Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
DOURADOS – MS
2018
1
RESUMO
Introdução: O ambiente de trabalho e seus processos podem ser vivenciados como bom ou
ruim; gerador de sofrimento ou prazer; desgaste ou crescimento dependendo das relações
entre o trabalhador e os desafios de seu meio (MENDES, 2001). No mundo do trabalho, a
educação está presente em todo o momento, é onde exercitamos nossas práticas individuais e
coletivas, e nesse movimento dialético os indivíduos são estimulados a exercer seus
conhecimentos e se reinventar de forma constante, ou seja, no ambiente de trabalho, a cada
contato com o outro existe uma nova demanda que surge e deve ser superada (MERHY;
FRANCO,2008). O uso de estratégias educativas para a promoção de saúde de trabalhadores
se configura como um instrumento potente pois abre espaço para o surgimento de mudanças
subjetivas, de problematizações e ações relacionadas ao pensar-agir-perceber que possibilitam
a reinvenção de si mesmo, assim como da coletividade e das instituições, pois é justamente
neste processo dialógico que questões intratáveis no espaço de trabalho se tornam passíveis de
uma manifestação do desejo de mudança. Objetivo: Desenvolver um processo educativo na
perspectiva da formação permanente para qualificar profissionais membros do Conselho
Consultivo de Enfermagem sobre a organização temática de saúde do trabalhador, com o
apoio de um ambiente virtual. Metodologia: O presente estudo é de intervenção com
abordagem qualitativa, pesquisa exploratória e com amostragem não probabilística. Ocorrerá
em duas etapas: a primeira consistirá na coleta de dados para sistematização das “situações
problema” e dos “temas geradores” que trarão subsídio para o planejamento da segunda etapa
que é a realização dos encontros educativos. Os sujeitos pesquisados serão os membros do
Conselho Consultivo de Enfermagem do Hospital Universitário da UFGD/ Ebserh eleitos para
o período de 2018/19 e toda a construção do processo educativo será pautada no referencial
teórico de Paulo Freire. Resultados esperados: Espera-se que com o processo educativo e a
escolha pela formação dos membros do Conselho Consultivo de Enfermagem traga benefícios
tanto para os indivíduos que participarão das atividades formativas quanto para todo o corpo
de enfermagem, gestores e pacientes deste Hospital, pois a expectativa é de que uma vez
capacitados, tenham condições de desenvolver habilidades para a leitura e apropriação dos
espaços que promovam a autonomia dos sujeitos individuais coletivos dentro da sua própria
organização do trabalho e principalmente que se sintam estimulados para participar
ativamente e discutir sobre os processos de trabalho que impliquem em sua saúde, desta
forma, terão maiores condições de melhor representar a sua categoria profissional na
Instituição.
2
1. INTRODUÇÃO:
Esta proposta tem como objeto de estudo, o uso de metodologias ativas como
estratégia educativa para a promoção de saúde e bem-estar no trabalho para os profissionais
de enfermagem que atuam no Hospital Universitário da UFGD/Ebserh.
Toda atividade de trabalho modifica alguma coisa e produz algo novo e, ao modificar
a natureza, o homem se modifica (Marx, 2015).
Para Dejours (2012), o ato de trabalhar não é apenas produzir, é também conviver,
pertencer e compartilhar de um coletivo que identifica o trabalhador que constrói saberes,
experiências e regras sobre como fazer; esse coletivo é onde o trabalhador vive as
contradições do trabalho e organiza formas de enfrentá-las).
No mundo do trabalho, a educação está presente em todo o momento, pois estamos
exercitando nossas práticas individuais e produzindo práticas e processos dentro do coletivo, e
nesse movimento dialético os indivíduos são estimulados a exercer seus conhecimentos e se
reinventar de forma constante, ou seja, no ambiente de trabalho, a cada contato com o outro
existe uma nova demanda que surge e deve ser superada. Nesse sentido o ato do trabalho
funciona como uma escola pois ele mexe com a forma de pensar e agir de cada um.
Merhy e Franco (2008) fazem muito bem essa relação do trabalho com a educação
quando conceituam o trabalho como um ato produtivo realizado pelo homem, sistemática, de
caráter físico e/ou intelectual, onde o ser humano desenvolve suas potencialidades, explora as
suas limitações e estabelece relações interpessoais objetivando a conclusão de uma obra,
serviço ou empreendimento para enfim acarretar em produção de riqueza e/ou suprimir
determinada necessidade humana.
A Educação Permanente em Saúde - EPS pode ser entendida como um processo de
ensino/aprendizagem que se incorpora ao cotidiano das organizações no trabalho concreto.
Ela traz em seu bojo a possibilidade de transformar práticas profissionais e a própria
organização do trabalho através da aprendizagem significativa. Seu ponto de partida está
relacionado com os problemas enfrentados no cotidiano e leva em consideração os
conhecimentos e as experiências que as pessoas trazem em seu repertório (BRASIL, 2004).
Ela apresenta o desafio de desenvolver os processos de educação dos trabalhadores da
saúde a partir da problematização do processo de trabalho. Rompe com uma mera lógica de
mercantilização da educação em saúde e ressalta a necessidade de atender às demandas por
3
mudanças e melhoria institucional baseadas na análise dos processos de trabalho, nos seus
problemas e desafios (BRASIL, 2004).
A saúde do trabalhador refere-se a um campo do saber que compreende as relações e o
processo de saúde/doença de modo articulado à um corpo de práticas teóricas
interdisciplinares, é definida conceitualmente pela Lei Federal 8080/90 como sendo o
conjunto de atividades e ações que se destinam à promoção e proteção da saúde dos
trabalhadores e que visam à recuperação e reabilitação da saúde dos trabalhadores submetidos
aos riscos e agravos advindos das condições de trabalho.
O entendimento dessa Lei é que a saúde do trabalhador traz a particularidade de se
configurar como um campo das políticas públicas que institui práticas potencialmente
transformadoras e que perseguem a integralidade da atenção à saúde. Este campo do saber
busca em sua trajetória, a participação e o controle social por parte dos trabalhadores e suas
organizações.
A Saúde do Trabalhador é um termo histórico que pressupõe a participação dos
trabalhadores em todas as questões que dizem respeito à saúde/trabalho. Ela se constitui uma
área da Saúde Pública que tem como objeto de estudo e intervenção as relações entre o
trabalho e a saúde. Tem como objetivo a promoção e a proteção da saúde do trabalhador, por
meio do desenvolvimento de ações de vigilância dos riscos presentes nos ambientes e
condições de trabalho, dos agravos à saúde do trabalhador e a organização e prestação da
assistência aos trabalhadores, compreendendo procedimentos de diagnóstico, tratamento e
reabilitação de forma integrada no SUS (BRASIL, 2001).
