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Algumas perguntas e respostas


1. O que é fé?
2. O que é ciência?
3. Ciência e fé se excluem mutuamente?
4. Por que há pessoas que dizem que "ciência e fé cristã são incompatíveis"?
5. Existem evidências científicas que provam a existência de Deus?
6. Como posso me informar sobre a fé cristã?
7. Como posso ter certeza da existência de Deus e conhecê-lo?
8. O que se pode obter com a fé cristã?
9. Qual é a relação entre fé cristã e religião?
10. O que significa ser cristão? Como alguém pode se tornar cristão?
11. Quem é Jesus?
12. O exclusivismo cristão ameaça a diversidade cultural e a tolerância?
13. A Bíblia é digna de crédito? Como foi escrita?
14. O ensino da Bíblia é compatível com a atividade científica?
15. Os cristãos da Idade Média acreditavam que a terra é plana?
16. A condenação de Galileu pela Igreja Católica prova que fé e ciência são incompatíveis?
17. A "teoria da evolução" demonstrou que a Bíblia está errada?
18. Quais as principais objeções à "teoria da evolução"?

O que é fé?

"A fé é a certeza daquilo que esperamos e a prova das coisas que não vemos." Esta definição é dada na Bíblia. Fé está
presente no cotidiano de cada ser humano. Pode-se enumerar muitos exemplos de fé: a confiança que depositamos num
amigo ou numa instituição, a certeza de que seremos capazes de vencer alguma etapa especial da vida, etc. A fé no Deus
da Bíblia é exemplo de uma fé especialmente valiosa. Ela não é uma compilação de opiniões aceitas sem demonstração.
Consiste em confiança e resulta em manifestações observáveis. A Bíblia explica isto da seguinte forma. "Sem fé ninguém
pode agradar a Deus, porque quem vai a ele precisa crer que ele existe e que recompensa os que procuram conhecê-lo
melhor. É pela fé que entendemos que o Universo foi criado pela palavra de Deus e que aquilo que pode ser visto foi feito
daquilo que não se vê. Foi pela fé que as pessoas do passado conseguiram a aprovação de Deus. [...] Pela fé eles lutaram
contra nações inteiras e venceram. Fizeram o que era certo e receberam o que Deus lhes havia prometido. Apagaram
incêndios terríveis e escaparam de serem mortos à espada. Eram fracos, mas se tornaram fortes. Foram poderosos na
guerra e venceram exércitos estrangeiros. [...] Nós temos essa grande multidão de testemunhas ao nosso redor. Portanto,
deixemos de lado tudo o que nos atrapalha e o pecado que se agarra firmemente em nós e continuemos a correr, sem
desanimar, a corrida marcada para nós. Conservemos os nossos olhos fixos em Jesus, pois é por meio dele que a nossa fé
começa, e é ele quem a aperfeiçoa." (textos bíblicos citados da Bíblia na Linguagem de Hoje, Sociedade Bíblica do Brasil)

O que é ciência?

Ciência é o conhecimento ou um sistema de conhecimentos que abarca verdades gerais ou a operação de leis gerais
identificadas e testadas através do método científico. Com alguma frequência o método científico é confundido com a
formulação de hipóteses e explicações plausíveis. Mas o método científico é um conjunto de regras básicas para o
desenvolvimento de experimentos, verificações e testes a fim de produzir conhecimento, bem como corrigir e integrar
conhecimentos preexistentes. É baseado no uso da razão para juntar evidências observáveis, empíricas e mensuráveis.
Embora procedimentos variem de uma área da ciência para outra, consegue-se determinar certos elementos que
diferenciam o método científico de outros métodos. Primeiramente o cientista propõe hipóteses para explicar certo
fenômeno ou observação de interesse. Baseado em suas hipóteses, o cientista faz previsões e então desenvolve
experimentos e verificações para testar suas previsões. Previsões não confirmadas levam à rejeição das hipóteses.
Hipóteses não rejeitadas eventualmente podem ser consolidadas em teorias. Toda hipótese ou teoria deve
necessariamente permitir a formulação de previsões e permanece constantemente sujeita a novos testes, podendo ser
refutada à luz de nova informação experimental. Todo o processo precisa ser objetivo, para que o cientista seja imparcial
n a interpretação dos resultados. Outra expectativa básica do método científico é que todo o procedimento precisa ser
documentado, tanto os dados quanto os procedimentos, para que outros cientistas possam analisá-los e reproduzi-los.

A função do cientista e da ciência é explicada por John Polkinghorne da seguinte forma: "Os cientistas são fabricantes de
mapas do mundo físico. Nenhum mapa nos diz tudo o que poderia ser dito sobre um terreno particular, mas em uma
determinada escala pode fielmente representar a estrutura existente. No sentido de uma verosimilitude crescente, de
aproximações cada vez melhores da verdade sobre a matéria, a ciência nos proporciona um domínio cada vez mais firme
da realidade física." (de Faith, science and understanding, Yale University Press, 2001)

Ciência e fé se excluem mutuamente?

Dadas as definições acima fica claro que ciência e fé não se excluem mutuamente.

Por que há pessoas que dizem que "ciência e fé cristã são incompatíveis"?

Porque tais pessoas:

não possuem conceitos consistentes de fé e ciência, ou


possuem motivos ideológicos para dogmatizar uma incompatibilidade entre fé cristã e ciência, que de fato não existe.
Como exemplos, pode-se citar Bertrand Russell e Richard Dawkins. Em seus livros Religion and science e Why I am not
a Christian o filósofo e matemático Bertrand Russell lista estultícias cometidas em nome da religião, faz generalizações
ousadas e apresenta paródias de certos aspectos da religião, mas evita a confrontação com a fé bíblica. Além disso,
arranca alguns ditos de Jesus do contexto e, na maioria das vezes, restringe-se a atirar em alvos irreais, sendo notável a
ausência de uma discussão equilibrada. A ideologia de Bertrand Russell, da qual isso resulta, é bem conhecida. Já o
biólogo e escritor Richard Dawkins, no seu livro mais vendido - The God Delusion - esforça-se para ridicularizar e
insultar a fé cristã, usando argumentos filosóficos que "seriam avaliados com nota insuficiente numa classe de filosofia
do segundo ano da faculdade." Leia aqui o comentário completo de um dos principais filósofos da atualidade, Alvin
Plantinga.

Existem evidências científicas que provam a existência de Deus?

