, mas do compromisso metodológico de dar conta
da realidade da maneira mais próxima possível, o que tem ins-
tigado o conhecimento a ser ‘experimental’, dentro da lógica do
experimento.

Conseguir ser objetivo a tal ponto de investigar a realidade como ela é, sem
contaminá-la com ideologias e preconceitos não é tarefa fácil. Você precisará se
policiar nesse sentido durante todo o trabalho (PRODANOV; FREITAS, 2013).

3 AS MODALIDADES DE TRABALHOS
CIENTÍFICOS
Durante a nossa caminhada acadêmica, encontramos diversos tipos de tra-
balhos científicos. Assim, dando continuidade aos nossos estudos, nesse tópico,
veremos alguns tipos de trabalhos acadêmicos, entre eles: TCC, Monografia, Dis-
sertação, Tese, Artigo.

20
Capítulo 1 Ciência e a Produção do Conhecimento

Isso mesmo, há grande diversidade neste gênero, por isso, apresentaremos os


mais usados na graduação e pós-graduação a fim de familiarizá-lo com as carac-
terísticas gerais de cada um, sua função e como fazê-los. Ainda que cada trabalho
acadêmico possua suas peculiaridades, conhecer os diferentes tipos poderá ajudar
você nos seus estudos e pesquisa científica, na qual terá não só que documentar
sua pesquisa dentro dos moldes do trabalho, como também pesquisar em outros
trabalhos acadêmicos para fundamentar a sua pesquisa. Então vamos lá!

3.1 TRABALHOS DE GRADUAÇÃO


Durante a sua graduação, provavelmente você elaborou trabalhos para as
disciplinas. Esse tipo de trabalho de graduação não se constitui de fato um tra-
balho de cunho científico, como os trabalhos de excelência na área da pesquisa.
Mas eles devem ser apresentados dentro de uma sistemática que estimule o ra-
ciocínio científico, assim podem ser considerados de iniciação científica. Os traba-
lhos de graduação podem ter como propósito uma revisão bibliográfica ou revisão
literária, ainda que pode-se ter outros tipos como relatórios e pequenas pesquisas
(MÜLLER, 2013).

3.2 TRABALHOS DE CONCLUSÃO DE


CURSO (TCC)
O trabalho de conclusão de curso, também conhecido como Trabalho Final
de curso, ou, simplesmente TCC, integra as atividades curriculares, sendo requisi-
to para a complementação de muitos cursos, desde curso de graduação, de aper-
feiçoamento a cursos de pós-graduação de nível de especialização (lato sensu).
Constitui-se como uma atividade importante para o processo de aprendizagem
dos alunos. “Como vivência de produção do conhecimento, contribui significati-
vamente para uma boa aprendizagem” (SEVERINO, 2013, p. 177). Afinal, para
muitos, será a primeira experiência realizando uma pesquisa científica.

Tido como um trabalho monográfico que comunica um assunto especifico,


tem como objetivo conduzir o aluno a refletir e pesquisar sobre conteúdos articula-
dos com o próprio conteúdo do curso e pode ser um trabalho teórico, documental
ou de campo. Quaisquer que sejam as abordagens, essa atividade tem em vista
a consolidação do processo formativo do aluno na construção do conhecimento
científico (SEVERINO, 2013).

Embora o TCC tenha uma estrutura e apresentação dentro das normas ge-
rais de trabalhos científicos, ele pode ter regulamentações específicas em cada

21
Metodologia do Trabalho Científico

intuição de ensino. Inclusive com apresentação e defesa pública do trabalho para


uma banca examinadora.

3.3 RELATÓRIO DE ESTÁGIO


A atividade de estágio é obrigatória em muitos cursos e como o próprio nome
diz: o relatório de estágio é um relato das atividades e experiências vivenciadas
na prática durante o estágio. É uma oportunidade de unir a teoria com a prática e
vivenciar situações reais. No relatório de estágio, o aluno terá a oportunidade de
descrever sua experiência e aprendizado alcançado no estágio.

Fique atento às orientações da instituição para adequar o seu trabalho às


normas exigidas, pois o relatório não possui uma única forma. Embora que o do-
cumento costume seguir as normas da ABNT.

Na Uniasselvi, os cursos de pós-graduação em Neuropsicopeda-


gogia, Psicopedagogia, Psicopedagogia Clínica e Institucional, Orien-
tação Educacional: Teoria e prática possuem a exigência da elabora-
ção do relatório de estágio como requisito para conclusão do curso.

Como o relatório de estágio é um relato da experiência, uma dica é ter o há-


bito de fazer anotações durante o estágio. Isso ajudará bastante posteriormente
para reunir todas as informações para elaborar o seu relatório.

3.4 MONOGRAFIA
O termo monografia designa um tipo especial de trabalho científico e pode
gerar algumas confusões. Você sabe quem deve fazer monografia? Como é uma
monografia? Espera, já vamos aclarar o assunto.

O termo pode se referir a diversos trabalhos, uma vez que, conforme Se-
verino (2013, p. 175), “considera-se monografia aquele trabalho que reduz sua
abordagem a um único assunto, a um único problema, com um tratamento espe-
cificado”. Ou seja, o termo se refere a uma abordagem e não a um nível escolar.

22
Capítulo 1 Ciência e a Produção do Conhecimento

Etimologicamente, monografia vem da combinação dos termos


em grego mono, que significa único, e graphein, grafia, que
significa fazer marcas, registrar, ou seja, escrever. Nesse sen-
tido, monografia significa a escrita acerca de um assunto único.
Trata-se da abordagem dissertativa reduzida a um único tema.
(SILVA; PORTO, 2016, p. 75-76).

Quer dizer que o trabalho se define mais pela unicidade e delimitação do


tema do que por sua extensão, generalidade ou valor didático (PRODANOV;
FREITAS, 2013).

Assim, em sentido estrito, o termo monografia poderia ser iden-


tificado como trabalho de tese, por exemplo, por apresentar um tema
específico com objetivo de fornecer uma contribuição original. Contu-
do, hoje, o termo é mais utilizado para designar Trabalho de Conclu-
são de Curso de graduação ou de pós-graduação lato sensu (PRO-
DANOV; FREITAS, 2013).

Desse modo, o estudo monográfico é resultado de investigação científica


com a abordagem de um tema único, com objetivo levar o aluno a refletir so-
bre temas determinados, de modo que apresente uma sucessão de argumentos
encadeados de forma lógica como resultado da sua pesquisa. (PEREIRA et al.,
2018) Segundo Marconi e Lakatos (2010 apud SILVA, 2015, p. 99), a monografia
“investiga determinado assunto não só em profundidade, mas também em todos
os seus ângulos e aspectos, dependendo dos fins a que se destina”. Esse docu-
mento deve apresentar uma contribuição relevante e original à ciência.

Muitos alunos se preocupam com extensão ideal da monografia. Porém não


é o tamanho do trabalho que irá definir a sua qualidade, mas a realização de uma
consistente pesquisa e boa apresentação dos resultados (SILVA; PORTO, 2016).

As monografias são utilizadas principalmente em cursos de pós-


-graduação lato sensu. Na Pós-graduação da Uniasselvi, a monogra-
fia é requisito para a conclusão do curso de Engenharia de Seguran-
ça do Trabalho.

23
Metodologia do Trabalho Científico

3.5 DISSERTAÇÃO
A dissertação é destinada aos trabalhos de cursos de pós-graduação stricto
sensu (mestrado), busca a reflexão sobre tema único, ainda que pode tratar de
temas mais comuns, deverá apresentar conteúdo original.

A dissertação, que, no sentido etimológico de origem grega,


significa dis (prefixo indicador de separação e afastamento) e
sertare (ajuntar, ligar, entrelaçar), designa um estudo teórico, de
natureza reflexiva, o qual consiste na ordenação de ideias sobre
determinado tema (PRODANOV; FREITAS, 2013, p. 171).

Dessa forma, como resultado da pesquisa, a dissertação deverá apresentar


um estudo o mais completo possível em relação ao tema determinado, expondo
ideias de maneira ordenada e fundamentada. O mestrando irá expressar todo o
seu conhecimento a respeito do assunto e sua capacidade de sistematização.
“E, dentro deste contexto, uma das partes mais importantes da dissertação é tida
como a fundamentação teórica, que procura traduzir o domínio do autor sobre o
tema abordado e a sua perspicácia de buscar tópicos não desenvolvidos” (MÜL-
LER, 2013, p. 75).

Você sabe a diferença entre lato sensu e stricto sensu?

As pós-graduações lato sensu compreendem programas de


especialização e incluem os cursos designados como MBA (Mas-
ter Business Administration). Com duração mínima de 360 horas,
ao final do curso o aluno obterá certificado e não diploma. Ademais
são abertos a candidatos diplomados em cursos superiores e que
atendam às exigências das instituições de ensino – Art. 44, III, Lei nº
9.394/1996. As pós-graduações stricto sensu compreendem progra-
mas de mestrado e doutorado abertos a candidatos diplomados em
cursos superiores de graduação e que atendam às exigências das
instituições de ensino e ao edital de seleção dos alunos (Art. 44, III,
Lei nº 9.394/1996). Ao final do curso o aluno obterá diploma (BRA-
SIL/MEC, 1988, on-line).

A diferença fundamental entre uma dissertação de mestrado e uma tese de


doutorado está no caráter da originalidade do trabalho. O mestrado ainda está

24
Capítulo 1 Ciência e a Produção do Conhecimento

vinculado a uma fase de iniciação à ciência, assim não é exigido o mesmo ní-
vel de originalidade e contribuição para o desenvolvimento da ciência em ques-
tão. Dito isso, podemos dizer que na dissertação temos um caráter demonstrativo
(PRODANOV; FREITAS, 2013).

É elaborada de acordo com as diretrizes metodológicas do trabalho científico


e sob a orientação de um orientador doutor, vinculado a um Programa de Mes-
trado. A dissertação deverá ser apresentada e defendida diante de uma banca
examinadora composta por no mínimo três professores doutores na área. Ao ser
aprovado, o aluno recebe o título de mestre.

3.6 TESE
Do mesmo modo que a dissertação é dirigida para o mestrado, a tese é tra-
balho de conclusão de pós-graduação stricto sensu no doutorado. Assim, visa à
obtenção do título de doutor. Contudo, a tese caracteriza-se por tratar de algo
novo, trazendo assim um avanço significativo no seu campo do conhecimento. De
acordo com a NBR 14724 (2011, p. 4), tese é:

Documento que representa o resultado de um trabalho experi-


mental ou exposição de um estudo científico de tema único e
bem delimitado. Deve ser elaborado com base em investiga-
ção original, constituindo-se em real contribuição para a espe-
cialidade em questão.

Diz-se que a tese deve ser um trabalho inédito, contributivo e não trivial, com
um nível de aprofundamento elevado. Os argumentos apresentados devem com-
provar e convencer da ideia exposta. (MÜLLER, 2013) A pesquisa pode ser resul-
tado de um estudo teórico, pesquisa de campo ou de experimentação.

A originalidade não significa um tema nunca antes estudado; ao


contrário, devemos observar, em relação ao que já foi escrito, aquilo
ou algo que não foi dito ainda, aparecendo, assim, o seu sentido de
ineditismo (PRODANOV; FREITAS, 2013, p. 173).

25
Metodologia do Trabalho Científico

A tese, no seu sentido etimológico de origem grega determinada


pela tésis (ação de pôr, de colocar), é originária da Idade Média (sé-
culo XIII), com o surgimento das primeiras universidades europeias –
época em que os que aspiravam a ocupar um cargo de docência em
alguma faculdade de Filosofia ou Teologia deviam apresentar uma
tese, uma nova ideia, doutrina ou teoria a ser defendida perante uma
banca examinadora (PRODANOV; FREITAS, 2013, p. 172).

É elaborada seguindo as normas da ABNT, sob a orientação de um orien-


tador doutor, portanto vinculada a um Programa de Doutorado. Ao final, a tese
deverá ser apresentada e defendida oralmente diante de uma banca examinadora
composta por pelo menos cinco membros doutores, sendo que alguns membros
devem ser de outras instituições.

3.7 ARTIGO CIENTÍFICO


Como o próprio nome sugere, o artigo caracteriza-se por ser uma pequena
parcela de um saber maior, com a finalidade de divulgar uma pesquisa (ARAGÃO;
MENDES NETA, 2017). A NBR 6022 da ABNT (2003, p. 2) define artigo como
“texto com autoria declarada, que apresenta e discute ideias, métodos, técnicas,
processos e resultados nas diversas áreas do conhecimento”. Consiste assim na
apresentação sintética de resultados de uma pesquisa realizada, concluída ou em
andamento, com ideias novas ou abordagens complementares a outros estudos
já realizados (PRODANOV; FREITAS, 2013).

Ainda que o artigo científico representa um estudo de forma reduzida, deverá


ser completo e baseado em evidências. O que não significa que seu autor não
possa expressar seu parecer no trabalho, mas que deve demonstrar para o leitor
o processo lógico por trás dessa conclusão, reforçados por evidências e argumen-
tos que tornem consistente a ideia (ARAGÃO; MENDES NETA, 2017).

Esse formato enxuto, possibilita maior divulgação. Cada área do conheci-


mento possui periódicos científicos especializados que possibilitam a divulgação
dos artigos e promove a comunicação entre os pesquisadores, permitindo que
esses se atualizem. Desse modo, destaca-se o artigo como veículo de contribui-
ção para o avanço do conhecimento. Pode inclusive servir de termômetro para

26
Capítulo 1 Ciência e a Produção do Conhecimento

mensurar o nível de produção de maturidade de uma determinada área do conhe-


cimento científico.

É um documento científico que além de trazer textos atuais, versa sobre ex-
periências realizadas, relatos de casos, revisões de literatura, etc. Se torna se-
melhante à monografia, uma vez que também apresenta uma sucessão de ar-
gumentos, mas de modo menos volumoso, contendo apenas as informações
necessárias. Dessa forma, geralmente tem de 10 a 20 páginas. A extensão pode
variar conforme a exigência da instituição ou do período ao qual se deseja subme-
ter o trabalho, assim como as normas para que se possa publicar.

Assim como nós possuímos CPF, as revistas científicas pos-


suem o ISSN ou International Standard Serial Number. “É um nú-
mero padrão aceito internacionalmente que identifica uma publicação
seriada de forma única. Seu uso é definido pela norma técnica inter-
nacional da International Standards Organization ISO 3297. O ISSN
é operacionalizado por uma rede internacional e no Brasil o Instituto
Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia [IBICT] atua como
Centro Nacional dessa rede, portanto cabe a ele atribuir o ISSN às
publicações seriadas” (ZANELLA, 2013, p. 88).

Os artigos científicos podem ser classificados de dois tipos:

O artigo original: é aquele que apresenta temas ou abordagens próprias,


trazendo à tona resultados de pesquisa, bem como desenvolvem e analisar dados
não publicados. Exemplo: os relatórios de pesquisa e estudos de caso.

O artigo de revisão: em geral, resulta de uma pesquisa bibliográfica, onde


o autor faz um levantamento bibliográfico na literatura já publicada sobre o tema,
analisa e discute essas informações (ABNT; NBR 6022, 2003, on-line).

Müller (2013, p. 77), por sua vez, afirma que os artigos científicos se classifi-
cam, em geral, em três tipos, são eles:

• Analítico – este tipo de artigo procura descrever algum assun-


to específico, tomando como tema as relações existentes e os
aspectos importantes em torno do tema abordado.
• Classificatório – este tipo de artigo possui características in-

27
Metodologia do Trabalho Científico

formativas, pois procura primeiro classificar e ordenar os prin-


cipais aspectos de um determinado tema e depois explicar as
partes divididas.
• Argumentativo – neste tipo de artigo, normalmente, costuma-
-se primeiro fazer um enfoque sobre um argumento específi-
co, depois procuram-se apresentar argumentos favoráveis e/
ou contrários ao argumento apresentado. E, então, durante a
discussão do tema em questão, o autor conduz o leitor a uma
tomada de posição.

Em todos os casos, o artigo terá como objetivo levar conhecimento ao pú-


blico interessado com alguma ideia nova ou abordagem diferente de estudos já
realizados.

Em comum, artigo tem a estrutura comum ao trabalho científico, com três


partes redacionais: introdução, desenvolvimento e conclusão. Vamos explorar
cada uma dessas partes?

A introdução apresenta e delimita o tema ou o problema em es-


tudo (o que), os objetivos (para que serviu o estudo), a metodo-
logia usada no estudo (como) e que autores, obras ou teorias
serviram de base teórica para construir a análise do problema.
No desenvolvimento (demonstração dos resultados), devemos
fazer uma exposição e uma discussão das teorias que foram
utilizadas para entender e esclarecer o problema, apresentan-
do-as e relacionando-as com a dúvida investigada. Devemos,
também, apresentar as conclusões alcançadas com as respec-
tivas demonstrações dos argumentos teóricos e/ou resultados
de provas experimentais que sustentam tais teorias. O corpo
do artigo pode ser dividido em quantos itens forem necessá-
rios, de acordo com a natureza do trabalho elaborado.
A conclusão contém os comentários finais, avaliando o alcance
e os limites do estudo desenvolvido (PRODANOV; FREITAS,
2013, p. 160).

Por fim, deve-se apresentar as referências com a lista de obras que foram ci-
tadas, costuma-se seguir as normas da ABNT. O trabalho pode contar também com
apêndices, com materiais ilustrativos elaborados pelo autor, e anexos, com material
ilustrativo não elaborado pelo autor do artigo (PRODANOV; FREITAS, 2013).

Embora, coloque-se essas caraterísticas que devem ser seguidas na ela-


boração do artigo científico, Azevedo (1998) aponta algumas falhas comuns na
investigação científica como: falta originalidade do trabalho, falta de clareza nos
objetivos, problemas na organização do material expositivo, bibliografia desatuali-
zada, excesso de citações, inadequação dos termos, repetição de palavras (SIL-
VA; URBANESKI, 2009).

28
Capítulo 1 Ciência e a Produção do Conhecimento

Que tal escolher um artigo científico da sua área e, além de uma


leitura atenta do conteúdo, analisa-lo quanto a sua estrutura, meto-
dologia, uso de termos técnicos da área, quais os objetivos da pes-
quisa e se alcançou tais objetivos.

3.8 PAPER
Como o paper é um tipo particular de artigo científico, vamos falar sobre ele
agora. Para Medeiros (2007, p. 45), o paper é “uma síntese de pensamentos apli-
cados a um tema específico. Esta síntese deverá ser original e reconhecer a fonte
do material utilizado. Em português, a palavra corresponde a ensaio, mas este
nome não encontrou acolhida entre os pesquisadores”. Assim, o trabalho visa in-
centivar a pesquisa e o desenvolvimento da capacidade crítica e analítica.

O seu formato gráfico é de um artigo científico, assim ousamos dizer que é


um artigo científico pequeno. O paper exigido como trabalho de conclusão em
muitos cursos da pós-graduação da Uniasselvi possuem a extensão exigida de 5
a 7 páginas. O paper deve apresentar uma introdução, desenvolvimento e conclu-
são, assim como o artigo. Mesmo tendo tamanho mais limitado, o desenvolvimen-
to pode ser redigido com divisões a fim de organizar o assunto, desde que apre-
sentando encadeamento lógico das ideias. Cabe lembrar que, como todo trabalho
acadêmico, o paper também precisa apresentar embasamento com fundamenta-
ção teórica e citações de trabalhos na área para sustentar seus argumentos em
relação ao tema. Assim, não esqueça de ao final apresentar as referências das
obras citadas no trabalho, de acordo com as orientações da ABNT.

Para Roth (1994 apud MEDEIROS, 2007), são cinco passos para a realiza-
ção de um paper: escolher um assunto, reunir informações, avaliar o material,
organizar as ideias, escrever o paper. Podemos acrescentar aqui, que se espera
um ponto de vista original sobre o tema.

Para não restar dúvidas, vamos ver o que é e o que não é o paper.

O paper é:

(a) uma síntese de suas descobertas sobre um tema e seu julgamento, ava-
liação, interpretação sobre essas descobertas;

29
Metodologia do Trabalho Científico

(b) um trabalho que deve apresentar originalidade quanto às ideias;


(c) um trabalho que deve reconhecer as fontes que foram utilizadas;
(d) um trabalho que mostra que o pesquisador é parte da comunidade aca-
dêmica (ROTH, 1994 apud MEDEIROS, 2007).

O paper não é:

(a) um resumo de um artigo ou livro (ou outra fonte);


(b) ideias de outras pessoas, repetidas não criticamente;
(c) uma série de citações, não importa se habilmente postas juntas;
(d) opinião pessoal não evidenciada, não demonstrada;
(e) cópia do trabalho de outra pessoa sem reconhecê-la, quer o trabalho
seja ou não publicado, profissional ou amador: isto é plágio (ROTH, 1994
apud MEDEIROS, 2007).

3.9 RESENHA
Para que nossa conversa sobre as modalidades de trabalhos esteja mais
completa, vamos abordar agora a resenha. A resenha consiste no “estudo, re-
sumo, crítica e na formulação de um conceito de valor sobre o trabalho que está
sendo analisado” (ARAGÃO; MENDES NETA, 2017, p. 41).

A resenha pode ser considerada como um resumo crítico mais abrangente,


pois acrescenta comentários e opiniões.

Ou seja, a resenha apresenta uma apreciação crítica sobre a obra, assim


exige conhecimento aprofundado e elevado juízo crítico. Ela pode destacar as
contribuições e a qualidade que o texto apresenta, mas também ser negativa, ex-
plicitando falhas, incoerências e limitações do texto (SEVERINO, 2013).

A resenha é interessante como forma de incentivar a leitura da obra resenhada.


Através das informações resenhadas, o leitor poderá decidir se deseja ou não con-
sultar a obra. Assim, a resenha deve responder a alguns questionamentos, como:
“qual o assunto, suas características e as suas abordagens; quais os saberes an-
teriores descritos na obra e qual o seu direcionamento; se é acessível, se é bom,
agradável e aconselhado ao público” (ARAGÃO; MENDES NETA, 2017, p. 41).

Sua estrutura se divide em várias partes lógico-redacionais. Primeiro, no ca-


beçalho, são transcritos os dados bibliográficos completos da publicação resenha-
da. Na sequência deve-se contextualizar o assunto; informação sobre o autor, se
for relevante, além de uma exposição sintética do conteúdo, de modo que consiga
passar ao leitor uma visão do conteúdo do texto, destacando os objetivos, ideia

30
Capítulo 1 Ciência e a Produção do Conhecimento

central, raciocínio. O comentário crítico normalmente é feito no momento final da


resenha, mas também pode vir introduzido de modo difuso dentro das partes co-
mentadas. Lakatos e Marconi (2007) indicam cinco aspectos que devem ser in-
cluídos na apreciação da obra: julgamento de valor, mérito da obra, estilo, forma
e indicação da obra. Essa avaliação crítica pode trazer aspectos positivos quanto
negativos da obra (SEVERINO, 2013).

3.10 FICHAMENTO
Por fim, decidimos abordar o fichamento, devido sua importância para a co-
leta de informações para a pesquisa. O Termo Fichamento “induz a produção de
uma Ficha, pois fichar é transcrever anotações em fichas, para fins de estudo ou
pesquisa” (ARAGÃO; MENDES NETA, 2017, p. 40).

Assim, os fichamentos costumam ser feitos em fichas, mas também podem


ser feitos em cadernos, arquivos digitais, onde preferir se organizar. É um método
útil de estudo e pesquisa pois serve como registro de informações sobre livros,
artigos e materiais consultados, facilitando assim sua compreensão e posterior
consulta. Você pode elaborar a ficha como preferir, é importante que tenha os da-
dos da obra (referência) e os seus comentários ou citações.

2 Para não esquecer, que tal fazer um pequeno resumo sobre cada
tipo de trabalho, o seu respectivo nível e as principais ideias.

Você já conhecia alguns desses tipos de trabalhos? Na sua pesquisa prova-


velmente encontrará grande variedade de trabalhos, então conhecê-los ajudará
você a se organizar e a pesquisar. Dito isso, se sentir necessidade, faça uma pau-
sa aqui, alongue-se e depois volte para darmos continuidade ao próximo tópico.
Em breve conversaremos sobre a redação científica. Vamos lá!

4 A REDAÇÃO CIENTÍFICA
Um dos momentos mais desafiadores para a maioria dos acadêmicos ocorre
no momento de redigir o trabalho científico, seja o trabalho de conclusão do cu

31
Metodologia do Trabalho Científico

rso ou um trabalho científico como avaliação final de uma disciplina. Não importa
a atividade, para escrever o seu trabalho, não basta apenas sentar na frente do
computador com vontade de escrever. A vontade é indispensável sim, mas além
dela é fundamental muita leitura, muita pesquisa para saber o que escrever e, o
item que iremos comentar agora: dominar as técnicas de escrita acadêmica.

Uma dica de ouro para desenvolver a escrita é a leitura. Afinal, quem lê mais,
tem mais conteúdo para escrever e terá mais domínio comunicativo. Assim como
a leitura é importante para nosso desenvolvimento pessoal e como cidadãos, a
escrita não é uma prerrogativa dos literatos, mas uma atividade social imprescin-
dível a todos.

Conforme Mattoso Câmara Jr. (1978), é necessário refletir sobre o trabalho


antes de começar. Ou seja, para escrever, é necessário ter algo a dizer. Assim,
antes de começar o seu artigo, realize a pesquisa, que pode ser toda bibliográfica
ou começar como bibliográfica para se aprofundar sobre o tema – no próximo
capítulo veremos mais sobre como fazer a pesquisa. Com essa pesquisa, você
estará adquirindo conhecimento sobre o tema que irá escrever e desenvolvendo
habilidades e competências cognitivas. Quando tiver todos os fichamentos, os da-
dos e citações para o seu trabalho, terá a clareza necessária para compartilhar
o conhecimento adquirido na sua pesquisa. Nesse momento, uma redação com
qualidade do seu trabalho será importante para validar sua pesquisa. Dessa for-
ma, é imprescindível seguir algumas normas, como as de apresentação de traba-
lhos acadêmicos segundo a ABNT, seguir normas éticas e de redação acadêmica.

Na fase de redação do seu trabalho, você irá retratar o raciocínio desenvolvi-


do na pesquisa. Para isso, deverá seguir o encadeamento lógico da sua pesquisa,
partindo dos seus objetivos com a pesquisa, levantamento de dados e quais as con-
clusões. Como afirmam Trzesniak e Koller (2009 apud TRZESNIAK, 2014, p. 16),
“escrever um artigo científico é como contar uma história”. É a história da sua pes-
quisa! Nesse caminho, o autor responde a outra pergunta importante: quando iniciar
a escrita do trabalho? O melhor momento é aquele que você se sente preparado.
“É como um parto: chega a hora que o conhecimento adquirido e/ou construído no
desenvolvimento da pesquisa clama por ser compartilhado. E, se seu consciente
sentir esse apelo e a ele responder, o texto fluirá!” (TRZESNIAK, 2014, p. 16).

A próxima pergunta que você irá fazer é: por onde começar a escrever? Por
mais relevante que seja decidir por onde começar a escrever, para de fato come-
çar, essa decisão não tem uma resposta pronta. Você não precisa começar pelo
começo, pelo título ou introdução. Você irá definir por onde começar de acordo
com sua demanda interna. Você pode começar pelo primeiro ou segundo pará-
grafo de uma seção e depois voltar e escrever a primeira seção. Não importa.
Comece por onde sentir que deve começar. Como orienta Trzesniak (2014, p. 17),

32
Capítulo 1 Ciência e a Produção do Conhecimento

Falando de modo bem informal: deve-se escrever conforme


manda o coração, até completar todo texto (seção, artigo ou
mesmo capítulo, tratando-se de monografia), porque essa é
a maneira de maximizar a fluidez. Os “arredondamentos” e os
ajustes finos entre trechos e partes do texto – a finalização do
“todo” – podem ficar para depois e se revelarão, então, surpre-
endentemente simples.

Temos certeza que seguir essa orientação irá ajudar a diminuir a costumeira
frustração que os acadêmicos sentem ao iniciarem a escrita da sua pesquisa,
com a sensação de que estão horas na frente do computador sem quase nada
escrever. Começar por onde se sente que deve começar, ajudará a tornar a tarefa
da escrita mais leve.

Então você deve estar se perguntando: o que diferencia um texto científico.


Esse tipo de texto tem características especificas que o diferencia de todos os
demais. A linguagem deve ser sem adornos, sem figuras de linguagem. Ou seja, o
texto cientifico deve ser claro e objetivo.