A saúde do trabalhador, como campo de pesquisa, relaciona saúde/doença ao processo
produtivo e se situa dentro da saúde coletiva. Esta, por sua vez, sendo um campo de
conhecimento, estuda tal relação enquanto um processo social, que acontece de forma
coletiva, diferentemente do que preconiza a medicina do trabalho e a saúde ocupacional onde
o adoecer é visto de forma individual e, quando muito, no segundo caso, organizacional,
relativo à redução dos riscos ambientais internos ao local de trabalho.
Política de Atenção à Saúde do Servidor – PASS (2009) considera que as condições e
os contextos de trabalho são determinantes no processo saúde/doença e que medidas de
promoção, prevenção e vigilância devem ser orientadas para mudar o trabalho sendo que os
próprios trabalhadores protagonistas desta mudança.
A Política Nacional de Humanização (2004) por sua vez aponta a necessidade de
valorização dos diferentes sujeitos implicados no processo de produção, entre eles
4
servidores/trabalhadores, através de promoção de atividades de valorização e de cuidado com
o cuidador da saúde, contemplando ações voltadas para a promoção de saúde e a qualidade de
vida no trabalho. Para isso, propõe ações transformadoras das práticas de saúde e gestão dos
processos de trabalho que começam pela compreensão de como é o ambiente de trabalho no
ponto de vista dos trabalhadores.
A ação da vigilância em Saúde do Trabalhador relacionado à atividade se conecta com
o conceito fundamental da saúde do trabalhador, que é o de processo de trabalho, que por sua
vez é estabelecido por Karl Marx, no capítulo VII de sua obra O Capital como o momento de
ação transformadora da natureza pelo homem, que é ao mesmo tempo o transformado.
Esse processo de transformação de si, no contato com o processo de transformação da
natureza, tem relação e recebe influência dos mecanismos de defesa do próprio trabalhador
e/ou do meio em que este está inserido. Deste modo o objeto central de intervenção das ações
de vigilância em saúde do trabalhador é o próprio processo de trabalho e a sua relação com a
saúde dos trabalhadores.
A partir deste cenário, constata-se que o uso de estratégias educativas através das
metodologias ativas para a educação em saúde de trabalhadores é um instrumento potente que
abre espaço para o surgimento de mudanças subjetivas, de problematizações e ações
relacionadas ao pensar-agir-perceber que possibilitam a reinvenção de si mesmo, assim como
da coletividade e das instituições, pois é neste processo dialógico que questões intratáveis no
espaço de trabalho se tornam passíveis de uma manifestação do desejo de mudança.
2. REVISÃO DE LITERATURA:
5
que os sujeitos estão permanentemente se reinterpretando, redefinindo novos sentidos e
modificando comportamentos (SARRETA, 2009).
As metodologias ativas estão baseadas no princípio da autonomia de Paulo Freire e
consistem em processos de ensino-aprendizagem que trazem em seu bojo, a possibilidade de
deslocamento da perspectiva do docente (ensino) para o estudante (aprendizagem) no
momento em que se refere à educação como um processo que é realizado por terceiros ou
pelo próprio sujeito, mas que se realiza na interação entre sujeitos históricos por meio de suas
palavras, ações e reflexões. Nas metodologias ativas de aprendizagem, esse contexto é
valorizado e o aprendizado ocorre a partir de problemas e situações reais. Elas são elementos
disparadores para seguir em processos mais avançados de reflexão, de integração cognitiva,
de generalização, de reelaboração de novas práticas (MORAN, 2015; FREIRE, 2011).
No método de ensino tradicional, os estudantes ocupam uma postura passiva e a
centralidade do processo de ensino-aprendizagem está no professor. Já no método ativo, os
estudantes ocupam o centro das ações educativas e passam a ser compreendidos como sujeitos
históricos e, portanto, a assumir um papel ativo na aprendizagem, posto que têm suas
experiências, saberes e opiniões valorizadas como ponto de partida para construção do
conhecimento. Nesse último método de ensino-aprendizagem, o conhecimento é construído
de forma colaborativa (MORAN, 2015)
Para obter sucesso no processo de ensino-aprendizagem, é necessário partir do
princípio que os discentes possuem um conhecimento prévio sobre o assunto. É preciso
reconhecer cada um como sujeito, estimular sua participação ativa no processo, envolvê-lo,
motivá-lo e dialogar com ele. Ensinar exige uma reflexão crítica sobre a prática que envolve o
movimento dinâmico e dialético sobre o fazer e o pensar sobre o fazer. Esse movimento se
configura como uma exigência da relação teoria/prática, sem a qual a teoria se tornará apenas
palavras/uma produção de informações, e a prática por sua vez, atos de ativismo (FREIRE,
2011).
A educação permanente em saúde, proposta pelo Ministério da Saúde, apresenta-se
como uma estratégia de reestruturação e desenvolvimento de serviços de saúde, a partir da
análise de situações concretas, visando mudanças de valores e conceitos e transformação de
práticas dos serviços de saúde (BRASIL, 2004).
As ações que fortalecem a Política Nacional de Educação Permanente em Saúde-
PNEPS encontram-se entrelaçadas com a aprendizagem significativa enquanto estratégia de
ensino-aprendizagem para transformação das práticas e da formação dos profissionais de
6
saúde, pois o profissional pode construir um novo conhecimento a partir de um conhecimento
prévio diante das constantes mudanças no sistema de saúde (BRASIL, 2004).
O trabalhador da área de saúde é sempre coletivo, não há como se trabalhar sozinho
para dar conta do complexo objeto do ato de cuidar do mundo das necessidades de saúde. O
trabalho em saúde exige uma pactuação do processo de trabalho, onde um complementa o
trabalho do outro e um processo de análise e avaliação deste, restrita ao plano da
macroestrutura na qual se insere os serviços de saúde é absolutamente insuficiente (MERHY,
FRANCO, 2008).
A compreensão dos microprocessos decisórios, vividos a partir de cada um e do
coletivo, no seu fazer cotidiano é que dará a real dimensão dos problemas e o alcance
eficiente de suas ações. O processo de análise do cotidiano de um profissional de saúde deve
ser eficaz para mostrar a estes trabalhadores o que eles estão vivendo a cada dia, processos
operativos não conscientes, velados pelo domínio hegemônico das corporações e pela
burocracia nos estabelecimentos de saúde, que enquadram os serviços aos seus interesses,
impedindo a ação criativa e criadora de cada um (FRANCO e MERHY, 2004).