Existem evidências científicas que apontam para a existência de um Criador. Muitas destas evidências são apresentadas e
discutidas no livro Fomos Planejados (Editora Mackenzie, 2018), de autoria de Marcos N. Eberlin, membro da Academia
Brasileira de Ciências e professor de Química da Unicamp.

Adicionalmente, evidências históricas, argumentos filosóficos e teológicos mostram ser mais razoável admitir a existência
de Deus do que negá-la. Muitas publicações apresentam e discutem tais evidências e argumentos, por exemplo:

W.L. Craig - "Será que Deus existe?", tradução do artigo "Does God Exist?", originalmente publicado em Philosophy
Now, novembro/dezembro de 2013.
W.L. Craig - Reasonable faith, Edição Revisada, Crossway Books, 1994.
W.L. Craig - "The existence of God and the beginning of the universe", Truth Journal (online), atualizado em 14.7.2002.
P. Glynn - Deus, a evidência, Editora Madras, 1998.
P. Kreeft e R.K. Tacelli - "Twenty arguments for the existence of God", In: P. Kreeft e R.K. Tacelli, Handbook of Christian
apologetics, InterVarsity Press, 1994.
J.L. Walls (Ed.) - Two dozen (or so) theistic arguments: the Plantinga project. Oxford University Press, 2018.

No entanto, deve-se lembrar sempre que evidências possuem valor circunstancial e argumentos filosóficos e teológicos
são objetos de debates acalorados. Crer em Deus ou crer na inexistência de Deus são e continuarão sendo posições de fé.

Como posso me informar sobre a fé cristã?

Através da leitura e do estudo da Bíblia obtém-se informações de primeira mão sobre a fé cristã. Também é muito
informativa a leitura do seguinte livro de C. S. Lewis, um dos grandes professores de literatura da Universidade de
Cambridge:

C.S.Lewis – Cristianismo puro e simples, Thomas Nelson, 2017.

Conversas com amigos cristãos de sua confiança e que conhecem a Bíblia são possibilidades adicionais para se informar.
Uma sólida discussão filosófica da fé cristã e a refutação das principais objeções a ela se encontram no seguinte livro, do
qual não conheço versão em português:

A. Plantinga, Warranted Christian Belief, Oxford University Press, 2000.

Como posso ter certeza da existência de Deus e conhecê-lo?

A Bíblia diz que podemos ter certeza da existência de Deus e conhecê-lo pela fé, através de um relacionamento pessoal
com ele. O texto bíblico explica que tal relacionamento é possível a todos, começando com uma decisão pessoal de confiar
em Jesus como Salvador: "todos quantos receberam a Jesus deu-lhes o direito de se tornarem filhos de Deus. Bastava
confiarem nele como Salvador. Esses nascem de novo; não no corpo nem de geração humana, mas pela vontade de Deus"
(texto citado de acordo com a tradução O livro, Sociedade Bíblica Internacional). Informações adicionais sobre um
relacionamento pessoal com Deus podem ser encontradas, por exemplo, no site Conhecendo Deus.

O que se pode obter com a fé cristã?

Quero citar os dois itens mais importantes:

O primeiro é um relacionamento com o Criador, um relacionamento que proporciona segurança e sentido existencial.
Blaise Pascal constatou que há no coração de cada ser humano "um vazio dado por Deus, que somente Ele pode
preencher, através de seu filho Jesus Cristo." Seu preenchimento produz nova vida e uma perspectiva transformada,
pois "a todos quantos o receberam, aos que creem no seu nome, deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus."
Jesus colocou esta possibilidade de forma exclusivista: "Eu sou o caminho, e a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai,
senão por mim." É Sua graça que resulta na "confiança em que Deus me será fiel em qualquer situação da vida, e em
que Ele é o garantidor e o fundamento da minha vida, de forma que minha vida não mais poderá perder seu sentido."
(Helmut Thielicke, 1908-1986, ex-reitor da Universidade de Hamburgo)
O segundo é um relacionamento sustentável com a criação. Há evidências abundantes de que a interação do homem
com a criação, inclusive o desenvolvimento e uso de ciência e tecnologia, é insustentável na ausência de valores,
atitudes e comportamentos adequados. Os ensinamentos e o exemplo de vida de Jesus caracterizam-se pela
preocupação com o próximo, disposição ao serviço, rejeição da discriminação de pessoas, e rejeição da apropriação
indevida de qualquer tipo. Desses, resulta um estilo de vida sustentável que contrasta fortemente com o individualismo
hedonista, opção comum nas sociedades de consumo ocidentais. Infelizmente, um estilo de vida cristão não tem sido
praticado por muitos que se consideram cristãos.

Qual é a relação entre fé cristã e religião?

Fé cristã é resposta pessoal à ação e ao amor de Deus demonstrados e anunciados por Jesus Cristo. A Bíblia mostra que
pela fé em Jesus podemos nos relacionar com Ele. Dessa fé resultam ações como: amar a Deus de todo o coração, de
todo o entendimento e de todas as forças; amar ao próximo como a si mesmo; cuidar dos órfãos e das viúvas em suas
dificuldades; praticar a justiça; amar a bondade; sujeitar-se a caminhar com Deus (Marcos 12.33, Tiago 1.27, Miqueias
6.8). Essa conduta é denominada na Bíblia de "a verdadeira religião, aos olhos de Deus, pura e sem falhas" (Tiago 1.27).
Ela não busca merecer o favor de Deus. É expressão visível da fé e também fruto da gratidão pelo que Deus fez, faz e é. O
teólogo Karl Barth enfatiza: "Jesus não dá receitas que mostram o caminho para Deus, como outros mestres de religião o
fazem. Ele mesmo é o caminho." Fé cristã nos coloca num relacionamento pessoal com o caminho (Jesus), transcende
práticas religiosas mecânicas e é incompatível com comportamentos que prejudicam o próximo.

O que significa ser cristão? Como alguém pode se tornar cristão?

Foi no primeiro século d.C., em Antioquia da Síria, que os seguidores de Jesus passaram a ser chamados cristãos. Cristãos
são pessoas que reconhecem em Jesus Cristo a solução de Deus para o problema do pecado.

Quando não é entendido corretamente, o conceito de pecado pode ser percebido como ofensivo ou ridículo. Muitas
pessoas acham que pecar significa quebrar regras "divinas" de comportamento. Mas a Bíblia ensina que: (a) pecado é
rebeldia contra Deus; (b) "o salário do pecado é a morte " (Rom 6.23).

