Você está na página 1de 30

Diretrizes Pedagógicas

• Educação Infantil 2023 •


Diretrizes pedagógicas para a
Educação Infantil da Rede Municipal
de Ensino de Fortaleza - 2023

Fortaleza-CE
2023
Sumário
Apresentação ..................................................................................................................... 04
1. Concepções que norteiam as práticas pedagógicas da Educação Infantil no município de Fortaleza ..... 05
2. Organização do trabalho pedagógico dos profissionais que atuam na Educação Infantil ................. 06
2.1 Diretor Escolar ................................................................................................................ 06
2.2 Coordenador Pedagógico/Supervisor Escolar ....................................................................... 07
2.3 Professores(as) das Escolas Municipais, dos Centros de Educação Infantil e Creches Parceiras ........ 09
2.4 Assistentes da Educação Infantil/Auxiliares Educacionais ......................................................... 11
2.5 Professores(as) da Sala de Recursos Multifuncionais (AEE) ....................................................... 12
2.6 Auxiliar Pedagógico da Sala de Inovação e Tecnologias ........................................................... 12
3. Composição da jornada de trabalho do professor e do assistente da Educação Infantil/auxiliar
educacional ......................................................................................................................... 13
4. Encontro pedagógico da Educação Infantil .……........................................................................ 14
5. Formação no contexto da unidade escolar .............................................................................. 14
6. Acolhimento das crianças e de suas famílias ............................................................................ 14
7. Processos de transição do bebê e da criança na Educação Infantil ............................................... 16
8. Planejamento pedagógico ................................................................................................... 17
9. Tempos permanentes e tempos diversificados na Educação Infantil .............................................. 17
10. Organização dos espaços na Unidade de Educação Infantil ....................................................... 19
11. Documentação Pedagógica ................................................................................................ 20
12. Documentos norteadores da prática pedagógica .................................................................... 20
13. Programas e projetos desenvolvidos pela Rede Municipal de Ensino de Fortaleza .......................... 25
14. Sala de Inovação e Tecnologias ........................................................................................... 25
15. Utilização do livro didático ................................................................................................. 26
16. Utilização da agenda escolar .............................................................................................. 26
Referências bibliográficas ...................................................................................................... 27
Anexo 1 .............................................................................................................................. 28
Anexo 2 ............................................................................................................................. 29
Apresentação
A Secretaria Municipal da Educação de Fortaleza estabelece as diretrizes para a
organização pedagógica das unidades escolares de Educação Infantil no ano letivo de
2023. Almeja-se, com este documento, subsidiar o trabalho pedagógico dos profissionais
que atuam nessa etapa da educação básica. Pretende-se, ainda, orientar o tempo do
professor sem interação com a criança, destinado à formação continuada, dentre outras
atividades inerentes à função docente, conforme a Lei 11.738/2008, que institui o piso
salarial profissional nacional para os profissionais do magistério público da educação
básica.
Este documento está organizado em seções que expressam as concepções
norteadoras das práticas pedagógicas e a organização do trabalho pedagógico dos
profissionais que atuam na Educação Infantil, com as devidas atribuições e orientações
sobre: a composição da jornada de trabalho do professor e assistente da Educação
Infantil; a formação continuada (polo e contexto); o processo de documentação
pedagógica; os documentos norteadores da prática pedagógica; os programas e os
projetos desenvolvidos pela Rede Municipal de Ensino de Fortaleza; o planejamento
pedagógico; os tempos da rotina; a organização dos espaços; o acolhimento das crianças
e de suas famílias; o processo de transição da criança; e o uso do livro didático e da
agenda escolar.
Estas diretrizes devem ser compartilhadas pelo núcleo gestor da unidade, ao
longo do ano letivo de 2023, com toda a comunidade escolar (professores, profissionais
de apoio, assistentes da Educação Infantil/auxiliares educacionais, famílias e
crianças), objetivando garantir experiências que primam pela aprendizagem, pelo
desenvolvimento integral e pelo bem-estar dos bebês e das crianças.

4 Secretaria Municipal da Educação de Fortaleza


1. Concepções que norteiam as práticas pedagógicas da Educação Infantil no
município de Fortaleza
A Secretaria Municipal da Educação de Fortaleza, por meio da Coordenadoria de Educação Infantil,
desenvolve ações pedagógicas e de gestão destinadas à primeira etapa da educação básica (Lei de Diretrizes
e Bases da Educação Nacional, LDB nº 9.394/1996), norteadas pelas seguintes concepções:
1. Criança – sujeito histórico inserido em um determinado contexto social, possuidor de direitos
(humanos e civis), que aprende e se desenvolve na interação com o meio sociocultural a partir das vivências
cotidianas, e ativo na construção do conhecimento sobre si, sobre o mundo e na produção de cultura.
2. Infância – fase da vida humana compreendida como forma específica de se conceber a criança
nos seus modos de ser e estar numa determinada sociedade, nas suas produções e experiências vividas.
Salienta-se que não existe uma única infância, por ser uma concepção construída em cada sociedade de
acordo com suas diversidades culturais, envolvendo os fatores políticos e econômicos, variando, assim,
no tempo e no espaço, numa construção histórica. Nesse sentido, a infância é um tempo precioso da vida
humana que se caracteriza pelo intenso processo de aprendizagem e desenvolvimento da criança.
3. Educar e Cuidar – pela especificidade própria dos bebês e crianças as ações de educar e cuidar
devem acontecer de forma indissociável no contexto da Educação Infantil. Pensar essas ações de forma
não fragmentada significa organizar contextos que promovam o bem-estar, a proteção e os direitos de
aprendizagem e desenvolvimento das crianças.
4. Interações – um dos eixos norteadores do trabalho pedagógico na Educação Infantil que envolve
ações compartilhadas do adulto com as crianças, das crianças entre si e das crianças com os espaços/
ambientes. Elas se dão em situações concretas que são vivenciadas no cotidiano, por meio de experiências
significativas e com sentido para todos. As interações acontecem nas situações de brincadeiras, diálogos,
cuidado e educação dos bebês e crianças, primando pela ética das relações.
5. Brincadeira – constitui a atividade primordial e vital no desenvolvimento de bebês e crianças. Por
isso, é compreendida como um dos eixos norteadores do trabalho pedagógico na Educação Infantil. O brincar
oportuniza desenvolver a imaginação, a criatividade, os conhecimentos, as interações, a capacidade de
solucionar conflitos e de autorregular-se, a percepção do próprio corpo e as diferentes linguagens (estética,
oral, escrita, matemática, corporal, musical, dentre outras).
Diante dessas concepções, a SME reitera que o objetivo principal da Educação Infantil é o desenvolvimento
integral dos bebês e das crianças, por meio de vivências pedagógicas planejadas com intencionalidade, com
respeito pelos ritmos e necessidades deles e que garantam os direitos de aprendizagem e desenvolvimento
expressos pela Base Nacional Comum Curricular (BRASIL, 2017), pelas Orientações Curriculares para a
Educação Infantil (CEARÁ, 2016), pelo Documento Curricular Referencial do Ceará (CEARÁ, 2019) e pela
Proposta Curricular para a Educação Infantil da Rede Municipal de Ensino de Fortaleza (FORTALEZA, 2020).
Assim, este documento traz orientações para nortear o trabalho pedagógico na Educação Infantil, devendo
ser articulado às Propostas Pedagógicas de cada unidade escolar (Creches Parceiras, Centros de Educação
Infantil e Escolas Municipais).

Diretrizes pedagógicas para a Educação Infantil da Rede Municipal de Ensino de Fortaleza 2023 5
2. Organização do trabalho pedagógico dos profissionais que atuam na Educação
Infantil
Os Centros de Educação Infantil (CEI), as Creches Parceiras e as Escolas Municipais (EM) contam
com profissionais responsáveis pelo desenvolvimento do trabalho pedagógico realizado com os bebês e as
crianças, a saber: diretor, coordenador pedagógico/supervisor escolar, orientador educacional, professor,
assistente da Educação Infantil/ auxiliar educacional, auxiliar pedagógico da Sala de Inovação e Tecnologias,
professor do Atendimento Educacional Especializado (AEE) e profissionais de apoio.
As ações realizadas no cotidiano das unidades escolares necessitam ser construídas por estes
profissionais de forma colaborativa, dialógica e democrática, objetivando promover uma educação de boa
qualidade e de acordo com os documentos normativos.
Entretanto, mesmo defendendo uma perspectiva colaborativa no cotidiano das Unidades de Educação
Infantil, cada profissional desempenha funções específicas e fundamentais para que o trabalho seja
desenvolvido com ética, sensibilidade e compromisso, conforme descrito a seguir:

2.1. Diretor(a) Escolar


• Inserir em sua rotina o acompanhamento sistemático aos CEIs e às creches parceiras, procedendo de
forma articulada e dialógica com o coordenador pedagógico/supervisor escolar e orientador educacional;
• Conhecer e apropriar-se das especificidades do trabalho pedagógico na Educação Infantil, tais como:
os direitos de desenvolvimento e aprendizagem da criança, a indissociabilidade entre educar e cuidar, as
interações e a brincadeira como eixos norteadores das práticas pedagógicas, o processo de documentação
pedagógica e a legislação vigente;
• Assegurar o cumprimento destas Diretrizes Pedagógicas;
• Cumprir o Calendário Escolar;
• Incentivar e acompanhar a participação dos coordenadores pedagógicos/supervisores escolares na
formação continuada oferecida pela Rede Municipal de ensino, bem como dos professores, assistentes da
Educação Infantil/auxiliares educacionais e profissionais de apoio;
• Implementar e avaliar a Proposta Pedagógica da unidade escolar, tendo como base os seguintes
documentos: Projeto Político Pedagógico da Instituição; Proposta Curricular para a Educação Infantil da Rede
Municipal de Ensino de Fortaleza (FORTALEZA, 2020); Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação
Infantil (BRASIL, 2009); Resolução nº 02/2010 do Conselho Municipal da Educação de Fortaleza; Documento
Curricular Referencial do Ceará (CEARÁ, 2019) e Base Nacional Comum Curricular (BRASIL, 2017);
• Divulgar programas de apoio e orientação às crianças e suas famílias, assim como encaminhar os
casos de negligência e violência contra a criança aos órgãos competentes;
• Acompanhar o registro da frequência dos profissionais e encaminhá-lo no prazo determinado ao
Distrito de Educação por meio do Sistema de Gestão de Pessoas (SGE), mantendo-o atualizado sobre
carências, atestados médicos, licenças e outros;
• Participar das reuniões, seminários e encontros promovidos pela SME e pelos Distritos de Educação;
• Acompanhar os processos de Registro Único (RU) e de matrícula;
• Acompanhar o cadastro das crianças no Sistema de Gestão Educacional (SGE);
• Acompanhar o cadastro das informações das crianças com possíveis deficiências no SGE;
• Acompanhar a frequência diária, assim como solicitar ao agente escolar que realize a busca ativa
da infrequência das crianças no SGE;
• Realizar, junto ao Conselho Municipal de Educação, os procedimentos necessários ao credenciamento
e autorização para funcionamento dos Centros de Educação Infantil, bem como acompanhar os processos
das Creches Parceiras;

6 Secretaria Municipal da Educação de Fortaleza


• Reunir-se com a unidade escolar para definir a empregabilidade dos recursos financeiros referentes
às verbas do Programa Municipal de Desenvolvimento da Escola (PMDE) e do Programa Dinheiro Direto na
Escola (PDDE) com registro das prioridades em ata, de acordo com a Lei n° 169/2014;
• Definir e acompanhar as atividades diárias dos profissionais de apoio (manipulador de alimentos,
serviços gerais, monitor de acesso, vigilante) e assistentes da Educação Infantil/auxiliares educacionais,
bem como manter atualizados os dados pessoais e a documentação destes na unidade escolar;
• Realizar o acompanhamento junto ao coordenador pedagógico/supervisor escolar dos registros
realizados nos instrumentais institucionais (Registro de Acompanhamento ao Desenvolvimento e
Aprendizagem da Criança, relatórios, registro de planejamento e diários de classe);
• Acompanhar o processo de inserção/acolhimento dos bebês, das crianças e suas famílias nas
unidades escolares;
• Acompanhar a alimentação na unidade escolar (cardápio escolar, controle e organização de estoque,
preparo dos alimentos, higiene e limpeza), em acordo com a organização do cardápio da Educação Infantil
(atendimento parcial em CEI – três refeições diárias; atendimento integral em CEI e creches parceiras - cinco
refeições diárias; atendimento parcial em escola - duas refeições diárias).