A Política Nacional de Humanização (2004) define o trabalhador como gestor e
produtor de saberes e novidades, uma vez que trabalhar é gerir junto com os outros. A
Humanização se constitui como uma estratégia de interferência no processo de produção de
saúde, levando-se em conta que sujeitos sociais, quando mobilizados, são capazes de
transformar realidades transformando-se a si próprios nesse mesmo processo.
Essa Política caminha no sentido da inclusão, nos processos de produção de saúde,
dos diferentes agentes implicados nestes processos (gestores, trabalhadores e usuários) no
sentido da produção de autonomia, protagonismo e corresponsabilidade. A comunicação entre
gestores, trabalhadores e usuários provoca movimentos de perturbação e inquietação que se
configuram como o “motor” de mudanças e que também precisam ser incluídos como
recursos para a produção de saúde (BRASIL, 2004).
O profissional da saúde, ao refletir sobre as condições e relações de trabalho e o seu
modo de agir, pode inserir-se na realidade de uma maneira mais crítica e consciente. Toma
consciência da sua realidade do seu estado existencial e de sua própria capacidade para
transformação (BACKES, 2006).
Falar e refletir sobre suas vivências proporcionam ao sujeito que fala sobre o seu
trabalho uma clareza e compreensão de seu comportamento e a sua colaboração para a
mudança da situação vivenciada. No entanto, a fala não deve funcionar só como um meio de
7
traduzir a realidade dos sujeitos, mas também como forma de clarificar as redes de relações
que os sustentam. E isso se dá no contexto de trabalho, à medida que lhes é oferecida uma
oportunidade para pensar as suas experiências (BRASIL, 2004).
O processo grupal é um campo fértil para o diálogo e a construção de processos
formativos, pois é o momento em que o indivíduo em contato com o outro exercita suas
reflexões e nomeiam vivências que poderiam aparentemente estar desconectadas ou
fragmentadas, podem se revelar como conhecimento coletivamente construído (PICHON-
RIVIÈRE, 2005).
No processo de trabalho, os trabalhadores “usam de si” por si. A cada situação que se
coloca, o trabalhador elabora estratégias que revelam a inteligência que é própria de todo
trabalho humano (BRASIL, 2004).
A Constituição de 1988, em seus artigos 196, 198 e 200 assegura ao trabalhador a
assistência à saúde, como um “direito de todos e dever do Estado”, afirma que “as ações e
serviços de saúde integram uma rede regionalizada e hierarquizada e constituem um sistema
único...” e prevê que “ao Sistema Único de Saúde – SUS compete... executar as ações de
saúde do trabalhador...” desta forma, em função da amplitude do campo de ação, a saúde do
trabalhador necessita atuar de forma intra-setorial, multiprofissional e interdisciplinar. (Brasil,
2005, p.55).
A Lei Orgânica da Saúde – LOS (Lei 8080/90) em seu artigo 6º inciso 3º complementa
a Constituição Federal de 1988, ressaltando que cabe ao Sistema Único de Saúde – SUS
intervir nos ambientes de trabalho e ações de saúde destinadas aos trabalhadores; define a
Saúde do Trabalhador como um conjunto de atividades que se destina, através das ações de
vigilância epidemiológica e vigilância sanitária, à promoção e proteção da saúde dos
trabalhadores submetidos aos riscos e agravos advindos das condições de trabalho. Determina
que seja de competência do SUS a atenção à Saúde do Trabalhador seja ele urbano ou rural
independente do vínculo empregatício
Já as Portarias normatizadoras da Saúde do Trabalhador do SUS: nº 3.120, de 1º de
julho de 1988/GM/MS, nº 1339, de 18 de novembro de 1999/GM/MS e nº 3.908, de 30 de
outubro de 1998/GM/MS – aprovam a Norma Operacional em Saúde do Trabalhador
(NOST), que estabelece procedimentos para orientar e instrumentalizar as ações e serviços de
saúde do trabalhador no Sistema Único de Saúde, definindo o elenco mínimo de ações a
serem desenvolvida pelos Municípios, Estados e Distrito Federal.
8
Em 19 de setembro de 2002, através da Portaria 1.679, que institui sobre a
estruturação da Rede Nacional de Atenção Integral à Saúde do Trabalhador no SUS –
RENAST, inicia-se a construção de uma rede de proteção à saúde dos trabalhadores no Brasil,
que rompe com a medicina do trabalho e a medicina ocupacional – extrapola o ambiente de
trabalho e cria uma mentalidade abrangente que ultrapassa os muros das empresas.
A referida Portaria vem atender uma necessidade que é de garantir atenção à saúde dos
trabalhadores, de acordo com os preceitos Constitucionais e das Leis Orgânicas da Saúde. A
rede passa a ser estruturada da seguinte forma: RENAST – Rede de Atenção Integral à Saúde
do Trabalhador, no âmbito nacional, CEREST – Centro Estadual de Referência em Saúde do
Trabalhador e CEREST – Centro de Referência em Saúde do Trabalhador Regional ou
Municipal.
A criação desse sistema (RENAST), através da rede de Centros de Referências
universal e regionalizada, se constituiu historicamente como uma estratégia adotada pelo
Estado para a construção de uma política efetiva na área da saúde do trabalhador, por meio de
ações e serviços voltados para a atenção à saúde dos trabalhadores, incorporando-as à rede de
serviços de saúde pública de forma a possibilitar a disseminação das práticas em saúde do
trabalhador no SUS em todos os níveis de atenção
No âmbito do serviço público federal a atenção à saúde ao servidor somente é
normatizada e institucionalizada em 2009, com a publicação da Política de Atenção à Saúde
do Servidor - PASS, em meados de 2009, foi considerada inovadora ao apresentar um modelo
de cuidado integral à saúde, equânime e universal. Essa Política de Atenção a qual é
sustentada a partir dos eixos: perícia em saúde, vigilância e promoção a saúde e assistência à
saúde do servidor, e trouxe um desafio para os órgãos e entidades da Administração Pública
Federal: implementar ações de promoção e vigilância aos ambientes de trabalho, priorizando a
prevenção de riscos à saúde do servidor, a avaliação ambiental e a melhoria das condições de
trabalho (BRASIL, 2010).
