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THE UNSEEN REALM

RECOVERING THE SUPERNATURAL WORLDVIEW OF THE


BIBLE

O REINO INVISÍVEL

RECUPERANDO A VISÃO SOBRENATURAL


S OBRENATURAL DA BÍBLIA

 ATENÇÃO

ESTA É UMA TRADUÇÃO NÃO OFICIAL PARA A LÍNGUA


L ÍNGUA
PORTUGUESA DO LIVRO

“THE UNSEEN REALM” DO DR. MICHAEL S. HEISER

PARA MAIORES INFORMAÇÕES, FAVOR VISITAR O SITE DELE EM

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efesios612.com

OBS: Favor não distribuir esta tradução sem autorização do autor, pois
se trata de um trabalho de 15 anos do Dr. Heiser. Sem mais, espero que
essa obra possa nos instruir ainda mais, muito mais, neste livro
maravilhoso, o livro de Deus, o livro de nossas
nos sas vidas, a Bíblia.

QUE A SUA JORNADA SE TÃO MARAVILHOSA QUANTO A MINHA

1
Os estudiosos discordam sobre que tipo de entidade os shedim
eram. Mas seja qual for o correto entendimento do que seriam os
shedim, eles não eram peças de madeira ou pedra.
Os estudiosos da primeira carta de Paulo aos Coríntios sabem
que, nos alertas que o apóstolo dá sobre não terem relações com
demônios (1 Cor 10:20), os comentários de Paulo seguem a história dos
Israelitas descrita em Deuteronômio 32. Ele alerta aos crentes contra o
relacionamento com demônios como base para a falha de Israel ao
adorar outros deuses. Paulo usa a palavra daimonion, umas das palavras
frequentemente usadas no NT para seres espirituais maléficos, para
traduzir o shedim de Deuteronômio 32:17. Paulo conhecia sua Bíblia
Hebraica e não negava a realidade dos shedim, que são os elohim.
“NÃO HÁ NINGUÉM ALÉM DE MIM”?
Outra estratégia desviada é argumentar que as afirmações no VT
que têm Deus dizendo: “não há ninguém além de mim” significa que não
existem outros elohim. Esse não é o caso. Essas frases não contradizem
o Salmo 82 ou outros que, por exemplo, dizem que Yahweh está acima
de todos os elohim ou é o “Deus dos deuses (elohim
( elohim).”
).”
Escrevi muito sobre esse assunto, ele foi o foco da minha
dissertação de doutorado. Essas “afirmações de negação”, como são
chamadas pelos estudiosos, não afirmam que não existem outros elohim.
Na verdade, algumas delas são encontradas em capítulos onde a
realidade dos outros elohim são afirmadas. Já vimos que Deuteronômio
32:17 se refere aos elohim que Paulo acreditava que existiam.
Deuteronômio 32:8-9 também se refere aos filhos de Deus.
Deuteronômio 4:19-20 é paralela à essa mensagem, e ainda temos
Deuteronômio 4:35 dizendo que não há deus além de Yahweh. Será que
as Escrituras estão cheias de contradição?
Não. Essas “afirmações de negação” não negam que outros
elohim existam. Ao invés disso, elas dizem que nenhum outro
o utro elohim se
compara à Yahweh. Elas são afirmações de incomparabilidade. Esse
ponto é facilmente ilustrado ao notar onde mais a mesma linguagem de
negação aparece na Bíblia. Isaías 47:8 e Sofonias 2:15 têm,
respectivamente Babilônia e Nínive dizendo: “não há ninguém além de
27
mim”. Temos que entender aqui que essa frase declara que nenhuma
outra cidade existe além de Babilônia e Nínive? Isso seria um absurdo.
O foco da afirmação é de que Babilônia e Nínive consideravam a si
mesmas incomparáveis, pois nenhuma outra cidade era como elas. Esse
é precisamente o entendimento quando usamos as mesmas frases para
outros deuses, pois eles não se comparam a Yahweh. A Bíblia não se
contradiz a si mesma nesse ponto. Aqueles que querem argumentar de
que os outros elohim não existem, provavelmente não estão sintonizados
com a visão sobrenatural dos escritores bíblicos.
EXAMINANDO A LÓGICA
 A negação de que os outros elohim existem, insulta a sinceridade
dos escritores bíblicos e a glória de Deus. Qual a coerência em se dizer
que os versículos exaltando a superioridade de Yahweh sobre todos os
elohim 
elohim  (Salmos 97:9) na verdade estaria nos falando que Yahweh é
maior do que seres que não existem? Onde está a glória de Deus nas
passagens que mostram os outros elim a adorar Yahweh (Salmos 29:1-
2) quando os escritores não acreditavam que esses seres eram reais? Será
S erá
que os escritores foram inspirados a mentir ou fazer uma pegadinha
conosco? Dar-nos uma teologia sems em sentido?
 Aos meus ouvidos, isso é zombar de Deus ao dizer:
d izer: “Tu és maior
do que algo
algo que não existe”. Parece
Parece meu cachorro
cachorro a dizer:
dizer: “Dentre os
seres que todos nós sabemos que não existem, não há nenhum como
 Yahweh” é o equivalente
equivalente a comparar Yahweh como o Homem-Aranha ou
Bob Esponja. Isso reduz o louvor a uma risadinha. Por que o Espírito
Santo iria inspirar algo tão sem sentido?
MAL ENTENDIMENTO DA IDOLATRIA
Os profetas bíblicos amam fazer piada sobre a fabricação de
ídolos. Parece tão estúpido esculpir a forma de um ídolo em
e m madeira ou
pedra, ou fazer um de barro e depois adorá-lo. Mas as pessoas da
antiguidade não acreditavam que seus deuses eram verdadeiramente
imagens de pedra ou madeira. Não estamos sintonizados com os
escritores bíblicos se pensarmos dessa forma.