2.2. Coordenador(a) Pedagógico(a)/Supervisor(a) Escolar


• Promover e mediar, de forma permanente, ações de cuidado aos profissionais para a construção de
relações éticas, dialógicas e democráticas na unidade escolar;
• Promover encontros regulares de formação no contexto escolar, incluindo os Encontros Pedagógicos
previstos no Calendário Escolar, com os professores e assistentes da Educação Infantil/auxiliares
educacionais e profissionais de apoio dos serviços educacionais para reflexão coletiva sobre as práticas
pedagógicas, tendo como base a Proposta Pedagógica da instituição e as orientações da SME;
• Participar da formação continuada oferecida pela Rede Municipal de Ensino, bem como estimular
e acompanhar a participação dos professores, assistentes da Educação Infantil/auxiliares educacionais e
profissionais de apoio dos serviços educacionais;
• Apropriar-se das especificidades do trabalho pedagógico na Educação Infantil, tais como: os direitos
de aprendizagem e desenvolvimento de bebês e crianças, a indissociabilidade entre educar e cuidar, as
interações e a brincadeira como eixos norteadores das práticas pedagógicas, o processo de documentação
pedagógica e a legislação vigente;
• Conhecer e apropriar-se dos documentos publicados pela SME, socializando-os e disponibilizando-
os aos professores e assistentes da Educação Infantil/auxiliares educacionais;
• Assegurar o cumprimento destas Diretrizes Pedagógicas por meio da elaboração de um plano de
ação a ser desenvolvido na unidade escolar;
• Elaborar estratégias para promover a integração das práticas pedagógicas entre os professores
de maior e menor carga horária, bem como destes com os assistentes da Educação Infantil/auxiliares
educacionais;
• Assessorar e acompanhar pedagogicamente os professores na elaboração do planejamento, de
acordo com as DCNEI (BRASIL, 2009), com a Proposta Curricular para a Educação Infantil da Rede Municipal
de Ensino de Fortaleza (FORTALEZA, 2020), com estas Diretrizes Pedagógicas, com a Proposta Pedagógica
da unidade escolar e a BNCC (BRASIL, 2017) e com o Documento Curricular Referencial do Ceará (CEARÁ,
2019);

Diretrizes pedagógicas para a Educação Infantil da Rede Municipal de Ensino de Fortaleza 2023 7
• Implementar e avaliar continuamente com a comunidade escolar a proposta pedagógica institucional,
tendo como referência os seguintes documentos: Projeto Político Pedagógico da unidade escolar, Proposta
Curricular para a Educação Infantil da Rede Municipal de Ensino de Fortaleza (FORTALEZA, 2020), DCNEI
(BRASIL, 2009), Resolução nº 02/2010 do Conselho Municipal da Educação de Fortaleza, DCRC (CEARÁ,
2019) e BNCC (BRASIL, 2017);
• Acompanhar e garantir que os professores de maior e menor carga horária realizem em parceria
os registros nos instrumentos institucionais: Registro Diário do Professor, Diário de Classe, Registro de
Acompanhamento ao Desenvolvimento e Aprendizagem da Criança e Relatórios Semestrais;
• Realizar o acompanhamento sistemático das práticas dos professores e dos assistentes da Educação
Infantil/auxiliares educacionais, tendo em vista a qualidade do trabalho junto aos bebês e às crianças;
• Acompanhar as crianças com deficiência e encaminhá-las ao AEE da unidade escolar do polo mais
próximo, buscando alternativas adequadas para a superação de possíveis dificuldades apresentadas por
elas em seu desenvolvimento, juntamente com professores e assistentes da Educação Infantil/auxiliares
educacionais;
• Articular com o professor da Sala de Recursos Multifuncionais do AEE os atendimentos necessários
às crianças com deficiência, bem como os encaminhamentos especializados;
• Cumprir o Calendário Escolar;
• Acompanhar o registro da frequência dos profissionais e encaminhá-lo no prazo determinado ao
Distrito de Educação por meio do Sistema de Gestão de Pessoas (SGP), mantendo-o atualizado sobre
carências, atestados médicos, licenças e outros;
• Acompanhar a alimentação escolar na instituição (cardápio escolar, controle e organização de
estoque, preparo dos alimentos, higiene e limpeza), em acordo com a organização do cardápio da Educação
Infantil (atendimento parcial em CEI – três refeições diárias; atendimento integral em CEI e creches parceiras
- cinco refeições diárias; atendimento parcial em escola - duas refeições diárias);
• Implementar os programas e projetos institucionais da Educação Infantil da Rede Municipal de
Ensino, tais como: Programa Ateliê, Programa Intergeracional, Projeto Protagonismo Infantil e o Projeto
Família e Escola;
• Divulgar programas de apoio e orientação às crianças e suas famílias, assim como encaminhar os
casos de negligência e violência contra a criança aos órgãos competentes em parceria com o diretor escolar;
• Promover a participação e escuta das famílias, envolvendo-as nas ações cotidianas desenvolvidas
pela unidade escolar, fortalecendo o sentimento de pertencimento e democracia nesse contexto;
• Participar das reuniões promovidas pela SME e pelos Distritos de Educação, visando ao
encaminhamento e à resolução das demandas institucionais em parceria contínua com o diretor da escola
à qual está vinculado;
• Encaminhar aos Distritos de Educação processos e ofícios com as demandas da unidade escolar,
mediante ciência e anuência do diretor escolar;
• Reunir a comunidade escolar para elencar as prioridades em relação aos materiais de consumo e
capital que serão adquiridos com os recursos destinados à unidade escolar, referentes às verbas financeiras
do PMDE e do PDDE, registrar suas necessidades em ata e encaminhá-la à direção da escola;
• Realizar e acompanhar o processo de matrícula na unidade escolar e o Registro Único (RU) em
parceria com o secretário escolar da unidade patrimonial;
• Realizar busca ativa e alimentar o sistema de infrequência das crianças com apoio do secretário
escolar e dos agentes escolares;

8 Secretaria Municipal da Educação de Fortaleza


• Informar, acompanhar e manter atualizado, em parceria com o secretário escolar e agentes escolares,
o cadastro dos bebês e das crianças com deficiência, transtorno do espectro autista e altas habilidades/
superdotação no SGE e no arquivo permanente da unidade escolar;
• Organizar, em parceria com o secretário escolar, a documentação escolar dos bebês e das crianças
matriculadas e transferidas (arquivo permanente);
• Acompanhar o processo de inserção/acolhimento dos bebês, das crianças e de suas famílias nas
unidades escolares;
• Promover o bem-estar e a saúde dos bebês e das crianças, atendendo suas necessidades físicas e
emocionais em colaboração com todos os profissionais da Educação Infantil da unidade escolar;
• Articular junto ao AEE o atendimento de bebês e crianças com deficiência, transtorno do espectro
autista e altas habilidades/superdotação, bem como os encaminhamentos necessários para realização da
avaliação pedagógica e entrevista com as famílias;
• Administrar medicamentos aos bebês e às crianças, conforme parecer do Conselho Regional de
Medicina do Estado do Ceará (CREMEC) Nº 3235/2013, mediante receita prescrita de medicamentos
conforme a Lei Municipal 10.606, de 21 de agosto de 2017.

2.3. Professores(as) das Escolas Municipais, Centros de Educação Infantil e Creches Parceiras
Considerando as experiências cotidianas e as especificidades do Currículo da Educação Infantil, os
professores de menor e maior carga horária precisam estar em permanente diálogo para garantir ações
pedagógicas coesas e contínuas, tais como: elaboração do planejamento, registro das observações sobre
as crianças, escrita e socialização dos Relatórios/Registros de Acompanhamento ao Desenvolvimento e
Aprendizagem, implementação dos Programas e Projetos de Rede) e fortalecimento dos vínculos com as
famílias. São atribuições dos professores de menor e maior carga horária:
• Conhecer as especificidades do trabalho pedagógico na Educação Infantil, tais como: os direitos
de aprendizagem e desenvolvimento de bebês e crianças, a indissociabilidade entre educar e cuidar, as
interações e a brincadeira como eixos norteadores das práticas pedagógicas, o processo de documentação
pedagógica e a legislação vigente;
• Conhecer os documentos publicados pela SME e efetivá-los em suas práticas pedagógicas;
• Realizar registros sistemáticos dos processos de aprendizagem e desenvolvimento dos bebês e
crianças, tais como fotografias, filmagens, anotações, gravações de áudios, diário de bordo. No ato de
planejar deverá organizar como acontecerá os registros das crianças (individuais, pequenos grupos ou
grande grupo);
• Preencher de forma reflexiva o instrumental de Registros de Acompanhamento ao Desenvolvimento
da Aprendizagem dos bebês e crianças ao final dos 1º e 3º bimestres. As ações devem acontecer em
parceria entre professores de maior e menor carga horária, considerando também as observações feitas
pelo assistente da Educação Infantil/auxiliar educacional da turma;
• Elaborar relatórios individuais de acompanhamento do processo de desenvolvimento e aprendizagem
da criança ao final dos 2º e 4º bimestres. As ações devem acontecer em parceria entre professores de maior
e menor carga horária, considerando também as observações feitas pelo assistente da Educação Infantil/
auxiliar educacional da turma.
Observação: no caso de mudança de professor, aquele que está saindo da turma deverá consolidar
os Relatórios Semestrais e/ou Registros de Acompanhamento ao Desenvolvimento e Aprendizagem da
Criança, mesmo que o bimestre ou semestre não tenha sido concluído. O professor que assumirá a turma
deverá complementá-lo.