Sendo assim, a regra de ouro é usar frases curtas. Nada de


abusar do uso de vírgulas. Às vezes o estudante pega o emba-
lo e, por receio de perder o fio da meada, vai colocando vírgu-
las, emendando uma ideia na outra. O leitor fica extremamente
confuso diante daquele emaranhado de ideias. A clareza e a
objetividade ficam prejudicadas. Isso não pode ocorrer e costu-
ma ser apontado como um erro grave na escrita acadêmica. O
texto deve ser compreendido como uma unidade de significa-
ção e de construção de sentido. (SILVA; PORTO, 2016, p. 29)

Desse modo, você deve partir de uma base, da sua ideia principal, e gradati-
vamente acrescentando as ideias secundárias. Assim criará uma progressão nas
ideias e o seu leitor conseguirá interpretar o caminho percorrido através de um texto
coeso e lógico. Segundo Medeiros (2000 apud SCHAUN, 2018, p. 11): “texto é um
tecido verbal estruturado de tal forma que as ideias formam um todo coeso, uno,
coerente. A imagem de tecido contribui para esclarecer que não se trata de feixe de
fios (frases soltas), mas de fios entrelaçados (frases que se inter-relacionam).”.

As frases devem estar costuradas demonstrando um direcionamento.

Todas as partes de um texto devem estar interligadas e manifes-


tar um direcionamento único. Assim, um fragmento que trata de
diversos assuntos não pode ser considerado um texto. Da mes-
ma forma, se lhe falta coerência, se as ideias são contraditórias,
também não constituirá um texto. Se os elementos da frase que
possibilitam a transição de uma ideia para outra não estabelece-
rem coesão entre as partes expostas, o fragmento não se confi-
gura um texto (MEDEIROS, 2000 apud SCHAUN, 2018, p. 11).

33
Metodologia do Trabalho Científico

No texto científico, as frases possuem o único propósito de construir um sen-


tido para o seu argumento com o qual você irá tentar convencer o leitor das ideias
da sua pesquisa. Assim, podemos afirmar que o texto científico não precisa ser belo
para impressionar o leitor, mas ser claro e objetivo na construção do argumento
dentro de um raciocínio lógico. “Lembre-se de que uma das principais finalidades
da ciência é propor soluções para os problemas enfrentados pela humanidade. Tais
problemas são complexos e necessitam ser analisados com racionalidade e não
com euforia, empolgação e ingenuidade.” (SILVA; PORTO, 2016, p. 30).

Já está ficando mais claro as características de um texto científico? Para ilus-


trar melhor, vamos ver o quadro comparativo com diferentes tipos de textos.

QUADRO 2 – COMPARATIVO ENTRE DIFERENTES TIPOS DE TEXTOS

Há um fator gerador na reta- Qual o peso para a perenidade


guarda do texto? ... do próprio texto? ... da retaguarda factual?
Poesia
Pode haver ou não, mas o mais Total. O texto poético é como Toda ou nenhuma. Toda, por-
peculiar da poesia é que, muitas um fluído, difícil de agarrar, que que o conteúdo da poesia fala e
vezes, o fato não está explícito na escapa e muda de forma a cada atinge cada um de seus leitores.
obra e, mais: pessoas diferentes momento, a cada leitor e a cada Nenhuma, porque não há o fato
podem perceber nela retaguar- leitura. Sua força e beleza estão absoluto ou singular. Há a subje-
das de fatos ou ideias diferentes nisso, é capaz de captar e refletir tividade, o fato ou a ideia que a
que motivaram o autor a escre- o sentimento subjetivo do mo- poesia evoca em cada um dos
ver. (subjetividade) mento de quem o lê. que a leem, subjetividade essa
que repousa principalmente na
força do texto.
Romance
Existem fatos por trás do texto, Muito importante. O texto literário é Os pesos dos fatos narrados e do
mas sem o compromisso de re- parte da própria obra e é analisado texto contribuem de modo equili-
tratar algo ocorrido ou uma rea- como parte da competência e ta- brado para a perenidade da obra.
lidade. O compromisso é com a lento do autor. Muitos romancistas Uma boa trama, mantém o inte-
verossimilhança, a narrativa deve são celebrados por dominarem a resse dos leitores.
parecer real. palavra tanto quanto a imaginação.
Crônica
Quase sempre existe um fato por Predominante. O cronista, pela força É pequena. O fato por trás da
trás da obra, mas em geral um das palavras e da elaboração em obra é trivial. O acontecimento
fato trivial. torno do fato, é capaz de perenizar em si não representa qualquer
um acontecimento corriqueiro. repercussão significativa.
Jornalístico
Necessariamente tem que existir O ciclo de vida do jornal é de al- A natureza do fato gerador, se al-
um fato real que respalde o texto e guns dias. Não visa perenidade. cançar perenidade, poderá pereni-
que as pessoas tenham interesse. zar o texto como fonte de pesquisa.

34
Capítulo 1 Ciência e a Produção do Conhecimento

Científico
Um fato real e notável por trás do Muito pouco. Na redação cientí- Total. Quando o conhecimento
texto é o elemento mais impor- fica, o destaque não pode ser o que respalda o texto é de quali-
tante. Deve ser descrito acurada- texto, mas sim, os fatos aborda- dade, a perenidade do texto fica
mente, sem despertar emoção ou dos e os argumentos lógicos que garantida, mesmo que a redação
vieses. justificam as ideias apresentadas. deixe a desejar.
Não aceita figuras de estilo.
FONTE: Adaptado de Trzesniak (2014)

Interessante, não é? Cada estilo de texto tem suas peculiaridades. Se o tex-


to literário não precisa ter nenhum compromisso com a veracidade dos fatos, o
jornalístico e o científico possuem acima de tudo o compromisso factual. Nesses
últimos, a linguagem também deve ser neutra, sóbria e sem direcionamentos que
não tenham respaldo na argumentação e nos fatos (TRZESNIAK, 2014).

Como vimos, o estilo de redação usado em trabalhos científicos


não segue as mesmas características de textos literários ou jornalís-
ticos. Dito isso, selecione uma matéria jornalística, um texto literário
e um artigo científico da sua área. Faça uma leitura atenta dos três
tipos de textos e depois anote as suas conclusões sobre as caracte-
rísticas de cada um.

4.1 VOCABULÁRIO
Agora que já esclarecemos que o texto cientifico precisa acima de tudo ser
claro, com um estilo sóbrio e preciso, é hora de conversarmos sobre o vocabu-
lário. Estamos falando de trabalhos científicos, mas usar vocabulário comum ou
técnico e específico?

Podemos entender o vocabulário como um conjunto de termos ou palavras


que servem para designar coisas através de conceitos, e assim é possível dividi-
-lo em vários níveis. O primeiro nível se refere ao vocabulário comum, corrente na
nossa comunicação social e adquirido na nossa comunidade linguística. Apesar
de mais comum, não é recomendado para a redação científica. Para o conheci-
mento científico, é necessário um vocabulário de segundo nível, mais técnico.

35
Metodologia do Trabalho Científico

Como afirma Severino (2013, p. 16),

Para o pensamento teórico da ciência ou da filosofia, não bas-


tam os significados imediatos da linguagem comum. Conceitos
e termos adquirem significado unívoco, preciso e delimitado.
Às vezes são mantidos os mesmos termos, mas as significa-
ções são alteradas, com uma compreensão bem definida.

Desse modo, aprender uma ciência envolve aceder a um vocabulário mais técni-
co também. Pode-se ainda mencionar um terceiro nível de vocabulário, onde concei-
tos adquirem um sentido específico na pesquisa de um autor ou sistema de ideias de
alta qualidade. Esse se torna mais delimitado e específico (SEVERINO, 2013).

Na redação do seu trabalho científico, o vocabulário técnico poderá ser fun-


damental para alcançar determinados conceitos e lógica do discurso. Contudo,
recomenda-se usar a terminologia técnica somente quando realmente necessária
ou em casos de trabalhos especializados, quando essa terminologia já se tornou
básica. Pois o importante é que seu leitor não seja impedido de entender seu tra-
balho por causa de uma linguagem hermética (SEVERINO, 2013). Então pense
em quem é o seu público-alvo para adequar o vocabulário. Afinal, adequamos
nossa linguagem de acordo com o destinatário. Por exemplo, quando escrevemos
uma mensagem para um amigo, é uma linguagem completamente informal, colo-
quial; mas se for um e-mail para o chefe, terá outro nível de exigência.

Assim, quando necessário, usa-se o vocabulário técnico e específico, e o


vocabulário comum faz as ligações entre as partes. “De fato, mesmo para expor
ideias teóricas de nível técnico ou específico, é preciso servir-se das ideias mais
simples, do nível corrente, traduzindo as ideias de nível técnico de maneira aces-
sível e gradativa” (SEVERINO, 2013, p. 74).

Dando continuidade, para Cardoso (2004, p. 16), um dos conselhos que po-
demos dar a quem procura treinar uma boa redação é: “ache e elimine as pala-
vras inúteis”. É comum na releitura atenta do trabalho encontrar palavras ociosas,
repetições de palavras e de noções, mas com palavras diferentes, explicações
sobre coisas muito óbvias e adjetivos. Nesses casos, sugere-se riscar essas ocor-
rências. (CARDOSO, 2004, p. 16).

De acordo com Azevedo (1998, p. 113), “a concisão se obtém com o exer-


cício de reescrever. A cada vez que se faz isso, descobre-se uma repetição de
ideias ou de palavras, nota-se vocabulário supérfluo, encontra-se uma maneira de
dizer a mesma coisa com menos palavras”.

Cardoso (2004, p. 16-17) nos brinda com mais alguns conselhos gerais (lem-
brando que sempre existem exceções):

36
Capítulo 1 Ciência e a Produção do Conhecimento

1) prefira palavras curtas, simples e familiares; evite palavras


longas e jargão;
2) prefira o termo concreto ao abstrato;
3) prefira o ativo ao passivo;
4) prefira a palavra única a uma locução equivalente composta
de várias palavras;
5) prefira o vocabulário português consagrado a neologismos,
anglicismos, galicismos, etc., bem como o vocabulário erudito
ao coloquial ou chulo.

Seguindo essa linha de raciocínio, vamos ver alguns exemplos. Devemos


atentar para algumas expressões, como a locução indireta “na eventualidade de”,
que é um termo longo e com frequência, que pode ser substituída por um simples
“se” ou “caso”, que é muito mais usual e familiar (CARDOSO, 2004).

Cardoso (20004) condena o hábito de preferir termos abstratos em vez de


concretos. Aconselha usar “busca do lucro”, em vez de “busca da lucratividade”,
que pode se tornar pomposo, e é jargão e anglicismo. Outro exemplo de como os
anglicismos estão presentes vem da área da economia com a expressão “deman-
da por” (do inglês demand for), quando a norma da nossa língua diz que o correto
é “demanda (ou procura) de” (CARDOSO, 2004).

É possível que você sinta dificuldade quanto ao vocabulário quando você


não está imerso na área, resultando em uma redação acadêmica inadequada ou
pobre. Então uma dica é ler autores de bom nível acadêmico, que tenham domí-
nio do vocabulário necessário (CARDOSO, 2004).

Lembre-se: para escrever bem é necessária muita leitura e exercitar a escrita.

4.2 COMPOSIÇÃO DO TEXTO


Para a organização do seu trabalho, você irá dividi-lo em capítulos e possi-
velmente em subcapítulos, de acordo com as variáveis estudadas. Dentro dessas
divisões, teremos diferentes assuntos. Assim, um texto poderá ter um ou vários
assuntos. Você deverá partir do assunto mais geral, e depois ir para os assun-
tos menos específicos para então ir para o mais específico. (MARTINS JUNIOR,
2015). Por exemplo:

Se o seu trabalho for sobre a Importância do exame médico (3)


para a saúde (2) do trabalhador (1), a revisão de literatura do
seu trabalho deverá ser dividida em três partes, que, por sua
vez, deverão ser escritas na seguinte ordem:
O primeiro item será sobre o assunto mais geral (a população),
que, neste caso é o trabalhador.

37
Metodologia do Trabalho Científico

O segundo item será sobre o assunto menos específico (é o


problema a resolver), no qual deve-se escrever sobre a saúde
do trabalho.
O terceiro item será sobre o assunto mais específico (objeto
de estudo), no qual você escreverá sobre por que/como/quan-
to o exame médico é importante para a saúde do trabalhador
(MARTINS JUNIOR, 2015, p. 117).

Desse modo, o seu texto terá uma coerência lógica dos assuntos abordados.
Nesse caminho, é importante também comentarmos que a elaboração do texto
deverá seguir a seguinte ordem (MARTINS JUNIOR, 2015, p. 118):

• frase introdutória;
• uma ou mais citações;
• discussão dessas citações;
• síntese final.

Ou seja, recomenda-se que o texto comece com uma frase introdutória, que
nada mais é do que uma frase feita com as suas próprias palavras para introduzir
o assunto sobre o qual irá tratar. Sempre que for iniciar ou mudar de assunto, é
importante pensar nessa frase-chave.

Martins Junior (2015) recomenda que essa frase seja feita com o verbo no
impessoal e expresse uma hipótese que irá conduzir para uma comprovação do
fato. Por exemplo: “sabe-se que a lesão de um determinado segmento corporal
com pouca gravidade tem por origem uma série de acidentes domésticos” (MAR-
TINS JUNIOR, 2015, p. 118).

Uma frase assim fará seu leitor se perguntar: sabe-se? Como? Quem disse
isso? Que tipo de acidentes? Com isso, você despertará o interesse do leitor em
continuar essa leitura para o desenrolar dessa afirmação. Por essa razão, na sequ-
ência, recomenda-se que traga as comprovações do fato exposto, com uma citação
bibliográfica, por exemplo. No último capítulo deste livro, você verá como fazer as
citações dentro da norma, não se preocupe. Destacamos a importância de discutir
as citações em seu texto. Não basta fazer a citação a fim de comprovar um fato e
achar que é só isso. Você poderá concordar ou discorda do pensamento da citação,
mas é importante trazer a sua posição a respeito (MARTINS JUNIOR, 2015).

Ao final, você deverá sempre encerrar o seu texto, seja um capítulo ou subca-
pítulo ou tópico com uma síntese final conclusiva. Essa síntese pode ser composta
por uma ou mais frases de ordem pessoal, com suas palavras e não com citações.
Quando for finalizar um capítulo, a última parte poderá ter a conotação de conclu-
são do tópico, quando o assunto estiver se esgotado. Mas se sentir a necessidade
de dar uma continuidade ao assunto no próximo tópico, poderá usar uma frase gan-

38
Capítulo 1 Ciência e a Produção do Conhecimento

cho a fim de demonstrar essa continuidade. Por exemplo: “A revisão de literatura


realizada neste capítulo serviu para fundamentar a presente pesquisa, cuja metodo-
logia será delimitada a seguir” (MARTINS JUNIOR, 2015, p. 126).

Interessante, não é verdade? Agora vamos para a próxima divisão do texto:


o parágrafo.

4.2.1 Parágrafo
Além de ter atenção ao estilo acadêmico, ao vocabulário, às regras gramati-
cais, é importante observar especificamente os parágrafos. Isso mesmo, no mo-
mento de registrar a sua pesquisa e raciocínio, é importante estar atento à cons-
trução dos parágrafos. “O parágrafo é uma parte do texto que tem por finalidade
expressar as etapas do raciocínio. Por isso, a sequência dos parágrafos, o seu
tamanho e a sua complexidade dependem da própria natureza do raciocínio de-
senvolvido” (SEVERINO, 2013, p. 130).

Assim, mediante o entendimento da importância do parágrafo como a repre-


sentação gráfica da articulação do raciocínio na pesquisa, consideramos normal
o fato da paragrafação causar certa insegurança na hora da escrita. Para auxiliar,
vamos explorar a orientação sobre o parágrafo de Garcia (2010). Segundo o lin-
guista, há um parágrafo que podemos chamar de parágrafo-padrão. Formado por
uma unidade de composição com um ou mais de um período. E nesse período,
temos uma ideia central que irá se desdobrar em ideias secundárias, costurando
uma coerência lógica e semântica com essa ideia central, de modo que o seu lei-
tor perceba a construção do argumento.

Severino (2013), por sua vez, compara a estrutura do parágrafo com a es-
trutura do próprio trabalho, constituído por uma introdução, um corpo e uma con-
clusão. De modo que na introdução se irá anunciar o que pretende dizer (contém
um tópico frasal), o corpo é o desenvolvimento da ideia central (representada pelo
tópico frasal) e a conclusão uma espécie de resumo ou síntese.

O tópico frasal é constituído por uma ou duas frases curtas


as quais são escritas logo no início do parágrafo e expressa a
ideia central que será desenvolvida naquele parágrafo. O tópi-
co frasal, em um texto acadêmico, pode ser considerado como
uma generalização em que se define ou se declara alguma
coisa; pode também ser um juízo sobre determinado conceito
(SILVA; PORTO, 2016, p. 31).

Vejamos um exemplo de um parágrafo apresentado por Silva e Porto (2016,


p. 31), no qual podemos perceber o desenvolvimento de um tópico frasal de uma
dissertação.
39
Metodologia do Trabalho Científico

Afinal, o que é ser tupiniquim?


O brasileiro vive um momento de reconstrução de sua identida-
de. A recente prosperidade econômica proporcionou ascensão
social a milhões de pessoas no país. Nossa autoestima está
revigorada. Por exemplo, o adjetivo tupiniquim, que nos era
lançado como sinônimo de subdesenvolvimento, pode passar
a significar uma virtude, um ingrediente do modelo brasileiro de
superação. O sucesso econômico pode levar a uma nova inter-
pretação da nossa história de miscigenação (grifo dos autores).

Nos dois primeiros períodos (destacados em itálico), temos o tópico frasal que
apresenta uma declaração sobre a reconstrução da identidade nacional e a relação
com a prosperidade econômica. Na sequência, justifica-se e fundamenta essa ideia
anunciada. Ou seja, todo o restante está vinculado a esse tópico frasal que foi anun-
ciado nos dois primeiros períodos. E a conclusão reafirma isso que foi anunciado e
fundamentado no desenvolvimento. Desse modo, “O tópico frasal já estabelece um
limite para quais ideias caberiam nesse parágrafo. Se o autor divagasse por outros
assuntos, o próprio tópico frasal o impediria de ultrapassar o sentido anunciado nas
primeiras frases” (SILVA; PORTO, 2016, p. 31). Com isso, podemos dizer que o pa-
rágrafo se caracteriza por uma argumentação completa e coerente.

Assim, “a articulação de um texto em parágrafos está intimamente vincula-


da à estrutura lógica do raciocínio desenvolvido” (SEVERINO, 2013, p. 131). Por
isso, muitas vezes, os parágrafos começam com conjunções que fazem a ligação
de uma etapa lógica à outra. Por exemplo: à medida que, visto que, uma vez
que, todavia, contudo, portanto, por conseguinte etc. Ao se mudar para o próximo
parágrafo, a escrita avança na sequência do raciocínio, iniciando outra etapa (SE-
VERINO, 2013).

Dando continuidade, Severino (2013) aponta duas tendências incorretas em


relação ao assunto que devemos cuidar na nossa escrita: o excesso de parágra-
fos, de modo que praticamente cada frase é tida como um parágrafo; ou a falta
de parágrafos. São dois extremos, mas comum de encontrar em certas redações.

Contudo, a extensão dos parágrafos pode variar, conforme descreve Garcia


(2010, p. 220):

E não é apenas o senso de proporção que deve servir de crité-


rios para bitolá-lo, mas também, principalmente o seu núcleo,
a sua ideia central. Ora se a composição é um conjunto de
ideias associadas, cada parágrafo – em princípio, pelo menos
– deve corresponder a cada uma dessas ideias, tanto quanto
elas correspondem às diferentes partes em que o autor julgou
conveniente dividir o seu assunto.

Dito isso, reforçamos que não existe uma extensão fixa de linhas para o pa-
rágrafo, o que irá definir o tamanho do seu parágrafo é a ideia central contida
40
Capítulo 1 Ciência e a Produção do Conhecimento

nele. E quando mudar a ideia, é hora de ir para o próximo parágrafo (SILVA; POR-
TO, 2016).

Neste quesito, Azevedo (1998, p. 119) acrescenta que para uma boa redação
técnico-científica:

encadeie as frases, os parágrafos, os tópicos e os capítulos


entre si. Procure tornar cada frase um desenvolvimento do que
veio antes, numa sequência lógica, tanto para explicar, quanto
para demonstrar, detalhar, restringir ou negar. Cada parágrafo
deve estar em harmonia e em tranquila transição com o ante-
rior e com o posterior. O mesmo vale para tópicos e capítulos.
Faça o texto fluir naturalmente e não andar aos solavancos.

Lembrando que a transição de um parágrafo para outro não deve ser abrup-
ta, deve fluir, seguindo uma ordem lógica e encadeada.

4.3 ESCREVER, ESCREVER E


ESCREVER
Quando abordamos a redação científica, ao analisarmos as produções cien-
tíficas de diversas áreas, encontramos alguns desvios comuns, como a repetição
de palavras e de frases, erros de concordância, uso de expressões coloquiais
quando devemos primar por uma linguagem mais formal nesse tipo de texto (PE-
REIRA et al., 2018). Por isso, para auxiliar você, na sequência vamos discutir
mais detalhadamente mais alguns desses tipos de equívocos.

4.3.1 Desvios de estilística


Vamos começar discutindo alguns desvios de estilística:

Figuras e vícios de linguagem: Em gêneros literários que prezam pela sub-


jetividade, como poemas e cantos, as figuras de linguagem são muito utilizadas.
No entanto, em gêneros científicos, que devem primar por transmitir a mensagem
de forma clara e objetiva, elas são inadequadas e desnecessárias. Nesse caso,
o simples é melhor que o floreado. Vamos a alguns exemplos segundo Sousa e
Cavalcanti (2014).

• Metáfora: Figura de linguagem que consiste em produzir sentidos figura-


dos por meio de comparações. Mas metáforas mal empregadas podem
comprometer a objetividade do seu texto. Por exemplo:

41
Metodologia do Trabalho Científico

O estado civil dos participantes apresentou resultados inespe-


rados, afinal, entre jovens, na flor da idade e com os hormônios
atuando a todo vapor, esperava-se que aqueles que se de-
clararam solteiros tivessem índices de relações sexuais mais
elevados do que os comprometidos” (SOUSA; CAVALCANTI,
2014, p. 128).

Nesse caso, as metáforas são evidentes e não acrescentam nada ao texto.


Poderíamos reescrever suprimindo esse trecho ou colocar de modo mais objetivo:
“entre jovens na puberdade” (SOUSA; CAVALCANTI, 2014).

• Eco: se em textos poéticos o eco colabora com o ritmo, no texto científi-


co se torna incomodo. Por exemplo:

Este estudo teve como objetivo investigar autoestima e com-


portamentos infratores; observando as relações de tais com-
portamentos com esse construto que é sempre lembrado, mas
pouco estudado, especialmente dentro do tema abordado
(SOUSA; CAVALCANTI, 2014, p. 128).

Nesse sentido, uma dica é reler o texto em voz alta para identificar possíveis
ecos.

• Pleonasmo: é a redundância de termos no âmbito das palavras, quando


usado para reforçar uma ideia é legítimo, mas em certos casos, esse re-
forço é óbvio e desnecessário. Vamos ver alguns exemplos:

A grande maioria dos participantes na condição experimental


apresentou efeitos maiores que o grupo-controle. [...] Estudos
realizados há décadas atrás já demonstravam os efeitos nega-
tivos do uso de drogas nas habilidades cognitivas. [...] As aná-
lises se basearam nos três pilares fundamentais da psicologia
positiva. [...] Os comportamentos compulsivos são um dos prin-
cipais sintomas indicativos do TOC. [...] Para que a intervenção
funcione, é preciso planejar antecipadamente seus elementos
constituintes. [...] A Tabela 1 traz um resumo sintético dos da-
dos relativos às crianças em situação de rua. [...] Foi obtida a
autorização prévia do comitê de ética” (SOUSA; CAVALCAN-
TI, 2014, p. 128).

Como podemos perceber, nesses exemplos, o texto se tornou mais longo e


cheio de palavras desnecessárias que podem depor negativamente sobre sua es-
crita. “Afinal, “maioria” é um termo que já indica “grande parte”; o verbo “haver” já
indica tempo passado; a definição de “pilar” já inclui a noção de “fundamental”; e o
conceito de “sintoma” já significa, por si só, uma manifestação ou queixa “indicati-
va” de algo; e assim por diante” (SOUSA; CAVALCANTI, 2014, p. 128).

42
Capítulo 1 Ciência e a Produção do Conhecimento

4.3.2 Desvios de pontuação


Os sinais de pontuação são recursos da escrita que colaboram com a en-
tonação e organização. Temos a vírgula, o ponto final, ponto de interrogação e
de exclamação, ponto e vírgula, travessão, parênteses. Vejamos um exemplo do
emprego da pontuação:

Os dados encontrados mostram que a correlação proposta por


Silva, Souza e Santos (2010), pode sim existir, afinal a renda
e a escolaridade não são baixas e também pode indicar que o
número de adolescentes que fazem uso de camisinha com o
intuito de evitarem a contração do vírus da AIDS e a prevenção
da gravidez precoce parece indicar que há uma mudança nas
posturas adotadas pelos nossos jovens, talvez pela massifi-
cação das políticas públicas de prevenção e também, como
afirma levantamento feito por James (2004), pelo processo de
descentralização de ações e serviços de saúde proposto pelo
Sistema Único de Saúde (SUS), a partir do qual a atenção à
saúde dos adolescentes foi reorientada primordialmente para o
nível primário da atenção à saúde, a atenção básica (SOUSA;
CAVALCANTI, 2014, p. 129).

Nesse exemplo, temos várias linhas apenas com o uso do ponto final. Em ca-
sos assim, corre-se o risco de o leitor chegar ao final e nem lembrar mais do início,
prejudicando o entendimento da ideia. Prefira escrever frases curtas e diretas para
tornar seu texto mais claro e menos cansativo (SOUSA; CAVALCANTI, 2014).

O mau uso da vírgula é um dos problemas mais recorrentes. O mais impor-


tante: a vírgula não deve separar, na norma padrão, sujeitos de verbo. Outro tipo
de problema envolve dois tipos específicos de orações: as subordinadas adjetivas
restritiva e explicativa. Para aclarar, vejamos um exemplo prático:

“O abuso sexual que ocorre dentro de casa precisa ser denunciado”;

“O abuso sexual, que ocorre dentro de casa, precisa ser denunciado” (SOU-
SA; CAVALCANTI, 2014, p. 130).

Perceberam a diferença? No primeiro caso, a oração restritiva especifica


quais abusos precisam ser denunciados: “os que ocorrem dentro de casa”. Mas
no segundo exemplo, parece que todo abuso ocorre dentro de casa, pois a oração
entre vírgulas assume a função explicativa” (SOUSA; CAVALCANTI, 2014).

Ainda sobre a pontuação, destacamos o uso de apostos, que são essas ora-
ções intercaladas ou ressalvas. Vejamos:

Desenvolvida, em seu formato inicial, em meados do século XX,


a teoria evolutiva vocacional, umas das principais teorias na área

43
Metodologia do Trabalho Científico

do desenvolvimento de carreira, postula que o desenvolvimento


vocacional, que compreende diversos aspectos da vida profissio-
nal do indivíduo, se dá através de cinco grandes estágios, cuja
sequência é compreendida como um maxiciclo vital, chamados
de: Crescimento, Exploração, Estabelecimento, Manutenção e
Aposentadoria (SOUSA; CAVALCANTI, 2014, p. 130).

Todas essas pausas são cansativas, não acha? Esse recurso acabou por
quebrar a sequência lógica da frase principal. Esse trecho ficaria melhor da se-
guinte forma:

A teoria evolutiva vocacional é uma das principais teorias na


área do desenvolvimento de carreira. Seu formato inicial foi de-
senvolvido em meados do século XX. Para essa teoria, o de-
senvolvimento vocacional abrange diversos aspectos da vida
profissional do indivíduo e se dá por meio de cinco grandes
estágios: Crescimento, Exploração, Estabelecimento, Manu-
tenção e Aposentadoria. A sequência desses estágios é com-
preendida como um maxiciclo vital (SOUSA; CAVALCANTI,
2014, p. 130).

Melhor, não acha? Assim a leitura ficou mais clara e facilita a compreensão
do texto.

4.3.3 Desvios de sintaxe


Vamos conversar agora sobre alguns desvios de sintaxe? A sintaxe se re-
fere ao conjunto de regras que determinam as possibilidades de associação das
palavras para formar enunciados, englobando questões de concordância, de su-
bordinação e de ordem. Os problemas de sintaxe em textos científicos resultam
da formulação de frases complexas, como também acontecem quando redigimos
algo escrito anteriormente, apagamos, modificamos e não revisamos. Vamos ver
alguns exemplos.

• Problemas causados por distância entre sujeito e predicado: vamos


já começar vendo dois exemplos.

Tempos de reação menores quando a seta substitui uma clas-


se particular de estímulos indica um viés na atenção para esse
tipo de estímulo. [...]
Os vínculos que a criança estabelece com seus pares é a prin-
cipal fonte de relações cooperativas, nas quais se estabelece o
respeito mútuo (SOUSA; CAVALCANTI, 2014, p. 131).