Essa política está fundamentada na abordagem biopsicossocial, em informação
epidemiológica, no trabalho em equipe multidisciplinar, no conhecimento transdisciplinar e
na avaliação dos locais de trabalho em que se considerem os ambientes e as relações de
trabalho (BRASIL, 2009).
A promoção à saúde do servidor público federal está alicerçada em ações de educação
em saúde, à prevenção dos riscos, agravos e danos à saúde do servidor, ao estímulo dos
fatores de proteção da saúde e ao controle de determinadas doenças. Busca-se intervir através
9
de ações que permitam mudanças na organização, no processo e no ambiente de trabalho, com
foco na prevenção dos acidentes e das doenças relacionadas ao trabalho e na educação em
saúde para a adoção de práticas de gestão e de trabalhadores, de atitudes, de comportamentos
que contribuam para a proteção da saúde no âmbito individual e coletivo e que acarretem
consequentemente na melhoria das condições e a qualidade de vida no trabalho (BRASIL,
2010).
Os fatores das organizações podem ser fontes geradoras de prazer no trabalho, desde
que favoreçam uma organização de trabalho flexível, pautada pela possibilidade de
negociações das regras e normas dos processos de trabalho, com participação dos
trabalhadores e gestão coletiva das necessidades individuais e organizacionais.
Por outro lado, o bloqueio da convivência com as singularidades pode acarretar em um
sofrimento que muitas vezes é mascarado pelas defesas, o que dificulta a identificação das
suas causas e as possibilidades para a sua transformação. Nesse contexto, o trabalho será
considerado uma fonte de sofrimento e não de prazer, e o caminho que conduz ao trabalho
saudável é o mesmo que respeita a identidade em sua construção plena dentro de um trabalho
cuja organização esteja eticamente prescrita, é preciso respeitar os potenciais e aos limites da
condição humana (MENDES, 2001; DEJOURS, 1994).
A vigilância em saúde do servidor deve estar pautada em um conjunto de ações que
visam intervir em problemas de saúde. Estes problemas podem ser para o indivíduo ou para o
coletivo uma discrepância entre uma realidade constatada ou simulada e uma norma aceita ou
criada como referência, ou seja, uma discrepância entre o que é e o que deveria ou poderia
ser, situando esses indivíduos no cenário social (BRASIL, 2010).
Para se pensar em um ambiente de trabalho mais saudável é necessário desvendar a
face desconhecida das relações de trabalho. Dejours (1996) propõe que esse processo ocorra
através da abertura de espaços públicos de palavra e que nestes espaços haja a possibilidade
de manifestar a verdadeira inquietude, medos e angústias provenientes do espaço laboral, sem
que se tenha a sensação de que se pagará caro por isso.
As ações de educação em saúde com os servidores públicos federais são desenvolvidas
com o objetivo de abranger os diferentes níveis de proteção, prevenção e promoção da saúde
dos servidores. Essas intervenções devem ser direcionadas ao bem-estar, à qualidade de vida e
à redução da vulnerabilidade a riscos relacionados à saúde, aos seus determinantes e
condicionantes. Todo esse processo de atenção à saúde dos servidores é previsto com a
inclusão da participação dos trabalhadores e gestores no processo de melhoria das condições e
10
das relações de trabalho e na saúde desses servidores, possibilitando o bem-estar das pessoas
inseridas no contexto laboral (BRASIL, 2013).
Para isso, é preciso criar espaços e mobilizar esforços governamentais, ampliar a
conscientização, a responsabilidade e a autonomia dos servidores através da construção de
uma cultura de valorização da saúde para redução da morbimortalidade, por meio de hábitos
saudáveis de vida e de trabalho (BRASIL, 2013).
Desta forma, parte-se do pressuposto de que para formar sujeitos no processo, a
análise da situação do serviço deve ser feita de forma coletiva, em um contexto que envolva
os gestores e os trabalhadores. Estes indivíduos só serão capazes de se colocarem como
sujeitos em ação se identificarem que a força transformadora se encontra neles mesmos e se
tiverem compreensão dos processos vivenciados no seu trabalho (FRANCO e
MERHY, 2004).
11
Neste sentido, desenvolver um trabalho com profissionais de enfermagem que atuam
no Hospital Universitário da UFGD, bem como refletir sobre a pertinência da formulação de
estratégias organizacionais coletivas para promoção de saúde e bem-estar no trabalho com
estes trabalhadores, se apresenta como pertinente e justifica o presente trabalho.
Ademais, corrobora para tanto que nos últimos três anos os profissionais técnicos
administrativos em educação que ocupam os cargos na área de enfermagem correspondem à
cerca de 13% do total de servidores da UFGD e são responsáveis pela entrega de 56,33% de
todos os pedidos de afastamentos por motivo de saúde protocolados junto à Divisão de Saúde
e Assistência ao Servidor da referida Instituição de Ensino.
Observa-se que, desde 2010, 11 (onze) trabalhadores da enfermagem adoeceram e
foram aposentados por invalidez permanente. Servidores estes que estavam atuando na
Instituição há apenas 06 anos. São profissionais que pertencem ao quadro permanente de
servidores da UFGD e tem como seu ambiente e objeto de trabalho, o hospital e as suas
expressões manifestas através do ato assistencial em saúde.
A abordagem aqui pretendida está voltada para um recorte específico que consiste em
um diagnóstico e o uso de metodologias ativas para a discussão e reflexão sobre a saúde dos
profissionais de enfermagem que laboram no HU/UFGD/EBSERH.
O Hospital Universitário da UFGD/EBSERH teve sua ideia inicial como Santa Casa
de Dourados que tinha como sua Mantenedora de fundação a SODOBEM, criada e mantida
para angariarem fundos e recursos para a sua criação e administrada por profissionais liberais,
comerciantes e entidades filantrópicas da Cidade de Dourados.
A partir de 2004 com a administração Municipal, a Santa Casa de Dourados passou a
receber o nome de “Hospital Universitário de Dourados” e administrado pela então criada
Fundação Municipal de Saúde, que manteve em funcionamento, com atendimento de 117
leitos de internação, serviços ambulatoriais e de exames (100% SUS) a toda população de
Dourados e, também, mais 34 Municípios pertencentes à chamada Grande Dourados e outros
municípios vizinhos. O HU/UFGD conta atualmente com um total de 122 leitos, distribuídos
nas diversas clínicas, e vem trabalhando com quase 100% da sua capacidade instalada.