Diretrizes pedagógicas para a Educação Infantil da Rede Municipal de Ensino de Fortaleza 2023 9
• Realizar o preenchimento do Diário de Classe referente ao dia que estiver assumindo a regência da
turma;
• Elaborar o planejamento semanalem um caderno de registro diário do professor, que deverá
ser organizado e acompanhado pelo coordenador pedagógico/supervisor escolar da unidade, seguindo
as DCNEI (BRASIL, 2009), a BNCC (BRASIL, 2017), o DCRC (CEARÁ, 2019) a Proposta Curricular para a
Educação Infantil da Rede Municipal de Ensino de Fortaleza (FORTALEZA, 2020), as Diretrizes Pedagógicas
da Educação Infantil do Município de Fortaleza (FORTALEZA, 2023) e a Proposta Pedagógica da unidade
escolar.
Observação 1: No caso das creches parceiras o planejamento deverá ser realizado em um sábado por
mês; Observação 2. Professor de menor carga horária, independente do número de horas lotado na turma,
em seu planejamento contemplará os programas e projetos da Educação Infantil da Rede Municipal, assim
como realizará experiências nos espaços externos (pátio, corredor, parque, quintal, quadra, biblioteca,
ateliê, sala de inovação e tecnologias, dentre outros).
• Implementar no cotidiano com as crianças e as famílias as concepções expressas na Proposta
Pedagógica e participar ativamente do processo de avaliação e revisão anual deste documento;
• Participar dos encontros de formação continuada nos polos e no contexto escolar, dos estudos, das
reuniões pedagógicas e das atividades de planejamento e de avaliação oferecidas pela Rede Municipal de
Ensino, conforme a Lei nº 11.738/2008, que institui 1/3 da jornada de trabalho do professor às atividades
extraclasse, e a Portaria 204/2014 publicada no Diário Oficial do Município de Fortaleza em 03 de julho de
2014;
• Cumprir o Calendário Escolar;
• Trabalhar em parceria (professor de maior e de menor carga horária), dando continuidade às ações
cotidianas realizadas com os bebês, as crianças e famílias;
• Implementar os programas e projetos institucionais da Educação Infantil da Rede Municipal de
Ensino, tais como: Programa Ateliê, Programa Intergeracional, Projeto Protagonismo Infantil e o Projeto
Família e Escola;
• Trabalhar em colaboração com o (a) assistente da Educação Infantil/auxiliar educacional, tendo
em vista que a criança é o centro do planejamento curricular e que as práticas de cuidar e educar são
indissociáveis. Essa colaboração deve se dar em todos os momentos da rotina, destacando-se os seguintes
aspectos:
1. Atender às especificidades do desenvolvimento infantil;
2. Observar e registrar os aspectos do desenvolvimento e da aprendizagem dos bebês e das crianças;
3. Acolher os bebês, as crianças e os seus familiares;
4. Promover a segurança nos ambientes internos e externos da unidade escolar, bem como prever
situações de riscos;
5. Zelar pelos pertences de cada bebê e criança e pelos materiais e equipamentos da unidade escolar
postos à disposição para a realização das atividades;
6. Responsabilizar-se pela alimentação dos bebês e das crianças nos horários estabelecidos,
cumprindo o cardápio, estimulando a autonomia e hábitos alimentares saudáveis. Nos casos de crianças
com alergia e/ou intolerância alimentar, zelar pela segurança alimentar, conforme necessidades de cada
bebê e criança;
7. Promover o bem-estar dos bebês e das crianças, atendendo suas necessidades físicas e emocionais;
8. Realizar práticas, em parceria com o (a) assistente da Educação Infantil/auxiliar educacional,
estimulando a autonomia das crianças a higiene pessoal: banho, troca de roupas e fraldas, escovação,
higienização das mãos e demais cuidados;

10 Secretaria Municipal da Educação de Fortaleza


9. Organizar em parceria com o (a) assistente da Educação Infantil/auxiliar educacional, estimulando a
autonomia de bebês e crianças na organização do ambiente e acomodação destes no horário do sono;
10. Acompanhar as crianças em atividades sociais e culturais programadas pela unidade escolar;
• Executar outras atividades semelhantes e pertinentes à sua função.

2.4. Assistentes da Educação Infantil/Auxiliares de Serviços Educacionais


Criada na estrutura administrativa do município de Fortaleza por meio da Lei Complementar nº 0150,
publicada no Diário Oficial do Município de 28 de junho de 2013, o cargo de Assistente da Educação Infantil
constitui-se de apoio técnico-pedagógico aos professores no desenvolvimento da prática pedagógica junto
aos bebês e às crianças, como forma de assegurar a qualidade do serviço público de educação. No cotidiano
das unidades escolares suas principais atribuições são:
• Acompanhar as ações dos professores no desenvolvimento das atividades com bebês e crianças,
auxiliando-os nas atividades didáticas e no processo de documentação pedagógica;
• Acompanhar os bebês e crianças em todas as dependências da instituição, por todo o tempo de sua
permanência na unidade escolar, zelando por sua segurança e bem-estar;
• Participar da formação continuada no polo e no contexto da unidade escolar, assim como de reuniões
de trabalho realizadas pela SME e/ou Distritos de Educação;
• Responder pelo material e equipamento posto à sua disposição para execução do trabalho que
realiza;
• Conhecer as especificidades do desenvolvimento infantil, as concepções sobre crianças e infâncias
expressas nestas Diretrizes;
• Garantir, em parceria com o professor, o bem-estar dos bebês e das crianças da Educação Infantil,
responsabilizando-se pelas ações de cuidar e educar, a saber:
1. Realizar práticas, em parceria com o professor de maior e menor carga horária, estimulando a
autonomia das crianças a higiene pessoal: banho, troca de roupas e fraldas, escovação, higienização das
mãos e demais cuidados, zelando pelos pertences de cada bebê e criança;
2. Sono: organização do ambiente, acomodação e acompanhamento das crianças neste horário;
3. Alimentação: responsabilizar-se pela alimentação direta das crianças nos horários estabelecidos,
estimulando a autonomia e hábitos alimentares saudáveis. Nos casos de bebês e crianças com alergia e/
ou intolerância alimentar, zelar pela segurança alimentar, conforme necessidades de cada bebê e criança;
4. Segurança: observar as regras de segurança no atendimento aos bebês e às crianças e na utilização
de materiais, equipamentos e instrumentos durante o desenvolvimento das rotinas diárias, acompanhando
e cuidando do conforto, boa acomodação, segurança nos ambientes internos e externos da unidade escolar,
bem como prever situações de riscos;
5. Realizar limpeza, higienização, manutenção diária das condições ambientais de sua
responsabilidade, inclusive dos brinquedos e dos colchonetes utilizados no horário do sono;
6. Participar permanentemente do processo de desenvolvimento das atividades técnico- pedagógicas,
auxiliando o professor quanto à observação, ao registro e à avaliação do processo de aprendizagem e
desenvolvimento da criança;
7. Desenvolver atividades voltadas para o desenvolvimento integral do bebê e da criança,
considerando as diversas linguagens e tendo como eixos norteadores a brincadeira e as interações;
8. Acompanhar as crianças em atividades sociais e culturais programadas pela unidade escolar;
9. Acolher os bebês e as crianças e os seus familiares/responsáveis.
• Executar outras atividades semelhantes e pertinentes à sua função.

Diretrizes pedagógicas para a Educação Infantil da Rede Municipal de Ensino de Fortaleza 2023 11
2.5. Professor(a) do Atendimento Educacional Especializado (AEE):
O atendimento aos bebês e às crianças com deficiência, transtorno do espectro autista e altas
habilidades/superdotação deve ser realizado pelo professor do AEE em parceria com o professor de maior
e menor carga horária, nos diferentes ambientes da unidade escolar, tais como: sala de referência, solário,
parquinho, sala de inovação e tecnologias, refeitório, entre outros espaços, onde as atividades comuns a
todas as crianças são adequadas às suas necessidades específicas.
Cumpre destacar que o AEE possibilita ampliar as práticas pedagógicas inclusivas na unidade de
Educação Infantil, proporcionando a plena participação dos bebês e das crianças com deficiência, transtorno
do espectro autista e altas habilidades/superdotação, em todos os espaços e tempos do cotidiano.
As principais atribuições do professor do AEE na Educação Infantil são:
1. Identificar as barreiras e implementar práticas e recursos que possam eliminá-las, considerando
a especificidade de todas as crianças;
2. Orientar os professores regentes, demais profissionais e as famílias dos bebês e das crianças
sobre os recursos pedagógicos e de acessibilidade utilizados, de forma a ampliar suas aprendizagens,
promovendo sua autonomia e participação;
3. Realizar, quando necessário, a avaliação pedagógica com os bebês e as crianças para
encaminhamento especializado.
2.6 Auxiliar Pedagógico da Sala de Inovação e Tecnologias
A sala de inovação e tecnologias na Educação Infantil objetiva apoiar o desenvolvimento e o interesse
dos bebês e das crianças, a partir de um currículo para a primeira infância. Neste espaço, o auxiliar
pedagógico tem como principais atribuições:
1. Auxiliar os professores no desenvolvimento das experiências na Sala de Inovação e Tecnologias;
2. Ser assíduo e pontual;
3. Dar suporte aos projetos e experiências desenvolvidas na Sala de Inovação e Tecnologias;
4. Acompanhar os bebês e as crianças durante a utilização da sala de Inovação e Tecnologias;
5. Registrar, em instrumento específico, detalhes sobre cada atividade realizada na Sala de Inovação
e Tecnologias;
6. Organizar as evidências de utilização da Sala de Inovação e Tecnologias e entregar relatório
mensal das atividades/experiências e projetos desenvolvidos.

12 Secretaria Municipal da Educação de Fortaleza


3. Composição da jornada de trabalho do professor e do assistente da Educação
Infantil/Auxiliar Educacional
A Lei nº 11.738/2008 institui a jornada de trabalho do professor em, no máximo, 40 (quarenta) horas
semanais e determina em seu artigo 2º, § 4º que na composição da jornada de trabalho seja observado o
limite máximo de 2/3 (dois terços) da carga horária para o desempenho das atividades de interação com os
bebês e as crianças. Desta forma, 1/3 da jornada de trabalho deve ser destinada às chamadas atividades
extraclasse, relacionadas ao desenvolvimento das demais atividades docentes, tais como: estudos,
participação em formação continuada (polo e contexto), reuniões pedagógicas na instituição; encontros
com as famílias e atividades de planejamento e de avaliação (relatórios e registros do desenvolvimento e
aprendizagem das crianças).
A jornada de trabalho do professor e auxiliar educacional das creches parceiras são de 40 horas
semanais e mais 4 horas para planejamento das atividades pedagógicas, uma vez ao mês, no sábado.
A jornada de trabalho do Assistente da Educação Infantil (AEI) é composta por 8 (oito) horas diárias,
com hora de almoço que pode variar de uma a duas horas. Diante da necessidade de garantir o atendimento
educacional aos bebês e às crianças, a SME estabelece as opções de horários para organização da jornada
de trabalho do AEI, de acordo com o quadro abaixo:

Organização do horário de trabalho do AEI

Opção 1 7h às 11h 1 hora de almoço 12h às 16h

Opção 2 7h30 às 11h30 1 hora e meia de almoço 13h às 17h

Opção 3 8h às 12h 1 hora de almoço 13h às 17h

Opção 4 7h30 às 11h30 1 hora de almoço 12h30 às 16h30

Opção 5 7h às 11h 2 horas de almoço 13h às 17h

Opção 6 8h às 13h 1 hora de almoço 14h às 17h

Opção 7 7h30 às 13h 1 hora e meia de almoço 14h30 às 17h

Além das opções descritas no quadro acima, a gestão escolar poderá realizar outras possibilidades de
organização de horários do AEI de acordo com as necessidades da unidade escolar, devendo atender aos
critérios de organização mencionados, visando ao adequado funcionamento da unidade escolar, com foco
no bem-estar, no desenvolvimento e nas aprendizagens dos bebês e das crianças e no cumprimento da
carga horária de trabalho dos funcionários.
As opções descritas devem ser observadas e acordadas com o gestor da unidade escolar e os
assistentes da Educação Infantil. Qualquer outra opção pretendida deverá ser encaminhada via processo
para ser analisada e deferida ou não pelo Distrito de Educação.
Observações: *Mais de uma opção de horário de trabalho pode ser adotada pela unidade escolar, considerando
que o AEI deve atender as crianças da Educação Infantil e que o trabalho precisa ser realizado a partir de uma rede
de apoio e cooperação entre todos os profissionais;
*O almoço das crianças deverá ser servido a partir das 10h30 da manhã e o jantar, a partir das 16h da tarde.