Paulo de Tarso, um dos principais líderes das primeiras comunidades cristãs, escreveu: "Deus dá prova do seu amor para
conosco, em que, quando éramos ainda pecadores, Cristo morreu por nós" (Rom 5.8). Em outra ocasião, ele escreveu:
"somos dominados pelo amor que Cristo tem por nós... Ele morreu por todos para que os que vivem não vivam mais para si
mesmos, mas vivam para aquele que morreu e ressuscitou para a salvação deles" (2 Cor 5.14-15). Desta forma Jesus
tornou possível que cristãos de todas as épocas e tradições afirmem juntamente com William Daniel Phillips (Prêmio Nobel
de Física de 1997): "Creio em Deus como criador e como amigo. Isto é, creio que Deus é pessoal e interage conosco".

A Bíblia ensina - e a experiência individual comprova - que se tornar cristão significa transformação de vida. Paulo de Tarso
explica isto da seguinte forma: "Quem está unido com Cristo é uma nova pessoa; acabou-se o que era velho, e já chegou o
que é novo. Tudo isso é feito por Deus, o qual, por meio de Cristo, nos transforma de inimigos em amigos dele" (2 Cor 5.17-
18).

O primeiro passo para se tornar cristão é o arrependimento, que não consiste apenas em lamentar esta ou aquela má ação,
mas inclui: (a) o reconhecimento da nossa rebeldia contra Deus, e (b) o desejo de mudança. O segundo passo é aceitar
que a solução para nossa condição é Jesus Cristo e aquilo que ele fez por nós. Para tal é preciso ter, obviamente, uma
noção básica a respeito de Jesus Cristo. Os evangelhos de Mateus, Marcos, Lucas e João contém informações de primeira
mão sobre Jesus, sua vida e obra. Um texto derivado destes, cuja leitura também tem sido útil a muitas pessoas é
Cristianismo puro e simples, de C.S. Lewis, um dos grandes professores de literatura da Universidade de Cambridge.

Tornar-se cristão tem um aspecto individual e outro corporativo. Quando nos tornamos cristãos o fazemos pessoalmente,
por exemplo, numa oração; mas também o fazemos de forma pública, ao nos tornarmos membros de uma igreja local
(comunidade cristã). João escreve aos cristãos: "A mensagem que vocês ouviram desde o princípio é esta: Que nos
amemos uns aos outros" (1 João 3.11). Nas igrejas e através delas temos oportunidades de praticar isso. É difícil viver
uma vida cristã sem um grupo de amigos cristãos, sem uma comunidade que crê o que você também crê.

Mas há céticos com relação às igrejas, pois de uma forma ou de outra cristãos e suas comunidades desapontaram muitas
pessoas. Isto não surpreende realmente; comunidades cristãs nunca foram (e nunca serão) comunidades perfeitas. De
fato, Paulo de Tarso alertou que "entrarão no meio de vós lobos cruéis, que não pouparão ao rebanho ... se levantarão
homens que falarão coisas perversas, para atraírem os discípulos após si" (Atos 20.29). Assim, um pouco de pesquisa e
uma pitada de discernimento são importantes para escolher a sua comunidade cristã.

Quem é Jesus?

Homem perfeito, grande mestre, lunático piedoso, Filho de Deus: quem foi Jesus Cristo? Nossa resposta define como ele e
seus ensinamentos afetarão nossa vida. A resposta esboçada a seguir aborda a historicidade da pessoa de Jesus, o que
ele ensinou, e finalmente o significado que esse ensinamento pode ter hoje.

Como podemos saber algo sobre Jesus? Quando queremos saber algo sobre uma pessoa histórica, buscamos textos
confiáveis com relatos sobre ela. Nesse contexto, historiadores perguntam o seguinte:

Quais textos dizem algo sobre a pessoa?


Com que confiabilidade esses textos chegaram a nós?
Qual é a credibilidade dos autores dos textos?

Quais textos falam de Jesus? Que a Bíblia fala de Jesus, provavelmente não surpreende ninguém. Mas há também
vários textos extrabíblicos sobre ele, por exemplo, na obra do historiador e senador romano Tácito (* c. 58; † após 116). Ele
escreveu: "Para se livrar dos rumores [de que ele próprio incendiara Roma], Nero criou bodes expiatórios e realizou as
mais refinadas torturas em uma classe odiada por suas abominações: os cristãos ... Cristo, de onde o nome teve origem,
sofreu a penalidade máxima durante o reinado de Tibério, pelas mãos de Pôncio Pilatos, um dos nossos procuradores."
(Tácito, Anais 15.44)

Qual a confiabilidade com que os textos chegaram a nós? Há dois critérios importantes para avaliar a confiabilidade
com que um texto chegou aos dias de hoje:

O intervalo de tempo entre a versão original e a cópia mais antiga disponível. Quanto maior o intervalo de tempo, mais
sujeita a erros estará a cópia de um texto.
O número de cópias existentes. Quanto mais cópias diferentes reproduzem o mesmo texto, mais seguramente esse
texto corresponde àquele do documento original.

A tabela abaixo mostra a situação dos primeiros livros do Novo Testamento (da Bíblia), chamados evangelhos, em relação
a outros escritos antigos:

Relato Época da redação Cópia mais antiga disponível Cópias

César 58 a.C. 900 d.C. (distância 958 anos) 10


Homero 900 a.C. 400 a.C. (distância 500 anos) 643

Evangelhos 40-100 d.C. 125 d.C. mais de 5.200

Para quase todos os escritos antigos conhecidos de Tácito, Aristóteles, etc. a situação é comparável à das obras de César.
Ou seja, decorreram cerca de mil anos (às vezes mais) entre a redação do texto e sua cópia mais antiga disponível, e
tipicamente há menos de 100 cópias preservadas. A situação mais favorável é a dos escritos de Homero, com distância de
aproximadamente 500 anos e cerca de 600 cópias preservadas.

Os evangelhos (e as outras partes do Novo Testamento) foram escritos entre 40-100 d.C. As cópias mais antigas
existentes datam de 125 d.C. - e nós temos milhares de cópias. Isto significa que, segundo critérios objetivos, os textos do
Novo Testamento foram transmitidos até nós de forma muito confiável; o texto disponível a nós hoje corresponde com
segurança ao que foi redigido pelos autores há cerca de 2.000 anos.