A implantação e o funcionamento do Hospital Universitário, sob a responsabilidade da
Prefeitura do município de Dourados, sempre teve como pressuposto lógico a sua
transferência, inicialmente, à Universidade Federal de Mato Grosso do Sul e, posteriormente,
à Universidade Federal da Grande Dourados, após sua criação em 2005.
12
No final do ano de 2008, por meio da Lei Municipal nº 3.118, o Poder Executivo
Municipal autorizou a doação da área à UFGD, então, em janeiro de 2009, a Universidade
assumiu a administração total do hospital que a partir daí passou a denominar-se Hospital
Universitário da UFGD.
Cabe salientar que ao longo deste período de funcionamento do Hospital, dado o
caráter da gestão ser temporária sob domínio da prefeitura, não foi possível estabelecer uma
política de gestão de pessoas, já que todos os seus servidores ou eram contratados
temporariamente ou cedidos de outros órgãos.
Em 2010, a Universidade promoveu um concurso de provas e títulos para a admissão
de 471 vagas referentes a cargos de nível B, C, D e E, conforme determinados pelo Ministério
da Educação, do quadro permanente de pessoal da UFGD, dentre essas vagas estavam 42 para
Enfermeiro generalista, 175 para o cargo de técnico em enfermagem e 29 para os cargos de
auxiliar de Enfermagem, perfazendo um total de 246 profissionais da área de enfermagem.
No ano de 2013, o HU/UFGD passou a ser gerido também pela Empresa Brasileira de
Serviços Hospitalares (EBSERH), vinculada ao MEC, criada em 2011 com a finalidade
específica de gerir os Hospitais Universitários Federais. Atualmente, há uma gestão
compartilhada entre a Universidade e a EBSERH e, na área de enfermagem, o hospital conta
com 210 servidores técnico-administrativos em educação que ocupam os cargos de auxiliar de
enfermagem, técnico de enfermagem e enfermeiro e com 439 de trabalhadores assumiram
vagas nos processos seletivos realizados pela referida empresa, totalizando 649 profissionais
da enfermagem que atuam neste Hospital.
O Conselho Consultivo de Enfermagem estruturado e organizado conforme edital n°1
da Divisão de enfermagem no boletim de serviço n° 74 de 14 de novembro de 2016, é um
órgão de natureza consultiva, constituído por membros da Divisão, membros assistenciais
pertencentes à classe da Enfermagem e representantes da Pró-reitoria de Gestão de Pessoas e
do Serviço de Saúde Ocupacional e Segurança do TrabalhoSOST (UFGD/Ebserh,2018).
Presta assessoria à Divisão de Enfermagem do Hospital Universitário
Hu/UFGD/Ebserh, opinando e emitindo parecer em apoio ao processo de tomada de decisões,
sobre assuntos submetidos pelo chefe da Divisão de Enfermagem. Acompanhando e
avaliando periodicamente os pedidos de transferências internas e remanejamentos dentro do
quadro de pessoal da Enfermagem do HU-UFGD e revisando/atualizando o regimento que
dispõe as atividades de Enfermagem nas dependências do HU-UFGD.
13
Diante dessa então Gestão Compartilhada, a assistência ao trabalhador de enfermagem
do HU/UFGD/Ebserh é realizada por duas equipes distintas, os trabalhadores que compõem o
quadro da EBSERH e que possuem contratos de trabalho regidos pela Consolidação de Leis
Trabalhistas - CLT, são assistidos pela equipe da SOST - Saúde Ocupacional e Segurança do
Trabalho, correspondente ao SESMT (Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e
em Medicina do Trabalho), regido pela norma regulamentadora nº 04 do Ministério do
Trabalho e Emprego, e que tem como finalidade promover a saúde e proteger a integridade
física dos colaboradores no ambiente de trabalho.
A SOST é formada por uma equipe multidisciplinar composta por Engenheira de
Segurança do Trabalho, médico do Trabalho, Enfermeiro do Trabalho, Técnico em
Enfermagem do Trabalho Psicóloga Organizacional e técnicos em Segurança do Trabalho.
E aos trabalhadores que compõem o quadro da Fundação Universidade Federal da
Grande Dourados e possuem contratos de trabalho regidos pelo Regime Jurídico Único - RJU
são assistidos pela Divisão de Saúde e Assistência ao Servidor é o setor responsável por
desenvolver as ações preconizadas pela Política Nacional de Atenção à Saúde do Servidor
Público Federal - PASS. Essa Política vem sendo implantada ao longo dos anos no serviço
público federal, e nos órgãos federais como a UFGD, a partir de diversas ações estratégicas,
como a criação enquanto sistema estruturante do Subsistema Integrado de Atenção à Saúde do
Servidor - SIASS para organização da política e como fonte de dados de saúde dos servidores
públicos federais.
O Serviço de Atenção à Saúde do Servidor da Pró-reitoria de Gestão de
Pessoas/UFGD é composto por equipe multiprofissional com duas profissionais assistentes
sociais, duas psicólogas, uma médica do trabalho, três técnicos em segurança do trabalho e
um engenheiro de segurança do trabalho.
O trabalho dos profissionais é voltado a atender todos os eixos da Política de Atenção
à Saúde do Servidor Público Federal – PASS, sendo que esta proposta de pesquisa-
intervenção vem de encontro com o eixo prevenção e vigilância em saúde do Servidor, pois
esses eixos compreendem o conjunto de ações voltadas para a antecipação da ocorrência de
danos ou agravos à saúde do servidor, causados pelo ambiente e processos de trabalho e
hábitos de vida.
Também postula a ampliação do conhecimento acerca da relação saúde/doença e
trabalho com vistas ao desenvolvimento de práticas de gestão, de atitudes e de
comportamentos que contribuam para a proteção da saúde no âmbito individual e coletivo e
14
no conjunto de ações que permitem detectar, conhecer, pesquisar, analisar e monitorar os
fatores determinantes e condicionantes da saúde relacionados aos ambientes e processos de
trabalho. As ações da PASS têm por objetivo planejar, implantar e avaliar intervenções que
reduzam os riscos ou agravos à saúde (BRASIL, 2009).
Para a construção e execução do processo educativo serão adotadas metodologias
ativas de ensino aprendizagem pautadas no referencial teórico de Paulo Freire, onde a
aprendizagem será entendida como o processo dialético de transformação, a partir do
momento em que o trabalhador se reconhece se apropria da sua realidade e passa a se
mobilizar para possibilidades de mudanças e repercussões positivas em sua vida e em seu
meio. Em um efeito cascata, transformando sua realidade, o trabalhador transforma a si
mesmo.