28
O que os adoradores de ídolos da antiguidade acreditavam era
que os objetos que eles faziam eram habitados pelos seus deles. É por
isso que eles realizavam
re alizavam cerimônias para “abrir a boca” da estátua. A boa
(e as narinas) deveriam ser ritualmente abertas para o espírito da
deidade entrar ali e ocupar aquela estátua, uma noção inspirada pela
ideia de alguém precisa
pr ecisa respirar para viver. O ídolo primeiramente teria
que ser animado pela presença espiritual verdadeira da entidade. Uma
 vez que isso fosse feito, a entidade era localizada para ser adorada e
negociada.
Isso é facilmente provado através de textos antigos. Existem
histórias, por exemplo, de ídolos sendo destruídos. Não há nenhuma
sensação de medo nessas histórias pela morte do deus. Ao invés disso,
só existia a necessidade em se fazer
f azer outro ídolo.
Os alertas de Paulo em 1 Coríntios 10:18-22, já comentados
anteriormente, refletem esse pensamento. Logo no início da carta, ele
diz aos Coríntios que um ídolo não tem poder e era, em si mesmo, nada
(1 Cor 8:4). Enquanto os gentios possuíam outros senhores e deuses,
para os crentes só havia um verdadeiro Deus. Mas no capítulo 10, ele
deixa claro que também sabia que os sacrifícios a ídolos eram, na
 verdade, sacrifícios a demônios, membros maléficos do mundo
espiritual.
E SOBRE JESUS?
Os leitores do Salmo 82 também mostram uma específica
pergunta sobre Jesus. Se existem outros filhos divinos de Deus, o que
fazemos com a descrição de Jesus como “unigênito” filho de Deus (João
1:14; 18; 3:16; 1 João 4:9)? Como Jesus poderia ser o único filho divino
quando ali haviam outros?
“Unigênito” é uma tradução confusa infelizmente, especialmente
aos ouvidos modernos. A tradução “unigênito” não apenas parece
contradizer as óbvias afirmações do VT sobre os outros filhos de Deus,
ela implica que em algum tempo atrás o Filho não existia, que ele teve
um início.