Qual a credibilidade dos autores? Os escritores dos evangelhos estavam interessados em relatar acontecimentos de
forma acurada, como se pode ver no seguinte trecho: "No décimo quinto ano do reinado de Tibério César - quando Pôncio
Pilatos era governador da Judeia; Herodes, tetrarca da Galileia; seu irmão Filipe, tetrarca da Ituréia e Traconites; e
Lisânias, tetrarca de Abilene - no período em que Anás e Caifás exerciam o sumo sacerdócio, veio a palavra do Senhor a
João, filho de Zacarias, no deserto" (Lucas 3.1-21). Aqui, o autor (Lucas) menciona várias referências históricas para
permitir a datação correta dos acontecimentos que ele descreve: Tibério, Pilatos, Herodes, Filipe, Lisânias, Anás e Caifás.
Lucas anotou eventos ocorridos em um momento bem específico e em um local bem determinado.

Outro argumento a favor da credibilidade dos evangelistas, paradoxalmente, vem do fato de que, na época da escrita dos
evangelhos, os cristãos eram perseguidos, o que os levava a cuidar da correção dos seus relatos para não acrescentar
motivos de crítica aos adversários.

Finalmente, muitas das testemunhas oculares ainda estavam vivas quando os textos do Novo Testamento foram escritos.
Os evangelhos (e os outros escritos do Novo Testamento) foram redigidos por essas testemunhas oculares, seus colegas
e/ou associados.

Uma discussão um pouco mais detalhada da credibilidade do texto bíblico em geral encontra-se na resposta à pergunta "A
Bíblia é digna de crédito? Como foi escrita?"

O que Jesus ensinou sobre si mesmo? Jesus foi um homem de carne e osso: chorou, riu, alegrou-se, ficou enlutado,
irou-se, comeu, bebeu, cansou-se, sentiu frio e dor. Mas Jesus também foi mais do que um homem - ele próprio o
enfatizou com frequência.

Muitas pessoas tem alguma familiaridade com partes dos evangelhos, por exemplo com as parábolas contadas por Jesus.
Ou com algum trecho do Sermão da Montanha como: "Amem, porém, os seus inimigos" (Lucas 6.35a). Ou ainda com
relatos de milagres de Jesus.

Mas, no centro do que Jesus disse e ensinou, não estão parábolas, altos padrões morais ou feitos espetaculares. O foco do
ensino de Jesus é a sua própria identidade - quem ele é - e o que ele tem a ver com as questões fundamentais da vida de
cada pessoa. Eis alguns exemplos:

a. "Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Ninguém vem ao Pai, a não ser por mim." (João 14.6)

Em certos momentos, muitas pessoas suspeitam que Deus existe. Mas é possível entrar em contato com ele?
Estabelecer um relacionamento com ele? Jesus responde afirmativamente e aponta a existência de um só caminho:
"Somente através de um relacionamento comigo você chega a Deus."

b. "Eu sou o pão da vida." (João 6.35a)

Psicanalistas nos descrevem como seres movidos pela fome - de amor, segurança, reconhecimento e valor. São
anseios legítimos, mas se buscarmos satisfazê-los nos lugares errados, acabaremos desapontados. Contudo, Jesus
diz: "Aquele que vem a mim nunca terá fome." (João 6.35a)

c. "Eu sou a luz do mundo." (João 8.12a)

Dificuldades de orientação são inoportunas e podem ocorrer nos momentos mais críticos e inesperados. Às vezes,
sentimo-nos tateando no escuro. Quais são as normas morais corretas? Onde quero chegar com a minha vida? Jesus
diz: "Quem me segue, nunca andará em trevas, mas terá a luz da vida." (João 8.12b)

d. "Eu sou a ressurreição e a vida." (João 11.25)

Qual é o significado da minha vida, se em mais 40 ou 50 anos tudo estará terminado? Quem me dá esperança quando
perco um amigo ou um parente? O que vem após a morte? Jesus diz: "Eu sou a ressurreição e a vida ... quem crê em
mim viverá, mesmo se ele morrer." (João 11.25-26)

e. "Venham a mim, todos os que estão cansados e sobrecarregados, e eu lhes darei descanso." (Mateus 11.28)

Muitas pessoas sofrem com preocupações, fracassos ou culpa. Para onde irão com essa carga? Precisamos de outras
pessoas, mas nossa capacidade de ajuda é limitada. Jesus diz: "Vinde a mim todos vós que estais sobrecarregados e
oprimidos, eu vos darei descanso para as vossas almas."

f. "Eu sou o bom pastor. O bom pastor dá a sua vida pelas ovelhas." (João 10.11)

Jesus se preocupa com as pessoas a ponto de dar sua vida por elas.
Jesus hoje? Jesus teve compaixão dos oprimidos e fracassados, e se relacionou com os excluídos da sociedade. Seu
amor pelas pessoas motivou tudo o que fez. Seus amigos conviveram com ele por três anos. Os relatos nos evangelhos
registram suas observações e o impacto de suas experiências com Jesus. Mas não apenas isso: no centro dos relatos
encontramos a inusitada afirmação de que Jesus está vivo. A evidência testemunhal e circunstancial corrobora que Jesus,
uma vez crucificado, morto e sepultado ressuscitou. John Polkinghorne conclui: "A única explicação compatível com os
fenômenos é que Jesus ressurgiu dos mortos de uma forma tal ... que ele está vivo hoje, glorificado e exaltado ... ainda ...
relacionado com o personagem histórico que viveu na Palestina." A certeza da ressurreição de Jesus é também a
explicação mais convincente de como um punhado de pescadores e cobradores de impostos assustados teve condições de
se tornar uma comunidade cristã dinâmica, que penetrou completamente o Império Romano em apenas 300 anos - apesar
da perseguição em massa com constantes ameaças de tortura e execução pública.

Hoje, inúmeros relatos pessoais demonstram que Jesus, seu ensino e a notícia de que ele vive mantiveram seu impacto. A
diferença está na constatação de experiências semelhantes num número cada vez maior de nacionalidades, etnias e
culturas confrontadas com o relato dos evangelhos. A pergunta "Quem é Jesus?" encontrou e continua encontrando
resposta no estudo da Bíblia e na experiência de pessoas.