Quando os servidores se tornam conscientes de seu meio e dos processos no qual estão
inseridos, quando veem sentido em suas ações, de que forma podem construir e praticar
hábitos saudáveis para o bem-estar no trabalho é possível uma mobilização para processo
formativo que o leve a impulsionar mudanças para a transformação dessa realidade e assim
promover a sua saúde.
O interesse por esse tema enquanto proposta de pesquisa-intervenção partiu de minha
vivência profissional na área de saúde do trabalhador em que atuei quando tive a oportunidade
de participar da estruturação do Centro Regional de Referência em Saúde do Trabalhador de
Dourados no ano de 2004 e permaneci atuando na área de saúde do trabalhador até meados de
2007.
No ano de 2010, ao iniciar minhas atividades profissionais na UFGD, retomei minha
trajetória na área de saúde do trabalhador e venho atuando, desde então, como assistente
social da Pró-Reitoria de Gestão de Pessoas desta Universidade, lotada na Divisão de Saúde e
Assistência ao Servidor, onde permaneço com os demais membros da equipe desenvolvendo
ações voltadas para a saúde dos servidores de nossa Instituição.
E por minha participação como membro do Conselho Consultivo de Enfermagem
onde presenciei em vários momentos ao longo desses últimos dois anos, trabalhadores
relatando problemas relacionados com a organização de seus processos de trabalho e o quanto
isso era prejudicial para o bem-estar no trabalho.
Acrescento ainda minha experiência enquanto aluna especial da disciplina de
Educação em Saúde e Trabalho, Educação e Saúde deste mesmo Programa de Mestrado
durante o ano de 2017 onde estive em contato com colegas enfermeiros que descreviam em
15
seus relatos sobre cotidiano de trabalho ou problemas que dificultavam o bom andamento do
trabalho, assuntos relacionados também com a organização do processo de trabalho.
O Assistente Social é um profissional qualificado para atuar com as questões que se
remetem à condução das políticas sociais públicas, em dimensões como planejamento,
organização, execução, avaliação, gestão, pesquisa e assessoria, sendo que suas ações são
norteadas pelos valores expressos em seu código de ética profissional, tais como: defesa dos
direitos humanos, ampliação e consolidação da cidadania, defesa da democracia,
posicionamento em favor da equidade e justiça social, empenho na eliminação de todas as
formas de preconceito, reconhecimento da liberdade, dentre outros.
De acordo com Iamamoto (2013), os assistentes sociais devem estar constantemente
atentos aos processos de transformação da realidade e construir propostas de trabalho criativas
e capazes de preservar e efetivar direitos, a partir de demandas emergentes no cotidiano.
Enfim, ser um profissional propositivo e não só executivo pois é no cotidiano profissional que
os assistentes sociais devem efetuar as suas atribuições de modo criativo.
A escolha pela formação dos membros do Conselho Consultivo de Enfermagem se
justifica pelos benefícios que ela proporcionará tanto para os indivíduos que participarão das
atividades formativas quanto para todo o corpo de enfermagem, gestores e pacientes do
Hospital Universitário UFGD/Ebser.
Uma vez capacitados, a expectativa é de que os membros do conselho consultivo de
enfermagem tenham condições de desenvolver habilidades para a leitura, se apropriem dos
espaços que promovam a autonomia dos sujeitos individuais coletivos dentro da sua própria
organização do trabalho e principalmente que se sintam estimulados para participar
ativamente e discutir sobre os processos que impliquem em sua saúde, desta forma, terão
maiores condições de participar e representar a sua categoria, consequentemente trazer à pauta
das discussões uma construção e manutenção de um ambiente de trabalho saudável.
Deste modo, consciente de meu papel dentro da instituição, e de minhas atribuições
enquanto assistente social, membro da equipe multiprofissional de Atenção à Saúde do
Servidor Público Federal, trago essa proposta de intervenção, pois creio que as estratégias
educativas são ferramentas potentes para provocar mudanças no cotidiano, nas relações e na
saúde dos trabalhadores de enfermagem do Hospital Universitário.
4. OBJETIVO (S):
16
4.1 GERAL:
Desenvolver um processo educativo na perspectiva da formação permanente para
qualificar profissionais membros do Conselho Consultivo de Enfermagem sobre a temática de
saúde do trabalhador, com o apoio de um ambiente virtual.
4.2 ESPECÍFICOS:
Identificar os principais motivos de desgaste do cotidiano laboral dos
profissionais de enfermagem do Hospital Universitário e a relação com o processo de
saúde/doença destes profissionais;
Formular estratégias organizacionais coletivas para promoção de saúde e bem-
estar no trabalho;
Qualificar os membros do Conselho Consultivo de Enfermagem sobre a
temática de saúde do trabalhador;
Construir um ambiente virtual de apoio a educação permanente
5. METODOLOGIA:
17
De acordo com GIL (2007) a pesquisa exploratória envolve etapas como: o
levantamento bibliográfico entrevistas com pessoas que tiveram experiências práticas com o
problema pesquisado e a análise de exemplos que estimulem a compreensão.
Para aprovação e início das atividades o projeto será encaminhado à Comissão de
Ética do HU-UFGD/EBSERH e ao Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Estadual de
Mato Grosso do Sul, conforme Resolução 466/12. Todas as etapas de pesquisa serão
precedidas da coleta de assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.
O estudo ocorrerá em duas etapas: a primeira etapa consistirá na coleta de dados,
utilizando as técnicas de observação, revisão bibliográfica sobre a temática da promoção de
saúde do trabalhador, processos educativos e metodologias ativas; pesquisa documental
analisando o conteúdo das Atas das reuniões do Conselho Consultivo de Enfermagem durante
o período de 2017/2018, Regimentos Internos, e POP’s da Divisão de Enfermagem e
organograma do HU/UFGD/EBSERH e realização de entrevistas que terão como público
alvo, os membros titulares do Conselho Consultivo de Enfermagem eleitos para o período de
2018-2019. Para isso, serão realizadas 15 entrevistas ou até que haja a saturação dos dados.
As entrevistas serão individuais, gravadas em áudio em sua totalidade e transcritas, de
acordo com a aquiescência dos entrevistados, posteriormente os dados serão tratados através
do método de análise de conteúdo proposto por Bardin (2011) e interpretados pautados no
referencial teórico de Paulo Freire.
Segundo Bardin (2011) a análise de conteúdo consiste em um conjunto de instrumentos
metodológicos em constante aperfeiçoamento, que se aplicam a discursos (conteúdos e
continentes) extremamente diversificados, Nesse tipo de análise, os critérios de organização dos
dados são divididos em pré-análise, a exploração do material e o tratamento dos resultados.