Nesses dois casos, o desvio provavelmente aconteceu pelo distanciamento


entre o sujeito (praticante da ação) e o predicado (ação praticada). No primeiro

44
Capítulo 1 Ciência e a Produção do Conhecimento

exemplo, “tempos” (núcleo do sujeito) está a doze palavras de indicar que é o seu
verbo referencial. E no segundo exemplo, “vínculos” também está distante do ver-
bo “ser”. Além disso, os elementos entre essas duas palavras (seita, classe parti-
cular criança) parecem direcionar a frase para o singular. Diante disso, os autores
Sousa e Cavalcanti (2014, p. 131) sugerem “perguntar sempre ao verbo quem o
está praticando. Assim, no primeiro exemplo, ‘os tempos de reação indicam um
viés’ e, no segundo, ‘os vínculos são a principal fonte’”.

Nessa continuidade, aconselhamos colocar as palavras que modificam ou


qualificam as outras, como os adjetivos e advérbios, o mais perto possível dos
termos que modificam, isso ajuda a evitar ambiguidades e facilita uma expressão
mais fluída. Ainda, cuidado com o uso de pronomes que substituem outros ter-
mos, são uma solução fácil para evitar certas repetições, mas necessita planeja-
mento para evitar ambiguidades dentro do texto. (CARDOSO, 2004)

Se por um lado, recomendamos evitar repetições, por outra estamos cha-


mando a atenção para cuidar o uso de pronomes para substituir alguns termos.
Então você pode se sentir meio perdido em determinadas situações, verdade?
Para aclarar, vamos um exemplo:

“Eu vi os anúncios dos tênis Nike, mas não gostei deles” (CARDOSO, 2004, p. 17).

Nesse exemplo, o sujeito não gostou dos anúncios? Ou dos tênis? Para evi-
tar a ambiguidade, às vezes deve-se ceder às repetições. Nesse exemplo, seria
melhor dizer:

“Eu vi os anúncios dos tênis Nike, mas não gostei desses tênis” (CARDOSO,
2004, p. 17).

Em algumas situações, é melhor optar por garantir a clareza das afirmações,


mesmo que comprometa em outro aspecto (CARDOSO, 2004).

• Problemas causados pela inversão da ordem direta: como já falamos, a


escrita cientifica deve ser simples e clara. Dito isso, devemos priorizar a or-
dem direta e natural: “sujeito + verbo + restante do predicado”. Por exemplo:

Afirmam as maiores pesquisas na área de tratamento da an-


siedade infantil que são maiores os benefícios para as crianças
diagnosticadas com esse tipo de transtorno se algum traba-
lho com os pais for também contemplado pelas intervenções.
(SOUSA; CAVALCANTI, 2014, p. 131).

Esse trecho se torna quase confuso com tantas orações em ordem inversa,
não concorda? Vamos ver como ficaria reescrito na ordem direta:

45
Metodologia do Trabalho Científico

As maiores pesquisas na área de tratamento da ansiedade


infantil afirmam que os benefícios para as crianças diagnos-
ticadas com esse tipo de transtorno são maiores se as inter-
venções também contemplarem algum trabalho com os pais.
(SOUSA; CAVALCANTI, 2014, p. 131).

Bem melhor, não é? Essa ordem facilita a leitura e torna o texto mais claro e
adequado ao estilo científico.

• Problemas causados por mau uso da concordância: o uso inade-


quado da concordância, como em termos de número (singular e plural)
quanto de gênero (masculino e feminino) é outro problema recorrente.
Vejamos alguns exemplos.

“Uma série de dados sugerem mudanças nos comportamentos


dos jovens”. [...]
“Dado os altos escores de depressão pós-parto”. [...]
“Visto os índices dos estudos que apontam”. [...]
“A maioria dos participantes apresentaram sintomas de de-
pressão”. [...]
“Levado em consideração as ideias de Prado (2005)”. [...]
“Propõe-se as seguintes hipóteses”. [...]
“A troca de agressões entre os irmãos foram punidos”
(SOUSA; CAVALCANTI, 2014, p. 132).

Em todos esses casos, temos problema de concordância, de gênero ou nú-


mero. Recordemos que, na norma padrão, os verbos devem concordar com os
núcleos dos sujeitos a que se referem. Desse modo, o adequado seria: “uma série
de dados sugere”; “dados os altos escores”; “vistos os índices”; “a maioria dos
participantes apresentou”; “levadas em consideração as ideias”; “propõem-se as
seguintes hipóteses”; “a troca de agressões entre os irmãos foi punida” (SOUSA;
CAVALCANTI, 2014, p. 132).

• Problemas causados por desconhecimento de regência verbal:


Quanto à predicação, os verbos podem ser intransitivos (expressam
uma ideia completa) ou transitivos (exigem sempre o acompanhamento
de uma palavra – objeto direto ou indireto). Nesse sentido, é preciso ter
atenção que há verbos que admitem mais de uma regência, como no
caso de aspirar, no sentido de sorver, respirar (o ar da montanha), ou no
sentido de desejar, pretender (a um alto cargo) (CUNHA, 2013).

Os autores Sousa e Cavalcanti (2014) nos chamam a atenção que um dos


desvios mais comuns nesse campo se refere aos verbos transitivos que podem
ter complementos que são iniciados ou não por preposição. Vejamos um exemplo
sobre o mau uso das preposições: “É preciso fortalecer o vínculo com os adultos
que as crianças vítimas de abuso sexual confiam”. Nesse caso, está inadequa-

46
Capítulo 1 Ciência e a Produção do Conhecimento

do a regência do verbo confiar. Para sanar a dúvida sobre a regência, em ge-


ral, podemos fazer perguntas como “quem confia, confia em alguém”. “Assim, o
exemplo anterior corrigido traria que “é preciso fortalecer o vínculo com os adultos
em quem as crianças vítimas de abuso sexual confiam” (SOUSA; CAVALCANTI,
2014, p. 132). Outra dica, é consultar gramáticas, mesmo que on-line, para sanar
as dúvidas.

4.4 ORTOGRAFIA
Por esse caminho, temos que destacar a correção gramatical. Atenção para
não violar as regras gramaticais! Câmara Jr. (1977) discorre sobre a importância
da boa linguagem e afirma que a preocupação excessiva com a correção gramati-
cal poderá causar a impressão de literatura, o que seria descabido no nosso caso
concreto. Porém, é uma preocupação que devemos ter por dois motivos:

1. Muitas normas e convenções de gramática representam uma experiên-


cia longa e coletiva em matéria de expressão linguística e acatá-las é
seguir uma estrada batida e correr menos riscos, mesmo no âmbito da
lógica da formulação.
2. Acham-se apoiadas por um consenso geral e através delas se facilita a
projeção de nossas ideias e a aceitação do que assim dizemos (CÂMA-
RA JR., 1977).

Como escrevemos no começo deste subcapítulo, uma boa redação poderá


dar mais ou menos prestígio a sua pesquisa. Segundo Sousa e Cavalcanti (2014,
p. 127), “Desvios gramaticais em textos acadêmicos significam muito mais do que
meros deslizes: são uma demonstração de descuido com o próprio idioma e com
a ciência”. Por isso, atenção a essas questões! Não hesite em consultar um dicio-
nário sempre que tiver qualquer dúvida.

4.5 POR FIM...


Na redação científica, via de regra, recomenda-se o uso da impessoalidade.
A estratégia de omitir os agentes do discurso colabora para alcançar uma redação
mais formal e a posicionar-se de maneira mais impessoal diante dos temas abor-
dados, ou seja, a eliminar as marcas de subjetividade.

Assim, é conveniente que redija o seu trabalho na terceira pessoa, evitando


ao máximo referências pessoais e pronomes possessivos. Em vez de usar afirma-

47
Metodologia do Trabalho Científico

ções como: “a minha pesquisa”, “o meu estudo”, “o meu artigo”. Recomenda-se


que se use “esta pesquisa”, “este estudo”, “este artigo” e use o tempo do verbo no
passado: buscou-se, verificou-se.

Outra dica é não usar expressões temporais como atualmente, neste ano ou
ano passado, pois assim o seu trabalho fica datado e o seu leitor pode se interes-
sar pelo trabalho não neste mesmo ano, por exemplo.

Escrever não é tarefa fácil para a maioria. Dito isso, outra dica que damos é
que considere essa primeira versão do seu trabalho como uma primeira redação
de rascunho que deverá ser revista, revisada e lapidada. Quando terminar essa
primeira versão, faça uma leitura completa a fim de revisar o todo e corrigir possí-
veis falhas lógicas e redacionais. Pense que seu leitor deverá entender o raciocí-
nio apresentado na sua pesquisa. Assim, prime pela clareza, evite “o verbalismo
vazio, as fórmulas feitas e a linguagem sentimental. O estilo do texto será deter-
minado pela natureza do raciocínio específico às várias áreas do saber em que se
situa o trabalho” (SEVERINO, 2013, p. 130).

Avalie o seu trabalho de forma crítica! Interrogue-se sobre vários aspectos do


manuscrito, já começando pelo título: ele é interessante e atrai a atenção? No re-
lato da sua pesquisa, descreveu as características dos participantes ou unidades
de análise? O desenvolvimento dos tópicos centrais é suficiente? As frases são
concisas e diretas ou longas e ambíguas? E os resultados, estão em uma ordem
lógica e estruturada? (KOLLER; COUTO; HOHENDORFF, 2014).

Aproveitamos para comentar que no momento da revisão, é importante re-


visar também se as citações estão feitas corretamente ao longo do texto, se to-
das as referências estão no trabalho e escritas corretamente (dentro da norma da
ABNT, como veremos no terceiro capítulo), todas as figuras possuem numeração.
É comum os autores confundirem tabelas com quadros, as tabelas apresentam
dados quantitativos e possuem as laterais abertas e os quadros são usados para
dados qualitativos e são fechados nas laterais (PEREIRA et al., 2018).

Com o manuscrito pronto e feita uma primeira revisão, é hora de guardá-lo


na gaveta. Isso mesmo, uma sugestão comum entre editores é guardar o texto na
gaveta por um ou dois dias para depois retomá-lo. Pois quando você está traba-
lhando direto nele, acaba tendo dificuldade de identificar algumas falhas. Assim,
uma distância ajudará você a retomar a revisão do trabalho depois. Nesse tempo,
você pode pedir a algum amigo disponível e de confiança, para fazer uma leitura
crítica do trabalho (OLIVEIRA, 2014). Inclusive, Azevedo (1998, p. 112) afirma que
isso é “um bom teste para a clareza de seu texto [...]. Se ela fizer alguma pergun-
ta, não responda. Tome o texto e o reescreva. Depois, repita o teste”.

48
Capítulo 1 Ciência e a Produção do Conhecimento

Além das sugestões que apresentamos aqui, durante toda a redação do seu
trabalho é importante ter em mãos alguns materiais que poderão ajudar muito a
sanar as dúvidas, como Dicionário da Língua Portuguesa, Gramática da Língua
Portuguesa e Regência Verbal.

Atente para todas essas sugestões que demos até aqui e mãos à obra. Boa
escrita do seu trabalho científico.

3 Neste último tópico vimos várias sugestões que devem ser obser-
vadas na redação científica. Então sugerimos que você sintetize
as principais ideias, assim poderá retomar quando estiver escre-
ver o seu trabalho. Vamos lá!

5 ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
Chegamos ao final do primeiro capítulo! Neste primeiro momento, para nossa
reflexão sobre a Metodologia Científica, iniciamos entendendo o que é ciência.
Esta compreensão foi ampliada quando abordamos os diferentes tipos de conhe-
cimentos, frisando que nenhum é superior ao outro. A partir disso, ficou mais evi-
dente o diferencial dos procedimentos metodológicos que devem ser observados
na construção do conhecimento científico, afinal, nesse campo, são necessárias
algumas normas e técnicas para compreender e explicar o mundo a nossa volta.

Na sequência, vimos alguns diferentes tipos de trabalhos acadêmicos, alguns


provavelmente você já conhecia outros talvez não. Esta caminhada é importante
não só para conhecimento desse universo, como também para auxiliar na sua
futura pesquisa científica, afinal, provavelmente, irá consultar diferentes trabalhos
acadêmicos para o seu embasamento teórico.

Por fim, conversamos sobre a importância da redação científica. Sabemos


que a hora de redigir o trabalho pode ser um dos momentos mais desafiadores
para a maioria dos acadêmicos, por isso apresentamos várias dicas que podem
ajudar na qualidade do seu trabalho. Dito isso, destacamos que uma boa redação
científica somente será possível se você realizar muita leitura de outros traba-
lhos, assim irá se familiarizar com a linguagem e se sentirá mais confiante para

49
Metodologia do Trabalho Científico

elaborar o seu trabalho. E não esqueça: todo texto precisa de revisões! Tanto em
relação à escrita, como de conteúdo e formatação.

Temos certeza que o percurso até aqui foi produtivo e esperamos que você
tenha gostado. Provavelmente algumas coisas ditas aqui não foram novidades
para você. Nesse sentido, valorize o conhecimento que já possui, ative esse co-
nhecimento para refletir e construir novas aprendizagens. Nesta disciplina, ficou
evidente a importância de mantermos nossa curiosidade e um atitude aprendente.

Nos vemos no próximo capítulo. Até lá!

REFERÊNCIAS
ARAGÃO, J. W. M. de; MENDES NETA, M. A. H. Metodologia Científica.
Salvador: UFBA, Faculdade de Educação, Superintendência de Educação a
Distância, 2017 [recurso eletrônico].

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 14724: Informação


e documentação: trabalhos acadêmicos: apresentação. Rio de Janeiro, 2011.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6022: informação e


documentação: artigo em publicação periódica científica impressa: apresentação.
Rio de Janeiro, 2003. 

AZEVEDO, I. B. de. O prazer da produção científica: diretrizes para a


elaboração de trabalhos acadêmicos. 6 ed. Piracicaba: UNIMEP, 1998.

BRASIL. Ministério da Educação. Qual a diferença entre pós-graduação lato sensu


e stricto sensu? Disponível em: https://bit.ly/3HedB08. Acesso em: 20 out. 2021.

CÂMARA JR, M. J. Manual de expressão oral e escrita. 4 ed. Petrópolis:


Editora Vozes, 1977.

CARDOSO, C. F. Metodologia da pesquisa. Minicurso do Centro de Estudos


Interdisciplinares da Antiguidade. Universidade Federal Fluminense, 2004.

CUNHA, C. Gramática do português contemporâneo. Rio de Janeiro: Lexikon;


Porto Alegre: L&PM: 2013.

DEMO, P. Educar pela pesquisa. 6 ed. Campinas-SP: Autores Associados,


2003.

50
Capítulo 1 Ciência e a Produção do Conhecimento

FONSECA, J. J. S. Metodologia da pesquisa científica. Fortaleza: UEC, 2002.

GARCIA, O. M. Comunicação em prosa moderna. 27 ed. Rio de Janeiro:


Editora FGV, 2010.

GERHARDT, T. E.; SILVEIRA, D. T. Métodos de pesquisa. Coordenado pela


Universidade Aberta do Brasil – UAB/UFRGS e pelo Curso de Graduação
Tecnológica – Planejamento e Gestão para o Desenvolvimento Rural da SEAD/
UFRGS. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2009.

KOLLER, S. H.; PAULA COUTO, M. C. P.; HOHENDORFF, J. V. (orgs.). Manual


de produção científica. Porto Alegre: Penso, 2014 [recurso eletrônico].

LAKATOS, E. M.; MARCONI, M. de A. Fundamentos de metodologia científica.


6 ed., 5 reimp. São Paulo: Atlas, 2007.

LOSE, A. D.; MAGALHÃES, L. B. S. Metodologia do trabalho científico:


Elaboração de projeto. Salvador: UFBA, Faculdade de Educação;
Superintendência de Educação a Distância, 2019.

MARTINS JUNIOR, J. Como escrever trabalhos de conclusão de curso. 9 ed.


Petrópolis: Editora vozes, 2015.

MEDEIROS, J. B. Redação científica: a prática de fichamentos, resumos,


resenhas. 9 ed. São Paulo: Atlas, 2007.

MÜLLER, A. J. (org). Metodologia científica. Indaial: Uniasselvi, 2013.

OLIVEIRA, M. Z. Como escrever um artigo empírico. In: KOLLER, S. H.; PAULA


COUTO, M. C. P.; HOHENDORFF, J. V. (orgs.) Manual de produção científica.
Porto Alegre: Penso, 2014 [recurso eletrônico].

PEREIRA, A. S. et al. Metodologia da pesquisa científica. Santa Maria: UFSM,


NTE, 2018 [recurso eletrônico].

PRODANOV, C. C.; FREITAS, E. C. Metodologia do trabalho científico:


métodos e técnicas da pesquisa e do trabalho acadêmico. 2 ed. Novo Hamburgo:
Feevale, 2013 [recurso eletrônico].

SCHAUN, A. S. A importância das estratégias de leitura na atuação


do profissional revisor de textos. 2018. 92 f. TCC - Curso de Curso de
Bacharelado em Letras, Centro de Letras e Comunicação, Universidade Federal
de Pelotas, Pelotas, 2018.

51
Metodologia do Trabalho Científico

SEVERINO, A. J. Metodologia do trabalho científico. São Paulo: editora


Cortez, 2013.

SILVA, A. M. da. Metodologia da pesquisa. 2 ed. rev. Fortaleza-CE: EDUECE,


2015.

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UNICENTRO, 2014.

SILVA, C. N. N.; PORTO, M. D. P. Metodologia científica descomplicada:


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SILVA, R.; URBANESKI, V. Metodologia do trabalho científico. Indaial:


UNIASSELVI, 2009.

SOUSA, D. A; CAVALCANTI, T. Erros comuns na escrita científica em língua


portuguesa. In: KOLLER, S. H.; PAULA COUTO, M. C. P.; HOHENDORFF, J.
V. (orgs.) Manual de produção científica. Porto Alegre: Penso, 2014 [recurso
eletrônico].

TRZESNIAK, P. Hoje eu vou escrever um artigo científico: a construção e a


transmissão do conhecimento. In: KOLLER, S. H.; PAULA COUTO, M. C. P.;
HOHENDORFF, J. V. (orgs.) Manual de produção científica. Porto Alegre:
Penso, 2014 [recurso eletrônico].

ZANELLA, L. C. H. Metodologia de pesquisa. 2 ed. Florianópolis:


Departamento de Ciências da Administração/UFSC, 2013.

52
C APÍTULO 2
Procedimentos Metodológicos
A partir da perspectiva do saber-fazer, são apresentados os seguintes
objetivos de aprendizagem:

� Conhecer os diferentes tipos de pesquisa (qualitativa, quantitativa, participante,


pesquisa-ação, estudo de caso, pesquisa bibliográfica).
� Entender a classificação da pesquisa científica e suas etapas.
� Refletir sobre a pesquisa científica e o levantamento das fontes e documentos
(fontes bibliográficas e internet).
� Analisar os dados levantados na atividade de pesquisa.
� Identificar os fatores que fazem parte da elaboração de uma pesquisa científica
em formato de artigo científico, como a escolha do tema de pesquisa, problema
e objetivos.
Metodologia do Trabalho Científico

54
Capítulo 2 Procedimentos Metodológicos

1 CONTEXTUALIZAÇÃO
Olá acadêmico, seja bem-vindo ao Capítulo 2 do livro Metodologia do Tra-
balho Científico. Neste capítulo, intitulado Procedimentos Metodológicos, você irá
aprender sobre elementos essenciais na construção da sua pesquisa.

Iniciaremos definindo o que é a pesquisa científica e a metodologia, em se-


guida, trataremos sobre o que é método científico e quais são os métodos mais
utilizados na pesquisa científica.

Você conhecerá os diferentes tipos de pesquisa (qualitativa, quantitativa,


participante, pesquisa-ação, estudo de caso, pesquisa bibliográfica). Entenderá a
classificação da pesquisa científica e suas etapas.

Serão abordados os elementos de coleta de dados, como: pesquisa biblio-


gráfica, documental, questionário, entrevista e técnica de observação. Será visto
também as técnicas de análise de dados, possibilitando a interpretação e apre-
sentação dos dados coletados.

Apresentaremos os fatores que fazem parte da elaboração de uma pesquisa


científica em formato de artigo científico, como a escolha do tema de pesquisa,
problema, objetivos, fundamentação teórica etc.

Para finalizar, você poderá conhecer algumas fontes de pesquisa para facili-
tar a pesquisa e a coleta de dados para a elaboração de seu trabalho. Não deixe
de conferir!

Leia com atenção, separe momentos durante sua semana para se dedicar
aos estudos. Faça anotações, grife os termos que você achar mais importantes e,
ao surgirem dúvidas, procure os canais de atendimento da UNIASSELVI.

2 MODALIDADES E METODOLOGIAS
DA PESQUISA CIENTÍFICA
A pesquisa está no cotidiano de todos. Ela faz parte das nossas atividades
mais corriqueiras, seja para descobrir o caminho para chegar em um determinado
local, utilizando o Google Maps, ou para encontrar o melhor preço para um produ-
to, através de sites ou aplicativos. A palavra pesquisa vem do grego perquirere,
que significa: perquirir, indagar, pesquisar, investigar (PRIBERAM, on-line).

55
Metodologia do Trabalho Científico

Utilizamos ferramentas diversas para alcançarmos o objetivo de nossa pes-


quisa, seja o local, o produto etc. Na pesquisa científica, o princípio é o mesmo,
queremos descobrir algo, chegar a um resultado. O objetivo é encontrar resposta
para um problema e, para isso, utilizam-se procedimentos científicos e metodo-
lógicos de investigação, aplicados de maneira prática, para a obtenção de dados
relevantes e comprováveis.

Para efetivar a pesquisa científica, você precisará utilizar metodologias e mé-


todos próprios para o desenvolvimento do conhecimento, definido como: metodo-
logia científica. Para Miranda (2004, p. 11):

A metodologia científica é o saber produzido através do racio-


cínio lógico aliado à experimentação prática, caracterizando-se
por um conjunto de paradigmas para a observação, a identifi-
cação, a descrição, a investigação experimental e a explana-
ção teórica de fenômenos.

O saber produzido pela pesquisa científica se utiliza do método, que pode ser
definido como uma via de acesso, um “caminho” que indica direção, o qual vem
da palavra Methodos – que significa um “caminho para se chegar a um fim”.

É o conjunto das atividades sistemáticas e racionais que, com


maior segurança e economia, permite alcançar o objetivo – co-
nhecimentos válidos e verdadeiros –, traçando o caminho a ser
seguido, detectando erros e auxiliando as decisões do cientista
(MARCONI; LAKATOS, 2010 p. 83).

Na pesquisa científica, é necessária a utilização do método científico. Por


sua vez, método científico pode ser definido como uma série de regras básicas,
as quais devem ser aplicadas para a geração de conhecimento científico, isto é,
um método é usado para a pesquisa e comprovação de um determinado assunto
(ALMEIDA, 2017). Desta forma, ele é um “instrumento utilizado pela ciência na
sondagem da realidade, formado por um conjunto de procedimentos, mediante
os quais os problemas científicos são formulados e as hipóteses científicas são
examinadas” (MIRANDA, 2004, p. 16).

56
Capítulo 2 Procedimentos Metodológicos

FIGURA 1 – CIÊNCIA PRODUZ CONHECIMENTO

FONTE: <http://revide.blogspot.com/2019/01/a-charge-
politica-e-sutil.html>. Acesso em: 30 out. 2021

2.1 TIPOS DE MÉTODOS


O método científico é um facilitador no processo da construção do conheci-
mento, é um conjunto de regras básicas para se realizar uma experiência ou pes-
quisa, para produzir um novo conhecimento. Existe vários métodos que podem ser
abordados em sua pesquisa, mas cabe ao pesquisador selecionar o método que
seja mais adequado a sua investigação científica. Vamos conhecer alguns deles?

Segundo Almeida (2017), os métodos podem ser classificados conforme a seguir:

Método Indutivo: cuja aproximação dos fenômenos caminha geralmente


para planos cada vez mais abrangentes, indo das constatações mais particulares
às leis e teorias (conexão ascendente); método que considera o conhecimento
como baseado na experiência; a generalização deriva de observações de casos
da realidade concreta e são elaboradas a partir de constatações particulares.

57
Metodologia do Trabalho Científico

Método Dedutivo: partindo dos particulares (conexão descendente); se o


conhecimento é insuficiente para explicar um fenômeno, surge o problema; para
expressar as dificuldades do problema são formuladas hipóteses; das hipóteses
deduzem-se consequências a serem testadas ou falseadas (tornar falsas as conse-
quências deduzidas das hipóteses); enquanto o método dedutivo procura confirmar
a hipótese, o hipotético-dedutivo procura evidências empíricas para derrubá-las.

Método Hipotético (dedutivo): que se inicia por uma percepção de uma la-
cuna nos conhecimentos acerca da qual formula hipóteses e, pelo processo de
inferência dedutiva, testa a predição da ocorrência de fenômenos abrangidos pela
hipótese; se o conhecimento é insuficiente para explicar um fenômeno, surge o
problema; para expressar as dificuldades do problema são formuladas hipóteses;
das hipóteses deduzem-se consequências a serem testadas ou falseadas (tornar
falsas as consequências deduzidas das hipóteses).

Método Dialético: que penetra o mundo dos fenômenos através de sua ação
recíproca, da contradição inerente ao fenômeno e da mudança dialética que ocor-
re na natureza e na sociedade. Empregado em pesquisa qualitativa, considera
que os fatos não podem ser considerados fora de um contexto social; as contradi-
ções transcendem, dando origem a novas contradições que requerem soluções.

Método Histórico: consiste em investigar acontecimentos, processos e insti-


tuições do passado para verificar a sua influência na sociedade de hoje. Para me-
lhor compreender o papel que atualmente desempenham na sociedade, remonta
aos períodos de sua formação e de suas modificações.

Método Comparativo: é utilizado tanto para comparações de grupos no pre-


sente, no passado, ou entre os atuais e os do passado, quanto entre sociedades
de iguais ou de diferentes estágios de desenvolvimento.

Método Monográfico: consiste no estudo de determinados indivíduos, pro-


fissões, instituições, condições, grupos ou comunidades, com a finalidade de ob-
ter generalizações.

Método Estatístico: significa a redução de fenômenos sociológicos, políti-


cos, econômicos etc. em termos quantitativos. A manipulação estatística permite
comprovar as relações dos fenômenos entre si e obter generalizações sobre sua
natureza, ocorrência ou significado.

Método Tipológico: apresenta certas semelhanças com o método compa-


rativo. Ao comparar fenômenos sociais complexos, o pesquisador cria tipos ou
modelos ideais (que não existam de fato na sociedade) construídos a partir da
análise de aspectos essenciais do fenômeno.

58
Capítulo 2 Procedimentos Metodológicos

Método Funcionalista: é, a rigor, mais um método de interpretação do que


de investigação. Estuda a sociedade do ponto de vista da função de suas unida-
des, isto é, como um sistema organizado de atividades.

Método Estruturalista: o método parte da investigação de um fenômeno con-


creto, eleva-se, a seguir, ao nível abstrato por intermédio da construção de um mo-
delo que represente o objeto de estudo, retomando pôr fim ao concreto, dessa vez
como uma realidade estruturada e relacionada com a experiência do sujeito social.

Não se esqueça, a definição do método a ser abordado em sua pesquisa,


dependerá do raciocínio das análises dos dados que serão recolhidos.

2.2 TIPOS DE PESQUISA:


CLASSIFICAÇÃO DA PESQUISA
Outro passo que você precisará determinar é referente aos tipos de pesquisa
a serem abordados, ou seja, a classificação da pesquisa. As pesquisas podem ser
classificadas:

• Quanto à abordagem (qualitativa ou quantitativa).


• Quanto a natureza (básica ou aplicada).
• Quanto aos objetivos (descritiva, exploratória ou explicativa).
• Quanto aos procedimentos (bibliográfica, documental, levantamento, es-
tudo de caso, participante, pesquisa ação, experimental etc.).

Iremos ver cada um desse elementos mais detalhadamente para que você
possa escolher a melhor abordagem para sua pesquisa.

Quanto à abordagem do problema, poderá ser pesquisa qualitativa ou


quantitativa.

A pesquisa qualitativa não se preocupa apenas com medição de dados, mas


com o aprofundamento da compreensão de um grupo social, de uma organização
(GERHARDT; SILVEIRA, 2009). É uma relação entre o mundo real e o sujeito,
não requer o uso de métodos e técnicas estatísticas, mas sim foca na subjetivida-
de do sujeito.

A pesquisa qualitativa utiliza técnicas de dados, como: a observação partici-


pante, história ou relato de vida, entrevista. A seguir, veremos as principais carac-
terísticas e objetivos da pesquisa qualitativa:

59
Metodologia do Trabalho Científico

Objetivos:

Descrever uma situação, um fenômeno ou um grupo de itens


(pessoas ou coisas).