Responder de forma individual ao Jesus histórico é um desafio que se coloca a cada pessoa. Em seu livro Cristianismo
puro e simples, C.S. Lewis resume o argumento da seguinte forma:

"Cristo afirma ser 'humilde e manso', e acreditamos nele, sem nos dar conta de que, se ele fosse somente um homem, a
humildade e a mansidão seriam as últimas qualidades que poderíamos atribuir a alguns de seus ditos. Estou tentando
impedir que alguém repita a rematada tolice dita por muitos a seu respeito: 'Estou disposto a aceitar Jesus como um
grande mestre da moral, mas não aceito a sua afirmação de ser Deus.' Essa é a única coisa que não devemos dizer. Um
homem que fosse somente um homem e dissesse as coisas que Jesus disse não seria um grande mestre da moral. Seria
um lunático - no mesmo grau de alguém que pretendesse ser um ovo cozido - ou então o diabo em pessoa. Faça a sua
escolha. Ou esse homem era, e é, o Filho de Deus, ou não passa de um louco ou coisa pior. Você pode querer calá-lo por
ser um louco, pode cuspir nele e matá-lo como a um demônio; ou pode prosternar-se a seus pés e chamá-lo de Senhor e
Deus. Mas que ninguém venha, com paternal condescendência, dizer que ele não passava de um grande mestre humano.
Ele não nos deixou essa opção, e não quis deixá-la."

É nesse contexto que cada um é chamado a responder à pergunta de Jesus: "E vocês? Quem vocês dizem que eu sou?"
(Marcos 8.28).

O exclusivismo cristão ameaça a diversidade cultural e a tolerância?

Não. O exclusivismo cristão provém do compromisso com a verdade. Se for entendido consequentemente, leva indivíduos
falíveis a viverem, dentro das suas respectivas culturas, uma vida orientada pelos ensinamentos e pelo exemplo de Jesus,
opondo-se a orgulho, egocentrismo, violência, injustiça e desigualdade - se necessário, com a afirmação construtiva e não-
violenta de valores. Isto coíbe a intolerância e a discriminação de costumes, crenças e práticas diferentes, pois o valor das
pessoas que por eles se decidiram é plenamente reconhecido. Assim, um cristianismo consequente favorece o pluralismo
cultural por destruir pretensões absolutas de instituições e valores nacionais, étnicos ou sociais, liberando muitos deles
para serem o que realmente representam: admiráveis, valiosas e finitas expressões de diferentes particularidades
humanas.

Durante toda a história do Cristianismo muitos grupos têm buscado implementar esse estilo de vida. Entre os mais antigos
estão:

desde o século XII, as comunidades Valdenses


desde o século XV, os Irmãos Morávios
desde o século XVI, diversas comunidades Anabatistas
desde o século XVII, as comunidades Quaker
desde o século XVIII, a Igreja dos Irmãos
e muitos outros grupos e comunidades.

A Bíblia é digna de crédito? Como foi escrita?

Sim, a Bíblia é digna de crédito. Ao estudar a Bíblia com cuidado, verifica-se que ela não contém erros grosseiros como os
encontrados em outros escritos antigos. Embora a Bíblia contenha muitas descrições não científicas, nenhum trecho da
Bíblia precisa ser revisto em função de resultados conclusivos de pesquisas científicas.

A Bíblia foi escrita num período de cerca de 1500 anos. Estiveram envolvidos aproximadamente 45 escritores de diferentes
origens e ocupações. Entre eles estão os intelectuais Moisés e Paulo, o comandante militar Josué, o ministro de estado
Daniel, os reis Davi e Salomão, o pastor de ovelhas Amós, o pescador Pedro, o médico Lucas. Muitas vezes os textos da
Bíblia foram escritos em lugares incomuns, como no deserto, na prisão, no palácio, em viagens ou no exílio. Sua redação
se deu nas mais diversas situações emocionais como alegria e amor, medo e preocupação, necessidade e desespero.
Apesar das 60 gerações que passaram durante sua composição e apesar da grande diversidade de escritores, a Bíblia
expõe uma temática uniforme e coordenada, tratando de centenas de tópicos com harmonia e continuidade notáveis.

A Bíblia é dividida em duas partes: o Antigo Testamento (AT), com escritos de antes da era cristã, e o Novo Testamento
(NT), com escritos da era cristã. Um catálogo ou lista dos escritos incluídos na Bíblia é chamado de cânon bíblico. Os
cânones usados pelos cristãos católicos, protestantes e ortodoxos têm diferenças no AT. Não há diferenças na composição
do NT.

As listas mais antigas de textos do AT correspondem ao Tanach, o principal conjunto de livros sagrados do judaísmo. Este
é o cânon do AT adotado nas Bíblias protestantes. Textos adicionais, chamados de deuterocanônicos, existem no AT das
Bíblias católicas e ortodoxas. Estes textos provém da Septuaginta, uma tradução de livros judaicos para o grego, muito
usada desde antes da era cristã. As diferenças no cânon do AT podem ser entendidas como secundárias, pois para
reformadores protestantes como Lutero, os textos deuterocanônicos "não são considerados iguais às Sagradas Escrituras,
mas mesmo assim de leitura boa e proveitosa."

Achados arqueológicos (como por exemplo os escritos das cavernas de Qumran) têm comprovado a qualidade dos
manuscritos disponíveis para os textos do AT. E também com relação ao seu conteúdo, o arqueólogo e orientalista William
Foxwell Albright (1891-1971) resume: "Não há como negar que a arqueologia confirma a substancial credibilidade histórica
da tradição do Antigo Testamento."

A referência mais antiga ao cânon do NT é conhecida como o Cânon de Muratori e data do século II. Relaciona os quatro
evangelhos (Mateus, Marcos, Lucas e João), as cartas de Paulo, Judas, as duas primeiras cartas de João e o Apocalipse.
Não inclui as epístolas de Tiago, as de Pedro e aquela aos Hebreus. Controvérsias existiram com relação à inclusão no
cânon de Hebreus, Tiago, Judas, Apocalipse, a segunda e terceira cartas de João e a segunda de Pedro. Da mesma
forma, outros escritos já estiveram no cânon do NT, e depois foram rejeitados. Dentre estes, os principais foram a primeira
carta de Clemente aos Coríntios (do século I) e o Pastor de Hermas (do século II). Há documentos históricos, como a
História da Igreja, escrita por Eusébio de Cesaréia (cerca de 260-340), que relatam os argumentos usados para inclusão ou
não dos diversos textos no cânon bíblico.

A lista completa dos livros do NT aparece pela primeira vez numa epístola de Atanásio de Alexandria para a Páscoa de 367
d.C. Esta mesma lista foi confirmada posteriormente nos concílios regionais Hipona I (393 d.C) e Cartago III (397 d.C) e IV
(417 d.C). Um documento conhecido como Decreto Gelasiano (496 d.C.) também confirma este cânon para o NT.