Na fase de pré-análise o material é organizado compondo o corpus da pesquisa, o contato
inicial com os documentos é o que é denominado de leitura flutuante, fase que são elaboradas as
hipóteses. Na fase de exploração do material será realizada a escolha de categorias e na fase de
interpretação de dados o pesquisador retornará ao referencial teórico procurando embasar a
análise dando sentido a interpretação (BARDIN, 2011).
As perguntas serão abertas e fechadas, direcionadas por um roteiro semiestruturado
que compreenderão assuntos relacionados às percepções destes indivíduos acerca da
organização e as condições de trabalho, as relações interpessoais, trabalho real x trabalho
prescrito e a relação deste trabalho com os processos saúde/doença e as ações voltadas para a
promoção de saúde e o bem-estar no trabalho.
18
Concluída a etapa de coleta de dados, as informações obtidas nessa fase da pesquisa,
servirão como base de informação para a elaboração de “situações problema” e de “temas
geradores” que trarão subsídio para o planejamento da segunda etapa deste estudo de
intervenção que é a realização dos encontros educativos.
O público alvo dos encontros educativos serão todos os membros do Conselho
Consultivo de Enfermagem eleitos para o período de 2018/19 totalizando no máximo 30
participantes.
Durante os encontros educativos serão utilizadas ferramentas de coleta de dados como
o diário de campo, e a gravação em áudio das falas. Os dados serão categorizados através do
referencial da análise de conteúdo de Bardin (2009) e analisados de acordo com o Referencial
Teórico de Paulo Freire.
O método de ensino-aprendizagem para o processo e a construção do material
educativo, baseado no referencial teórico de Paulo Freire. A abordagem grupal nesse
momento será utilizada como percurso metodológico para a Educação em Saúde onde o
essencial da tarefa grupal é a resolução de situações estereotipadas e a obtenção de mudança.
O grupo apresenta-se como instrumento de transformação da realidade, e seus
integrantes passam a estabelecer relações grupais que vão se constituindo, na medida em que
começam a partilhar objetivos comuns, a ter uma participação criativa e crítica e a poder
perceber como interagem e se vinculam (PICHON-RIVIÈRE, 2005).
A princípio contaremos com quatro encontros, o primeiro que terá por objetivo a
apresentação da proposta com o plano de trabalho grupal e a pactuação para o andamento dos
demais encontros educativos e a escolha as situações problema e temas geradores a serem
trabalhados no processo formativo. Estão previstos 02 (dois) encontros educativos para a
realização das oficinas problematizadoras e um último encontro para apresentação dos
resultados e do ambiente virtual de aprendizagem construído a partir da atividade grupal. Ao
final do quarto e último encontro, será realizada uma avaliação do mesmo por meio das falas
dos participantes que serão categorizadas através do referencial da análise de conteúdo de
Bardin (2009).
Caso o grupo não finalize os trabalhos durante (quatro) encontros inicialmente
planejados, será pretende-se agendar um quinto encontro com o grupo. O Ambiente Virtual
será disponibilizado para acesso de servidores e gestores através do site do HU-
UFGD/EBSERH.
19
O Ambiente Virtual de Aprendizagem - AVA será construído baseado no Modelo de
Design Instrucional‒ ADDIE (analysis, design, development, implementation and evaluation)
apresentado por Filatro (2005), este modelo de design instrucional estrutura o planejamento
do ensino-aprendizagem em cinco estágios distintos: Análise que consiste na fase inicial,
momento de entender as necessidades e definir os conteúdos; Desenho, trata da definição dos
objetivos e planejamento das atividades; Desenvolvimento enquanto o momento de criação do
material teórico e conversão para a linguagem tecnológica escolhida; Implementação,
execução do programa e Avaliação, momento em que os resultados planejados são
comparados com os obtidos.
O primeiro estágio, análise, envolverá a caracterização do público-alvo, escolha do
tema, definição dos objetivos educacionais e dos recursos disponíveis. A segunda etapa,
o desenho, será organizado após a análise e categorização dos dados obtidos com os encontros
educativos, dividindo o seu conteúdo em módulos sequenciais e complementares,
organizando-os de acordo com um fluxograma para orientar os caminhos de navegação do
AVA. O sequenciamento do conteúdo será realizado em formato de storyboard, por meio
de slides utilizando o programa Microsoft Office PowerPoint 2007.
Na etapa de desenvolvimento, todo material teórico organizado na fase anterior será
diagramado e convertido para as ferramentas tecnológicas compatíveis com o AVA. Está
previsto o uso das seguintes tecnologias HTML (Hypertext Markup Language), PHP
(Personal Home Page) e CSS (Cascading Style Sheets).
No estágio de implementação, o AVA será disponibilizado em plataforma educacional
da (UEMS/HU/UFGD), possibilitando o acesso por meio da internet, para que possam ser
realizados os primeiros testes pela equipe que o idealizou e apresentado e acessado no quarto
e último encontro educativo.
A avaliação será realizada em um momento posterior à esta pesquisa.
O produto educativo consistirá na narrativa de todo o processo educativo (encontros
educativos e ambiente virtual de aprendizagem)
6. RESULTADOS ESPERADOS:
20
profissionais de laboram neste hospital sobre a organização do processo de trabalho de
enfermagem e a sua relação com a temática de saúde do trabalhador. Desta forma, caso
houver o desejo, a cada nova eleição, os membros do conselho consultivo poderão participar e
receber a formação que será resultado do processo educativo a ser construído em minha
pesquisa.
A presente pesquisa acarretará em impacto propriamente social e em impacto
tecnológico/econômico, pois a partir do momento em que os servidores se tornarem
conscientes de seu meio e dos processos no qual estão inseridos e quando buscarem ver
sentido em suas ações, ou de que forma poderão construir e praticar hábitos saudáveis para o
bem-estar no trabalho poderá ser possível ocorrer uma mobilização para que processo
formativo que os levem a impulsionar mudanças para a transformação de seu contexto
organizacional e assim a promoção da saúde do trabalhador de enfermagem.