Gerar hipóteses de trabalho cuja verificação depende, no âmbito


da pesquisa qualitativa, de tratamento específico ou, no âmbito da
pesquisa quantitativa, de indicadores preliminares para estudos pos-
teriores de caráter mais aprofundado.

Contribuir para a geração de teorias a respeito da questão sob


exame.

Características:

A pesquisa qualitativa, em geral, ocorre no ambiente natural


com coleta direta de dados e o pesquisador é o principal instrumento.

Os dados coletados são preferencialmente descritivos.

A preocupação do processo é predominante em relação ao produto.

O “significado” que as pessoas dão as coisas e a sua vida são


focos de atenção para o pesquisador.

A análise de dados e informações tende a seguir um processo


indutivo.

Fonte: Adaptado de Miranda (2004) e Ludke e Andre (2013)

Acesse o artigo Pesquisa qualitativa, tipos fundamentais, onde


a autora apresenta as três principais abordagens de coleta de dados
para uma pesquisa qualitativa. Não deixe de conferir!

Leia em: https://www.scielo.br/j/rae/a/ZX4cTGrqYfVhr7LvVy-


DBgdb/?lang=pt&format=pdf

60
Capítulo 2 Procedimentos Metodológicos

A pesquisa quantitativa faz coleta de dados quantizáveis ou numéricos por


meio do uso de medições. Estes métodos geram conjuntos de dados que po-
dem ser analisados por meio de técnicas matemáticas como é o caso das por-
centagens, estatísticas e probabilidades, métodos numéricos, métodos analíticos
e geração de equações e/ou fórmulas matemáticas aplicáveis a algum processo
(PEREIRA et al., 2018).

A pesquisa quantitativa é caracterizada pela utilização de instrumentos es-


tatísticos, tanto para coleta quanto na análise dos dados. Procurar focar na men-
suração dos fenómenos, concentrando-se na objetividade. Geralmente, são pes-
quisas com amostras grandes, buscando a representatividade da população,
descrevendo as causas de um fenômeno ou relações entre variáveis, previamen-
te estabelecidas pelo pesquisador.

Um método muito utilizado para a coleta de dados nas pesquisas quantitati-


vas são os questionários. Existe uma ferramenta que auxiliará você para a coleta
de dados utilizando questionários. Você já ouviu falar no Google Forms? Ele é um
aplicativo da Google que possibilita a criação de questionários, permitindo o envio
e a coleta de respostas de inúmeros indivíduos de maneira anônima ou não. Con-
fira o vídeo que explica passo a passo a criação de um formulário <https://www.
youtube.com/watch?v=U2C1lNMVa08>.

Abaixo, um quadro comparativo entre a pesquisa qualitativa e quantitativa.

TABELA 1 – COMPARAÇÃO ENTRE O MÉTODO


QUALITATIVO E O MÉTODO QUANTITATIVO

PESQUISA QUALITATIVA PESQUISA QUANTITATIVA


Tenta compreender a totalidade do fenômeno,
Focaliza uma quantidade pequena de conceitos.
mais do que focalizar conceitos específicos.
Possui poucas ideias preconcebidas e salienta
Inicia com ideias preconcebidas do modo pelo qual
a importância das interpretações dos eventos
os conceitos estão relacionados.
mais do que a interpretação do pesquisador.
Coleta dados sem instrumentos formais e es- Utiliza procedimentos estruturados e instrumentos
truturados. formais para coleta de dados.
Não tenta controlar o contexto da pesquisa, e
Coleta os dados mediante condições de controle.
sim captar o contexto na totalidade.
Enfatiza o subjetivo como meio de compreen- Enfatiza a objetividade na coleta e análise dos da-
der e interpretar as experiências. dos.
Analisa as informações narradas de uma for- Analisa os dados numéricos através de procedi-
ma organizada, mas intuitiva. mentos estatísticos.
FONTE: Gerhardt e Silveira (2009, p. 45)

61
Metodologia do Trabalho Científico

Quanto à natureza da pesquisa, ela poderá ser básica ou aplicada.

• Pesquisa Básica: ou chamada ainda por alguns teóricos por pesquisa


teórica ou pura. Propõe-se a gerar novos conhecimentos, incorporação,
ampliação ou superação de pressupostos já conhecidos sem necessa-
riamente ter uma aplicação prática. O objetivo desta pesquisa é adquirir
novos conhecimentos.
• Pesquisa Aplicada: diferente da pesquisa básica, a pesquisa aplicada
tem por objetivo criar conhecimentos para a aplicação prática, possibili-
tando a obtenção de propostas para problemáticas acadêmicas ou solu-
ções para problemas concreto do mundo moderno.

FIGURA 2 – DIFERENÇAS ENTRE PESQUISA BÁSICA E PESQUISA APLICADA

FONTE: <https://bit.ly/3AK5iH5>. Acesso em: 9 out. 2021.

62
Capítulo 2 Procedimentos Metodológicos

Quanto aos objetivos da pesquisa, segundo Gil (2017), podem ser:

• Exploratória: Procura ampliar o conhecimento a respeito de determina-


do fenômeno, ou seja, proporciona maior familiaridade com o problema,
visando torna-lo explícito ou a construção de hipóteses. Possui um plane-
jamento flexível, sendo na maioria das pesquisas o levantamento biblio-
gráfico, entrevistas com pessoas que tiveram experiências práticas com o
problema pesquisado e análise de exemplos similares. Comumente utiliza-
do as pesquisas bibliográfica e estudo de caso para seu desenvolvimento.
• Descritiva: Tem por objetivo a descrição das características de uma deter-
minada população ou fenômeno, ou ainda estabelecer a relação entre vari-
áveis. Neste tipo de pesquisa os fatos são observados, registrados, analisa-
dos, classificados e interpretados, sem a interferência do pesquisado, uma
de suas características mais marcantes é o uso de técnicas padronizadas
de coleta de dados, como: questionário e observação sistemática.
• Explicativa: Este tipo de pesquisa busca identificar os fatores que de-
terminam ou que contribuem para a ocorrência dos fenômenos, ou seja,
dos acontecimentos. É o tipo de pesquisa que mais aprofunda o conheci-
mento da realidade pois explica a razão o porquê das coisas. Geralmen-
te assume pesquisas experimentais e Ex-post-facto.

FIGURA 3 – COMPARATIVO ENTRE PESQUISA


EXPLORATÓRIA, DESCRITIVA E EXPLICATIVA

FONTE: Adaptado de Gil (2002)

63
Metodologia do Trabalho Científico

Quanto aos procedimentos técnicos, segundo Gil (2017), o elemento mais


importante para a identificação de um delineamento é o procedimento adotado
para a coleta de dados. O autor ainda ressalta que, dentro do campo dos procedi-
mentos técnicos, podem ser definidos dois grandes grupos de delineamento: (i) os
das fontes de “papel”, que estão a pesquisa bibliográfica e a pesquisa documen-
tal; (ii) e os de fontes de “gente”, que estão a pesquisa experimental, a pesquisa
ex-post facto, o levantamento e o estudo de caso.

Porém, é importante destacar que esta classificação dos dois grandes gru-
pos não pode ser tomada como absolutamente rígida, pois algumas pesquisas
não se enquadram facilmente em um modelo ou outro.

Pesquisa experimental: Consiste em determinar um objeto de estudo, sele-


cionar as variáveis com potencial para influenciá-lo, identifica as formas de con-
trole e observação dos efeitos que a variável produz no objeto (GIL, 2017). Muito
prestigiada nos meios científicos das ciências exatas e naturais, pois possibilita a
testagem de hipóteses que estabelecem relações de causa e efeito.

Pesquisa bibliográfica: Destaca-se pelo uso exclusivo de fontes bibliográ-


ficas já publicadas, que são basicamente de livros, artigos de periódicos e, natu-
ralmente, com informações disponibilizadas em rede, como revistas eletrônicas,
sites de instituições científica e outros. Um bom exemplo de uma pesquisa biblio-
gráfica são os estudos históricos.

Pesquisa documental: A pesquisa documental é muito semelhante a pes-


quisa bibliográfica, mas se difere em relação a natureza das fontes (GIL, 2017).
Enquanto a pesquisa bibliográfica utiliza material onde já houve uma serie de aná-
lises e contribuições de diversos autores, a pesquisa documental recorre a fontes
mais diversas e sem o tratamento analítico, como: tabelas, jornais, relatórios, do-
cumentos oficiais, cartas, filmes e acervos de museus ou órgãos públicos (FON-
SECA, 2002).

Pesquisa de levantamento: Para Fonseca (2002), este tipo de pesquisa é


utilizado em estudos exploratórios e descritivos. Geralmente utilizado para o le-
vantamento e análise de dados sociais, econômicos e demográficos, uma de suas
características é o contato direto com as pessoas (ZENELL, 2013). Pode ser de
dois tipos: Levantamento de uma amostragem, exemplo: pesquisas eleitorais e ou
o levantamento de uma população, exemplo de censo demográfico.

Pesquisa de campo: Muito semelhante com a pesquisa de levantamento. Di-


ferencia-se de modo geral, pela sua profundidade nas variáveis estudadas. Pode
ser feita duas distinções essenciais segundo Gil (2017):

64
Capítulo 2 Procedimentos Metodológicos

Primeiramente, o levantamento procura ser representativo de


universo definido e oferecer resultados caracterizados pela
precisão estatística. Já o estudo de campo procura muito mais
o aprofundamento das questões propostas do que a distribui-
ção das características da população segundo determinadas
variáveis. Como consequência, o planejamento do estudo de
campo apresenta muito maior flexibilidade, podendo ocorrer
mesmo que seus objetivos sejam reformulados ao longo da
pesquisa. Outra distinção é que no levantamento procura-se
identificar as características dos componentes do universo
pesquisado, possibilitando a caracterização precisa de seus
segmentos. Já no estudo de campo, estuda-se um único grupo
ou comunidade em termos de sua estrutura social, ou seja,
ressaltando a interação entre seus componentes. Dessa for-
ma, o estudo de campo tende a utilizar muito mais técnicas de
observação do que de interrogação (GIL, 2002, p. 53).

Pesquisa es-post-facto

A pesquisa ex-post-facto tem por objetivo investigar possíveis


relações de causa e efeito entre um determinado fato identifi-
cado pelo pesquisador e um fenômeno que ocorre posterior-
mente. A principal característica deste tipo de pesquisa é o fato
de os dados serem coletados após a ocorrência dos eventos.
A pesquisa ex-post-facto é utilizada quando há impossibilida-
de de aplicação da pesquisa experimental, pelo fato de nem
sempre ser possível manipular as variáveis necessárias para
o estudo da causa e do seu efeito (FONSECA, 2002, p. 32).

Um exemplo de aplicação desse tipo de pesquisa e o estudo da evasão es-


colar, na procura de suas causas (GERHARDT; SILVEIRA. 2009).

Estudo de caso: Amplamente utilizada nas ciências biomédicas e sociais.


“Consiste no estudo profundo e exaustivo de um ou poucos objetos, de maneira
que permita seu amplo e detalhado conhecimento” (GIL, 2002, p. 54).

Um estudo de caso pode ser caracterizado como um estudo


de uma entidade bem definida como um programa, uma ins-
tituição, um sistema educativo, uma pessoa, ou uma unidade
social. Visa conhecer em supõe ser única em muitos aspectos,
procurando descobrir o que há nela de mais essencial e carac-
terístico. O pesquisador não pretende intervir sobre o objeto a
ser estudado, mas revelá-lo tal como ele o percebe. O estudo
de caso pode decorrer de acordo com uma perspectiva inter-
pretativa, que procura compreender como é o mundo do ponto
de vista dos participantes, ou uma perspectiva pragmática, que
visa simplesmente apresentar uma perspectiva global, tanto
quanto possível completa e coerente, do objeto de estudo do
ponto de vista do investigador (FONSECA, 2002, p. 33).

Muito utilizado em pesquisas exploratórias (PEREIRA et al., 2018). Se utiliza


de entrevistas estruturadas e não estruturadas, observação de acontecimentos,

65
Metodologia do Trabalho Científico

entre outras técnicas de pesquisa. Ainda pode-se citar algumas utilizações para o
estudo de caso, para os seguintes propósitos (GIL, 2002, p. 54):

a) explorar situações da vida real cujos limites não estão cla-


ramente definidos;
b) preservar o caráter unitário do objeto estudado;
c) descrever a situação do contexto em que está sendo feita
determinada investigação;
d) formular hipóteses ou desenvolver teorias; e
e) explicar as variáveis causais de determinado fenômeno em
situações muito complexas que não possibilitam a utilização de
levantamentos e experimentos.

Pesquisa participante: “A pesquisa participante rompe com o paradigma de


não envolvimento do pesquisador com o objeto da pesquisa” (FONSECA, p. 34,
2002). Assim, há a interação do investigador assumindo uma função no grupo a
ser pesquisado, permitindo a observação das ações no momento que ocorrem.
O grupo investigado tem ciência da identidade do pesquisador, da finalidade da
pesquisa e dos objetos pesquisados (DENCKER; DA VIA, 2002).

Pesquisa-Ação: Para Fonseca (2002, p. 34), a pesquisa-ação:

Pressupõe uma participação planejada do pesquisador na situ-


ação problemática a ser investigada. O processo de pesquisa
recorre a uma metodologia sistemática, no sentido de transfor-
mar as realidades observadas, a partir da sua compreensão,
conhecimento e compromisso para a ação dos elementos en-
volvidos na pesquisa.

Thiollent (1985, p. 14) define como:

Um tipo de investigação social com base empírica que é con-


cebida e realizada em estreita associação com uma ação ou
com a resolução de um problema coletivo no qual os pesquisa-
dores e os participantes representativos da situação ou do pro-
blema estão envolvidos de modo cooperativo ou participativo.

1 A pesquisa científica se utiliza do método científico para auxiliar e


conduzi-la de maneira correta. Defina o que é o método e cite ao
menos 3 métodos que são utilizados em pesquisas científica.

2 A pesquisa científica se utiliza de vários procedimentos de meto-


dológicos, para alcançar respostas conforme o problema propos-
to. Abaixo segue alguns desses procedimentos. Assim, relacione o
procedimento com o seu significado e assinale a resposta correta:

66
Capítulo 2 Procedimentos Metodológicos

I- Pesquisa Experimental
II- Pesquisa Bibliográfica
III- Pesquisa documental
VI- Pesquisa Participante
V- Estudo de caso

( ) É um estudo de uma entidade bem definida como um programa,


uma instituição, um sistema educativo, uma pessoa, ou uma uni-
dade social.
( ) É o estudo em fontes publicadas como: livros, artigos e revistas
eletrônicas.
( ) É o estudo de um objeto, selecionar as variáveis com potencial
para influencia-lo, identifica as formas de controle e observação
dos efeitos que a variável produz no objeto.
( ) É o estudo onde há a interação do investigador assumindo uma
função no grupo a ser pesquisado, permitindo a observação das
ações no momento que ocorrem.
( ) É o estudo que recorre a fontes mais diversas e sem o tratamento
analítico, como: tabelas, jornais, relatórios, documentos oficiais,
cartas, filmes e acervos de museus ou órgãos públicos.

a) ( ) I - II - III - IV - V
b) ( ) II - V - II - IV - III
c) ( ) V - II - I - V - III
d) ( ) III - V - I - II - IV

UMA MENTE BRILHANTE

67
Metodologia do Trabalho Científico

O drama mostra a vida de John Nash, um matemático brilhante


que conduziu pesquisas de enorme impacto para a comunidade cien-
tífica internacional. Tudo muda quando ele é convidado pelo Pentá-
gono para decifrar conversas criptografadas, e sua saúde mental, já
bastante debilitada, começa a se deteriorar ainda mais. O que ensina
sobre a vida acadêmica? O drama mostra um ídolo do mundo cientí-
fico que conseguiu espaço apesar de limitações severas, neste caso
psiquiátricas. O filme é interessante por mostrar o acolhimento incon-
dicional da comunidade científica a Nash, bem como as fronteiras
tênues entre a genialidade e a loucura. John Forbes Nash Jr., mesmo
lutando contra a doença foi ganhado do prêmio Nobel.

“A beautiful mind”
Diretor: Ron Howard
Ano: 2001

Fonte: https://bit.ly/3rYJeo8

3 COLETA E ANÁLISE DE DADOS


A coleta de dados para sua pesquisa é de suma importância. É através dos da-
dos coletados, analisados e apresentados que se legitima a pesquisa. Neste ponto
da pesquisa, o pesquisador colocará em prática o delineamento de sua pesquisa
através dos procedimentos escolhidos. É importante que você descreva a organi-
zação e os procedimentos metodológicos que utilizou, e as técnicas de coleta de
dados que foram utilizadas (bibliografias, documentos, questionários, entrevistas e
observação), e de onde se originaram as coletas, identificando as fontes.

a) Coleta bibliográfica: Já vimos anteriormente o que se trata da pesqui-


sa bibliográfica. Agora você precisará selecionar os materiais, realizar as
leituras e dessa forma referenciar sua pesquisa através das publicações
de outros pesquisadores, fundamentando com visões de compactuam
ou não, com o tema proposto em sua pesquisa. Procure realizar uma
“discussão” (diálogo teórico) entre os autores pesquisados e intercalando
com suas conclusões.
b) Documental: Trata-se da coleta em fontes “originais”, sem um trata-
mento analítico, em muitos casos são documentos sem um teor cientí-
fico aparente, por exemplo: Filmes, jornais, folhetos, cartas e entre ou-
tros. Porém pode ser considerada fontes de informação históricas ou de

68
Capítulo 2 Procedimentos Metodológicos

dados. A coleta documental tem sido largamente utilizada nas ciências


sociais e na investigação histórica a fim de descrever e ou comparar
fatos sociais, estabelecendo tendências ou características em comum
(GERHARDT; SILVEIRA, 2009).
c) Questionário: É definido por Fonseca como:

[...] um instrumento de pesquisa constituído por uma série de


perguntas organizadas com o objetivo de levantar dados para
uma pesquisa, cujas respostas dadas pelo elemento ou pelo
pesquisador sem a assistência direta ou orientador do investi-
gador (FONSECA, 2002, p. 58).

Tem como objetivo levantar opiniões, crenças, sentimentos, interesses, ex-


pectativas, situações vivenciadas (GERHARDT; SILVEIRA, 2009, p. 69).

Para a elaboração do questionário, é preciso contemplar um cabeçalho ex-


plicando a natureza da pesquisa. O questionário deve estar interligado com os
objetivos da pesquisa, pois as respostas apresentadas, após a aplicação, possi-
bilitarão a testagem das hipóteses ou esclarecerão a problemática proposta pela
pesquisa.

Outro fator muito importante é o pré-teste, conforme ressalta Fonseca (2002,


p. 58):

Antes da aplicação do questionário deverá ser realizado um pré-


-teste num universo reduzido, para que se possam corrigir eventu-
ais erros de formulário ou de disposição das questões. A pré-tes-
tagem consiste numa coleta de dados realizada com elementos
do mesmo tipo daqueles a quem as respostas serão solicitadas.

TABELA 2 – VANTAGENS E DESVANTAGENS DO USO DE QUESTIONÁRIOS

VANTAGENS DESVANTAGENS
* Economiza tempo e viagens e obtém grande * É pequena a percentagem dos questionários
número de dados. que voltam.
* Atinge maior número de pessoas simultanea- * Deixa grande número de perguntas sem res-
mente. postas.
* Abrange uma área geográfica mais ampla. * Não pode ser aplicado a pessoas analfabetas.
* Economiza pessoal, tanto em treinamento * Não é possível ajudar o informante em ques-
quanto em trabalho de campo. tões mal compreendidas.
* Obtém respostas mais rápidas e mais precisas. * Leva a uma uniformidade aparente devido à dificul-
* Propicia maior liberdade nas respostas, em dade de compreensão por parte dos infor- mantes.
razão do anonimato. * Uma questão pode influenciar outra quando
* Dá mais segurança, pelo fato de suas respos- é feita a leitura de todas as perguntas antes do
tas não serem identificadas. início das respostas.

69
Metodologia do Trabalho Científico

* Expõe a menos riscos de distorções, pela não * A devolução tardia prejudica o calendário ou
influência do pesquisador. sua utilização.
* Dá mais tempo para responder, e em hora * O desconhecimento das circunstâncias em que
mais favorável. foram preenchidos torna difícil o controle ea ve-
* Permite mais uniformidade na avaliação, em rificação.
virtude da natureza impessoal do instrumento. * Nem sempre é o escolhido quem responde ao
* Obtém respostas que materialmente seriam questionário, invalidando, portanto, as respostas.
inacessíveis. * Exige um universo mais homogêneo.
FONTE: Adaptado de Gerhardt e Silveira (2009)

Gil (2017) relaciona 3 tipos de questões: Questões fechadas; Questões


abertas; e Questões relacionadas.

Questões fechadas: é apresentado ao respondente um conjunto de alterna-


tivas predeterminada de resposta, para que seja escolhida a melhor alternativa ou
a que mais representa sua situação ou ponto de vista.

Exemplo:
Deseja aprender inglês?
( ) Sim ( ) Não

Segundo Fonseca (2002, p. 59), “Ao propor questões fechadas, o pesqui-


sador priva-se de informações que, em alguns casos, poderiam ser úteis, pôs tal
motivo são as vezes vantajoso das a possibilidade de uma resposta “aberta””.

Essa possibilidade também pode ser denominada como questões mistas:

Qual seu time de futebol?


( ) Flamengo ( ) Vasco ( ) Fluminense ( ) Sem time
( ) Outro _______________________________

Questões abertas: é apresentado ao respondente perguntas que poderá


responder de forma livre, como desejar formular a resposta, deixando um espaço
em branco para a transcrição, seja pelo próprio punho do respondente. Porém a
análise e tabulação das respostas pode se tornar mais complexa.

Exemplo:

Como você considera a atual gestão do presidente da república?


_____________________________________________________________
_________________________________________________________________
70
Capítulo 2 Procedimentos Metodológicos

_________________________________________________________________
___________________________________________

Questões relacionadas: São questões que possuem dependência, por


exemplo:

Você pratica algum esporte?


( ) Sim (responda à questão seguinte)
( ) Não (responda à questão número 11)
Qual o seu esporte preferido?
( ) Natação ( ) Corrida ( ) Futebol ( ) Outro_________________

Confira algumas regras para a elaboração de um questionário:

A elaboração de um questionário consiste basicamente em tra-


duzir os objetivos específicos da pesquisa em itens bem redigidos.
Naturalmente, não existem normas rígidas a respeito da elaboração
do questionário. Todavia, é possível, com base na experiência dos
pesquisadores, definir algumas regras práticas a esse respeito:

• As questões devem ser preferencialmente fechadas, mas com alternati-


vas suficientemente exaustivas para abrigar a ampla gama de respostas
possíveis;
• Devem ser incluídas apenas as perguntas relacionadas ao problema proposto;
• Não devem ser incluídas perguntas cujas respostas possam ser obtidas
de forma mais precisa por outros procedimentos;
• Devem-se levar em conta as implicações da pergunta com os procedi-
mentos de tabulação e análise dos dados;
• Devem ser evitadas perguntas que penetrem na intimidade das pessoas;
• As perguntas devem ser formuladas de maneira clara, concreta e precisa;
• Deve-se levar em consideração o sistema de referência do entrevistado,
bem como seu nível de informação;
• A pergunta deve possibilitar uma única interpretação;
• A pergunta não deve sugerir respostas;
• As perguntas devem referir-se a uma única ideia de cada vez;
• O número de perguntas deve ser limitado;
• O questionário deve ser iniciado com as perguntas mais simples e finali-
zado com as mais complexas;
• As perguntas devem ser dispersadas sempre que houver possibilidade
de “contágio”;

71
Metodologia do Trabalho Científico

• Convém evitar as perguntas que provoquem respostas defensivas, es-


tereotipadas ou socialmente indesejáveis, que acabam por encobrir sua
real percepção acerca do fato;
• Na medida do possível, devem ser evitadas as perguntas personaliza-
das, diretas, que geralmente se iniciam por expressões do tipo “o que
você pensa a respeito de...”, “na sua opinião...” etc., as quais tendem a
provocar respostas de fuga;
• Deve ser evitada a inclusão, nas perguntas, de palavras estereotipadas,
bem como a menção a personalidades de destaque, que podem influen-
ciar as respostas, tanto em sentido positivo quanto negativo;
• Cuidados especiais devem ser tomados em relação à apresentação grá-
fica do questionário, tendo em vista facilitar seu preenchimento;
• O questionário deve conter uma introdução que informe acerca da enti-
dade patrocinadora, das razões que determinaram a realização da pes-
quisa e da importância das respostas para atingir seus objetivos;
• O questionário deve conter instruções acerca do correto preenchimento
das questões, preferencialmente com caracteres gráficos diferenciados.

Fonte: Adaptado de Gil (2017)

Entrevista

É uma técnica alternativa para coletar dados não documentados sobre algu-
ma temática, uma técnica de interação social (GERHARDT; SILVEIRA. 2009).

Apresenta como vantagem a possibilidade de ser realizada


com todos os segmentos da população, incluindo-se os anal-
fabetos; permite analisar atitudes, comportamentos, reações e
gestos; os dados podem ser analisados de forma quantitativa
e qualitativa; e dá maior flexibilidade ao entrevistador. É impor-
tante ressaltar que essa técnica pode ser desenvolvida indivi-
dualmente ou em grupo (ZANELL, 2013, p. 115).

Marconi e Lakatos (2010, p. 195) ressaltam que:

A entrevista é importante instrumento de trabalho nos vários


campos das ciências sociais ou de outros setores de ativi-
dades, como da Sociologia, da Antropologia, da Psicologia
Social, da Política, do Serviço Social, do Jornalismo, das Rela-
ções Públicas, da Pesquisa de Mercado e outras.

Segundo Gerhardt e Silveira (2009), existe alguns tipos de entrevista, as


mais utilizadas são:

72
Capítulo 2 Procedimentos Metodológicos

Entrevista estruturada: Na entrevista estruturada, segue-se um roteiro pre-


viamente estabelecido, as perguntas são predeterminadas. O objetivo é obter di-
ferentes respostas à mesma pergunta, possibilitando que sejam comparadas. O
entrevistador não tem liberdade.

Entrevista semiestruturada: O pesquisador organiza um conjunto de ques-


tões (roteiro) sobre o tema que está sendo estudado, mas permite e às vezes
até incentiva que o entrevistado fale livremente sobre assuntos que vão surgindo
como desdobramentos do tema principal.

Entrevista não-estruturada: Também é denominada não-diretiva: o entre-


vistado é solicitado a falar livremente a respeito do tema pesquisado. Ela busca a
visão geral do tema. É recomendada nos estudos exploratórios.

Dentro da entrevista não estruturada, existem três tipos:

Entrevista focalizada: Há um roteiro de tópicos relativos ao


problema que se vai estudar e o entrevistador tem liberdade de fazer
as perguntas que quiser: sonda razões e motivos, dá esclarecimen-
tos, não obedecendo, a rigor, a uma estrutura formal. Para isso, são
necessários habilidade e perspicácia por parte do entrevistador. Em
geral, é utilizada em estudos de situações de mudança de conduta.

Entrevista clínica: Trata-se de estudar os motivos, os senti-


mentos, a conduta das pessoas. Para esse tipo de entrevista pode
ser organizada uma série de perguntas específicas.

Não dirigida: Há liberdade total por parte do entrevistado, que


poderá expressar suas opiniões e sentimentos. A função do entrevis-
tador é de incentivo, levando o informante a falar sobre determinado
assunto, sem, entretanto, forçá-lo a responder.

Fonte: Adaptado de Marconi e Lakatos (2010)

As entrevistas podem ser colhidas com uma série de maneiras: filmadas,


desde que autorizada pelo entrevistado; gravada; tomando notas dos que está
sendo dito e entre outros. Busque se preparar para a entrevista, agende o dia e

73
Metodologia do Trabalho Científico

horário com antecedência; garanta a confidencialidade das informações adqui-


ridas; transmita confiança ao entrevistado para que ele expresse a sua opinião
mais sincera; não interfira durante uma resposta; não emita opiniões, seu papel
é entender a opinião do entrevistado. Elabore perguntas que precisam ser mais
descritivas, evitando respostas como sim/não. Procure manter o foco nos objeti-
vos da pesquisa, evitando que o entrevistado saia do tema proposto.

Técnica de observação

A observação é uma técnica que faz uso dos sentidos para conseguir in-
formações na observação de determinados aspectos da realidade. “Não se trata
apenas em ver e ouvir, mas também em examinar fatos ou fenômenos que se
desejam estudar” (MARCONI; LAKATOS, 2010, p. 190). Um exemplo para a utili-
zação da técnica de observação são os estudos antropológicos.