A autenticidade do NT, em especial a dos evangelhos, é significativa para a fé cristã, que neles tem fundamento. A
evidência histórica e testemunhos arquelógicos mostram a proximidade entre a vida de Jesus e a redação dos evangelhos.
A relevância desta proximidade é ressaltada no próprio NT, por exemplo por Pedro, que escreve em sua segunda carta:
"Nós não estávamos contando coisas inventadas quando anunciamos a vocês a vinda poderosa do nosso Senhor Jesus
Cristo, pois com os nossos próprios olhos nós vimos a sua grandeza." (1:16)

Dispõe-se hoje de mais de 5200 cópias manuscritas com textos do original grego do NT. Alguns são papiros (os mais
antigos testemunhos do texto do NT), outros são códices unciais (escritos em caracteres maiúsculos sobre pergaminho),
códices minúsculos (escritos mais tarde em caracteres minúsculos) ou lecionários (cópias para uso litúrgico). Há mais de 80
papiros, 260 códices maiúsculos, 2700 códices minúsculos e 2100 lecionários distribuídos por bibliotecas de vários países.

As pequenas variações encontradas nestes mais de cinco mil manuscritos são gramaticais ou sintáticas, sem implicações
relevantes de conteúdo. Analisando e comparando os manuscritos, os especialistas são capazes de reconstruir a face
autêntica original do Novo Testamento que hoje usamos. A documentação existente para esta reconstrução é
excepcionalmente privilegiada. Isto fica claro ao confrontar as testemunhas do texto original do NT com as dos textos
clássicos latinos e gregos. As primeiras cópias das obras de escritores clássicos (Virgílio, Horácio, Platão, Eurípedes, etc.)
consideradas autênticas e plenamente reconhecidas são posteriores às primeiras cópias dos evangelhos.

A autenticidade do NT é também confirmada por historiadores antigos. Eusébio de Cesareia, por exemplo, cita Pápias (†
130) bispo de Hierápolis, nascido no primeiro século, isto é, no tempo em que João ainda vivia. Pápias disse sobre o
evangelho de Mateus: "Mateus, por sua parte, pôs em ordem os dizeres [de Jesus] na língua hebraica, e cada um depois
os traduziu como pode." (História da Igreja III, 39:16).

Uma outra citação de Pápias na obra de Eusébio refere-se ao evangelho de Marcos: "Marcos, tendo se tornado intérprete
de Pedro, anotou exatamente, embora não em ordem, tudo o que recordou das palavras e ações de Cristo. Pois não ouviu
o Senhor nem o seguiu, mas depois, como eu já disse, seguiu a Pedro, que adaptava seu ensino às necessidades dos
ouvintes, sem a intenção de dar um relato conectado dos discursos do Senhor. Assim, Marcos não cometeu engano
quando escreveu as coisas como as recordou, pois era cuidadoso em nada omitir do que tinha ouvido, e nada dizer de
falso." (História da Igreja III, 39:15).

Outro testemunho foi dado por Irineu († 200). Ele foi discípulo de Policarpo, bispo de Esmirna, que por sua vez foi discípulo
de João. Sobre a origem dos evangelhos Irineu escreve: "Mateus, igualmente, compôs um evangelho entre os hebreus no
seu próprio dialeto, enquanto Pedro e Paulo pregavam em Roma, e lançavam os fundamentos da igreja. Após sua partida,
Marcos, o discípulo e intérprete de Pedro, igualmente entregou-nos por escrito o que tinha sido pregado por Pedro. Lucas,
o companheiro de Paulo, também anotou num livro o evangelho pregado por ele. Mais tarde, João, discípulo do Senhor, o
mesmo que reclinou sobre o seu peito, publicou também um evangelho quando de sua estadia em Éfeso." (Contra as
heresias I, 1).

Muitos autores discutem a credibilidade do texto bíblico com detalhe e objetividade. Confira as palestras proferidas pelo
Prof. Augustus Nicodemus Lopes, professor e ex-chanceler da Universidade Mackenzie, em 15.6.2017, 16.6.2017 e
1.12.2013. Para ler mais sobre o assunto, consulte:

G.L. Archer Jr. - Panorama do Antigo Testamento , nova edição revista e ampliada do clássico Merece confiança o
Antigo Testamento?, Editora Vida Nova, 2012.
J. Blanchard - Por que acreditar na Bíblia, Editora Fiel, 2006.
F.F. Bruce - Merece confiança o Novo Testamento?, Editora Vida Nova, 2004.
J. McDowell - Evidência que exige um veredito, vol. 1, Candeia, 1992.
J. McDowell - Evidência que exige um veredito, vol. 2, Candeia, 1997.
J. McDowell - Novas evidências que demandam um veredito. Volumes 1 e 2, Editora Hagnos, 2013.
J.A. Thompson - A Bíblia e a arqueologia, Editora Vida Cristã, 2004.
G. Habermas - "Why I believe the New Testament is historically reliable", In: N.L. Geisler e P.K. Hoffman (Eds.), Why I
am a Christian: leading thinkers explain why they believe, Baker Books, 2001.
G. Habermas - "Recent perspectives on the reliability of the gospels", Christian Research Journal, 28(1), 2005.

O ensino da Bíblia é compatível com a atividade científica?

Sim. A atividade científica surge naturalmente de uma visão do mundo judaico-cristã alicerçada na Bíblia. Embora leis
naturais e teorias científicas não se refiram explicitamente a Deus, um cristão não precisa ignorá-Lo para fazer ciência. A
história da ciência ocidental e especialmente biografias de cientistas como Kepler, Newton, Leibniz e Maxwell o
comprovam. O cristianismo não existe à margem da ciência, mas provê um alicerce fundamental de como e por que fazer
ciência. Joule se refere a isto quando diz que "após conhecer e obedecer a vontade de Deus, o próximo alvo deve ser
conhecer algo dos Seus atributos de sabedoria, poder e bondade evidenciados nas obras de Suas mãos."

Uma resposta mais detalhada a esta pergunta pode ser encontrada no seguinte artigo do Prof. Loren Haarsma, Calvin
College, EUA:

L. Haarsma - "Cristianismo como um fundamento para a ciência", traduzido de "Christianity as a foundation for science",
In: D.C. Elliott (Ed.) - Proclaiming freedom in the land: the role of the professorate in promoting Christ centered learning,
p. 51-62, Christian Educators Association International, Pasadena, CA, 2003.

Os cristãos da Idade Média acreditavam que a terra é plana?