Espera-se ainda que os servidores e gestores consigam ter a leitura e se apropriar dos
espaços que promovam a autonomia dos sujeitos individuais coletivos dentro da sua própria
organização do trabalho e principalmente que se sintam estimulados para participar
ativamente e discutir sobre os processos que impliquem em sua saúde e que o processo
educativo os auxilie a se reconhecer como protagonistas de sua realidade, que tenham ciência
da importância do papel que desempenham na Instituição, além de possibilitar a construção de
redes de mudanças sociais que possibilite um espaço de discussão/reflexão e construção
coletiva para a orientação das equipes de enfermagem quanto a organização do processo de
trabalho e a saúde do trabalhador de enfermagem.
8. CRONOGRAMA DA PROPOSTA:
21
2018
Atividades/Período
Mar. Abr. Mai. Jun. Jul. Ago. Set. Out. Nov. Dez.
Revisão bibliográfica X X
Reunião com orientador X X X X X X X X X X
Elaboração do projeto X X X X
Revisão do projeto pelo orientador X X X X
Encaminhamento à Comissão de Ética da X
instituição
Encaminhamento ao Conselho de Ética da X
UEMS
Coleta de dados (entrevistas) X X
Análise dos dados, resultados e X X
discussões
Planejamento do encontro educativo X X
2019
Atividades/Período Jan. Fev. Mar. Abr. Mai. Jun. Jul. Ago. Set. Out.
Reunião com orientador X X X X X X X X X X
Planejamento do encontro educativo X
Encontro Educativo X X X
Análise dos dados, resultados e X X X X
discussões do encontro educativo.
Construção do Ambiente Virtual X X X
Encontro Educativo para apresentação e X
analise do Ambiente Virtual de
Aprendizagem
Elaboração das considerações finais X X
Apresentação e defesa da pesquisa e do X
Ambiente Virtual de Aprendizagem
Formatação para publicação e submissão X X
à revista científica.
9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ANTUNES, R. Os Sentidos do Trabalho. - 3. Ed. Rev. Ampl. - São Paulo: Boitempo, 1999.
22
BASTOS, A. B. B. I. A técnica de grupos-operativos à luz de Pichon-Rivière e Henri
Wallon – Psicologias. inf. vol.14 no.14 pp. 160-169. São Paulo out. 2010. Disponível em:
<http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1415-88092010000100010>.
Acesso em: 10/08/2017.
BRITO, J.C. O trabalho prescrito e trabalho real in PEREIRA, I. B; LIMA, J.C. (org.)
Dicionário da educação Profissional em Saúde. 2.ed. Rev. Ampl. - Rio de Janeiro: EPSJV,
24
2008. Disponível em: http://www.epsjv.fiocruz.br/sites/default/files/l43.pdf. Acesso em:
26/09/2017
FREIRE, P. Pedagogia do oprimido. 50ª ed. V. 20 São Paulo: Paz e Terra; 2011.
GIL, A.C. Métodos e Técnicas de Pesquisa Social. 6ª ed. São Paulo: Atlas; 2011.
25
LIMA V.V. Espiral construtivista: uma metodologia ativa de ensino-aprendizagem.
Interface [online]. 2017, vol.21, n.61, pp.421-434. Disponível em:
http://dx.doi.org/10.1590/1807-57622016.0316. Acesso em 25/09/2017.
MERHY, E.E; FRANCO; T.B. O trabalho em Saúde. in PEREIRA, I. B; LIMA, J.C. (org.)
Dicionário da educação Profissional em Saúde. 2.ed. rev. ampl. - Rio de Janeiro: EPSJV,
2008. Disponível em: http://www.epsjv.fiocruz.br/sites/default/files/l43.pdf. Acesso em:
26/09/2017.
MERHY, E.E.; FEUERWERKER, L.C.M. Novo olhar sobre as tecnologias de saúde: uma
necessidade contemporânea. In: MANDARINO, A.C.S.; GOMBERG, E. (Org.). Leituras
de novas tecnologias e saúde. São Cristóvão: Editora UFS, 2009. p.29-74 Disponível em:/
http://www.uff.br/saudecoletiva/professores/merhy/capitulos-25.pdf. Acesso em 26/09/2017.
26
SOUZA SS, COSTA R, SHIROMA L.M.B, MALISKA I.C.A., AMADIGI FR, PIRES DEP
et al. Reflexões de profissionais de saúde acerca do seu processo de trabalho. Rev. Eletr.
Enf. 2010 v.12 n.3 pp.449-55. Disponível em: http://dx.doi.org/10.5216/ree.v12i3.6855.
Acesso em 25/09/2017.
27
APÊNDICE 1 – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
_________________________________
____________________________________
Assinatura do Pesquisador Assinatura do Participante da Pesquisa
Para sanar dúvidas a respeito da Ética na pesquisa, entre em contato com o Comitê de
Ética com Seres Humanos da UEMS, fone: 3902-2699 ou cesh@uems.br.
29
APÊNDICE 2 – QUESTIONÁRIO PARA ENTREVISTA
Nome: ________________________________________________________________
Cargo: ____________________________________ Representação: _______________
Tempo de trabalho no HU/UFGD/Ebserh_____________________________________
30
5) Em sua opinião, qual é a importância do Conselho Consultivo de Enfermagem para os
profissionais de enfermagem que trabalham no HU/UFGD/Ebserh?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
8) Você conhece e aplica todas as normas e rotinas que sãoreferências para o exercício de
seu trabalho? Quais são as estratégias que você adota para executar as atividades que lhes são
atribuídas?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
31
10) Quando ocorre algum problema ou divergência com ou entre os profissionais da sua
equipe, qual conduta é geralmente adotada? Em sua opinião, os líderes e gestores de
enfermagem possuem a habilidade de gerenciar conflitos dentro do hospital?Há o estímulo
para o fortalecimento das relações interpessoais e a prevenção de conflitos entre os
profissionais de enfermagem?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
Na sua opinião, existem fatos ou ocorrências que levam ao desgaste do cotidiano laboral dos
profissionais de enfermagem do Hospital Universitário? Se sim, você pode apontar quais são
os principais motivos para este desgaste e qual é a sua relação com o processo de
saúde/doença destes profissionais?
( ) Sim ( )Não ( ) Indiferente.
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
11) De modo geral, você sente que o trabalho que desempenha no hospital é valorizado?
( ) Sim ( )Não ( ) Indiferente
Deseja comentar sua resposta?
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
13) Para você, o que significa ser membro do Conselho Consultivo de Enfermagem do
HU/UFGD/Ebserh?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
32
14) Em sua opinião, quais estratégias organizacionais podem ser adotadas por
trabalhadores e/ou gestores que irão promover a saúde e bem-estar no trabalho dos
profissionais de enfermagem que trabalham no HU/UFGD/Ebserh?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
33