Diretrizes pedagógicas para a Educação Infantil da Rede Municipal de Ensino de Fortaleza 2023 13
4. Encontro pedagógico da Educação Infantil
O Encontro Pedagógico objetiva promover oportunidade de estudo e reflexão sobre as práticas e
organização do trabalho a ser desenvolvido pelos profissionais da educação, visando a integração e o
fortalecimento da equipe para a efetivação das ações expressas na Proposta Pedagógica da unidade
escolar. Para isso, o encontro deverá ser organizado de modo a possibilitar a participação e integração entre
diretores, coordenadores pedagógicos/supervisores escolares, orientadores educacionais, professores,
assistentes da Educação Infantil/auxiliares educacionais, profissionais de apoio do AEE e profissionais de
apoio (agentes escolares, manipuladores de alimentos, monitor de acesso e serviços gerais), conforme seu
turno de trabalho.
As orientações para a realização do encontro pedagógico serão publicadas no site da intranet da SME
e detalhadas pelos Distritos de Educação/SME, por meio de reuniões e/ou formações, de forma a subsidiar
o diretor e o coordenador pedagógico/supervisor escolar no desenvolvimento desse trabalho.

5. Formação no contexto da unidade escolar


A formação no contexto escolar é realizada, a partir do resultado de estudos, observações,
acompanhamentos e diálogos entre os profissionais que compõem a Educação Infantil da Rede de Ensino
Municipal, com o objetivo de se aproximar das demandas formativas específicas de cada unidade escolar.
A SME adota o conceito de formação no contexto para designar a formação que acontece na unidade
escolar, em que professores e coordenadores colaboram entre si (IMBERNÓN, 2010) valorizando o caráter
contextual e organizacional, a fim de promoverem mudanças na instituição. (GARCIA,1999)
A formação no contexto escolar privilegia momentos de colaboração entre os envolvidos nesse
processo, bem como a interlocução sobre suas práticas, pois parte das necessidades e interesses dos
profissionais, a partir de uma metodologia que privilegia a resolução de problemas reais vividos na própria
unidade escolar.
Por conseguinte, o desenvolvimento dos profissionais não ocorre no vazio, mas inserido no contexto
mais amplo, em que seja considerado o seu saber, a teoria desenvolvida por ele e pelo grupo, acreditar
no professor-pesquisador (ZEICHNER,1992), entendendo a unidade escolar como a unidade básica de
mudança e formação.
Nesse sentido, a SME/COEI ressalta a necessidade de fortalecer o papel do coordenador pedagógico/
supervisor escolar no desenvolvimento desta ação, bem como construir sua identidade como formador no
contexto da unidade escolar, privilegiando os encontros formativos com metodologias que promovam a
resolução de problemas reais, vividos na própria unidade, de forma colaborativa.
As temáticas discutidas nas formações no contexto são alinhadas com o Programa de Formação da
Educação Infantil da rede, a partir da consulta realizada aos professores/coordenadores/assistentes /
gestores e do que é observado como necessidade e interesse dos profissionais.

6. Acolhimento das crianças e de suas famílias


O início do ano letivo é conhecido pelos profissionais que atuam na Educação Infantil como o período
em que acontece a inserção dos bebês e das crianças no cotidiano escolar, embora esta ocorra também em
outras circunstâncias, por exemplo: quando há mudanças de professor, de turma, de escola ou de colegas.
Neste documento, consideramos o processo de adaptação na perspectiva do professor, do bebê, da criança
e da família - protagonistas desse processo - tendo em vista a função da Educação Infantil complementar à
da família, o que pressupõe a concretização de uma prática pedagógica integrada (BRASIL, 1996).
A inserção do bebê e da criança no cotidiano escolar pode ser entendida como o esforço que
ela realiza para permanecer no novo espaço coletivo com adultos e outras crianças, onde as relações,

14 Secretaria Municipal da Educação de Fortaleza


brincadeiras e regras são diferentes daqueles do espaço familiar ao qual está habituada. Vale destacar
que cada bebê e criança vivencia as experiências de adaptação de uma forma peculiar, ou seja, algumas
choram nos primeiros dias e logo param; outras precisam de um tempo maior para adaptar-se ao novo,
mostrando-se introspectivas e chorando constantemente. É importante salientar que o choro não é a única
manifestação de estranhamento por parte do bebê e da criança, outras reações podem ser identificadas:
recusa ou ansiedade na alimentação, vômitos, dificuldade no sono, apatia, febre, mordidas, isolamento e
irritabilidade. Assim, os profissionais da Educação Infantil devem compreender que cada bebê e criança
tem o seu ritmo e que as reações descritas acima são comuns nessa fase do processo educativo.
Na perspectiva do professor, a inserção pode ser considerada sob o aspecto da necessidade de
inicialmente conhecer cada bebê e criança e sua família para melhor acolher, aconchegar, proporcionar o
bem-estar, o conforto físico e emocional, o que expande significativamente a função e a responsabilidade
da unidade escolar que atende crianças de zero a cinco anos e onze meses de idade.
Para que o processo de inserção/acolhimento dos bebês e crianças aconteça de forma tranquila e
respeitosa é imprescindível que as famílias tenham a oportunidade de conhecer o trabalho desenvolvido na
unidade escolar: a proposta pedagógica, as rotinas, os projetos, os espaços, os materiais, o cardápio da
alimentação e todos os profissionais. A permanência delas na unidade escolar contribui para o conhecimento
das características desse período, além de contribuir para melhor acolher os bebês e as crianças. O
acolhimento das famílias pela unidade escolar promove maior confiança e sensação de segurança diante
desse momento de transição casa-escola dos bebês e das crianças, fortalecendo a relação das famílias com
a unidade escolar. Portanto, o modo de organização de cada unidade para atender aos bebês, crianças e
famílias facilitará esse processo de acolhimento e inserção no contexto escolar.
O horário de funcionamento das unidades escolares de Educação Infantil deverá ser mantido,
considerando o direito das crianças e de suas famílias ao atendimento educacional, conforme os horários
estabelecidos pela SME:

Horário de funcionamento das unidades escolares de Educação Infantil

Manhã - 7h às 11h
Atendimento parcial
Tarde - 13h às 17h

Atendimento integral 7h às 17h

Seguem as orientações para organização das ações no período de acolhimento, atentando para os
bebês e as crianças que ingressam no início do ano letivo, e para as que são matriculadas no decorrer do
ano:
• O tempo de permanência do bebê e da criança, no período de acolhimento na instituição, deverá ser
flexível, mediante acordo com os responsáveis e as necessidades e o bem-estar dos bebês e das crianças;
• A presença de familiares na unidade escolar é aconselhável mediante a necessidade dos bebês e das
crianças e acordada com o coordenador pedagógico e o professor responsável pelo agrupamento, devendo
ser priorizados os espaços externos à sala de referência;
• A unidade escolar e seus profissionais deverão proporcionar aos bebês e às crianças vivências que
promovam o conhecimento de si, a expressão da individualidade, a ampliação da confiança, a participação
nas atividades individuais e coletivas e o bem-estar, facilitando o processo de inserção/acolhimento;
• A organização dos espaços da sala em contextos diversificados, em áreas para trabalho coletivo e
individual, com a disposição de brinquedos, materiais da natureza e de largo alcance, jogos, livros, revistas,
lápis coloridos, massas de modelar, papéis, fantasias, entre outros, são recomendáveis, pois proporcionam

Diretrizes pedagógicas para a Educação Infantil da Rede Municipal de Ensino de Fortaleza 2023 15
a construção da autonomia e protagonismo pelos bebês e pelas crianças por meio da oportunidade de
poder escolher o que fazer e os pares com os quais mais se identificam para brincar. Lembrando que os
materiais devem sempre estar na altura e acessíveis aos bebês e às crianças e que os eixos norteadores das
interações e brincadeira devem ser garantidos no planejamento da inserção de cada bebê e criança.
O planejamento para as primeiras semanas de acolhimento dos bebês, das crianças e de suas famílias
é fundamental para pensar e propor interações de boa qualidade, compreendendo que há uma complexa
relação a ser construída com esses sujeitos.

7. Processos de transição do bebê e da criança na Educação Infantil


A BNCC (BRASIL, 2017), as DCNEI (BRASIL, 2009), o DCRC (CEARÁ, 2019), a Proposta Curricular para
a Educação Infantil da Rede Municipal de Ensino de Fortaleza (FORTALEZA, 2020) e as Orientações para
o Processo de Transição da Criança da Educação Infantil para o Ensino Fundamental (FORTALEZA, 2016)
estabelecem a previsão de experiências que proporcionem a continuidade do processo de desenvolvimento
e aprendizagem dos bebês e das crianças.
Nesse sentido, para o professor que está lotado nos anos limites de transição escolar – como o berçário,
caracterizado, comumente, pela primeira participação do bebê no espaço coletivo de educação; o Infantil
III, último ano da criança na creche, e o Infantil V, último ano da criança na Educação Infantil, após o qual
irá ingressar no ensino fundamental – recomenda-se que os professores, juntamente com o coordenador
pedagógico, planejem sistematicamente estratégias para estabelecer elementos de continuidade e
significatividade no processo educativo.
Essas estratégias nas transições da Educação Infantil, devem atender às especificidades de
desenvolvimento e aprendizagem dos bebês e das crianças, tais como: a indissociabilidade entre cuidar
e educar na prática pedagógica; as interações e a brincadeira como eixos norteadores; o trabalho com
sequências didáticas e também com projetos como uma das formas de organização didática, garantindo
certas características comuns ao currículo, como a escolha de atividades, tempos e espaços pelos bebês e pelas
crianças, a escuta aos seus interesses e saberes, o espírito investigativo na construção dos conhecimentos e
a integração das experiências de aprendizagens presentes no artigo 9º das DCNEI (BRASIL, 2009). Assim,
bebês e crianças têm a possibilidade de encontrar elementos já conhecidos, que estiveram presentes ao
longo da sua trajetória escolar, atribuindo-lhes sentido.
Para tanto, é importante que sejam definidas, na proposta pedagógica da unidade escolar, estratégias
de articulação curricular, considerando as especificidades da Educação Infantil, sem perder de vista o que
há em comum entre os anos que a compõem e os que compõem os anos iniciais do ensino fundamental.
Outro importante elemento das transições na Educação Infantil são as denominadas microtransições
que acontecem entre uma atividade e outra no cotidiano dos bebês e das crianças. Planejar as
microtransições demonstra, por parte dos professores, respeito aos ritmos deles e também uma ética de
decidir e compartilhar com eles o que vai acontecer, onde e por que. No quadro a seguir trazemos um
exemplo concreto de microtransição planejada:

Em uma turma de crianças de Infantil II a professora planejou, entre o tempo do banho das
crianças e o jantar, organizar um ambiente com jogos de construção e livros de literatura infantil.
Enquanto a assistente levava pequenos grupos de crianças para o banho, as outras crianças
brincavam e liam histórias nestes contextos, e um outro grupo de crianças que voltava do banho
se vestiu com a ajuda da professora. Quando todos estavam banhados e tinham explorado os
materiais, a professora pediu que organizassem os brinquedos e livros, pois estava próximo
ao tempo do jantar. Após organizarem juntos os brinquedos, as crianças foram convidadas a
jantar no espaço do refeitório e a professora combinou com elas que após poderiam escolher
outros brinquedos para brincar.