Como as demais técnicas de coleta de dados, a observação possui vanta-


gens e limitações, conforme exemplifica Marconi e Lakatos (2010):

TABELA 4 – VANTAGENS E LIMITAÇÕES DA TÉCNICA DE OBSERVAÇÃO

VANTAGENS LIMITAÇÕES
* Possibilita meios diretos e satisfatórios para * O observado tende a criar impressões favorá-
estudar uma ampla variedade veis ou desfavoráveis no observador.
de fenômenos. * A ocorrência espontânea não pode ser previs-
* Exige menos do observador do que as outras ta, o que impede, muitas vezes, o observador de
técnicas. presenciar o fato.
* Permite a coleta de dados sobre um conjunto * Fatores imprevistos podem interferir na tarefa
de atitudes comportamentais típicas. do pesquisador.
* Depende menos da introspecção ou da refle- * A duração dos acontecimentos é variável: pode
xão. ser rápida ou demorada e os fatos podem ocor-
* Permite a evidência de dados não constantes rer simultaneamente; nos dois casos, toma-se
do roteiro de entrevistas ou de questionários. difícil a coleta dos dados.
* Vários aspectos da vida cotidiana, particular,
podem não ser acessíveis ao pesquisador.
FONTE: Adaptado de Marconi e Lakatos (2010)

A técnica de observação, tem várias modalidades, podendo variar conforme


a circunstância segundo Ander-Egg (apud LAKATOS; MARCONI, 2010):

• Segundo os meios utilizados:


 Observação não estruturada (Assistemática).

74
Capítulo 2 Procedimentos Metodológicos

 Observação estruturada (Sistemática).


• Segundo a participação do observador
 Observação não-participante.
 Observação participante.

Observação Assistemática: Na técnica de observação assistemática ou não


estruturada, também conhecida como simples, você pesquisador, não se envolverá
na situação estudada, apenas observará como os fatos ocorrerão e coletando os
dados obtidos, sem a necessidade de meios técnicos de coleta de dados. “É co-
mumente utilizada em casos de estudos exploratórios, nos quais os objetivos não
estão claramente especificados; pode ser que o pesquisador sinta a necessidade
de redefinir seus objetivos ao longo do processo” (GERHARDT; SILVEIRA, 2009, p.
74). É indicado para estudos de condutas manifestadas na vida social.

Observação Sistemática: A técnica de observação sistemática ou estrutura-


da, também conhecida como planejada ou controlada. Diferente da não estruturada;
utiliza-se dos instrumentos de coleta de dados ou fenômenos observados, podendo
ser utilizada também para o teste de hipóteses. Essa técnica, pode ser aplicada em
campo ou em laboratórios. Deve se realizar em condições controladas, responden-
do assim os propósitos preestabelecidos (LAKATOS; MARCONI, 2010).

Observação não-participante: Em relação à participação do pesquisador, na


observação não-participante o pesquisador tem contato com a comunidade, grupo
ou realidade estudada, mas não interfere, permanece de fora, faz papel de especta-
dor sendo designada de observação passiva. (LAKATOS; MARCONI, 2010).

Observação participante: O observador participa como membro da comu-


nidade ou grupo pesquisado até certo ponto. O propósito da incursão do inves-
tigador é fazer parte da comunidade, ser participante da cultura, dos costumes;
ganhar a confiança do grupo para ter acesso aos comportamentos e opiniões da
comunidade investigada para a obtenção dos dados mais fidedignos possíveis.

Este tipo de observação foi introduzido nas ciências sociais


pelos antropólogos no estudo das chamadas sociedades pri-
mitivas. A técnica de observação participante ocorre pelo con-
tato direto do pesquisador com o fenômeno observado. Obtém
informações sobre a realidade dos atores sociais em seus pró-
prios contextos (GERHARDT; SILVEIRA, 2009, p. 75).

3 Durante uma pesquisa científica, é necessária a coleta de dados,


e uma fora de coleta de dados é o questionário. Cite ao menos

75
Metodologia do Trabalho Científico

três regras básicas que devem ser levadas em consideração na


formulação das questões.

3.1 ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE


DADOS

Após verificarmos todas as formas de coleta de dados e a escolha delas,
será necessário definir as formas de análise e interpretação dos dados coletados.

A análise e interpretação dos dados, constituem o núcleo central da pesquisa


(LAKATOS; MARCONI, 2010). “Tem por objetivo reduzir grandes quantidades de
dados brutos a uma forma interpretável e mensurável” (ZANELL, 2013, p. 123).

A análise e a interpretação são duas atividades distintas, porém, relaciona-


das e, como processo, envolvem duas operações (LAKATOS; MARCONI, 2010):

Análise: Procura evidenciar as relações existentes entre os fenômenos es-


tudados de maneira organizada e coerente, com o propósito de responder ao pro-
blema da pesquisa.

Interpretação: Proporciona um significado mais amplo às respostas, fazen-


do relação aos outros conhecimentos.

O procedimento para análise de dados pode ser de caráter quantitativo e


qualitativo:

Análise de dados quantitativos: Para pesquisas quantitativas utiliza-se


a análise estatística, com duas finalidades: descrever hipóteses, utilizando a
estatística descritiva e testar hipóteses, utilizando a estatística inferencial
(ZANELL, 2013).

Estatística descritiva: É representada por uma série de técnicas que tem


como finalidade descrever, resumir e apresentar de maneira gráfica os dados da
pesquisa (ZANELL, 2013).

Estatística inferencial: Da mesma maneira que a descritiva, a inferencial é


representada por uma série de técnicas que são utilizadas para identificar e ca-
racterizar as relações entre as variáveis. (ZANELL, 2013).

76
Capítulo 2 Procedimentos Metodológicos

TABELA 5 – FERRAMENTAS DE ANÁLISE DESCRITIVA E INFERENCIAL

ESTATÍSTICA DESCRITIVA ESTATÍSTICA inferencial


* Distribuição de frequência: é o conjunto das * Teste de hipóteses: conjunto de procedimentos
frequências relativas observadas para um deter- para se cal­cular a probabilidade da diferença en-
minado fenômeno. tre duas médias [ou dois percentuais] ser devida
* Testes de aderência: são procedimentos para ao acaso.
a identificação de uma distribuição de probabi- * Diagrama de dispersão: é a representação de duas
lidade a partir de um conjunto de frequências ou mais variáveis através de gráficos cartesianos no
usando a Lei dos Grandes Números. qual cada eixo representa uma das variáveis.
* Coeficiente de correlação: é uma forma de se
* Medidas da tendência central: são ferramentas identificar a existência ou não de uma relação
para ajudar-nos a conhecer certas tendências, entre duas variáveis e, caso ela exista, de quan-
características da amostra. São: média, modal, tificar tal relação.
mediana. * Análise de regressão: técnica estatística que
* Medidas de dispersão: são medidas da varia- busca caracterizar a relação entre variáveis to-
ção de um conjunto de dados em torno da mé- mando uma dada variável que se quer prever
dia, ou seja, da maior ou menor variabilidade dos [variável dependente] e observando a sua varia-
resultados obtidos. Inclui: a amplitude, o desvio ção em função de uma ou mais variáveis [variá-
médio, a variância, o desvio padrão, o erro pa- veis independentes].
drão e o coeficiente de variação. * Curvas de sobrevida: a análise do tempo que
decorre até a ocorrência de um evento, envolve
a estimativa da probabilidade de que um evento
ocorrerá em diferentes períodos. A análise de
sobrevivência estima a probabilidade de sobre-
vivência como uma função do tempo, a contar de
um ponto de partida, que pode ser, por exemplo,
a data de um diagnóstico ou de uma intervenção.
* Análises de séries temporais: conjunto de téc-
nicas estatís­ticas orientadas para a identificação
das tendências de uma ou mais variáveis em
função do tempo.
* Análises multivariadas: são ferramentas ana-
líticas que per­mitem um insight bastante signi-
ficativo acerca de fenômenos complexos envol-
vendo múltiplas dimensões, identificando certos
padrões básicos que emergem de uma profusão
de variáveis em interação.
FONTE: Adaptado de Zanell (2013)

Análise de dados qualitativos: Para pesquisas qualitativas, pode-se utilizar


duas práticas de análise: análise de conteúdo e análise do discurso (GERHARDT;
SILVEIRA, 2009):

77
Metodologia do Trabalho Científico

Análise de conteúdo: Segundo Bardin (2016), ela representa um conjunto


de técnicas de análise das comunicações que visam a obter, por procedimentos
sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens, indicadores
(quantitativos ou não) que permitam a verificação das verdades e de conhecimen-
tos relativos à produção e à recepção das mensagens. Nessa análise, o pesqui-
sador busca compreender todos os aspectos, estruturas ou modelos que fazem
parte da mensagem. É preciso que o analista entenda o sentido da comunicação,
como se fosse destinatário e receptor da mensagem, e, principalmente, procurar
um novo entendimento, buscando novo significado, nova mensagem.

A organização da análise de conteúdo segundo Bardin, possui


três fazes:

Pré-análise: organização do que vai ser analisado; exploração


do material por meio de várias leituras; também é chamada de “leitu-
ra flutuante”.

Exploração do material: é o momento em que se codifica o ma-


terial; primeiro, faz-se um recorte do texto; após, escolhem-se regras
de contagem; e, por último, classificam-se e agregam-se os dados,
organizando-os em categorias teóricas ou empíricas.

Tratamento dos resultados: nesta fase, trabalham-se os dados


brutos, permitindo destaque para as informações obtidas, as quais
serão interpretadas à luz do quadro.

Fonte: Adaptado de Gerhardt e Silveira (2009)

Análise do discurso: Tem como objetivo a análise da linguagem utilizada


nos textos escritos ou nos relatos (discurso) falados. Propõe-se a uma reflexão
levando em conta a produção e a compreensão dos textos de diversos campos:
religioso, filosófico, jurídico e sociopolítico. Segundo Zanell (2013, p. 126), essa
técnica segue alguns passos, como: “identificação do repertório que envolve a
transcrição das entrevistas, o isolamento das similaridades ou diferenças nas res-
postas e a classificação das abordagens por títulos.”.

78
Capítulo 2 Procedimentos Metodológicos

TABELA 6 – COMPARAÇÃO ENTRE ANÁSE DE CONTEÚDO E DO DISCURSO

ANÁLISE DE CONTEÚDO ANÁLISE DO DISCURSO


A interpretação da análise de conteúdo poderá A interpretação poderá ser somente qualitativa.
ser tanto quantitativa quanto qualitativa.
Trabalha com o conteúdo, espera compreender Trabalha com o sentido (que o sujeito manifesta
o pensamento do sujeito através do conteúdo em seu discurso), e não com o conteúdo.
expresso no texto.
Supõe a transparência da linguagem. Supõe que a linguagem não é transparente, mas
opaca.
Visa no texto justamente uma série de significa- O analista fará uma leitura do texto enfocando
ções que o codificador detecta por meio de indi- a posição discursiva do sujeito, legitimada so-
cadores que a ele estão ligados. cialmente pela união social, da história com a
ideologia, que produz sentidos.
FONTE: Adaptado de Gerhardt e Silveira (2009)

Para maior detalhamento de todos os processos de análise de


dados, procure consultar o livro de Laurence Bardim, com o título
Análise de Conteúdo, da Editora Edições 70. Boa leitura.

4 PROJETO DE PESQUISA
Acadêmico, você estudou até aqui todos os conceitos e metodologias para
melhor compreensão das etapas de uma pesquisa, agora chegou o momento de
colocar em prática esses conhecimentos e desenvolver a pesquisa propriamente
dita e, para isso, veremos a partir de agora como estruturar um “plano de pesqui-
sa” denominado: projeto de pesquisa. O projeto de pesquisa segundo a ABNT
(2011) é uma descrição da estrutura de um empreendimento a ser realizado, ou
seja, é a estruturação, o esboço, o planejamento da pesquisa, que lhe auxiliará na

79
Metodologia do Trabalho Científico

construção do seu trabalho final. Mas não se preocupe iremos ver todas as etapas
desse planejamento. Vamos lá?

FIGURA 4 – PROJETO DE PESQUISA

FONTE: <http://www.praticadapesquisa.com.br/2013/05/charge-
atropelando-monografia.html>. Acesso em: 30 out. 2021.

4.1 PLANEJAMENTO DA PESQUISA


Existe vários elementos que precisam ser definidos para a elaboração do
projeto. Não existe um único modelo de projeto, pois vários autores listam ele-
mentos distintos entre si. Porém, existem algumas exigências metodológicas co-
muns em todos os projetos de pesquisa (MIRANDA, 2004).

Gil (2002, p. 20) ressalta ainda que:

80
Capítulo 2 Procedimentos Metodológicos

Não há, evidentemente, regras fixas acerca da elaboração de


um projeto. Sua estrutura é determinada pelo tipo de proble-
ma a ser pesquisado e também pelo estilo de seus autores.
É necessário que o projeto esclareça como se processará a
pesquisa, quais as etapas que serão desenvolvidas e quais os
recursos que devem ser alocados para atingir seus objetivos.

Por mais que exista vários elementos que possam ser utilizados, abaixo
segue as etapas mais comuns e que ajudará você acadêmico a estruturar seu
projeto de pesquisa. Não esqueça de anotar cada etapa, fazendo um esboço,
isso será de suma importância, facilitará a visualização do passo a passo de seu
planejamento.

Definição do tema: A primeira etapa do planejamento é a escolha/definição


do tema, ou seja, o assunto que será investigado. Você deve escolher um tema
que irá produzir conhecimentos e novas descobertas para o avança da ciência,
no entanto procure uma temática que também seja de seu interesse, pois uma te-
mática que não lhe traz curiosidade ou motivação em ler e pesquisar, dificilmente
você conseguirá concluir com êxito a sua pesquisa. Assim quanto mais interesse
você possuir pela temática, mas prazeroso será todo o processo de desenvolvi-
mento de sua pesquisa.

A escolha do tema pode ser a decisão mais difícil desse processo, mas como
já foi tido anteriormente, busque um assunto de seu interesse. Reflita sobre as
disciplinas que você cursou durante sua pós-graduação e recorde as temáticas
que mais lhe suscitarão curiosidade. Ou ainda, se a temática que você utilizou
para realizar a sua monografia da graduação se encaixe na área de sua pós-
-graduação, poderá ser uma ótima oportunidade para continuar os estudos dentro
desse assunto. Lembre-se que o assunto escolhido precisa ser atual (relevância),
para que você não tenha dificuldades para encontrar materiais para a pesquisa
(possibilidade da pesquisa) e/ou a sua pesquisa pode não trazer interesse da
área acadêmica em ler, estudar e discutir sobre uma temática ultrapassada; lem-
bre-se que a sua pesquisa pode lhe dar visibilidade na carreira acadêmica, caso
você consiga uma publicação.

Delimitar o tema: Após a escolha da temática/assunto que você irá pesqui-


sar, é preciso delimitar o tema. A delimitação do tema é o refinamento da temática,
pode ser definido como o afunilamento de um assunto. Zanell (2013) relata que
delimitar o tema é colocar uma moldura, fazer um recorte da temática, é a coloca-
ção de fronteiras na pesquisa.

Para que você compreenda melhor a delimitação do tema, veja alguns exem-
plos:

81
Metodologia do Trabalho Científico

TABELA 6 – DELIMITAÇÃO DO TEMA

ÁREA TEMA DELIMITAÇÃO DO TEMA


História Colonização Colonização de Blumenau
Administração Capacitação e desenvolvimento Mapeamento de competências
de pessoas
Qualidade Qualidade Total Implantação da Qualidade Total nas empresas
metalúrgicas de São Bernardo do Campo.
FONTE: O autor (2022)

Após a definição do tema e a delimitação dele, é preciso colher informações


sobre o ele, conhecer os principais autores desse campo de conhecimento, bus-
car as publicações cientificas e as últimas descobertas em pesquisas desenvolvi-
das. O caminho para essa atividade é o levantamento de dados.

Levantamento de dados (revisão de literatura): O levantamento ou revisão


de literatura consiste na busca de teorias já publicadas que contribuem para a
fundamentação teórica de sua pesquisa. As técnicas mais comuns para o levanta-
mento de dados é a pesquisa bibliográfica e pesquisa documental.

Para a pesquisa bibliográfica: você poderá pesquisar em


acervo de bibliotecas; livros; periódicos especializados: revistas cien-
tíficas; trabalhos acadêmicos: monografias, dissertações e teses e
anais de eventos científicos. Importante é buscar diferentes corren-
tes teóricas e pontos de vista de autores para ampliar e sedimentar a
posição que o pesquisador adotará na investigação.

Para pesquisa documental: em publicações gerais: jornais e


revistas especializadas ou não; governamentais: documentos publi-
cados pelos governos federal, estadual e municipal e as institucio-
nais: ligadas a instituições de pesquisa, universidades e organiza-
ções não-governamentais.

Fonte: Adaptado de Zanell (2013)

O levantamento de dados ajudará você acadêmica na ampliação do conheci-


mento sobre o tema, lhe permitirá a formulação do problema, possibilitará a defini-

82
Capítulo 2 Procedimentos Metodológicos

ção dos objetivos e a escolha dos procedimentos metodológicos, posteriormente,


auxiliará na construção e interpretação de sua pesquisa.

Ficou curioso com alguns desses novos termos? Não se preocupe que ve-
remos todos esses termos mais detalhadamente durante o estudo, mas agora
vamos estudar um pouco mais sobre o levantamento de dados, que tem como
primícias o processo de leitura.

Segundo Marconi e Lakatos (2010), a leitura está fundamentada em quatro


etapas de sintetização:

• Exploratória: É uma leitura de sondagem, para localizar informações so-


bre o tema, procurando obter ter uma visão geral do que já foi publicada.

• Leitura Seletiva: Consiste na seleção das informações mais importantes


em relação ao tema proposto. Através de uma leitura mais superficial,
selecionar ou eliminar os materiais coletados anteriormente.

• Leitura Crítica: Implica em avaliar as informações, diferenciando as


ideias principais das segundarias, listando em ordem de importância. “O
propósito é obter, de um lado, uma visão sincrética e global do texto e, de
outro, descobrir as intenções do autor”. Assim, no primeiro momento de-
ve-se entender o que o autor quis transmitir, ou seja, a visão, o propósito
do autor e posteriormente refletir sobre a perspectiva do autor, as nossas
próprias conclusões (MARCONI; LAKATOS, 2010, p. 22).

• Leitura Interpretativa: Tem como proposito a construção da base teórica


para a fundamentação da sua pesquisa, relacionando as afirmações do
autor com o problema da pesquisa (aquilo que se quer provar/comprovar).

Formulação do problema (problematização): A formulação do problema


consiste em transmitir de maneira clara, qual é a dificuldade que se pretende re-
solver, limitando sua abrangência e esclarecendo suas características (GERHAR-
DT; SILVEIRA, 2009).

Miranda (2004, p. 45) relata que o problema de pesquisa:

É ele que vai direcionar toda a pesquisa. Toda investigação


nasce de um problema teórico ou prático, e dirá o que é rele-
vante ou irrelevante observar, os dados que devem ser sele-
cionados. A partir desta seleção, se definirá uma questão que
servirá de guia ao pesquisador, um problema e uma sentença
interrogativa.

83
Metodologia do Trabalho Científico

Portanto, a formulação do problema tem o objetivo de responder uma per-


gunta, uma questão sem solução momentânea, em relação ao tema proposto na
sua pesquisa. Mas não se esqueça, essa “questão, precisa ter probabilidade de
ser solucionada/respondida através da própria pesquisa e da coleta de dados que
você for utilizar.

Segundo Schrader (1974 apud LAKATOS; MARCONI, 2010, p. 127), para


que um problema seja cientificamente válido, devem-se considerar as seguintes
questões:

Pode o problema ser anunciado em forma de pergunta?

Corresponde a interesses pessoais, sociais e científicos, isto


é, de conteúdo e metodológicos? Estes interesses estão har-
monizados?
Constitui-se o problema em questão científica, ou seja, relaciona
entre si pelo menos dois fenômenos (fatos, variáveis)?
Pode ser objeto de investigação sistemática, controlada e crítica?
Pode ser empiricamente verificado em suas consequências?

Veja abaixo alguns exemplos de pergunta de pesquisa:

1 - Quais os fatores que geram dificuldades de aprendizagem aos alunos da
turma abc da escola x?
2 - Quais os motivos da alta rotatividade de funcionários do setor Y da em-
presa B?
3 - Qual é a relação entre cultura organizacional e o desempenho funcional
dos administradores?

Geração/definição de Hipóteses: Após a definição do problema (problema-


tização da pesquisa), o próximo passo é oferecer uma possível solução, mediante
uma proposição, ou seja, uma alternativa descritiva em relação ao problema apre-
sentado anteriormente, para ser comprovada (através da pesquisa) como sendo
verdadeira ou falsa. A essa proposição é dada o nome hipótese. Assim, a hipótese
é a proposição testável que pode vir a ser a solução do problema (GIL, 2017).

Zanell (2013, p. 56) define hipótese como sendo:

Afirmações provisórias sobre de­terminado fenômeno em es-


tudo. São afirmações que indicam, da mesma forma que as
questões de pesquisa, os caminhos, direcionando a investi­
gação. Essas afirmações devem ser testadas e comprovadas
ou rejeitadas.

Para Miranda (2004, p. 46), hipóteses são:

84
Capítulo 2 Procedimentos Metodológicos

Formulações sobre relações entre variáveis, conduzem a im-


plicações claras para o teste da relação formulada. Logo a for-
mulação de hipóteses contém duas ou mais variáveis que são
mensuráveis e que as variáveis estão relacionadas.

Portanto, a hipótese é uma proposta de resposta ao problema de pesquisa,


que deve ser testada para a sua comprovação. Aliado a isso a formulação da hi-
pótese deve considerar uma ou mais variáveis que se relacionam na obtenção da
resposta.

Para Marconi e Lakatos (2010), há várias maneiras de formular uma hipóte-


se, porém, a mais comum é “se x, então y”, onde x e y são variáveis ligadas entre
si pelas palavras “se” e “então”.

Vamos ver alguns exemplos?

Exemplo 1: “Se privação na infância, então deficiência na reali-


zação escolar mais tarde”

Exemplo 2: “Se elevado grau de desorganização interna na fa-


mília (carente), então (maior probabilidade de) marginalização do
menor”

Fonte: Adaptado de Marconi e Lakatos (2010)

Determinação dos objetivos: Após a definição das etapas anteriores agora


chegou o momento de definir os objetivos da pesquisa, ou seja, os propósitos
a serem alcançados com o estudo. Portanto em uma definição simplificada os
objetivos demostram o que se pretende investigar. Desse modo, pode-se afirmar
que se o problema é a questão a ser investigada, o objetivo é o resultado a se
alcançar (ZENELL, 2013).

A determinação dos objetivos significa a definição com precisão e clareza o


que se pretende alcançar com a pesquisa em dois aspectos: Geral e Específicos.

Geral: “Os objetivos gerais são pontos de partida, indicam uma direção a se-
guir” (GIL, 2017, p. 75). É o fim que se pretende alcançar, relaciona à ideia central
da pesquisa, serve de “fio condutor” do estudo”. Está vinculado à compreensão

85
Metodologia do Trabalho Científico

geral do estudo, ao problema da pesquisa. Levará ao tratamento e a defesa do


que foi proposto na tese (MARCONI; LAKATOS, 2002, p. 45).

O objetivo geral é mais amplo, mais ou menos abstrato, porém


claro, a ser resolvido pela pesquisa. A frase deve ser iniciada com um
verbo abrangente e na forma infinitiva. Envolvendo o cenário da pes-
quisa (empresa/cidade/grupo/produto) e uma complementação que
apresente a finalidade.

Exemplo 1: propor um plano de marketing para a empresa Z em


Florianópolis (SC).

Exemplo 2: analisar a dificuldade de aprendizagem dos alunos


da turma x de um colégio de Belém.

Fonte: Adaptado de Silva e Urbaneski (2009)

Específico: Trata-se da apresentação detalhada do objetivo geral, são mais


restritos, intermediários especificando o tema geral, ou seja, os objetivos especí-
ficos, possibilitam a investigação do objetivo geral, redefinindo, esclarecendo e
delimitando (GIL, 2017).

Segundo Miranda (2004), o objetivo específico é o detalhamento do objetivo


geral e deve ser formulado levando em consideração os seguintes critérios:

• Devem ser formulados com o verbo no infinitivo, que define a ação ao


ser cumprida.
• São intermediários e instrumentais permitindo atingir os objetivos gerais.
• Deve-se tomar cuidados com o uso dos verbos nos objetivos gerais e
específicos, pois os que forem empregados nos objetivos gerais devem
ser de maior significado e amplidão.
• Os verbos utilizados nos objetivos gerais devem ser de maior significado
que os dos específicos.

Segundo Silva e Urbaneski (2009), os objetivos específicos, devem ser ini-


ciados com verbos que admitam poucas interpretações, por exemplo:

86
Capítulo 2 Procedimentos Metodológicos

• Analisar o ambiente externo e interno da empresa.


• Estabelecer objetivos e metas.
• Definir estratégias e ações para o alcance dos objetivos do plano.
• Apresentar as despesas para a possível execução.

TABELA 7 –VERBOS PARA A DELIMITAÇÃO DOS


OBJETIVOS (GERAIS E ESPECÍFICOS)

ÁREA VERBOS
Registrar, enunciar, citar, exemplificar, descrever, identificar, medir, classificar, no-
Conhecimento mear, relacionar, distinguir, ordenar, definir, relatar, expressar, estabelecer, inscre-
ver, reconhecer, enumerar, especificar etc.
Concluir, determinar, estimar, ilustrar, interpretar, predizer, preparar, narrar, relatar,
traduzir, descrever, localizar, reorganizar, transcrever, demonstrar, diferenciar, ex-
Compreensão
primir, inferir, modificar, revisar, prever, representar, transformar, derivar, discutir,
extrapolar, interpolar, transmitir etc.
Empregar, ilustrar, operar, selecionar, demonstrar, esboçar, traçar, estruturar, in-
Aplicação ventariar, interpretar, usar, desenvolver, organizar, dramatizar, generalizar, relacio-
nar, praticar, exercitar, propor etc.
Analisar, comparar, debater, discutir, investigar, calcular, discriminar, identificar,
Análise examinar, combinar, contrastar, detectar, experimentar, provar, categorizar, corre-
lacionar, diferenciar, distinguir etc.
Comunicar, originar, planejar, organizar, especificar, formular, produzir, coordenar,
Síntese construir, conjugar, compor, documentar, criar, esquematizar, dirigir, elaborar, co-
dificar, propor, articular etc.

FONTE: Adaptado de Silva e Urbaneski (2009)

Vamos ver dois exemplos de delimitação dos objetivos seguindo


todo o processo de delimitações?

Exemplo 1:
Tema: Motivação
Tema Delimitado: Fatores motivacionais dos colaboradores da
empresa x.
Transformação do tema em problema: Quais os fatores que
motivam os colaboradores da empresa x da cidade y?
Objetivo geral: Analisar os fatores que motivam os colaborado-
res da empresa x da cidade y.

87
Metodologia do Trabalho Científico

Objetivos específicos:
• averiguar os conceitos de motivação e de recursos humanos;
• apresentar as atividades oferecidas pela empresa aos colabora-
dores;
• identificar a percepção dos colaboradores sobre as atividades;
• verificar as atividades que os colaboradores gostariam que fos-
sem desenvolvidas.

Exemplo 2
Tema: Dificuldades de aprendizagem
Tema Delimitado: Dificuldades de aprendizagem referentes à
afetividade
Transformação do tema em problema: Qual a relação entre
afetividade e dificuldade de aprendizagem dos alunos da turma x de
um colégio de Belém em relação à afetividade?
Objetivo geral: Analisar a dificuldade de aprendizagem dos alu-
nos da turma x de um colégio de Belém em relação à afetividade.
Objetivos específicos:
• verificar a importância da afetividade no processo ensino-aprendi-
zagem;
• identificar as relações afetivas (familiares e escolares) dos alunos;
• apresentar as principais dificuldades de aprendizagem dos alunos.

Fonte: Adaptado de Silva e Urbaneski (2009)

Justificativa: Tem por objetivo apresentar o “por quê” da pesquisa. Deve ser
constituída de uma “exposição sucinta, porém completa, das razões de ordem
teórica e dos motivos de ordem prática que tornam importante a realização da
pesquisa”. (MARCONI; LAKATOS, 2010, p. 219). “Apresenta a relevância técnica,
científica, social e pessoal da pesquisa. Deve apontar os motivos que justificam
do ponto de vista teórico e prático e as contribuições para a compreensão do pro-
blema” (FONSECA, 2002, p. 52).

Segundo Gil (2017), pode-se incluir os seguintes elementos:

• Fatores que determinaram a escolha do tema, sua relação com a expe-


riência profissional ou acadêmica do autor, assim como sua vinculação à
área temática e a uma das linhas de pesquisa do curso de pós-graduação.
• Argumentos relativos à importância da pesquisa, do ponto de vista teóri-
co, metodológico ou empírico.

88
Capítulo 2 Procedimentos Metodológicos

• Referência a sua possível contribuição para o conhecimento de alguma


questão teórica ou prática ainda não solucionada.