Não. Jeffrey B. Russell, professor emérito de História da Universidade da Califórnia Santa Barbara, constata em seu livro
Inventing the Flat Earth (ISBN 978-0275959043, leia um resumo escrito pelo autor) que desde o século III a.C., no
Ocidente, nenhuma pessoa instruída acreditou numa terra plana, com raras exceções.

Uma terra redonda aparece pelo menos a partir do sexto século a.C. com Pitágoras. Embora houvesse algumas
dissensões, a esfericidade da terra foi geralmente aceita por gregos e romanos instruídos. O cristianismo nada mudou
nisto. No máximo, cinco pais da Igreja negaram a esfericidade da terra por tomarem passagens bíblicas como Salmo
104:2-3 equivocadamente como assertivas geográficas ao invés de indicações metafóricas. Mas a vasta maioria dos
teólogos cristãos, poetas, artistas, e cientistas sempre consideraram a terra esférica. Historiadores da ciência têm insistido
neste ponto há décadas, sem conseguir erradicar o falso ensino de que os cristãos da Idade Média acreditavam que a terra
é plana.

Onde surgiu este falso ensino? Russell aponta Antoine-Jean Letronne (1787-1848) como um dos autores. Letronne foi um
intelectual com fortes preconceitos antirreligiosos que num texto de 1834 descreveu os pais de Igreja e seus sucessores
medievais como acreditando em uma terra plana. Na mesma época, Washington Irving (1783-1859), conhecido por incluir
erros em narrativas das histórias de Nova Iorque e de Washington, criou a cena do jovem Colombo em Salamanca diante
de um conselho de inquisidores e teólogos encapuzados convictos de que a terra é plana. Houve de fato uma reunião em
1491 em Salamanca, mas o relato de Irving é, como cita Russell, "balela... Washington Irving, pressentindo sua
oportunidade para uma cena pitoresca e comovente", criou um "conselho universitário inexistente" e "permitiu que sua
imaginação divagasse... toda a estória é uma besteira enganadora e perniciosa".

O erro enraizou-se graças ao historiador John Draper (1811-1882) e vários de seus seguidores, tais como Andrew D. White
(1832-1918), presidente da Cornell University, que asseguraram a propagação do mito em textos, enciclopédias e até
mesmo em trabalhos científicos sérios até a data de hoje. O erro consta também de textos em português, como por
exemplo da "Introdução" dos Diários da descoberta da América, Porto Alegre: L&PM Editores, 1998 (ISBN 8525409383).

Felizmente, vários textos importantes apresentam a versão correta dos fatos. Entre eles, Russell enumera The New
Encyclopaedia Britannica (1985), Colliers Encyclopaedia (1984), The Encyclopedia Americana (1987) e The World Book for
Children (1989).
A condenação de Galileu pela Igreja Católica prova que fé e ciência são incompatíveis?

Não. Galileu, que permaneceu cristão católico até o final de sua vida, teve rivais e aliados tanto no meio científico quanto no
meio eclesiástico de sua época. Sua condenação foi o desfecho político-religioso de uma rivalidade entre intelectuais, na
qual autoridades político-eclesiásticas impuseram um ponto de vista que lhes parecia adequado. O ponto de vista imposto
e a imposição em si não foram (nem são) representativos para a fé cristã em geral. Maiores detalhes são apresentados no
seguinte texto:

E. McMullin - "The Galileo affair", Faraday Paper No. 15, Faraday Institute for Science and Religion, abril de 2009.

A "teoria da evolução" demonstrou que a Bíblia está errada?

Não. Embora a "teoria da evolução" não trate explicitamente da Bíblia, muitas pessoas são da opinião de que ela a
contradiz, enquanto outras a consideram compatível com o texto bíblico. Uma visão geral sobre as origens e repercussões
da "teoria da evolução" é apresentada no seguinte artigo:

A.S. Matos - "No princípio... o quê? Darwin, o evolucionismo e os cristãos", Ultimato, edição 317, março-abril de 2009.

Com alguma frequência, ouve-se a opinião de que a "teoria da evolução" é evidência a favor de um naturalismo ateu e
contra a Bíblia. Um forte argumento de que a "teoria da evolução" é de fato incompatível com um naturalismo ateu foi
apresentado por Alvin Plantinga, e foi relatado por ele de forma muito acessível no seguinte artigo:

A. Plantinga - "Evolution versus naturalism", Books & Culture, 2008.

Quais as principais objeções à "teoria da evolução"?

Objeções à "teoria da evolução" referem-se, entre outros itens:

à abordagem da "teoria" em si, que alega ser científica, mas apresenta inquestionáveis dificuldades de transparência,
lógica e método;
aos mecanismos postulados para o processo "evolutivo";
ao seu desempenho quando testada contra experiências especiais;
às formulações vagas utilizadas, por exemplo, no enunciado de suas hipóteses ou quando (não) explica como
exatamente um organismo supostamente evoluiu ou mudou a um outro.

Edgar H. Andrews (Professor Emérito do Departamento de Ciência dos Materiais, Queen Mary College, Universidade de
Londres) escreve em seu livro No princípio...: "A evolução não é uma boa teoria. ... Ela não explica todos os fatos, e
aqueles que explica não são explicados de modo claro. A teoria não tem um bom desempenho quando testada contra
experiências especiais, porque nenhum experimento jamais mostrou que o processo de evolução acontece realmente. A
teoria é frequentemente vaga e obscura, por exemplo, quando se pergunta como exatamente uma criatura supostamente
evoluiu ou mudou para uma outra. Não consegue dar respostas exatas, nem mesmo boas estimativas." A análise de
Andrews é compartilhada por outros cientistas de renome. Richard Smalley (Prêmio Nobel de Química de 1996), por
exemplo, refere-se ao assunto ao comentar um texto recente sobre evolução e suas alternativas: "A evolução acabou de
receber seu golpe mortal. Após ler Origins of life com meu conhecimento de química e física, fica claro que evolução
biológica não pode ter ocorrido."