16 Secretaria Municipal da Educação de Fortaleza


8. Planejamento pedagógico na Educação Infantil
Considerando que a criança é o centro do planejamento pedagógico, a proposição de experiências,
necessariamente, deve reconhecer as curiosidades, os interesses infantis e as necessidades dos bebês e das
crianças, por meio da escuta, do olhar atento e sensível do professor. A partir da observação das crianças no
cotidiano escolar, do diálogo com os colegas docentes e as famílias, o professor atribui sentido e significado
à sua prática pedagógica, colaborando para a construção do planejamento pedagógico da turma.
É com esse objetivo que a elaboração do planejamento pelo professor de maior e menor carga horária,
se configura em uma rota a ser seguida. O planejamento pedagógico da Educação Infantil da Rede Municipal
de Ensino de Fortaleza é organizado em um instrumental (em anexo) que foi elaborado em parceria com
os professores e coordenadores pedagógicos das unidades escolares. O instrumental é estruturado tendo
como base as concepções e formas de organização curricular previstos nos documentos mandatórios da
Educação Infantil nacionais, estaduais e da Rede: as DCNEI (BRASIL, 2009), a BNCC (BRASIL, 2017), o
DCRC (CEARÁ, 2019), a Proposta Curricular para a Educação Infantil da Rede Municipal de Ensino de
Fortaleza (FORTALEZA, 2020).
O instrumental traz um arranjo que possibilita o professor especificar: 1) as experiências a serem
oportunizadas, 2) o que as crianças podem aprender, 3) o tempo e 4) a organização dos ambientes. As
experiências educativas são organizadas considerando os seis direitos de aprendizagem e desenvolvimento
(conviver, brincar, expressar, participar, explorar e conhecer-se) e os cinco campos de experiências, de
forma não fragmentada, mas entendendo que tanto os direitos quanto os campos perpassam entre si e
se complementam. Vale lembrar que o planejamento pedagógico deve considerar os eixos norteadores das
interações e da brincadeira.
As experiências propostas no planejamento pedagógico estão relacionadas aos acontecimentos do
cotidiano e às necessidades de educação e cuidado das crianças. Dessa forma, o professor no seu 1/3
para planejamento, deve organizar as práticas a serem vividas com os bebês/as crianças, respeitando
as especificidades da sua turma e as singularidades de cada bebê/criança. Para isso, é preciso recorrer
aos registros diários que realiza por meio de escritas individuais sobre as crianças, fotografias, vídeos,
desenhos, aúdios, entre outras formas de documentar o vivido.

9. Tempos permanentes e tempos diversificados na Educação Infantil


A rotina da Educação Infantil da rede municipal é estruturada pelos tempos permanentes e tempos
diversificados, que organizam e integram as experiências educacionais, imprescindíveis nesta etapa,
considerando as necessidades e interesses das crianças. Tais tempos estão em conformidade com a Proposta
Curricular para a Educação Infantil da Rede Municipal de Fortaleza (2020).
Os tempos permanentes são imprescindíveis de serem planejados e vividos na rotina da Educação
Infantil, seja nas turmas de creche ou de pré-escola. Estes tempos garantem o cuidar e educar em propostas
de acolhimento, cuidados pessoais e brincadeiras, são eles: tempo de chegada, tempo de brincar, tempo de
roda de histórias, tempo de roda de conversa, tempo de higiene e alimentação e tempo de saída.
Os tempos diversificados surgem das interações cotidianas entre crianças e adultos no contexto
escolar. As professoras, a partir do que consideram importante para a aprendizagem dos estudantes e
pautadas nos documentos legais da Educação Infantil e na escuta atenta aos bebês e às crianças, planejam
situações que podem ser: tempo de explorar os brinquedos e objetos, tempo de ler livros, tempo de cantar
e dançar, tempo de explorar calendário, tempo de desenhar e pintar, tempo de escrever do jeito que sabe,
tempo com água e com areia, tempo de banho de chuveiro e de chuva, tempo de passeios culturais, tempo
de explorações nas áreas diversificadas da sala (faz-de-conta, jogos, blocos e construção), assim como
outros tempos que garantam a promoção de experiências diversificadas.

Diretrizes pedagógicas para a Educação Infantil da Rede Municipal de Ensino de Fortaleza 2023 17
A seguir, são detalhados os tempos permanentes da rotina diária da Educação Infantil indicados
pelo Programa de Alfabetização na Idade Certa (PAIC). Orientamos que os tempos permanentes devem
ficar expostos em cartazes/painéis nas salas de referência, como forma de tornar visível às famílias e à
comunidade a rotina pedagógica da Educação Infantil na unidade escolar.

Tempos Orientações

O momento da chegada à instituição deve ser proposto atentando para o movimento


dos bebês e das crianças que, aos poucos, chegam e se envolvem numa atividade
em andamento. Por isso, as atividades propostas para esse tempo não devem
Chegada
constar de início, meio e fim delimitados, como uma roda de conversa ou uma leitura
de história, visto que as crianças que chegam após seu início podem ter perdas de
informações e, com isso, não se sentirem motivadas a participar.

A roda de conversa é um momento de partilha e construção de ideias em que


as crianças relatam sobre suas experiências vividas, expressam seus desejos,
sentimentos, emoções, legitimando seus direitos previstos na Base Nacional Comum
Curricular (BNCC, 2017). No momento da roda de conversa é essencial trazer
diferentes narrativas, promovendo as trocas entre as crianças e entre as crianças
e o adulto, contribuindo assim para que os bebês e crianças desenvolvam outras
formas de pensar o mundo (OLIVEIRA, 2012). (FORTALEZA, 2020)
É necessário que o(a) professor(a) de educação infantil compreenda que o
desenvolvimento da linguagem de bebês e crianças não ocorre de forma espontânea,
mas por meio da mediação dele com diferentes experiências de diálogo com as
Roda de
crianças desde o momento que chegam na unidade escolar até a saída com suas
Conversa
famílias. Dessa forma, uma estratégia importante é uso de perguntas abertas nos
diálogos cotidianos ( em que as crianças pequenas possam trazer suas perspectivas,
hipóteses e ideias sobre o mundo) possibilitando que elas ajudem a solucionar
problemas, expressando suas opiniões e a criarem outras perguntas. No caso
dos bebês e crianças bem pequenas, o apoio do(a) professor(a) à criança, usando
perguntas fechadas e mais simples ( perguntas onde a resposta pode ser sim ou
não), é esperado, todavia é fundamental inseri-las também em diálogos potentes
de interação, mesmo que ainda não falem convencionalmente. Assim, planejar
perguntas abertas e fechadas nas diferentes situações que for realizar com bebês e
crianças é imprescindível para o desenvolvimento integral destes.
Os tempos vividos pelas crianças cotidianamente, como alimentação, sono e
higiene precisam ser pensados coletivamente como momentos de construção de
aprendizagens pelos bebês e crianças, devendo ser planejados ambientes na
perspectiva de respeito às especificidades de cada um. (FORTALEZA, 2020)
Habitualmente, acontecem de forma seguida, e estão relacionados à saúde, ao
Higiene e bem-estar da criança, à formação de bons hábitos (lavar as mãos antes de comer,
Alimentação escovar os dentes, comer frutas, legumes); à construção da autonomia (conseguir
usar o banheiro sozinha, sem desperdícios; ter a possibilidade de fazer escolhas, por
exemplo) e à construção de conhecimentos sobre o mundo físico (aprender sobre
as propriedades dos alimentos: cheiro, sabor, forma, cor, textura). As crianças
também constroem sua identidade (conhecimento de si) por meio das experiências
de cuidado com o próprio corpo.

18 Secretaria Municipal da Educação de Fortaleza


Tempos Orientações

O tempo do brincar deve ser pensado como um momento de brincadeira livre, na


rotina diária, sendo permitido às crianças escolherem a brincadeira, o parceiro, o
enredo, como também dirigir e controlar sua atividade. É a oportunidade de brincar
Brincar Livre livremente, seja na sala de referência, no pátio, na área verde, entre outros espaços.
O papel do professor deve ser o de planejar e propor espaços estruturados, oferecer
brinquedos e materiais diversificados, além de brincar juntos, possibilitando tempo
suficiente para o desenvolvimento das brincadeiras pelas crianças.

O tempo da roda de história é um momento de apreciação, fruição, ampliação


de repertório literário, de contos de tradição oral e oportunidade de contato com
o mundo da leitura e da narração oral. Como um tempo permanente, devem ser
pensados, planejados e organizados tempos, espaços, materiais e as interações
Roda de Histórias
para as mais diversas situações. Organizar boas situações de leitura e narração de
história é sinônimo de criar hábitos para adquirir o comportamento leitor, ampliar
vocabulário, instigar a curiosidade, a imaginação, a memória e a percepção da
diferenciação entre a oralidade e a escrita. (FORTALEZA, 2020)

O tempo da saída, tal como o da chegada, é um momento que envolve trânsito das
crianças e suas famílias, que aos poucos se deslocam para retornar às suas casas.
Saída Por isso, a atividade proposta para esse tempo também não pode constar de início,
meio e fim delimitados, visto que há o risco das crianças não concluírem a atividade
no instante em que as famílias vierem buscá-las.

10. Organização dos espaços nas unidades de Educação Infantil


A organização do espaço é um elemento constitutivo da rotina diária e influencia na qualidade
pedagógica, portanto deve-se oferecer espaços onde os bebês e as crianças tenham prazer em habitar,
conviver, aprender e se desenvolver. Crescer em um ambiente desafiador, saudável, prazeroso e acolhedor é
direito de todos. Quanto mais possibilidades houver no espaço, mais ele será desafiador e consequentemente
auxiliará na autonomia e desenvolvimento integral dos bebês e crianças.
O espaço deve ser organizado em função dos princípios éticos, políticos e estéticos, dos objetivos
educativos e levando em consideração a estrutura física de cada unidade escolar, visando ao bem-estar
de todos que a utilizam. Ao planejar as atividades a ser vivenciadas com bebês e crianças, os professores,
com a colaboração dos gestores, precisam considerar que bebês e crianças necessitam de experiências
em espaços abertos, ao ar livre, iluminados, arejados, limpos, acolhedores, seguros e amplos para que
possam se desenvolver plenamente. É preciso compor os espaços com materiais variados e adequados,
e organizá-los de forma que permaneçam ao alcance dos bebês e das crianças, transformando-os em
ambientes de brincadeiras e relações. Embora as unidades escolares possuam diferentes estruturas
físicas, é importante ressaltar que a dimensão física não é o que determina a boa qualidade das
experiências no cotidiano, mas sim as relações éticas com os bebês, as crianças e as famílias.

Diretrizes pedagógicas para a Educação Infantil da Rede Municipal de Ensino de Fortaleza 2023 19
Os ambientes de aprendizagem precisam ser planejados de forma a contemplar a triangulação
Direitos de Aprendizagem e Desenvolvimento, Campos de Experiências e Objetivos de Aprendizagem e
Desenvolvimento, alinhados com o que traz a Base Nacional Comum Curricular/BNCC(2017).
Ressaltamos, também, a importância dos espaços ao ar livre para que os bebês e as crianças possam
experienciar vivências em um grande laboratório de aprendizagens investigativas sobre o mundo, pois
esse lócus possibilita desafios que ampliam as brincadeiras, a autonomia, a independência, a criatividade
e o bem-estar, além de estabelecer novos relacionamentos entre as crianças e entre crianças e adultos de
maneira saudável e agradável.