É importante ressaltar que a justificativa se diferencia da revisão da bibliogra-


fia, não apresentando citações de outros autores.

Em suma, neste elemento deve-se apresentar através do conhecimento do


pesquisador em relação à pesquisa, a importância da pesquisa e, assim, realizar
o “convencimento” do leitor e/ou um possível financiamento dessa pesquisa.

Revisão teórica: Pode ser definida como o desenvolvimento propriamente


dita da pesquisa, é a parte mais extensa do manuscrito. É a parte que se “dedica
à contextualização teórica do problema e o seu relacionamento com o que tem
sentido investigado a seu respeito”. (GIL, 2002, p. 162). A revisão teórica, também
denominada como fundamentação teórica tem como objetivo apresentar as dife-
rentes correntes teóricas pesquisadas anteriormente nos procedimentos técnicos
de coleta de dados, aprofundando o conhecimento sobre o tema. Apresentando
assim os referenciais de pesquisas anteriores de outros pesquisadores já valida-
das, produzindo assim uma discussão crítica em relação ao tema proposto, levan-
do em consideração os objetivos de sua pesquisa.

Metodologia: Segundo Zanell (2013), nesta etapa, será descrita os proce-


dimentos que a pesquisa utilizou, conforme foi estudado anteriormente, vamos
recapitular?

a. Tipo de pesquisa: Deve-se esclarecer com foi feita a pesquisa em rela-


ção as: abordagem (qualitativa ou quantitativa), natureza (básica ou apli-
cada), objetivos (exploratória, descritiva ou explicativa), e ainda os pro-
cedimentos (Pesquisa experimental, bibliográfica, estudo de caso, etc.).
b. Coleta de dados: Trata da descrição das técnicas a serem utilizadas
para a coleta de dados (Bibliográfica, documental, questionário, entre-
vista ou técnica de observação). Todos os modelos de questionários,
questões de entrevistas e técnicas de observação, devem ser descritas e
adicionadas no manuscrito.
c. Análise, discussão e interpretação dos dados: Segundo Gil envolve
a “descrição dos procedimentos a serem adotados tanto para análise
quantitativa (p. ex.: testes de hipótese, testes de correlação) quanto qua-
litativa (p. ex.: análise de conteúdo, análise de discurso)” (GIL, 2002, p.
163). Zanell (2013) ressalta que esta parte do trabalho retoma o proble-
ma de pesquisa, analisando-o e discutindo-o frente à teoria e a outros
conhecimentos obtidos anteriormente. Apresenta, portanto, uma parte
descritiva e outra analítica/interpretativa.

89
Metodologia do Trabalho Científico

Nesta etapa, o pesquisador deve realizar o fechamento da sua pesquisa, após


a discussão, análise e interpretação dos dados obtidos durante todos os procedi-
mentos desenvolvidos no estudo é o momento de apresentar os resultados encon-
trados, respondendo a problemática e confirmando ou não as hipóteses levantadas
no início da sua pesquisa. Pode-se utilizar de gráficos, tabelas, figuras, depoimen-
tos etc., para facilitar a condensação dos dados e o entendimento do leitor.

Acadêmico, foram apresentados de maneira sucinta e objetiva os elementos


mais importantes para o desenvolvimento de sua pesquisa, a escolha de cada
elemento dependerá dos objetivos que deseja serem alcançados. Lembre-se,
você poderá recorrer a outras literaturas que lhe apoiaram da escolha e desenvol-
vimento de sua pesquisa.

Pensando nisso a seguir será apresentado algumas fontes de pesquisas que


lhe poderão auxiliar na pesquisa como no desenvolvimento do seu manuscrito.
Não deixe de conferir.

42 FONTES DE PESQUISA
Você estudou até aqui vários conceitos e metodologias para o desenvolvi-
mento de sua pesquisa. Os tipos de pesquisa, os procedimentos metodológicos, a
coleta de dados e como organizar seu projeto de pesquisa, que tal conhecermos
algumas ferramentas, fonte e sites para realizar as suas pesquisas?

Além das bibliotecas e repositórios físicos, que são fontes confiáveis de pes-
quisa, podemos contar com os meios eletrônicos de pesquisa (internet), nos quais
podem ser encontrados: revistas eletrônicas, periódicos científicos, sites de diver-
sas instituições que realizam a divulgação de suas pesquisas através de veículos
eletrônicos. Mas certifique-se que a fonte é confiável e que tenha procedência na
apresentação das pesquisas.

Entre os elementos que você poderá recorrer para realizar sua pesquisa en-
contram-se:

• Livros: Encontra-se uma infinidade de livros no formato e-book (PDF).


• Periódicos: Revistas científicas
• Trabalhos científicos: Artigos, testes, monografias, relatórios, resenhas,
resumos etc.
• Legislações: Leis, normas etc.
• IBGE: (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Importante instituto
de pesquisa brasileiro que pode contribuir para coleta de dados.

90
Capítulo 2 Procedimentos Metodológicos

Na tabela a seguir são sugeridos alguns sites que auxiliarão em seus estudos:

TABELA 8 – SITES PARA PESQUISA

SITE DESCRIÇÃO
www.cnpq.br Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
http://lattes.cnpq.br/web/dgp Diretórios de grupos de pesquisa no Brasil
www.usp.br/iea Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo
www.ibict.br Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia
www.abnt.org.br Associação Brasileira de Normas Técnicas
www.mct.gov.br Ministério da Ciência e Tecnologia
www.sbpcnet.org.br Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência
www.fi nep.gov.br Financiadora de Estudos e Projetos
Biblioteca Digital de Teses e Dissertações, textos integrais de parte
www.teses.usp.br
das teses e dissertações apresentadas na USP
SCIELO - Biblioteca eletrônica com periódicos
www.scielo.br
científicos brasileiros
https://bit.ly/3o9hnjW Banco de teses CAPES
Biblioteca Nacional (Brasil) - o site é referência para todas as bi-
www.bn.br bliotecas do país, com farta documentação e imagens digitalizadas,
além de informações e serviços.
https://bit.ly/3ow6VmT IEEEXplorer
https://bit.ly/3re7FyJ Scopus
https://bit.ly/34mrJWk Plataforma sucupira
https://dl.acm.org/ ACM Portal
https://eric.ed.gov/ ERIC
https://bit.ly/3ISsMN1 Google Acadêmico
https://www.science.gov/ Science.gov
https://bit.ly/3AG9VSt ScienceResearch.com
https://bit.ly/35zYLTM BDTD
https://bit.ly/3GanZVh Pubmed
FONTE: O autor (2022)

FIGURA 5 – BIBLIOTECA

FONTE: <httpblog.crb6.org.brwp-contentuploads201307A
rmandinho-4.jpg>. Acesso em: 30 out. 2021.

91
Metodologia do Trabalho Científico

No site da Mettzer, você consegue formatar automaticamente


seu artigo segundo a norma ABNT.

Não deixe de conferir em: https://www.mettzer.com/

4 Para o desenvolvimento de uma pesquisa, é muito importante


se organizar e selecionar os diversos procedimentos e listar as
várias etapas necessárias para se alcançar o objetivo proposto.
Dessa forma, durante o estudo foi apresentado uma maneira para
facilitar esse processo: o projeto de pesquisa, onde foi listado o
passo a passo para o desenvolvimento de um esboço para auxi-
liá-lo na definição dos procedimentos a serem utilizados. Liste as
etapas essenciais de um projeto de pesquisa.

5 ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
Chegamos ao final desta unidade, na qual definimos e classificamos a pes-
quisa científica. Estudamos todos os elementos importantes para a pesquisa e
construção de um projeto de pesquisa. Você pode conhecer os diferentes tipos
de pesquisa, as fontes e coleta de dados, como também a análise e interpretação
dos dados coletados. Apresentamos também, o passo a passo para o planeja-
mento de uma pesquisa.

Mas não se limite a esse manual, busque mais informações, pesquise! Isso
mesmo, agora você já é capaz de realizar uma pesquisa e assim colher mais in-
formações relevante para o tipo de pesquisa que você deseja realizar.

Procure organizar os materiais coletados e faça um esboço do seu projeto,


seguindo o passo a passo proposto neste capítulo, definindo o tema, levantando
os dados, formulando o problema, determinando os objetivos e assim por diante,
isso lhe auxiliará no desenvolvimento do manuscrito posteriormente.

92
Capítulo 2 Procedimentos Metodológicos

No próximo capítulo, conheceremos a organização, a formatação e a apre-


sentação gráfica do trabalho científico. Você compreenderá o que são as normas
ABNT e como utilizá-las em seu trabalho. Veremos ainda como realizar citações
e como referenciar obras que podem ser utilizadas como fundamentação teórica
para sua pesquisa, sem realizar plágio.

Ficou interessado?
Então siga em frente com seus estudos.

REFERÊNCIAS
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT) NBR-15287. Informação
e documentação — Projeto de pesquisa — Apresentação. Rio de Janeiro, 2011.

ALMEIDA, M. B. Noções básicas sobre Metodologia de pesquisa científica.


Univer­sidade Federal de Minas Gerais. 2017. Disponível em: http://mba.eci.ufmg.
br/down­loads/metodologia.pdf. Acesso em: 11 out. 2021.

BARDIN, L. Análise de conteúdo. São Paulo: Edições 70, 2016.

DENCKER, A.; DA VIA, S. Pesquisa Empírica em Ciências Humanas. São


Paulo: Futura. 2002.

FONSECA, J. J. S. Metodologia da pesquisa científica. Fortaleza: UEC, 2002.

GERHARDT, T. E.; SILVEIRA, D. T. Métodos de pesquisa. Porto Alegre: Editora


da UFRGS, 2009.

GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 6 ed. São Paulo: Atlas, 2017.

­­GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 4 ed. São Paulo: Atlas, 2002.

LUDKE, M.; ANDRE, M. E. D. A. Pesquisa em educação: uma abordagem


qualitativa. 2 ed. São Paulo: EPU, 2013.

MARCONI, M. de A.; LAKATOS, E. M. Fundamentos de metodologia científica.


7 ed. Rio de Janeiro: Atlas, 2010.

MIRANDA, S de. Pesquisa e método: Os caminhos do saber. Brasília: mimeo,


2004. Disponível em: https://docplayer.com.br/6546938-Metodologia-cientifica-os-
caminhos-do-saber.html. Acesso em: 18 out. 2021.

93
Metodologia do Trabalho Científico

PEREIRA, A. S. et al. Metodologia da pesquisa científica. Santa Maria-RS:


UFSM, 2018.

PRIBERAM. Dicionário on-line de língua portuguesa. Disponível em: http://


www.priberam.pt/dlpo/dlpo.aspx. Acesso em: 3 out. 2021.

SILVA, R.; URBANESKI, V. Metodologia do trabalho científico. 1 ed. Indaial:


UNIASSELVI, 2009.

THIOLLENT, M. Metodologia da pesquisa-ação. São Paulo: Cortez, 1985.

94
C APÍTULO 3
Apresentação, Organização e
Formatação do Trabalho
A partir da perspectiva do saber-fazer, são apresentados os seguintes
objetivos de aprendizagem:

� Conhecer a organização, o formato e a apresentação do trabalho científico.


� Desenvolver o trabalho científico de acordo com as normas de organização,
formatação, citação e referência.
� Apresentar ilustração e tabela de acordo com as normas da ABNT.
� Compreender a importância da ética e o que configura um plágio em trabalhos
acadêmicos
Metodologia do Trabalho Científico

96
Capítulo 3 Apresentação, Organização e Formatação do Trabalho

1 CONTEXTUALIZAÇÃO
Olá acadêmico(a), seja bem-vindo(a) ao Capítulo 3 do livro Metodologia do
Trabalho Científico. Neste capítulo, intitulado Apresentação, Organização e For-
matação do trabalho, você irá aprender como transcrever sua pesquisa para “o
papel”, ou seja, você será capaz de organizar e apresentar sua pesquisa, seguin-
do os padrões acadêmicos e de forma sistemática, respeitando as normas da
ABNT.

Iniciaremos definindo as normativas para a formatação gráfica de um traba-


lho acadêmico. Veremos que tipo de papel, as margens, espaçamentos, parágra-
fos, tipo e tamanho de fonte, paginação, seções e subseções.

Você conhecerá os diferentes elementos textuais: pré-textuais, textuais e pós


textuais. Nos aprofundaremos em cada sub elementos, definindo e conhecendo
suas particularidades.

Ademais, outra exigência dos trabalhos acadêmicos é a fundamentação te-


órica. Ou seja, não há como fazer um trabalho científico sem o respaldo das ci-
tações e a apresentação das referências das obras desses autores citados. Por
isso, teremos uma seção descrevendo detalhadamente como empregar as cita-
ções e seu formato, além de como apresentar as referências das principais fontes
que você poderá precisar para o seu trabalho.

Será abordado também a questão ética no contexto acadêmico. Falaremos


sobre plágio, conhecendo as implicações legais e as consequências que essa
prática pode trazer para a vida acadêmica e profissional.

Bons estudos!

2 APRESENTAÇÃO GRÁFICA
A elaboração de um trabalho científico é uma atividade que exige disciplina,
dedicação e conhecimento técnico dos elementos necessários para o desenvol-
vimento de uma pesquisa e, durante o estudo deste livro, você poderá conhecer
vários métodos e diversos elementos indispensáveis para auxiliá-lo em sua pes-
quisa, como também o planejamento do projeto de pesquisa e as fases que o
compõem. Agora, chegou o momento de colocarmos em prática e descrever no
papel toda a sua pesquisa.

97
Metodologia do Trabalho Científico

Como nas fases ou etapas da pesquisa a apresentação gráfica de sua pes-


quisa tem diversas normativas e maneiras corretas de formatação, para melhor
apresentar suas descobertas. Não se trata de apenas um cuidado estético, mas
uma forma de credibilizar seu trabalho, pois trataremos nessa unidade da organi-
zação gráfica e textual, a maneira correta de realizar as citações e fontes de pes-
quisa, segundo as normativas da ABNT, evitando, assim, o plágio.

Durante as suas pesquisas, você pôde perceber que existem várias configu-
rações de apresentação, formatação e organização dos trabalhos acadêmicos,
porém, são em sua grande maioria, pequenas diferenças, mantendo em seu cer-
ne os mesmos elementos. Portanto, iremos lhe apresentar a forma que você de-
verá apresentar o artigo científico para a Pós-Graduação UNIASSELVI.

Vamos lá?

2.1 FORMATAÇÃO GRÁFICA


Nesta seção, trataremos da formatação gráfica do trabalho de pesquisa; suas
margens, papel a ser utilizado, espaçamentos entre as linhas, parágrafos e alinha-
mos. Tipo e tamanho de fonte, paginação, seções e subseções e notas de rodapé.

Para a elaboração do seu trabalho de conclusão do seu curso


de Pós-Graduação, você deverá apresentar a sua pesquisa no for-
mato de paper, ou seja, um modelo simplificado de Artigo científico,
mantendo as principais características de um artigo, porém, com ele-
mentos mais compactos e diretos para otimizar seus esforços. Este
formato foi pensado para facilitar a transcrição de sua pesquisa, que
deverá respeitar o mínimo de 5 páginas e no máximo 7. Assim, em
seguida, iremos tratar do trabalho de conclusão de seu curso como
paper. Mas não se preocupe, iremos abordar cada etapa juntamente
com você. Mas é importante ressaltar que este livro não necessaria-
mente deva ser descartado devido ao formato escolhido para atender
a pós-graduação da Uniasselvi, pois trataremos de todos os elemen-
tos que são necessários para qualquer formato de apresentação de
um trabalho acadêmico.

98
Capítulo 3 Apresentação, Organização e Formatação do Trabalho

Margens e papel

O paper deve seguir em termos de apresentação gráfica, as seguintes orien-


tações:

• Papel A4 branco (21cm x 29,7 cm)

• As páginas devem estar na orientação retrato, no editor de texto (Vertical)

• Margens: Esquerda e superior de 3 cm; direita e inferior em 2 cm.

Espaçamento entre linhas, parágrafo e alinhamento


O texto deve respeitar:

• O espaço entre linhas de 1,5 cm.

• Alinhamento do texto geral deve ser justificado

• Parágrafo de 1,25 (em média 1 tab), e entre parágrafos, uma linha em


branco.

Para o espaçamento, existem outras especificações entre linhas que são su-
geridas pela NBR 14724:2011, detalhadas na Tabela 1:

TABELA 1 – ESPAÇAMENTO ENTRE LINHAS

TEXTO ESPAÇAMENTO
Texto geral e resumo 1,5 linha
Legendas e fontes e texto das figuras, tabelas, quadros ou
Simples
gráficos
Notas de rodapé Simples
Citações diretas longas (mais de três linhas) Simples
1 linha em branco,
Referências
simples
FONTE: Adaptada de ABNT (2011)

Tipo e tamanho de fonte

A ABNT não estabelece um padrão para o tipo de fonte, mas sugerimos as


seguintes especificações:

99
Metodologia do Trabalho Científico

• Fonte: Times New Roman

• Tamanho da fonte: 12

Porém existe algumas exceções que indicamos e sugerimos o tamanho da


fonte, conforme indicado na Tabela 2:

TABELA 2 – TAMANHO DE FONTE

TEXTO TAMANHO DA FONTE


Texto geral e resumo 12
Legendas e fontes e texto das figuras, tabelas, quadros ou
10
gráficos
Notas de rodapé 10
Citações diretas longas (mais de três linhas) 10
Referências 12
FONTE: Adaptada de ABNT (2011)

Paginação

A paginação é a numeração das páginas do trabalho, de acordo com a NBR


14724 (2011), o número das páginas deve aparecer a partir da primeira página
dos elementos definidos como “textuais”, que veremos com mais detalhes ain-
da nessa unidade. No entanto as páginas devem ser contabilizadas ainda dos
elementos pré-textuais, exceto a capa (quando houver). A NBR 6027 (2012) de-
termina que a numeração das páginas deve aparecer de maneira sequencial em
algarismos arábicos, no canto superior direito da página, em fonte 10.

Notas de rodapé

As notas de rodapé são um recurso muito utilizado para inserir informações


relevantes, como elemento explicativo de algum termo ou fato, mas que não te-
nha necessidade de ser inseridos diretamente no texto. Deve ser situado sempre
no pé da página, alinhadas a esquerda, e devem ser enumeradas. Você poderá
utilizar o próprio recurso do Word, que administrará a numeração.

Seções e subseções

Recurso regulado pelas NBRs 6024 (2012) e NBR 14724 (2011), as seções
e subseções, são utilizadas para “dividir” o texto, organizando e facilitando a lo-
calização de temáticas. Devem ser iniciadas a partir das seções primárias, que
representam os tópicos ou títulos principais do texto, e seguidas das subseções,

100
Capítulo 3 Apresentação, Organização e Formatação do Trabalho

ou seja, os subtítulos, podendo subtendidas em secundárias, terciárias até a qui-


naria, porém Gil (2017, p.166) recomenda que “não sejam utilizados mais do que
três estágios de subdivisão, em virtude da quantidade de dígitos que devem ser
utilizados”.

As seções devem ser indicadas pela utilização de algarismos arábicos se-


quenciais, alinhados à esquerda e separados por uma linha em branco, com es-
paçamento de 1,5 cm sem espaçamento de parágrafo.

Veja o exemplo a seguir:

FIGURA 1 – DISPOSIÇÃO DAS SEÇÕES E SUBSEÇÕES DO TEXTO

FONTE: Adaptado de Frainer (2020)

1 Sobre a apresentação gráfica do paper da Pós-Graduação da


UNIASSELVI, classifique V para verdadeiro e F para falso:

( ) A paginação é iniciada na segunda folha e segue até o final do


trabalho.
( ) O tipo e tamanho da fonte deve ser Times New Roman de tama-
nho 12.
( ) O espacejamento entrelinhas deve ser duplo.
( ) As margens devem ser 3cm na esquerda e 2cm para superior,
direita e inferior.

Assinale a alternativa correta:

101
Metodologia do Trabalho Científico

a) ( )V-V-F-F
b) ( )V-F-V-F
c) ( )F-F-V-F
d) ( )F-V-V-V

2.2 EXTRUTURAS E ELEMENTOS DO


TRABALHO ACADÊMICO
Acadêmico, na seção anterior vimos a formatação gráfica que deverá seguir
em seu paper; agora iniciaremos o estudo dos elementos pré-textuais, textuais e
pós-textuais.

O modelo de paper a ser apresentado segue a normatização da NBR 6022


(2003), subdividindo os elementos conforme indicado na tabela a seguir:

TABELA 3 – DISPOSIÇÃO DOS ELEMENTOS TEXTUAIS

ELEMENTOS ETAPAS
Título
Subtítulo (quando houver)
Pré-textuais Autores
Resumo
Palavras-chave
Introdução
Textuais Desenvolvimento
Considerações Finais
Referências (obrigatório)
Pós-textuais Apêndice(s) (opcional(is)/não recomendado(s))
Anexo(s) (opcional(is)/não recomendado(s))
FONTE: Adaptado da NBR 6023 (2003)

2.2.1 ELEMENTOS PRÉ-TEXTUAIS


Os elementos pré-textuais são os que precedem o texto principal do paper,
conforme Tabela 3, na qual descreve as informações que servem para identificar
a pesquisa, sua área de abordagem, temas principais e autoria. Abaixo segue a
ordem dos elementos e prescrições de formatação que devem ser observadas na
transcrição do seu trabalho:
102
Capítulo 3 Apresentação, Organização e Formatação do Trabalho

Título e subtítulo do trabalho

“O título deve ser cuidadosamente escolhido, mostrando com clareza a que o


projeto se refere. O leitor deve ser capaz de, através do título, reconhecer a área
de estudo e o tema da pesquisa” FONSECA (2002, p. 80).

O título deve ter o tamanho da fonte de 18, em letras minúsculas e em negri-


to. O subtítulo, “Informações apresentadas em seguida ao título, visando esclare-
cê-lo ou complementá-lo, de acordo com o conteúdo do documento.” NBR 6023,
(2002, p. 2). Quando houver subtítulo, o tamanho da fonte é 16 e em negrito. O
texto deve ser centralizado na página.

Nome do acadêmico

Nome do acadêmico ou dos acadêmicos, em fonte 12, centralizado, negrito,


iniciando os nomes próprios com letra maiúscula e as restantes em minúsculas.
É possível utilizar uma nota de rodapé para indicar a titulação do(s) autor(es) e
e-mail.

Co-autor (opcional/quando houver)

Pode seguir as mesmas orientações para o nome do acadêmico.

Resumo

A palavra “resumo” deve ser em fonte 12, alinhada à esquerda, em negrito


e em maiúsculo. Deixe uma linha em branco e inicie o texto em parágrafo único,
sem recuo na primeira linha e, com 100 a 150 palavras, você deve introduzir bre-
vemente o assunto com suas próprias palavras. Inserir os objetivos e conclusões
do seu paper. Use espaçamento simples, justificado e fonte 12.

NÃO SE ESQUEÇA

Para o paper que você está desenvolvendo para a conclusão de


seu curso de Pós da UNIASSELVI, não é necessário a inserção do
resumo em inglês.

103
Metodologia do Trabalho Científico

Palavras-chave

Relacione 3 palavras ou termos mais relevantes e predominantes em seu


trabalho. Devem ser separadas com ponto e vírgula e finalizadas com ponto, com
cada termo iniciado com letra maiúscula. A expressão “Palavras-chaves:”, deve
ser em fonte 12, em negrito, alinhada à esquerda. Deixar duas linhas em branco
antes de iniciar a introdução.

Exemplo:

Palavras-chave: Palavras-chave 1; Palavras-chave 2; Palavras-chave 3.

2.2.2 Elementos Textuais



Os elementos textuais segundo a NBR 14724; 2011, é constituído pela in-
trodução, o desenvolvimento do trabalho e a conclusão. Vamos entender melhor
esses elementos?

Introdução

Na NBR 6022 (2003, p. 4), a introdução é “a parte inicial do texto, onde de-
vem constar a delimitação do assunto tratado, objetivos da pesquisa e outros ele-
mentos necessários para situar o tema do trabalho”. Conforme ressalta Zanella
(2013), essa etapa irá apresentar:

I- O quê? – Correspondente ao tema e problema de pesquisa;


II- Para quê? – Relativo aos objetivos;
III- Por quê? – Que apresenta a justificativa.

“A introdução tem o carácter didático de apresentar o que foi investigado e


por que foi investigado, as limitações encontradas e a abrangência da investiga-
ção” (ZANELLA, 2013, p. 83). Dessa forma, deve apresentar uma visão do pro-
blema da pesquisa, apresentando a utilidade, a viabilidade, a originalidade e a
importância da pesquisa.

A introdução deve utilizar uma linguagem impessoal, e por mais que seja o
texto inicial do trabalho, se aconselha a ser redigido por último, pois “é o momento
em que o pesquisador tem uma melhor visão do conjunto do texto como um todo”
(FACHIN, 2001, p. 163). Aconselha-se a apresentar no último parágrafo da intro-
dução a estrutura do trabalho.

104
Capítulo 3 Apresentação, Organização e Formatação do Trabalho

Desse modo, a introdução é o local mais adequado para enfatizar a relevân-


cia e a diferenciação de sua pesquisa, possibilitando uma visão global, de forma
clara e objetiva, situando o leitor sobre os objetivos da pesquisa.

Desenvolvimento

A NBR 6022 (2003, p.4) define o desenvolvimento como a “parte principal do


texto, que contém a exposição ordenada e pormenorizada do assunto. Divide-se em
seções e subseções, que variam em função da abordagem do tema e do método”.

O desenvolvimento é o “corpo do trabalho” devendo ser a parte mais extensa


do manuscrito, tem como objetivo a exposição e defesa da temática principal da
pesquisa, elencando a fundamentação teórica, apresentando as hipóteses e os
resultados obtidos após todo o processo da investigação.

Não existem regras específicas para a apresentação das etapas, tópicos e


sub tópicos, mas a disposição irá depender do tipo de abordagem que você uti-
lizará; apresentando as argumentações teóricas, revisões bibliográficas, discus-
sões entre autores, análise e interpretação de dados. Utilize tabelas e gráficos,
seja criativo e busque organizar a apresentação dos seus resultados de maneira
clara, objetiva e linear.

Conclusão

A conclusão ou por vezes chamada de “considerações finais”, é definida pela


NBR 14724 (2011, p. 6) como a “parte final do texto, na qual se apresentam con-
clusões correspondentes aos objetivos ou hipóteses”.

A conclusão deve ser iniciada com o resgate do tema e do problema de pes-


quisa, seguidos da síntese que foi discutida e da conclusão a que se chegou, ou
seja, a resposta ao problema e aos objetivos propostos (ZANELLA, 2013). Fon-
seca (2002, p. 92) ressalta “a conclusão deve ser breve e basear-se em dados
comprovados, apontando as limitações do trabalho efetuado e desenvolvimentos
de futuras pesquisas a partir dos resultados obtidos”.

Um fator de extrema importante a ser observado, é a inserção de novos da-


dos ou hipóteses, ou seja, os dados apresentados na conclusão já devem ter sido
contemplados, discutidos e analisados no desenvolvimento, apontando apenas a
síntese dos resultados. Aconselha-se ainda a não utilizar citações nessa etapa.

Portanto, a conclusão deve apresentar as deduções lógicas e corresponden-


tes aos objetivos previamente propostos na pesquisa, apontando o alcance e o
significado de suas contribuições (SILVA; URBANESKI, 2009).

105
Metodologia do Trabalho Científico

COMO SE APRENDE A UTILIZAR NORMAS


TÉCNICAS EM TRABALHOS CIENTÍFICOS

A melhor forma de aprender a fazer o emprego das normas é


aprender fazendo. Inicialmente, sugere-se aos leitores que estudem
as normas mencionadas. Na Internet/Web, é possível achá-las com
facilidade para que realizem a leitura.

Em seguida, assistam vídeos do Youtube sobre a elaboração de


trabalhos conforme as normas. Alguns exemplos de vídeo são en-
contrados nos endereços eletrônicos:

O emprego de vídeos pode servir de apoio no processo de


aprendizagem do leitor uma vez que há pessoas que aprendem me-
lhor por meio de vídeos.

O passo seguinte é observar trabalhos feitos por outros autores


para ver como fazem o emprego das normas e, finalmente elabora-
rem seus trabalhos fazendo uso das normas.

1 - https://www.youtube.com/watch?v=gNGirUwnl00. Neste endere-


ço, o leitor encontra um curso online de como utilizar a norma
NBR 14.724.
2 - https://www.youtube.com/watch?v=RZxI-e6Gge0. O vídeo mostra
como utilizar a norma ABNT 14.724.
3 - https://www.youtube.com/watch?v=pJ712YMh1UI. No vídeo ob-
serva-se como realizar as citações conforme a norma 10.520.
4 - https://www.youtube.com/watch?v=En-Xh34Lqfg. Este é outro ví-
deo que mostra o emprego da norma 10.520.
5 - https://www.youtube.com/watch?v=SFUWkXqel-4. O vídeo mos-
tra como utilizar a norma ABNT NBR 6023 em trabalhos acadê-
micos.
6 - https://www.youtube.com/watch?v=1HKWe4WJs74. Neste vídeo,
apresenta-se como utilizar a norma 6023 no Word 2007.
7 - https://www.youtube.com/watch?v=N3HXBdvmOkg. No vídeo
apresenta-se o emprego da norma 6023 no Word 2016.