Mesmo assim, atualmente é comum que cientistas aceitem um darwinismo revisto, chamado neodarwinismo, a versão mais
usual da "teoria da evolução". Outros, como foi exemplificado, veem os modelos e postulados neodarwinistas com
ressalvas. E há também cientistas que desautorizam a "teoria" até mesmo como hipótese. Este é o caso de Wolfgang
Smith (Professor Emérito de Matemática que lecionou no MIT, na Universidade da Califórnia Los Angeles e na Universidade
do Estado de Oregon). "Oponho-me ao darwinismo, ou melhor, oponho-me à hipótese transformista como tal, não importa
qual seja o mecanismo ou causa (talvez até mesmo teleológica ou teísta) dos saltos macroevolutivos postulados. Estou
convencido, além disso, de que o darwinismo, independentemente do formato, de fato não é uma teoria científica, mas uma
hipótese pseudo-metafísica pomposamente vestida em roupagem de ciência. Na realidade, a teoria deriva sua sustentação
não dos dados empíricos ou das deduções lógicas de natureza científica, mas da circunstância de ser a única doutrina
sobre as origens biológicas concebível na limitada Weltanschauung (= visão do mundo) a que a maioria dos cientistas
indubitavelmente subscreve." (citado em H. Margenau; R.A. Varghese - Cosmos, bios, theos, Open Court, 1992)

O seguinte trecho de autoria do Prof. Kenneth Hsu, Professor Emérito da Escola Politécnica Federal de Zurique (ETH
Zürich), concisamente expõe a dificuldade de sustentar-se a denominação ciência para o Darwinismo:

O juiz William Overton [do Arkansas, EUA, na sua decisão dos anos 80 de que o criacionismo não seria científico] adotou
cinco critérios para a definição legal de ciência, a saber:
1. É guiada pela lei natural.
2. Deve ser explanatória com referência à lei natural.
3. É testável contra o mundo empírico.
4. É falsificável.
5. Suas conclusões são tentativas, isto é, não são necessariamente palavras finais.

A teoria Darwiniana foi considerada científica porque é guiada pela "lei" da seleção natural, e é explanatória com referência
a esta lei.

Mas é a seleção natural uma lei natural? Darwin emprestou a idéia da ideologia social de Malthus. Apresentou poucos fatos
históricos, e durante o último século os paleontólogos não encontraram muita evidência que suporta a noção de que
seleção natural é uma lei natural.

A teoria Darwiniana não é experimentalmente testável contra o mundo empírico, porque o mecanismo proposto opera num
horizonte de tempo muito maior que nosso tempo de vida. Como uma teoria para explicar fatos históricos, é falsificável pelo
registro fóssil. Assim, foi uma hipótese científica quando proposta inicialmente. Após mais do que um século, entretanto,
percebemos que sua premissa não é suportada pelo registro paleontológico, e suas numerosas predições mostraram-se
incorretas [o autor cita uma referência]. O atual estado do Darwinismo, em minha opinião, é comparável àquele da teoria
geocêntrica de Ptolomeu durante a Idade Média. A teoria de Ptolomeu foi ciência durante a Antigüidade, mas transformou-
se em dogma depois que suas predições foram falsificadas pelas novas observações de Galileu. Do mesmo modo, o
Darwinismo foi uma hipótese científica, mas transformou-se numa ideologia durante o século XX.

O último critério do juiz Overton é uma expressão da filosofia de Popper de que "a verdade científica pode ser somente
falsificada, mas não verificada". No que diz respeito a este ponto, Darwinistas ortodoxos, com sua insistência de que não há
nenhuma alternativa científica à seleção natural, não se deram muito melhor do que fundamentalistas religiosos.

(Extraído de: Hsu, K.J. - "Evolution, ideology, darwinism and science", Klinische Wochenschrift, v. 67, pp. 923-928, 1989.
Traduzido pelo autor desta página.)

A discussão de objeções à "teoria da evolução" e/ou de dificuldades desta teoria não é objetivo deste site. Exemplos de tal
discussão encontram-se nas referências listadas a seguir. Reconheço estas publicações como merecedoras de atenção;
sua citação não implica concordância irrestrita com todos os pontos de vista e argumentos nelas expostos.

M. Eberlin - Fomos planejados, Editora Mackenzie, 2018, do Prof. Marcos N. Eberlin, com ênfase em evidências e
aspectos relacionados à Química. O Prof. Eberlin é membro da Academia Brasileira de Ciências e professor de Química
da Unicamp.
W. Gitt – Did God use evolution?, 2. edição, Bielefeld: CLV, 2001. ISBN 3-89397-725-2. (Neste livro Werner Gitt discute
implicações e objeções científicas e não-científicas à "teoria da evolução". Uma versão online pode ser acessada aqui.
Até sua aposentadoria em 2002, Gitt foi Professor da Universidade Técnica de Braunschweig e Diretor da Physikalisch-
Technische Bundesanstalt Braunschweig, PTB, a entidade técnica normativa da Alemanha.)
W. Heitler - "Considerações sobre a probabilidade de surgimento de um novo gene", trecho transcrito de
Naturphilosophische Streifzüge, F. Vieweg und Sohn, Braunschweig, 1970.
K.J. Hsu - "Evolution, ideology, darwinism and science", Klinische Wochenschrift (título atual: Journal of Molecular
Medicine), v. 67, número 17, pp. 923-928, 1989. (Neste artigo o Prof. K. Hsu explica porque darwinismo não é ciência.)
A. Locker – "Evolução e teoria da 'evolução' sob análise da teoria de sistemas e análise metateórica", Diálogo e Antítese,
v. 1, número 1, pp. 69-93, 2009. (Este artigo de Alfred Locker é uma sinopse da sua crítica da "teoria da evolução". O
conhecimento abrangente do autor bem como o rigor que busca na argumentação torna a leitura do artigo muito
interessante, porém trabalhosa. O texto integral do artigo no idioma original - o alemão - está disponível aqui. Locker
(1922-2005) foi Professor Emérito de Física Teórica da Universidade Técnica de Viena.)
A. Lourenço – Como tudo começou, São José dos Campos: Editora Fiel, 2007. ISBN 978-85-99145-38-8. (Este é um
livro sobre origens dirigido ao público em geral. É auto contido, acessível e bem ilustrado.)
A.E. Wilder-Smith - The natural sciences know nothing of evolution, Master Books, 1981. ISBN 0890510628. (Este livro
discute objeções empíricas à "teoria da evolução". Wilder-Smith, químico falecido em 1995, recebeu três títulos de
doutorado e atuou em universidades da Europa e EUA, bem como na indústria farmacêutica.)

Referências adicionais podem ser obtidas em sites na Internet dedicados aos assuntos origem, evolução e criação. Mas
fica aqui um alerta para a falta de objetividade e/ou confiabilidade das informações disponibilizadas em alguns desses
sites. Um exemplo de site confiável é a Internet Library, mantida por W.-E. Lönnig, que foi por 25 anos - até sua
aposentadoria - geneticista no Max-Planck Institute for Plant Breeding Research, Alemanha.

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