29
 A palavra grega traduzida nessa frase é monogenes. Ela não
significa “unigênito” no sentido de
d e “nascimento”. A confusão vem de um
antigo desentendimento da raiz da palavra grega. Por
Po r anos o monogenes
foi ensinado como derivado de dois termos gregos, monos (“único”) e
gennao (“gerar, carregar”). Os estudiosos gregos mais tarde descobriram
que a segunda parte da palavra monogenes não veio do verbo grego
gennao, mas do substantivo genos (“classe, tipo”). O termo literalmente
significa “o de uma classe” ou “único”, sem a conotação de uma origem
criada. Consequentemente, uma vez que Jesus é, em verdade,
identificado com Yahweh e também está com Yahweh, único dentre os
elohim que servem a Deus, então o termo monogenes não contradiz a
linguagem do VT.
 A validade desse entendimento nasce do próprio NT. Em
Hebreus 11:17, Isaque é chamado de o monogenes de Abraão. Se você
conhece seu VT, você sabe que Isaque não era o filho “unigênito” de
 Abraão. Abraão já havia sido pai de Ismael (Gên 16:15; 21:3). O termo
significa que Isaque era um filho único, pois ele era o filho
fi lho da aliança da
promessa. A linhagem genealógica de Isaque seria aquela que traria o
Messias. Assim como Yahweh é um elohim, e nenhum outro elohim é
 Yahweh, então Jesus é o filho único, e nenhum outro filho de Deus é
como ele.
Já encontramos muito material que precisa de uma explicação
cuidadosa, e ainda mal começamos essa épica história. Os filhos de Deus
 viram como Deus preparou as fundações da terra (Jó 38:7). Agora vamos
 ver, como eles o fizeram a muito tempo atrás, exatamente o que o
Criador deles estava fazendo.

30
CAPÍTULO 05
 ASSIM NA
NA TERRA, COMO
COMO NO CÉU
O dito “assim na terra, como no céu” é familiar aos cristãos.
cris tãos. Ele é
parte da oração do Pai Nosso (Mateus 6:9-15). Nessa oração,
aprendemos o que o dito significa: “venha a nós o vosso reino, seja feita
a vossa vontade” (6:10). O reino de Deus é o governo de Deus. Deus
deseja governar sobre tudo o que Ele criou: o reino espiritual invisível e
o reino terreno visível. Ele assim o fará em ambos os domínios.
Nos próximos três capítulos, explicarei como os antigos
escritores bíblicos originalmente concebiam esse reinado desde o início
da criação. Iremos descobrir muitas coisas sobre o verdadeiro foco da
Bíblia, seu centro teológico, se assim entender. Gostaria de colocar dessa
forma:
 A história da Bíblia é sobre o desejo de Deus, e seu governo,
sobre os reinos que Ele criou, visível e invisível, através das imagens
que Ele criou, humanas e não humanas. Essa agenda divina está em
andamento em ambos os reinos, concomitantemente.
O termo imagem como me refiro, pode parecer estranho. Mais
tarde nesse capítulo explicarei melhor o que quero dizer.
d izer.
 A parte da história que mais conhecemos é aquela na qual
estamos inseridos, o visível mundo terrestre. Naturalmente, essa é a que
atrai a maior atenção dos pastores e teólogos. O reino invisível é
regularmente esquecido, ou apenas mostrado em relação a Deus, Jesus
e o Espírito Santo. Os dois reinos não são mutualmente exclusivos ou
periféricos entre si; eles estão integralmente conectados, projetados
assim. Esse ponto é telegrafado desde
d esde cedo na história bíblica.
CRIADOR OU CRIADORES?
O “assim na Terra, como no céu”, é uma ideia muito mais antiga
do que a oração do Pai Nosso. Ela começa em Gênesis. O primeiro
capítulo de Gênesis é facilmente mal interpretado por aqueles que
q ue ainda
não entenderam o habitat original de Deus e sua família, o conselho

