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PÓS-GRADUAÇÃO: DIREITO

CONSTITUCIONAL APLICADO

TUTELA DOS DIREITOS DA PERSONALIDADE


Denise de Paula Andrade
TÓPICO 2
2. TUTELA DOS DIREITOS DA PERSONALIDADE
Análise da relação entre os Direitos da Personalidade e os Direitos
Fundamentais, como expressão do princípio da dignidade da pessoa
humana.
HOLOCAUSTO - AUSCHWITZ
ESCRAVIDÃO
PROTEÇÃO
DIREITOS DA PERSONALIDADE: CONCEITO

 Francisco Amaral: “são direitos subjetivos que tem


por objeto os bens e valores essenciais da pessoa
no seu aspecto físico, moral e intelectual.”
 AMARAL, Francisco. Direito Civil: Introdução. 4.ª ed. rev. atual. Rio de Janeiro: Renovar, 2002, p . 243

- direitos subjetivos de cada pessoa defender o que lhe é


próprio;

 - inerentes à pessoa e à sua dignidade;

 - reflexos da personalidade – decorrem da existência do ser


humano
OBJETO – CONTEÚDO DOS DIREITOS DA PERSONALIDADE

 - Integridade física (vida, alimentos, próprio corpo vivo ou morto,


partes separadas do corpo vivo ou morto)

 - Integridade intelectual (liberdade de pensamento, autoria científica,


artística e literária)

 - Integridade moral (honra, nome, segredo, imagem)


EVOLUÇÃO – FATOS MARCANTES

 Idade Moderna:
Revoluções - Francesa –
Declaração dos Direitos do
Homem e do Cidadão 1789
– direitos globais do
homem – liberdade,
igualdade e fraternidade
 Idade Contemporânea-
Primeira Guerra Mundial –
1914/1918; Segunda
Guerra Mundial –
1939/1945
 1948: Declaração Universal
dos Direitos Humanos
DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS
 “Preâmbulo Considerando que o reconhecimento da dignidade inerente a todos os
membros da família humana e dos seus direitos iguais e inalienáveis constitui o
fundamento da liberdade, da justiça e da paz no mundo; Considerando que o
desconhecimento e o desprezo dos direitos do Homem conduziram a actos de
barbárie que revoltam a consciência da Humanidade e que o advento de um mundo
em que os seres humanos sejam livres de falar e de crer, libertos do terror e da
miséria, foi proclamado como a mais alta inspiração do Homem; Considerando que
é essencial a proteção dos direitos do Homem através de um regime de direito,
para que o Homem não seja compelido, em supremo recurso, à revolta contra a
tirania e a opressão; Considerando que é essencial encorajar o desenvolvimento de
relações amistosas entre as nações; Considerando que, na Carta, os povos das
Nações Unidas proclamam, de novo, a sua fé nos direitos fundamentais do Homem,
na dignidade e no valor da pessoa humana, na igualdade de direitos dos homens e
das mulheres e se declaram resolvidos a favorecer o progresso social e a instaurar
melhores condições de vida dentro de uma liberdade mais ampla; Considerando
que os Estados membros se comprometeram a promover, em cooperação com a
Organização das Nações Unidas, o respeito universal e efectivo dos direitos do
Homem e das liberdades fundamentais; Considerando que uma concepção comum
destes direitos e liberdades é da mais alta importância para dar plena satisfação a
tal compromisso: A Assembléia Geral proclama a presente Declaração Universal
dos Direitos Humanos”
BRASIL

 - Escravidão : 1530/1888

 - Ditadura Militar – 1964/1985 – dureza política – supressão da


democracia e direitos constitucionais – perseguição política –
repressão – tortura
CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988

 TÍTULO I
Dos Princípios Fundamentais
 Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos
Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado
Democrático de Direito e tem como fundamentos:
 I - a soberania;
 II - a cidadania
 III - a dignidade da pessoa humana;
 IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;
 V - o pluralismo político.
 Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de
representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição
DIREITOS FUNDAMENTAIS
 TÍTULO II
 Dos Direitos e Garantias Fundamentais
 CAPÍTULO I
 DOS DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS

 Art. 5º CF/88: Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade
do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos
seguintes:

 X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas,


assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua
violação;

- liberdades públicas
DIREITOS DA PERSONALIDADE DO PONTO DE VISTA DO
DIREITO PÚBLICO – LIBERDADES PÚBLICAS

 Rubens Limongi França:

 “por muito tempo os sistemas jurídicos somente cuidaram dos direitos


da personalidade do ponto de vista do Direito Público, servindo “para
mostrar a importância desses direitos, pois muitos deles integram as
Declarações de Direitos que servem como garantia dos cidadãos
contra as arbitrariedades do Estado.”