11. Documentação pedagógica


A documentação pedagógica é uma estratégia a ser seguida na organização do planejamento nas
unidades escolares de Educação Infantil. Baseia-se na abordagem de Reggio Emilia (EDWARDS, GANDINI E
FORMAN, 1999) e faz parte das Pedagogias Participativas (OLIVEIRA-FORMOSINHO, 2003). Fundamentada
nos valores da democracia, da participação e nos princípios éticos, políticos e estéticos, é uma
ferramenta de reflexão educativa e investigativa que escuta os bebês e as crianças, contribuindo em dar
visibilidade a uma determinada imagem de criança, de professor e de escola.
A documentação pedagógica é uma estratégia que possibilita tornar visíveis as aprendizagens e a
originalidade dos processos construtivos dos bebês e crianças, de suas experiências individuais e em grupo,
a partir de um processo reflexivo dos registros produzidos no cotidiano, que podem ser textos escritos,
imagéticos, filmagens e objetos. Portanto, por sua essência de caráter reflexivo e crítico, essa estratégia é
uma ação que amplia a simples coleção de registros das atividades dos bebês e das crianças, para tornar-se
uma ação de qualificação da prática pedagógica, de construção de memória e identidade, de compreensão
do pensamento infantil, de planejamento e avaliação.
A análise desses documentos, ao reunir fatos do cotidiano dos bebês e das crianças da Educação
Infantil, permite aos profissionais da educação revisitar as práticas, a fim de compreender melhor as
culturas infantis, como acontecem seus processos de aprendizagem e desenvolvimento e como nelas se
realiza a leitura de mundo. Esses registros, que são analisados e interpretados pelo coordenador, pelos
professores e pelos assistentes da Educação Infantil/auxiliares educacionais, em um ambiente cooperativo,
oferecem condições para entender e transformar práticas e promove um contínuo crescimento profissional.
Essa documentação pedagógica deve ser compartilhada com as famílias e com as crianças, já que comunica
os processos de aprendizagens das crianças, dando condições de visualizar e participar do trabalho
pedagógico, potencializando a parceria com a unidade escolar.
A SME/COEI orienta que a documentação pedagógica esteja em evidência como um elemento
intrínseco para uma Educação Infantil de boa qualidade, buscando que as práticas pedagógicas pensadas
para os bebês e crianças tenham significatividade, continuidade, intencionalidade, ludicidade, diálogo,
reflexão, respeito, equidade e cuidado no cotidiano de cada unidade escolar.

12. Documentos norteadores da prática pedagógica1


Na Rede Municipal de Ensino de Fortaleza elaboramos, com a participação dos docentes e gestores,
ao longo dos últimos anos, um conjunto de documentos norteadores para as práticas pedagógicas dos
profissionais que atuam na Educação Infantil e que visam contribuir na organização cotidiana do trabalho
a ser realizado na unidade escolar. A saber:

1 Alguns destes documentos poderão ser encontrados no site do Canal Educação.

20 Secretaria Municipal da Educação de Fortaleza


1. Proposta Curricular para a Educação Infantil da Rede Municipal de Ensino de Fortaleza (2020);
2. Orientações para Práticas Pedagógicas de Oralidade, Leitura e Escrita na Educação Infantil da
Rede Municipal de Ensino de Fortaleza (2016);
3. Experiências de Oralidade, Leitura e Escrita na Educação Infantil (2016);
4. Orientações para o processo de Transição da criança da Educação Infantil para o Ensino
Fundamental (2017);
5. A criança e seu nome: Identidade, Expressão e Escrita na Educação Infantil (2017);
6. Projeto Ateliê: Uma tessitura protagonizada pela triangulação família, escola e criança (2020);
7. Aprendizagem e Desenvolvimento Socioemocional na Educação Infantil (2022);
8. Os bebês no cotidiano da Educação Infantil: orientações para Práticas Pedagógicas na Rede
Municipal de Ensino de Fortaleza (2022).
9. Apresentamos abaixo os referidos documentos e as orientações para sua utilização:

Proposta Curricular para a Educação Infantil da Rede Municipal de Ensino de Fortaleza


É o principal documento norteador para orientar as práticas pedagógicas cotidianas nas unidades
de Educação Infantil da Rede Municipal de Ensino, contribuindo para a melhoria da qualidade dos serviços
educacionais prestados pelas unidades escolares que atendem bebês e crianças de zero até 05 (cinco)
anos e 11 (onze) meses de idade, reafirmando o compromisso com o currículo, princípios, aprendizagens
e desenvolvimento dos bebês e das crianças e refletindo as transformações nas concepções de criança,
infância, práticas pedagógicas e a garantia dos direitos de aprendizagem.

Orientações para Práticas Pedagógicas de Oralidade, Leitura e Escrita na Educação Infantil da Rede
Municipal de Ensino de Fortaleza
Tem a finalidade de promover a ação-reflexão-ação do professor a respeito da sua prática pedagógica
de oralidade, leitura e escrita na Educação Infantil, por meio de questionamentos sobre os ambientes, as
práticas pedagógicas e o desenvolvimento e aprendizagem do bebê e da criança. Dessa forma, o referido
documento expressa-se e ganha sentido para cada professor a partir do contexto escolar em que trabalha.

Experiências de Oralidade, Leitura e Escrita na Educação Infantil


Objetiva a socialização das experiências desenvolvidas no contexto da formação continuada e das
práticas pedagógicas com crianças para contribuir com a reflexão dos docentes e gestores sobre a melhoria
da qualidade das experiências vivenciadas na Educação Infantil.

Orientações para o processo de Transição da criança da Educação Infantil para o Ensino Fundamental
Objetiva orientar os profissionais da Educação Infantil quanto ao processo de transição dos bebês, das
crianças e suas famílias, propondo ações interventivas que favoreçam esse processo numa perspectiva de
continuidade da promoção de experiências educativas qualificadas, respeitando os ritmos e as necessidades
de cada bebê e criança.

A criança e seu nome: Identidade, Expressão e Escrita na Educação Infantil


Documento produzido com o objetivo de embasar a prática docente sobre a importância da interação
da criança com o próprio nome, em todo o seu percurso na Educação Infantil, tendo em vista que o nome
influencia na construção identitária, na expressividade e no processo de aquisição da escrita.

Projeto Ateliê: Uma tessitura protagonizada pela triangulação família, escola e criança
Este documento tem o intuito de apresentar as especificidades do Projeto Ateliê, bem como contribuir
para o percurso formativo dos profissionais da educação, valorizando as manifestações do Protagonismo
compartilhado através da triangulação família-criança-escola.

Diretrizes pedagógicas para a Educação Infantil da Rede Municipal de Ensino de Fortaleza 2023 21
Aprendizagem e Desenvolvimento Socioemocional na Educação Infantil
Este documento apresenta discussões e concepções como forma de subsidiar o trabalho dos professores,
para que tenham consciência e conhecimento sobre a importância de colaborar com o desenvolvimento
socioemocional das crianças desde a mais tenra idade e, partir disso, reconheçam e oportunizem, nas
práticas pedagógicas cotidianas, situações que contribuam para a ampliação dessas aprendizagens.

Os bebês no cotidiano da Educação Infantil: orientações para Práticas Pedagógicas na Rede Municipal
de Ensino de Fortaleza
Este documento representa uma ação inovadora no cenário da nossa capital, destacando reflexões
teóricas sobre o trabalho pedagógico específico voltado à faixa etária dos bebês (0 a 18 meses) atendidos
nas unidades escolares (Centros de Educação Infantil e Creches Parceiras).
Além desses documentos orientadores e norteadores das práticas pedagógicas, existem os documentos
institucionais, os quais constituem referência para os registros necessários ao processo educativo
desenvolvido no dia a dia das unidades, que devem ser concretizados no planejamento pedagógico e na
avaliação do desenvolvimento e aprendizagem dos bebês e das crianças. A saber:
check Diário de Classe;
check Registro diário do professor da Educação Infantil.
Apresentamos abaixo os referidos documentos e as orientações para sua utilização:

Diário de Classe
Tem a finalidade de registro da frequência escolar das crianças, dos dias letivos ministrados e a
recuperar pelos professores, dos relatórios semestrais, constituindo-se documento permanente e devendo
ser arquivado na instituição.

Registro Diário do Professor da Educação Infantil


Objetiva a organização da prática de documentação pedagógica do professor, a partir dos registros
de planejamento e do acompanhamento do desenvolvimento e aprendizagem das crianças.
Na Rede Municipal de Educação de Fortaleza existem também instrumentos institucionais destinados
à avaliação e ao acompanhamento do desenvolvimento e da aprendizagem do bebê e da criança. A saber:
• Registro de observação do bebê e da criança - realizado na forma de anotações diárias pelo
professor, juntamente com os demais tipos de registros, fornecerá subsídios para a posterior elaboração
dos relatórios semestrais. Os registros devem ser produzidos no dia a dia, de modo prático, no sentido de
permitir a memória dos fatos vividos pelo bebê e pela criança. Para isso, é necessário que esses registros
sejam datados e, posteriormente, que sejam acrescidos, complementados com a percepção do professor
sobre os fatos observados. Tal orientação se faz fundamental para que as informações evidenciam o
percurso escolar do bebês e da criança e ganhem projeção, a partir do olhar atento do professor, e não se
percam na memória. Os registros sobre a prática pedagógica necessitam ser realizados com frequência,
preferencialmente um registro semanal de cada criança, tendo ao final da semana o registro de todos as
crianças da sua turma. Vale ressaltar que os fatos ocorridos com determinados bebês e crianças que não
estão no foco da observação diária e que chamem a atenção, também podem ser registrados.
• Registro de Acompanhamento ao Desenvolvimento e à Aprendizagem da Criança - é uma das
ferramentas de avaliação que auxilia gestores(as), professores(as) e famílias a refletirem e acompanharem
os processos de desenvolvimento e aprendizagem de bebês e crianças no contexto das unidades escolares.
O documento está organizado a partir dos objetivos de aprendizagem para os três grupos etários (bebês,
crianças bem pequenas e crianças pequenas) que vivenciam a Educação Infantil, com base nos direitos de
Conviver, Brincar, Participar, Explorar, Expressar e Conhecer-se, expressos na Proposta Curricular para a

22 Secretaria Municipal da Educação de Fortaleza


Educação Infantil do município de Fortaleza (2020) e alinhados à Base Nacional Comum Curricular - BNCC
(2017). Ao final do 1º e 3º bimestre, o professor irá indicar as aprendizagens desenvolvidas e em construção
pelos bebês e crianças, com base nas observações realizadas e registradas no Registro Diário do Professor
da Educação Infantil. Esses registros subsidiarão a elaboração dos relatórios semestrais que contêm a
descrição do processo de desenvolvimento e aprendizagem e as intervenções realizadas pelo professor.
Seguem as legendas que compõem o Registro de Acompanhamento ao Desenvolvimento e à
Aprendizagem da Criança, auxiliando o professor na indicação da situação de aprendizagem do bebê e da
criança:

Legenda Definição Comentário

Indica que a criança tem expressado essa


aprendizagem com autonomia nas experiências ou
S Sim
ações propostas, seja sozinha ou na interação com
seus pares e/ou com adultos.

Indica que a criança expressa essa aprendizagem


EAV Expressa algumas vezes em determinadas experiências ou ações, e em outros
momentos não expressa.

Indica que a criança não expressa determinadas


ANE Ainda não expressa
aprendizagens propostas no contexto escolar.

Indica que a experiência ou ação ainda não foi


ANV Ainda não vivenciou
oportunizada à criança no contexto escolar.

