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ECLESIOLOGIA | O Batismo

| Pr. R. C. Sproul
Maio 30, 2018

ECLESIOLOGIA

O Batismo

Por R. C. Sproul

O batismo é claramente um sacramento que foi


estabelecido por Jesus Cristo. Ele ordenou a seus
seguidores: “Ide, portanto, fazei discípulos de todas
as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho,
e do Espírito Santo; ensinando-os a guardar todas as
coisas que vos tenho ordenado. E eis que estou
convosco todos os
dias até à
consumação do
século” (Mateus
28.19-20).

No entanto, há
profundas diferenças
entre os cristãos no
que diz respeito ao
Batismo. Por exemplo,
R. C. Sproul
muitas comunidades
cristãs não batizam
pessoas até que elas fiquem adultas e façam uma
profissão de fé, enquanto outras comunidades batizam
bebês pouco depois de haverem nascido. Em face desta
e de outras diferenças, como devemos entender este
importante rito cristão?

O BATISMO DE JOÃO

Muitos acreditam que o batismo foi iniciado por João


Batista, mas o batismo de João e o rito do Novo
Testamento que era celebrado na comunidade cristã não
são idênticos. O batismo iniciado por João era dirigido
especificamente à nação judaica e foi iniciado durante o
período do Antigo Testamento.

Por séculos, Deus havia prometido a vinda do Messias.


Por isso, quando o Salvador estava prestes a entrar no
mundo, como o Antigo Testamento havia predito, Deus
enviou um profeta, vindo do deserto, para preparar a
vinda do Messias. João era esse profeta, e ele apareceu
para proclamar o advento do Messias a um povo que
estava despreparado.

Durante o período entre o Antigo Testamento e o Novo


Testamento, surgiu entre os judeus uma prática chamada
de “batismo de prosélito”. Era um rito de purificação
para gentios, um banho que simbolizava a purificação da
pessoa considerada impura. Se um gentio queria se
tornar um judeu, exigia-se que ele fizesse três coisas.
Tinha de fazer uma profissão de fé no judaísmo. Depois,
se fosse um homem, deveria passar pela circuncisão.
Finalmente, ele tinha de passar pelo rito de purificação de
batismo de prosélito, porque era considerado
cerimonialmente impuro.

João Batista escandalizou muitos quando declarou que


judeus precisavam ser purificados da mesma maneira.
Não eram apenas os gentios que tinham necessidade de
arrependimento e preparação para a vinda do Messias.
Os judeus também precisavam se preparar. Foi por essa
razão que João clamou ao povo judeu: “Arrependei-vos,
porque está próximo o reino dos céus” (Mateus 3.2).
Os fariseus ficaram irados com a mensagem de João
porque achavam sua segurança no antiga aliança.

Quando Jesus veio, ele instituiu uma nova aliança e, com


ela, um novo sinal de aliança. O sinal da aliança que Deus
fez com Noé era o arco-íris, significando que Deus nunca
mais destruiria o mundo com água. Quando Deus entrou
em aliança com Abraão e sua descendência, estabeleceu
o sinal da circuncisão. Naquele tempo, a circuncisão se
tornou o sinal da promessa de Deus.

Muitos, inclusive os fariseus, chegaram a pensar na


circuncisão como o meio de salvação. Paulo argumenta
contra essa opinião na epístola aos Romanos: “Porque
não é judeu quem o é apenas exteriormente, nem é
circuncisão a que é somente na carne. Porém judeu é
aquele que o é interiormente, e circuncisão, a que é
do coração, no espírito, não segundo a letra, e cujo
louvor não procede dos homens, mas de Deus” (2.28-
29).

Paulo acrescenta que, embora o sinal da circuncisão não


salvasse, não era um sinal sem significado. A circuncisão
significava a promessa pactual de Deus para todos os
que colocassem sua confiança nele. A circuncisão
ilustrava a validade da promessa de Deus, mas a
promessa de Deus deveria se realizar somente por meio
da fé.

A circuncisão não era o sinal da nova aliança. Este foi o


assunto da disputa de Paulo com os judaizantes, os quais
insistiam em que todos os convertidos ao cristianismo
tinham de ser circuncidados. Paulo queria que os
judaizantes entendessem que a circuncisão era um sinal
não somente da promessa da aliança, mas também de
sua maldição. Todos os que falhavam em cumprir os
termos da antiga aliança eram separados da presença de
Deus. Na cruz, porém, Cristo cumpriu a maldição.
Portanto, aqueles que estavam sob a nova aliança e
insistiam na circuncisão estavam retornando aos termos
da antiga aliança.