 França, Rubens Limongi. Instituições de Direito Civil. 5ª. ed. São


Paulo: Saraiva. Ano: 1999. p.936.
DIREITOS DA PERSONALIDADE NA LEGISLAÇÃO CIVIL
BRASILEIRA

 - 1916: Código Civil Brasileiro : início da elaboração em 1859 por


Teixeira de Freitas – projeto finalizado por Clóvis Bevilaqua em 1899
 - Art. 649. Ao autor de obra literária, científica ou artística pertence o direito
exclusivo de reproduzi-la.
 Art. 671. Quem publicar qualquer manuscrito, sem permissão do autor ou de
seus herdeiros ou representantes, será responsável por perdas e danos.

 - PROTEÇÃO DE DIREITOS AUTORAIS


DIREITOS DA PERSONALIDADE NO CC/2002

 - - 1963: Anteprojeto do Novo Código Civil : Orlando Gomes – Direitos


da Personalidade: arts. 29 ao 44 - direito de dispor do próprio corpo,
direito à imagem, à autoria, e ao nome

 - 1975: Projeto do Novo Código Civil de Miguel Reale: Direitos da


Personalidade: artigos 11 ao 21

 - 11/1/2003: início vigência do Código Civil /2002: Direitos da


Personalidade: artigos 11 ao 21
 CAPÍTULO II
Dos Direitos da Personalidade
 Art. 11. Com exceção dos casos previstos em lei, os direitos da
personalidade são intransmissíveis e irrenunciáveis, não podendo o
seu exercício sofrer limitação voluntária.
 Art. 12. Pode-se exigir que cesse a ameaça, ou a lesão, a direito da
personalidade, e reclamar perdas e danos, sem prejuízo de outras
sanções previstas em lei.
 Parágrafo único. Em se tratando de morto, terá legitimação para
requerer a medida prevista neste artigo o cônjuge sobrevivente, ou
qualquer parente em linha reta, ou colateral até o quarto grau.
 Art. 13. Salvo por exigência médica, é defeso o ato de disposição do
próprio corpo, quando importar diminuição permanente da integridade
física, ou contrariar os bons costumes.
 Parágrafo único. O ato previsto neste artigo será admitido para fins de
transplante, na forma estabelecida em lei especial.
 Art. 14. É válida, com objetivo científico, ou altruístico, a disposição gratuita do próprio
corpo, no todo ou em parte, para depois da morte.
 Parágrafo único. O ato de disposição pode ser livremente revogado a qualquer tempo.
 Art. 15. Ninguém pode ser constrangido a submeter-se, com risco de vida, a tratamento
médico ou a intervenção cirúrgica.
 Art. 16. Toda pessoa tem direito ao nome, nele compreendidos o prenome e o
sobrenome.
 Art. 17. O nome da pessoa não pode ser empregado por outrem em publicações ou
representações que a exponham ao desprezo público, ainda quando não haja intenção
difamatória.
 Art. 18. Sem autorização, não se pode usar o nome alheio em propaganda comercial.
 Art. 19. O pseudônimo adotado para atividades lícitas goza da proteção que se dá ao
nome.
 Art. 20. Salvo se autorizadas, ou se necessárias à administração da justiça ou à
manutenção da ordem pública, a divulgação de escritos, a transmissão da palavra, ou a
publicação, a exposição ou a utilização da imagem de uma pessoa poderão ser
proibidas, a seu requerimento e sem prejuízo da indenização que couber, se lhe
atingirem a honra, a boa fama ou a respeitabilidade, ou se se destinarem a fins
comerciais.
 Parágrafo único. Em se tratando de morto ou de ausente, são partes legítimas para
requerer essa proteção o cônjuge, os ascendentes ou os descendentes.
 Art. 21. A vida privada da pessoa natural é inviolável, e o juiz, a requerimento do
interessado, adotará as providências necessárias para impedir ou fazer cessar ato
contrário a esta norma.
INTERSECÇÃO DA NORMA CONSTITUCIONAL COM
O DIREITO PRIVADO

 IV Jornada de Direito Civil :

 Enunciado n. 274. “Os direitos da personalidade, regulados de


maneira não-exaustiva pelo Código Civil, são expressões da cláusula
geral de tutela da pessoa humana, contida no art. 1º., III, da
Constituição Federal”.