31
divino. Note cuidadosamente a ênfase que negrito que coloquei em
Gênesis 1:26-28:
 Então Deus determinou: “  Façamos  o ser humano à nossa
imagem, de acordo com a nossa semelhança. Dominem eles sobre os
 peixes do mar,
m ar, sobre as aves
a ves do céu,
c éu, sobre os grandes animais e todas
as feras da terra, e sobre todos os pequenos seres viventes que se
movem rente ao chão!”  27  Deus, portanto, criou os seres humanos à
sua  imagem, à imagem de Deus os  criou: macho e fêmea os criou.
 28 Deus os abençoou e lhes ordenou: “Sede férteis e multiplicai-vos!
 Povoai e sujeitai toda a terra; dominai sobre
sobre os peixes do mar, sobre
sobre as
aves do céu e sobre todo animal que rasteja sobre a terra!”
Muitos leitores da Bíblia veem os pronomes no  plural (nossa;
nós)
nós) com curiosidade. Eles sugerem que os plurais se referem à
Trindade, mas uma pesquisa técnica na gramática hebraica e sua exegese
tem mostrado que a Trindade não é uma explicação coerente. A solução
é muito mais complexa, uma que um antigo israelita rapidamente
poderia compreender. O que temos é uma sós ó pessoa (Deus) se dirigindo
a um grupo, os membros do conselho divino.
É como se eu entrasse numa sala de amigos e dissesse:
diss esse: “Ei, vamos
pedir uma pizza!” Sou eu quem está falando. Um grupo está ouvindo o
que estou falando. De maneira similar, Deus vai até o conselho divino
com um grande anúncio: “Vamos criar a humanidade!”
Mas se Deus está falando para o seu conselho divino aqui, isso
sugeriria que a humanidade fora criada por mais de um elohim?
elohim? Teria a
criação da humanidade sido o projeto de grupo? Não. Voltando ao meu
exemplo da pizza: se eu é quem vai pagar pela pizza, realizando o plano
depois de anuncia-lo, então eu sou o responsável tanto pela inspiração
quanto pela iniciativa de todo o projeto. É assim que Gênesis 1:26
funciona.
Gênesis 1:27 nos diz claramente que só o próprio Deus cria. No
hebraico, todos os verbos de criação na passagem estão na forma
singular: “ Deus,
“ Deus, portanto, criou os seres humanos à sua imagem, à
imagem de Deus os criou”. Os outros membros do conselho não

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participaram da criação da humanidade. Eles assistiram, assim como
quando Deus fez as fundações da Terra (Jó 38:7).
 Vocês devem estar se perguntando nesse ponto por que a
linguagem muda do plural no versículo 26 (“ Façamos
(“ Façamos o ser humano à
nossa imagem, de acordo com a nossa semelhança”) para o singular no
 versículo 27 (“Deus, portanto, criou os seres humanos à sua imagem,
sua imagem, à
imagem de Deus os criou”). Será que a Bíblia se contradiz a si mesma?
Não. Mas entender essa mudança requer compreender o que essa
linguagem de “imagem” significa.
IMAGEM OU SEMELHANÇA?
SE MELHANÇA?
Identificar a natureza da imagem divina tem preocupado
estudantes e pastores por muito tempo. Há chances de vocês já terem
ouvido um ou dois sermões sobre o assunto. Aposto que já ouviram algo
sobre a imagem de Deus semelhante
se melhante a essa lista:
 Inteligência
 Habilidade racional
 Emoções
 Habilidade de comunhão com Deus
  Autoconsciência (senescência)
 Habilidade de linguagem / comunicação
  A presença de uma alma
alma ou espírito (ou ambos)
ambos)
  A consciência
 Livre arbítrio
Todas essas coisas soam como possibilidades, mas elas não são.
 A imagem de Deus não significa nenhuma dessas coisas. Se assim o
fosse, então os crentes na Bíblia deveriam abandonar a ideia da
santidade da vida humana no útero. Essa afirmativa talvez possa te
sacudir, mas ela é evidente, uma vez que você considere essa lista à luz
de como as Escrituras falam sobre a imagem de Deus.
Gênesis nos ensina muitas coisas sobre a imagem de Deus, o que
chamo de “geração da imagem divina”. Tudo o que aprendemos do texto