A partir dos procedimentos de avaliação (registros de observações e registros de acompanhamento)


que indicam a situação do bebê e da criança no seu processo de desenvolvimento e aprendizagem, conforme
sua faixa etária, o professor deverá criar estratégias que ampliem o desenvolvimento do bebê e da criança,
atuando como apoio nas aprendizagens que estão em processo de consolidação.
A socialização do Registro de Acompanhamento ao Desenvolvimento e Aprendizagem da Criança com
as respectivas famílias deverá ocorrer segundo a data prevista no calendário do ano letivo de 2023. No final
do ano letivo, esse instrumental deverá ser entregue às famílias, cabendo à unidade escolar providenciar
uma cópia para ser arquivada na pasta do bebê e da criança.
• Elaboração dos Relatórios Semestrais - os registros do cotidiano, de cada criança no contexto da
unidade escolar, deverão ser sistematizados em relatórios semestrais (orientações no anexo 2), contendo a
síntese das análises, das interpretações e das reflexões, sobre as informações coletadas por meio de diversos
outros registros, como as produções dos bebês e das crianças - desenho, escrita, pintura, modelagem,
fotografia - que ampliam significativamente o olhar do professor, dando visibilidade ao percurso escolar
do bebê e da criança e ao trabalho do professor. A frequência de consolidação dos relatórios é semestral e
estes devem ser registrados ou anexados ao Diário de Classe, totalizando dois (2) relatórios anuais por
estudante:
check 1º semestre - Relatório Individual Semestral
check 2º semestre - Relatório Individual Semestral

Diretrizes pedagógicas para a Educação Infantil da Rede Municipal de Ensino de Fortaleza 2023 23
O professor, ao sintetizar o processo vivido pelo bebê e criança, apresenta-se como parte desse processo,
numa ação reflexiva, desvelando também o trabalho pedagógico desenvolvido. Para isso, é necessário conter
no relatório semestral a observação crítica das atividades, das brincadeiras e das interações dos bebês e das
crianças no cotidiano, assim como das suas falas, das descobertas e das conquistas a partir das diversas
experiências vivenciadas na unidade escolar. Compreendendo que cada um apresenta peculiaridades no
seu processo de aprendizagem e desenvolvimento, o relatório deve considerar o dinamismo desse processo,
relatando os fatos cotidianos significativos, as múltiplas expressões, as falas e ideias, os progressos e as
dificuldades. Esse relatório deverá ser socializado com as famílias no período de 1/3 da jornada docente, de
acordo com as datas previstas no calendário do ano letivo de 2023, para conhecimento dos processos de
aprendizagem e desenvolvimento e do trabalho realizado na unidade escolar, sendo uma via entregue às
famílias, uma anexada ao Diário de Classe e outra à pasta de documentos do bebê e da criança.
Vale ressaltar que nos casos de substituição do professor, em qualquer período do ano letivo, este deverá
elaborar os relatórios antes de ausentar-se, bem como preencher registros de acompanhamento, visto que
participou do processo de desenvolvimento e aprendizagem durante aquele período e é conhecedor dele.
Mesmo que o bimestre ou semestre não tenha sido concluído, a elaboração dos relatórios é imprescindível
para socialização dos conhecimentos acerca do bebê e da criança com o novo professor da turma, assim
como para situá-lo na trajetória escolar de cada um e da turma da qual fará parte.
É importante que as práticas de registro e de documentação pedagógica presentes nas unidades
escolares de Educação Infantil sejam aprimoradas por meio da produção e organização da memória das
conquistas dos bebês e das crianças, bem como da valorização do trabalho docente ao evidenciar o seu
percurso formativo na turma.
• Acompanhamento da aprendizagem do nome próprio na pré-escola (Infantil IV e V): para
acompanhar o processo de escrita do nome pela criança da Educação Infantil, a SME/COEI, em parceria com
os Distritos de Educação e as unidades escolares escolares, realiza o acompanhamento da aprendizagem
do nome próprio com as crianças das turmas de Infantil IV e V. Esse acompanhamento consiste na ação
pedagógica cotidiana de compreender o percurso da aprendizagem da escrita/leitura do nome próprio
pelas crianças desde a sua inserção na instituição educativa. O instrumental de acompanhamento tem como
objetivo registrar o percurso evolutivo das aprendizagens das crianças sobre o seu nome de acordo com as
atividades vivenciadas no cotidiano, através do trabalho pedagógico realizado, levando em consideração
a identidade, a expressão e o processo de escrita do nome, sem a necessidade de um momento exclusivo
para isso. Esse registro possibilita a reflexão sistemática pelos(as) professores(as) sobre sua prática em
relação aos processos de leitura e escrita na Educação Infantil, bem como o desenvolvimento de ações que
promovam a aprendizagem do nome próprio como um direito da criança.
O instrumental é uma ferramenta de pesquisa quantitativa e qualitativa para conhecer o percurso
de aprendizagem da escrita do nome próprio pela criança da Educação Infantil, possibilitando a reflexão,
a avaliação das ações e a proposição de políticas de formação dos profissionais comprometidos com a
qualidade do ensino nessa etapa da educação.
Assim, compreendemos que essa aprendizagem não deve ocorrer de modo mecânico, por meio de
repetições, cópias e treinos que desrespeitam a especificidade e o interesse da criança e o seu direito de
participação, de expressão e de escolhas. As atividades promovidas devem permitir à criança conhecer,
identificar e pensar sobre o seu nome e os dos colegas, motivando-a a experimentar os desafios propostos,
incluindo o de sua grafia escrita, acreditando sempre que seus esforços e conflitos são constituintes da
construção do conhecimento de si e do mundo.

24 Secretaria Municipal da Educação de Fortaleza


13. Programas e projetos desenvolvidos pela Rede Municipal De Ensino De Fortaleza
Dentre as ações desenvolvidas pela Rede Municipal de Ensino de Fortaleza que contribuem para o
fortalecimento da qualidade da educação e para a valorização do serviço prestado por todos os profissionais
que a compõem, estão os Programas e Projetos que oportunizam diversas aprendizagens e a participação de
todos os protagonistas da Rede: bebês, crianças, profissionais e famílias. Na Educação Infantil destacamos
os seguintes Programas e Projetos:
• Programa Ateliê: oportuniza ao bebê e à criança o exercício das suas autonomias e competências, por
meio de experimentações que favorecem seus percursos criativos, bem como busca uma formação holística
dos profissionais, que priorize corpo, mente, razão e sensibilidade como dimensões intrínsecas ao ser humano.
O Programa Ateliê também possui o objetivo de fortalecer a triangulação escola, família e criança.
• Programa Intergeracional: objetiva promover a integração e o respeito entre as gerações,
fortalecendo o convívio entre bebês, crianças e idosos, sensibilizando a sociedade sobre a importância e
valorização da vida, além de facilitar a integração social.
• Projeto Protagonismo Infantil: objetiva evidenciar as múltiplas linguagens dos bebês e das crianças,
por meio do fazer artístico, promovendo ações que fortaleçam a participação, escuta e valorização da voz
da criança na sociedade, bem como a vivência de experiências com a arte de forma lúdica.
• Projeto Família e Escola: o principal objetivo desse projeto é estreitar e fortalecer a parceria
entre as famílias e as unidades escolares, visando ao desenvolvimento integral, à garantia dos direitos de
aprendizagem e desenvolvimento e ao bem-estar dos bebês e das crianças.

14. Sala de inovação e tecnologias


A sala de inovação e tecnologias na Educação Infantil é um espaço de referência na unidade escolar,
organizado em contextos de tecnologias diversificadas, e objetiva apoiar o desenvolvimento e o interesse
dos bebês e das crianças, a partir de um currículo para a primeira infância, fundamentado nos documentos
que regem a Educação Infantil (BRASIL, 2009; 2017; CEARÁ, 2019; FORTALEZA, 2020), os quais apresentam
um currículo que parte das experiências dos bebês e das crianças, considerando que eles são ricos de
potencialidades, criativas e ativas e que se expressam através de suas múltiplas linguagens.
A sala de inovação e tecnologias reafirma a concepção curricular da Educação Infantil, a qual deve
“articular os saberes das crianças com os conhecimentos que fazem parte do patrimônio cultural, artístico,
ambiental, científico e tecnológico, de modo a promover o desenvolvimento integral de crianças de 0 a 5
anos de idade”. (BRASIL, 2009)
Desse modo, essa sala não deve se limitar aos recursos midiáticos, deve ter uma perspectiva ampla,
na qual utilize recursos tecnológicos em experiências e atividades diversas com os bebês e as crianças,
em um ambiente que contribua para a construção de um currículo que potencialize as descobertas, as
explorações e as teorias provisórias das crianças.
Nesse sentido, “quando falamos de tecnologia estamos nos referindo a todo o esforço humano de
produção de suas ferramentas de intervenção no mundo e que modifica, em maior ou menor amplitude,
a ação humana” (FERREIRA, 2016, p.3). Essa concepção corrobora com as imagens de criança e infância
expressas nas teorias da filosofia e sociologia da infância, em que bebês e crianças são produtores de
cultura e, como tais, ressignificam, criam e recriam o mundo e seus modos de estar nele.
É importante ressaltar que essa sala possui uma configuração propícia ao atendimento das necessidades
dos bebês e das crianças de explorar, investigar, criar, construir e descobrir. Por isso, deve ser organizada
em contextos de tecnologias diversificadas que visam uma articulação e complementaridade entre si.
Esses contextos devem apoiar o desenvolvimento e os interesses dos bebês e das crianças e têm como
propósito democratizar e ampliar o acesso delas a diversos ambientes, pois partem de uma concepção que
entende que estas pessoas necessitam de espaços e tempos diferentes para potencializar suas expressões
e manifestações.
Diretrizes pedagógicas para a Educação Infantil da Rede Municipal de Ensino de Fortaleza 2023 25
A sala de inovação e tecnologias é um ambiente propício para os bebês e as crianças criarem e
inventarem, elaborarem suas teorias provisórias, levantarem hipóteses, construírem relações e culturas,
brincarem, explorarem, interagirem e vivenciarem outras possibilidades. É cuidadosamente preparada a
fim de garantir o bem-estar dos bebês e das crianças.

15. Utilização do livro didático


A SME/COEI considera o livro didático uma das ferramentas pedagógicas, cujas atividades expressas
podem complementar as experiências vividas na prática por crianças e professores. Tendo em vista que o
livro didático é uma das possibilidades de registro pela criança dos conhecimentos envolvidos nas diversas
experiências proporcionadas no contexto escolar, este pode ser utilizado em alguns dos tempos promovidos
na rotina da Educação Infantil, de acordo com a experiência a ser possibilitada à criança.
Nesse sentido, as crianças e os professores das turmas de infantil IV e V (pré-escola) contam
com o livro didático Entrelinhas, que possui dois volumes. O material da criança também é composto
por encartes, etiquetas adesivas, livro de registro diário e livro para familiares. O professor conta com
o “Manual do Professor” com as orientações para utilizar o material didático (Volume 1 e 2), sugestões
de outras possibilidades de trabalho, além das propostas contidas no livro da criança e dicas de leituras
complementares.
A utilização do livro didático deverá ter início após as orientações realizadas pelo coordenador
pedagógico no momento do planejamento dos professores (tanto os de maior quanto os de menor carga
horária), para organizar o tempo e o espaço da rotina pedagógica em que esse material didático será
utilizado, de forma que seja relacionado às experiências propostas com as crianças.
Nesse sentido, recomenda-se que o livro seja utilizado até três vezes por semana, preferencialmente
na unidade escolar. Por fim, orientamos que a inserção do livro na rotina pedagógica considere a criança
como o centro do planejamento curricular, articulando seu uso às demais experiências planejadas, aos
campos de experiências e aos direitos de aprendizagem e desenvolvimento.

16. Utilização da agenda escolar


A agenda escolar deverá ser entregue a cada criança, sendo parte fundamental do acervo didático
e pedagógico da unidade escolar. Desse modo, é um recurso didático-pedagógico para registro e
comunicação entre as famílias e a unidade escolar. Assim sendo, deverá ser utilizada diariamente com
clareza e objetividade para o acompanhamento sistemático dos pais e/ou responsáveis.
A agenda escolar fomenta e fortalece o diálogo e as relações interpessoais. Nessa perspectiva, trata-
se de um dos suportes comunicativos que possibilita a relação de parceria entre família e escola, na qual
deve constar as experiências cotidianas das crianças, intercorrências, avisos, entre outros.
No que se refere aos CEI e creches, a agenda deverá fazer, também, referência às questões do
cuidado com os bebês e as crianças bem pequenas, tais como: alimentação, higiene e sono, assim como as
vivências propostas na rotina, entendendo que o binômio cuidar e educar são ações indissociáveis.
No que tange as turmas de pré-escola, vale ressaltar que a agenda deverá conter registros que se
reportem às ações de cuidado, como as intercorrências particulares da criança (por exemplo: vômitos, tosse ou
machucados) como também deve ser utilizada como suporte textual, garantindo que a criança compreenda
sua função comunicativa, prezando pela indissociabilidade entre o cuidar e o educar. Destacamos ainda
que a agenda escolar não deve ser utilizada como material de cópia mecânica e repetitiva pelas crianças,
mas como suporte para registros e comunicação dos professores, de maior e menor carga horária, com as
famílias/ responsáveis.