Em suma, é preciso pôr a mão na massa, aprender fazendo,


trabalhar e, em paralelo, ir verificando as normas.

106
Capítulo 3 Apresentação, Organização e Formatação do Trabalho

2.2.3 Elementos Pós-Textuais


Os elementos denominados pós-textuais são constituídos pelas referências,
apêndices e anexos, que complementaram o trabalho.

Referências

Item obrigatório que orientado pela NBR 6023 (2002, p. 2), é definida como
“conjunto padronizado de elementos descritos, retirados de um documento que
permite sua identificação individual”. Assim as referências tratam-se de uma lista
dos textos e respectivamente de seus autores, que foram citados durante o texto.
“Normalmente constam os documentos e qualquer fonte de informação consulta-
dos no levantamento de literatura (MIRANDA, 2004, p. 56).

Portanto, as referências é parte integrante do trabalho, onde é realizada a


indicação das bases teóricas que darão sustentação a temática pesquisada e
explanada no corpo do paper. As referências permitirão que os leitores possam
acessar as obras originais estudadas que legitimarão sua pesquisa, evitando as-
sim o plágio, que veremos mais detalhadamente nos próximos tópicos.

Apêndice e anexos

De forma geral, o apêndice e os anexos são itens opcionais, principalmente


na apresentação do paper para a Pós-graduação da UNIASSELVI. Deve ser in-
cluído apenas quando é necessário juntar algum documento ao trabalho para dar
legitimidade à pesquisa; por exemplo: a transcrição de um questionário (apêndi-
ce), ilustração, comprovação, ou um organograma de uma empresa (anexo) etc.

O apêndice refere-se a texto ou documento elaborado pelo autor, deve ser


apresentado em letra maiúscula, mais travessão e o respectivo título, exemplo:

APÊNDICE A – Nome do apêndice


APÊNDICE B – Nome do apêndice

O anexo refere-se a texto ou documento que não fora elaborado pelo autor,
deve ser apresentado em letra maiúscula, mais travessão e o respectivo título,
exemplo:

ANEXO A – Nome do anexo


ANEXO B – Nome do anexo

107
Metodologia do Trabalho Científico

Trilha interativa de aprendizagem da Pós-graduação UNIAS-


SELVI

Acadêmico, você poderá acessar a trilha de aprendizagem que


trata da elaboração do trabalho de concussão de curso para a pós-
-graduação da UNIASSELVI, o TCC. Na trilha você encontrará todas
as diretrizes e instruções que o auxiliará na elaboração de seu traba-
lho final (paper).

Acesse: https://trilhaaprendizagem.uniasselvi.com.br/pos/TCCP1
- para a elaboração do trabalho de conclusão de curso.

Acesse: https://trilhaaprendizagem.uniasselvi.com.br/pos/TCCP2
- para a elaboração de relatório de estágio.

A seguir apresenta-se um exemplo da organização, formato e apresentação


do paper UNIASSELVI:

EXEMPLO EM ORDEM DA ORGANIZAÇÃO, FORMATO E APRESENTAÇÃO


DO PAPER:

Fonte do paper: Times New Roman

TÍTULO DO PAPER (fonte tam. 18, negrito):


subtítulo (se houver) (fonte tam. 16, negrito)

Nome acadêmico (fonte tam. 12, negrito)

RESUMO (alinhado à esquerda, fonte tam. 12, em maiúsculo e negrito)


Utilize entre 100 e 150 palavras. No resumo você deve introduzir brevemente
o assunto com suas próprias palavras. Inserir os objetivos e conclusões do seu
paper. Não é necessário elaborar o resumo em língua estrangeira.
Palavras-chave (fonte tam. 12, negrito): Palavras-chave 1; Palavras-chave 2;
Palavras-chave 3.

INTRODUÇÃO (alinhado à esquerda, fonte tam. 12, em maiúsculo e negrito)

108
Capítulo 3 Apresentação, Organização e Formatação do Trabalho

LIMITAÇÃO: Mantenha a construção da introdução em pelo menos 1 PÁGINA;


ORGANIZAÇÃO: Inicie anunciando a ideia central do assunto do trabalho.
Descreva sobre o tema abordado e delimite esse tema; Detalhe também as etapas
trabalho, incluindo os objetivos e a justificativa.

DESENVOLVIMENTO (alinhado à esquerda, fonte tam. 12, em maiúsculo e


negrito)
LIMITAÇÃO: Utilize entre 4 e 5 páginas exclusivas para a construção do
desenvolvimento.
ORGANIZAÇÃO
Inicie a abordagem do assunto, delimitando o tema do seu trabalho (mais
abrangente), conectando com os temas mais próximos do trabalho (mais
específicos). Utilize embasamento teórico, incluindo conceitos sobre o assunto
e diferentes autores que tratam do tema. Finalize a abordagem sobre o tema
resumindo algumas ideias e proposições existentes.

CONCLUSÃO (alinhado à esquerda, fonte tam. 12, em maiúsculo e negrito)


LIMITAÇÃO: Utilize aproximadamente 1 página para as conclusões.
ORGANIZAÇÃO: Utilize as suas palavras para descrever os resultados obtidos
com a sua pesquisa. Apresente uma síntese da argumentação desenvolvida e dos
resultados obtidos.
RECURSOS GRÁFICOS: Não utilize recursos gráficos neste item.

REFERÊNCIAS (alinhado à esquerda, fonte tam. 12, em maiúsculo e negrito)


A última seção corresponde às REFERÊNCIAS. Neste item, liste todos os
documentos citados ao longo do trabalho. As referências devem seguir as normas
da ABNT, em ordem alfabética e alinhadas à margem esquerda.
SOMENTE AS OBRAS CITADAS DEVEM SER REFERENCIADAS
Utilize no MÍNIMO 5 REFERÊNCIAS

Acadêmico, disponibilizamos a você uma relação de sites/blogs


e de leituras que poderá lhe auxiliar na elaboração e escrita de sua
pesquisa, com dicas e exemplos práticos de cada etapa de seu pa-
per. Não deixe de conferir!

Sites

• Artigo científico – guia completo com tudo que você precisa sa-
ber: https://www.pravaler.com.br/artigo-cientifico-guia-completo-
-com-tudo-que-voce-precisa-saber/

109
Metodologia do Trabalho Científico

• Ditas de como utilizar a ABNT, melhorar a escrita e os mais varia-


dos assuntos do mundo acadêmico: https://blog.mettzer.com/
• Site voltado para o cotidiano de um estudante de pós graduação,
com diversas publicações, com dicas, exemplos e passo a passo
para auxiliar você na compreensão e escrita de sua pesquisa: ht-
tps://posgraduando.com/

Exemplos práticos:

• Como escrever uma introdução:


o https://bit.ly/3GcW47i
• Como escrever o desenvolvimento:
o https://bit.ly/3GetRwH
o https://viacarreira.com/desenvolvimento-do-tcc/
• Como escrever a conclusão:
o https://bit.ly/35CtOyg
o https://bit.ly/3rbRj9A

• Citações:
o https://bit.ly/3obJUoX
o https://bit.ly/3GdFXpZ
o https://bit.ly/3IONgGf

3 CITAÇÕES
Como já conversamos, para escrever um trabalho acadêmico, um dos requi-
sitos é a menção a outros autores reconhecidos pela comunica científica da área
de estudo. Ou seja, é indispensável fazer citações nesse tipo de trabalho. Mas
você sabe o que são citações, quais os tipos e como fazer? Vamos recapitular?

Para escrever um trabalho — seja um paper, a fundamentação teórica de


um relatório de estágio, uma monografia ou qualquer outro trabalho acadêmico —
você não parte do nada. Irá fazer uma pesquisa consultando outros autores que
já escreveram sobre o assunto e esses autores de renome na área que você irá
citar darão credibilidade para sustentar seus argumentos no trabalho. Assim, as
citações podem ser definidas como “elementos retirados dos documentos pesqui-
sados durante a leitura de documentação e que se revelam úteis para corroborar
as ideias desenvolvidas pelo autor no decorrer do seu raciocínio” (SEVERINO,
2013, p. 153). As citações bem escolhidas irão enriquecer o seu trabalho.
110
Capítulo 3 Apresentação, Organização e Formatação do Trabalho

Por esse caminho, conforme Silva e Urbaneski (2009), entre os objetivos


para a utilização de citação estão dar credibilidade e autoridade para o seu texto,
fundamentar e reforçar as ideias apresentadas com outros autores que discutem
o assunto e que podem corroborar com as ideias expostas e como a citação é a
transcrição das ideias alheias, possibilitar a identificação do autor das ideias apre-
sentadas e sua fonte e assim permitir ao seu leitor identificar o texto original do
autor do citado.

Contribuindo com essa reflexão Santos (2007, p. 121-122) afirma que:

Textos técnicos e científicos devem lançar mão de citações por


dois bons motivos. O primeiro é que, normalmente, citam-se
autores de outros textos já publicados. Isto é, autores cujas
ideias já foram publicamente expostas, submetidas ao juízo e
reconhecimento da comunidade de leitores e da comunidade
científica. Se as ideias permanecem (e da forma como per-
manecem), seu autor merece menção, como conhecedor do
assunto exposto, como autoridade científica. Segundo, ao se
referenciar certo autor, fazem-se, a um só tempo, um ato de
justiça intelectual (atribuir-se a ideia a seu “dono”) e um ato de
honestidade científico-acadêmica (o autor que cita e referência
reconhece que a ideia não é sua).

Conseguiu perceber como a citação é importante para o seu trabalho? Porém,


não basta apenas transcrever um trecho de outro autor, é necessário que apresente
essa citação dentro das normas exigidas para o seu tipo de trabalho, que seja feita
a devida referência e não esqueça que é indispensável que você apresente uma
reflexão própria sobre o assunto. Um dos problemas mais comuns em trabalhos
acadêmicos é o estudante fazer uma “colcha de retalhos” com várias citações de
diferentes autores sem discutir devidamente com suas palavras o assunto.

Sobre esse tema, Azevedo (1998) elenca alguns dos erros mais comuns
quanto à citação na elaboração de trabalhos acadêmicos. Vejamos:

• Escassez de citações, atribuindo-se ao autor pensamentos que são de


outrem.
• Excesso de citações, o que faz do trabalho uma enorme colcha de retalhos.
• Documentação inadequada (por inexistência, insuficiência ou incorreção)
das fontes empregadas.
• Presença no texto de informações que poderiam ir para as notas, o que
permitiria deixar a redação mais “limpa”.
• Falta de diálogo com as fontes, usadas, às vezes, apenas para abonar o
pensamento do autor, sem discussão.
• Inadequada transição entre o texto do autor e o texto citado, o que difi-
culta a identificação de quem está falando (AZEVEDO, 1998, p. 120).

111
Metodologia do Trabalho Científico

Dito isso, vamos ver os tipos de citações e como fazer cada uma? Vamos lá!

3.1 SISTEMAS DE CHAMADAS


Para fazer as citações no seu trabalho, você deve seguir as orientações so-
licitadas pela instituição na qual está vinculado ou da revista para a qual o artigo
será submetido. Quanto ao sistema de chamada, a indicação das fontes pode ser
feito de acordo com o Sistema numérico, no qual a citação é seguida por um nú-
mero em expoente e a fonte é indicada de forma completa em nota de rodapé, de
acordo com a ABNT. A outra maneira é o Sistema autor-data, que recomendamos
nos nossos trabalhos na Uniasselvi. Nele, grosso modo, a sugestão é que as cita-
ções sejam feitas pelo sobrenome do autor seguido da data de publicação.

Isto posto, vamos ver quais os tipos de citação e como fazer?

As orientações a seguir seguem as prescrições da ABNT NBR


10520.

3.1.1 Sistema Autor-data


A seguir, apresentamos as orientações para a elaboração das citações utili-
zando o sistema autor-data, que você deverá seguir para o seu trabalho acadê-
mico junto à Uniasselvi. Nesse formato, recomenda-se indicar a fonte de cada ci-
tação através da autoria: sobrenome do autor ou mesmo instituição responsável,
seguido da data de publicação do documento. Desse modo, o leitor conseguirá
identificar a fonte completa da citação nas referências ao final do trabalho.

Nesse sistema, quando o autor é mencionado na sentença, deve-se escrever


o sobrenome com letras maiúsculas e minúsculas. A data e a página ficam ente
parênteses. Exemplo: Autoria (ano, página). Mas quando a autoria é mencionada
depois do trecho citado, o sobrenome do autor deve aparecer em letras maiúscu-
las, seguido do ano e número de página – tudo dentro dos parênteses.

Exemplo: (AUTORIA, ano, página).

112
Capítulo 3 Apresentação, Organização e Formatação do Trabalho

Vamos ver melhor com o próximo exemplo:

Veremos mais exemplos adiante.

3.2 FORMAS DE CITAÇÃO


No seu trabalho, provavelmente você poderá fazer uso de diferentes formas
citações, como: citação direta ou indireta, citação curta ou longa, entre outras que
serão apresentadas a seguir. Vamos ver cada uma!

a) Citação direta

Nas citações diretas ocorre cópia literal texto original, ou seja, você transcre-
ve o trecho tal e qual ele se encontra no documento que consultou. É a tal copia-
-cola. Nesse tipo de citação, deve-se respeitar o texto exatamente como está na
fonte, com sua ortografia pontuação.

A citação direta por ser curta ou longa.

b) Citação direta curta

A citação direta curta tem até três linhas e deve ser apresentada entre aspas
dentro o parágrafo. Pode-se mencionar dentro da sentença, com a indicação da
autoria acompanhada de expressões como: segundo, de acordo, conforme, entre
outras.

Exemplo:

Como afirma Martins (2021, p. 16), “texto, texto, texto, texto, texto, texto, tex-
to, texto, texto, texto, texto, texto, texto, texto, texto, texto”.

A citação direta também pode indicar o autor depois da citação:

113
Metodologia do Trabalho Científico

“texto, texto, texto, texto, texto, texto, texto, texto, texto, texto, texto, texto,
texto, texto, texto, texto.” (MARTINS, 2021, p. 177).

Apóstrofos (‘ ’)

Quando você vai transcrever um trecho que o autor original fez


uso de aspas, na sua citação direta elas serão convertidas em após-
trofos. Assim não gera confusão com as aspas que indicam a sua
citação no trabalho.

c) Citação direta longa

Quando a citação é cópia literal do texto e tem mais de 3 linhas, chamamos


de citação direta longa. Esse tipo de citação deve aparecer em parágrafo separa-
do, com recuo de 4 centímetros da margem esquerda e fonte menor – tamanho
10. Como a citação já é destacada por essa formatação, não se usa aspas. Ao
final da citação, coloca-se o sobrenome do autor em caixa alta, ano e página da
citação na obra original.

Exemplo:

Quando queremos fazer a citação direta a partir um trecho que começa no


meio da frase, usamos colchetes e reticências [...] para indicar a supressão dessa
parte do original. O mesmo vale caso queiramos suprimir algo do texto original no
meio ou no final do trecho. Este recurso pode ser usado em citações diretas cur-
tas e diretas longas.

Exemplo com supressão no início da citação:

[...] texto, texto, texto, texto, texto, texto, texto, texto, texto,
texto, texto, texto. Texto, texto, texto, texto, texto, texto, texto,
texto, texto, texto, texto, texto, texto, texto, texto, texto. Texto,
texto, texto, texto, texto, texto, texto, texto, texto, texto, texto,
texto, texto, texto, texto, texto. Texto, texto, texto, texto, (ZILS;
MARTINS, 2021, p. 31).
114
Capítulo 3 Apresentação, Organização e Formatação do Trabalho

Exemplo com supressão no meio da citação:

Texto, texto, texto, texto, texto, texto, texto, texto, texto, texto,
texto, texto, texto, texto, texto, texto, texto, texto, texto, texto,
texto, texto, texto, texto, texto, texto, texto, texto. [...] Texto,
texto, texto, texto, texto, texto, texto, texto, texto, texto, texto,
texto, texto, texto, texto, texto. Texto, texto, texto, texto (ZILS;
MARTINS, 2021, p. 31).

Sempre que for fazer uma omissão no texto usando esse recurso, é necessá-
rio ter cuidado para não alterar o sentido do texto original.

Nas citações diretas, tanto curta como longa, quando queremos dar ênfase
a alguma parte do texto original, pode-se grifá-la. Nesse caso, a alteração deve
vir indicada com a expressão (grifo nosso), após a citação e entre parênteses.
Mas se o destaque já estiver no original, usa-se a expressão (grifo do autor) entre
parênteses.

Outro uso para os colchetes são as chamadas Interpolações ([


]). Este recurso se refere aos acréscimos ou comentários dentro da
citação para explicar ou apontar opiniões do autor.

d) Citação indireta

Talvez o tipo de citação mais comum em trabalhos acadêmicos, a citação


indireta é feita dentro do próprio texto, apresentando as ideias de outro autor com
as nossas palavras. Ou seja, você precisará interpretar as ideias do outro autor
ou autores do documento e transcrever com suas palavras no seu texto. Neste
tipo de citação não se usa aspas ou outro destaque, mas é imprescindível que se
indique o autor e o ano da obra.

Podemos citar o autor no corpo do texto com letra maiúscula ou minúsculas,


seguido do ano da publicação entre parênteses.

Por exemplo:
Os autores Martins e Zils (2021) nos chamam a atenção que [...].

Outra possibilidade é apresentar o autor em letras maiúsculas junto do ano,


entre parênteses, após concluir a ideia.
115
Metodologia do Trabalho Científico

Por exemplo:

e) Citação de citação

Refere-se à citação de parte de um texto encontrado dentro do texto de outro


autor que cita esse primeiro. Utiliza-se essa possibilidade sempre que não houver
possibilidade de acesso à obra do autor que se quer citar. Sugerimos recorrer a
esse recurso quando a citação for direta do autor que desejamos utilizar e em
obras confiáveis.

Neste tipo de citação, usamos a expressão latina apud, que significa “citado
por”. Assim, devemos seguir a seguinte ordem: autor do documento não consulta-
do, seguido da expressão “apud” e referência do autor consultado.

Por exemplo:

No exemplo anterior, os autores foram apresentados depois da citação, mas


poderia vir antes ou no próprio corpo do texto, como no próximo exemplo:

Segundo Martins (2021 apud ZILS, 2022, p. 11): “texto, texto, texto, texto,
texto, texto, texto, texto, texto, texto, texto, texto, texto, texto, texto, texto, texto.”

Uma dica: esse tipo de citação pode não ser bem visto em algumas
situações, então evite o seu uso excessivo.

116
Capítulo 3 Apresentação, Organização e Formatação do Trabalho

3.2.1 Citação da internet


Documentos que você encontrou em suas pesquisas na internet também po-
dem ser citados no seu trabalho acadêmico. E-books, artigos em sites e docu-
mentos em PDF podem ser citados e apresentados seguindo as orientações de
citações que vimos até agora, tal como nas obras impressas.

Se não for possível identificar o número de página do material consultado na


internet, é possível fazer a citação assim mesmo, colocando apenas autor e ano da
publicação. O seu leitor ao identificar que é uma citação direta, poderá consultar as
referências completas ao final do trabalho e então encontrará a indicação do ende-
reço/site para consulta – conforme veremos adiante no item sobre referências.

Como estamos falando de pesquisa na internet, aproveitamos


para lembrar que a internet é uma maravilhosa ferramenta para pes-
quisas com material interminável. Mas tenha atenção para usar ape-
nas sites que sejam fontes confiáveis. Wikipedia e blogs não cos-
tumam ter a mesma credibilidade de artigos do Scielo ou revistas
acadêmicas, por exemplo.

3.3 INDICAÇÃO DOS AUTORES NA


CITAÇÃO
Como mencionamos, iremos usar o sistema autor-data, que consiste na in-
clusão do sobrenome do autor, do ano de publicação da obra e número de página,
entre parênteses. Lembrando que o número de página é obrigatório apenas para
as citações diretas. Vamos ver agora algumas regras de elaboração.

Se você consultar outros documentos, mas não fizer nenhuma


citação referente no texto, eles não entram nas referências.

117
Metodologia do Trabalho Científico

a) Citação de trabalhos com um autor

Quando a obra citada possui apenas um autor, coloca-se apenas o sobreno-


me do autor, ano e página da citação separadas por vírgula e entre parênteses se
não fizer parte do corpo do trabalho – for depois da citação. Confira os exemplos
que apresentamos no item sobre citação direta curta.

b) Citação de trabalhos com dois ou três autores

No caso de dois autores, citamos os dois. Por exemplo, dentro do corpo do tex-
to usamos maiúsculas e minúsculas e separados por “e”, pois fazem parte do texto.

Vejamos um exemplo:
Vamos a alguns exemplos segundo Martins e Zils (2021) [...].

Agora se for separado do texto, como no caso dessa citação direta longa,
separamos os sobrenomes dos autores com ponto e vírgula. Confira:

Texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto
texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto tex-
to texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto
texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto tex-
to texto texto texto texto texto (MARTINS; ZILS, 2021, p. 128).

E se a citação possuir três autores, citam-se os três, como no caso dessa


citação indireta:

Texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto
texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto
texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto
texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto
texto texto texto texto texto texto texto (MARTINS; ZILS; TA-
FNER, 2021, p. 128).

Agora, se você desejar trazer os autores para o corpo do texto, começando


por eles, citam-se os sobrenomes com maiúsculas e minúsculas, sendo que entre o
primeiro e o segundo usa-se vírgula e entre o segundo e o terceiro a conjunção “e”.

Exemplo:
Segundo Martins, Zils e Tafner (2021)

c) Citação com mais de três autores

No caso do documento que for citar possuir mais de mais de três autores, você
pode citar todos ou apenas o primeiro acompanhado da expressão et al. em itálico.

118
Capítulo 3 Apresentação, Organização e Formatação do Trabalho

No corpo do texto:
Segundo Martins et al. (2021)

Após o texto:
Texto texto texto texto texto texto texto texto (MARTINS et al., 2021).

A expressão latina “et al.” significa “e outros”.

Lembrando sempre que se for citação direta, após o ano coloca-se o número
de página da citação no documento original.

d) Citação de entidades coletivas

Quando formos citar uma instituição, órgão governamental, ONG, empresa,


fundação, associação ou outras entidades conhecidas pela sigla, deve-se citar, o
nome completo por extenso, na primeira ocorrência, seguido de parênteses e da
sigla. Nas próximas ocorrências, utiliza-se apenas a sigla.

Primeira citação:

Segundo a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) (2018, p. 1),


“texto texto texto texto texto texto texto texto texto”.

Ou “Texto texto texto texto texto texto texto texto texto” (ASSOCIAÇÃO BRA-
SILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT), 2018, p. 1).

A partir da segunda citação:

Segundo a ABNT (2002, p. 15), “texto texto texto texto texto texto texto texto”.
Ou “Texto texto texto texto texto texto texto texto texto” (ABNT, 2018, p. 15).

e) Mais algumas situações

Quando temos mais de uma obra de um mesmo autor citadas dentro do nos-
so trabalho, normalmente o ano da publicação é o suficiente para diferenciar o
documento. Mas se houver coincidência de ano, acrescentamos uma letra minús-
cula após o ano, sem espaço no meio. Por exemplo:

119
Metodologia do Trabalho Científico

Martins (2021a) e Martins (2021b) texto texto texto texto texto texto texto tex-
to texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto texto
texto texto.

Nesse caso, nas referências ao final do trabalho é necessário recuperar essa


distinção com a letra após o ano para que o leitor possa identificar certinho que
obra é de cada citação.

Outra situação que você vir a se deparar é a coincidência de autores diferen-


tes com o mesmo sobrenome. Nesse caso, acrescentam-se as iniciais de seus
prenomes e se ainda não for suficiente para distingui-los, colocam-se os preno-
mes por extenso, até que a coincidência seja desfeita. Confira o exemplo:

Quadro: autores com o mesmo nome

Struve, O Struve, Otto Struve, Otto W.


Struve, O Struve, Otto Struve, Otto H.
Struve, F Struve, Friedrich Struve, Friedrich G.
Struve, F Struve, Friedrich Struve, Friedrich A.
Fonte: Silva e Urbaneski (2009, p. 101)

Você pode também querer mencionar vários documentos de um mesmo au-


tor, que possuem o mesmo ponto de vista. Nesse caso, precisa inserir entre pa-
rênteses os anos de publicação dos textos. Exemplo: Martins (2020, 2021).

Mas se for o caso de citar diferentes autores que apresentam o mesmo pon-
to de vista em relação a um assunto, irá apresentá-los em ordem cronológica.
Exemplo: como base para o trabalho, foram fundamentais os autores: Câmara Jr.
(1977), Azevedo (1998), Demo (2003), Medeiros (2007) entre outros.

Todos os documentos dos quais você irá retirar citações, diretas


ou indiretas, deverão obrigatoriamente constar em uma lista de refe-
rências inserida ao término do trabalho científico.

120
Capítulo 3 Apresentação, Organização e Formatação do Trabalho

4 REFERÊNCIAS
Para elaborar o seu trabalho, você terá consultado vários documentos e ci-
tado alguns deles ao longo do seu texto. Ao final, caberá colocar a referência
dos documentos citados. Mas como fazer isso? Calma, neste subcapítulo iremos
ver como fazer as referências de diferentes documentos, como livros, trabalhos
acadêmicos, enciclopédias, jornal, revista, anais, entrevistas, artigos da internet,
entre outros que achamos serem os mais comuns para auxiliar você.

As referências irão seguir as normas fixadas ABNT- NBR 6023,


de referências, atualizada em 2018.

Mas você sabe o que é referência? Podemos definir como um conjunto de


elementos descritivos que permitem a identificação do material. As referências de-
vem ser sempre exatas e o mais completas possíveis. Elas devem constar após
as considerações finais do trabalho, como um elemento pós-textual. Devem ser
colocadas em ordem alfabética, separadas entre si por uma linha em branco de
espaço simples e alinhadas à margem esquerda do texto.

Alguns elementos podem ser considerados essenciais para compor a refe-


rência, como: autor(es), título, edição, local, editora e data de publicação. Con-
tudo, alguns materiais podem apresentar exigência de outros elementos para
complementar a referência. Assim, vamos ver como elaborar as referências dos
documentos mais comuns que você poderá necessitar para o seu trabalho.

Se você optar por fazer assim ou assado no seu trabalho, de-


verá seguir esse modelo em todo o trabalho para padronizá-lo. Por
exemplo, se escolher acrescentar um elemento complementar nas
referências, em todas as referências do mesmo tipo deverá conter
esse elemento.

121
Metodologia do Trabalho Científico

4.1 LIVROS
Para elaborar a referência de livros, alguns elementos são essenciais. Vejamos:

Autor: Último sobrenome em maiúsculas, seguido dos prenomes apenas ini-


ciados por maiúsculas. Contudo temos algumas exceções: nomes espanhóis e
orientais. Nos nomes espanhóis, a entrada se dá pelo penúltimo sobrenome, que
corresponde ao sobrenome de família do pai. Os nomes orientais — japoneses,
chineses e árabes — são registrados como se apresentam. Outra exceção são:
dois sobrenomes ligados por traço de união, que são grafados juntos; sobreno-
mes que indicam parentesco, como Júnior, Filho e Neto, acompanham o último
sobrenome.

Título: Em negrito ou itálico.

Subtítulo: Se houver separado do título por dois pontos, sem grifo.

Edição: Indica-se o número da edição, a partir da segunda, seguido de ponto


e da palavra edição (ed.) no idioma da publicação. Ou seja, se for primeira edição,
não precisa acrescentar a informação na referência. Exemplo: 2. ed., 3. ed. etc.

Local da publicação: Indicar o primeiro local de publicação (cidade) que apa-


rece no documento. Quando há mais de uma cidade, indica-se a primeira mencio-
nada na publicação, seguida de dois pontos. Desde 2018, pode-se indicar o local
com estado ou país desde que indicado no documento.

Editora: Apenas o nome que a identifique, seguida de vírgula.

Data: Ano de publicação que aparece no documento.

a) Livro com um autor

SOBRENOME DO AUTOR, Prenomes. Título do livro. Local da publicação:


Editora, Ano.

Exemplo:

DEMO, Pedro. Educar pela pesquisa. 6. ed. Edição: Campinas, SP: Autores
Associados, 2003.

MARTINS JUNIOR, Joaquim. Como escrever trabalhos de conclusão de


curso. 9. ed. Petrópolis: Editora vozes, 2015.