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deve ser levado em conta em todas as discussões sobre o significado da
imagem.
1. Tanto homem quando mulher são igualmente incluídos.
2.  A geração da imagem divina é o que faz a humanidade ser
diferente do resto da criação terrena (isto é, plantas e
animais). O texto de Gênesis 1:26 não nos informa que a
geração da imagem divina nos faz diferentes dos seres
celestiais, aqueles filhos de Deus os quais já existiam no
período da criação. Os plurais em Gênesis 1:26 significam
isso, de alguma forma, compartilhamos algo com eles
quando em relação à geração da imagem de Deus.
3. Existe algo sobre a imagem que faz a humanidade ser
“como” Deus de alguma maneira.
4. Não há nada no texto que sugere
suge re que a imagem tenha sido
ou possa ser outorgada para incrementá-la ou piorá-la.
Ou você foi criado à imagem de Deus ou não. Não se pode
falar de um ser  parcialmente ou  potencialmente a
imagem de Deus.
Dentre a lista das respostas propostas sobre os significados da
imagem, estão um número de habilidades ou propriedades
ou propriedades:: inteligência,
raciocínio, habilidades, emoções, comunhão com Deus, autoconsciência,
capacidade de se comunicar / linguagem e livre arbítrio. O problema em
se definir a imagem por quaisquer dessas qualidades é que, por um lado,
seres não-humanos como os animais possuem algumas dessas
habilidades, embora não no mesmo nível dos humanos. Se qualquer
animal em qualquer lugar, seja em que tempo for, tiver aprendido
qualquer coisa contrária ao instinto, ou se comunicar de forma
inteligente (conosco ou dentro de
d e sua espécie), ou mostrar uma resposta
emocional (novamente para nós ou outra criatura), esses itens devem
entrar na criação da imagem. Sabemos que certos animais possuem
essas habilidades, pois há pesquisas cuidadosamente conduzidas no
campo da cognição animal. A inteligência artificial está perto de
resultados similares. E se inteligência extraterrestre for descoberta,
também poderá destruir tais definições.