26 Secretaria Municipal da Educação de Fortaleza


Referências bibliográficas
BRASIL. Lei Federal nº 8069, de 13 de julho de 1990. ECA - Estatuto da Criança e do Adolescente. Brasília:
MEC, 1990.

_______. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Brasília: MEC, 1996.

_______. CNE/CEB. Resolução nº 05/2009. Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil.
Brasília: MEC, 2009.

_______. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília: MEC, 2017.

CEARÁ. Secretaria da Educação do Estado do Ceará. Documento Curricular Referencial do Ceará:


educação infantil e ensino fundamental. – Fortaleza: SEDUC, 2019.

EDWARDS, Carolyn; GANDINI, Lella; FORMAN, George. As cem linguagens da criança: a abordagem de
Reggio Emilia na educação da primeira infância. Porto Alegre: Artes Médicas, 1999.

FORTALEZA. CME/CEI. Resolução nº 02/2010. Fixa normas para o ato de criação, credenciamento
e autorização de funcionamento de unidades escolares Públicas e Privadas de Educação Infantil no
âmbito do Sistema Municipal de Ensino de Fortaleza. Fortaleza, 2010.

___________. SME/COEI. Proposta Curricular para a Educação Infantil da Rede Municipal de Ensino de
Fortaleza, 2020.

___________. SME/COEI. Experiência de Oralidade, Leitura e Escrita na Educação Infantil. Fortaleza,


2016.

___________. SME/COEI. Orientações para as Práticas Pedagógicas de Oralidade, Leitura e Escrita na


Educação Infantil da Rede Municipal de Ensino de Fortaleza. Fortaleza, 2016.

___________. SME/COEI. Orientações para o Processo de Transição da Criança da Educação Infantil para
o Ensino Fundamental. Fortaleza, 2016.

OLIVEIRA-FORMOSINHO, J. & FORMOSINHO, J. (2013). A perspectiva educativa da Associação Criança: A


Pedagogia-em-Participação. In. J. Oliveira-Formosinho (Org.) Modelos Curriculares para a Educação de
Infância: Construindo uma práxis de participação. Porto: Porto Editora, 2013.

Diretrizes pedagógicas para a Educação Infantil da Rede Municipal de Ensino de Fortaleza 2023 27
O que as crianças podem
Experiências Tempo Organização das experiências
aprender

28
Identificar os campos de Elencar o que os bebês Especificar em qual tempo da rotina Detalhar a organização das
experiências que irão ser e as crianças podem será realizada a(s) experiência(s). experiências e como ela será
contemplados na vivência, tendo aprender ao participarem Lembrando que em todos os tempos realizada em forma de atividade,
em vista que o arranjo curricular dessa(s) experiência(s) organizados na rotina, os bebês e as por meio de organizações didáticas,
não considera os campos de (Previstas nas BNCC/2017, crianças vivenciam as experiências tais como projetos e sequências
experiência como disciplinas, pois DCRC (2019) e Proposta e constroem conhecimentos sobre si didáticas. Essas atividades deverão
os mesmos estão interligados. Curricular do Município e sobre o mundo. É imprescindível compor o cotidiano dos bebês e das
considerar os tempos permanentes
Escrever o(s) número(s) do(s) de Fortaleza/2016). crianças, considerando os princípios
que não podem faltar na rotina
inciso(s) que estão descritos “Na Educação Infantil, da ludicidade, continuidade e a
diária, além da inclusão de outros
no Art. 9º das DCNEI, que as aprendizagens significatividade. Esse é o momento
tempos de acordo com a necessidade
estará(ão) sendo contemplado(s) essenciais compreendem de experiências diversificadas do planejamento no qual o professor
na vivência. Ex.:campo 1 - Inc. tanto comportamentos, irá pensar sobre as condições que

Secretaria Municipal da Educação de Fortaleza


dos bebês e das crianças. Devem
I, IV, além de definir qual (is) habilidades e conhecimento ser considerados como tempos irão favorecer as aprendizagens das
experiência(s) estarpa(ão) sendo quanto vivências que permanentes na rotina da Educação crianças asseguradas pelos direitos
considerada(s) (Ex.: Experiências promovem aprendizagem Infantil: tempo de acolhida na de aprendizagem e desenvolvimento
sensoriais, cuidado pessoal... e desenvolvimento nos chegada, tempo de brincar, tempo (brincar, conviver, participar,
Anexo 1

etc). Considerando que os campos diversos campos de de roda de história, tempo de roda explorar, expressar e conhecer-
estão interligados, deverá ser experiências, sempre de conversa, tempo de higiene se) fecha aparência considerando
especificado todos os campos que tomando as interações e e alimentação, tempo de saída. possibilidades de interação (criança/
serão contemplados seguidos dos brincadeiras como eixos Os tempos diversificados podem criança; professor/criança e crianças
incisos correspondentes e suas estruturantes. Essas ser: tempo de ler livros, tempo de de idades diferentes); de escuta aos
experiências consideradas (Ex.: aprendizagens, portanto, cantar e dançar, tempo de explorar bebês e as crianças e respeito aos
calendário, tempo de desenhar e
campo 1, Inciso I - experiências constituem-se como seus interesses e ritmos; de diálogo
pintar, tempo de escrever do jeito
sensoriais, Inciso VI - cuidado objetivos de aprendizagem e negociação; de participação dos
que sabe, tempo com água e com
pessoal / campo 2, Inciso II e desenvolvimento.” bebês e das crianças nas escolhas,
areia, tempo de banho de chuveiro
- expressão gestural). Cada (BRASIL, 2017). e de chuva, tempo de passeios na organização dos materiais, do
inciso é composto por diversas culturais, tempo de explorações nas ambiente; de protagonismo nas
experiências, por isso há a áreas diversificadas da sala (faz-de- ações diárias propostas ao grupo; de
necessidade do recorte do inciso conta, jogos, blocos e construção), brincadeiras variadas; de produção
Instrumental do planejamento diário do(a) professor(a) da Educação Infantil

especificando a experiência que assim como outros tempos a partir pelos bebês e pelas crianças e
estará sendo considerada. das necessidades demonstradas expressão utilizando diferentes
pelos bebês e pelas crianças. recursos.
Anexo 2
Orientações para a escrita do relatório pedagógico da aprendizagem e desenvolvimento dos bebês e
crianças matriculados/as na Rede Municipal de Ensino de Fortaleza
A Secretaria Municipal da Educação (SME), por meio da Coordenadoria da Educação Infantil (COEI),
apresenta orientações para a escrita do Relatório Pedagógico de Aprendizagem e Desenvolvimento dos
bebês e crianças matriculados/as nas Unidades Escolares de Educação Infantil da Rede Municipal de Ensino
de Fortaleza.
Conforme os documentos mandatórios que regem a Educação Infantil brasileira, como a Lei de
Diretrizes e Base da Educação Nacional (LDB 9394/1996)2, a Resolução nº 5/2009, que fixa as Diretrizes
Curriculares Nacionais para a Educação Infantil (DCNEI), o Parecer nº 20/2009 e a Base Nacional Comum
Curricular (BNCC), o Relatório individual é uma das estratégias de documentação pedagógica que, de
modo reflexivo, comunica às famílias os processos vivenciados pela criança no cotidiano institucional, não
possuindo o objetivo de promoção ou classificação.
É importante ressaltar que a escrita do relatório individual deve apresentar as particularidades
da criança, contemplando uma linguagem objetiva e acessível às famílias, que narre e dê visibilidade às
interações, vivências, experiências, investigações e descobertas, considerando os tempos permanentes,
tempos diversificados, sequências didáticas, projetos pedagógicos e programas/projetos de Rede. Devem
apresentar também as intervenções pedagógicas realizadas pelos(as) professores(as), para que a criança
avance em suas aprendizagens.
Os registros pedagógicos, como: caderno de registros e observação, fotografias, vídeos, áudios, mini
histórias, registros da criança e o planejamento diário do(a) professor(a) são ferramentas imprescindíveis
para a construção de um texto que legitima o vivido pela criança e pela turma durante o período de
abrangência do relatório (1º e/ou 2º Semestre). A participação dos(as) professores(as) de maior e menor
carga horária no processo de escrita, bem como da assistente da educação infantil/auxiliar educacional,
são fundamentais para que o maior número de informações sobre o processo de desenvolvimento e
aprendizagem da criança seja contemplado.
Diante do exposto e considerando a relevância das interações entre professores(as), assistentes/
auxiliaries, crianças e famílias, apresentamos aspectos fundamentais que deverão compor a estrutura
básica do Relatório Pedagógico de Aprendizagem e Desenvolvimento de cada menino e menina matriculado
na Rede:
• Percurso do vivido da turma no semestre, destacando os projetos e programas de Rede,
institucionais e/ou da sala de referência, e o trabalho com as famílias a partir dos direitos de aprendizagem
e desenvolvimento dos bebês e crianças (brincar, participar, conviver, expressar, conhecer-se e explorar),
destacando a participação e o protagonismo da criança, suas falas e seus interesses;
• Os objetivos de aprendizagem e desenvolvimento alcançados pela criança e trabalhados pelo(a)
professor(a) (proposições e intervenções pedagógicas);
• Considerações finais do(a) professor(a) sobre o percurso da criança e a continuidade do seu
desenvolvimento e aprendizagem para a próxima etapa.
No decorrer do ano letivo, o núcleo gestor da unidade escolar deverá organizar, juntamente com
professoras(os) , momentos sistemáticos para diálogos com as famílias sobre o currículo desenvolvido na
educação infantil, assim como, dar visibilidade à documentação pedagógica do cotidiano vivenciado pelas
crianças. Dentre a documentação pedagógica, o Relatório Pedagógico de Aprendizagem e Desenvolvimento

2 A Lei de Diretrizes e Base da Educação Nacional (LDB 9394/1996) estabelece em seu Art. 31, Incisos I e V, que a Educação Infantil será
organizada de acordo com as seguintes regras comuns: I - avaliação mediante acompanhamento e registro do desenvolvimento das crianças,
sem o objetivo de promoção, mesmo para o acesso ao ensino fundamental; V - expedição de documentação que permita atestar os processos
de desenvolvimento e aprendizagem da criança.

Diretrizes pedagógicas para a Educação Infantil da Rede Municipal de Ensino de Fortaleza 2023 29
Individual da Criança deverá ser socializado com cada família, fortalecendo o sentimento de pertencimento
e de corresponsabilidade de todos no educar e cuidar de cada bebê/criança.
Ressaltamos a importância dessa ação para o fortalecimento dos vínculos entre crianças, famílias e
profissionais que vem sendo desenvolvida com compromisso e empenho por todos que fazem a educação
infantil de Fortaleza: professores(as), gestores(as) e assistentes da educação infantil na Rede Municipal de
Ensino de Fortaleza.
Escuta, portanto, como metáfora para abertura e a sensibilidade de ouvir e ser ouvido - ouvir não
somente com as orelhas, mas com todos os nossos sentidos (visão, tato, olfato, paladar, audição e
também direção). Rinaldi (2018, p. 124).

30 Secretaria Municipal da Educação de Fortaleza

Você também pode gostar