O BATISMO DE JESUS

Portanto, o sinal da nova aliança não é o batismo de


João; é o batismo de Jesus. Jesus pegou o rito de
purificação e o identificou não com Israel mas com sua
nova aliança. Como resultado, o batismo substituiu a
circuncisão como o sinal exterior de inclusão na
comunidade da nova aliança. Aqueles que são batizados
não são necessariamente salvos, mas têm a promessa de
Deus de que todos os benefícios de Cristo são deles, se
e quando crerem.

Martinho Lutero experimentou momentos difíceis de


ataques satânicos. Quando estava sob esses ataques, ele
dizia em voz alta a Satanás: “Aparta-te de mim, eu sou
batizado!” Em outras palavras, Lutero se apegava, pela
fé, às promessas de Deus que são comunicadas ao seu
povo neste sinal da aliança. Esse é o significado do
batismo; é uma palavra dramatizada. É uma palavra de
promessa de Deus para todos os que creem. Paulo
escreveu:

Cuidado que ninguém vos venha a enredar com


sua filosofia e vãs sutilezas, conforme a tradição
dos homens, conforme os rudimentos do mundo e
não segundo Cristo; porquanto, nele, habita,
corporalmente, toda a plenitude da Divindade.
Também, nele, estais aperfeiçoados. Ele é o
cabeça de todo principado e potestade. Nele,
também fostes circuncidados, não por intermédio
de mãos, mas no despojamento do corpo da
carne, que é a circuncisão de Cristo, tendo sido
sepultados, juntamente com ele, no batismo, no
qual igualmente fostes ressuscitados mediante a
fé no poder de Deus que o ressuscitou dentre os
mortos (Colocenses 2.8-12).

Nesta passagem, Paulo fala da circuncisão não feita por


mãos; vemos uma ligação direta entre a circuncisão do
Antigo Testamento e o batismo no Novo Testamento.

O batismo é um sinal de nossa regeneração, que fomos


ressuscitados da morte espiritual e feito novas criaturas.
O próprio sinal não realiza isso; apenas aponta para quem
o faz – o Espírito Santo. Assim como somos batizados
com água, assim também Deus promete batizar com seu
Espírito Santo aqueles que estão em Cristo. Além disso, o
batismo indica nossa participação na morte e na
ressurreição de Cristo. Em um sentido bastante real,
morremos com Cristo na cruz porque ali ele levou sobre
si os nossos pecados.

Paulo enfatiza que somos chamados a participar dos


sofrimentos de Cristo, não para ganharmos mérito, e sim
para identificar-nos com nosso Senhor crucificado por
participarmos voluntariamente de sua humilhação. Isso
também é significado pelo batismo. Paulo escreveu que,
se não estivermos dispostos a participar das aflições de
Cristo, não participaremos de sua exaltação. Cristo
prometeu que seus discípulos fiéis serão perseguidos
(Lucas 21.16-17). Seu povo será chamado a sofrer dessa
maneira, mas essas aflições não são dignas de serem
comparadas com a glória que Deus tem guardada para
seu povo no céu (Romanos 8.18). O batismo significa
nossa participação na morte de Cristo, em sua
ressurreição, em seu sofrimento, em sua humilhação e
em sua exaltação.

UMA PROMESSA SIGNIFICATIVA

Uma significativa parte da tradição cristã argumenta que


somente adultos que fazem uma profissão de fé
consciente podem ser batizados. Historicamente, porém,
muitos têm crido que, assim como a promessa da aliança
do Antigo Testamento foi dada a Abraão e à sua
descendência, a promessa da aliança do Novo
Testamento foi dada aos crentes e à sua descendência;
e, assim como o sinal da antiga aliança foi dado aos
crentes, o sinal da nova aliança deve ser dado aos
crentes e a seus filhos. Assim como o batismo é um sinal
de fé, assim também a circuncisão era um sinal de fé, e
não podemos argumentar que um sinal de fé não pode
ser dado aos filhos de um crente. O ensino primário é que
nem a circuncisão nem o batismo conferem fé. O que
eles conferem é a promessa de Deus a todos os que
creem.

João Calvino argumentou que a eficácia do sacramento


nunca está ligada ao tempo em que ele é dado; a
salvação pode vir antes, durante ou depois da
administração do sinal, como ocorria com a circuncisão.
E a validade do batismo não está naquele que o recebe,
nem naquele que o administra. Em vez disso, está no
caráter daquele que promete o que o batismo significa.

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