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Definir a criação da imagem como quaisquer atividades é algo
errado. Isso me leva de volta à minha afirmação pró vida. A posição pró
 vida é baseada na proposição de que a vida humana (e dessa maneira, a
pessoalidade) começa na concepção (o momento em que o óvulo é
fertilizado pelo espermatozoide). O zigoto unicelular dentro do útero
feminino, os quais os pró vida acreditam ser uma pessoa humana, não é
autoconsciente; não tem inteligência, processos de pensamento racional,
ou emoções; ele não pode falar ou se comunicar; e não pode ter
comunhão com Deus ou orar; e ele não pode exercer seu arbítrio ou
responder à consciência. Se vocês desejam argumentar de que essas
coisas estão ali de forma potencial,
forma potencial, então isso significa que ali existem só
uma pessoa em potencial. E na verdade essa é a posição dos pró-escolha.
Pessoalidade  potencial não é uma pessoalidade real. Esse tipo de
pensamento leva a entender que o aborto não é um assassinato até que
a pessoalidade seja alcançada, e é assim que quase todos os pró-escolha
iriam certamente considerar acontecer só após o nascimento.
 Até mesmo a ideia da alma falha nos testes da existência e da
singularidade. Essa noção é derivada do tradicional pensamento de
Gênesis 2:7 na versão do Rei James da Bíblia (“e o homem se tornou uma
alma  vivente”). A palavra hebraica para “alma” é nephesh. De acordo
com a Bíblia, os animais também possuem nephesh. Por exemplo, em
Gênesis 1:20, quando lemos que Deus fez bandos de “criaturas vivas”, o
texto hebraico sobre “criaturas” é nephesh. Gênesis 1:30 nos fala que os
“nephesh viventes”
nephesh viventes” são os animais.
O termo nephesh nessas passagens significa vida consciente ou
vida animada (o oposto a algo como a vida de uma planta). Os humanos
compartilham uma consciência básica com certos animais, embora a
natureza dessa consciência varie amplamente.
Também não podemos apelar ao ser espiritual como significado
da imagem criada. A palavra nephesh que mostramos é usada de
maneira intercambiável com a palavra hebraica para espírito ( ruach).
ruach).
Temos exemplos disso em 1 Samuel 1:15 e Jó 7:11. Amos os termos falam
sobre uma vida interior onde o pensamento, a razão e as emoções
acontecem, junto com seu uso em atividades como orar e tomar decisões.
O ponto é que o VT não faz distinção entre alma e espírito. Todas essas
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qualidades associadas com o espírito requerem função cognitiva, e dessa
d essa
forma não são relevantes até que a formação do cérebro (e seu uso) no
feto.
Então como vamos entender a criação da imagem divina de
maneira que ela não se tropece sobre esses problemas e ainda assim se
alinhe com a descrição de Gênesis? A gramática hebraica é a chave. O
“pulo do gato” é o significado da preposição à em respeito à frase “à “à
imagem de Deus”. Em português usamos a preposição à para
denotarmos muitas ideias diferentes.
diferentes. Isso é, à nem sempre significa a
mesma coisa quando a usamos. Por exemplo, se eu disser: “coloque as
louças à pia”, estou usando a preposição para denotar localização. Se eu
disser: “Quebre o espelho aos pedaços”, estou usando o aos para denotar
o resultado de uma ação. Se eu disser: “Eu trabalho à educação”, estou
usando a preposição para denotar que trabalho como um professor ou
agende educacional.
Esse último exemplo nos direciona ao que a preposição hebraica
traduzida como à significa em Gênesis 1:26. A humanidade foi criada
como a imagem de Deus. Se pensarmos nessa criação como um verbo ou
função, essa tradução faz sentido. Fomos criados à imagem de Deus,
para sermos a sua imagem. Isso é o que somos por definição. A imagem
não é uma habilidade que temos, mas um status. Somos os
representantes de Deus na terra. Ser
terra.  Ser humano é ser a imagem de Deus.
É por isso que Gênesis 1:26-27 é seguido pelo que os teólogos
chamam de “mandato de domínio” no versículo 28. Esse versículo nos
informa que Deus deseja que sejamos
s ejamos Ele nesse planeta. Temos que criar
mais imagens (“sede férteis e multiplicai-vos ... povoai”) para subjugar a
terra se utilizar de suas fontes e manipulá-la para o benefício de todas as
imagens humanas (“sujeitai...dominai”).
( “sujeitai...dominai”).
 AS DUAS FAMÍLIAS E CONSELHOS
CONSELHOS DE DEUS
Entendendo que somos a imagem de Deus na terra nos ajuda a
absorver os plurais em Gênesis 1:26 e a mudança para a linguagem no
singular no próximo versículo. Deus criou a humanidade sozinho para
funcionarmos como seus administradores na terra. Mas ele também
criou os outros elohim do reino invisível. Eles também são como Ele. Eles
E les
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realizam a Sua vontade naquele reino, agindo como seus representantes.
Eles são o seu conselho celestial no mundo invisível. Nós somos o
conselho e administração de Deus neste reino. Consequentemente, os
plurais nos informam que ambas as famílias de Deus, a humana e a não
humana, compartilham o status da imagem, embora os reinos sejam
diferentes. Assim na terra, como no céu.
Essa teologia bíblica configura um pensamento para
entendermos outras passagens e conceitos em ambos os testamentos. A
lógica da idolatria da qual falamos mais cedo se
s e torna ainda mais irônica.
Os humanos depois da queda recorrerão à fabricação de objetos de
madeira e pedra que devem cerimonialmente animar para trazer a sua
deidade para dentro do artefato. Mas desde o início, Deus criou as suas
próprias imagens, a humanidade, homem e mulher. Seu desejo era o de
 viver entre eles, e para eles
eles para governar e reinarmos
reinarmos com Ele.
Depois da queda esse plano não foi alterado. Eventualmente,
Deus iria decidir habitar

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