122
Capítulo 3 Apresentação, Organização e Formatação do Trabalho

b) Livro com subtítulo

AZEVEDO, Israel Belo de. O prazer da produção científica: diretrizes para a


elaboração de trabalhos acadêmicos. 6. ed. Piracicaba: UNIMEP, 1998.

c) Livro com dois autores

SOBRENOME DO PRIMEIRO AUTOR, Prenomes; SOBRENOME DO


SEGUNDO AUTOR, Prenomes. Título do livro: (subtítulo quando houver). Edição.
Local da publicação: Editora, Ano.

Exemplo:

SILVA, Renata; URBANESKI, Vilmar. Metodologia do trabalho científico.


Indaial: UNIASSELVI, 2009.

d) Livro com três autores

SOBRENOME DO PRIMEIRO AUTOR, Prenomes; SOBRENOME DO


SEGUNDO AUTOR, Prenomes; SOBRENOME DO TERCEIRO AUTOR,
Prenomes. Título do livro: (subtítulo quando houver). Edição. Local da
publicação: Editora, Ano.

Exemplo:

KOLLER, Sílvia H; PAULA COUTO, Maria Clara P; HOHENDORFF, Jean Von.


(org.) Manual de produção científica. Porto Alegre: Penso, 2014.

e) Livro com mais de três autores

Desde 2018, quando temos quatro autores ou mais, a orientação da ABNT


permite que se indique todos os autores.

Exemplo:

PEREIRA, Adriana Soares; SHITSUKA, Dorlivete Moreira; PARREIRA, Fabio


José; SHITSUKA, Ricardo. Metodologia da pesquisa científica. Santa Maria:
UFSM, NTE, 2018.

Mas também permite que se indique apenas o primeiro, seguido da expres-


são et al.

SOBRENOME DO AUTOR, Prenomes et al. Título do livro: (subtítulo quando


houver). Edição. Local da publicação: Editora, Ano.

123
Metodologia do Trabalho Científico

Exemplo:
PEREIRA, Adriana Soares et al. Metodologia da pesquisa científica. Santa
Maria: UFSM, NTE, 2018.

f) Livro com organizador (org.), Coordenador (coord.) ou Editor (ed.)

SOBRENOME DO AUTOR, Prenomes. (org. ou coord. ou ed.). Título do livro:


(subtítulo quando houver). Edição. Local da publicação: Editora, Ano.

Exemplo:

MÜLLER, Antonio José (org). Metodologia científica. Indaial: Uniasselvi, 2013.

g) Livro cujo autor é uma entidade

Quando uma entidade coletiva assume integral responsabilidade por um tra-


balho, colocamos ela como autor. Desde 2018, as entidades podem ser tratadas
pela forma conhecida ou como está grafado no documento, de forma abreviada
sem mais a obrigatoriedade de indicar a autoria por extenso.

Exemplo:

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 14724: Informação


e documentação: trabalhos acadêmicos: apresentação. Rio de Janeiro, 2011.

E se for documento de uma instituição governamental da administração dire-


ta, seu nome deve ser precedido pelo nome do órgão superior ou pelo nome da
jurisdição à qual pertence.

Exemplo:

BRASIL. Ministério da Justiça. Relatório de atividades. Brasília, DF: Ministério


da Justiça, 1993.

Quando estiver realizando a pesquisa, consultando os docu-


mentos que poderão contribuir para a sua fundamentação teórica,
mantenha o hábito de anotar os elementos que constam na ficha ca-
talográfica. Isso ajudará muito você a recuperar o material e a montar
a referência sempre que necessário.

124
Capítulo 3 Apresentação, Organização e Formatação do Trabalho

h) Livros considerados em parte

Autor do capítulo é o mesmo da obra:

SOBRENOME DO AUTOR DA PARTE REFERENCIADA, Prenomes. Título


da parte referenciada. In: SOBRENOME DO AUTOR, Prenomes. Título do livro.
Local: Editora, ano. Página inicial e final.

As normas da ABNT não fazem mais menção ao sublinhado


para substituir autores repetidos.

Autor do capítulo não é o mesmo da obra:

SOBRENOME DO AUTOR DA PARTE REFERENCIADA, Prenome. Título da


parte referenciada. In: SOBRENOME DO AUTOR OU ORGANIZADOR, Preno-
mes. (org.). Título do livro. Local: Editora, ano. Página inicial e final.

4.2 TESES, DISSERTAÇÕES E


TRABALHOS ACADÊMICOS
SOBRENOME DO AUTOR, Prenomes. Título: subtítulo (se houver). Ano de
apresentação. Número de folhas. Tese, dissertação ou trabalho acadêmico (Grau
e área) – Unidade de ensino e instituição, local e data.

Exemplo:

TAFNER, Elisabeth Penzlien. As formas verbais de futuridade em sessões


plenárias: uma abordagem sociofuncionalista. 2004. 188 f. Dissertação
(Mestrado em Linguística) – Centro de Comunicação e Expressão, Universidade
Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2004.

O nome do orientador em trabalhos acadêmicos pode ser acres-


centado como elemento complementar logo após o título do trabalho.

125
Metodologia do Trabalho Científico

4.3 JORNAL
Jornal no todo

NOME DO JORNAL. Cidade, data.

Exemplo.: FOLHA DE SÃO PAULO. São Paulo, 11 jan. 2022.

a) Artigo de Jornal

Com autor definido:

SOBRENOME DO AUTOR DO ARTIGO, Prenomes. Título do artigo. Título


do jornal, Cidade, data (dia, mês, ano). Suplemento, número da página, coluna.

Sem autor definido:

TÍTULO do artigo (apenas a primeira palavra em maiúscula). Título do jor-


nal, Cidade, data (dia, mês, ano). Suplemento, número da página, coluna.

Modelo de artigo de jornal sem seção, caderno ou parte:

AUTOR do artigo. Título do artigo. Título do Jornal, local de publicação, pá-


gina, data.

4.4 REVISTA
a) Modelo com autor

AUTOR do artigo. Título do artigo. Título da revista, local da publicação, vo-


lume, fascículo ou número, página inicial e final, data.

Modelo sem autor:

TÍTULO do artigo. Título da revista, local da publicação, volume, fascículo


ou número, página inicial e final, data.

Quando não conseguimos encontrar algumas informações obri-


gatórias para a referência, podemos usar algumas expressões para
substitui-las. Vejamos:
126
Capítulo 3 Apresentação, Organização e Formatação do Trabalho

Quando a editora não puder ser encontrada, deve-se usar a ex-


pressão sine nomine, abreviada e entre colchetes [s.n.].

Quando o local de publicação não for encontrado, deve-se usar


a expressão sine loco, abreviada e entre colchetes [s.l.].

Quando o local e a editora não são encontrados, usa-se entre


colchetes [S.l.: s.n.].

Quando o local, a editora e a data não forem identificadas, usa-


-se entre colchetes [s.n.t.] (sem notas tipográficas).

4.5 RELATÓRIOS
NOME DA INSTITUIÇÃO. Título do Relatório. Local da publicação, ano.

4.6 DOCUMENTOS DE EVENTOS


(ANAIS, RESUMOS etc.)
NOME DO EVENTO, número do evento, ano de realização, local (cidade) de
realização. Título do Documento (anais, resumos etc.). Local de publicação:
Editora, ano de publicação.

4.7 ENCICLOPÉDIAS
AUTOR da obra. Título da obra. Local da Publicação: Editora, ano. Ou ape-
nas NOME DA ENCICLOPÉDIA. Local da publicação: Editora, ano.

Exemplos:

NOVA enciclopédia Barsa. Rio de Janeiro: Encyclopaedia Brittanica, 1997. v. 2.

ENCICLOPÉDIA Barsa. Rio de Janeiro: Encyclopaedia Britannica, c1995. 16


v. ISBN 8570263724 (obra completa).

127
Metodologia do Trabalho Científico

4.8 ENTREVISTAS
Atente que a norma indica para colocar como primeiro elemento o nome do
entrevistado.

a) Entrevistas Publicadas

SOBRENOME DO ENTREVISTADO, Prenomes. Título da entrevista. [entre-


vista concedida a] Nome do entrevistador, Referência da publicação (livro ou pe-
riódico), Nota da entrevista.

Exemplo:

POTTER, Harry. Os segredos de Hogwarts. [Entrevista cedida a] Alberto Jú-


nior, Jornal Zero Hora, Porto Alegre, n. 13, mar./abr/ 2020. Disponível em http://
www.teste.com.br/entrevista. Acesso em: 15 jun. 2020.

Quando for uma entrevista concedida em função do cargo ocupa-


do pelo entrevistado, coloca-se o cargo, a instituição e o local ao título.

b) Entrevistas não publicadas

SOBRENOME DO ENTREVISTADO, Prenome. Título. Local, data (dia, mês. ano).

Se a entrevista for realizada por você para coletar dados para o seu relatório
de estágio, por exemplo, ela não constará na lista de referência. Esse tipo de en-
trevista, pode ser acrescido nos apêndices do trabalho.

4.9 VÍDEOS
a) FILMES

TÍTULO. Diretor e/ou Produtor. Local: Empresa Produtora ou distribuidora,


data e especificação do suporte em unidades físicas.

128
Capítulo 3 Apresentação, Organização e Formatação do Trabalho

Exemplo:

O DIÁRIO de Bridget Jones. Direção: Sharon Maguire. Intérpretes: Renée


Zellweger, Hugh Grant e Colin Firth. [S. l.]: Universal Studios, 2005. 1 DVD (97
min), son., color.

Nesse tipo de referência, não usamos nenhum destaque como negrito ou


itálico.

b) You Tube

Sem autoria:

THE BEATLES - Don’t let me down. [S. l.: s. n.], 14 dez. 2015. 1 vídeo (9 min
41 s). Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=NCtzkaL2t_Y. Acesso
em: 12 dez. 2018.

Com autoria:

RAMBO, Arthur. Dinos do Saber #1 - Apresentando (Parte 1/2). [S. l.: s. n.], 18
maio 2015. 1 vídeo (25 min 49 s). Publicado pelo canal Dinos do Saber. Disponível
em: https://www.youtube.com/watch?v=7oHxodbHcLQ. Acesso em: 10 dez. 2018.

c) Streaming

CAMELOT. Director: Josef Kubota Wladyka. In: NARCOS: Mexico. Season 1.


Creators: Carlo Bernard, Chris Brancato, Doug Miro. Executive producers: Carlo
Bernard, Doug Miro, Eric Newman, José Padilha. Los Gatos: Netflix, 2018. Seria-
do via streaming. Episode 1 (57 min).

d) Televisão

REDE GLOBO. Globo rural [Zebus]. Rio de Janeiro: Rede Globo, 22 maio
1994. Programa de TV.

4.10 REFERÊNCIA LEGISLATIVA


a) Acórdãos, Decisões e Sentenças das Cortes ou Tribunais

129
Metodologia do Trabalho Científico

Jurisdição. Nome da Corte ou Tribunal. Título (natureza da decisão ou emen-


ta). Tipo e número do recurso. Partes litigantes (se houver). Nome do Relator. Lo-
cal, data. Indicação da publicação que divulgou o acórdão, decisão ou sentença.

Exemplo:

BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Deferimento de pedido de extradição.


Extradição n. 818. República Italiana e Maurizio Lo Iacono. Relatora: Ministra El-
len Gracie. Brasília, 18 de dezembro de 2003. Revista Trimestral de Jurisprudên-
cia, Brasília, DF, v. 191, p. 777-791, jan./mar. 2005.

b) Leis, Decretos e Resoluções

Jurisdição. Título, numeração, data. Referência da publicação

Exemplo (elementos essenciais):

BRASIL. Medida Provisória n. 293, de 17 de janeiro de 1991. Diário Oficial


[da União], Brasília, DF, 18 jan. 1991, n. 13, p. 1335.

Exemplo (elementos complementares):

BRASIL. Medida Provisória n. 293, de 17 de janeiro de 1991. Dispõe sobre


princípios de política agrícola, estabelecendo atribuições ao Conselho Nacional
de Política Agrícola – CNPA, tributação compensatória de produtos agrícolas, am-
paro ao pequeno produtor e regras de fixação e liberação de estoques públicos.
Diário Oficial [da União], Brasília, DF, 18 jan. 1991, n. 13, p. 1335.

c) Pareceres

Autoria (Instituição ou Pessoa). Parecer n. ..., data. Referência da publicação.

4.11 REFERÊNCIAS DE FONTES


ELETRÔNICAS
A internet se tornou uma fonte de pesquisa muito prática e muitos dos docu-
mentos publicados de forma eletrônica possuem estilo semelhante aos impres-
sos, mas podem dificultar na hora de fazer uma citação ou referência por algumas
características que os diferenciam por seu suporte. Por exemplo, para as referên-
cias em fontes eletrônicas, é imprescindível acrescentar a expressão “Disponível

130
Capítulo 3 Apresentação, Organização e Formatação do Trabalho

em:” seguida o endereço eletrônico. A seguir, coloca-se a expressão “Acesso em:”


e a data de acesso ao documento.

Neste item, iremos exemplificar algumas referências de materiais encontra-


dos em meio eletrônico, pois abarcar todos se tornaria demasiado exaustivo. Mas
caso precise, caro(a) acadêmico(a), referenciar algum material não citado aqui,
poderá consultar diretamente as normas da ABNT.

Em alguns materiais, pode acontecer de você não encontrar to-


das as informações essenciais para elaborar a referência. Então va-
mos ver algumas dicas de como proceder nesses casos. Se você não
encontrar o ano de publicação, poderá indicar o ano do copyright da
página (precedido da letra c em minúsculo e sem espaço), da distribui-
ção, da impressão, ou outros. Caso realmente não consiga encontrar
o ano em nenhuma dessas opções, utiliza-se o ano de acesso entre
colchetes e um ponto de interrogação, para indicar assim o ano de
acesso, como o ano provável do documento. Exemplo: [202?].

E quando não aparecer no documento o local, mas for possível


identificar de outra forma, indica-se entre colchetes. Exemplo: [São
Paulo]. Caso seja um documento sem local ver o item 5.1.4 Local.
Não sendo possível determinar o local, utiliza-se a expressão sine
loco, abreviada, entre colchetes [S.l.].

a) Referência de livro no todo on-line

AUTOR. Título. Local da Publicação: Editora, Ano. Disponível em:. Acesso


em: data.

b) Referência de livro em parte on-line

Autor da parte referenciada. Título da parte referenciada. Referência da Pu-


blicação no todo precedida de In: Localização da parte referenciada. Disponível
em:. Acesso em: data.

c) Referência de artigo de periódico on-line

Autor do artigo. Título do artigo. Título da revista, Local da publicação, volume,


fascículo ou número, página inicial e final, data. Disponível em:. Acesso em: data.

131
Metodologia do Trabalho Científico

d) Referência de artigos de jornal on-line

Autor do artigo. Título do artigo. Título do Jornal, Local da publicação, data.


Seção caderno ou parte do jornal, página. Disponível em:. Acesso em: data.

Atualmente não é mais necessário a utilização dos sinais < >


para mencionar os links.

e) Redes sociais
A nova versão da NBR 6023 já foi atualizado com orientações para a elabo-
ração de referência de redes sociais.
Exemplo:

Facebook:

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). Sistemas


de armazenagem. São Paulo, 19 set. 2017. Facebook: ABNT Normas técnicas
“ABNTOficial. Disponível em: https://www.facebook.com/ABNTOficial/?hc_
href=ARRCZ0mN_XLGdpWXonecaRO0ODbGisTE2siVEPgy_n8sEC1sYCO_
qGLCqynp1lGE2-U&fref-nf. Acesso em: 21 set. 2017.

Instagram:

SALGADO, Sebastião. State of Mato Grosso, Brazil - 2005. [S. l.], 5 maio
2018. Instagram: @sebastiaosalgadooficial. Disponível em: https://www.insta-
gram.com/ p/BiZu17fjxM1/. Acesso em: 17 dez. 2018.

Se o link da referência que precisa utilizar for muito extenso,


você pode usar o serviço de encurtamento de links. Você encontra
algumas opções na internet.

132
Capítulo 3 Apresentação, Organização e Formatação do Trabalho

2 Ao longo dos nossos estudos nesta disciplina, estamos conver-


sando sobre a importância dos trabalhos acadêmicos e das cita-
ções dentro desse tipo de trabalho. Desse modo, vimos diferen-
tes formas de fazer citação. Dito isso, analise a citação abaixo e
assinale a resposta correta sobre que tipo de citação é essa.
Metodologia “[...] é uma preocupação instrumental. Trata das for-
mas de se fazer ciência. Cuida dos procedimentos, das ferramen-
tas, dos caminhos” (DEMO, 2003, p. 19).

a) ( ) Citação direta curta


b) ( ) Citação indireta
c) ( ) Citação de citação
d) ( ) Citação direta longa

3 As referências podem ser compreendidas como um conjunto de


elementos descritivos que permitem a identificação do material
do consultado na elaboração do trabalho acadêmico. As refe-
rências devem ser sempre exatas e o mais completas possíveis.
Dito isso, analise as seguintes sentenças sobre os elementos que
compõe as referências de livros.

I- O autor é um item essencial, deve apresentar último sobrenome


em maiúsculas, seguido dos prenomes apenas iniciados por mai-
úsculas.
II- O título é um item essencial, deve vir com destaque em negrito ou
itálico.
III- O local de publicação é um item essencial, devendo indicar a ci-
dade que aparece no documento, ou estado ou país desde que
indicado no documento.
IV- Os números de página são itens essenciais, devendo indicar ao
final da referência o número ou intervalo de páginas das citações.

Assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) Somente as afirmativas I, II e III estão corretas.


b) ( ) Somente as afirmativas I e III estão corretas.
c) ( ) Somente as afirmativas III e IV estão corretas.
d) ( ) Somente a afirmativa IV está correta.

133
Metodologia do Trabalho Científico

Pós-graduando, selecionamos e indicamos alguns livros e arti-


gos referência no campo da metodologia da pesquisa, para que você
possa se aprofundar nos estudos dessa temática.

Fundamentos de Metodologia Científica

Referência: LAKATOS, E. M.; MARCONI, M. de A. Fundamen-


tos de metodologia científica. 6. ed. 5. reimp. São Paulo: Atlas, 2007.

Como elaborar projetos de pesquisa

Referência: GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de


pesquisa. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2017.

Metodologia de Pesquisa

Referência: ZANELLA, Liane Carly Hermes. Metodologia de


pesquisa. 2. ed. Florianópolis: Departamento de Ciências da Admi-
nistração/ UFSC, 2013.
134
Capítulo 3 Apresentação, Organização e Formatação do Trabalho

Disponível em: http://arquivos.eadadm.ufsc.br/somente-leitura/


EaDADM/UAB3_2013-2/Modulo_1/Metodologia_Pesquisa/material_
didatico/Livro-texto%20metodologia.PDF

Métodos de pesquisa.

Referência: GERHARDT, Tatiana Engel; SILVEIRA, Denise Tol-


fo. Métodos de pesquisa. Porto Alegre: Eddito da UFRGS, 2009.
Disponível em: http://www.ufrgs.br/cursopgdr/downloadsSerie/de-
rad005.pdf

5 ÉTICA E PLÁGIO
Durante o percorrer de seus estudos, você conheceu vários métodos de pesqui-
sa e como realizar e organizar sua pesquisa, no entanto precisamos falar sobre uma
temática muito importante: a ética na pesquisa e o plágio. Plágio? O que é plágio?

Plágio é a apropriação indevida de um produto intelectual, seja


um texto, obra artística, imagem, música etc., de uma pessoa sem
lhe atribuir o crédito (MENEZES, 2020).

Portanto, o plágio se configura quando alguém utiliza algo, seja de revista,


livros jornais ou internet, como fosse de sua própria autoria, principalmente no
campo acadêmico, onde se utiliza textos de outros autores e não realiza as cita-
ções devidamente. Este ato tem implicações éticas e judiciais.

Assista ao vídeo indicado e fique por dentro do que é plágio e


suas consequências: https://www.youtube.com/watch?v=1I2EhxU2_OI

135
Metodologia do Trabalho Científico

O plágio infelizmente é uma preocupação das instituições e dos mais diver-


sos órgãos de ensino e de pesquisa, pois pode lesar não apenas o plagiado, mas
também poderá colocar em risco a reputação e a credibilidade das instituições.
Para isso existe as normas da ABNT que regulariza as mais diversas questões
para trabalhos acadêmicos, e são utilizadas pelas instituições como pré-requisito
de aprovação dos trabalhos submetidos a aprovação.

O plágio é uma questão ética! No ambiente acadêmico, deve haver uma con-
sideração do pesquisador em relação as obras já publicadas, pois nem sempre
há como identificar um plágio, por isso a ética do pesquisador irá nortear sua con-
duta, quando esse, utiliza de materiais que anteriormente houve esforços para a
descoberta de certa questão, desse modo, a conduta aceitável (a citação correta
das fontes) trará integridade científica para a sua pesquisa, no entanto, isso será
uma decisão pessoal e moral do indivíduo.

FIGURA 3 – A PRÁTICA DO PLÁGIO

FONTE: <httpswww.20minutos.esnoticia43637500originality-la-herramienta-
definitiva-para-detectar-el-fraude-academico>. Acesso em: 17 dez. 2021.

Lamentavelmente em um país em que a prática desonesta é “padrão” e em


muitas vezes “incentivada”, por vezes não saem em puni, seja na questão ética e
moral (descredibilização da imagem do pesquisador), quanto consequências judi-
ciais. Vejamos alguns exemplos:

Em março de 2011, o ministro da defesa da Alemanha, Karl-Theodor Zu Gut-


tenberg, renunciou ao cargo devido à denúncia de plágio em sua tese de Douto-
rado; ele foi acusado de copiar passagens inteiras de outras teses sem citar os
autores (VIDAL, 2013).

136
Capítulo 3 Apresentação, Organização e Formatação do Trabalho

Já em 2012, o acusado foi o presidente da Hungria, Pál Schmitt, após ser


acusado de plagiar a sua tese de doutorado, levaram ao cancelamento do seu
título de doutor pela Faculdade de Medicina da Universidade Semmelweis, de Bu-
dapeste, o que levou à renúncia de seu cargo de presidente diante de todo o par-
lamento do país (VIDAL, 2013).

Um caso que ficou notório em nosso país aconteceu com o ministro da edu-
cação Carlos Alberto Decotelli (2020), acusado de plágio em seu trabalho de mes-
trado na fundação Getúlio Vargas (FGV). Foi acusado de copiar outras obras sem
dar os créditos devidos ao realizar a sua dissertação de mestrado em 2008. E a
polêmica não parou por aí, na mesma semana alterou seu currículo Lattes, onde
antes constava que possuía doutorado, porém, a Universidade Nacional de Ro-
sario, na Argentina, na pessoa de seu reitor Franco Bartolacci, revelou que o mi-
nistro não possuía título de doutor, já que a tese dele foi reprovada. Em junho de
2020, o ministro solicitou a demissão do cargo de ministro da educação devido
aos acontecimentos.

O que diz a lei?

Na legislação brasileira, a prática de plágio é proibida com base


na Lei 9.610/1988 - Lei dos Direitos Autorais:

Código Penal - Crime contra o Direito Autoral, previsto nos Arti-


gos 7, 22, 24, 33, 101 a 110, e 184 a 186, que definem:

Art. 7 define as obras intelectuais que são protegidas por lei:


considerando como obras intelectuais “as criações do espírito, ex-
pressas por qualquer meio ou fixadas em qualquer suporte, tangível
ou intangível, conhecido ou que se invente no futuro”.

Art. 22 a 24 regem os direitos morais e patrimoniais da obra cria-


da, como pertencentes ao seu Autor.

Art. 33 diz que ninguém pode reproduzir a obra intelectual de


um Autor, sem a permissão deste.

Art. 101 a 110 tratam das sanções cíveis aplicáveis em casos de


violação dos direitos autorais, sem exclusão das possíveis sanções
penais.

137
Metodologia do Trabalho Científico

Art. 184 configura como crime de plágio o uso indevido da pro-


priedade intelectual de outro.

Art. 299 define o plágio como crime de falsidade ideológica, em


documentos particulares ou públicos.

O autor lesado pelo plágio pode entrar na justiça com ação inde-
nizadora. As penalidades variam de multas até a reclusão, podendo
chagar a 5 anos.

Fonte: Adaptado de Nery et al. (2009)

Portanto, além de uma questão ética, plágio é crime. Acadêmico, procure


creditar as suas fontes, dessa forma, você irá legitimar seu estudo e futuramente
poderá ser a fonte de uma pesquisa. Reflita no que foi discorrido sobre o assunto
e acesse os artigos abaixo para ter mais informações referente ao âmbito ético,
acadêmico, jurídico e pedagógico do plágio.

Acesso o artigo: O plágio acadêmico como um problema


ético, jurídico e pedagógico, pelo link: https://www.unifac.edu.br/
images/materiais_de_apoio/2015/ed_fisica/leone/trabalho_ferias_jul-
ho_01_04.pdf

Não deixe de conferir o manual do instituto de ensino e pesquisa


Insper, que tratará em outros tópicos os tipos de plágio.

Acesse pelo link: https://www.insper.edu.br/wp-content/up-


loads/2015/01/Cartilha-plagio.pdf

ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
Chegamos ao fim do último capítulo. A jornada foi longa, mas é só o começo.
Agora cabe a você colocar todos os conhecimentos adquiridos aqui em prática na
sua pesquisa.
138
Capítulo 3 Apresentação, Organização e Formatação do Trabalho

Iniciamos os estudos deste capítulo conversando sobre a organização, for-


mato e apresentação dos trabalhos científicos. Na sequência, vimos as formas
de fazer citações dentro do seu trabalho. Afinal, o seu trabalho não será escrito
baseado apenas nas suas ideias ou experiências, você precisa citar autoridades
no assunto para dar respaldo às ideias expostas.

Além disso, você deverá referenciar os documentos dos quais foram retira-
das essas citações. Por isso, terminamos o capítulo vendo como fazer essas re-
ferências dentro das normas, para que seu futuro leitor possa vir a consultar as
obras referenciadas também, caso queira.

Esse estudo exaustivo das normas é importante para a elaboração de traba-


lhos científicos e sua padronização, permitindo aos autores autonomia nas suas
pesquisas e facilidade ao apresentarem as conclusões dentro das normas para o
devido reconhecimento.

Boa pesquisa!

REFERÊNCIAS
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR 6023:
informação e documentação: referências: apresentação. Rio de Janeiro: ABNT, 2018.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR 6024:


informação e documentação: numeração progressiva das seções de um
documento: apresentação. Rio de Janeiro: ABNT, 2012.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR 14724:


Informação e documentação: trabalhos acadêmicos: apresentação. Rio de
Janeiro: ABNT, 2011.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR 6022:


informação e documentação: artigo em publicação periódica científica impressa:
apresentação. Rio de Janeiro, 2003. 

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR 10520:


informação e documentação: apresentação de citações em documentos. Rio de
Janeiro: ABNT, 2002.

AZEVEDO, I. B. de. O prazer da produção científica: diretrizes para a


elaboração de trabalhos acadêmicos. 6 ed. Piracicaba: UNIMEP, 1998.

139
Metodologia do Trabalho Científico

FACHIN, O. Fundamentos de metodologia. 3 ed. São Paulo: Saraiva, 2001.

FRAINER, J. Metodologia Científica. Indaial. UNIASSELVI. 2020.

FONSECA, J. J. S. Metodologia da pesquisa científica. Fortaleza: UEC, 2002.

GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 6 ed. São Paulo: Atlas, 2017.

MENEZES, P. Significados. Blog 2020. Disponível em: https://www.significados.


com.br/plagio/. Acesso em: 17 dez. 2021.

NERY, G. Nem tudo é o que parece é: entenda o que é plágio. Niterói-RJ: UFF.
2009. Disponível em: http://www.noticias.uff.br/arquivos/cartilha-sobre-plagio-
academico.pdf. Acesso em: 17 dez. 2021.

PEREIRA, A. S. et al. Metodologia da pesquisa científica. Santa Maria-RS:


UFSM, 2018.

PITHAN, L. H.; VIDAL, T. R. A. O plágio acadêmico como um problema ético,


jurídico e pedagógico. Direito & justiça, v. 39, n. 1, p. 77-82, jan./jun., 2013.
Disponível em: https://www.unifac.edu.br/images/materiais_de_apoio/2015/ed_
fisica/leone/trabalho_ferias_julho_01_04.pdf. Acesso em: 17 dez. 2021.

SANTOS, A. R. Metodologia científica: a construção do conhecimento. 7 ed.


Rio de Janeiro: Lamparina, 2007.

SEVERINO, A. J. Metodologia do trabalho científico. São Paulo: Editora


Cortez, 2013.

SILVA, R.; URBANESKI, V. Metodologia do trabalho científico. Indaial:


UNIASSELVI, 2009.

ZANELLA, L. C. H. Metodologia de pesquisa. 2 ed. Florianópolis: UFSC, 2013.

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