 Daí a relação ou intersecção entre os Direitos da Personalidade e os


Direitos Fundamentais, entre o Direito Civil e o Direito Constitucional,
com o único objetivo de tutela da pessoa humana.

 DIREITO CIVIL CONSTITUCIONAL


DIREITOS DA PERSONALIDADE DO PONTO DE VISTA
DO DIREITO PRIVADO

 Direitos da personalidade:
 - resultado dos valores fundamentais que decorrem
da CF/88
 - para proteger os indivíduos nas relações de direito
privado.
DIREITOS DA PERSONALIDADE E LIBERDADES PÚBLICAS
 EFICÁCIA HORIZONTAL DOS DIREITOS
FUNDAMENTAIS

-os primeiros no relacionamento de uma pessoa diante de


outra, isto é, nas relações privadas (direitos da
personalidade);

- e os últimos perante o Estado (liberdades públicas),


contra o arbítrio do poder público.
CONCLUSÃO: PERSPECTIVA CIVIL-CONSTITUCIONAL DOS
DIREITOS DA PERSONALIDADE

 Princípio
da Dignidade da Pessoa Humana: cláusula geral que
fundamenta os direitos da personalidade

 Direitos
Fundamentais: tutela dos atributos da personalidade em
face do arbítrio do Poder Público – liberdades públicas Art. 5º:
direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança, à
intimidade, à vida privada, à honra e à imagem das pessoas

 Direitosda Personalidade CC/02: tutela nas relações de direito


privado : Artigos 11 ao 21
CLÁUSULA GERAL DE TUTELA E PROMOÇÃO DA
PESSOA HUMANA

 Gustavo Tepedino:

 “Com efeito, a escolha da dignidade da pessoa humana como


fundamento da República, associada ao objetivo fundamental de
erradicação da pobreza e da marginalização, e de redução das
desigualdades sociais juntamente com a previsão do § 2º do art. 5º,
no sentido da não exclusão de quaisquer direitos e garantias, mesmo
que não expressos, desde que decorrentes dos princípios adotados
pelo texto maior, configuram uma verdadeira cláusula geral de tutela
e promoção da pessoa humana, tomada como valor máximo pelo
ordenamento.”
INSUFICIÊNCIA DA LEGISLAÇÃO CIVIL

 - problemáticas ainda não regulamentadas;


 - legislação caracterizada por cláusulas abertas e de conceito
indeterminado;
 - NÃO SE PRETENDE UMA LEGISLAÇÃO DRÁSTICA
 - possibilidade de aplicação da legislação diante da evolução social e
tecnológica
 - conflito de interesses – colisão entre direitos de personalidade
 - Ex: direito de imagem x liberdade de expressão ou de informação
 - ponderação do julgador
 - lacuna da legislação quanto à ponderação diante de conflito de direitos
existenciais
 - regulamentação de circunstâncias isoladas de forma simples, não
abrangente : Art. 13 (direito ao próprio corpo); Art. 20 (direito à imagem); Art.
21 (direito à privacidade)
 Art. 13. Salvo por exigência médica, é defeso o ato de disposição do
próprio corpo, quando importar diminuição permanente da integridade
física, ou contrariar os bons costumes.
 Parágrafo único. O ato previsto neste artigo será admitido para fins de
transplante, na forma estabelecida em lei especial.
 - caso Daniela Cicarelli, cuja intimidade em uma praia foi filmada e lançada
no universal YouTube – decisão inicial: bloqueio total de acesso ao site;
 - happy slapping (tapas felizes): adolescentes na Inglaterra;
 - divulgação reiterada de imagem de pessoa em situação catastrófica a fim
de promover canal televisivo a meio eficiente de colheita de informação;
 - boate em Barcelona: inserção de um microchip sob a pele do cliente como
uma espécie de cartão de consumação;
 - personagem-tema do curta-metragem Geotomia, de Marcelo Garcia,
Priscilla Davanzo: decidiu tatuar o corpo com manchas pretas imitando o
couro de uma vaca holandesa malhada – protesto contra a incapacidade
digestiva do ser humano;
 - chips para controle de frequência de funcionários em empresas;

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